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Disciplina: Ergonomia
Objetivos: esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
1. compreender o sistemismo;
2. identificar as relações existentes entre as demandas profissionais, o
homem, os artefatos e o meio;
3. considerar a empatia como método de abordagem para o
estabelecimento ou análise das atividades de um processo
demandado ao usuário.
AULA 3
Sistemas
Dado um agregado de coisas, quais quer que sejam (m) o agregado é
um sistema quando por definição existir um conjunto de relações agindo entre
os elementos agregados de tal forma que, eles passem a partilhar
propriedades novas e comuns (P) Bunge (1979, apud VIEIRA, 1993).
Quando pegamos coisas e as juntamos, e elas interagem podem
surgir, sobre a coletividade, uma propriedade coletiva e nova, que não havia
antes a nível de elementos. Exemplo: uma fábrica é um agregado de
estações e postos de trabalho sendo que cada um dos profissionais tem sua
propriedade fabril, mas somente quando estão juntos e funcionando em
harmonia é que podemos compartilhar uma propriedade comum e coletiva,
que é a função produtiva e não a função da individualidade do posto de
trabalho ou do profissional.
A composição poderá acarretar sitemas homogênios ou heterogênios,
assim, quando semelhantes teremos a homogeneidade e caso a composição
possua elementos diferentes surgirá a diversidade. Na natureza a
biodiversidade, representada pelos corais marinhos, são um sinal de
complexidade e ao mesmo tempo de excencialidade para que o sistema
permaneça no tempo. Considerando um contexto industrial temos como
exemplo a região do ABC ou ABCD1 Paulista, que desde os anos 70 tornou-
se reconhecido por abrigar um grande número de indústrias automotivas, em
função disto, um outro grupo de empresas, as fornecedoras de componentes
e sistemas automotivos também se desenvolveu, e seguindo as demandas
1
Santo André (A), São Bernardo do Campo (B) e São Caetano do Sul (C) - Diadema (D). Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Região_do_Grande_ABC>. Acesso em: 1 jan. 2017.
1
uma nova cadeia de serviços complementou a região. Desde 1990, o Estado
do Rio de Janeiro, especificamente a região Sul Fluminense teve sua
caraterísticas econômicas modificadas a partir da chegada da indústria
automotiva, sendo considerada, atualmente, um cluster (Figura 1) automotivo
aos moldes do ABC paulista.
Figura 1 Cluster representa um agrupamento de negócios que partilham iguais demandas, como
energia, telecomunicação etc.
2
Fonte: adaptado de Cluster Automotivo Sul Fluminense (2013)
2
Cluster Automotivo Sul Fluminense. Disponível em: <http://www.rj.gov.br/web/imprensa/exibeconteudo?article-
id=1539285>. Acesso em: 2 jan. 2017.
2
Objetivos do Sistema Globalidade do Sistema
as unidades, bem como os o sistema sempre reagirá
relacionamentos, definem um arranjo globalmente a qualquer estímulo
que visa sempre a um objetivo. produzido em quaisquer das suas
unidades. Isto é,
há uma relação de
causa-efeito entre as diferentes
partes de um sistema.
Figura 2 na natureza e no cotidiano da vida humana há diversas demonstrações que podem ilustrar o proposto
Bertanlanffy
Figura 3 adaptado de Vieira (1993)
3
os comportamentos do homem no trabalho (caracterizadas nas atividades em
termos de informações e ações) e, cujas saídas (os resultados do trabalho
em termos de produção e saúde), são as resultantes deste sistema (Figura
3).
Figura 3 as relações que ocorrem num ambiente nem sempre são percebidas pelos ergonomistas
Fonte: adaptado de Santos (1997)
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Atividade 1
Atende ao Objetivo 1: compreender o sistemismo;
Resposta Comentada:
Um shopping center tem um modelo comercial que mescla a homogeneidade
e a heterogeneidade, lojas de roupas, praça de alimentação, diversão etc.,
entretanto uma área de negócios colabora com a manutenção e
desenvolvimento da outra. Assim, é possível para o potencial cliente utilizar
todas as áreas de serviços, como estacionamento, sanitários, segurança etc.,
mas também, usufruir apenas de um dos segmentos comerciais. Neste
contexto, há uma economia de ganha-ganha, ou seja, é cômodo ao cliente e
aos empresários. O sistema, em sua totalidade aumenta a capacidade de
atrair clientes para diferentes segmentos, atingindo a globalidade do sistema
e consequentemente mantendo funcional na relação tempo espaço.
