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Eu, Zenende Filipe Mugadui declaro que esta dissertação é resultado do meu próprio
Zambeze, Beira. Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para
______________________________
i
Dedicatória
1942-2010
ii
Agradecimento
Agradeço em primeiro lugar a Deus que tudo fez para que eu chega-se até aqui e por
nunca ter me abandonado em momento algum. A minha mãe Nancy Samussone, aos
meus irmãos Daissa, Rosa, Tomas, Magrett, Samuel, Zecai e Mariamo, pela força, amor
e paciência durante estes anos de muito trabalho. Aos meus familiares, amigos e a todos
convivência para que concluíssemos o curso com sucesso, desejo que consigam alcançar
os seus objectivos na vida e seguir adiante lutando pelos seus sonhos. Agradeço a todos
obrigado!
iii
Resumo
O presente trabalho busca analisar a eficácia das penas alternativas à prisão, que tem
sido apontada como solução para os crimes de menor potencial ofensivo, em face de
A verificação se a aplicação das penas alternativas àprisão cumpre igual finalidade das
uma solução eficaz em relação às penas de prisão. Tendo em conta que essas penas só
procurando saber quais delas é mais eficaz. Que com isso, buscamos encontrar os
efeitos pretendidos com aplicação das penas alternativas. Pretendemos que as penas
alternativas à prisão realizem o fim que é da essência dapena, para que a lei não se
alternativas.
iv
Abstract
This work seeks to analyse the effectiveness of alternatives to prison sentences, which
has been pointed to as a solution to minor misdemeanor crimes, in face of the current
situation, marked by problems and challenges that lead several institutions of justicas on
Verification that the application of alternatives to prison sentences fulfills the same
of the agent. It is then that the importance of this subject and understand if alternative
sentences are an effective solution in relation to prison sentences. Taking into account
that these feathers are only justified from the point of view of public safety, crime
So, make the comparative analysis of their application with prison sentences, looking to
know which one is more effective. With this, we seek to find the intended effects with
end which is the essence of the sentence, so that the law won't compromise and turn into
v
Lista de Tabelas
alternativas à prisão…………………………………………………………………… 84
Penal…………………………………………………………………………………... 85
vi
Siglas e Abreviaturas
Art°. – Artigo.
BR – Bolentim da Republica.
Cfr – confira.
CP – Código Penal.
nº - número.
vii
Índice
INTRODUÇÃO.................................................................................................................1
CAPITULO I.....................................................................................................................5
1. AS PENAS....................................................................................................................5
CAPITULO II..................................................................................................................22
2.4.2. Multa..............................................................................................................42
2.6. Aplicabilidade.......................................................................................................56
CAPITULO III................................................................................................................63
3.2.1. Vantagens......................................................................................................70
3.2.2. Desvantagens.................................................................................................71
CAPITULO IV................................................................................................................73
4. DA EFICÁCIA............................................................................................................73
4.1.1. Multa..............................................................................................................73
4.2.1. Moçambique..................................................................................................78
4.2.2. No Brasil............................................................................................................84
CAPÍTULO V.................................................................................................................85
6. Conclusão................................................................................................................94
7. Contribuições...........................................................................................................96
INTRODUÇÃO
de pena alternativas à prisão é tida como um facto positivo quer no âmbito sociológico
Penal.
Tendo em conta que desde sempre as penas de prisão foram escolhidas para
podem ser uma solução eficaz em relação a pena privativa de liberdade? Se aplicadas
vigor, e, se essa medida que atendendo ao caso concreto, alcançaria, com maior sucesso,
Código Penal).
1
As sanções penais que iremos tratar provêm do vasto leque de medidas
alternativas identificadas nas Regras de Tóquio – Regras Mínimas das Nações Unidas
no Código Penal e demais legislações nacionais tais medidas para melhor compreensão
e estudo.
nos fins pretendidos com a aplicação das penas. É então que surge a importância de se
tratar desse assunto e entender se as penas alternativas serão uma solução eficaz em
relação as penas de prisão, como também de saber se com a sua aplicação cumpre igual
propiciar aos académicos de forma geral, uma visão crítica do tema em questão, além de
desafios, buscando elementos que permitirão a sua aplicação e finalmente avaliar a sua
para determinação dos fins imediatos das sanções criminais: “A teoria retributiva, de
1
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, 2008, p.41.
2
preceituado no artigo 54 do actual Código Penal em vigor, o fim das penas é de
Magistrados Judiciais.
tendo em conta que existem diplomas legais que punem certas infracções com a pena
alternativa à prisão e que pouco ou absolutamente não são aplicadas. O que dificulta a
estudo.
O capítulo I aborda sobre as penas, com enfoque nos aspectos jurídico, espécie
das penas e finalidades das penas. Procuraremos neste capítulo, trazer os elementos
acima descritos convista a discutir os fins das penas, fazendo reflexão a respeito da
3
principalmente as previstas no nosso ordenamento jurídico e o fim pela qual foram
criadas.
adiscussão dos resultados, desafios e criticas que se levantam com aplicação das penas
alternativas à prisão.
4
CAPITULO I
1. AS PENAS
É importante antes de mais, conceituara pena para melhor entender o tema a que
“poena”, traduzindo-se por dor, castigo, suplício, martírio. O termo latino, por sua vez,
sofrimento.
