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VII

A CONSULTA HOMEOPÁTICA
Parágrafos do Organon de Hahnemann
A CONSULTA NA HOMEOPATIA METAFÍSICA
Em todos os volumes dos livros de Matéria Médica “Homeopatia
Metafísica” da Editora Hipocrática Hahnemanniana - há uma lista imensa
de sintomas energéticos para cada remédio. A técnica para harmonizar uma
pessoa é ouvir os seus sintomas energéticos. Há poucos homeopatas brasi-
leiros treinados para ouvir e repertorizar estes sintomas, mas com os livros
de “Homeopatia Metafísica” esta tarefa ficou muito mais fácil.
Os sintomas energéticos correspondem justamente aos que Hahne-
mann relata nos §165, §117 e §153 do Organon:
QUANDO O MEDICAMENTO NÃO ABRANGE OS SINTOMAS
INCOMUNS, PECULIARES E DISTINTOS
§165 "Se, porém, não houver exata semelhança entre os sintomas
do medicamento escolhido e os sintomas incomuns, peculiares, distintivos
(característicos) do caso de doença e se o medicamento apenas corresponde
à doença nos seus estados gerais, não exata­mente descritos e indefinidos
(náusea, debilidade, dor de cabeça etc.) e se não houver, entre os medica-
mentos conhecidos, nenhum homeopaticamente apropriado, o artista da
cura não deve esperar, então, nenhum resultado imediatamente favorável
do emprego deste medicamento homeopático."
SINTOMAS RARÍSSIMOS - AS IDIOSSINCRASIAS
§117 "Fazem parte destes últimos, as chamadas idiossincrasias, que
são entendidas como constituições físicas particulares, as quais embora
sejam sadias sob outros aspectos, possuem uma tendência a desenvolver um
estado mais ou menos mórbido mediante certas coisas que, em muitas outras
pessoas não parecem produzir a mínima impressão ou mudança. A ausência

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de impressão em algumas pessoas é apenas aparente. Visto que, produzem


essas alterações, assim como todas as demais em vários outros estados
mórbidos, por vezes perigosos, ao comerem mexilhões, caranguejos ou ovas
de barbo ou após terem tocado as folhas de certas espécies de sumagre, etc.
É assim que a princesa Maria Porphyrogeneta restabeleceu a saúde
de seu irmão, o Imperador Alexius, que sofria de desmaios, borrifando‑o
com água de rosas na presença de sua tia Eudoxia (Hist. byz. Alexias lib.
15 S. 503. ed. Posser) e Hostius (Oper. III S. 59) constatou que o vinagre
de rosas é muito eficaz contra desmaios."
SINTOMAS EVIDENTES, SINGULARES E INCOMUNS COMO
SINTOMAS-CHAVE NA ESCOLHA DO SIMILLIMUM DE
DOENÇAS AGUDAS
§153 "Na procura do meio de cura homeopático específico, isto é,
nessa confrontação do conjunto característico dos sinais da doença natural
contra a série de sintomas dos medicamentos existentes a fim de encontrar
um cujas potências mórbidas artificiais correspondam, por semelhança,
ao mal a ser curado, deve‑se, seguramente, atentar especialmente e quase
que exclusivamente para os sinais e sintomas mais evidentes, singulares,
incomuns e próprios (característicos) do caso de doença, pois na série de
sintomas produzidos pelo medicamento escolhido, é principalmente a estes
que devem corresponder sintomas muito semelhantes, a fim de que seja mais
conveniente à cura."
Os sintomas mais gerais e indefinidos: falta de apetite, dor de cabeça,
debilidade, sono in­quieto, mal‑estar etc., merecem pouca atenção devido ao
seu caráter vago, se não puderem ser descritos com mais precisão, pois algo
assim geral pode ser observado em quase todas as doenças e medicamentos.
Associando o raciocínio destes dois parágrafos com os SINTOMAS
ENERGÉTICOS DA HOMEOPATIA METAFÍSICA, encontra-se a harmo-
nização da pessoa com grande facilidade.
Quando Hahnemann relata os sintomas incomuns, raros e distintos é
como se ele estivesse falando dos sintomas energéticos, que são incomuns,
raros e distintos. Muitas vezes, um único sintoma energético é suficiente
para detectar o simillimum da pessoa:
“Apaixonado e cheio de amores durante a lua cheia”: Antimonium.
“Sensação de carregar o mundo nas costas”: Natrum muriaticum.
“Sensação de que o coração está pulsando na cabeça”.

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Assim, todo aquele que desejar se aprofundar na Homeopatia de mais


alta hierarquia deve se concentrar em estudar a “Homeopatia Metafísica” ou
homeopatia dos sintomas energéticos, que são raros e incomuns.
A CONDUTA DO HOMEOPATA
§83 "Este exame individualizador de um caso de doença, para o qual
só darei aqui instruções gerais e do qual o observador da doença somente
conserva o que for aplicável em cada caso, não requer do artista da cura
mais do que imparcialidade, sentidos perfeitos, atenção na observação e
fidelidade ao traçar o quadro da doença."
COMO SE DESENVOLVE A CONSULTA
§84 "O doente se queixa do desenvolvimento de seus males; as
pessoas que o rodeiam relatam suas queixas, seu comportamento e o que
perceberam nele. O médico vê, ouve e observa com os demais sentidos o
que há nele de alterado ou fora do comum.
Registra exatamente tudo o que o paciente e seus amigos lhe disse­
ram, com as mesmas expressões por eles utilizadas.
Se possível, permanece em silêncio deixando‑os falar sem interrom-
pê‑los, a menos que se desviem para outros assuntos1.
Logo no início do exame, o médico lhes pede apenas que falem de-
vagar, a fim de que ele possa acompanhar o relato, anotando o necessário.
Cada interrupção perturba o encadeamento do pensamento do nar-
rador, posteriormente não lhe ocorrendo de novo tudo exatamente
como ele pre­tendia dizer a princípio."
COMO REGISTRAR OS SINTOMAS
§85 "A cada informação do doente ou dos acompanhantes, ele passa
para a outra linha a fim de que os sintomas sejam todos colocados separa-
damente, um abaixo do outro.
Ele pode acrescentar a cada um deles aquilo que lhe fora relatado
de maneira vaga no princípio, mas que depois se torna mais claro."
COMO ANALISAR E DETALHAR OS SINTOMAS REGISTRADOS
§86 "Depois que os narradores tiverem terminado de falar o que pre-
tendiam, o médico acrescenta a cada sintoma, separadamente, informações
mais precisas, averiguadas da seguinte maneira: ele lê, um por um, todos
os sintomas relatados e faz perguntas específicas sobre cada um deles; por

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exemplo: quando ocorreu tal fato?


