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MARCOS FABIANO ROCHA GRIJÓ

FLORESTAS DE PROTEÇÃO:
UTILIZAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E INDICADORES DE RECUPERAÇÃO

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências


Florestais da Universidade Federal de Lavras, como parte das
exigências do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão e
Manejo Ambiental em Sistemas Florestais, para obtenção do
título de especialista em Gestão e Manejo Ambiental em
Sistemas Florestais.

Orientador

_______________________________

LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2010
MARCOS FABIANO ROCHA GRIJÓ

FLORESTAS DE PROTEÇÃO:
UTILIZAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E INDICADORES DE RECUPERAÇÃO

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências


Florestais da Universidade Federal de Lavras, como parte das
exigências do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão e
Manejo Ambiental em Sistemas Florestais, para obtenção do
título de especialista em Gestão e Manejo Ambiental em
Sistemas Florestais.

Orientador

_______________________________

APROVADA em _____ de _________ de _______.

Prof. ______________________

Prof. ______________________

LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2010

SUMÁRIO

RESUMO .....................................................................................................................................i

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................01
2 REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................................................03
2.1.................................................................. Degr
adação Ambiental ..........................................................................................................................03
2.2.................................................................. Impo
rtância das florestas de proteção ....................................................................................................04
2.3.................................................................. Técni
cas para implantação de floresta de proteção .................................................................................04
2.3.1 Os grupos ecológicos e a sucessão florestal .................................................................05
2.3.2 Composição e arranjo ..................................................................................................07
2.3.3 Espaçamento ................................................................................................................09
2.3.4 Preparo do solo ............................................................................................................10
2.3.5 Plantio ..........................................................................................................................10
2.3.6 Definições de espécies .................................................................................................11
2.3.7 Proteção das nascentes .................................................................................................12
2.3.8 Manutenção .................................................................................................................12
2.3.9 Capina ..........................................................................................................................13
2.3.10.............................................................Adub
ação em cobertura ........................................................................................................13
2.3.11.............................................................Comb
ate à formiga ................................................................................................................14
2.3.12.............................................................Proteç
ão contra o fogo ...........................................................................................................14
2.4 Indicadores e monitoramento da recuperação ................................................................15
2.4.1 Regeneração natural ...................................................................................................15
2.4.2 Banco de sementes .....................................................................................................16
2.4.3 Produção de serapilheira ............................................................................................16
2.4.4 Chuva de sementes .....................................................................................................16
2.4.5 Abertura de dossel ......................................................................................................17

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................19


RESUMO

O processo de ocupação do Brasil resultou num elevado nível de destruição dos recursos naturais,
inclusive das floretas. Porém a ação antrópica não é a exclusiva causa da degradação da cobertura
florestal, os processos naturais também interferem nas mudanças ambientais. No entanto quando há
interferência do homem, os processos ditos naturais tendem a ter uma conseqüência muito maior.
Seguindo o ritmo da crescente degradação ambiental e a legislação que vem cobrando a obrigação da
recuperação de áreas de proteção, a implantação de florestas de proteção passa a ser uma prioridade.
Para uma melhor eficiência da implantação dessas florestas, devem-se conhecer as espécies e suas
funções. O presente trabalho apresenta o resultado de uma revisão bibliográfica feita pelo autor, onde
cita a importância e os benefícios dessas florestas de proteção, espécies e suas funções separadas por
grupos ecológicos. Os métodos e técnicas de implantação de florestas. Faz menção dos indicadores de
recuperação florestal de uma área degradada.

i
1 INTRODUÇÃO

O processo de ocupação do País caracterizou-se pela falta de planejamento e considerável


destruição dos recursos naturais, particularmente das florestas. Ao longo da historia do Brasil, a
cobertura florestal nativa, representada pelos diferentes biomas, foi sendo fracionada, cedendo espaço
para as pastagens, culturas agrícolas e as cidades.
Apesar da reconhecida importância ecológica nos dias atuais, as florestas e outros ecossistemas
continuam sendo eliminados, cedendo lugar para a especulação imobiliária, para a agricultura e a
pecuária e, em muitos casos, sendo transformadas apenas em áreas degradadas, sem qualquer tipo de
atividade produtiva. (MARTINS, 2009)
Em função de maior conscientização ambiental da sociedade e do aprimoramento da legislação
ambiental, as florestas de proteção vêm recebendo uma crescente e merecida atenção nos últimos anos.
Apesar de ainda vivermos uma fase de muito discurso, é cada vez mais normal encontramos exemplos
de ações visando a conservação e a implantação de florestas de proteção.
De acordo com Botello (2001), vários são os benefícios de uma floresta. Em um solo coberto
por mata, a erosão é praticamente nula. As copas das árvores protegem o solo, interceptando as gotas
de chuva. Na superfície do solo, a serapilheira amortece a queda das gotas de água, diminuindo o
choque e dificultando o caminhamento da água sobre o solo, dando mais tempo para que ela se infiltre.
No interior do solo o enriquecimento em matéria orgânica torna-o menos denso e capaz de absorver e
reter maior quantidade de água.
O plantio de florestas em encostas melhora as propriedades físico-hidrológicas dos solos, no
que se refere à estruturação, infiltração e percolação; abastece o lençol freático; estabiliza as encostas,
principalmente através do desenvolvimento do sistema radicular, que forma um obstáculo físico,
aumentando a resistência ao deslizamento; minimiza o processo erosivo dos solos e reduz o
assoreamento dos cursos d’água. (BOTELLO, 2001)
Segundo Botello (2001), as florestas situadas próximas aos cursos d’água (matas ciliares) são
sistemas que funcionam como reguladores do fluxo de água, sedimentos e nutrientes entre os terrenos
mais altos da bacia hidrográfica e o ecossistema aquático. Desta forma atuam como filtro, o qual se
encontra situado justamente entre as partes mais altas da bacia, normalmente utilizadas pelo homem
para a agricultura e urbanização, e a rede de drenagem, onde se encontra o recurso natural mais
importante do ponto de vista do suporte da vida, que é a água.
De acordo com Botello (2001), as florestas de proteção, quando bem manejadas, proporcionam
ainda os seguintes benefícios, entre outros:
• Regularização da vazão dos cursos d’água
• Conservação da biodiversidade
• Estabelecimento de habitats para a vida silvestre
• Criação de espaços para a recreação
1
• Proteção de áreas urbanas das poluições do ar e sonora
• Proteção de áreas agrícolas e urbanas da ação dos ventos
• Fixação de carbono da atmosfera
• Efeito visual positivo.

