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KLIMT:
NOVAS MÍDIAS EXPOSITIVAS EM OBRAS DE SUPORTES TRADICIONAIS 1
Manoela Freitas Vares2
RESUMO
Nesse artigo pretende-se evidenciar como é possível alterar as relações que o público
possui com obras já consagradas, como as gravuras de M.C. Escher (1898-1972), e as
pinturas de G. Klimt (1862-1918), através do conceito de imersão e da modificação de
seus suportes tradicionais, pela intervenção de tecnologias digitais. Destaca-se então, as
exposições O Mundo Mágico de Escher (2011) e Klimt e Viena: um século de ouro e
cores(2018), respectivamente. O objetivo do artigo é refletir sobre o atual sistema da
Arte, particularmente sobre a distribuição e circulação artísticas, inseridas no âmbito da
Cibercultura. Infere-se que é indispensável pensar sobre os devires das práticas de
distribuição e compartilhamento dos objetos artísticos, que procuram se tornar cada vez
mais próximos do grande público. Eles diferem assim, das intenções da arte produzida
em períodos anteriores, que era destinada apenas às camadas sociais mais elevadas, e
cujo objetivo maior, era a experiência da contemplação.
ABSTRACT
This article aims to highlight how it is possible to change the relations that the public
has with already established works, such as the engravings of M.C. Escher (1898-
1972), and the paintings of G. Klimt (1862-1918), through the concept of immersion
and modification of its traditional supports through the intervention of digital
technologies. Noteworthy then are the exhibitions The Magic World by Escher (2011)
and Klimt and Vienna: A Century of Gold and Colors (2018), respectively. The aim of
the article is to reflect on the current art system, particularly on the artistic’s
distribution and circulation in the scope of Cyberculture. It is inferred that it is
indispensable to think about the becomings of distribution and sharing practices of
artistic objects, which seek to become increasingly close to the general public. They
thus differ from the intentions of art produced in earlier periods, which was intended
only for the higher social strata, and whose ultimate aim was the experience of
contemplation.
1
Artigo apresentado ao Eixo Temático 02 – Arte na Cibercultura, do XII Simpósio Nacional da ABCiber.
2
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais/PPGAV da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul/UFRGS. Integrante do Laboratório de Pesquisa Arte Contemporânea, Tecnologia e Mídias
Digitais e membro do Grupo de Pesquisa Arte e Tecnologia/CNPq. Email: manu.vares@gmail.com.
Ao refletir sobre a história da Arte na contemporaneidade, verifica-se que pelo
menos desde os anos de 1960, são frequentes as propostas artísticas de tentar aproximar
obra e público. De acordo com Priscila Arantes (2005, p. 36) “a partir dos anos 1960 é
possível encontrar, de forma mais explícita, trabalhos que procuram colocar em debate a
visão contemplativa do observador em relação ao objeto estético e ao espaço
ilusionista” Também, ao comentar sobre a arte participativa, relata que ela procura
“romper com o mutismo contemplativo preconizado pela arte tradicional, muitas vezes
chama o público a explorar a obra de arte com a utilização de outros sentidos além do
olhar” (ARANTES, 2005, p. 36).
Isso posto, reconhece-se que inúmeras são as tentativas por parte dos artistas, em
promover essas aproximações. Com o advento das tecnologias digitais, novas propostas
são realizadas e essa distância vai constantemente sendo diminuída. Mas quais outros
esforços estão sendo feitos? Quando pensamos num sistema das Artes Visuais, quais os
outros integrantes também podem ter uma atuação nesse sentido? Desse modo, é
indispensável entender que as instituições como museus, galerias e centros culturais são
responsáveis pela divulgação da produção artística, e é preciso também que seus
agentes, possuam criatividade para pensar em novos métodos expositivos que visam
ampliar as experiências do público que visita as exposições, através desse acercamento.
É fundamental inclusive, que isso seja feito pensando nas particularidades desses
indivíduos, caracterizados muitas vezes, por sua intensa utilização das novas
tecnologias.
Como é possível chamar atenção e promover obras de arte que já são conhecidas
(mesmo que na maior parte das vezes, isso só tenha sido possível através de suas
reproduções digitais, encontradas rapidamente através de uma busca na internet) pelo
público? Acredita-se que uma possível solução, seria oferecendo-lhes novas vivências
através da troca dos seus suportes tradicionais, por novas mídias, o que suscitaria
curiosidade por parte de um público tão envolvido pelas tecnologias e suas
possibilidades. Desse modo, crê-se que os principais méritos e contribuições dessas
exposições concentram-se nas ressignificações que promovem ao campo da Arte, às
novas demandas aos espaços culturais, e seus responsáveis, e à abrangência de suas
exposições, que além de atraírem bastante público, também são amplamente divulgadas
através das redes sociais.