Foi antes de usar o atual medicamento?
Durante o período de uso?
Ou somente alguns dias após deixar de usá‑lo?
Que tipo de dor, que sensação precisamente se apresentou nesta região?
A dor era intermitente, isolada?
Ou era contínua, ininterrupta?
Por quanto tempo?
A que horas do dia ou da noite e em que posição do corpo se agra-
vava ou cessava?
Em que consistia, exatamente, este ou aquele acontecimento ou cir-
cunstância descritos? (descrever com palavras claras)."
OS PORMENORES DO CASO
§87 "E assim, o médico toma conhecimento dos pormenores mais pre-
cisos acerca de cada uma das informações sem, contudo, sugerir a resposta
através da formulação da pergunta1 ou, então, fazer com que o doente tenha
que responder simplesmente sim ou não. Ao contrário, este será induzido a
afirmar ou negar algo inverídico, incerto ou realmente existente, seja por
comodismo, seja para agra­dar o entrevistador, devendo, obrigatoriamente,
resultar daí um fal­so quadro da doença e um tratamento inadequado.
Por exemplo, o médico não deve perguntar: “Porventura esta ou aquela
circuns­tância também não ocorreram?”.
Igualmente não se pode permitir incorrer no erro de fornecer sugestões
que induzam a uma resposta ou informação falsa."
COMO OBTER MAIS INFORMAÇÕES
§88 "Se, durante estas informações espontâneas, nada se mencio­nou
em relação às várias partes ou funções do corpo ou acerca da disposição
psíquica, o médico pergunta o que mais ele recorda que se relacione a estas
partes e funções, assim como às condições psíquicas e mentais do doente1,
usando, porém, expressões gerais, a fim de que o informante seja obrigado
a se expressar mais parti­cularmente acerca de si. 1Por exemplo:
Como estão as evacuações?
E a eliminação de urina?
Como é seu sono diurno e noturno?
Como está seu psiquismo, seu humor, sua memó­ria?
Como estão o apetite e a sede?

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Sente algum gosto na boca?


Que alimen­tos e bebidas lhe apetecem mais?
Quais os que mais o repugnam?
Sente o sabor, natural de cada um ou um outro gosto estranho?
Como se sente após comer e beber?
Tem algo a dizer sobre a cabeça, membros ou abdômen?"
A CONSULTA - EXEMPLOS DE PERGUNTAS AO DOENTE
§89 "Ao doente, principalmente, que se deve dar crédito (exceto nas
doenças simuladas) no que diz respeito às suas sensações ‑ através deste
depoimento espontâneo e meramente induzido.
Depois que o doente tiver fornecido ao médico informações adequadas
e completado, razoavelmente, o quadro da doença, é permitido, sendo mes-
mo necessário, ao médico (quando ele achar que não está suficientemente
informado) fazer perguntas mais precisas e mais particulares1. Por exemplo:
FEZES:
Qual a frequência de suas evacuações?
Qual a consistência exata das fezes?
A evacuação esbranquiçada era constituída de catarro ou fezes?
Sentia dores ao evacuar?
Exatamente em que local e de que tipo?
O que o paciente vomitou?
O mau gosto da boca é pútrido, amargo, ácido ou de que tipo?
Antes, durante ou depois de comer ou beber?
Em que período do dia era pior?
Que gosto apresentam as eructações?
URINA:
A urina fica turva somente após alguns minutos ou enquanto é ex-
pelida?
Qual sua cor imediatamente após a eliminação?
Qual a cor do sedimento?
SONO:
Como o paciente se comporta ou se manifesta enquanto dorme?
Geme, queixa‑se, fala ou grita?
Sobres­salta‑se?
Ronca ao inspirar ou expirar?
Dorme apenas de costas ou de que lado?

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A CONSULTA HOMEOPÁTICA

Cobre‑se bem ou não suporta cobertas?


Desperta com facilidade ou dorme profundamente?
Como se sente logo após despertar?
GENERALIDADES:
Quantas vezes ocorre este ou aquele sintoma?
Qual é a causa de cada um?
Costuma ocorrer quando está sentado, em pé ou em movimento?
Somente quando está em jejum ou pela manhã, apenas à tarde, só
após uma refeição ou quando?
CALAFRIO:
Quando se manifesta calafrio?
Foi somente uma sensação de frio ou real­mente estava frio ao mesmo
tempo? Em que partes?
Ou ele estava quente ao toque durante o calafrio?
Foi apenas uma sensação de frio, sem tremores?
Estava quente sem ter as faces ruborizadas?
Que partes do corpo estavam quentes ao tato?
Ou ele se queixava de calor sem estar quente ao tato?
Quanto tempo durou o calafrio?
E o calor?
SEDE:
Quando se apresentou a sede?
Durante o frio? Durante o calor?
Antes? Depois?
Qual a intensidade da sede e de quais bebidas?
TRANSPIRAÇÃO:
Quando se apresenta a transpiração, no começo ou no fim do ca­lor?
Ou quantas horas após esta sensação?
Durante o sono ou em vigília?
Qual a intensidade da transpiração?
Era quente ou fria?
Em que partes?
Com que cheiro?
De que se queixa ele?
Antes ou durante o calafrio?
E du­rante o período de calor?
E após este período?

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E durante ou após a transpiração?