Apesar de ser a principal característica de uma floresta de proteção a conservação dos recursos
naturais, também proporcionam retorno econômico, porém, indireto e de difícil quantificação. São
benefícios ambientais certamente de grande importância econômica, mas de difícil mensuração.
Além dos modelos e técnicas de implantação de florestas de proteção propostas neste estudo, é
fundamental a intensificação de ações na área da educação ambiental, visando conscientizar tanto as
crianças quanto os adultos sobre os benefícios da conservação das florestas e de outros ecossistemas
naturais.
O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão de literatura sobre a implantação de florestas
de proteção e os indicadores de recuperação.

2
2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Degradação ambiental

O ambiente pode ser considerado como o espaço onde se desenvolve a vida vegetal e animal
(inclusive o homem). O processo histórico de ocupação desse espaço, bem como suas transformações,
em uma determinada época e sociedade faz com que esse meio ambiente tenha caráter dinâmico.
Dessa forma, o ambiente e alterado pelas atividades humanas e o grau de alteração de um espaço, em
relação a outro, é avaliado pelos seus diferentes modos de produção e/ou diferentes estágios de
desenvolvimento da tecnologia (GUERRA e CUNHA, 2003).
A ação do homem não é a única causa da degradação no meio ambiente. Os processos naturais
também interferem nessa mudança do ambiente. Porém a atuação do homem interfere na evolução da
degradação. De acordo com Guerra e Cunha (2003) os processos naturais, como formação dos solos,
lixiviação, erosão, deslizamentos, modificação do regime hidrológico e da cobertura vegetal, entre
outros, ocorrem nos ambientes naturais, mesmo sem a intervenção humana. No entanto, quando o
homem desmata, planta, constrói, transforma o ambiente, esses processos, ditos naturais, tendem a
ocorrer com intensidade muito mais violenta e, nesse caso, as conseqüências para a sociedade são
quase sempre desastrosas.
Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de recuperação natural após
distúrbios, ou seja, perde sua resiliência. Dependendo da intensidade do distúrbio, fatores essenciais
para a manutenção da resiliência como, banco de plântulas e de sementes no solo, capacidade de
rebrota das espécies, chuva de sementes, dentre outros, podem ser perdidos, dificultando o processo de
regeneração natural ou tornando-o extremamente lento. (MARTINS, 2001)
Em ternos de extensão, as atividades agropecuárias são as principais degradadoras dos solos. O
pastoreio excessivo provoca empobrecimento e compactação dos solos, deixando-o propenso ao
estabelecimento de processos erosivos. As práticas agrícolas sem adoção de medidas de conservação
também contribuem para a queda da qualidade das características físicas, químicas e biológicas do
solo. (BOTELHO, 2001)
Os danos causados à mata ciliar podem variar desde a simples retirada de algumas espécies até
a total destruição da floresta e mesmo do solo. Em situações em que o dano é restrito, a retirada do
fator de degradação ou a reintrodução de uma ou outra espécie podem permitir que o ecossistema
retorne a sua composição original. Todavia essa não é a situação mais comum, em geral o que ocorre é
uma grande destruição do ecossistema. Nestes casos, mesmo com grande esforço e aplicação de
recursos, o ecossistema restaurado não é exatamente igual ao original. (ATTANASIO, 2006)
A intensa degradação intensifica a necessidade de adoção de técnicas e de modelos de
recuperação, no intuito de restabelecer uma vegetação que proteja o solo e o curso d’água.

