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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
porque todo e qualquer indivíduo de uma forma ou de outra está inserido num contexto social,
e neste sentido, seu comportamento influenciará todo o grupo.
A classe contábil brasileira é representada em instância superior pelo Conselho Federal
de Contabilidade, e nos estados, pelos Conselhos Regionais de Contabilidade, configurando
assim o Sistema CFC/CRC’s. Estes órgãos são responsáveis pela adequação de seus
profissionais dentro de uma conduta ética condizente com o conteúdo do Código de Ética
Profissional do Contabilista – CEPC. São também suas atribuições a fiscalização e o registro
dos profissionais contábeis.
O presente trabalho abordará a ética de uma forma geral, e como esta influencia o
comportamento dos profissionais de contabilidade no exercício de suas atividades. E, ainda, a
relação dos Conselhos de Contabilidade com as empresas. De acordo com o acima exposto, a
questão que tomar-se-á como base para o desenvolvimento deste trabalho, é a existência de
pessoas com formação contábil exercendo atividade profissional nas empresas sem o
competente registro junto ao Conselho Regional de Contabilidade. E, ainda, quanto a pessoas
de outras habilitações profissionais, exercendo atividades contábeis que segundo a legislação
são privativas dos contabilistas. Considerar-se-á, também, a postura ético-profissional destas
pessoas no contexto as quais estão inseridas.
Como objetivo geral procurar-se-á descrever como é a relação dos Conselhos de
Contabilidade com as empresas, sejam estas com departamentos de contabilidade ou
prestadoras de serviços contábeis, com relação a devida regulamentação de seus profissionais
seguindo os preceitos éticos. E os objetivos específicos buscarão: a) mostrar as características
da profissão contábil, seus fundamentos, normas, legislação e bases éticas; b) descrever o
Conselho Federal de Contabilidade e os Conselhos Regionais de Contabilidade; e c) expor
como se dá o processo de fiscalização dos Conselhos de Contabilidade nas empresas e aos
profissionais da área contábil. A metodologia utilizada será bibliográfica conduzida para os
métodos de abordagem que serão o dedutivo e o indutivo, mostrando os aspectos éticos e
legais que regulamentam a classe contábil e um caso real, onde funcionários de uma empresa
foram autuados pelo CRCPE por estarem exercendo atividades inerentes ao Contabilista. A
elaboração do presente trabalho justifica-se pela necessidade de que as questões éticas sejam
mantidas e respeitadas de forma rigorosa nos tempos atuais, tendo em vista a maior exposição
a que estão sujeitas as empresas e, por conseguinte, os profissionais de contabilidade.
2 ÉTICA
Abordagens sobre ética têm se tornado cada vez mais freqüentes na sociedade em
geral. Seja no âmbito familiar, no trabalho, nos estudos, e porque não dizer também na rua.
No trato com os amigos, do lazer à obrigação, ética é uma questão a ser analisada em qualquer
situação. Chega até a confundir quando se questiona se ética é algo que vem atrelado a
virtudes descendentes ou se é adquirida com o passar do tempo, dependente de outros fatores,
como por exemplo, classe social, status econômico, grau de escolaridade, raça, cor, costumes,
crenças, etc.
Ao surgirem situações onde cada indivíduo possui objetivos contrários, estes
assumirão posicionamento próprio dentro do que acreditam ser mais correto e justo para a
situação. Em determinados momentos as pessoas precisam decidir qual interesse atender em
primeiro lugar, qual o comportamento a ser adotado com relação à situação. Faz-se necessário
decidir entre o que é certo ou errado, bom ou ruim. Sendo assim, o indivíduo precisa levar em
consideração não somente suas vontades próprias, mas passar a agir seguindo os princípios e
interesses comuns da coletividade.
As pessoas são obrigadas a viver em sociedade independentemente de suas diferentes
crenças e valores, e ainda quanto aos conflitos de interesses que estas diferenças possam
provocar. O objetivo da ética é exatamente entender os conflitos existentes entre as pessoas,
buscando seus motivos, estabelecendo assim tipos de comportamento que permitam o
convívio em sociedade.