MENSTRUAÇÃO:
Como são (nas mulheres) o fluxo mensal ou outros fluxos?"
A CONSULTA - ANOTAÇÕES DAS OBSERVAÇÕES DO MÉDICO.
REGISTRO DO RELATO DO DOENTE.
EXEMPLOS DE OBSERVAÇÕES DO HOMEOPATA
§90 "Depois que o médico tiver terminado tais anotações, escreve,
então, o que ele próprio percebe no doente1, verificando, em relação ao que
foi relatado, o que era peculiar ao mesmo no período de saúde.
1
Por ex., como o doente se comporta durante a visita: mal-humorado,
bir­rento, apressado, choroso, ansioso, desesperado ou triste, confiante,
tranquilo, etc.; se está sonolento ou alheio; se fala com voz rouca, muito
baixo, ou de maneira inconveniente ou de outra forma.
Qual a cor de sua face, dos seus olhos e de sua pele de modo geral.
Que grau de vivacidade e força há em sua expressão e em seus olhos.
Qual o estado de sua língua, do seu hálito e de sua audição.
Se suas pupilas estão dilatadas ou contraídas.
Com que rapidez e que extensão se modificam no escuro ou no claro.
Como está seu pulso.
Qual é o estado do abdômen.
Que grau de umidade ou secura, calor ou frio tem sua pele ao tato, neste
ou naquele local de um modo geral.
Se ele se deita com a cabeça inclinada para trás, com a boca inteira-
mente ou semi aberta, com os braços sobre a cabeça, de costas ou em
que outra posição.
Que esforço faz para levantar‑se e tudo aquilo que possa chamar a
atenção do médico."
A CONSULTA - FATO NOTÓRIO CAUSADOR DA DOENÇA OU
OBTIDO ATRAVÉS DE INTERROGATÓRIO
§93 "Se a doença foi desencadeada por algum fato notório, recen-
temente ou há muito tempo, como é o caso de um mal prolongado, então o
doente ou, pelo menos, os que o cercam, quando interrogados em particular,
mencioná‑lo‑ão, seja espontaneamente ou através de um interrogatório
cuidadoso1.
1
As prováveis causas que o doente ou as pessoas que os acompanham
não queiram confessar, pelo menos voluntariamente, o médico procu-

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A CONSULTA HOMEOPÁTICA

rará descobrir através de rodeios astuciosos ou graças a informações


particulares.
Pertencem a esta categoria: envenenamento, tentativa de suicídio,
onanismo, excesso de atos libidinosos comuns ou anormais, abuso de
vinhos, licores, ponche e outras bebidas quentes, chá ou café; excessos
alimentares em geral ou de algum alimento nocivo em particular.
Contágios venéreos ou pela sarna, amores infelizes, ciúme, infelicidade
doméstica, preocupações, tristeza causada por algum infortúnio familiar,
maus tratos, vingança frustrada, orgulho ferido, dificuldades econômicas,
temor supersticioso, fome, even­tuais imperfeições das partes pudendas,
hérnia, prolapso, etc."
A CONSULTA - O CONHECIMENTO DO MODO DE
VIDA DO DOENTE
§94 "Durante a investigação do estado de doenças crônicas, devem‑se
considerar e ponderar muito bem as condições especiais do doente com res-
peito a suas habituais ocupações, modo de vida, sua dieta, situação doméstica
etc. e o que nelas ocasiona ou sustenta a sua doença, a fim de, através de sua
remoção, poder promover‑lhe a saúde1.
1
Nas doenças crônicas femininas é especialmente necessário atentar para
a gravidez, esterilidade, desejo sexual, partos, abortos, aleitamento, corri-
mentos e as condições do fluxo mensal.
Especialmente no que concerne a essa última informação, não se deve des-
cuidar do seguinte: se ocorre em interva­los curtos ou se ocorrem atrasos
além do tempo normal, quantos dias dura, se o fluxo é contínuo ou inter-
mitente, em que quantidade, se possui cor escura, se há leucorreia (fluxo
branco) antes ou depois, mas especialmente que incô­modos físicos e da
alma, que sensações e dores o precedem, acompanham ou seguem.
No caso de haver fluxo branco, que sensações acompanham o fluxo, qual a
quantidade deste e quais as condições e ocasiões em que ocorrem."
DOENTES HIPOCONDRÍACOS NA CONSULTA
§96 "Os próprios doentes possuem temperamentos tão diversificados
que alguns, especialmente os chamados hipocondríacos e outros muito
sensíveis ou mal-humorados pintam suas quei­xas com cores excessivamente
fortes e, a fim de induzir o médico a ajudá‑lo mais rapidamente, apresentam
seus males com expressões exageradas1.

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JOSÉ ALBERTO MORENO / ELIETE M. M. FAGUNDES

1
Provavelmente nunca se encontrará entre os hipocondríacos, mesmo
os mais impacientes, uma invenção pura e simples dos fenômenos e
padeci­mentos; é o que demonstra a comparação dos incômodos de que
se quei­xam em períodos de tempos diferentes, quando o médico nada
lhes ministra ou lhes dá algo sem valor medicamentoso algum.
É preciso descontar alguma coisa de seu exagero, pelo menos atribuir o
caráter forte de suas expressões à sua excessiva sensibilidade. Sob esse
aspecto, o próprio tom exaltado de suas expressões sobre seus sofrimen-
tos se toma por si só um importante sintoma na série de todos os outros
dos quais se compõem o quadro da doença. O caso é outro quando se
trata de loucos ou daqueles que, por má fé, simulam doenças."
DOENTES CALADOS, RESERVADOS NA CONSULTA
§97 "Há pessoas cujo temperamento é oposto aos hipocondríacos,
ocultam uma série de males, seja por indolência, por um senso equivocado
de pudor, por uma certa displicência ou timidez, apresentando‑os em termos
vagos ou considerando alguns deles sem importância."
A CONSULTA. A IMPORTÂNCIA DO RELATO DO PRÓPRIO
DOENTE
§98 "O certo é ouvir principalmente o próprio doente acerca de seus
males e sensações e dar crédito às suas próprias expressões, com as quais
procura esclarecer seus padecimentos. Algumas expressões costumam ser
modifica­das e adulteradas pelos amigos e por aqueles que cuidam dele.
Em todas as doenças, especialmente nas crônicas, a inves­tigação
do verdadeiro e completo quadro das mesmas e de suas particularidades
requer cuidado especial, ponderação, conheci­mento da natureza humana,
prudência na indagação e um eleva­do grau de paciência."
AS DOENÇAS AGUDAS RECENTES, QUE ESTÃO
MEMORIZADAS NA MENTE DO CLIENTE
§99 "Em geral, a investigação de doenças agudas ou daquelas surgi-
das há pouco tempo é mais fácil para o médico, porque todos os fenômenos
e alterações da saúde recém‑perdida estão ainda vivos e presentes na me­
mória recente do doente e de seus amigos.
Certamente, também aí, o médico precisa saber tudo, mas ele tem
que investigar bem menos; a maior parte lhe é dita de forma espontânea."

