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i
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM ....................................................................... 60
Unidade 3: Ligação Gênica e Mapeamento Cromossômico ............................................ 61
LIGAÇÃO GÊNICA ................................................................................................... 62
MAPEAMENTO CROMOSSÔMICO: MAPA DE TRÊS PONTOS ....................... 66
PLEIOTROPIA .......................................................................................................... 69
SAIBA MAIS: PLEIOTROPIA .......................................................................................... 70
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 70
PARA APRENDER MAIS ........................................................................................ 70
RESUMO .......................................................................................................................... 71
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM ....................................................................... 71
Unidade 4: Sexo e hereditariedade .................................................................................... 73
MECANISMOS DE DETERMINAÇÃO DO SEXO ................................................. 73
SAIBA MAIS: DETERMINAÇÃO DO SEXO NOS RÉPTEIS ....................................... 76
HEREDITARIEDADE EM RELAÇÃO AO SEXO ................................................... 77
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 80
PARA APRENDER MAIS ........................................................................................ 81
RESUMO .......................................................................................................................... 81
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM ....................................................................... 81
Unidade 5: Genética Molecular........................................................................................... 83
A NATUREZA QUÍMICA DO MATERIAL GENÉTICO .......................................... 84
ESTRUTURA E REPLICAÇÃO DO DNA ............................................................... 87
SAIBA MAIS: REPLICAÇÃO NAS PONTAS DOS CROMOSSOMOS ....................... 95
RNA E TRANSCRIÇÃO ........................................................................................... 95
CÓDIGO GENÉTICO E TRADUÇÃO ................................................................... 101
MUTAÇÃO GÊNICA E VARIABILIDADE ............................................................. 104
ALELOS MÚLTIPLOS ............................................................................................ 107
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 113
PARA APRENDER MAIS ...................................................................................... 113
RESUMO ........................................................................................................................ 113
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM ..................................................................... 114
ii
Unidade 6: Genética de populações e quantitativa......................................................... 115
ESTRUTURA GENÉTICA DE UMA POPULAÇÃO ............................................. 116
EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG ................................................................. 118
FATORES QUE ALTERAM O EQUILÍBRIO GENÉTICO ................................... 120
OS GENES E O AMBIENTE ................................................................................. 126
SAIBA MAIS: HERDABILIDADE E CORRELAÇÃO ................................................... 133
PARA APRENDER MAIS ...................................................................................... 135
RESUMO ........................................................................................................................ 135
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM ..................................................................... 136
GLOSSÁRIO....................................................................................................................... 137
PARA FINALIZAR... ........................................................................................................... 139
iii
Unidade 1: Genética Mendeliana
OS EXPERIMENTOS DE MENDEL
LEI DA SEGREGAÇÃO
LEI DA SEGREGAÇÃO INDEPENDENTE
RELAÇÕES INTRA-ALÉLICAS
RELAÇÕES INTERALÉLICAS (INTERAÇÕES GÊNICAS)
HEREDOGRAMAS
PROBABILIDADE
TESTES DE PROPORÇÕES GENÉTICAS
RESUMO
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
1
A preocupação do homem em desvendar o mecanismo de herança das
características é antiga. Perguntas como: “Por que as crianças se parecem
com os pais?” e “Como várias doenças ocorrem em família?” já eram motivos
de atenção dos filósofos gregos há mais de dois mil anos. A genética como
conhecemos hoje passou a ser desvendada em meados do século XIX pelo
monge austríaco Gregor Mendel (1822-1884) que se dedicou ao estudo da
herança das características em ervilha (Pisum sativum). Seus estudos
contribuíram para o surgimento de uma nova ciência: a Genética. Sendo assim,
os objetivos desta unidade são: (i) Discutir os experimentos mendelianos que
deram origem a 1ª e 2ª Leis de Mendel; (ii) Relacionar as diferentes formas de
interação intra e interalélicas que modificam as proporções mendelianas (iii)
Apresentar noções de probabilidade e o teste estatístico ² comumente
utilizados no estudo da herança.
OS EXPERIMENTOS DE MENDEL
2
Antes de Mendel, a hereditariedade era entendida como um processo
de mistura ou diluição, onde as características dos descendentes constituíam-
se em uma espécie de meio-termo das qualidades dos pais. Os adeptos a
teoria de herança por mistura defendiam que os filhos apresentavam
geralmente uma média dos caracteres dos pais. Concepção inadequada frente
a uma série de evidências, como, por exemplo, a existência de um filho calvo
de pais não-calvos.
Vejamos os experimentos Mendelianos que permitiram a elucidação
das bases da hereditariedade e seu sucesso:
3
Metodologia: Mendel optou por estudar, inicialmente, uma
característica por vez. Seus cruzamentos foram realizados entre linhagens
puras e contrastantes para cada uma das características e utilizou o método
científico de forma criteriosa na quantificação dos resultados. No total, sete
características foram estudadas:
Figura 1.4: Mendel avaliou 7 características. Para cada característica observou a frequência de
ocorrência de dois fenótipos contrastantes (GRIFFITHS, A. J. F. et al., 2009).
Os cruzamentos:
- Obtenção dos genitores puros: Mendel permitiu a multiplicação das
plantas de forma natural, ou seja, por sucessivas autofecundações, até que
toda a descendência apresentasse as mesmas características da planta mãe e
não mais segregasse.
- Obtenção da primeira geração filial - geração F1: De posse dos
genitores puros contrastantes, Mendel realizou cruzamentos artificialmente
planta a planta, tomando-se o pólen de um dos genitores e colocando-o no
estigma do outro genitor, tomando o cuidado de realizar a emasculação do
segundo genitor.
4
Figura 1.5: Cruzamento mendeliano de fêmea de flor púrpura e
macho de flores brancas. (GRIFFITHS, A. J. F. et al., 2002).
LEI DA SEGREGAÇÃO
5
Figura 1.6: Esquema ilustrativo do experimento envolvendo o caráter
textura da semente em ervilha (Cruz et al., 2011).
6
Nos demais cruzamentos realizados, Mendel observou também
proporções semelhantes a 3:1 em F2. Se o modo de herança das
características avaliadas não é uma simples mistura, como será então?
Para responder a essa pergunta Mendel propôs a herança por
partículas ou fatores, onde, cada caráter deve ser controlado por dois fatores
no indivíduo adulto, no entanto, apenas um desses fatores é transmitido à prole
por intermédio dos gametas. Assim, os resultados observados na Figura 1.6
poderiam ser explicados da seguinte forma:
P: AA (lisa) x aa (rugosa)
F2:
Gametas da F1 A a
A
AA Aa
a
Aa aa
7
“A herança de uma característica é determinada por um par de fatores
nos indivíduos adultos, no entanto, apenas um desses fatores é transmitido à
descendência por intermédio dos gametas”.
Nos dias de hoje, dizemos que as características são determinadas
pelos genes ou pares de alelos nos organismos diploides. O conjunto de
genes de um indivíduo é conhecido como genótipo e a manifestação deste
juntamente com o ambiente denominamos fenótipo.
Indivíduos que possuem apenas uma das formas do alelo são ditos
homozigotos, tais como os genitores puros, enquanto os indivíduos que
possuem as duas formas alélicas, tais como os F1 são ditos heterozigotos.
De acordo com as definições apresentadas, podemos enunciar a 1ª Lei
de Mendel assim: “A herança de uma característica é determinada por um gene
ou seja, um par de alelos nos indivíduos adultos, no entanto, apenas um dos
alelos fatores é transmitido à descendência por intermédio dos gametas”.
8
Lisas: 315 + 101 = 416 → 416/556 ≈ 3/4
Rugosas: 108 + 32 = 140 → 140/556 ≈ 1/4
9
P (amarela e lisa) = 3/4 x 3/4 = 9/16
P (amarela e rugosa) = 3/4 x 1/4 = 3/16
P (verde e lisa) = 1/4 x 3/4 = 3/16
P (verde e rugosa) = 1/4 x 1/4 = 1/16
10
P:
AABB (amarela e lisa) x aabb (verde e rugosa)
Gametas: AB ab
AB
AABB AABb AaBB AaBb
Ab
AABb AAbb AaBb Aabb
aB
AaBB AaBb aaBB aaBb
Ab
AaBb Aabb aaBb aabb
11
Por simples contagem temos:
Relação fenotípica: 9 amarela e lisa (A_B_): 3 amarela e rugosa
(A_bb): 3 verde e lisa (aaB_): 1 verde e lisa (aabb)
Relação genotípica: 1 AABB: 2 AABb: 1 AAbb: 2 AaBB: 4 AaBb: 2
Aabb: 1 aaBB: 2aaBb: 1 aabb.
12
Número de genótipos formados na descendência de X e Y:
Como se trata de genes independentes, podemos considerar gene a
gene. Assim temos:
Genitores Nº de genótipos
Gene Descendência
X Y possíveis
A/a Aa Aa 1/4 AA: 2/4 Aa: 1/4 aa 3
B/b bb Bb 1/2 Bb: 1/2 bb 2
C/c Cc CC 1/2 CC: 1/2 Cc 2
D/d Dd Dd 1/2 Dd: 1/2 dd 2
13
Considerando-se todas as combinações possíveis, haverá 2 x 2 x 1 x 2
= 8 diferentes fenótipos na descendência do cruzamento entre X e Y. A
frequência de cada fenótipo pode ser obtida pelo método da probabilidade.
Assim, como ilustração, temos:
P (amarela, rugosa, alta c/ flores terminais) = 3/4 x 1/2 x 1 x 1/2 = 3/16
P (verde, rugosa, anã c/ flores terminais) = 1/4 x 1/2 x 0 x 1/2 = 0
RELAÇÕES INTRA-ALÉLICAS
P: x
AA (lóbulo da orelha solto) aa (lóbulo da orelha preso)
14
F2
Gametas da F1 A a
P:
x
15
F2:
Gametas da F1 R R’
R’
P: x
16
F2:
Gametas da F1 B b
BB (vermelha) Bb (rosa)
Bb (rosa) bb (branca)
Relação fenotípica: 1/4 vermelha: 2/4 rosa: 1/4 branca
Relação genotípica: 1/4 BB: 2/4 Bb: 1/4 bb
P: x
17
Gametas A A’
A’
X
AA’ (amarelo) A’A’ (letal)
Relação fenotípica: 1/3 preto: 2/3 amarelo
Relação genotípica: 1/3 AA: 2/3 AA’
18
precursora (SP) em substratos intermediários (SI) até dar origem a um produto
final (PF), que, pela ação do meio, resultará na manifestação fenotípica para
aquele caráter. Vejamos:
A B
SP II e1 SI II e2 PF
a b
20
SAIBA MAIS: OUTROS EXEMPLOS DE INTERAÇÕES EPISTÁTICAS A
SABER
Tipos Proporção Espécie Controle gênico
V_ = vermelho
vv = amarelo
1 - Epistasia dominante 12:3:1 Cebola
I_ = inibe a cor
ii = permite a cor
V_ = vermelho
vv = amarelo
2 - Epistasia recessiva 9:3:4 Cebola
C_ = permite a cor
cc = inibe a cor
I_ = inibe a cor
3 - Interação dominante e ii = permite a cor
13:3 Cebola
recessiva C_ = permite a cor
cc = inibe a cor
21
Observa-se que em todos os exemplos em que se verifica epistasia
entre dois locos gênicos, o número de fenótipos entre os descendentes é
menor que quatro. A proporção 9:3:3:1 se modifica, dando origem a uma
combinação daquela proporção.