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personaliza-las aumentava o cansaço e a confusão visual, além disso o fato
de ser uma lâmina de barbear um equipamento impróprio, por oferecer riscos
e não possuir sistema de manuseio apropriado à tarefa.
Realizando-se a Análise Ergonômica no posto de trabalho percebeu-se
que as inadequações, apesar de simples aumentavam os incidentes e
acidentes, além de diminuir a produtividade do setor.
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lado, pode-se imaginar que se o funcionário possuísse algum tipo de alergia
respiratória provavelmente sofreria com as condições expostas.
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Resumidamente Guérin et al. Diz que:
• Nem sempre há relação direta entre o desempenho do operador e o
custo desse desempenho para ele. Essa relação dependerá da
medida a qual a elaboração do modo operatório pode (ou não) levar
em conta modificações do estado interno;
• O fato de os resultados ordenados só poderem ser alcançados ao
custo de modificações significativas do estado interno sempre constitui
em um sinal de alerta. Provavelmente variações limitadas da situação
bastarão para que os objetivos não mais possam ser atingidos. Guérin
et al. (1991) Alertam que é nessa “zona de compromisso” que
funcionam diversos sistemas produtivos;
• A noção de “carga de trabalho” segundo Guérin et al. (1991), é
interpretada a partir da compreensão da margem de manobra
disponível ao operador num dado momento para elaborar os modos
operatórios, tendo em vista atingir os objetivos exigidos, sem que haja
efeitos desfavoráveis sobre seu estado (Figura 9).
Figura 9 Quanto menor o custo humano, maiores são as possibilidades de se alcançar os resultados
Fonte adaptado de Guérin et al. (1991)
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e de seu ambiente de trabalho.
Entretanto, existem situações em que o próprio trabalhador aumenta
sua exposição aos riscos. Por exemplo, um policial que estando em
desvantagem numérica arrisca-se a enfrentar ladrões armados. Ainda que se
sinta mais preparado, sua posição é de exposição, correndo riscos em
demasia. A exposição aos riscos é comum em diversas profissões e as
motivações são diversas, no caso do policial, talvez seja a única chance de
se manter vivo diante da situação, mas no caso de um trabalhador industrial
poderá assumir uma postura insegura, simplesmente por estar atrasado em
relação aos objetivos da produção.
A partir do exposto, podemos perceber que os operadores são fontes
de informação sobre as atividades desempenhadas, ainda que, em muitos
casos, não percebam claramente as etapas e os riscos envolvidos em cada
uma delas. Portanto, é fundamental que durante a análise ergonômica seja
dada aos operadores a oportunidade de se manifestarem. Em geral o
processo de abordagem do trabalhador deve ser planejada, ainda que seja
para ser realizada informalmente. Existem situações em que o trabalhador
fazendo mal juízo de si mesmo considera que a tarefa não foi atingida por
sua “fraqueza” como dito por Guérin et ai. (2001).
Atividade 2
Atende ao Objetivo 2: identificar as relações existentes entre as demandas
profissionais, o homem, os artefatos e o meio.
Guérin et al. (2001) disse que “[...] que sob certas condições o trabalho não é
negativo, para a saúde do trabalhador, mas positivo. Explique a afirmação.
Resposta Comentada:
A afirmação de Guérin apoia-se nas atividades bem planejadas,
naquelas que preveem os melhores modos operatórios. Além disso, há certas
atividades que permitem o trabalhador desenvolver uma condição física
desejada, obviamente sem que hajam excessos que possam prejudica-los.
Por exemplo, uma atividade sabidamente estressante deverá ser planejada
de tal forma que permita a reabilitação do trabalhador, para isso, uma
atividade alternativa deverá ser pensada.
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por exemplo os trabalhadores. Canales (2012) disse que empatia sugere uma
relação emocional e nós nos costumamos ao termo emocional de uma
maneira não muito positiva emocional, especialmente quando lidamos com
áreas como a engenharia. Entretanto, Pink ([S.d.], apud CANALES, 2012)
disse “[...] feeling is a way of thinking” e neste caso sentir é a própria empatia,
ou seja, é repensar o problema que estamos tentando resolver. Deste modo,
meus caros estudantes para qualquer desafio profissional que o ergonomista
venha a ter é fundamental que estabeleça uma relação clara com as
demandas, trazidas e que a visão sobre os problemas tenha sempre a
oportunidade de se colocar no lugar do outro e assim ter melhor percepção
dos inconvenientes.