CIÊNCIA DA HOMEOPATIA - LIVRO BÁSICO 71


A CONSULTA HOMEOPÁTICA

A CURA PELO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO


Parágrafo 19-22

Doenças são A cura é

ALTERAÇÕES DO ESTADO DE SAÚDE A CONVERSÃO DESTE


do INDIVÍDUO SADIO ESTADO EM SAÚDE.

expressando-se através de
SINAIS MÓRBIDOS.

OS MEDICAMENTOS SÓ SE TORNAM MEIOS DE CURA


Porque produzem certos

FENÔMENOS e SINTOMAS

QUE TRANSFORMAM O ESTADO DE SAÚDE DO HOMEM


Baseado em
SENSAÇÕES e FUNÇÕES
e que, unicamente nesta sua força de alterar,

é que se deve basear Ela se torna perceptível


seu poder de cura. somente na experiência,

através de sua exteriorização


AO ATUAR SOBRE O ESTADO DE SAÚDE DO INDIVÍDUO
gerando uma certa

CONDIÇÃO ARTIFICIAL DE DOENÇA QUE

REMOVE ANULA e TRANSFORMA EM SAUDE

OS SINTOMAS JÁ EXISTENTES ou o ESTADO MÓRBIDO A SER CURADO

da maneira mais

FÁCIL CERTA e DURADOURA


pelos sintomas medicamentosos

SEMELHANTES ou OPOSTOS.

72 CIÊNCIA DA HOMEOPATIA - LIVRO BÁSICO


JOSÉ ALBERTO MORENO / ELIETE M. M. FAGUNDES

INDICADOR DO INÍCIO DE CURA


Parágrafo 280
A DOSE DO MEDICAMENTO

QUE ESTÁ SE MOSTRANDO ÚTIL


SEM PRODUZIR

NOVOS SINTOMAS INCÔMODOS


deve ser:

CONTINUADA ELEVANDO-SE GRADATIVAMENTE


até que o doente,

EXPERIMENTANDO UMA MELHORA GERAL


COMECE A SENTIR

DE FORMA MODERADA O RETORNO

DE UM OU VÁRIOS

DE SEUS ANTIGOS PADECIMENTOS ORIGINAIS.

Isso indica:

UMA CURA PRÓXIMA QUE O QUE O PRINCÍPIO


PRINCÍPIO VITAL VITAL
através
quase não tem mais LIVRE DA DOENÇA
DE UM AUMENTO necessidade NATURAL,
GRADATIVO DE SER AFETADO começa a sofrer
por uma simplesmente da
DAS DOSES
MODERADAS DOENÇA DOENÇA
MODIFICADAS SEMELHANTE MEDICAMENTOSA
HOMEOPÁTICA
cada vez, a fim de
conhecida, aliás, como
MEDIANTE PERDER A AGRAVAÇÃO
SUCUSSÕES. SENSAÇÃO DA HOMEOPÁTICA.
DOENÇA NATURAL

CIÊNCIA DA HOMEOPATIA - LIVRO BÁSICO 73


A CONSULTA HOMEOPÁTICA

PRIMEIRA CONSULTA AO HOMEOPATA


Frederik Schroyens
Sua primeira ida ao homeopata poderá ser mo­tivada por um sem‑número
de sintomas diversos. En­tretanto, a maioria das pessoas que procura tra-
tamento homeopático o faz devido a sintomas persisten­tes que não res-
ponderam aos convencionais méto­dos alopáticos. O índice de sucesso no
tratamento homeopático é muito alto.
ANTES DA CONSULTA
Ajudará se você anotar os nomes de quaisquer medicamentos que esteja
tomando ou tenha tomado no passado. Se seu caso for complicado, anote as
características mais importantes. O homeopata fica­rá especialmente interes-
sado nestas informações, pois lhe permitirão compreender melhor seu caso.
Anote qualquer sintoma incomum e, se for pertinente, as horas do dia em que
os sintomas pare­cem melhorar e/ou piorar. Anote também as moda­lidades
‑ isto é, qualquer coisa que melhore ou piore seus sintomas ‑ e o que você
faz para obter alívio. O homeopata desejará também descobrir mais sobre
você como pessoa ‑ o que faz você “vibrar”. Este tipo de informação irá
ajudar o médico a encontrar o remédio certo para o seu problema, portanto
pense no assunto antes de sua consulta.
A CONSULTA
O consultório do homeopata será bem parecido com o de qualquer outro
profissional de saúde ‑ uma mesa e uma cadeira para o homeopata, outra
cadeira para o paciente. Talvez haja uma prateleira com remédios homeo-
páticos, em­bora muitos médicos os guardem em outra sala. Vo­cê provavel-
mente notará a ausência do habitual odor anti-séptico e da aparência clínica
de muitos consul­tórios convencionais. O consultório, do homeopata talvez
seja mais aconchegante e com uma atmosfera confortável
A partir de sua entrada, o homeopata. estará pro­curando quaisquer sinais
que indicarão qual o remé­dio mais apropriado para você. Por exemplo, seu
aperto de mão poderá revelar se você é uma pessoa segura ou ansiosa. Após
umas poucas perguntas pre­liminares para deixá‑lo à vontade, o homeopata
per­guntará então o que o levou ao consultório.
Com suas próprias palavras, descreva-se e des­creva seus sintomas. Seja
o mais explícito possível: é preferível contar demais do que de menos sobre
você mesmo. Você descobrirá que o homeopata fica­rá interessado numa série