Interações gênicas não-epistáticas: diferem das epistáticas pelo
fato dos genes envolvidos produzirem enzimas que atuam em vias
biossintéticas (ou metabólicas) distintas.
A
a
SP1 II e1 S1
Fenótipo
SP2 II e2 S2
b
22
P: x
AAbb (pigmento da pele cor laranja) aaBB (pigmento da pele cor preta)
F2:
HEREDOGRAMAS
23
Figura 1.8: Símbolos comumente utilizados em heredogramas
(http://www.sobiologia.com.br/figuras/Genetica/heredograma.gif )
24
PROBABILIDADE
25
Da mesma forma, pode-se calcular a probabilidade de o filho normal do
casal ser homozigoto. Se a criança nasceu normal, ele pode ser homozigoto
AA ou heterozigoto com gene recessivo de origem paterna ou heterozigoto com
o gene recessivo de origem materna. Ou seja, observamos uma opção
favorável e três possíveis. Assim:
26
possibilidade de ocorrência do outro. Nesse caso, a probabilidade de
ocorrência de um ou outro evento é expressa por pela soma das
probabilidades:
P(A ou B) = P(A) + P(B)
Exemplo: A probabilidade de nascer um menino com fenilcetonúria ou
uma menina normal:
P(A) = P(menino com fenilcetonúria) = 1/8
P(B) = P(menina normal) = 3/8
P(A ou B) = P(A) + P(B) = 1/8 + 3/8 = 1/4
em que:
ni = número de ocorrências do evento i
N = número total de ocorrências
pi = probabilidade de ocorrência do evento i
27
Utilizando o termo geral apresentado acima temos:
N = 5 eventos ou nascimentos
n1 = 3; p1 = p(meninos normais) = 1/2 x 3/4 = 3/8
n2 = 2; p2 = p(meninas com fenilcetonúria) = 1/2 x 1/4 = 1/8
Assim:
Teste de hipótese:
Uma vez determinada a hipótese genética a ser testada H0, o primeiro
passo é decidir qual o valor da probabilidade que desejamos encontrar para
indicar se os desvios observados em relação ao esperado são devidos ao
acaso ou não. Normalmente, é escolhido o nível de significância de 0,05 ou
5%, isto ajuda a minimizar a chance de aceitar uma hipótese errada sem,
contudo, aumentar a probabilidade de rejeitar a hipótese correta.
O segundo passo para a realização do teste de hipótese é obter duas
estatísticas denominadas ² calculado e ² tabelado. O ² calculado é obtido a
partir dos dados experimentais, levando-se em conta os valores observados e
aqueles que seriam esperados dentro da hipótese genética formulada. O ²
28
tabelado depende dos graus de liberdade (na maioria das vezes, é igual ao
número de classes fenotípicas menos 1) e do nível de significância adotado. A
tomada de decisão é feita comparando-se o valor do ² calculado com base
nos resultados observados com o valor do ² apresentado na Tabela 1. As
seguintes decisões devem ser tomadas:
Se ² calc ² tab => Rejeita-se Ho
Se ² calc < ² tab => Não se rejeita Ho
O valor do qui-quadrado a ser comparado com o tabelado pode ser
calculado por meio da expressão:
Aplicação:
Vejamos o cruzamento entre linhagens de plantas de Trevo com alto e
baixo teor de cianeto:
P: Alto teor de cianeto x Baixo teor de cianeto
29
Podemos afirmar que a característica é determinada por gene com
dominância completa? Se isso for verdade esperamos observar na F2 do
cruzamento acima a proporção 3:1.
Para testar essa hipótese precisamos recorrer ao teste de ².
1º Passo: determinar a hipótese a ser testada:
H0: A proporção observada em F2 é igual a 3:1
Ha: A proporção observada em F2 não é igual a 3:1
²calc =
²calc =
31
LEITURA COMPLEMENTAR
NOVELLI, Lucca. Mendel e a Invasão dos Transgênicos. Editora Ciranda
Cultura. 2009. 112p.
MENDEL, Gregor. Experiments in plant hybridization. Journal of the Royal
Horticultural Society. p. 3-47, 1866.
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
Peça aos familiares para testar suas habilidades quanto a capacidade de
enrolar a língua. Com as informações, construa o heredograma e conclua
quanto ao padrão de herança desta característica e os prováveis genótipos de
cada um dos seus familiares.
RESUMO
Mendel descreveu as duas leis básicas da herança usando
cruzamentos de ervilhas. A primeira, a lei da segregação, diz que as
características são determinadas por pares de fatores e esses se separam
durante a formação dos gametas. A segunda, a lei da segregação
independente, diz que os modos de herança de duas características são
independentes, sabe-se hoje que isso só é possível se ambas as
características forem determinadas por genes localizados em cromossomos
diferentes.
Após a redescoberta dos trabalhos de Mendel, muitos pesquisadores
32
investigaram o modo de herança de diversas características nas diferentes
espécies e observaram que além da dominância completa existiam outros
modos de interação intra-alélica e que algumas características eram
determinadas por mais de um gene.
Um heredograma é um diagrama que mostra as relações familiares e
os padrões de herança de características particulares.
A probabilidade de ocorrência simultânea de dois ou mais eventos
geneticamente independentes é igual ao produto das probabilidades de que
cada evento ocorra sozinho. Este e outros princípios estatísticos são úteis
no cálculo do risco de que algumas pessoas irão herdar um genótipo em
particular.
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
1. O nanismo é herdado como caráter monogênico simples. Dois anões têm um
filho anão e um filho normal. a) O nanismo é? b) Qual é a probabilidade de um
próximo filho ser normal? E de ser anão? Dominante; 1/4; 3/4
2. Considere o cruzamento AaBbCcDdEe x aaBbccDdee. Que proporção da
prole se assemelhará, no genótipo, com o primeiro genitor, o segundo genitor,
e qualquer um deles? 1/32; 1/32; 1/16
3. A audição normal depende da presença de pelo menos um alelo dominante
de cada um dos genes D e E. Se você examinasse a prole coletiva de um
grande número de casamentos DdEe X DdEe, que proporção fenotípica
esperaria encontrar? 15:1
4. O cruzamento Aabb X AaBb irá produzir 8 descendentes. Qual a
probabilidade de ocorrerem 2AABb e 6Aabb? 0,01%
33
5. Observe o heredograma e reponda:
34
Unidade 2: Base cromossômica da herança
ORGANIZAÇÃO CELULAR
COMO A TEORIA CROMOSSOMICA TOMOU FORMA?
CICLO CELULAR
GAMETOGÊNESE ANIMAL E VEGETAL
ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS NUMÉRICAS E ESTRUTURAIS
RESUMO
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
35
bases cromossômicas da hereditariedade, relacionando-as com a 1ª e 2ª Leis
de Mendel; (ii) Diferenciar os processos de divisão celular nos animais e
vegetais, cada qual de acordo com sua função e o tipo celular em que ocorre e
(iii) Abordar os tipos de alterações numéricas e estruturais nos cromossomos,
bem como suas causas e consequências.
ORGANIZAÇÃO CELULAR
36
complexada com a molécula de DNA em cada cromossomo eucarioto, é
representada, principalmente, pelas proteínas histonas. Cinco diferentes tipos
de histonas estão envolvidos na estruturação da cromatina: H1, H2a, H2b, H3 e
H4.
37
Figura 2.1: Diferentes níveis de
compactação do DNA
(http://1.bp.blogspot.com/-
jpTClGGnACg/T1Q8ExpzMeI/AAA
AAAAAAWM/ZCO6PF9nGYY/s64
0/compactacao+dna.png)
38
- Cromátides: é o resultado da divisão longitudinal da cromatina
durante a divisão celular. Ambas as cromátides apresentam a mesma
informação genética.
Os cromossomos são classificados de acordo com a posição relativa
do centrômero em (Figura 2.2):
- Metacêntrico: centrômero mediano, os dois braços têm
aproximadamente a mesma medida;
- Submetacêntrico: centrômero um pouco deslocado da porção
mediana do cromossomo;
- Acrocêntrico: centrômero próximo a um dos extremos do
cromossomo;
- Telocêntrico: centrômero estritamente terminal, o cromossomo tem
um único braço.
Cromátides
39
Como comentado anteriormente os cromossomos se apresentam aos
pares na maior parte das vezes. Os pares de cromossomos homólogos, além
de terem o mesmo tamanho e manterem a mesma posição relativa do
centrômero, apresentam genes controladores dos mesmos caracteres. A
origem é estabelecida na célula ovo ou zigoto, de forma que um cromossomo é
herdado do genitor paterno, e seu homólogo, do genitor materno.
CICLO CELULAR
41
Mitose: é a divisão celular associada à divisão das células
somáticas, células do corpo dos eucariontes. Didaticamente pode ser dividida
em quatro fases:
o Prófase – Já duplicadas as cromátides, essas se condensam o
que nos permite visualizá-las ao microscópio. Elas mantêm-se unidas
pelo centrômero, o qual se liga às fibras do fuso acromático. Há a
desintegração do envoltório nuclear e os centríolos migram para os
polos da célula;
o Metáfase – Presença dos cromossomos duplicados no plano
equatorial da célula, os quais atingem a sua máxima condensação;
o Anáfase – Ocorre a separação das cromátides irmãs. Elas migram
para polos opostos na célula. Cada unidade tem agora o seu próprio
centrômero;
o Telófase – descondensação dos cromossomos e reorganização
do envoltório nuclear. A citocinese (separação do citoplasma) ocorre e
formam-se os produtos finais da mitose.
Ao final desse processo cada célula filha herdou uma cromátide irmã
de cada cromossomo parental. Assim, este tipo de divisão produz duas células
geneticamente idênticas a partir de uma célula genitora e por isso é dito
conservativo (Figura 2.4).