2.2 Importância das florestas de proteção

3
Com o intenso desmatamento ocorrido no passado, áreas que deveriam abrigar florestas,
conforme exigência do código florestal, como topos de morro e matas ciliares, foram destinadas a
outros usos, muitas vezes inadequados, trazendo sérios prejuízos ao ecossistema como um todo,
tornando-se necessária sua recuperação com o plantio de espécies nativas da região (GONÇALVES,
2006).
Embora a legislação atual recomende a implantação de matas ciliares no perímetro de lagos
artificiais, na maioria das vezes o uso e ocupação destes solos vem sendo destinados,
inadequadamente, à agricultura, pecuária e lazer. Isto favorece os processos erosivos com o
conseqüente acúmulo de sedimentos e diminuição da vida útil dos reservatórios, perdas do horizonte
fértil do solo e redução da qualidade da água com efeito sobre a ictiofauna. (TOGORO, 2007)
Florestas de proteção são aquelas que têm como objetivo principal a proteção de recursos
naturais e a melhoria da qualidade ambiental, ao passo que as florestas de produção, como as de
eucalipto e pinus, têm por objetivo maior o retorno econômico, através de seus produtos, como carvão,
celulose, resina e lenha. (BOTELHO, 2001)
As matas nativas das margens dos rios são constituídas por árvores, arbustos, sub-bosque,
bambual, macegas e maciços cerrados, que protegem o solo, além disso, os galhos pendentes oferecem
sombreamento e ambiente adequado para a fauna aquática, abrigo à fauna terrestre e aves,
principalmente no verão e na estiagem quando todos os animais procuram a água. (TOGORO, 2007)
As florestas ciliares entre outros papéis ecológicos, atuam na contenção de enxurradas, na
infiltração do escoamento superficial, na absorção do excesso de nutrientes, na retenção de sedimentos
e agrotóxicos, colaboram na proteção da rede de drenagem e ajudam a reduzir o assoreamento da calha
do rio, favorecem o aumento da capacidade de vazão durante a seca. (ATTANASIO, 2006)
Essas florestas de proteção têm um papel importante por fornecerem matéria orgânica para os
microhabitats dentro dos cursos d´água e por protegerem as espécies da flora e fauna. Além de
atuarem como um filtro natural para possíveis contaminações por produtos químicos, decorrentes do
uso de fertilizantes e agrotóxicos. Os cursos d’água que possuem uma floresta de proteção são menos
impactados pela ação do homem e pelos agentes naturais. Estas florestas formam longos corredores de
vegetação protegendo os rios, sendo necessária para o equilíbrio dos ecossistemas e para a manutenção
da biodiversidade.

2.3 Técnicas para implantação de floresta de proteção

O reflorestamento e a recuperação de áreas degradadas em decorrência de distúrbios


antrópicos têm sido muito estudados atualmente. A sucessão florestal é o conceito mais utilizado nos
modelos de regeneração artificial de florestas de proteção, ou seja, procura-se reproduzir o processo
pelo qual as espécies se regeneram nas florestas naturais.

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Segundo FERREIRA (2009) O entendimento de como as diferentes condições da floresta,
desde as clareiras até a mata fechada, são ocupadas por diferentes grupos de espécies, pode orientar a
forma como as espécies podem ser associadas. (FERREIRA, 2009)
Um dos maiores desafios na recomposição de matas ciliares está em encontrar técnicas
adequadas de revegetação para uma determinada área e situação (RESENDE, 1998). Para isso, é
necessário identificar as áreas que podem ser trabalhadas facilmente, as que podem ser melhoradas e,
ainda, as que não apresentam aptidão para a formação de uma cobertura arbórea (DUTRA, 2005).
Quando o objetivo principal é a proteção ambiental, o plantio com espécies nativas é o mais
adequado. Este método de regeneração pode ser por plantios de mudas, onde as principais vantagens
são a garantia da densidade de plantio, pela alta sobrevivência e pelo espaçamento regular obtido.
Porém a qualidade morfo-fisiológica da muda é um dos principais fatores responsável pelo sucesso do
plantio. Por isso, garantir a qualidade da muda e a qualidade do viveiro de onde vão ser obtidas as
mudas é garantir a regeneração do plantio.
O processo de semeadura direta é outro método de regeneração, onde é importante identificar
quais são as limitações que impossibilitam a germinação das sementes nas condições naturais do
campo.
Os principais fatores que interferem o estabelecimento das sementes e de suas plântulas são:
características do solo, competição com ervas daninhas e com gramíneas, predação e qualidade das
sementes. O solo deve ser analisado e preparado para cada situação de regeneração, diminuído assim
as barreiras físicas e aumentando sua umidade para as sementes. A proteção das sementes e plântulas
na fase inicial contras as ervas daninhas e gramíneas é de grande importância para garantir a
germinação e o crescimento das espécies arbóreas. A qualidade dessas sementes também tem grande
valor, pois sementes de baixo vigor podem não germinar ou originar plântulas fracas que não
conseguem se estabelecer.

2.3.1 Os grupos ecológicos e a sucessão florestal

É importante a separação das espécies em grupos ecológicos para o manuseio do grande


número de espécies. O principal critério utilizado para a classificação das espécies tem sido a resposta
à luz das clareiras ou ao sombreamento do dossel. Os grupos são então formados mediante o
agrupamento por funções semelhantes e pelas exigências de cada espécie.
De acordo com Macedo (1993), o primeiro grande grupo, que é o das pioneiras, tem rápido
crescimento, germinam e se desenvolvem a pleno sol, produzem precocemente muitas sementes
pequenas, normalmente com dormência, as quais são predominantemente dispersadas por animais.
O segundo grande grupo, que é o das climácicas, têm crescimento lento, germinam e se
desenvolvem à sombra e produzem sementes grandes, normalmente sem dormência. São denominadas
também tolerantes, ocorrendo no sub-bosque ou no dossel da floresta. As espécies deste grupo