8
Interaction Design. Disponível em: <https://www.interaction-design.org/literature/article/empathy-map-
why-and-how-to-use-it>. Acesso em: 7 jan. 2017.
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sistematizada, portanto organizada, da pessoa com quem interagimos. Para
as práticas da ergonomia é fundamental que se estabeleça uma relação de
confidência, bem como de compreensão daquilo que importa ao trabalhador.
O ME prevê 4 áreas principais nas quais o interlocutor poderá registrar as
percepções durante a experiência e contato com o entrevistado. As 4 áreas
atendidas pelo ME são: o que foi dito; o que foi feito; o que foi pensado e o
que foi sentido. Geralmente não é difícil de registrar as duas primeiras
etapas, entretanto o que foi pensado e sentido exigem uma observação e
análise mais determinada do investigador, quando observa o interlocutor
agindo e respondendo determinadas questões ou simplesmente agindo. A
observação para a ergonomia é muito importante, vejamos um exemplo,
observando a Figura 10 o que pode ser dito sobre a postura do animal?
Figura 10 o animal está parado, encilhado, preso pela rédea, cabresto e em posição de descanso
Fonte adaptado de Clasf. Disponível em: <http://www.clasf.com.br/q/cavalo-pe/>. Acesso em: 5 jan.
2017
Ok, vocês devem estar achando o tema da Figura 10, um tanto estranho para
nosso contexto não é mesmo? Mas a título de exercício, o que você poderia
comentar sobre aquilo que pode ser percebido, além do que já foi dito na
legenda? Atenção, o ambiente em si, neste momento, não é o foco, detenha-
se no animal apenas. Perceberam que o mesmo não apoia a pata esquerda
traseira completamente no solo? O motivo para esta postura é que o animal
está economizando energia, assim descansa uma das patas equilibrando-se
nas três restantes.
Nós humanos também demonstramos e expressamos
comportamentos de maneira natural, assim, quando um trabalhador eleva
uma de suas pernas apoiando-a seja em alguma parte do equipamento ou na
própria parede é um sinal de que está reduzindo os impactos exigidos pelo
bombeamento sanguíneo, ou seja, quando se eleva um membro inferior torna
mais fácil, para o sangue, retornar ao coração. Em alguns casos podemos
fazer movimentos como os exemplificados por hábito e precisamos distingui-
los, neste sentido, outras variáveis podem ser consideradas na análise, como
o momento da observação, se foi no início ou no final do turno, se a atividade
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requisitou que o operador permanecesse estático ou deambulasse pelos
setores, entre outras possibilidades. Recordo-me de uma experiência quando
estava recém formado e fazia parte de uma equipe de remo no Rio de
Janeiro, em um determinado treino tático o treinador falou com os atletas,
“[...] vocês não estão remando com os músculos do rosto, por quê então
estão fazendo expressões como se o tivesse – soltem a musculatura do
rosto, pois estão consumindo energia desnecessária, além de demonstrar
para as equipes adversarias que estão se esforçando.” Achei esta
observação muito perspicaz por parte do treinador, e de fato os esforços
estavam sendo realizados com outros grupos musculares. Bem, assim,
atenção para as possíveis representações e percepções, isoladas podem
confundir o ergonomista. O importante, durante uma investigação ergonômica
é considerar as diversas possibilidades e identificar o que é prejudicial ou
não.
É importante destacar que o mapa empático9 também é usado para
outros fins, como elaborar uma persona, ou seja alguém fictício que
representa um grupo real de pessoas, ou seja, são características de um
grupo a ser estudo traduzido numa representação, facilitando a elaboração
de estudos exploratórios. Outra situação em que se aplica o mapa empático é
no contexto de desenvolvimento de novos produtos e serviços. De toda
forma, a sugestão para se explorar o potencial de um mapa empático em
uma análise ergonômica relaciona-se ao permitir conhecer melhor os
envolvidos nas atividades profissionais.
Atividade Final
Atende aos Objetivos 1, 2 e 3: Os custos envolvidos em ambientes
complexos, tanto humano quanto da operação em si, podem se tornar
entraves para a realização das atividades e atingimento dos objetivos.
Considerar os sistemas complexos, mesmo aqueles que parecem simples
pode ser uma estratégia quando se elabora os modos operatórios de um
determinado setor, a partir disso, explique em detalhes os motivos da
afirmativa. Considere, ainda, explicar a abordagem que se deseja realizar
junto ao trabalhador para se conhecer as reais necessidades do mesmo.