A mitose é o processo celular que permite a manutenção do número
cromossômico e da informação em todas as células de um mesmo organismo
multicelular.
42
Antes do início da meiose ocorre a duplicação dos cromossomos na
interfase (fase S), assim como na mitose. Tão logo se inicia a meiose I, os
cromossomos tem início à condensação e tornam-se visíveis ainda na fase de
prófase I que pode ser subdividida em:
o Prófase I:
Leptóteno - É a fase inicial da prófase da primeira divisão
meiótica. Os cromossomos aparecem unifilamentares (apesar de
a replicação já ter ocorrido), e as cromátides são invisíveis. A
invisibilidade das cromátides permanece até a subfase de
paquíteno.
Zigóteno - Durante este estágio, cada cromossomo parece atrair o
outro para um contato íntimo, à semelhança de um zíper. Esse
pareamento, denominado sinapse, é altamente específico e
ocorre entre todas as seções homólogas dos pares de
cromossomos homólogos.
Paquíteno – Ocorre progressivo encurtamento e enrolamento dos
cromossomos, após o pareamento no zigóteno ter sido
completado. No paquíteno, as duas cromátides irmãs de um
cromossomo homólogo estão associadas às duas cromátides
irmãs de seus homólogos. Esse grupo de 4 cromátides é
conhecido como bivalente ou tétrades, e uma série de troca de
material genético ocorre entre cromátides não-irmãs de
homólogos (Crossing-over)
Diplóteno - Cada cromossomo age como se repelisse o
pareamento íntimo estabelecido entre os homólogos,
especialmente próximo ao centrômero. Talvez isso ocorra devido
ao desaparecimento da força de atração existente no paquíteno
ou devido a uma nova força de repulsão que se manifesta. A
43
separação é impedida em algumas regiões, em lugares onde os
filamentos se cruzam. Essas regiões, ou pontos de intercâmbios
genéticos, são conhecidos por quiasmas.
Diacinese - A espiralização e contração dos cromossomos
continuam até eles se apresentarem como corpúsculos grossos e
compactos. Durante a fase final desse estágio ou início da
metáfase I, a membrana nuclear dissolve e os bivalentes
acoplam-se, através de seus centrômeros, às fibras do fuso
acromático.
o Metáfase I: Os cromossomos homólogos do bivalente ficam
equidistantes do equador da célula, orientados para os polos opostos e presos
às fibras do fuso, por meio de seus centrômeros. É importante frisar que os
bivalentes orientam-se aleatoriamente sobre a placa equatorial, tornando-se
assim o acontecimento fundamental para a distribuição independente dos
genes situados nos cromossomos não homólogos. Está é, portanto, a base da
lei da distribuição independente ou 2ª Lei de Mendel.
o Anáfase I: Ocorre a segregação dos cromossomos homólogos
para polos opostos, mas não há rompimento dos centrômeros. Nesse caso há
movimento de cromossomos inteiros para polos opostos e, consequentemente,
cada núcleo filho a ser formado receberá um número de cromossomos
reduzido à metade do número de cromossomos das células somáticas
originais.
o Telófase I: Esta fase difere da telófase mitótica, porque o número
de cromossomos está reduzido à metade e cada cromossomo possui duas
cromátides. Ocorre a desespiralização dos cromossomos. Os núcleos não
chegam ao repouso total, pois logo após começam a se preparar para a
segunda divisão meiótica. Variando de acordo com o organismo, a citocinese
44
(divisão do citoplasma) pode ou não ocorrer imediatamente após a separação
dos dois núcleos.
45
Figura 2.4: Ciclo celular e herança. São mostrados a fase S e os principais estágios
da mitose e meiose (GRIFFITHS, A. J. F. et al., 2009).
46
GAMETOGÊNESE ANIMAL E VEGETAL
47
Ovogênese: Ocorre em células do ovário. As células que entram
em meiose são as oogônias ou ovogônias. Ao entrarem em meiose essas
células são chamadas oócitos primários (Figura 2.5).
Ao nascerem, as meninas têm todos os oócitos primários em estágio
de prófase I. Durante a fase reprodutiva, um oócito primário reinicia a primeira
divisão da meiose, como resultado da meiose I, tem-se uma célula filha
denominada oócito secundário que recebe praticamente todo o volume celular.
E uma segunda célula denominada corpúsculo polar primário. O oócito
secundário só continua a meiose II se for penetrado pelo espermatozoide
durante seu deslocamento do ovário em direção ao útero.
A penetração do espermatozoide no oócito secundário garante a
continuação da meiose II. Contudo, não há fusão imediata dos núcleos, pois os
cromossomos do oócito secundário ainda estão duplicados. É preciso,
portanto, ocorrer a separação das cromátides irmãs. Após a divisão do núcleo
do oócito secundário, ocorre outra citocinese desigual, gerando o óvulo, o qual
recebe praticamente todo volume celular, e surge um segundo corpúsculo
polar. A segunda divisão do primeiro corpúsculo pode ocorrer ou não. Caso
ocorra, termos dois corpúsculos polares secundários.
Por fim, ocorre então a fusão dos núcleos do óvulo e do
espermatozoide, processo conhecido como fertilização, gera a célula ovo ou
zigoto restaurando o número cromossômico da espécie.
48
Fecundação
Fertilização/
Cariogamia
50
FIGURA 2.6: Gametogênese em plantas, adaptação de (RAVEN, P. H. et al.,2007)
51
Alterações quantitativa ou numéricas: Os indivíduos de uma
espécie com número diferente de cromossomos, comum à espécie são
chamados heteroploides e são classificados em dois grandes grupos:
aneuploides e euploides.
a.1) Nulissômico
a.2) Monossômico
A) Aneuplóides a.3) Trissômico
a.4) Tetrassômico
a.5) Monossômico-trissômico
Heteroplóide a.6) Duplo trissômico
b.1) Monoplóide
B) Euplóides Autopoliplóide
b.2) Poliplóide Alopoliplóide
52
Origem das aneuploidias:
Indivíduos com número alterado de cromossomos surgem em
decorrência de anomalias nos processos mitóticos ou meióticos (Figura 2.7).
a) Anomalias meióticas:
Não separação durante anáfase I dos cromossomos homólogos
no processo de gametogênese.
Não separação na anáfase II das cromátides irmãs.
55
Deleção: perda um segmento cromossômico. Ocorrem de forma
espontânea. São possíveis dois tipos: (1) Deleção intersticial: inclui duas
quebras para remover um segmento intercalar ou (2) Deleção terminal: perda
da ponta do cromossomo, envolve as regiões teloméricas.
Os efeitos da deleção dependem do seu tamanho. Uma deleção
intragênica inativa o gene e tem o mesmo efeito que outras mutações nulas
neste gene. São diferentes das mudanças em nucleotídeos, porque não são
reversíveis.
As deleções têm graves consequências, se por endogamia se tornarem
homozigotas a combinação é quase sempre letal, a menos que o fenótipo
homozigoto nulo do gene removido seja viável. Em humanos existem alguns
tipos de nanismo causado por deleções, e deficiências no braço curto de um
dos cromossomos n° 5 (Síndrome de Cri du Chat).
56
vantajosas na evolução genômica. Genes com funções correlatas, como as
globinas, são uma boa evidência de que surgiram como duplicatas uns dos
outro.
57
afetados por leucemia mielogênica crônica apresentam translocação recíproca
envolvendo os braços longos dos cromossomos 22 e 9.
58
LEITURA COMPLEMENTAR
ALBERTS, Bruce et al. Biologia Molecular da Célula. 5ª edição. Editora Artmed.
2010. 1396p.
DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. De Robertis, bases da Biologia Celular e
Molecular. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006 .
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
A compreensão dos mecanismos celulares que são a base da genética
mendeliana nem sempre é fácil, algumas estratégias constantemente têm sido
desenvolvidas por professores que buscam inovar o ensino, como por exemplo,
o trabalho publicado na Revista Genética na Escola: O BARALHO COMO
FERRAMENTA NO ENSINO DE GENÉTICA, consulte-o através do link
http://geneticanaescola.com.br/wp-home/wp-
content/uploads/2012/10/Genetica-na-Escola-21-Artigo-03.pdf e use sua
imaginação para desenvolver outra estratégia de abordagem do mesmo tema.
RESUMO
A manutenção do número cromossômico nas células de um mesmo
indivíduo multicelular só é possível devido ao mecanismo de divisão celular
conhecido por mitose, já a manutenção do número cromossômico entre os
indivíduos de uma mesma espécie só é possível porque durante a
59
gametogênese/ meiose ocorre a redução do número cromossômico, o qual
é restaurado no momento da fecundação.
Qualquer alteração na quantidade ou posição dos genes ou
cromossomos pode resultar em aberrações cromossômicas que nem
sempre são viáveis.
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
1. Qual o resultado da mitose em uma célula de eucarionte e qual a
importância desse mecanismo celular?
2. O que são cromátides irmãs e cromossomos homólogos? Comente
sobre a origem e constituição dos genes de cada um.
3. Em relação à nossa espécie, quantos cromossomos e quantas
cromátides devem existir: A) Numa célula em interfase; B) Numa célula em
prófase; C) Numa célula em metáfase; D) Numa célula em anáfase e E) Após
citocinese.
4. Considere um zigoto, de uma determinada espécie com 2n=6
cromossomos, com genótipo AaBbCc, todos genes independentes. Represente
o evento que permitirá esse zigoto se transformar num organismo multicelular,
inclua desde a intérfase até após citocinese, em seguida responda:
a) Qual o genótipo das células formadas após o primeiro ciclo?
b) Quantas células esse organismo possuíra após 10 ciclos?
c) Qual o genótipo das células formadas após o décimo ciclo?
d) Supondo que para completar cada ciclo, a célula demore
aproximadamente 24h, após quantas horas ou dias teremos um indivíduo com
1.048.575 células?
60
Unidade 3: Ligação Gênica e Mapeamento Cromossômico
LIGAÇÃO GÊNICA
MAPEAMENTO CROMOSSÔMICO: MAPA DE TRÊS PONTOS
PLEIOTROPIA
RESUMO
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
61
LIGAÇÃO GÊNICA
62
Ha: Os genes P/p e L/l não segregam independentemente então a
proporção observada em F2 é diferente de 9:3:3:1
63
mesmo cromossomo, o alelo dominante de um gene e o alelo recessivo do
outro gene. Assim representada: P l // p L.
64
de recombinantes igual à 1% (0,01) é definida como 1 u.m (unidade de mapa
ou cM - centimorgan).