5
ocorrem também em pequeno número, com médias e altas densidades de indivíduos. (MACEDO,
1993)
Para a implantação de uma floresta de proteção ter maiores chances de resultados satisfatórios,
procura-se reproduzir a situação que ocorreria em uma floresta após passar por um processo simples
de degradação. A floresta quando sofre um corte raso, inicia-se o processo de sucessão florestal.
Segundo Botelho (2001), esta sucessão tem início com a colonização da área pelas espécies pioneiras,
cujas sementes já se encontravam no banco de sementes, muitas delas dependendo apenas da entrada
de luz para que pudessem germinar. Sementes de espécies clímax também germinam nesse primeiro
instante, sobretudo as clímax exigentes de luz, mas em menor intensidade, uma vez que as sementes
de espécies pioneiras estão no banco em numero muito maior.
As espécies pioneiras têm um ritmo de crescimento inicial rápido e intenso, proporcionando
uma rápida cobertura do solo. Os animais atraídos pelos frutos trazem consigo sementes de espécies de
outras florestas, contribuindo para a diversidade e o enriquecimento da regeneração natural nesta
floresta inicialmente degradada.
Com um ritmo de crescimento mais lento, as clímax crescerão abaixo das pioneiras, até
alcançarem o dossel da floresta, quando então as pioneiras estarão atingindo o fim do seu ciclo, e com
sua morte, serão gradativamente substituídas pelas clímax. Assim, completa-se a sucessão e a floresta
adquire uma fisionomia parecida com a que possuía antes do distúrbio. (BOTELHO, 2001)
As características principais das espécies pioneiras e clímax encontram-se na tabela 01. Trata-
se de características gerais, pois nem todas as espécies de um dado grupo terão sempre todas as
características do grupo. Portanto, geralmente uma espécie classificada em determinado grupo
ecológico apresenta a maior parte das características inerentes àquele grupo.

Tabela 01: Características das espécies pioneiras, clímax exigentes de luz e clímax tolerantes à
sombra.
Características Pioneiras Clímax Exigentes de Clímax Tolerantes à
luz Sombra
Exigência de luz para Exige Exige Não exige
germinar
Exigência de luz para o Exige Exige O individuo jovem não
crescimento exige, mas o adulto é
heliófilo
Ritmo de crescimento Rápido Moderado/Lento Lento
Longevidade Curta Média/Extensa Extensa
Madeira Leve Pesada Pesada
Período juvenil Curto (Frutificação Médio Longo
precoce
Continua...
Continuação...

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Características Pioneiras Clímax Exigentes de Clímax Tolerantes à
luz Sombra
Tamanho das sementes Pequeno Médio Grande
Síndrome Anemocórica e Anemocórica e Zoocórica e Barocórica
predominante de Zoocórica Zoocórica
dispersão de sementes
Dormência de Geralmente presente Presente/Ausente Geralmente ausente
sementes
Classificação das Ortodoxas Ortodoxas/Recalcitrante Recalcitrantes
sementes quanto à s
capacidade de
armazenamento

2.3.2 Composição e arranjo

A composição e o arranjo do plantio dizem respeito ao número de espécies a serem plantadas,


as proporções de cada grupo ecológico e a distribuição desses grupos numa determinada área,
procurando reproduzir o que aconteceria de forma natural no ecossistema no início do processo de
sucessão.
Do ponto de vista ambiental, os plantios feitos aleatoriamente, sem critérios técnicos,
apresentam menores chances de atingir um resultado satisfatório. Por isso para o plantio das diferentes
espécies nativas devem-se levar em conta vários fatores como: as exigências das espécies, sua
adaptação às condições locais e o conhecimento prévio da área a ser regenerada.
Vários modelos vêm sendo utilizados na recomposição da vegetação ciliar, destacando-se o
uso dos conceitos de sucessão florestal. Segundo PEREIRA (1999) o sistema de plantios mistos
compostos de espécies arbóreas de diferentes estádios da sucessão (espécies pioneiras, clímax
exigentes de luz e clímax tolerantes à sombra) é defendido por vários autores por assemelhar-se à
floresta natural composta de um mosaico de estádios sucessionais. (PEREIRA, 1999)
A partir de plantios experimentais, Botelho et al. (1995) indicam como a melhor combinação
para implantação de matas ciliares e plantios em áreas degradadas a utilização de 50% de espécies
pioneiras (P), 40% de clímax exigentes de luz (CL) e 10% de clímax tolerantes à sombra (CS). A
seleção de espécies deve se basear em levantamentos florísticos dos fragmentos remanescentes da
região em questão considerando-se as características dos sítios quanto aos aspectos físico-químicos e
de umidade do solo. (Figura 01)

7
Figura 01: Distribuição das mudas na área, no espaçamento indicado e em quincôncio, alternando
linhas de espécies pioneiras com linhas de espécies clímax.

De acordo com Botello (2001) com essa proporção (50%, 40% e 10%), para o reflorestamento
de 1 hectare, no espaçamento de 1,5 x 3 m, seriam necessárias 2.222 mudas, sendo 1.111 de espécies
pioneiras; 889 mudas de espécies clímax exigentes de luz e 222 mudas de clímax tolerantes à sombra.
Botello (2001) cita outras opções de composição:
• 50% de mudas de espécies pioneiras e 50% de espécies clímax exigentes de luz.
(Figura 02)
• 75% de mudas de espécies pioneiras e 25% de espécies clímax tolerantes à sombra.
(Figura 03)
• 100% de mudas de espécies pioneiras (Figura 04), sendo que nesse caso, o
recobrimento do solo ocorre em um menor tempo, diminuindo a necessidade de
manutenção. Essa pode ser uma boa estratégia, quando a área que esta sendo
reflorestada encontra-se ladeada por outras matas, o que intensificará a chegada de
sementes, garantindo o aumento da diversidade.

Figura 02: Distribuição das mudas na área, alternado mudas de espécies pioneiras com mudas de
espécies clímax exigentes de luz.
8
Figura 03: Distribuição das mudas na área, alternando linhas de espécies pioneiras com linhas de
espécies pioneiras e clímax tolerantes à sombra.