74 CIÊNCIA DA HOMEOPATIA - LIVRO BÁSICO


JOSÉ ALBERTO MORENO / ELIETE M. M. FAGUNDES

de aspectos que o seu mé­dico de família talvez tenha ignorado. Por exemplo,
você deveria tentar se lembrar e descrever a natureza exata de cada dor que
tenha sentido:
queimação expansão pressão entorpecimento
explosão latejo rigidez penetrante
perfuração profunda pontada superficial
ferroada constante compressão intermitente
dilaceração móvel paralisação estacionária
Após você ter dito porque veio, começa o pro­cesso de histórico do caso.
Esta é a verdadeira investigação de sua enfermidade. O homeopata fará uma
série de perguntas minuciosas para descobrir exata­mente o que você está
sentindo, por quê, e o que você acredita ser a verdadeira causa de sua doença.
A seguir, algumas das perguntas que lhe pode­rão ser feitas:
• Como você reage ao barulho?
• Você detesta ser deixado sozinho?
• Como se sente ao ouvir música? Você tem medo do escuro?
• Tem medo de cachorro ou de qualquer outro animal?
• Tempestades com raios e trovões o afetam?
• Você sente sede com frequência? Se sente, prefere bebidas quentes ou
frias? Você as bebe aos poucos ou de um só gole?
• Você está sempre com fome?
• Como reage à atividade e ao descanso?
• Você detesta tempo quente, frio ou úmido?
• Você anseia por carne, ou qualquer outro alimento? Sente muita vontade
de comer alimentos quentes ou condimentados?
• Você detesta comida crua?
• Seus sintomas são afetados pelo clima?
• A que horas do dia você se sente melhor ou pior?
• Você é irritadiço, ansioso ou deprimido?
• Detesta tomar banho? É sensível às críticas? Chora com facilidade?
Descobrir estas modalidades ‑ coisas que afe­tam seu humor e sua
conduta ‑ é muito importante se o homeopata quer escolher o remédio
certo para você. Em casos de primeiros socorros, entretanto, as regras não
se aplicam e o remédio é escolhido em bases puramente sintomáticas, sem
consideração quanto à constituição física e mental da pessoa.

CIÊNCIA DA HOMEOPATIA - LIVRO BÁSICO 75


A CONSULTA HOMEOPÁTICA

Provavelmente, o homeopata também o exami­nará quase da mesma


maneira como faria um médi­co convencional. Seu pulso e pressão serão
tomados, várias partes do seu corpo serão apalpadas e ele aus­cultará seu
coração e seus pulmões.
Todas estas perguntas e exames podem demo­rar bastante. De fato, a
maioria dos homeopatas reserva uma hora ou mais para a primeira consulta
e pelo menos meia hora para as seguintes.
TIPOS DE CLIENTES
Usando as informações que coletou ao conver­sar com você, o home-
opata o classificará de acordo com o remédio que melhor se adapte às suas
carac­terísticas. É claro que muito poucas pessoas se ajus­tam exatamente a
um único remédio e a maioria po­de ter também características de outros re-
médios se­cundários. Entretanto, existem aquelas que se ajus­tam naturalmente
ao “quadro de sintomas” de um determinado remédio “testado” e estas são
conheci­das como pessoas de um “tipo constitucional”: quan­do estiverem
doentes, seu remédio constitucional será o que dará melhores resultados.
Exemplos de quatro “tipos básicos de pacientes” são:
TIPO SULPHUR
Estes podem ser resumidos como “filósofos es­farrapados”. São des-
leixados, de aparência suja e não gostam de tomar banho. Preferem roupas
velhas a novas e não dão a mínima importância para os ricos do mundo. Seu
temperamento é explosivo. Estão quase sempre com fome e costumam ter
uma sen­sação de vazio no estômago por volta das 11 horas da manhã. Sob
vários aspectos, o tipo enxofre é a manifestação do miasma da psora, e, em
consequência o remédio Sulphur é considerado o “Rei da Psora”.
TIPO ARSENICUM
Bastante diferentes do tipo enxofre, estes são ex­tremamente ordeiros
(não podem suportar a visão de um quadro desnivelado ainda que de um só
mi­límetro), precisos, bem vestidos, impertinentes e extremamente agitados.
TIPO NUX‑VOMICA
Estes são irritadiços e facilmente excitáveis, com tendência a serem
fanáticos pelo trabalho e a bebe­rem demais. São também cheios de entu-
siasmo, ze­lo e vigor ‑ os magnatas dos negócios de nosso tem­po. Sofrem
com frequência os efeitos do excesso de tolerância e, em consequência,

76 CIÊNCIA DA HOMEOPATIA - LIVRO BÁSICO


JOSÉ ALBERTO MORENO / ELIETE M. M. FAGUNDES

irritam‑se com facilidade. Suas temperaturas flutuam constantemente, exa-


tamente como suas emoções: mesmo quando es­tão com febre, permanecem
um tanto frios.
TIPO LYCOPODIUM
Estas pessoas são intelectualmente fortes mas fi­sicamente fracas. O
nome se refere à planta licopo­deácea. No passado remoto, esta era uma
árvore gi­gante, mas durante o processo de evolução, ficou di­fícil adaptar‑se
às necessidades de seu meio ambiente em mutação; para sobreviver, ela
gradualmente en­colheu e, hoje, não passa de um musgo.
Os tipos Lycopodium são aqueles que já viram dias melhores, tendo
aos poucos perdido sua glória, poder e controle sobre as exigências da vida.
Con­sequentemente, são cautelosos, desconfiados e in­seguros. Seu aparelho
digestivo é fraco e, embora sin­tam fome com frequência, sentem‑se satisfei-
tos com a maior facilidade. Pode‑se fazer uma comparação en­tre o apetite
e a natureza sexual das pessoas licopo­deáceas: tendem a comer pouco e
repetidas vezes, e buscam gratificação sexual sem responsabilidade.
Estão sempre tentando compensar suas insuficiên­cias. Podem ser em
geral encontrados exercendo ati­vidades em que tenham algum poder ou
responsa­bilidade ‑ por exemplo, políticos, advogados, cléri­gos, professores,
funcionários públicos.
O QUE MAIS VOCÊ PODE ME DIZER?
Quando você terminar o histórico da sua do­ença, talvez se admire ao
ouvir o homeopata pergun­tar mais uma vez:
“O que mais você pode me dizer?”
Com efeito, o homeopata necessita de grande número de informações
para poder chegar a co­nhecer e compreender o doente, na sua totalida­de.
Quanto mais clara e completa for a imagem do doente, tanto mais possibi-
lidades haverá de que o remédio escolhido seja o mais conveniente.
Certos doentes respondem: “Agora, doutor, já lhe disse tudo!” Mas
essas palavras não têm o mesmo sentido em todos os lábios. Alguns dão
uma quantidade de detalhes incríveis, enquanto os mais reservados, não têm
realmente nada a acrescentar depois de duas ou três frases.
O médico deverá ter muita paciência para obter as informações
necessárias, a fim de chegar ao remédio certo. A experiência no‑lo ensina.
A segunda parte da anamnese ‑ que chama­mos de interrogatório