Ética, mais do que um discurso é um modo de fazer as coisas, um modo de
decidir. Embora não possamos dizer que a ética é uma questão de intuição
– do que é certo ou do que é errado, por exemplo -, com freqüência
podemos afirmar que sentimos que a coisa correta foi feita ou não foi feita.
(ZAJDSZNAJDER, 1994, p.21)
Cada pessoa tem um instinto próprio para as situações com as quais se depara durante
sua vida. Buscando entender o fundamento da ética, é conseqüente a afirmação: a ética
estabelece um dever, uma obrigação, um compromisso. Mas qual é o seu fundamento? É o
próprio ser do homem: é da sua natureza que surge a fonte de seu comportamento.
(CAMARGO, 2001, p.19).
No contexto acima , fica explícito que a ação do homem, sua forma de agir em relação
à determinada situação, depende antes de como ele é. Ou seja, a ética nasce de dentro do ser
humano, dos elementos que o caracterizam como tal, diferenciando-o dos demais.
Moreira (1999, p. 21), descreve cinco teorias a respeito da formação dos conceitos
éticos:
I. A teoria do fundamentalismo – propõe que os conceitos éticos sejam obtidos de uma
fonte externa ao ser humano, a qual pode ser um livro, um conjunto de preceitos
adotados por um grupo.
II. A teoria do utilitarismo – (Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-
1873)) – propõe que o conceito ético seja elaborado com base no critério do maior
bem para a sociedade como um todo.
III. A teoria do dever ético – (Immanuel Kant (1724-1804)) – Kant propõe que o conceito
ético seja extraído do fato de que cada um deve se comportar de acordo com os
princípios universais. É um princípio universal aquele que determina a quem assume
uma obrigação de cumpri-la. Kant propôs, também, que estes conceitos éticos sejam
alcançados da aplicação de duas regras: 1) Qualquer conduta aceita como padrão ético
deve valer para todos os que se encontrem na mesma situação, sem exceções. 2) Só se
deve exigir dos outros o que exigimos de nós mesmos.
IV. A teoria contratualista – (John Locke (1632-1704) e Jean Jacques Rousseau (1712-
1778)) – Este conceito parte do pressuposto de que o ser humano assumiu com seus
semelhantes a obrigação de se comportar de acordo com regras morais, para poder
conviver em sociedade, dessa forma os conceitos seriam extraídos das regras morais
que conduzissem à perpetuação da sociedade, da paz e da harmonia do grupo social.
V. A teoria do relativismo – De acordo com essa teoria cada pessoa deveria decidir sobre
o que é ou não ético, com base nas suas próprias convicções e na sua própria
concepção sobre o bem e o mal, dessa maneira, o que é ético para um pode não o ser
para outro.
As teorias descritas pelo autor acima citado seguem vertentes diferentes. A primeira
(teoria do fundamentalismo), parte do pressuposto de que o indivíduo necessita de fontes
externas para discernir entre o certo e o errado como se não fosse possível por si mesmo fazer
tal distinção. A Segunda (teoria do utilitarismo), leva o indivíduo a raciocinar e decidir através
do que será melhor para o grupo. A terceira (teoria do dever ético), leva em consideração o
conceito dos princípios universais propostos pelo filósofo alemão Immanuel Kant, porém
torna-se questionável quanto ao consenso de quais sejam estes princípios universais. A quarta
teoria (teoria contratualista), tem haver com a Segunda, porém nesta o enfoque é maior quanto
as regras morais que norteiam uma determinada sociedade. A quinta e última teoria descrita
(teoria do relativismo), diverge diretamente da primeira, pois sua base é que o indivíduo por
suas próprias convicções poderá decidir entre o bem e o mal, o certo e o errado, mas pode ser
usada para justificar ações que não são compatíveis para o sentido de grupo social como
exposto em teorias anteriores.
Simplificadamente, ética é um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom
ou mau, certo ou errado.