Figura 04: Distribuição das mudas na área, no espaçamento indicado e em quincôncio, utilizando
apenas espécies pioneiras.

2.3.3 Espaçamento

O espaçamento, ou seja, número de plantas por hectare depende da qualidade do sitio, das
espécies a serem plantadas e dos objetivos do plantio. Para a implantação de florestas de proteção em
sítios de pior qualidade o espaçamento entre as plantas deve ser menor, para obter melhor resultado,
como o rápido recobrimento do solo e o sombreamento das espécies clímax, proporcionado pelas
copas das espécies pioneiras.
Sítios com melhor qualidade, os espaçamentos entre as plantas pode ser maior, pois o
crescimento dessas plantas oferece o recobrimento do solo em um tempo desejável, mesmo com uma
distância maior entre elas. Porem, para a redução de custos de manutenção, o espaçamento pode ser
menor, mesmo em sítios de melhor qualidade, pois assim o fechamento das copas iria acontecer mais
cedo, proporcionando a eliminação natural da vegetação competidora e a menor necessidade de
capinar o local.

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No entanto, não existem estudos conclusivos sobre esse assunto, para que possa ser tomados
como certos exemplos a seguir. Segundo Botelho (2001), resultados obtidos em plantios experimentais
nem sempre podem ser extrapolados para outros locais, devido à heterogeneidade de ambientes,
micro-ambientes, práticas silviculturais e espécies usadas.

2.3.4 Preparo do solo

Vários são os objetivos do preparo do solo, mas prioritariamente ele deve ser efetuado para
melhorar as condições físicas do solo, reduzir as ervas daninhas e facilitar o plantio. O preparo pode
aumentar a taxa de mineralização da matéria orgânica, melhorando a fertilidade do solo no plantio;
melhorar a capacidade de retenção da água no solo ou sua drenagem; quebrar camadas impermeáveis
ao longo do perfil do solo, reduzindo sua densidade aparente e sua resistência à penetração de raízes,
aumentando a aeração, melhorando a porosidade em solos compactados e favorecendo o crescimento
radicular; diminuir o escoamneto superficial (no caso de áreas declivosas), ou encharcamento – no
caso de terrenos planos. (LISBOA JR., 1988)
O ideal é que o preparo da área de plantio seja feito antes do inicio da estação chuvosa, para
que o plantio aconteça juntamente com as primeiras chuvas, aumentando as chances de sobrevivência
das mudas e proporcionando um maior ritmo de crescimento inicial.
As etapas que compõem o preparo do solo variam de acordo com a situação do local. Em áreas
muito declivosas, o coveamento manual é a única operação realizada. Quando a declividade permite a
mecanização, as etapas são aração e gradagem e, se posivel, sulcamento, o qual deve ser feito em
nível, perpendicular ao sentido da declividade, para que cada sulco funcione como um “mini terraço”,
ajudando a reter o escoamento superficial das águas pluviais. Outra vantagem dos sulcos é facilitar a
marcação e abertura das covas no espaçamento determinado, com maior uniformidade. Se for
necessário, deve-se proceder a construção de terraços, em nível ou em gradientes, visando uma maior
conservação do solo na área plantada (BOTELHO, 2001)

2.3.5 Plantio

A realização de um plantio com as técnicas certas é de grande importância na regeneração da


floresta de proteção, já que este plantio mal executado pode resultar em elevadas taxas de mortalidade
das mudas, o que coloca em risco a floresta.
É importante na hora do plantio misturar uma parte da terra retirada da cova com o fertilizante
e voltar com essa mistura para a cova, fazendo com que a muda não entre em contato direto com
fertilizante e sofra algum dano. Deve-se observar a altura do colo da planta, este deve ficar no mesmo
nível do solo, ou um pouco abaixo, para que não ocorra o soterramento e nem que o escoamento
superficial remova o solo ao redor dessa muda, e faça com suas raízes fiquem expostas e a muda
venha a morrer.

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2.3.6 Definição das espécies

Deve se plantar espécies nativas com ocorrência em florestas de proteção da região. Plantar o
maior número possível de espécies para gerar alta diversidade florística, na tentativa de reproduzir ao
máximo o ambiente natural. Plantar espécies atrativas à fauna e respeitar a tolerância das espécies à
umidade do solo. (Tabela 02)
Florestas com maior diversidade apresentam maior capacidade de recuperação, melhor
ciclagem de nutrientes, maior atratividade à fauna, maior proteção ao solo contra processos erosivos e
maior resistência a pragas e doenças. No planejamento da revegetação, deve-se considerar, também, a
relação da vegetação com a fauna, que atuará na polinização e dispersão de sementes, contribuindo
com a própria regeneração natural. Espécies regionais, com frutos comestíveis pela fauna, ajudarão a
recuperar as funções ecológicas da floresta (MARTINS, 2001).