H.L.A. Hart, citado por José António Veloso2, numa análise precisa, oferece
indesejáveis;
(acção ou omissão);
5
e) A pena é infligida por uma autoridade instituida pelo ordenamento juridico a que
vingança.
crime oucontravenção, como retribuição de seu acto ilicito. As penas são consideradas
direito penal é a pena de prisão”3. Mas existem outras que indagando ou percorrendo o
Actualmente tende-se a cada vez mais a substituir a pena de prisão, a curta, pela
pena de multa. Conversão ou reconversão da multa em prisão. A pena criminal pode ser
três: como elemento da teoria geral do Estado, como instrumento de política criminal e
pelos órgãos jurisdicionais competentes ao agente de uma infração penal, com lastro na
lei. Elas são as sanções no sentido próprio e seguem-se a culpabilidade do agente pelo
crime práticado, isto é, sem culpa não pode ser aplicada uma pena e, pode-se dizer que a
3
BELEZA, Teresa Pizarro, Direito penal, aafdl, 1ºVolume, 2ªedição revista e actualizada, 1984.p23.
6
Muito embora a função de proteção de bens jurídicos não seja exclusiva do
direito penal, mas de todo o ordenamento jurídico, o que o diferencia dos demais ramos
medidas de segurança.
sob dois aspectos. O primeiro sustentado pela proteção de bens jurídicos que ocorre pela
prevenção de sua lesão a partir do perigo real. Já o segundo sustentado pela proteção
sendo que, a partir desses dois pontos de vista, é que se desenvolvem as diversas
Por tudo isso, poderia ser atribuída à pena somente uma finalidade retributiva: o
malpelo mal. Mas sob outro aspecto, poderia se atribuir à pena uma finalidade
preventiva, na busca de evitar a prática de crimes. E por fim, poderia ser atribuída a
sociedade.
EscolasPenais, que criaram as téorias dos fins das penas, que iremos mais adiante tratar,
7
1.2. Espécies das Penas
da prisão.
nos parecem ser a qui mais indagamos no contexto das penas alternativas à prisão que
havemos de tratar mais adiante com muita profundeza. Não só, poque como diz
Figueiredo Dias "as penas abrange as penas principais (a pena privativa de liberdade ou
8
aquelas que não podem ser cominadas na sentença condenatória sem que
infamantes.
Poucos autores se referem aos fins do Direito Penal, porque à prior não são distintos do
Direito no geral.
O Direito Penal só por si é algo que restringe os direitos dos cidadãos, que se
aqui o momento judicial, onde temos a repreensão daquele que é considerado culpado.
Neste momento temos a pena ou sansão. O momento judicial acontece quando se põe
em causa os direitos ou interesses "protegidos pela constituição" dos outros (vide o nº2
legal, punindo com uma pena de prisão ou alternativas à prisão, a um crime ou violêcia
ilegal.
5
DIAS, Figueiredo, Direito Penal Português – ConsequênciasJurídicas do Crime, 2ª reimpressão,
Coimbra, 2009.p.43.
9
A busca para encontrar uma justificação racional para o exercício do poder de
punir pelo Estado pode ser agrupadas de acordo com as grandes correntes conhecidas
por sua necesssidade é unanime. A pena seria um instrumento utilizado pelo Estado para
penas, tem de ser encontrado a luz dessa reflexão: porque é que se deve ser punida
determinada acção, qual a pena adequada a essa acção, qual a medida adequada dessa
pena, qual a forma adequada de execução dessa pena. Nenhuma dessas questoes pode
Neste sentido, ao se fazer estudo dos fins das penas, procura-se saber se as penas
alternativas a prisão cumpre as finalidades das penas, uma análise que posteriomente
faremos.
Relativamente a esta questão dos fins das penas, podem ser agrupados em teorias
Para esta teoria, o sentido da pena assenta em que a culpabilidade do autor seja
Teresa Beleza, significa que "se impoe um mal a alguemque praticou o mal. O seu
sentido está, portanto, ligado a ideia de castigo, o que, naturalmente, tem a ver com a
10
própria ideia religiosa de punição por um certo pecado" 6.Esta mesma ideia é
compactuada com Correia quando diz "quem procede o mal deve pagar esse mal como
A pena visa retribuir, compensar ou reparar o mal do crime e é medida por esse
mal, pelo mal passado. A ideia de retribuição significa que se impõe um mal a alguém
que praticou outro mal. O seu sentido está ligado à ideia de castigo, expiação, o que tem
a ver com a ideia religiosa de punição como acima referimos. Há equilíbrio entre a pena
crime.
acordo com a justiça se traduz na concepção da pena como castigo 8. A pena aparece
como uma forma de reparação do mal cometido, uma forma de saldar a divída contraida
pretendia que a pena não tivesse nenhuma utilidade, porque isso atentaria contra a
dignidade do ser humano: castigar alguem para que ele sirva para algo ou cumpra uma
determinada função, concretamente para que seja util a sociedade ou sirva de exemplo,
é, na pnião de Kant, utilizar o homem como objecto ou meio e não como fim em si
mesmo. A pena hade realizar a justiça retributiva e não tem outra finalidade, devendo,
6
BELEZA, Teresa Pizarro, op. cit, p.272.
7
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, com a colaboração de Figueiredo Dias, 1963.p.41.
8
Castigo representa a pena e esta associada a noção do valor moral da expiação.