Alguns autores conceituam ética, como:
“Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido entendida como a ciência da
MONTEIRO, T. M. L. ; CHACON, M. J. M. . Um caso de ética profissional: a relação das empresas com os
conselhos de contabilidade.. In: X SEACON - Seminário Acadêmico de Contabilidade., 2005. X SEACON -
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É comum usar o conceito de ética e moral como sinônimos ou, ainda, a ética ser
definida como o conjunto das práticas morais de uma determinada sociedade, ou então como
os princípios que norteiam estas práticas. Pretende-se distinguir o conjunto das práticas
morais alicerçadas pelo costume e convenção social dos princípios teóricos que as
fundamentam ou criticam quando se tenta diferenciar a ética da moral. O conceito de ética é
usado para se referir à teoria sobre a prática moral. Assim, a ética seria uma reflexão teórica
que analisa e critica ou reconhece os fundamentos e princípios que regem um determinado
sistema moral de influência prática.
Etimologicamente, moral, do latim morale, significa conjunto de regras de costumes
consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para
grupo ou pessoa determinada.
A moral, como sinônimo de ética, pode ser conceituada como o conjunto das
normas que, em determinado meio, granjeiam a aprovação para o
comportamento dos homens. A ética, como expressão única do pensamento
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Quando se contesta entre o que é certo ou errado, bom ou mau, sendo esta interrogação
de forma geral, o problema vem a ser teórico, ou seja, um problema ético. Quando, porém
passa-se para a ação temos a figura da moral, a ética é a norma, e esta não cria a moral, sendo,
antes, uma abordagem científica dela.
Sendo a moral o que é vivido, ou seja, aquilo que realmente acontece, enquanto que a
ética é o que deve ser ou, pelo menos, o que deveria ser. A moral é o conjunto de costumes,
normas e regras de conduta estabelecidas em uma sociedade e cuja obediência é imposta a
seus membros, variando de cultura para cultura e se modifica com o tempo, no âmbito de uma
mesma sociedade. Desacatar alguma das regras morais pode provocar reações adversas. Cada
indivíduo possui sua própria reação instintiva contra regras e sujeição a qualquer autoridade,
mesmo assim nenhum grupo ou comunidade pôde até hoje existir sem normas que regulem a
moral.
A existência da consciência da diferença entre as reações que irão afetar o indivíduo ou a
sociedade na qual está inserido, é condição básica da conduta ética. E a consciência moral não
só reconhece essas diferenças, como julga o valor das ações e das condutas à luz de seus
valores, assumindo as responsabilidades deles. Na primeira, sobressai-se a consciência, na
segunda, a responsabilidade.
Denota-se do exposto que o valor profissional deve estar ligado a um valor ético para
que exista uma completa imagem de qualidade. A profissão que dignifica o indivíduo através
da sua correta aplicação, pode também levar ao desprestígio através de conduta inadequada,
pela ruptura dos princípios éticos. O grupamento de profissionais que exercem a mesma
atividade dá origem as diversas classes profissionais e também a conduta pertinente.
Normalmente essas classes profissionais possuem um instrumento regulador da
conduta de seus membros e de estes com a sociedade, formando um conjunto racional, com a
finalidade de estabelecer linhas ideais éticas. Lopes de Sá assim contextualiza a definição de
um CEP:
“Uma espécie de contrato de classe gera o Código de Ética Profissional e os órgãos
de fiscalização do exercício passam a controlar a execução de tal peça magna.” (SÁ, 1998,
p.109)
Um código de ética pode ser entendido como uma relação das práticas de
comportamento que se espera sejam observadas no exercício da profissão. As normas do
código de ética visam o bem-estar da sociedade, de forma a assegurar a franqueza de
procedimentos de seus membros dentro e fora da organização. Um código de ética
profissional tem como um dos objetivos básicos a formação da consciência profissional de
seus membros sobre padrões de conduta. Contém, também, asserções sobre princípios éticos
gerais e regras particulares sobre problemas específicos que surgem na profissão. Definindo o
CEP de forma mais precisa, Lisboa assim se pronuncia:
“Um código de ética é um corpo de princípios que relaciona as principais práticas de
comportamento permitidas e proibidas no exercício da profissão”.(LISBOA, 1997, p.62).