Vejamos aos dados do cruzamento teste de Bateson e Punnet para o
cálculo da distância entre os genes ligados que determinam cor das flores (P/p)
e formato do Grão de pólen (L/l):
P: flor púrpura/ grão de pólen longo x flor vermelha/ grão de pólen redondo
(PPLL) (ppll)
Gametas: PL pl
65
dP/p e L/l = % de recombinantes = 10,7 cM
66
As combinações recombinantes nunca somam mais que 50% da prole,
assim é fácil identificar que as combinações parentais nos gametas são: BVM e
bvm.
Para estimar a distância entre os genes devemos analisá-los dois a
dois. Começando com os loci B/b e V/v vemos que os recombinantes são os
genótipos: Bv e bV (selvagem/vestigial e preto/selvagem).
E que existem: 68 + 61 + 72 + 70 = 271 destes recombinantes, em um
total de 1000 indivíduos o que dá uma frequência de: 0,271 ou 27,1%.
Assim a distância entre B e V é igual à 27,1cM.
67
Embora os duplos recombinantes sejam formados a partir da
ocorrência de dois crossing-over não foram considerados para o cálculo da
frequência de recombinantes entre B e V, afinal se avaliarmos apenas os dois
loci veremos que se trata de combinações parentais. Tal fato, leva a uma
distância subestimada dB/b e V/v.
68
Para a situação apresentada temos:
PLEIOTROPIA
69
homozigóticos recessivos: a cor das flores é branca, a casca da semente
também é branca e as folhas não possuem manchas.
LEITURA COMPLEMENTAR
ROCHA, R. B. et al. O Mapeamento genético no Melhoramento de Plantas.
Revista Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento. Edição nº 30, p. 27 – 32,
2003. Acesso: http://www.biotecnologia.com.br/revista/bio30/mapeamento.pdf
70
RESUMO
Os genes no mesmo cromossomo são ligados, e, diferente dos
genes que se distribuem independentemente produzem um grande número
de indivíduos com genótipos parentais e um pequeno número de indivíduos
com genótipos recombinantes.
Os mapas de ligação são desenvolvidos a partir de estudos de genes
ligados. Os pesquisadores podem examinar um grupo de sequências de
DNA conhecidamente ligadas para seguir a herança de algumas anomalias.
Como o número de genes, normalmente, é muito maior que o
número de cromossomos de uma espécie, a observação de ligação gênica
é mais comum do que se possa imaginar.
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
1. Explique como é possível um indivíduo duplo heterozigoto com genes
ligados em fase de aproximação, em relação aos genes (A/a) e (B/b), produzir
um gameta do tipo Ab.
2. Um indivíduo duplo-heterozigoto em relação aos genes (A/a) e (E/e)
ligados em fase de aproximação é submetido a um cruzamento-teste. Sendo a
distância entre os dois genes de 10 cM, qual a probabilidade de surgir um
descendente ae//ae?
3. Relacione a prole do indivíduo AaBb num cruzamento teste e associe:
I. Segregação independente
II. Ligação gênica cis e presença de crossing-over
III. Ligação gênica cis sem crossing- over
IV. Ligação gênica trans e presença de crossing-over
V. Ligação gêncica trans sem crossing-over
( ) ¼ AaBb; ¼ aaBb; ¼ Aabb; ¼ aabb
( ) ½ AaBb; ½ aabb
71
( ) ½ Aabb; ½ aaBb
( ) >1/4 AaBb; <1/4 aaBb; <1/4 Aabb; >1/4 aabb
( ) <1/4 AaBb; >1/4 aaBb; >1/4 Aabb; <1/4 aabb
aabb 23 -29,5
72
Unidade 4: Sexo e hereditariedade
73
mecanismos de determinação do sexo: cromossomos sexuais, balanço gênico,
haplodiploidismo, efeito de genes e efeito do ambiente.
Cromossomos sexuais:
o Sistema XX/X0: As espécies com este sistema apresentam
apenas um cromossomo sexual (X). Neste grupo há espécies nas
quais as fêmeas são homogaméticas (XX) e os machos
heterogaméticos (X0). Os exemplos mais conhecidos são os
gafanhotos e outros ortópteros e hemípteros. Há ainda as
espécies com fêmeas heterogaméticas (X0) e machos
homogaméticos (XX), como é o caso de alguns répteis. Portanto,
os indivíduos de sexos opostos apresentam números diferentes
de cromossomos. Em relação a uma espécie diplóide, os
indivíduos de um dos sexos têm número par de cromossomos. O
número de cromossomos do sexo oposto é ímpar.
o Sistema XX/XY: As espécies com este sistema apresentam dois
cromossomos sexuais, um denominado do X e o outro Y. Esses
cromossomos, em geral são heteromórficos não homólogos, mas
apresentam regiões de homologia. O cromossomo denominado X
é aquele que está presente duas vezes em um dos sexos e uma
vez no sexo oposto. O cromossomo Y é o encontrado em apenas
um dos sexos (aquele que apresenta apenas um exemplar do X).
Nos humanos e em muitos outros mamíferos, nas espécies de
Drosophila e em algumas angiospermas dióicas, as fêmeas são
homogaméticas (XX) e os machos heterogaméticos (XY). Há,
contudo, espécies com este sistema de determinação do sexo nas
quais as fêmeas são heterogaméticas e os machos
homogaméticos; neste caso, é comum usar a simbologia ZZ para
74
os machos e ZW para as fêmeas. Os exemplos mais conhecidos
são borboletas e mariposas, muitas aves, inclusive as domésticas
e alguns peixes.
75
o sexo feminino, pela condição diplóide do indivíduo. As fêmeas, organismos
diploides, dependem da alimentação para adquirir fertilidade. A alimentação
prolongada com geleia real possibilita a formação de rainhas que são
responsáveis pela formação da colmeia.
76
da temperatura de incubação dos ovos que atua
na produção de enzimas responsáveis pela
diferenciação das gônadas, por isso ela é tão
importante no dimorfismo sexual desses
o o
animais. Variações de 2 C a 4 C podem
determinar se as gônadas do embrião se Figura 4.1: Determinação do
sexo influenciada pelo
diferenciarão em gônadas masculinas ou ambiente
gônadas femininas (Figura 4.1). (http://www.mundoeducacao.co
m.br/biologia/determinacao-
sexo-dos-repteis.htm )
77
Herança ligada ao sexo: refere-se à herança de genes localizados
na porção não homóloga do cromossomo X com Y (mamíferos, Drosophila etc.)
ou no cromossomo análogo Z.
78
Os seguintes fatos são evidências de herança ligada ao sexo: (1)
Herança cruzada em cruzamentos em que a fêmea é recessiva; (2)
Cruzamentos recíprocos com resultados diferentes; (3) Herança do tipo avô-
neto. Nesse caso o fenótipo do avô desaparece na F1 e volta a aparecer na F2
(Figura 4.3).
Exemplos: daltonismo, hemofilia e distrofia muscular de Duchene, cor
dos olhos em drosófila Selvagem/White, plumagem em galo carijó.
79
Herança influenciada pelo sexo: o efeito de genes autossomais é
afetado pelas características hormonais e fisiológicas do sexo em que se
encontra. Um gene é influenciado pelo sexo quando ele age como dominante
num sexo e recessivo no outro. Assim, ocorre uma reversão de dominância em
função do sexo do indivíduo, a qual é constatada pela variação de fenótipos
apresentados pelos heterozigotos dos dois sexos.
Exemplos: calvície hereditária, presença de chifres em carneiros.
LEITURA COMPLEMENTAR
MARQUES F. Identidade sem ambiguidade. Edição nº 90, 2003. Acesso em:
http://revistapesquisa.fapesp.br/2003/08/01/identidade-sem-ambiguidade/
80
PARA APRENDER MAIS
Acesse o site:
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/4209/browse?order=DESC
&rpp=20&sort_by=1&page=1&etal=-1&type=title
RESUMO
As características ligadas ao Y são raras. Elas são passadas só de
pais para filhos.
Os homens são hemizigotos para genes no cromossomo X e
expressam tais genes porque não têm outro alelo em um homólogo. Uma
característica ligada ao X passa da mãe para o filho porque ele herda seu
cromossomo X de sua mãe e o Y de seu pai.
Um alelo ligado ao X pode ser dominante ou recessivo. As
características dominantes ligadas ao X são em geral mais devastadoras nos
homens do que nas mulheres.
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
1. A calvície padrão é condicionada por gene autossomal, dominante nos
homens e recessivo nas mulheres. Uma mulher não calva homozigota casa-se
com um homem calvo, filho de pai não calvo. Responda: A) Quais as
proporções genotípica e fenotípica esperadas na descendência? B) Se o casal
pretende ter 4 filhos, qual a probabilidade de ocorrer duas mulheres e dois
homens, todos não calvos? C) Se o primeiro filho do casal é do sexo
masculino, qual a probabilidade dele vir a ser calvo?
2. Na espécie humana, a hemofilia A é determinada por gene recessivo
ligado ao sexo. Uma mulher normal, filha de pai hemofílico, casa-se com
homem normal. Responda: A) A mãe da mulher é normal ou hemofílica?
Justifique. B) Quais as proporções genotípica e fenotípica esperadas na
descendência? C) Se o casal pretende ter 3 filhos, qual a probabilidade de
81
ocorrer uma mulher e dois homens, todos normais? D) Qual a probabilidade de
ocorrer duas mulheres e um homem, todos normais?
3. Algumas genealogias familiares indicam que a hipertricose (presença de
pêlos na orelha) é determinada por um gene holândrico. Considerando que isto
é verdadeiro, indique os fenótipos dos seguintes descendentes de um indivíduo
com esta característica: A) seus filhos (homens); B) os filhos (homens) de seus
filhos; C) os filhos (homens) de suas filhas.
4. Na espécie humana, fenilcetonúria é uma doença causada por gene
recessivo autossomal. A hemofilia A é determinada por gene recessivo ligado
ao sexo. Responda: A) Pais normais podem ter descendente com fenilcetonúria
e hemofilia? Justifique. B) Uma mulher com fenilcetonúria, filha de pai
hemofílico, casa-se com homem normal. Se o primeiro filho do casal é menino
é possível que ele apresente as duas doenças? Justifique. C) Uma filha desse
casal pode apresentar as duas doenças? Justifique.