11
A teoria da retribuição assenta na compensação da culpado agente através da
imposição do mal da pena; ela seria de exigir sempre que houvesse culpa para
Penal). Como refere Patto,” se o mal da pena responde ao mal do crime, a gravidade da
Advoga Patto, que para superar esta suspeita, ou logica da resposta a um mal
com outro mal, haverá, então, que se concebere aplicar penas com uma dimensão social
trabalho a favor da comunidade. Nesta, será nitido que ao mal do crime se responde
com um bem, com uma actividade socialmente meritoria. Mas a dimensão retributiva
não esta ausente dessas penas. A prestação de trabalho a favor da comunidade não deixa
de ter um alcance sancionatorio efectivo, isto é, não se confunde com uma medida
culpa, neste caso da repressão, através da readaptação social. A pena não será, portanto
9
Ver, neste sentido SILVA, Germano Marques, Direito Penal Portugues, Parte Geral III, Teoria das
penas e medidas de segurança, editora verbo, 1999.p39, e LATAS, António João, DUARTE, Jorge Dias
e PATTO, Pedro Vaz, Direito Penal e Processual Penal, Tomo I, 2007.p.103.
10
Culpa é um juizo de censura formulado pela ordem juridica a um determinado agente. Censura-se o
agente o factode ele ter decidido pelo ilicito, o facto de ele ter cometido um crime, quando podia e devia
ter-se decidido diferentemente, ter-se decidido de harmonia com o direito.
11
PATTO, Pedro Maria Godinho Vaz, Os Fins das Penas e a Prática Judiciaria-algumas questões.
Albufeira, 01 de Julho de 2010. In: http//www.tre.pt. Acesso em 04.04.2013.
12
Também neste aspecto, uma pena como a de prestação de trabalho a favor da
quando se aplica uma sanção sobre uma infracção à aquelas, a sua ameaça ou a sua
muito gravosa ou maior aos que cometerem um acto ilicito. Por exemplo, punir com
sanção que cause sofrimento maior que o prazer que sente ao cometer o acto ilicito.
Neste sentido, abordaremos esta teoria em duas vertentes, a destacar negativa e positiva:
12
Direito Penal Portugues, II, Lisboa, 1982, pgs. 309 e 310. Citado por PATTO, Pedro Maria Godinho
Vaz, Os Fins das Penas e a Prática Judiciária-algumas questões. Albufeira, 01 de Julho de 2010. In:
http//www.tre.pt. Acesso em 04.04.2013.
13
No mesmo sentido, vide Eduardo Correia, op. cit, p.41.
13
A oportunidade de aplicação de cada uma das penas e a medida desta há-de,
pois, ser vistas á luz da sua capacidade de dissuadir o potencial criminoso, que pondera
Numa apreciação crítica desta teoria, impõe-se começar por reconhecer que tem
algum fundamento e que a visão algo pessimista da natureza humana que lhe subjaz,
isto é, claramente redutora, como veremos-é certo, não deixa deser dotada de algum
São várias e relevantes críticas que se podem tirar a esta teoria: do ponto de vista
diminui em funçãoda maior, ou menor, severidadedas penas, tem sido demonstrado que
os destinatarios das normas penais não se guiam, normalmente pelo conhecimento que
possam ter dessas normas, mas,antes, pela maior, ou menor, probabilidade de os seus
subjacente a uma ponderação racional. Muitas vezes, trata-se de uma decisão do fruto
homicidio15.
14
Vejam-se as pilhagens ocorridas na Libia imediatamente apois o derrube do regime de Muammar
Kadafi.
15
PATTO, Pedro Maria Godinho Vaz, Os Fins das Penas e a Prática Judiciaria-algumas questões.
Albufeira, 01 de Julho de 2010. In: http//www.tre.pt. Acesso em 04.04.2013.
14
O Direito não pode afirmar-se fundamentalmente através da intimidação e da
superioridade do Direito há-de assentar na ética e na justiça. Por isso, nunca os seus
seu efeito positivo sobre ou os não criminalizados, não porem para dissuadi-los pela
sistema social em geral (e no sistema penal em particular). Por essa linha afirma-se que
o poder punitivo é exercido sobre um conflito que, até este momento, não está superado,
razão pela qual, ainda que tal exercício não cure as feridas da vítima nem lhe repare os
danos, cabe impor um mal ou outro. Esse mal deve ser entendido como parte de um
produzida pelo aspecto comunicativo do facto criminoso, que seria o único que
espontaneamente a pauta de valores tutelada pelo direito penal. Éa estes cidadãos, que
15
confiam na validade da ordem jurídica, que se dirige a função da pena como
A pena serve, pois, de interpelação social que chama a atenção para a relevância
do bem jurídico atingido pela prática do crime. A pena exerce, pois, uma função
A partir da realidade social, essa teoria se sustenta em mais dados reais que a
anterior. Segundo ela, uma pessoa seria criminalizada porque com isso se normaliza a
opnião pública, uma vez que é importante o concenso que sustenta o sistema social.
Como os crimes de colarinho branco não modificam o concenso enquanto não forem
notados como conflitos criminosos, a sua criminalização não teria sentido. Na prática,
chega a uma dissuasão provocada pela satisfação de quem acha que, na realidade, são
castigados aqueles que não controlam seus impulsos e, por conseguinte, acha também
16
PATTO, Pedro Maria Godinho Vaz, Os Fins das Penas e a Prática Judiciaria-algumas questões.
Albufeira, 01 de Julho de 2010. In: http//www.tre.pt. Acesso em 04.04.2013.
16
Uma das vertentes da prevenção geral positiva é chamada prevenção
no sentido de se evitar que ele cometa futuras violações da lei ao afastá-lo da sociedade,
crime que cometeu, pretende evitar que esse mesmo indivíduo cometa mais crimes. Não
cometa mais crimes, porque é segregado, e se é segregado pode querer dizer preso ou,
Por outras palavras, ela consiste na aplicação concreta ou execução das penas ao
17
Para maiores desenvolvimentos Eduardo Correia com a colaboração de Figueiredo Dias, “Direito
Crimina”, 1963, pp. 40-41.