O código de ética varia de organização para organização. Este se diferencia quanto ao
conteúdo, extensão e formato. Mesmo assim, dentre os diversos códigos de ética existentes,
podem existir neles conteúdos semelhantes.
A contabilidade é considerada como uma das mais antigas profissões do homem e evoluiu
junto com a sociedade. O seu objetivo é o de prover os mais diversos usuários de informações
claras e transparentes sobre o patrimônio das empresas. Têm-se nos deparado recentemente
com manchetes alardiantes nos meios de comunicação a respeito de empresas que
apresentaram demonstrações contábeis em desacordo com a realidade apurada durante um
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observado, seguido e obedecido, garantindo assim uma maior credibilidade e qualidade dos
serviços contábeis prestados.
De um modo geral os conselhos são autarquias criadas por Lei Federal, com atribuições
específicas de registro e fiscalização do exercício profissional. Eram órgãos vinculados ao
Ministério do Trabalho e integravam a administração indireta da União. Pelo Decreto número
93.617, de 21 de novembro de 1968 foi extinta essa vinculação. Através do Decreto-Lei
número 9.295, de 27 de maio de 1946, foram criados o Conselho Federal de Contabilidade e
os Conselhos Regionais de Contabilidade e definidas as atribuições do Contador e do Técnico
em Contabilidade.
São finalidades dos conselhos:
- Efetuar registro dos Contabilistas e cadastrar sociedades que tenham como um dos seus
objetivos, a exploração de serviços contábeis;
- Fiscalizar o exercício da profissão, impedindo e punindo as infrações;
- Cobrar as anuidades, taxas, emolumentos e multas, fixadas pelo Conselho Federal de
Contabilidade, as quais são devidas pelo registro da profissão.
- Funcionar como tribunal de ética.
O Estatuto dos Conselhos de Contabilidade foi aprovado através da Resolução CFC
825/98 de 30 de junho de 1998, com o intuito de fiscalizar o exercício profissional através dos
Conselhos Regionais, considerando-se um avanço no equilíbrio federativo, em função do
crescimento do número de contabilistas devidamente registrados nos CRC´s. Estabelecendo-
se assim, responsabilidade nas esferas do Contabilista, CRC e CFC, fundamentado em ética,
cultura, técnica e conhecimento.
comercial. E ainda, as empresas que prestam serviços de contabilidade, um dos objetivos dos
Conselhos de Contabilidade é o de fiscalizar o exercício da profissão. Sendo este um
representante da classe contábil, devemos reconhecer sua importância no acompanhamento da
atuação dos profissionais de contabilidade.
Os Conselhos Regionais de Contabilidade no uso de suas atribuições são os órgãos
responsáveis pela averiguação de que nos departamentos de contabilidade das empresas ou
nas prestadoras de serviços contábeis, as pessoas que desenvolvem as tarefas são devidamente
habilitadas para tal ato, como descrito no art. 1º Capítulo I Das Atribuições Privativas dos
Contabilistas, da Resolução CFC n. º 560/83, o qual está transcrito a seguir:
Art. 1º - O exercício das atividades compreendidas na Contabilidade, considerada esta na sua
plena amplitude e condição de Ciência Aplicada, constitui, sem exceção, dos contadores e dos
técnicos de contabilidade legalmente habilitados, ressalvas as atribuições privativas dos
contadores.
Porém, muitas são as empresas que praticamente ignoram a legislação pertinente a
classe contábil e admitem profissionais de outras habilitações para executarem serviços
privativos dos profissionais de contabilidade. Ou seja, estas empresas simplesmente ignoram
as Normas Brasileiras de Contabilidade e infringem o Código de Ética Profissional do
Contabilista. Mas qual a forma de atuação dos CRC´s junto às empresas?