Tabela 02: Algumas espécies usadas em reflorestamento na região do Leste de Minas Gerais.
Nome científico Nomes vulgares Grupo ecológico
Acnistus arborescens Marianeira Pioneira
Aegiphila sellowiana Papagaio ou tamanqueira Pioneira
Anadenanthera macrocarpa Angico vermelho Climaxes
Albizia haslerii Farinha seca Intermediária
Apulea leiocarpa Garapa Climaxes
Caesalpinia echinata Pau Brasil Climaxes
Caesalpinia ferrea Pau ferro Climaxes
Cariniana legalis Jequitibá rosa Climaxes
Cassia ferruginea Canafístula de fava Intermediária
Cecropia (diversas espécies) Embauba Pioneira
Cedrela fissilis Cedro Climaxes
Centrolobium robustus Araribá Climaxes
Copaifera langsdorfii Copaiba Climaxes
Croton floribundus Capixingui Pioneira
Croton urucurana Sangra d’agua Pioneira
Cytharexylum myrianthum Pombeira Pioneira
Dalbergia nigra Jacaranda da Bahia Intermediária
Eriotheca candolleana Catuaba branca Intermediária
Erythrina verna Mulungu Intermediária
Gallesia intergrifolia Pau dalho Climaxes
Genipa americana Jenipapo Intermediária
Hortia arbórea Paratudo Climaxes
Hymeneae courbaril Jatobá Climaxes
Inga edulis Ingá Intermediária
Joanesia princeps Cutieira ou boleira Climaxes

Continua...
Continuação...

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Nome científico Nomes vulgares Grupo ecológico
Lecythis lúrida Inuiba Climaxes
Lecythis pisonis Sapucaia Climaxes
Melanoxylon brauna Brauna preta Climaxes
Myroxylon balsamum Cabreúva, Balsamo Intermediária
Ocotea spichiana Canela branca Intermediária
Paratecoma peroba Peroba do campo Climaxes
Piptadenia gonoacantha Angico jacaré Pioneira
Plathymenia foliosa Vinhatico Climaxes
Pterogyne nitens Amendoim do mato Intermediária
Pterygota brasiliensis Pau rei Climaxes
Senna alata Fedegoso gigante Pioneira
Senna macranthera Fedegoso Pioneira
Schinus terebinthifolius Aroeira vermelha Intermediária
Schizolobium parahyba Guapuruvu Intermediária
Sparattosperma leucanthum Caroba branca Intermediária
Spondias monbin Caja mirim Pioneira
Tabebuia avellanedae Ipê roxo Intermediária
Tabebuia chrysotricha Ipê amarelo do cerrado Intermediária
Tabebuia serratifolia Ipê amarelo da mata Climaxes
Tabernaemontana Leiteira Pioneira
fushiaefolia

2.3.7 Proteção das sementes

Na semeadura direta é importante proteger as sementes para evitar perdas decorrentes por
predadores como as formigas e os pássaros, perdas que ocorrem desde a semeadura até a fase de muda
e também perdas pela movimentação do solo provocado pela chuva, e pelo escoamento superficial,
que enterra a semente, dificultando seu crescimento.
A utilização de protetores físicos sobre as sementes tem como objetivo propiciar melhorias na
germinação das sementes e sobrevivência das mudas e, também, criar um microambiente para o
crescimento das plantas jovens. O uso de protetores, tanto o laminado de madeira, como o copo
plástico sem fundo, propiciou um aumento significativo na emergência e sobrevivência de mudas em
povoamentos de Pinus taeda. Foi verificada, ainda, menor ocorrência de soterramento de sementes,
quando da movimentação do solo decorrente da água da chuva (MATTEI, 1997).

2.3.8 Manutenção

Ao dar início à atividade de revegetação em áreas de florestas de proteção, é importante


considerar que, através deste trabalho, somente se estará fornecendo os ingredientes iniciais
necessários para o início de um processo de restauração da área. A manutenção e proteção das matas,
após essa fase, darão condições para que a natureza se encarregue da continuidade do processo.
(MACEDO, 1993)
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A falta de manutenção da área onde esta implantando a floresta de proteção pode comprometer
o futuro da mesma. As operações de manutenção realizadas após o plantio das mudas podem ser
entendidas como: capina, adubação em cobertura e combate à formiga. Estas operações de
manutenção deve se estender pelo tempo que for necessário, geralmente até o segundo ano.

2.3.9 Capina e coroamento

As plantas invasoras aumentam a diversidade biótica do ecossistema, incrementando as


possibilidades de equilíbrio ecológico local. No entanto, na maioria dos casos, as populações das
plantas invasoras atingem elevadas densidades populacionais e passam a condicionar fatores que são
negativos ao crescimento das mudas plantadas, como a competição pelos recursos essenciais ao
crescimento, como água, luz e nutrientes (MARCHI ET AL., 1995).
Dessa forma exige-se o coroamento, que deverá ser feito um círculo em volta da muda
medindo 1 m de uma extremidade a outra, ou seja, com 0,5 m de raio, sempre mantendo a vegetação
das entrelinhas roçadas.

2.3.10 Adubação em cobertura

Adubação em cobertura, ou adubação de manutenção, é aquela realizada após o plantio,


geralmente no início da próxima estação chuvosa, quando as plantas apresentam algum sintoma de
deficiência nutricional. Essa situação é comum em sítios de pior qualidade, principalmente em áreas
degradadas. Somente uma analise da situação, feita por um técnico da área, pode determinar a
necessidade de uma adubação em cobertura, bem como os fertilizantes e dosagens a serem aplicados.
(BOTELHO, 2001)
De acordo com citações de Furtini Neto et al. (2000), a aplicação de 20g de N, 40g de P 2O5 e
30g de K2O por cova, eleva consideravelmente o crescimento de algumas espécies florestais nativas.
Os valores aproximados referentes à citação anterior são 100g de sulfato de amônio, 200g de super-
fosfato simples e 50g de cloreto de potássio. Por ser em nascentes, a utilização de adubos orgânicos
devidamente curtidos e disponíveis na propriedade pode reduzir os custos e evitar riscos de
contaminação do lençol freático
Além do uso de fertilizantes poder representar uma parcela considerável do custo de
implantação de florestas, existe um risco ambiental, quando a adubação é realizada sem critérios
adequados, em virtude da natureza dos produtos.
Deve-se ressaltar que o adequado fornecimento de nutrientes contribui sobremaneira para um
rápido, completo e equilibrado estabelecimento da vegetação introduzida, fator precípuo à finalidade
de proteção eletiva para o ambiente das áreas de implantação destas florestas. (BOTELHO, 2001)