18
O ideal ressocializador conheceu o seu apogeu em Estadoscomo os do Norte da Europa, bem se
podendo falar, a propósito, de um mito ressocializador. (…) o criminoso se presumia ressocializável e em
que as considerações preventivas-especiais eram tidas como aquela que desempenhavam o principal papel
na determinação da medida concrecta da pena e na respectiva execução. Para mais desenvolvimento sobre
o ideal ressocializador vide LEITE, André Lamas, Execução daPena Privativa de Liberdade e
Ressocilalização em Portugal: Linhas de um esboço, p. 5.
19
BELEZA, Teresa Pizarro, op.cit. p.272.
17
A prevenção geral que, assim, assume o primeiro lugar como finalidade da pena,
agente.21 A apreciação crítica desta, centra-se na propria concepção determinista que lhe
de suportar uma concepção de pessoa humana como ser livre e responsavel. Este
da culpa. Funciona pelo menos como pressuposto e límite da aplicação das penas (se
assim for, a pessoa é reduzida a instrumento e objecto, contra o que impõe o respeito
pela sua dignidade). Atribuir a pena uma função de simples prevenção especial
e não em função da sua culpa. Dando um exemplo do nosso quotidiano nos nossos
18
da toxicodenpendência, manter-se-a a sua perigosidade e o perigo da prática de futuros
agente que nunca logrou ser socialmente reinserido no decurso da sua execução, e, por
isso, nunca deixou afastar o perigo da pratica de futuros crimes, não pode deixar de
axioma indiscutível para quem parta desse princípio. Esta teoria pretende a segregação
mesmo a pena de morte. Pelo que será desconforme a dignidade da pessoa humana,
como na reijeição da prisão perpétua. Nunca podem ser totalmente fechadas as portas da
regeneração ou reinserção social do agente do crime, deve permanecer sempre uma luz
ao fundo do tunel.
Esta por sua vez, busca a readaptação social do delinquente, para que, assim, ele
não pratique mais crimes. "A pena não visa, fundamentalmente, a proteção da sociedade
22
Idem
19
irrecuperabilidadedo agente do crime. Pelo contrário, o que com a pena se pretende é a
sua recuperação"23.
negativo. Por este últimoa prevenção especial, ao prender o delinquente, termina por
neutraliza-lo, fazendo com que este deixe de prejudicar e colocar em risco a sociedade.
Direito social. Porque a desestruturação social contribui, nalguma medida, para prática
desinserção social associada a pena de prisão. Este princípio esta presente no já citado
artigo do Código Penal, que estabelece, como critério de escolha da pena, preferência
por pena não privativa de liberdade sempre que esta realiozar de forma adequada e
23
Ibidem.
24
Trata-se de inserção social ou socialização, porque o agente, verdadeiramente, nunca chegou a estar
socialmente inserido ou socializado. Por outro lado, trata-se, de evitar a desinserção social, porque o
agente nem chega a estar, a partida, socialmente desinserido. O que poderá suceder é que uma pena de
prisão seja, nesta perspectiva, contraproducente. Havera que buscar, então, a aplicação de penas
alternativas á pena de prisão.
20
A prevenção especial positiva permite encarar de forma mais radical a propria
permitem atingir, na sua raiz, os factores que estão na genese do crime, mais do que a
sanção em si mesma. E evitar, mais do que a severidade das penas, a reincidencia, como
prevenção especial positiva, nos criterios que guiam a escolha da pena com preferencia
pelas penas não privativas de liberdade e pelas penas de substituição como ilustram os
21
CAPITULO II
Constatada que a pena privativa de liberdade não alcançava mais o seu fim
22
reincidência, reconheceu a necessidade de implantação de alternativas para a pena
(Cuba) entre agosto e setembro de 1990 o projecto que teve aprovação da Assembléia
liberdade em todas as fases processuais da Justiça Penal, sendo normas norteadoras das
aos Estados”26.Contudo, o regime das penas alternativas a prisão variam em função dos
contextos em que devem operar, não sendo recomendável, nem possível, adoptar um
Estados devam ter em conta as condições políticas, economicas, sociais e culturais, bem
25
Utilização de Medidas Não Privativas de Liberdade na Administração da Justiça. Disponível em:
http/www.gddc.pt. Acesso em 13.04.2013.
26
JOSÉ, André Cristiano, Centro de Formação Juridica e Judiciaria, Alguns desafios para aplicação de
Penas Alternativas a Prisão em Moçambique, Maputo, Dezembro de 2010. In: http//www.cfjj.org.mz.
Acesso em 06.03.2013.
23
Assim, ao lado da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do
penal moçambicano.
redução da reincidência. A prisão deve ser vista como aultimaratio do Direito Penal.
tomada por uma autoridade competente no sentido de submeter uma pessoa suspeita,
que não incluam a prisão(regra 2.1. Regras de Tóquio).As penas alternativas à prisão
As penas alternativas à prisão, ao contrário das penas de prisão, não tem por
sociedade oferece, portanto, visa alterar o status perante a comunidade onde delinquente
vive, sem, entretanto, lhe isolar, tirar daquela comunidade, isto é, "permite que o
24
As penas alternativas à prisão são de natureza autônoma e substituem as penas
quantidade da pena imposta, para verificar a sua aplicabilidade. A culpa que se refere no
corpo do artigo supra, é a princípal determinante da medida da pena.In caso, poderá por
Ao ser fixada a quantidade final da pena privativa da liberdade, e, caso esta não
possibilidade de substituição da pena de prisão por uma das penas alternativas à prisão.