Os CRC´s enviam questionário específico para as empresas, onde constam perguntas
quanto a formação profissional e as tarefas desenvolvidas pelas pessoas que atuam na área de
contabilidade. Através desta ferramenta os CRC´s estão exercendo a fiscalização quanto a
atuação de profissionais devidamente habilitados para desempenhar as funções a eles
confiadas, como o descrito no art. 2º Capítulo I da Resolução CFC n.º 825/98, transcrito a
seguir:
Art. 2º Os Conselhos de Contabilidade fiscalizarão o exercício da atividade mais pelo critério
da substância ou essência da função efetivamente desempenhada do que da denominação que
se lhe tenha atribuído, atento ao princípio básico de que tudo envolve matéria contábil
constitui prerrogativa privativa do contabilista.
Quando é verificada alguma irregularidade após a análise destes questionários,
primeiramente, o CRC notifica a empresa através do envio de ofício para que esta regularize
sua situação num prazo de 30 (trinta) dias. Caso esta recomendação não seja seguida no prazo
estabelecido, é enviado um Auto de Infração Disciplinar e/ou Auto de Infração Ético para a
empresa e também para os seus profissionais.
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4 ESTUDO DE CASO
área fiscal: apuração de impostos, livros de entrada e saída, DCTF, DIRF, informações para as
fazendas estaduais, etc. Tem-se como responsável pelo departamento a pessoa do Gerente de
Contabilidade, o qual é subordinado diretamente ao Diretor Financeiro da empresa. As
pessoas que trabalham no departamento de contabilidade da empresa Bom Ouvido S/A,
encontram-se caracterizadas em seus cargos, atribuições e nível de escolaridade, segundo o
quadro abaixo:
O quadro a seguir é para melhor contextualizar a situação abordada neste estudo de caso.
Assim, seguem as habilitações profissionais das pessoas do departamento de contabilidade e
sua regularidade quanto ao conselho da classe.
Caracterização dos
Habilitação Profissional Regularidade no CRC
Profissionais
Gerente de Nível Superior em Ciências Possue registro no CRC local
Contabilidade Contábeis e Especialização
na área de Finanças
Coordenadores Empresariais
Nível Superior em Ciências Possuem registro no CRC
Contábeis e Especialização local
na área contábil
Sintetizando a descrição dos cargos acima que farão parte do raciocínio para o
desenvolvimento deste estudo de caso, o problema concentrar-se-á em dois personagens
abaixo descritos:
- Profissionais com habilitação para a área contábil (Contadores e Técnicos de
Contabilidade) sem o devido registro no Conselho de Contabilidade desenvolvendo a
atividade;
- Profissionais de outras habilitações exercendo atividades que segundo a lei (Decreto-Lei
n.º 9.295/46) são próprias dos Contabilistas.
O caso aconteceu da seguinte forma:
Todas as pessoas do departamento de contabilidade da empresa Bom Ouvido S/A vinham
desenvolvendo as atividades a eles designadas para seu dia-a-dia na empresa normalmente. O
Conselho Regional de Contabilidade do local onde a empresa é sediada, fazendo uso das suas
atribuições como órgão regulador e fiscalizador da profissão contábil, enviou para o
departamento de contabilidade da empresa questionário específico onde era necessário que
seus empregados respondessem quanto ao nível de escolaridade, atividades desenvolvidas,
regularidade junto ao órgão de classe, etc. Por tomarem conhecimento de que este é um
procedimento normal e característico dos órgãos reguladores das classes profissionais, todas
as pessoas do departamento responderam ao questionário sem maiores problemas.
Decorrido certo tempo da visita do agente regulador a empresa, alguns dos empregados
receberam em suas residências Auto de Infração Disciplinar e/ou um Auto de Infração Ético
enviado pelo CRC local. Constataram que no corpo do texto do Auto de Infração Disciplinar,
havia um trecho com referência ao pagamento de uma multa que seria entre R$ 399,00 a R$
19.929,00, variando de acordo com a gravidade da situação. Estas pessoas foram intimadas a
regularizarem sua situação e/ou apresentarem as alegações que tivessem em sua defesa num
prazo de 30 (trinta) dias, a contar do recebimento do referido auto.