13
2.3.11 Combate à formiga

As formigas cortadeiras constituem um dos problemas fitossanitários mais graves no Brasil e


podem causar grandes prejuízos em áreas agrícolas, pastoris e florestais. (SILVA, 2008)
As formigas cortadeiras, conhecidas como saúvas (Atta spp) e quem-quéns (Acromyrmex spp)
são as principais pragas que comprometem o sucesso do plantio no início de formação da floresta. O
controle dessas formigas deve ser feito antes de iniciar o plantio, durante e depois, até que seja
necessário. O combate com o uso de iscas granuladas, formicidas em pó ou termonebulizador deve se
estender não só a área de plantio, mas nas reservas e ao redor da área plantada.
As porções de isca devem ser colocadas sobre folhas, cascas secas de árvores, telhas ou em
pedaços de bambu para proteger o produto da umidade. (SILVA, 2008)
Sempre que possível, a isca deve ser coberta para evitar a contaminação de animais. As iscas
devem ser aplicadas ao lado da trilha, a mais ou menos 20 cm dos olheiros. A aplicação deve ser feita
em dias secos e em formigueiros ativos, de preferência com as formigas cortando e carregando folhas
para o interior do ninho (bem cedo ou no final do dia). (SILVA, 2008)

Segundo Silva (2008), alguns pontos importantes devem ser considerados:


• Não armazenar as iscas granuladas junto com produtos que exalem odores, para que
não haja contaminação e/ou rejeição pelas formigas.
• Na hora da aplicação, a isca não deve ser tocada com as mãos, para evitar a
contaminação do aplicador e da isca. A aplicação deve ser feita com um medidor,
como uma colher ou colmo de bambu, por exemplo.

2.3.12 Proteção contra o fogo

De acordo com Ribeiro (2002), aceiros são faixas de terra, de largura variável, sem cobertura
vegetal viva ou morta, destinadas a quebrar a continuidade do material combustível e deter a
propagação do fogo. É uma técnica embasada na eliminação de um dos componentes do triangulo do
fogo, o material combustível.
Segundo RIBEIRO (2002) a largura dos aceiros depende das condições locais, mas,
normalmente, devem ser considerados o tipo de vegetação e a topografia. De forma geral, quanto mais
inclinado for o terreno e maior a densidade da vegetação, mais largo deve ser o aceiro. (Tabela 03)

Tabela 03: Largura do aceiro em função do tipo de vegetação e da declividade do terreno


Tipo de vegetação Terreno plano Terreno 70% de inclinação
Leve 4 a 12 m 12 a 20 m
Densa 12 a 20 m 20 a 35 m
Fonte: CEMIG apud RIBEIRO, 2002.

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Alem de observar o tipo de vegetação e a inclinação do terreno para a construção do aceiro,
recomenda-se que em suas bordas ou nas proximidades não apresente nenhuma vegetação cuja altura
seja superior a largura do aceiro.
Todo material vegetal cortado da área do aceiro deve ser retirado do aceiro e da sua borda,
sendo levado à mata da área subjacente.
A limpeza periódica dos aceiros é de extrema importância como medida de prevenção. De
modo geral, basta realizar a operação de limpeza no inicio da época critica para que os aceiros
atravessem todo o período de perigo de incêndio em bom estado de dormência, com pequeno ou
nenhum crescimento vegetativo. (RIBEIRO, 2002)

2.4 Indicadores e monitoramento da recuperação

O sucesso de um projeto de recuperação de uma floresta de proteção deve ser avaliado por
meio de indicadores de recuperação. Analisando os indicadores, é possível definir se o projeto
necessita de intervenções ou até mesmo ser redirecionado, visando acelerar o processo de sucessão e
de restauração das funções da floresta de proteção. Os indicadores podem também determinar o
momento em que a floresta implantada dispensa a intervenção antrópica e passa a ser auto-sustentável.
Martins (2001) cita que a implantação de um modelo de recuperação, por mais bem planejado
que seja, e com maior embasamento ecológico que tenha, não garante, necessariamente, que
determinada área ciliar terá, no futuro, uma cobertura florestal com capacidade de regeneração, com
efetiva proteção do solo e do curso d’água e atratividade à fauna.
Diversos estudos têm proposto um conjunto de indicadores de avaliação da recuperação e da
sustentabilidade dos projetos de restauração, manejo e ou implantação das florestas de proteção.
Citam-se aqui alguns indicadores de recuperação relacionados com a vegetação.

2.4.1 Regeneração natural

Martins (2001) afirma que a regeneração natural é analisada através de medições de diâmetro,
no nível do solo, e da altura das plântulas e plantas jovens, presentes em pequenas parcelas amostrais,
lançadas na floresta. Uma estratificação vertical auxilia o entendimento da dinâmica da regeneração
natural. Estudos mais detalhados determinam categorias de tamanho para a análise da regeneração.
O estudo é feito para cada espécie, assim é possível distinguir quais espécies estão bem
representadas em todas as classes de tamanho e da mesma forma, quais espécies podem estar tendo
dificuldades de regeneração. A análise da regeneração natural deve levar em conta o tempo em que a
floresta de proteção foi implantada. Se for necessário, pode haver algum tipo de intervenção.