Para aplicar-se qualquer que seja pena, deve ser feito em extreita observância
Este princípio não tem consagração expressa, pelo menos directamente referido
às penas aplicaveis, mas resulta do art.56 da CRM. Segundo Teresa Beleza, estabelece
que:"o direito penal só deve intervir, só deve querer aplicar-se, só deve tomar conta de
certo tipo de actuações ou de actos quando isso for por um lado eficaz e por outro
25
necessário"28. Nestes termos, valerá apena, as autoridades judicantes intervirem na
aplicação de uma pena alternativa à prisão ou não detentiva a um crime de menor delito,
social e cultural do nosso país, assim como do delinquente. E que essa pena, seja eficaz,
constitucionalmente protegidos.
percebe que as sanções devem revelar-se necessárias, porque os fins prosseguidos pela
lei não podem ser obtidos por outros meios menos onerosos. Penalizando a violência
doméstica contra mulher com a pena de prisão será eficaz ou aumentará mais problemas
penalizando com uma pena alternativa à prisão, evitando efeitos da sua condenação no
deverá intervir na medida em que for capaz de ser eficaz. Se, portanto, uma
incriminação não obtem os fins se pretendem, também não faz sentido que o direito
penal intervenha em relação a esse tipo de facto" 29. As penas alternativas à prisão devem
ser aplicadas de acordo com o princípio da intervenção minima (regra 2.6, das Regras
de Tóquio).
28
BELEZA, Teresa Pizarro, op. Cit. p. 33.
29
Idem. p.35.
26
2.3.2. Princípio da proporcionalidade
limitem ao necessário para assegurar a prossecução dos respectivos fins. Nisto consiste
Segundo António Latas, Jorge Dias Duarte e Pedro Vaz Patto, citando
estrito, pressupõe certa comparação entre os bens protegidos nos diferentes tipos legais
"31.
colectivos e por isso, não pode sofrer penas desproporcionais ao crime cometido para
30
LATAS, António João, DUARTE, Jorge Dias e PATTO, Pedro Vaz, Direito Penal e Processual Penal,
Tomo I, 2007.p.31.
31
op.cit. p.33.
27
adequação da pena ao fim que esta deve cumprir 32. Neste princípio, a culpa a se imputar
pena alternativa à prisão, ela deve realizar um justo equilibrio entre os direitos dos
Guerra Mundial, que ostente como matrizes comuns, a restrição das penas privativas de
substituição por penas alternativas à prisão, limitação do efeito não estigmatizante das
penas, num esforço conjunto de adoptar a estrutura e aplicação das reacções criminais
ideia de última ratio da pena de prisão. Por outra, o essencial do que ficou dito
em geral, vale agora especialmente para a pena privativa de liberdade, de modo a limitar
judicial de optar por penas alternativasà prisão sempre que o ordenamento jurídico as
preveja.
devem ser prescritas na lei33. As penas restritivas de direito a serem aplicadas devem
estar expressamente cominadas na lei (nº3 do art.2 da CRM), isto é, as especies das
penas alternativas à prisão e da punibilidade devem ser legais. Este princípio significa
que, "na sua aplicação concreta a autoridade judicante deve observar os critérios
32
SILVA, Germano Marques, ob. cit. p.24.
33
Cfr. a regra 3.1 das Regras de Tóquio.
28
estabelecidos por lei para a determinação da pena a aplicar ao agente do crime" 34. As
penas não devem ser aplicadas retroativamente, excepto se beneficiar ao réu 35, as leis
alternativas à prisão e a sua aplicação terão de ser efectuados em conforidade com a lei.
liberdade, devem ser aplicadas sem discriminação da raça, cor, sexo, idade, língua,
abstracta, e tem incidência directa em materia criminal. "O seu âmbito de protecção
34
SILVA, Germano Marques, ob. cit. p.22.
35
Cfr. art. 57 e nº2 do art.60, ambos da CRM.
36
Cfr.a regra 2.2 das Regras de Tóquio.
29
subjectivas ou em razão dessas categorias, como sejam o sexo, a raça, a língua, território
penas no seio das comunidades. Por exemplo, pode ser mais dificil encontrar
aquelas que não tenham uma justificação razoável e objectiva" 39. Pode ser de facto
seja culpado pelos seus factos. Este princípio significa que "não pode haver pena
37
LATAS, António João, DUARTE, Jorge Dias e PATTO, op.cit.p.30.
38
Utilização das de Medidas não Privativas de Liberdade na Administração da Justiça.op. cit. p. 296.
39
Idem.
30
consagra no seu artigo 3"40. A culpa é um elemento estruturante do crime; não há crime
sem culpa. Ela é pressuposto da pena e a pena não pode ultrapassar a medida da culpa.
A culpa segundo Eduardo Correia, " é uma censura ético-juridica dirigida a um sujeito
por não ter agido de modo diverso, está tal pensamento ligado à aceitação da liberdade
do agente, à aceitação do seu poder de agir doutra maneira" 41. Ou seja, não pode uma
pessoa ser criminalmente sancionada com uma pena quem não for penalmente
encarar e tratar o criminoso simplesmente como um ser-social, não pode impor a pena
como castigo, para se vingar pelo mal sofrido, mas aplica-la apenas no limite do
condenado42. Este princípio da humanidade das penas tem haver com a gravidade e
sofrimento que qualquer pena implica pela sua natureza. Ha quem pensa humana meter
alguem na prisão ou cadeia. Ha que se ter em conta, que encarcerrando alguem, quais as
Ao se aplicar medidas não privativas de liberdade, elas devem ser aplicadas com
40
SILVA, Germano Marques, op. cit. p.25.