No Auto de Infração Disciplinar, constava, que havia sido infringido o art.12, do DL
9.295/46, c/c art. 21 e art. 24, inciso II, da Resolução CFC n.º 825/98 e arts. 1º e 2º da
Resolução CFC n.º 867/99, pelo fato deles estarem executando serviços contábeis na empresa
sem possuir o competente registro profissional no CRC do local, o que havia sido identificado
por meio de notificação enviada anteriormente e por consulta no registro cadastral do órgão.
A infração disciplinar foi acompanhada de exigência ao pagamento de multa
pecuniária, prevista na alínea “c”, do art. 27, do DL 9.295/46, e art. 25, inciso I da Resolução
CFC n.º 825/98 c/c Resolução CFC n.º 918/01.
O Decreto-Lei 9.295/46, e o art. 21 da Resolução CFC n.º 825/98, tratam que o exercício
da profissão contábil é privativo do profissional com registro e situação regular no Conselho
Regional de Contabilidade de seu domicílio profissional. Por outro lado, o art. 24, inciso II, da
Resolução CFC n.º 825/98, é específico quanto a relação de facilitar por ação ou omissão, o
exercício da profissão por pessoa leiga ou titular de diploma em situação irregular.
Considera-se que o enquadramento dos dois tipos de personagens citados anteriormente
neste caso, na legislação acima descrita, foi perfeitamente correto, embasado e procedente.
Ora, se existe um Decreto-Lei (9.295/46) expedido pelo Poder Legislativo, o qual cria o
Conselho Federal de Contabilidade e define as atribuições próprias dos Contabilistas,
complementado pelas Resoluções deste Conselho, porque infringi-lo? Será que a empresa e os
responsáveis pelo recrutamento e seleção de pessoal para o departamento de contabilidade
desconhecem a legislação? E a postura do gerente de contabilidade da empresa que está
diretamente ligado a estes profissionais está correta? Ele tem consciência de que estes não são
devidamente regularizados no órgão de classe, o qual é o mesmo dele. E, ainda, que alguns
deles não possuem a habilitação específica e necessária para desenvolver as atividades
contábeis.
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5 CONCLUSÃO
Os conceitos de ética e moral caminham juntos, mas não podem ser considerados
como sinônimos. A ética estuda a ação do comportamento humano, enquanto que a moral é o
conjunto das normas que aprovam estas ações.
Constatou-se, ao final deste trabalho, que o comportamento ético das pessoas, em meio
ao seu grupo social, nem sempre é como deveria ser. Muitas vezes, as normas de conduta,
alicerçadas através dos Códigos de Ética Profissional, são infringidas pelos próprios
profissionais, levando a classe a que estes pertencem, a uma situação de descrença quanto aos
seus valores da moral, justiça e da ética de uma forma geral.
A classe contábil brasileira, representada pelo Sistema CFC/CRC´s, precisa entender
que comportamentos antiéticos não devem aceitos. Pois, agindo dessa forma estaria
contribuindo com o comprometimento da credibilidade da classe como um todo, e não apenas
daqueles profissionais que não tiveram um comportamento ético coerente em determinado
momento.
A importância dos Conselhos de Contabilidade para com a fiscalização e regularização
dos profissionais precisa ser respaldada. Não é admissível que conhecedores da ciência
contábil, das Normas e Princípios que a regem, sejam omissos à existência das regras de
conduta a ela pertencentes. Os contabilistas precisam passar do pensamento a ação. Fazer da
ética um instrumento na defesa de sua imagem junto à sociedade. Pois só assim, seguindo os
preceitos éticos da profissão, a Contabilidade será merecidamente reconhecida.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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“código de ética profissional do contabilista”, In: XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE
CONTABILIDADE. Goiânia: Conselho Federal de Contabilidade, 2000.
LISBOA, Lázaro Plácido. Ética geral e profissional em contabilidade. 2 ed. São Paulo: Atlas,
1997.
LUNDGREN, I.L., GALVÃO, F. A. Uma iniciação ao estudo das ciências contábeis. 1 Ed.
Recife: Universitária - UFPE, 2000.
MOREIRA, Joaquim Manhães. A ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1999.
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1998.
VASQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 18 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.