5. Há alguns anos uma reportagem no programa Fantástico tratou de uma
anormalidade humana denominada distrofia muscular Duchenne, determinada
por um gene recessivo ligado ao sexo. A doença manifesta-se na infância e a
morte dos afetados ocorre em média antes deles atingirem 20 anos. Na família
apresentada na reportagem, dois dos três filhos homens haviam falecido em
razão da doença e o terceiro apresentava os sintomas. Responda: A) Quais os
genótipos dos pais? B) Se o casal lhe perguntasse se em um próximo
nascimento um menino teria obrigatoriamente a doença o que você
responderia? Explique. C) É possível que uma filha do casal seja doente?
Explique. D) Qual a probabilidade de ocorrerem três meninos, todos afetados.
82
Unidade 5: Genética Molecular
83
A NATUREZA QUÍMICA DO MATERIAL GENÉTICO
84
Os pneumococos, como todos os outros organismos vivos, exibem
variabilidade genética que pode ser reconhecida pela existência de diferentes
fenótipos:
Caracterização Virulenta Não virulenta
Colônia Lisa (S) Rugosa (R)
Capa proteica Presente (tipo II) Ausente (tipo III)
Figura 5.1: Experimento de Griffith (1928), adaptado de SILVA JÚNIOR, C. et al., 2011.
86
ESTRUTURA E REPLICAÇÃO DO DNA
87
A cadeia polinucleotídica é formada pela ligação açúcar-fosfato de dois
desoxirribonucleotídeo adjacentes. A ligação açúcar-fosfato ocorre de modo tal
que a posição 3’ da molécula de açúcar liga-se no agrupamento fosfato que,
por sua vez, liga-se à posição 5’ da molécula de açúcar subsequente, ficando a
extremidade 3’ desta última livre para se ligar a um terceiro
desoxirribonucleotídeo.
88
direção oposta, enquanto uma é 5’ → 3’ a outra é 3’ → 5’. É por esta razão que
as fitas são ditas antiparalelas.
(Figura 5.3)
O diâmetro da hélice
dupla é de 20 Å, fato que levou
a Watson e Crick a estabelecer
que purinas e pirimidinas estão
pareadas no interior da
molécula. Este pareamento é
feito por ligações de hidrogênio
que, apesar de ser uma ligação
fraca, confere alta estabilidade à
molécula devido ao grande
número que ocorrem. As
ligações de hidrogênio são
também responsáveis pela
complementariedade de bases,
ou seja, pelo pareamento Figura 5.3: Diagrama da dupla hélice desenrolada
mostrando as ligações químicas que estabilizam a
exclusivo entre adenina e timina e estrutura do DNA (GRIFFITHS et al., 2009).
entre citosina e guanina.
Replicação do DNA:
89
Em vez de a molécula se
replicar intacta, eles propuseram que
as ligações de hidrogênio se rompem,
permitindo que as fitas
complementares se separem. O
pareamento específico entre as bases
permite que cada fita simples sirva de
molde para a síntese de uma nova fita
complementar, de forma que a nova
hélice apresenta uma fita velha e uma
fita nova. Esse tipo de replicação é
chamado semiconservativo e é
aplicado a todos os organismos,
procariotos ou eucariotos (Figura 5.4).
o Início da replicação: a
replicação tem início em sequências
específicas denominadas origem de
replicação, em geral ricas em AT.
Dentro desta região existem dois
grupos de sequências que estão
envolvidas no reconhecimento desta
por proteínas que iniciam a replicação,
são essas: Figura 5.4: O modelo semiconservativo da
replicação do DNA proposto por Watson e
- Um conjunto de três Crick é baseado na especificidade das
sequências idênticas de 13pb ligações de hidrogênio entre os pares de
bases (GRIFFITHS et al., 2009).
ricas em AT, dispostas em
tandem e;
90
- Um conjunto de quatro sequências repetidas de 9pb que são os sítios
de ligação para a proteína DNA A.
91
- DNA B: tem função
de helicase. É capaz de
romper as ligações de
hidrogênio entre as bases
nitrogenadas, separando as
duas fitas de DNA,
permitindo a replicação. A
ação das helicases durante a
replicação gera torções no
DNA que precisam ser
removidas para permitir que
a replicação continue.
- DNA girase: é uma
topoisomerase capaz de
remover a superelicoidização
à frente da forquilha por meio
da quebra de ambos
filamentos para relaxar as
torções extras no DNA.
- Proteínas de ligação
(SSB): tem alta afinidade por
DNA fita simples. Ao se
ligarem ao DNA fita simples
retardam a formação do
duplex, além de proteger as
fitas da degradação por
Figura 5.5: Diagrama representativo da replicação do nucleases.
DNA considerando-se apenas uma das forquilhas de
replicação (Lewis, R., 2004).
92
A estabilidade da estrutura do complexo aberto é mantida ainda por
proteínas como: DNA C, K, t e HU.
93
polimerases α e δ são responsáveis pela replicação do DNA nuclear, sendo
que a DNA pol α apresenta ainda atividade de primase, enquanto que a DNA
pol δ possui atividade exonuclease 3’→5’ e é a mais processiva. Já as DNA
polimerases β e ε parecem está relacionadas com o mecanismo de reparo do
DNA nuclear, enquanto a DNA pol γ é a polimerase responsável pela
replicação do DNA mitocondrial.
Como já vimos, as DNA polimerases sintetizam sempre no sentido
5’→3’, mas as fitas são antiparalelas, consequentemente enquanto um
filamento é sintetizado continuamente o outro deve ser produzido em
segmentos curtos descontínuos em uma forquilha. Assim, se considerarmos
apenas uma forquilha de replicação, veremos que a fita sintetizada de forma
contínua necessita de apenas um primer, enquanto a fita descontínua precisa
de vários primers.
Na porção descontínua da fita são gerados durante a replicação vários
fragmentos, denominados fragmentos de Okasaki que possuem cerca de 1000
a 2000pb em procariotos e de 100 a 200 pb em eucariotos.
- DNA ligase: após remoção dos primers e substituição desses por
DNA, esta enzima une os fragmentos catalisando a formação de uma ligação
fosfodiéster entre os nucleotídeos adjacentes.
94
colocar o primer na última secção e isto resultaria em um cromossomo
encurtado a cada ciclo. Como resolver este problema?
RNA E TRANSCRIÇÃO
Para que um gene expresse seu produto é necessário que ele seja
transcrito. O processo de transcrição pode assim ser definido: “Síntese de
moléculas de RNA, cuja sequência de ribonucleotídeos é determinada pela
sequência de desoxirribonucleotídeos da fita codificadora do gene”.
Estrutura do RNA:
O RNA (ácido ribonucleico) é bastante similar ao DNA, porém difere
deste em três pontos: (1) o açúcar é a ribose, (2) em vez de timina temos
uracila, (3) é fita única, de modo que as razões de A/U e G/C geralmente
diferem de um (Figura 5.6).
95
Figura 5.6: Diagrama comparativo das moléculas de RNA e DNA. Adaptado de:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/de/RNA-Nucleobases.svg e
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/52/DNA_chemical_structure_pt.svg
96
proteínas ribossômicas, eles são transportados para o citoplasma e formam o
ribossomo, cuja função principal é participar da síntese de proteínas.
o RNA transportador (tRNA): são moléculas pequenas de RNA –
contêm 73 a 93 nucleotídeos – que servem como receptores e transportadores
de aminoácidos, tendo papel fundamental na síntese proteica. Apresentam
uma estrutura secundária semelhante a um trevo, a qual é mantida pelo
pareamento de sequências complementares na molécula de tRNA.
Transcrição:
Apenas uma das fitas do DNA é utilizada como molde durante a
transcrição. Este processo segue as mesmas regras de pareamento que a
replicação, exceto pelo pareamento de U (uracila) com A (adenina). Assim, a
molécula de RNA é complementar à fita de DNA que lhe deu origem e idêntica
à outra fita de DNA, sendo as timinas substituídas por uracila.
A síntese de RNA a partir de DNA é catalisada por uma RNA
polimerase. O mecanismo de reação da RNA pol é idêntico ao da DNA pol. A
reação ocorre entre o grupamento 3’OH de um ribonucleotídeo e o grupo
fosfato do carbono 5’ do ribonucleotídeo trifosfatado. Ou seja, a reação também
ocorre no sentido 5’→3’ e diferente das DNA polimerases, as RNA polimerases
não necessitam de um primer para iniciar a síntese.
97
uma localizada na região -10 (TATAAT) TATAbox e outra na região -35 que
tem como consenso a sequência (TTGACA).
A abertura das fitas de DNA para início da transcrição ocorre
exatamente na região -10. Uma vez aberta, o próximo passo é a incorporação
dos dois primeiros ribonucleotídeos e a formação da ligação fosfodiéster.
98
Em procariotos a transcrição e a tradução estão acopladas, de forma
que após a liberação dos primeiros nucleotídeos do RNA sintetizado,
ribossomos ligam-se a eles iniciando a tradução e síntese de proteínas.
99
Processamento de RNA: o processamento de rRNAs e tRNAs
ocorre tanto em procariotos como em eucariotos. De um modo geral, as
alterações que ocorrem são do tipo adição, deleção ou modificação de
nucleotídeos. Já em relação aos RNAs mensageiros ocorre processamento
apenas em eucarioto, com raras exceções para os procariontes.
A maioria dos transcritos primários de mRNA de eucariontes possuem
sequências que não estão presentes no RNA maduro e, portanto, não
codificam nenhum aminoácido da proteína a ser sintetizada. Essas sequências
chamadas intervenientes, ou íntrons, precisam ser retiradas para dar origem a
um mRNA funcional.
Ao contrário dos íntrons, um éxon é a porção do transcrito primário que
é mantida após o processamento do mesmo. O processamento consiste nos
seguintes eventos que ocorrem durante ou após a transcrição.
- Adição à extremidade 5’ da estrutura denominada CAP que sofre
metilação na posição 7 da guanina. A adição do CAP ocorre em todos mRNAs
que serão transportados para o citoplasma. O CAP protege a extremidade 5’ da
ação de exonucleases e também serve de reconhecimento do sítio de início da
tradução para o ribossomo.
- Adição de 200 resíduos de adenina na extremidade 3’, que é
chamada de cauda poli (A).
- Remoção de íntrons (splicing): a retirada de um íntron ocorre após
duas reações de transesterificação para unir dois éxons, liberando o íntron na
forma de laço. Esse processo é mediado por estruturas complexas chamadas
spliceossomos, que são constituídos de pequenas ribonucleoproteínas
associadas à outras proteínas.
- Transporte ao citoplasma: após splicing os mRNAs são reconhecidos
por proteínas receptoras localizadas próximo ao poro nuclear, estas
transportam-no ativamente para o citoplasma onde serão traduzidos.