41
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal,com a colaboração de Figueiredo Dias, 1963.p.316.
42
SILVA, Germano Marques, ob. cit. p.26.
31
social e as necessidades de reincersão dos condenados (vide a regra1.5 das Regras de
Tóquio).
CRM, o qual determina que, "nenhuma pena implica a perda de quaisquer direitos civis,
profissionais ou políticos, nem priva o condenado dos seus direitos fundamentais, salvo
respectiva execução".
32
2.3.8. Princípio da personalidade das penas
consagrado no nº2 do artigo 61 da CRM, que diz "as penas não são transmissiveis".
Significa que “só o condenado fica sujeito à pena, não podendo esta ter quasquer efeito
A que destacar neste princípio que apenas alguns efeitos da pena aplicada,
podem ser estendidos aos sucessores e/ou familiares, quando for para reparar o dano.
Este princípio resulta como diz Figueiredo Dias, "por um lado, a exigência de preterição
da aplicação da pena de prisão em favor de penas não detentivas, sempre que estas
revelem suficientes, in casu, para a realização das finalidades da punição” 44. A prisão
da ressocialização.
43
SILVA, Germano Marques, op. cit. p.23.
44
DIAS, Figueiredo. op. cit. p.75.
33
de Tóquio, adoptadas pela Assembleia Geral das Naçoes Unidas na sua resolução
e) Perda ou apreensão;
k) Residência fixa;
possibilidade de aplicação das penas alternativa à prisão, estabelecendo no art. 08a pena
C.P.).
34
A proposta de Revisão do Código Penal Moçambicano prevê as seguintes penas
direitos.Mas para o presente estudo nos debruçaremos àquelas que estão sendo
Uma vez expostos as doutrinas acerca das penas alternativas à prisão no seu
um Estado democrático.
aplicada, a partir de 2009, através da Lei sobre a Violência Domestica práticada contra
entidades privadas cujos fins o tribunal considere de interesse para a comunidade (art.8,
selecção da entidade beneficiária. Essas tarefas são atribuídas ao apenado conforme suas
aptidões, devendo ser cumpridas em dias e horários em que não prejudique a sua
remuneratório46.
45
Lei nº29/2009, de 29 de Setembro.
46
Cfr. O artigo 59 do Código Penal.
35
A sua aplicação depende de um critério de natureza exclusivamente preventiva,
condenado, por ser uma sanção educativa que possibilita ao agente do crime uma
normas infringiu, o que a transforma na "criação mais relevante, até hoje verificada, do
posto que inexiste vínculo laboral entre aquele e o Estado, não implica em trabalho
forçado, dado que a gratuidade, in casu, constitui ônus para o condenado, assumindo aí
comunidade não seria uma pena propriamente dita. Ademais, enquanto a pena de
entre a pena e o delito, bem como a aptidão do condenado, de sorte que o trabalho a ser
prestado como pena não se afasta da actividade exercida habitualmente, e também não
47
DIAS, Figueiredo, op. cit, pp.371, 378.
48
Idem, p.372.
36
A pena de trabalho a favor da comunidade, permite a manutenção do vinculos
integração social49, apresenta traços inovadores desde entrada em vigor da lei sobre
serem realizadas têm uma duração de 20 horas semanais, devendo ser exercidas em
e muitas vezes qualificadas, acabam sendo beneficiadas com esta aplicação, na medida
em que acabam economizando a verba que seria gasta para o custeio daquela actividade.
Por fim, cabe destacar ainda a ideia de que seria necessario que a entidade
qualquer tempo, comunicação sobre a ausência ou falta disciplinar, o que nos remeteria
as leis laborais.
49
DIAS, Figueiredo, op. cit, p.372.
37
2.4.1.1 Função Ressocializadora
Silva, " o utilitarismo penal pode também orientar-se para individualização das penas,
salário que o condenado tem, prepara-se cada vez mais para a sua ressocialização e
Aparte desta conexão com o crime cometido, na legislação sobre "a violência
podem reparar os danos causados, não por crime cometido, mas sim, por outros ilicitos
da mesma natureza que são cometidos por este agente. Por tanto, o destinatario desta
reparação seráo Estado e a comunidade, sendo esta uma reparação simbolica, diferente
50
Germano Marques da Silva, op. cit. p.35.
51
Lei nº29/2009, de 29 de Setembro.
38
de uma reparação directa a vitima prejudicada por um ilicito criminal. Objectivo desta
Aqui a função reparatoria dos danos causados à vitíma, para a própria vitíma,
tribunal procede ex novo à fixação da pena de multa, numa moldura penal em que a taxa
diaria de conversão da multa em prisão não será, inferior a que resultar da divisão do
seu total pelo maximo do tempo em que pode ser convertida a pena de multa. Embora
39
consideraçoes ja tecidas a proposito da determinação da pena de multa prevista no art.
123 do C.P., para o nosso caso, é do incumprimento da pena de multa. O que para a
nossa legislação penal moçambicana, não refere nada sobre esta questão, o que na nossa
opnião seria relevante a suspender a execução da pena por determinado periodo, com
Quanto ao incumprimento culposo, numa primeira fase a lei prevê que a pena é
sempre depois de ter procedido ao desconto dos dias de trabalho já realizados. Como
escreve Figueiredo Dias "esta solução constitui, sob qualquer ponto de vista, um erro e é
solução correcta para o caso de não ser culposamente cumprida seria a pena substituida
fixada na sentença"52.
que deve ocorrer quando as condições de suspensão de execução da pena não são
52
DIAS, Figueiredo, op. cit, p.379.