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2.4.2 Banco de sementes

O banco de sementes compreende as sementes viáveis presentes na camada superficial do solo.


Através de uma moldura de 0,5 x 0,5cm, lançada na superfície do solo, coleta-se toda a serapilheira e o
solo, numa profundidade de 0-5 cm, que retém a maior parte das sementes. Transferindo para a casa de
vegetação e livre de contaminações externas, são fornecidas condições de luz e de umidade
necessárias para a germinação das sementes. Após um determinado tempo, as sementes germinadas
são contadas e as plântulas identificadas. (MARTINS, 2001)
Espécies pioneiras são as que normalmente formam o banco de sementes, já que estas
apresentam dispersão a longa distância. Porém espera-se que numa área com boa cobertura vegetal e
bom sombreamento estas pioneiras não encontrem condições para germinarem e se estabelecerem.
Para avaliar o sucesso de um modelo de recuperação de uma floresta analisando o banco de
sementes é importante distinguir as espécies do banco de sementes e a equivalência entre espécies
nativas e invasoras. Segundo Martins (2001), um banco rico em sementes de espécies invasoras sugere
que, frente a um distúrbio natural, como a abertura de clareias, estas espécies poderão vir a colonizar a
área, podendo competir com as espécies nativas, afetando a sustentabilidade da floresta de proteção.

2.4.3 Produção de serapilheira

O sucesso na recuperação de uma floresta pode ser analisado pelo retorno de nutrientes do solo
para as plantas, ou seja, a ciclagem de nutrientes, que se inicia com a deposição do material de origem
vegetal e em menor quantidade, o de origem animal, sua posterior decomposição e a liberação dos
nutrientes para o solo. Segundo Martins (2001) a determinação da produção de serapilheira numa
floresta é realizada através da instalação de coletores, ou seja, de caixas de madeira de 0,5 x 0,5 m ou
de 1,0 x 1,0 m, com laterais de 0,1 m e fundo em tela de náilon de malha fina (2 x 2 mm), que são
mantidas a cerca de 10cm acima da superfície do solo. Mensalmente, a serapilheira depositada nestes
coletores é retirada, separada por folhas, frutos, sementes, flores e ramos, secada em estufa e pesada.
A quantificação da produção de serapilheira na área onde foi implantada a recuperação é
importante, pois possibilita a comparação com outras florestas de proteção. Se a produção de
serapilheira da floresta de proteção em fase de regeneração está muito pequena comparada com outras
florestas, pode estar ocorrendo problemas, em nível de retorno de nutrientes para o solo.

2.4.4 Chuva de sementes

Um bom indicativo para uma área em recuperação é a abundante presença de sementes, tanto
dos grupos ecológicos de inicio de sucessão, como de final. Na regeneração de uma floresta de
proteção a presença de espécies não pioneiras é de grande importância. Por isso a ausência ou a baixa
quantidade de sementes dessas espécies na chuva de sementes significa que a floresta de proteção terá

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um grande obstáculo para se regenerar. Medidas devem ser tomadas para a chegada dessas sementes
na área onde pretende recuperar, pelo fato das espécies não pioneiras serem de grande valor na
estrutura da floresta.

2.4.5 Abertura do dossel

Numa área ciliar em processo de restauração, espera-se que o dossel torne-se cada vez mais
fechado, à medida em que as árvores cresçam e que suas copas se encontrem. Contudo, em áreas em
que ocorreu mortalidade elevada de mudas, sem posterior replantio, o dossel apresentará muitas falhas,
e a regeneração natural de espécies não pioneiras poderá ser prejudicada. (MARTINS, 2001)
Analisando a abertura do dossel numa floresta implantada pode-se verificar o nível de
recuperação da área, porém este indicador deve ser combinado com outros, principalmente com a
regeneração natural. Pois é possível encontrar uma floresta com um dossel muito fechado e pouca
biodiversidade.
Esta análise da abertura do dossel pode ser feita através de fotografias hemisféricas. E também
pela projeção das copas das árvores, estabelecendo uma proporção entre as áreas cobertas e as abertas.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante deste trabalho de revisão bibliográfica, fica evidenciada a importância e os benefícios


da implantação das florestas de proteção, com as técnicas corretas e sua devida manutenção. O sucesso
de um projeto de recuperação de florestas e sua implantação deve ser avaliado por meio de seus
indicadores e monitoramento.
As florestas de proteção têm um importante papel de fornecer matéria orgânica, proteger as
espécies da flora e fauna. Áreas que possuem florestas de proteção são menos impactadas pela erosão.
Formam longos corredores de vegetação necessários para o equilíbrio dos ecossistemas e
biodiversidade.
Para obter melhores resultados na implantação dessas florestas, procura-se imitar a situação
que ocorreria em uma floresta nativa após ser perturbada e passar por um processo de sucessão
florestal.
Dentro do contexto da restauração florestal com alta diversidade de espécies nativas regionais,
alguns desafios na fase de implantação ainda necessitam de maiores investigações e trabalhos
científicos.
É importante ressaltar que a implantação de modelos de recuperação, por mais bem elaborado
que seja não garante que a área degradada terá no futuro uma coberta florestal com a capacidade de
regeneração, atratividade à fauna e proteção do solo e do curso d’água.

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