100
CÓDIGO GENÉTICO E TRADUÇÃO
101
Para participar da síntese de polipeptídeos as moléculas de tRNA são
previamente ligadas a seus aminoácidos específicos por meio da atividade da
enzima aminoacil-tRNA sintetase que catalisa a ligação covalente entre o tRNA
e o aminoácido formando um aminoacil-tRNA.
102
ribossomo, o metionil-tRNAini e o códon de iniciação ocupam um de seus sítios,
denominado sítio peptidil ou P. O outro sítio chamado aminoacil ou A, contém o
segundo códon. A entrada de um aminoacil-tRNA no sítio A depende da
disponibilidade de um aminoacil-tRNA com anticódon complementar ao códon
localizado no sítio A (Figura 5.9).
Após a incorporação do 2º aminoacil-tRNA, a atividade peptidil
transferase localizada na subunidade maior do ribossomo, catalisa a ligação
peptídica entre o grupamento carboxilíco da metionina e o grupo amino do
aminoácido recém incorporado, ainda ligado ao tRNA no sítio A, formando um
dipeptídeo. A metionina é transferida para o sítio A.
103
A fase seguinte envolve o deslocamento do ribossomo no sentido
5’→3’ de forma que ocorre a liberação do tRNA ini do sítio P e esse passa a ser
ocupado pelo segundo códon e o peptidil a ele associado, liberando o sítio A.
O terceiro códon entra no sítio A, assim um aminoacil-tRNA com anticódon
complementar também entrará no sítio. Novamente a atividade peptidil
transferase da subunidade maior ligará o grupo carboxílico do dipeptídeo ao
grupo amino do terceiro aminoácido. Haverá novo deslocamento na direção
5’→3’.
O processo só termina quando o sítio A for ocupado por um códon de
terminação. Como não existem moléculas de tRNA com anticódon
complementar a códons de terminação, nenhum aminoacil entra no sítio. Nesta
etapa entra no sítio A uma proteína denominada fator proteico de liberação. A
consequência é o término da síntese do polipeptídeo. As subunidades
ribossômicas dissociam-se e o polipeptídeo é liberado.
104
mutação pode ser tão grave que produza grandes variações fenotípicas ou a
morte.
Existem várias causas que podem provocar uma mutação gênica, mas
que apresentam uma característica em comum: todas elas afetam a sequência
de bases nitrogenadas no DNA. Essa alteração pode modificar a cadeia
polipeptídica a ser sintetizada, dando origem na maioria das vezes, a um novo
alelo. As causas que podem provocar alterações nas sequências de bases do
DNA são:
Substituição de bases:
Podem ocorrer vários tipos de trocas, as quais recebem denominações
especiais. Assim, a troca de uma base nitrogenada púrica - adenina ou guanina
– por outra, ou de uma pirimídica – citosina ou timina – por outra, é
denominada de transição; contudo a substituição de uma purina por uma
pirimidina, ou vice-versa, é denominada de transversão.
A substituição de bases causa alterações em um único códon no DNA.
O códon mutante pode ou não provocar mudanças de um aminoácido ao longo
da cadeia polipeptídica, possibilitando três alternativas:
o Mutação silenciosa: a substituição de bases no DNA não altera a
sequência de aminoácidos na cadeia polipeptídica. Isso é possível graças ao
fato do código genético ser degenerado, ou seja, um mesmo aminoácido pode
ser codificado por trincas diferentes. Um efeito similar ao da mutação silenciosa
é produzido quando a substituição de base no DNA ocasiona a substituição do
aminoácido na cadeia polipeptídica sem, no entanto, acarretar nenhuma
alteração na sua função. Esse último caso é chamado mutação neutra.
o Mutação de troca de sentido: a substituição de uma base no DNA
acarreta alteração em um aminoácido da cadeia polipeptídica implicando em
mudanças na função.
105
o Mutação sem sentido: a substituição de uma base no DNA leva a
troca de um códon para um aminoácido por um códon de terminação da
tradução.
Adição ou deleção de bases:
A retirada ou a inclusão de uma única base provoca alterações além do
sítio de mutação. Como a sequência do mRNA é lida em códon (grupos de três
pares de bases), a deleção ou adição de um único par causará uma mudança
na matriz de leitura.
Estas mutações fazem com que toda a sequência de aminoácidos
traduzida a partir do sítio de mutação não tenha relação com a sequência
original. Em geral, as mudanças na matriz de leitura levam a uma perda
completa da estrutura e função do polipeptídeo a ser formado.
Fica evidenciado que a mutação do tipo adição ou deleção é bem mais
drástica do que a substituição de bases. De fato, este tipo de mutação, via de
regra, é letal e, portanto, não transmitida através das gerações.
106
substâncias químicas, como etilmetano sulfonato (EMS), metilmetano sulfonato
(MMS), ácido nitroso, hidroxilamina, dentre muitos outros.
ALELOS MÚLTIPLOS
107
ampliação se dá do modo mais rápido, graças à reprodução sexuada, que
combina os alelos em vários genótipos diferentes.
Assim, se temos dois alelos A¹ e A², o número de genótipos diferentes
na população será três: A¹A¹, A¹A², A²A², porém se surgir um terceiro alelo, A³,
o número de genótipos diferentes passa a ser de seis, os três anteriores e mais
A¹A³, A²A³, A³A³. Se considerarmos n alelos, o número de genótipos diferentes
(NGD) é dado pela expressão:
108
fenótipo himalaio; e c, que determina o fenótipo albino. Verifica-se também a
ocorrência de a(a+1)/2 = 10 diferentes genótipos na população.
Transfusões de sangue:
Os antígenos são transportados pelos glóbulos vermelhos, e os
anticorpos existem no soro ou plasma. Na transfusão, devemos considerar os
aspectos de diluição do soro recebido e a circulação ativa do paciente. Assim,
nas transfusões deve-se preocupar com a existência de anticorpos no receptor,
pois os anticorpos do doador, em geral, têm seu efeito atenuado em razão da
109
diluição e da circulação ativa do sangue do paciente. As transfusões de sangue
são possíveis estão esquematizadas na Figura 5.12.
Constata-se que o grupo
sanguíneo O, por doar sangue para os
demais grupos sem reação de
incompatibilidade, é denominado
doador universal e o AB, por receber
sangue dos demais grupos, é
denominado receptor universal.
Grupo sanguíneo M e N:
Em 1927, Landesteiner e Levine descobriram outro grupo de antígeno
nos glóbulos vermelhos no sangue. Esses antígenos foram denominados M e
N. Grupos da população humana são classificados em M, N ou MN, de acordo
com o antígeno que têm M, N ou ambos, respectivamente.
110
Podemos perceber que o padrão de herança para o grupo sanguíneo
M/N não ocorre de forma mendeliana, pelo fato de que a relação intra-alélica
entre M e N é de codominância. Em se tratando de transfusões sanguíneas há
pouca importância desses tipos de antígenos M e N, uma vez que estes são
fracos e incapazes de induzir a formação de anticorpos no organismo humano.
Os anticorpos utilizados nos testes são obtidos em cobaias.
Fator Rh:
O fator Rh foi descoberto em 1940 por Landesteiner e A.S. Wiene, em
experimentos realizados com coelhos e macacos. Nos experimentos, foi
injetado sangue de um macaco do gênero Rhesus em cobaias, observando-se
como resposta a formação de anticorpos capazes de aglutinar as hemácias
provenientes do macaco.
Uma vez extraídos, os anticorpos das cobaias foram testados na
população humana. Nesses testes, foi verificado que parte da população
humana apresentava reação de aglutinação, enquanto que outra parte
mostrava-se insensível. Os indivíduos que apresentavam reação de
+
aglutinação com anticorpos foram denominados pertencentes ao grupo Rh , os
demais, que não apresentavam aglutinação, pertenciam ao grupo Rh -.
Herança do Fator Rh
Em estudos genéticos ficou comprovado que a herança do fator Rh é
monogênica, sendo a presença do antígeno Rh condicionada a um alelo
dominante (R) e a ausência, pelo alelo recessivo (r). O anti-Rh não ocorre
naturalmente na população humana este só passa a ser produzido quando
uma pessoa RH- entra em contato pela primeira vez com o sangue RH+.
A transfusão de sangue do doador Rh+ para o receptor Rh- não terá
problemas na primeira vez, pois, após a doação, o receptor terá apenas
111
anticorpos, uma vez que as hemácias serão substituídas. Em transfusões
posteriores, os anti-Rh existentes por indução provocarão reação contrária ao
fator Rh estranho, com resultados clínicos bastante sérios.
112
LEITURA COMPLEMENTAR
RODRIGUES, M. B. É o DNA. Revista Ciência Hoje. v. 34, nº 204, p. 69 – 71,
2004.
CANO, M. I. N. A vida nas pontas dos cromossomos. Revista Ciência Hoje. v.
39 nº 229, p. 16 – 23, 2006.
RESUMO
A molécula responsável pelo armazenamento da informação genética
é o DNA, este por sua vez é formado por uma dupla hélice de nucleotídeos.
Um nucleotídeo consiste em uma desoxirribose, um fosfato e uma
base nitrogenada que pode ser: Adenina, Guanina, Citosina ou Timina, em
se tratando de DNA.
A informação genética é transmitida de uma célula a outra graças ao
processo de replicação que ocorre no núcleo interfásico.
A expressão do genótipo é o resultado da transcrição e tradução da
informação genética que resulta numa cadeia polipeptídica.
Qualquer alteração na sequência de nucleotídeos do DNA determina
uma mutação, esta é classificada de acordo com o tipo de alteração que
provoca ou não em nível de fenótipo.
113
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
1. O albinismo é resultado de um bloqueio em via biossintética de
melanina. Se os genes alélicos A e a determinam, respectivamente,
pigmentação normal e albinismo, como você justificaria, com seus
conhecimentos sobre bases químicas da herança, a dominância completa de A
em relação a seu alelo a?
2. Considere a seguinte via biossintética numa dada espécie vegetal:
Apigenina (A) → Luteolina (L) → Quercetina (Q)
(pigmento marfim) (pigmento amarelo claro) (pigmento amarelo)
Admita que a conversão de A em L é catalizada pela enzima X, codificada pelo
gene A, e que a conversão de L em Q é catalizada pela enzima Y, especificada
pelo gene B. Se os genes a e b determinam enzimas não funcionais, defina os
genótipos das plantas com os seguintes fenótipos: Flor marfim; Flor amarelo-
claro e Flor amarela.