40
cumpridas-na possibilidade de revogação da pena de Prestação de Trabalho a Favor de
Os fundamentos previstos para esta revogação são dois nos termos do art. 9 da Lei
nº29/2009, de 29 de Setembro:
2.4.2. Multa
A multa é a única pena pecuniária prevista no nosso ordenamento juridico, que
atinge o património do condenado e que segundo Veloso, " é uma das penas mais antiga
e universais, amplamente atestada, ainda que sob formas muito variadas, nos Direitos
dos pequenos delitos e dos delitos da actividade económica, adquirindo nestes últimos
53
Idem. p.380.
54
VELOSO, José António, op. cit. p.527.
41
A pena de multa, segundo a definição contida nas alineas a) e b) do artigo 63 do
condenado, pelo tempo que a sentença fixar até dois anos, não sendo, por dia, inferior a
A pena de multa é uma especie de pena que pode ser aplicada de forma
sempre que uma pessoa seja condenada a uma pena de multa é condenada,logo, em
ordenamento jurídico penal vigente- é como alternativa à pena de prisão; quando a lei
pune um crime com pena de prisão até x meses (ou anos) ou com multa até y dias55.
Este não será o caso previsto no §2º do artigo 86 Código Penal, que é multa de
substituição, porque esta não é correcta, parece ser uma pena diferente da pena de multa
55
DIAS, Figueiredo, op. cit, p.124.
42
enquanto pena principal, que possui regime próprio e autonomo. Nesta senda, é
meretório aqui fazer, uma análise profunda do fracasso que se aponta para a pena
não a Lei sobre a violência domestica- Lei nº29/2009, de 29 de Setembro, que prevê a
multa como pena alternativa à prisão, as demais não o têm como alternativa, isto é, não
correspondente, isto é, prisão x igual à multa y. Portanto, a multa a ser aplicada deve ser
56
Neste sentido para mais desenvolvimento, vide o parecer e a lição do Prof. Cavaleiro Ferreira, Direito
Penal, II, 1961, pág.163.
43
não tiver ainda sofrido condenação em pena de prisão” 57, sendo determinada em sede da
da pena.
que o individuo pode merecer, não deve ser executada, pela sua curta duração, pelas
prisão opostos pela parte final do artigo 88 do Código Penal são obstáculos para o
benefício da suspensão da pena, sendo neste caso, a razão que priva o delinquente de se
verdadeira pena e, por isso, com uma determinada duração” 59. Nesta ordem de ideia, o
tempo de suspensão não será inferior a dois anos, nem superior a cinco, e contar-se-á
desde a data da sentença em que tiver consignado (cfr. §1º do art. 88 do Código Penal).
57
Cfr. Corpo do art. 88 do C.P.
58
Para mais desenvolvimento, vide DIAS, Figueiredo, ob cit, p.338, e SILVA, Germano Marques, ob cit,
p.87.
59
op. cit. p.88.
44
Esse periódo não pode ser prorrogado e decorrido que seja a pena deve ser declarada
extinta ou considerar-se de nenhum efeito, isto é, se o réu não cometer outro crime no
processo por crime que possa determinar a sua revogação ou incidente por falta de
que a pena só é declarada extinta quando o processo ou incidente findarem e não houver
sobre a caducidade da pena suspensa, por infracção das obrigações e/ou condições
impostas (previstas no art. 121 do C.P, por remissão do §2º do art.88 do Código Penal),
suspensão da pena de prisão, nem mover-se dentro dos critérios rígidos de legalidade.
Assim sendo, a aplicação desta medida pode vir a revelar-se inglória, gorando as
45
tratamentos, devido às alterações de mentalidade e hábitos que exigem e que só poderão
alterações exigem tempo que poderá ir para além do período da pena de prisão fixada.
inflaciona-se a pena.
na base desta opção pela coincidência temporal das penas: permitir ao condenado atingir
sentença não se aplica nesta parte. Contudo, esta celeridade afigura-se perniciosa para a
efectiva reinserção, podendo mesmo comprometer o seu sucesso, não evitando, por isso,
a reincidência.
execução da prisão mais longa do que a de prisão, pelo que a ponderação do tempo a
atribuir àquela devia ser deixado ao juízo prudente da autoridade judicante, exercido em
46
de conduta destinadas a facilitar a sua reintegração na sociedade, a destacar as
obrigações previstas no art. 121 do C.P, por remissão do §2º do art.88 do Código Penal:
crime;
empresa ou obra;
região;
vigilância;
assistência;
prisão, esta associada à condição de o condenado não cometer qualquer crime durante o
47
judicante acumulará a primeira pena á segunda, sem que, todavia se confundam na
suspensão ou da aplicação dessa pena, ja não poderiam ser alcançada, por meio desta,
quando durante o período de suspensão, o delinquente cometer crime doloso que venha
a ser punido com a pena de prisão”61. Essa revogação da suspensão da penanão pode ser
que o incumprimento das condições da suspensão tenha ocorrido com culpa do agente.
condenado uma solene advertência; exigir – lhe garantias de cumprimento dos deveres
61
Idem.pp.356 e 357.
62
op.cit. p.355.