A questão da imersão aqui, é trabalhada de um ponto de vista que vai de
métodos analógicos, passando a seguir pelas tecnologias do vídeo e de projeções,
tratando da sensação de imersão, possibilitada por estes meios.
Para esse artigo, destaca-se inicialmente uma exposição visitada pela autora.
Trata-se de O Mundo Mágico de Escher (2011), com curadoria de Pieter Tjabbes, e
realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília-DF (além de ter também
passado por outras importantes capitais brasileiras, como São Paulo-SP, Rio de Janeiro-
RJ, Vitória-ES, etc), que contava com 95 obras, entre elas, desenhos e gravuras originais
do artista holandês, além de instalações e um vídeo.
O espaço expositivo era dividido em duas partes, uma para as obras em suportes
tradicionais, em sua maioria desenhos e gravuras, protegidas em suas molduras de vidro
e destinadas apenas à observação, e a outra; que era composta pelas recriações
imersivas, fac-símiles, onde era possível ao público interagir com as peças, e que por
ventura, concentrava a maior parte dos visitantes, que ocupavam-se em descobrir como
a participação com os trabalhos funcionava e registrar todas as ações através de
fotografias e vídeos.
Com o uso do óculos apropriado para a sua visualização (na referida exposição
foram utilizados os antigos óculos 3D, com uma lente vermelha e uma azul), as edições
realizadas nas gravuras e desenhos possuíam a intenção de fazer com que os visitantes
obtivessem a sensação de imergirem dentro das complicadas e impossíveis arquiteturas
do artista, famoso por suas representações de ilusões de ótica, ao trabalhar com jogos de
zoom, de aproximação e distanciamento, além de deslocamento, como se de fato, nos
aproximássemos e perambulássemos pelos ambientes arquitetônicos propostos pelo
artista.
Figura 1 - Frame do vídeo integrante da mostra O Mundo Mágico de Escher (2011). Fonte:
https://vimeo.com/16964289
Figura 2 – Vista da exposição Klimt e Viena: um século de ouro e cores (2018). Fonte:
https://www.francetoday.com/culture/art_and_design/the-buzz-in-paris-atelier-des-lumieres/
3
https://www.atelier-lumieres.com/
À primeira análise, o ambiente expositivo remete a obras mais antigas, que de
modo semelhante, também ofereciam a sensação de imersão. É o caso de O Grande
Friso (60 a.C.), situado na Sala 5 da Villa dei Misteri, na Pompéia, preenchido por um
afresco com 29 figuras humanas em tamanho real e disponibilizado à visualização em
um ângulo de 360 graus, preenchendo quase que completamente o campo de visão do
observador.
Quanto ao espaço em seu todo, pode-se também fazer alusão ao ambiente que se
encontra: dentro de uma igreja construída com vitrais. As semelhanças estão nas cenas
projetadas - ora pelo sol, ora por lâmpadas de projetores - por todo o lugar, que ganha
uma aura de magia justamente pela iluminação das formas coloridas em seu interior.
Couzigou (2018, s./p.) comenta que que “Essas exposições imersivas podem ser
uma forma introdutória de descobrir arte pictórica e faltava um centro digital como esse
em Paris” e também que
Desse modo, a fala do diretor pode ser vista como detentora de uma preocupação
didática, mas também inclusiva no que se refere ao seu público. Pode-se entender que
sob sua reflexão, a transposição de obras de arte clássicas, de seus suportes tradicionais
para as novas mídias - especialmente as criadas com o auxílio do computador - contribui
para a sua divulgação, fazendo com que as pessoas tenham novas maneiras de acessá-
las, conhece-las e ficarem curiosas acerca de sua história, o que que auxiliaria assim, na
divulgação artística.
Considerações finais
Referências bibliográficas
ARANTES, Priscila. Arte e Mídia: perspectivas da estética digital. São Paulo: Ed.
Senac, 2005.
AUGÉ, Marc. Não-Lugares: Introdução a uma antropologia da supermodernidade. São
Paulo: Papirus, 1994
BARROS, Anna. A arte da percepção: um namoro entre a luz e o espaço. São Paulo:
Annablume; Fapesp, 1999.
DEWEY, John. Arte como experiência. Tradução: Vera Ribeiro. São Paulo: Martins
Fontes, 2010.
GRAU, Oliver. Arte Virtual: da ilusão à imersão. São Paulo: Ed. Unesp, 2003.
IMMERSIVE EXHIBITION. Gustav Klimt. [Recurso digital] Disponível em
https://www.atelier-lumieres.com/en/gustav-klimt Acesso em 8 de dezembro de 2018.
KERKHOVE, Derrick De. Connected Inteligence: the arrival of the web society.
Canada: Somerville Page, 1997.