3. A sequência a seguir é de um mRNA:
5’CUAAUGGUACGUAGCUAUGCAUAACTGGG 3’. Responda: A) Qual a
sequência da fita molde de DNA que lhe deu origem? B) Qual a sequência de
aminoácidos nessa proteínas. C) O que acontece se o 12° nucleotídeo for
substituído por um C? Explique. D) Qual a sequência de aminoácidos se
houver a deleção do 7º nucleotídeo? E) O que acontece se 18º nucleotídeo for
substituído por um G?
4. Com relação ao heredograma ao
lado, qual probabilidade do casal 7 x 8
vir a ter uma criança do grupo
sanguíneo AB que tenha o mesmo
genótipo materno quanto ao sistema
Rh?
114
Unidade 6: Genética de populações e quantitativa
115
ESTRUTURA GENÉTICA DE UMA POPULAÇÃO
Caracteres qualitativos:
Caracteres qualitativos são controlados por um ou poucos genes,
sofrem pouca ou nenhuma influência do ambiente. Na população, a
observação do caráter é de forma descontínua, ou seja, os indivíduos podem
ser agrupados em classes. Para diferenciar duas populações quanto a uma
característica qualitativa devemos conhecer as frequências genotípicas e
alélicas para o gene em questão.
Frequências genotípicas:
Se considerarmos uma população diploide, especificamente uma
característica, cujas formas alélicas possíveis são A e a, teremos nessa
população 3 genótipos possíveis: AA, Aa e aa. A frequência com que cada um
ocorre será:
Frequência do genótipo AA =
Frequência do genótipo Aa =
Frequência do genótipo aa =
116
Onde ND é o número de homozigotos dominantes, N H é o número de
heterozigotos, Nr é o número de homozigotos recessivos e N D + NH + Nr = N
(número total de indivíduos da população considerada). Sendo: D + H + R = 1.
Frequências alélicas:
As frequências alélicas de A e a dependem diretamente das
frequências dos genótipos de modo que:
Frequência do alelo A =
Frequência do alelo a =
117
Fenótipo Genótipo Nº Observado
Grupo M LMLM 200
Grupo MN LMLN 300
Grupo N LNLN 500
Total 1000
Frequências genotípicas:
Frequência do genótipo LMLM:
Observe que: p + q = 1
EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG
118
Alelos Genótipos
A a AA Aa Aa
Frequências p q D H R
A AA (p²) Aa (pq)
(p)
a Aa (pq) aa (q²)
(q)
119
A partir destas frequências genotípicas podemos estimar as novas
frequências alélicas, ou seja: a frequência de A e a na geração 1.
Frequência do alelo A após 1 geração de acasalamento ao acaso = p1
p1 = D + ½ H = p² + ½ (2pq) = p² + pq = p (p + q) = p ;
de forma semelhante a,
Frequência do alelo a após 1 geração de acasalamento ao acaso = q1
q1 = R + ½ H = q² + ½ (2pq) = q² + pq = q (p + q) = q
o Seleção:
A seleção pode ser definida como a eliminação de determinados
genótipos da população. A eliminação de genótipos na população leva a
alterações nas frequências alélicas e genotípicas, principalmente quando esses
são eliminados antes de deixarem descendentes.
A seleção pode ser tanto natural quanto artificial.
A seleção natural se fundamenta no fato de que os indivíduos diferem
em viabilidade e fertilidade e por isso contribuem com números diferentes de
descendentes para a próxima geração, sendo preservados os indivíduos que
deixam o maior número de descendentes.
A seleção artificial, realizada pelo homem, tem como objetivo principal
o melhoramento genético das populações sendo selecionados os indivíduos
que mais atendem às necessidades humanas.
Independente da natureza da seleção, esta sempre reduz a frequência
do alelo indesejável e, consequentemente, eleva a frequência do alelo
favorável.
o Migração
A chegada ou partida de um grupo de elementos de uma população
alteram constantemente as frequências gênicas da população original. A
população mista resultante terá uma frequência alélica intermediária ao valor
das frequências da população original e da população doadora. A variação nas
121
frequências alélicas e genotípicas é proporcional ao número de indivíduos
migrantes. Vejamos o exemplo:
População A População B
Na população B, temos:
Frequência de AA = 0, não há registro nesta população de indivíduos
com o fenótipo preto.
Frequência de Aa = 16/20 = 0,8
Frequência de aa = 4/20 = 0,2
Frequência de A = D + ½ H = 0 + (½ . 0,8) = 0,4
Frequência de a = R + ½ H = 0,2 + (½ . 0,8) = 0,6
122
Caso a região onde a população A habita precise ser inundada para
construção de uma hidroelétrica, por exemplo, e toda população seja
transferida para a mesma região da população B e ambas passem a compor
uma única população vejamos o que acontece com as frequências gênicas da
nova população AxB:
População AxB
o Mutação
É um fenômeno genético que origina novos alelos nas populações. A
sua ocorrência é muito rara, da ordem de 10 -4 a 10-8 mutantes por geração.
Desse modo, a sua importância em termos de alterações nas propriedades
genéticas de uma população só ocorre se ela for recorrente, isto é, se o evento
123
mutacional se repetir regularmente com dada frequência. Se a mutação for
gamética, a mutação é passada às gerações seguintes, afetando assim a
frequência alélica da população.
No geral, a contribuição que a mutação faz para contrabalancear o
equilíbrio é bem pequena quando comparada à influência da migração e seu
efeito em uma população só pode ser notado após vários anos de sua
ocorrência.
o Deriva genética
É um fenômeno que se dá inteiramente ao acaso, está associado a
problemas de amostragem, seja pela limitação do tamanho populacional, ou
seja, pela amostragem deficiente de indivíduos de uma população.
A amostragem ocorre quando os indivíduos da população produzem
seus gametas e estes se unem para formar a geração seguinte. Os gametas
que dão origem a geração seguinte são considerados uma amostra de todos os
gametas da população. Se por qualquer razão o tamanho da população é muito
reduzido, dificilmente todos os alelos estarão representados com a mesma
frequência da geração anterior.
Em estudos de populações a deriva genética pode promover a fixação
ou eliminação de determinados alelos na população. Ao longo das gerações as
frequências alélicas flutuam irregularmente em torno da frequência alélica
inicial.
Um tipo comum de deriva genética em populações humanas é o efeito
fundador, que ocorre quando um grupo pequeno de pessoas deixa seus lares
para fundar novos acampamentos. A nova colônia pode ter frequências gênicas
bem diferentes da população original.
Outro tipo são os gargalos populacionais que ocorrem quando muitos
membros de uma população morrem e apenas alguns são deixados para
124
recompor a população em números. Um gargalo é geneticamente significativo
porque a nova população tem apenas os alelos presentes no grupo que
sobreviveu a catástrofe. Assim, alelos podem ter sido extintos, enquanto alelos
raros presentes na população sobrevivente podem se tornar mais comuns na
população reconstruída. A nova população, em geral, tem o pool gênico mais
restrito do que a população ancestral.
A utilização de populações pequenas contribui ainda para o aumento
da frequência dos acasalamentos entre indivíduos aparentados, fenômeno
conhecido como endogamia. Dois indivíduos são considerados aparentados
quando possuem ancestrais comuns na sua genealogia, ou quando um é
descendente do outro.
Quando ocorre endogamia, há uma maior probabilidade na
descendência de que os indivíduos possuam cópias de um mesmo alelo
ancestral o que leva, consequentemente, a um aumento na proporção de
homozigotos. Quanto mais forte o grau de parentesco entre os indivíduos que
se acasalam, maior será a probabilidade de os descendentes possuírem cópias
de um alelo ancestral. A forma mais drástica da endogamia é a
autofecundação, que ocorre em muitas espécies vegetais.
Na espécie humana, é comum, entre alguns povos do oriente a prática
do casamento consanguíneo, por exemplo, entre primos. Tal fato resulta no
aumento da incidência de distúrbios recessivos, pois a probabilidade de que
alelos recessivos prejudiciais presentes em ancestrais compartilhados estejam
na mesma prole, causando a doença é aumentada.
A consequência direta da endogamia é um aumento da homozigose
acima do nível previsto pelo equilíbrio de Hardy-Weinberg enquanto observa-se
a diminuição da heterozigose.
Como pode-se observar as frequências alélicas nas populações pode
mudar quando atingidas por qualquer uma das situações anteriormente
125
descritas. Essas mudanças fornecem as pequenas etapas da mudança
genética, chamada microevolução.
OS GENES E O AMBIENTE
Caracteres quantitativos são, em geral, controlados por vários genes e
muito influenciados pelo ambiente, exibindo dessa forma, variações contínuas,
ou seja, há entre os tipos extremos de indivíduos encontrados em uma
população, inúmeros fenótipos de difícil separação em classes distintas.
As avaliações de um caráter quantitativo são realizadas a partir do seu
valor fenotípico (F), medido nos indivíduos, como o resultado da ação do
genótipo (G) sob a influência do meio (M) em que vive. De forma resumida
temos:
, ou seja, o valor fenotípico depende da influência simultânea
do genótipo e do ambiente.
Entende-se como genótipo o conjunto particular de genes e ambiente
como toda circunstância não genética. O genótipo confere certo valor ao
indivíduo e o ambiente causa um desvio desse valor em uma ou outra direção.
De forma que, no estudo da herança de caracteres quantitativos a informação
do indivíduo tem pouco valor devido ao efeito aleatório do ambiente. Se o efeito
do ambiente pode tanto aumentar quanto diminuir a manifestação fenotípica de
um caráter, a média de um conjunto de indivíduos será uma medida mais
confiável para os estudos de herança, pois os efeitos do ambiente tendem a se
cancelar. Assim, as características quantitativas devem ser estudadas em nível
de população e não de indivíduo.
Outra medida usada para definir uma população, além da média, é a
variância. Logo, no estudo da herança de caracteres quantitativos avaliamos
quais frações da média e da variância são herdáveis. De forma semelhante ao
126
que acontece com o valor fenotípico, a variância fenotípica também é uma
composição da variância genotípica e ambiental:
em que:
é a variância fenotípica,
é a variância genotípica e
é a variância do meio.
x i
X i
fi X i
n i
127
variabilidade da distribuição dos dados. Na figura a seguir, pode ser observada
a distribuição de duas populações com a mesma média, porém com variâncias
diferentes para a mesma característica.
Figura 6.1: Distribuição de duas populações com a mesma média e variâncias diferentes.