CIÊNCIA DA HOMEOPATIA - LIVRO BÁSICO 77


A CONSULTA HOMEOPÁTICA

dirigido ‑ será mais ou menos longa, dependendo do volume de informações


úteis que tenham sido prestadas espontaneamente ao médico. Relembramos
que é ilusório ten­tar prescrever um remédio adequado se o perfil completo
do paciente não foi traçado de maneira suficientemente clara. É o que diz
Hahnemann, da seguinte maneira:
“(...) a totalidade desses sintomas, essa ima­gem que é o reflexo externo
da essência inte­rior da doença, (...) deve ser a coisa principal (...) que
determinará a escolha do remédio mais apropriado. (...) Um só sintoma
não constitui a doença, assim como uma só perna não constitui o homem
completo.” (Organon, § 7).
Um exemplo: suponhamos que você sofra de asma e esteja explican-
do ao homeopata quantos miligramas de cortisona toma, a frequência com
que você utiliza este ou aquele nebulizador, o que disseram os médicos que
você consultou anterior­mente, os exames especiais que foram feitos e cu­jos
resultados você apresenta. Muito bem. Mas todas essas informações não
serão suficientes, por mais exata que seja sua história.
De antemão, advirto‑lhe de que, para clare­za da exposição, devo
limitar‑me a esboçar um quadro bem esquemático do interrogatório homeo­
pático. Ele não poderá corresponder ao que acontece na realidade. Com efeito,
o limite entre o in­terrogatório dirigido e o relato espontâneo do pa­ciente é
puramente teórico. O médico geralmente segue o fio do pensamento do doente,
não impor­tam quais sejam seus desvios, a fim de não que­brar sua espontanei-
dade. Portanto, durante uma mesma consulta, pode acontecer de passar muitas
vezes da anamnese espontânea para o interrogató­rio dirigido, e vice‑versa.
Uma última observação: não acredite encon­trar aqui um questionário
ideal. Não é o caso, portanto, de pegar a caneta e começar a escrever as res-
postas. Não se prepara um encontro com o homeopata como um exame na
universidade! Uma das características mais importantes da anamne­se homeo-
pática é que as perguntas são feitas por alguém. Há, pois, necessariamente, duas
pessoas presentes: uma que fala e outra que escuta. A segunda, colocando‑se a
certa distância da primei­ra, pode discernir aquilo que é essencial nas coi­sas que
lhe são ditas. Pode reagir a certos pontos bem precisos. Eventualmente, pode
imprimir ou­tro rumo à entrevista. Trata‑se realmente de um trabalho de equipe.
Se você preparou meticulosamente sua con­versa com o homeopata,
já não se tratará mais de uma anamnese espontânea. Tudo já foi pré-digeri­
do. De vez em quando aparece um doente que ten­ta se esconder por trás de

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um calhamaço de pa­pel, no qual escreveu tudo aquilo que deve dizer... Mas
falta, evidentemente, o essencial: tudo aquilo em que ele ainda não pensou.
Alguns imaginam que tudo isso não tem ca­ráter muito científico.
Entretanto, acredito que, nesse campo, é imperativo deixar espaço livre para
a inspiração do momento.
Posso dizer, por experiência própria, que quando o homeopata tenta
colocar‑se na situação do paciente, há momentos como se ambos pensas­
sem juntos. É nesse momento que surgem os sin­tomas mais interessantes,
às vezes de maneira inteiramente inesperada, só porque o doente sen­te que
está sendo compreendido. É óbvio que so­mente estando em dois existe a
possibilidade de encontrar juntos alguma coisa. Como há centelhas que so-
mente brotam do atrito de dois sílex, há também sintomas que só despontam
de uma con­versa espontânea, franca e aberta, num ambiente de distensão,
feito de mútuo res­peito. Agora você pode compreender porque não tem
sentido pretender que um remédio seja recei­tado por telefone.
1º. O que você sente exatamente?
A escolha das palavras tem papel importan­te para descrever as suas
sensações. Por exemplo, se alguém diz: “Não me sinto bem”, isso pode
que­rer dizer: “Estou morto de cansaço”, “Acho que vou desmaiar”, “Tenho
vontade de vomitar”, “Sinto que estou morrendo”, e muitas outras coisas.
Se você quiser descrever uma sensação com certa exatidão, poderá
usar uma comparação des­te tipo: “Tenho uma sensação de como se tivesse
uma pedra sobre o estômago” ‑ este, diga‑se de passagem, é um sintoma
típico de remédio Bryonia ou do Nux‑vomica.
A expressão “tenho dor” pode referir‑se a uma multitude de sensa-
ções diferentes. Pode significar uma sensação de queimação, de pontadas,
de dis­tenção de órgãos, de peso desagradável, sem cono­tar realmente uma
dor verdadeira.
É o momento de colocar os pingos nos “ii”. Certos doentes, os “du-
rões”, só começam a falar de dor quando se trata de algo verdadeiramente
insuportável. Estes falsos pudores não têm razão de ser em homeopatia. Você
tem o direito de di­zer que está com dor mesmo que não esteja a ponto de rolar
pelo chão, gritando de dor. Pois existem muitos tipos de dor. Há dores que
pouco incomodam e outras quase impossíveis de supor­tar. Se você não sabe
bem onde se situar nas vá­rias graduações entre esses dois extremos, pode
sempre descrever em detalhes o que sente, dizen­do, por exemplo: “Minha