Resposta Comentada:
O discente deverá ser capaz de explicar o sistemismo; identificar as
relações existentes entre as demandas profissionais, o homem, os artefatos e
o meio; comentar a abordagem investigativa tendo a empatia como método
9
Stanford. Disponível em: <https://dschool.stanford.edu/wp-content/themes/dschool/method-
cards/empathy-map.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2017.
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para o estabelecimento das análises de uma determinada atividade ou
processo.
Considerando a hipótese de que a realidade é toda feita de sistemas,
ou seja: o universo como um todo é um imenso sistema e dentro deste
grande sistema existem outros sistemas, assim: os sistemas existem dentro
de outros sistemas (formando subsistemas) e assim de maneira praticamente
infinita. Ter o raciocínio sistêmico é muito importante, pois permite o
ergonomista considerar que o problema de um posto de trabalho poderá ter
sua origem em um setor que não esteja exatamente no local estudado.
Em geral busca-se identificar a origem do problema por meio do custo
que ele produziu no sistema, em especial sobre o humano, entretanto nem
sempre há relação direta entre o desempenho do operador e o custo desse
desempenho para ele. Essa relação dependerá da medida a qual a
elaboração do modo operatório pode (ou não) levar em conta modificações
do estado interno. Para isso, as melhorias sejam do próprio operador,
alterando sua maneira de agir diante do sistema já é um indicador de que
algo não funciona bem ou que poderia ser melhorado para se atingir os
objetivos traçados.
Para se obter informações sobre o estado do sistema pode se
empregar diversas técnicas dentre elas a empatia. A empatia exige do
investigador uma abordagem intensa de se colocar no lugar do operador, ou
o mais próximo que a atividade o permitir. Se podemos dizer dessa maneira,
a empatia tem uma relação forte com aspectos do que se sente diante da
ação e do ambiente, entretanto o investigador deverá conseguir interpretar as
emoções daquelas que representam os aspectos ergonômicos funcionais e
normativos. Desta maneira, outras análises serão bem vindas,
complementando aquilo que se pode identificar como problema e assim
realizar diagnósticos mais precisos.
Resumo
Nesta aula, pode ser percebido que compreender o termo Teoria Geral dos
Sistemas, proposto pelo Biólogo belga Ludwig Von Bertanlanffy, no fim da
década de 40, definindo sistema como: “[...] um conjunto de unidades
reciprocamente relacionadas.” Desta definição ocorreram dois conceitos, i)
Objetivos - as unidades, bem como os relacionamentos, definem um arranjo
que visa sempre a um objetivo; ii) globalidade do sistema - o sistema sempre
reagirá globalmente a qualquer estímulo produzido em quaisquer das suas
unidades. Isto é,
há uma relação de causa-efeito entre as diferentes partes de
um sistema. O sistema possui as seguintes características: é composto por
partes; todas as partes de um sistema devem se relacionar de forma direta
ou indireta; um sistema é limitado pelo ponto de vista do observador ou um
grupo de observadores; um sistema pode abrigar outro sistema e um sistema
é vinculado ao tempo e espaço. As Relações entre homem, demandas
profissionais, artefatos e os meios são ilustradas pelas atividade profissionais
que requerem, em algum nível, a interação com máquinas ou artefatos, sejam
elas a parte principal, secundária ou de menor importância para a realização
da atividade. Neste sentido, sempre existirão os custos humanos, que
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dependerão da intensidade e do tempo de exposição. Alguns custos
humanos são dimensionáveis e outros não são perceptíveis. Segundo Guérin
et al (1991) o modo operatório adotado pelo operador é o resultado de um
compromisso que leva em conta: objetivos exigidos; meio de trabalho;
resultados produzidos ou informações disponíveis ao trabalhador sobre eles
e o seu estado interno. Os custos humanos podem ser psíquicos ou físicos e
dependerão de como o modos operatório foi organizado, quanto mais bem
planejado, mais chances o trabalhador tem para repensar os procedimentos
e minimizar os impactos que impactarão sua saúde. Por fim, foi visto o
procedimento de investigação apoiado na empatia, uma abordagem em que o
ergonomista coloca-se no lugar do investigado e busca compreender a sua
realidade, entretanto não deixa que sua análise seja perturbada por apenas
esta abordagem, complementando com outras ferramentas quantitativas e
analíticas, até que possa elaborar um diagnóstico.
Referências
GUÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da
ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher. Fundação Vanzolini, 2001.
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