129
2.086,6 2
176,12
... 175,3 2
11,2233
12
2f P1
11
População 2:
220,1 ... 219,8 2.660,5
X P2 221,7083
12 12
2.660,5 2
220,1 ... 219,8
2 2
2f P 2 12
7,8681
11
Geração F1:
203,6 ... 209,7 3.761,9
X F1 208,9944
18 18
3.761,9 2
203,6 2
... 209 ,7 2
18
2f F 1 7,3006
17
Geração F2:
201,4 ... 207,9 18.002,3
X F2 214,313
84 84
18.002,32
201,4 ... 207,9
2 2
58,2754
84
2f F 2
83
Consideremos que as populações parentais são linhagens puras, o que
significa dizer que todas as plantas da população 1 apresentam o mesmo
genótipo e o mesmo acontece para as plantas da população 2. Sendo assim,
toda a variação observada é devido ao ambiente, uma vez que a variância
genotípica é igual a zero.
Dessa forma, para as populações parentais temos:
= e
130
genótipo (heterozigoto), de forma que a variância fenotípica observada é toda
devida ao efeito ambiental, ou seja:
=
131
Heterose (H)
Também conhecida como vigor híbrido, a heterose é outro parâmetro
genético de interesse, pois é a medida da superioridade do F1 em relação à
média de seus pais. Assim, temos:
X P1 X P 2
H X F1
2
Voltando ao exemplo anterior em que se estudava a altura da mamona
teremos:
173,88 221,7083
H 208,9944 11,20
2
Herdabilidade (h²)
132
O que significa dizer que 85,54% da variação observada em F2 é
devido ao componente genético e não ao ambiente.
133
GS DS.h²
GS ( X s X 0 ).h²
GS (227,09 214,313).0,8554 10,93cm
GS X m X 0
X m X 0 GS
X m 214,313 10,93 225,243cm
A média esperada para altura de planta em mamona após um ciclo de
seleção é igual à 225,243 cm.
Uma vez estimado o ganho a ser obtido por seleção, poder-se-á avaliar
a eficácia da estratégia adotada, promovendo modificações quando for
necessário.
Vejamos um exemplo em animais, cuja característica em estudo é o
ganho de peso diário. Suponhamos que, numa população de gado, o ganho
diário médio de peso seja de 1,08Kg, foram selecionados para reprodução
touros e vacas que tenham em média 1,54 e 1,36 Kg/dia, respectivamente.
Admita que a herdabilidade é de 40% para a característica em questão, então
espera-se que a prole tenha um ganho diário de peso igual a quanto?
Nesse exemplo o diferencial de seleção pode ser calculado da seguinte
forma:
1,54 1,36
DS 1,08 0,37 Kg ou 370g
2
Sendo a herdabilidade igual a 0,4 temos:
GS DS.h²
GS 370 x0,4 148 g
Ou seja, haverá um acréscimo de 148g ou 0,148Kg de ganho de peso
diário na média da prole quando comparada a população original, dessa forma
a média da população melhorada será:
134
X m X 0 GS
X m 1,08 0,148 1,228Kg
O ganho de seleção também pode ser expresso em termos
percentuais, assim teremos:
100.GS 100.0,148
GS % 13,7%
X0 1,08
RESUMO
As frequências alélicas e genotípicas são características de
cada população. Alguns fatores tais como: mutação, migração, seleção e
deriva genética podem alterar essas frequências provocando mudanças que
fornecem as pequenas etapas da chamada microevolução. Como estes
fatores estão operando mais frequentemente do que não, o equilíbrio
genético é raro. Assim, a evolução não só é possível como também
inevitável.
Carateres qualitativos são determinados por um ou poucos
genes, possuem distribuição discreta e pouca ou nenhuma influência do
ambiente, enquanto os caracteres quantitativos são determinados por vários
genes, possuem distribuição contínua e sofrem grande influência ambiental.
Os caracteres qualitativos são estudados numa população de
acordo com as frequências gênicas e alélicas, já no estudo dos caracteres
quantitativos é levada em consideração a média do valor fenotípico da
população e alguns parâmetros são estimados tais como variância
genotípica, herdabilidade e heterose.
135
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
1. Em uma sequência geneticamente equilibrada, a frequência de
indivíduos de olhos azuis (caráter recessivo) é de 9%. Determine: A) a
frequência dos alelos A e a; B) a frequência de indivíduos com olhos castanhos
homozigotos (AA) e heterozigotos (Aa).
2. Suponha que, em uma população fechada, em que os cruzamentos se
dão ao acaso, a frequência de um gene recessivo seja de 0,50. Qual será a
provável frequência do mesmo gene após duas gerações?
3. Admitindo-se que, numa população em equilíbrio de Hardy-Weinberg, as
freqüências dos genes que condicionaram o tipo de sangue sejam: IA = 40%; IB
= 40%; r = 20%, a probabilidade de nascerem crianças com sangue tipo AB-Rh
positivo heterozigotas é?
4. Utilizando-se os antissoros anti-M e anti-N, foram determinados os
grupos sanguíneos (sistema M-N) de uma amostra aleatória de 1000 chineses,
obtendo-se o seguinte resultado: 800MM, 100MN e 100NN. Assim, responda:
A) Quais são as frequências genotípicas nesta população? B) Quais são as
frequências alélicas? C) Se essa população se reproduzir por acasalamento ao
acaso e nenhuma das forças que alteram o equilíbrio genético atuarem, quais
serão as frequências genotípicas e alélicas na 7ª geração?
5. O quadro a seguir é um resumo do estudo realizado a partir do
cruzamento entre plantas de mamona de populações contrastantes.
A) Se você tivesse que escolher uma Nº de
população para servir de base para a Geração dados Média Variância
seleção de indivíduos superiores, qual P1 12 174 11
você escolheria? B) Qual a natureza P2 12 222 8
da variância observada na F1? F1 18 209 7
Explique. c) Estime a σ²g na F2. F2 84 214 58
136
GLOSSÁRIO
Alelos: formas alternativas de um gene, situadas em um mesmo loco em
cromossomos homólogos e responsáveis pelas diferentes manifestações
fenotípicas do caráter.
Centimorgan: unidade de distância entre genes localizados em um mesmo
cromossomo e que representa a frequência de recombinação entre os
mesmos.
Cromátides irmãs: cada um dos dois filamentos de um cromossomo duplicado
que são observados durante as divisões celulares e que estão unidos por um
centrômero comum.
Crossing-over: mecanismo que possibilita a recombinação de genes ligados
por meio de troca de partes entre cromátides não irmãs de cromossomos
homólogos.
Cruzamento teste: é um tipo de cruzamento cuja finalidade é identificar se um
indivíduo desconhecido é homozigótico e comprovar a segregação ou a
distribuição de dois ou mais genes. Para isso, cruza-se este indivíduo com um
testador homozigótico para os alelos recessivos envolvidos no estudo.
Daltonismo: representa uma anomalia hereditária recessiva ligada ao
cromossomo sexual X, caracterizando a incapacidade na distinção de algumas
cores primárias, por exemplo, a situação onde a cor marrom é a indicação da
leitura visual realizada por um portador daltônico, quando a real percepção
deveria ser a verde ou vermelha.
Diploides: indivíduo ou célula que possui um genoma em duplicata, ou seja, os
cromossomos homólogos ocorrem aos pares.
Distrofia muscular de Duchene: é a designação coletiva de um grupo de
doenças musculares hereditárias ligadas ao cromossomo sexual X,
progressivas, sendo sua principal característica a degeneração da membrana
que envolve a célula muscular, causando sua morte, afetando os músculos
137
causando fraqueza. Essa fraqueza muscular, dependendo do tipo de distrofia,
afeta grupos de músculos diferentes e tem velocidade de degeneração
variável.
Duplos recombinantes: indivíduos gerados por dois crossing-over no mesmo
cromossomo.
Emasculação: ato de eliminar os gametas masculinos antes da fecundação.
Fenilcetonúria: é uma doença genética caracterizada pelo defeito ou ausência
da enzima fenilalanina hidroxilase.
Fenótipo: formas alternativas de expressão de uma característica. Essa
expressão depende do genótipo e do ambiente.
Gametogênese: mecanismo que promovem a produção dos gametas.
Genes: segmento de DNA, situada numa posição específica de um
determinado cromossomo, que participa da manifestação fenotípica de um ceto
caráter.
Genótipo: constituição genética de um indivíduo.
Hemizigotos: condição na qual o indivíduo diploide é portador de apenas um
dos alelos de um gene. Pode ocorre no caso de herança ligada ao sexo ou em
consequência de deleção.
Hemofilia: é uma doença genética ligada ao cromossomo X que se caracteriza
por desordem no mecanismo de coagulação do sangue.
Homozigotos: indivíduo que apresenta alelos iguais.
Heterozigoto: indivíduo que apresenta alelos diferentes de um mesmo gene.
Linhagens puras: indivíduo ou grupo de indivíduos com um único genótipo
homozigótico em todos os locos.
Panmítica: população grande que se reproduz por acasalamento ao acaso.
Quiasmas: manifestação citológica da ocorrência do crossing over
Recombinantes: um indivíduo ou célula cujo genótipo é produzido por
recombinação.
138
PARA FINALIZAR...
O modo como se dá a transmissão dos caracteres herdáveis só foi
elucidado há cerca de 150 anos, graças aos trabalhos de Mendel, intitulado
“pai da genética”. Há exatos 60 anos atrás a molécula de DNA era descrita.
Embora pudéssemos perceber a Genética é uma Ciência Moderna é
indiscutível os avanços já proporcionados na saúde e na agricultura.
Nas unidades que se passaram foram abordados os principais temas
de Genética Básica, fornecendo conhecimentos fundamentais ao estudo de
herança das características herdáveis e suas interações com o meio, bem
como da diversidade no mundo que nos cerca.
Na Unidade I foram apresentados os princípios da genética
Mendeliana bem como as variações observadas, seguida, na Unidade II, pela
descrição dos mecanismos celulares, que explicam os princípios de Mendel
bem como as causas das variações cromossômicas estruturais e numéricas.
Ligação gênica, crossing-over e mapeamento cromossômico
compuseram a Unidade III. Na Unidade IV, foram abordados os sistemas de
determinação do sexo e o modo de herança dos caracteres ligados ao sexo. A
natureza bioquímica dos genes, o modo de organização do DNA, a replicação,
transcrição e tradução da informação genética foram analisadas na Unidade V,
bem como as causas e consequências da variação em nível molecular. Por
fim, foram apresentados na Unidade VI os conceitos e aplicações inerentes à
genética quantitativa e de populações.
Devido ao grande volume de conteúdo e a importância indiscutível da
Genética para o progresso, ao chegar ao final desta obra faz-se necessário,
que você leitor, reveja as unidades apresentadas, e nas páginas que se
seguem, destaquem o que considerar mais relevante para consultas
posteriores.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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aprendizagem de genética. 2ª ed. Viçosa: Editora UFV, 326p. 2011.
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