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dor no coração é uma sensação muito vaga de alguma coisa que me rói”.
A pergunta geral “O que você sente exata­mente?” inclui, na realidade,
uma série de ques­tões mais precisas, tais como:
‑ “O que você está ouvindo?” (em caso de tosse ou de ruídos no ouvido.)
‑ “O que você está vendo?” (em caso de distúrbios da vista, ou então
quando nos queixamos de uma erupção na pele.)
‑ “Que cheiro você sente?” (quando estamos com corrimento nasal.)
E às vezes também cabe perguntar:
‑ “Que gosto têm os alimentos?” ou “Que gosto você sente na boca?”
(Por exemplo, quando há lesões situadas na boca.)
Em qualquer caso, será sempre necessário descrever com maior exa-
tidão possível aquilo que você sente. Este ponto é muito importante.
2º. Onde se localiza a sua sensação?
A melhor e mais simples maneira de desig­nar com exatidão a região
em que sentimos algo é mostrá‑la com o dedo.
É melhor não utilizar termos da anatomia, pois eles têm um senti-
do muito preciso e que é desconhecido daqueles que não fazem estudos
médicos. Tomemos um exemplo: cada um tem um conceito pessoal bem
limitado sobre a localização dos rins. Alguns situam‑nos entre as omoplatas
e outros ao nível do sacro. É certo que a maioria das pessoas que se queixa
de “dores nos rins” que­rem dizer “na parte inferior das costas”, mas se­ria
muito útil apontar o local exato indicando‑o com o dedo, a fim de evitar
possibilidades de erro.
É também muito importante indicar com exatidão se o distúrbio se
situa à direita ou à es­querda. Por exemplo, uma dor de garganta pode muito
bem localizar‑se somente à esquerda da fa­ringe, ou começar à esquerda para,
em seguida, espalhar‑se para a direita, ou vice‑versa.
É preciso ainda estar atento à propagação da dor. Um exemplo: descre-
vemos treze modos dife­rentes pelos quais a dor da angina do peito pode se
propagar para uma ou outra parte do corpo,4 mas deve‑se destacar que a maneira
clássica é sua propagação para o braço esquerdo ou para a mão esquerda.

3º. Desde quando?


Muitas vezes, a hora em que tem início a manifestação de um sinto-
ma é de grande impor­tância para caracterizá‑lo: a hora em que aconte­cem
regularmente as crises de asma, por exemplo, às 3h da manhã.

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É possível que a aparição de certos sintomas sejam sempre precedidos


de certas condições me­tereológicas, bem precisas como uma mudança de
tempo, uma chuva repentina etc. ou con­dições físicas como o fato de beber
uma limonada gelada, depois de uma partida de futebol que fez você suar.
Às vezes é um estresse psicológico (uma dispu­ta, uma decepção,
uma dor, uma vexação etc.) que precedem a aparição da sintomatologia. A
medici­na oficial ignora, mas o bom senso popular consa­gra esse fato através
de numerosas expressões, como: “Ele está com o coração angustiado”; “Eu
não pude engolir aquilo”; “Isso pesa como uma pedra em meu estômago”;
“Seu sangue ferveu”; “Isso ficou atravessado na minha garganta” etc.
Muitas vezes, o fato psicológico que desenca­deou uma doença é
evidente. Nestes casos, qual­quer que seja a descrição das sequelas físicas,
cor­porais, por mais exata que seja, não revela senão a metade da verdade.
A descrição das circunstâncias que desenca­dearam a doença são
sempre de grande interesse. Um dia, conheci um homem que sofria de um
reu­matismo que o afligia há muitos anos. A doença começara perturbar,
após um mergulho na água fria de um rio, num belo dia de verão. Esta cir­
cunstância (diríamos, um simples detalhe) foi o que possibilitou encontrar
o remédio adequado.
4º. O que modifica o sintoma?
Os fatores que agravam, melhoram ou trans­formam o sintoma do
paciente são chamados de modalidades. São em grande número, todas dife­
rentes umas das outras. Na maior parte do tem­po, têm papel importante para
individualizar uma patologia local.
Embora esta classificação seja um pouco sim­plista e arbitrária, parece
útil, para fins mnemo­técnicos, dividir as modalidades em duas catego­rias:
as circunstâncias externas ao organismo e os fatores que lhe são próprios,
isto é, aqueles que estão em relação com os fenômenos fisiológicos. É
importante ressaltar que o que nos interessa aqui são apenas elementos
característicos e individu­ais. Por exemplo, se um doente. cura a sua dor
de cabeça com aspirina, isto é um fato banal que não traz ajuda alguma na
escolha do remédio homeo­pático.
a) As circunstâncias externas
São fatores externos ao indivíduo, que são susceptíveis de modificar
um ou outro de seus sin­tomas.

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Às vezes, é a hora que desencadeia a patologia: por exemplo, do-


res nas pernas aparecem so­bretudo à noite; ou as diarreias que costumam
aparecer sempre de manhã, ao despertar. Ou en­tão, o sintoma se reproduz
sempre dentro de um intervalo de tempo relativamente constante. Fala­mos
agora de sua periodicidade que, em alguns casos, é um elemento determinante.
Por exemplo, se um doente apresenta regurgitações líquidas a cada dois dias,
isso nos fará pensar que seu remé­dio poderá ser provavelmente, Lycopodium
no qual esse sintoma é particularmente típico.
As várias condições do tempo podem melho­rar ou agravar os sinto-
mas. Ressaltamos que, des­sas condições, referimo‑nos a fatores que exercem
influência tanto favorável quanto desfavorável sobre o enfermo. A título de
exemplo de uma mo­dalidade característica, citemos o paciente reumá­tico
que melhora com o tempo úmido; esta modali­dade é característica, porque
habitualmente o que se observa é exatamente o contrário.
A temperatura é outro fator do mesmo gêne­ro. Eu falo aqui tanto da
temperatura externa (o sol de verão ou o frio do inverno) quanto da tem­
peratura no interior das habitações (o calor arden­te do fogão, um quarto bem
aquecido etc.). E não nos esqueçamos que compressas quentes ou frias, o uso
de uma echarpe podem influir também de maneira característica em certos
sintomas. Às vezes permanecer ao ar livre, expor‑se ao vento ou às correntes
de ar são fatores que tor­nam certos males mais ou menos suportáveis. É o
caso do asmático, que sente melhora quando sopra uma pequena brisa.
A água pode também influir de muitos mo­dos no sofrimento do doente:
se ele toma banho, se lava a cabeça ou as mãos, ou se foi surpreendi­do por
uma chuva repentina. Certos sintomas podem ser modificados pe­los senti-
dos. Algumas pessoas são sensíveis aos ruídos, à iluminação, aos odores...
Há pessoas que têm palpitações quando ou­vem música, sentem‑se
mal quando inalam deter­minados perfumes, ou têm dor de cabeça quando
a luz é muito forte.
O paladar apresenta menos interesse no caso, mas o tato oferece muitas
vezes a nota caracterís­tica de um sintoma: um acesso de tosse que apa­rece
quando limpamos as orelhas com um cotone­te, uma dor de cabeça que se
agrava quando usa­mos chapéu!
b) Os fatores próprios ao indivíduo
Trata‑se mais frequentemente de funções cor­porais. Alguns exemplos.
Após o sono, há sintomas que desaparecem e outros que se intensifi-

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cam. Em outros casos, eles se tornarão particularmente intensos quando a


pessoa adormece. Esta última peculiaridade nos coloca imediatamente na
pista de certos remédios como Lachesis, Arsenicum, Crotalus horridus6 e
dezenas de outros.
A posição que o doente assume, tentando ali­viar suas dores é um ponto
bastante importante. Por exemplo, alguns têm palpitações que melho­ram
quando se deitam sobre o lado direito, embo­ra que em outros seja o inverso.
Outros sintomas só se manifestam por oca­sião de certos movimentos
ou de determinada mudança de posição. Uma dor no olho, por exem­plo,
pode se manifestar quando o paciente olha para o lado ou eleva os olhos
para o céu. Uma dor cardíaca pode diminuir quando o paciente sai a passeio,
andando. Pode tratar‑se tanto de um movimento limitado a uma parte do
corpo como de uma atividade que mobiliza todo o organismo.
Lachesis e Crotalus horridus são remédios preparados a partir do
veneno de duas serpentes: a surucucu e a cascavel. Arsenicum album é um
derivado do arsênico, (o anidrido arsênico), que outrora se usava como ra-
ticida. O suor pode intensificar certos sintomas: por exemplo, as angústias
que se agravam cada vez que se transpira.
A função digestiva está na origem de um cer­to número de modalidades.
As bebidas, por exem­plo, não têm somente uma ação limitada ao estô­mago, mas
podem modificar a tosse, as vertigens ou qualquer outro sintoma do organismo.
A tem­peratura das bebidas, com frequência, tem impor­tância significativa.
Em seguida, a alimentação. Alguns sintomas são ritmados pelas re-
feições. Isso não significa somente comer ou não comer, mas é necessário
precisar o que você comeu. Uma diarreia depois de ter comido ostras, ou
cãibras no estômago depois de ter ingerido certas frutas, são dois sinto­mas
que levam a pensar (especialmente) em Lycopodium.
Certos sintomas melhoram ou agravam com o evacuar e com o urinar.
Uma dor de cabeça que desaparece após urinar em quantidade abundan­te é
um sintoma típico de Gelsemium.
Na mulher, numerosos sintomas são ritma­dos pelo ciclo trual. É im-
portante não esque­cer de precisar se eles aparecem ou são agrava­dos antes,
no início, durante, no fim ou após as regras.
É impossível citar aqui as modalidades mais diversas que se encon-
tram nos nossos repertórios. O essencial é que você tenha compreendido
bem do que se trata. Observando você e as pessoas próximas irá certamente

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descobrir outras modali­dades, e no nosso caso, não valeria a pena alon­gar


muito minha lista para evitar falsear sua observação.
Entretanto, não posso resistir ao desejo de lhe dar ainda dois exemplos
para mostrar que podem existir modalidades “a priori” muito estranhas: uma
dor na próstata quando a pessoa assoa o na­riz, ou um comichão no joelho
cada vez que a pes­soa adormece.
Em todo caso, uma coisa é certa: quanto mais bizarros forem os seus
sintomas, mais interessa­rão ao homeopata.
Porém, insisto mais uma vez: não considerem a lista de modalidades
como um questionário ao qual devemos necessariamente responder com
exatidão antes da consulta. Aprendam sobretudo a se observar bem e a
descrever com precisão os seus sintomas, inclusive suas modalidades, sem
se esquecer de dizer exatamente a que sintomas elas se referem.
5º. Há outros sintomas?
Quando temos um problema de saúde, é mui­to raro que se manifeste
apenas um sintoma. Se, por exemplo, o seu principal distúrbio é uma pri­são
de ventre, há praticamente uma multidão de outros sintomas mais ou menos
evidentes, que mostram que algo está errado. Mesmo que estes incomodem
pouco, nem por isso deixam de ser pontos importantes para o homeopata,
pois lhe possibilitam obter um panorama mais exato da totalidade da doença.
Você deve começar se perguntando se não existem sintomas em outra
parte do corpo. Des­creva‑os, fazendo as quatro perguntas que apre­sentamos.
Em seguida, verifique se por acaso você apresenta alguns sintomas gerais,
isto é, caracte­rísticas gerais que são próprias a você e que se relacionam
com sua personalidade no seu todo.
Enfim, falta ver se você não tem sintomas mentais. Com efeito, esses
últimos têm, para os homeopatas, uma importância toda particular.

Fonte Bibliográfica:
BRUNTON, Dr. Nelson. Conhecer a Homeopatia – A Medicina da Nova Era.
Editora Objetiva, 1989.
GRÁFICOS: Eliete M. M. Fagundes
HAHNEMANN, Samuel. O Organon da Arte de Curar. Editora Hipocrática Hah-
nemanniana. Belo Horizonte, 2000.
SCHROYENS, Dr. Frederik. Como encontrar o remédio homeopático. Edições
Paulinas, 1991.

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