48
verificarão essas consequências, quando o incumprimento ocorra com culpa do agente,
da medida que irá tomar, sem se discorar do objectivo central da pena em estudo, de
porque, não existem sistemas de controlo da execução dessa pena, para verificar se o
delinquente após a sua condenação, esta cumprir ou não com as obrigações impostas ou
das Regras de Tóquio). Porém, é da nossa opnião que, após o termo do período da
um mandado de soltura ou documento que atesta que o condenado cumpriu com a sua
pena na totalidade. Por exemplo, cumprimento da pena de multa, é atestado pela guia de
suspensão, se o condenado não violar as regras impostas ou estabelecidas por lei, e não
da pena.
49
O incumprimento dentro do prazo marcado na sentença, das condições de que
Código Penal.
sanção verbal, ela é autonoma, isto é, pena princípal que se aplica às pessoas colectivas
consiste "numa censura solene e adequada censura oral feita em audiência pelo tribunal
ao réu considerado culpado”63. Esta pena é por outras palavras versão moderna da
repreensão judicial, prevista nos art°. 56, 5º e art°. 64 ambos do Código Penal.
As penas alternativas à prisão, por serem formas de punição, mais adequadas aos
crimes de média ou pequena gravidade, não deixam de ser punitivas e, portanto, devem
63
op.cit. p.385
50
Ao tempo em que se reconhece a importância de sanções não detentivas como
identificam-se, ainda, questões éticas que muitas vezes são subestimadas pela
“qualquer coisa é melhor do que a prisão”, concepção esta que deriva do senso comum
de, por ter feito algo de errado, ninguém pode reclamar da pena que lhe foi imposta.
Por entender que essa máxima parte de um raciocínio ardiloso, sendo a prisão a
pior das penas, a ninguém é dado recusar a alternativa dada. Porém, as penas
alternativas à prisão não podem apenas ser associadas aos ideais utilitários ou
As penas não detentivas não perdem a sua natureza punitiva, bastando que o
intimidade do indivíduo, quer por aparatos eletrônicos, como por visitas domiciliares,
que este reflita e reavalie as suas acções. Como o objetivo da pena é a reflexão do
51
infrator para que ele assuma a sua acção lesiva ante a comunidade e não volte a
Por isso, a pena imposta deve ser do tipo que possa ser suportada com dignidade
imposta com dignidade, reconhecendo a culpa ou protestando por sua inocência. Mas na
de muitos bens e liberdades com dignidade, mas é difícil manter-se digno ao ser
segurança e controle social, fazendo com que cada vez mais a sociedade se tornasse
outros factores que acabam por desviar a finalidade do Estado quanto à punição para
situações que efectivamente lesem bens jurídicos mais relevantes e que, portanto,
dependeriam da intervenção estatal penal para a sua proteção, atraindo-a para situações
52
A questão da punibilidade, isto é, da definição, já não do comportamento
criminal, mas da consequência juridica por excelência que se liga a pena, num Estado de
integrada, ligada institucionalmente a uma pena da culpa, que deve ser executada num
depara com a ideia da defesa social em todas suas formas, segundo o qual a finalidade
população prisional, estas alternativas são aplicáveis somente nas hipóteses de crimes de
pequeno ou médio potencial ofensivo, que não admitiriam a manutenção dos infratores
tampouco diminuem os custos na execução penal, eis que com a ampliação do número
criados.
64
DIAS, Figueiredo, Novos Rumos da Politica Criminal e Direireito Penal Português do Futuro, p.21.
Disponivel em http//www.estig.ipbeja.pt. acesso 16.03.2013.
53
As penas alternativas à prisão são menos degradantes do que a pena privativa de
moçambicanas. Tal condição, no entanto, não autoriza olvidar que as alternativas à pena
de prisão são respostas punitivas à prática de um ilícito penal e que, assim, devem ser
tratadas.
para a execução do exercício do controle social difuso exígido pelo actual momento
prisão.
da expansão dos domínios do direito penal, a busca de sanções alternativas visa, acima
comunitário para viabilizar a sua execução, numa proposta mais difusa de controlo do
54
A sociedade precisa compreender que a adopção indiscriminada da pena de
em favor das penas alternativas é fruto da constatação empírica, corroborada por outros
países, de que mandar pura e simplesmente mais pessoas para a prisão não tem
instrumento muito mais eficiente que a prisão para controlar a criminalidade, além de
social do condenado.
se poderão extrair decisões mais adequadas às infrações e aos anseios da sociedade, com
2.6.Aplicabilidade
proporcionalidade e da subsidieridade. Isto supõe por sua vez duas condiçoes, ambas
elas plenamente preenchidas pelo no Código Penal actual assim como pelo projecto do
novo Codigo Penal:há maior diversificação possivel das sançoes penais diferentes da
prisão. De outra parte a obrigação para a autoridade judicante de que, na escolha entre a
55
sanção detentiva e outra não detentiva concretamente aplicaveis, opte pela última
sempre que, como diz Figueiredo dias "ela se mostre suficiente para promover a
prevenção do crime"65.
sociedade.
Ao se escolher sempre pelas penas não detentivas, da-nos aqui uma desconfiança
substitui-las por penas não detentivas. Assim, deduzimos o menor valor das penas
privativas da liberdade. Por isso, o menor valor que acima se afirma, deve ser tomada
Código Penal em vigor, o fim das penas é de prevenção e retribuição dos crimes. Como
execução da pena de prisão se mostrar indispensável para que não sejam postas
65
Ver neste sentido, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Penal Português – ConsequênciasJurídicas do
Crime, 2ª reimpressão, Coimbra, 2009.p.22.
66
Idem, p.333.
56
Neste sentido, as autoridades judicantes têm a sua disposição uma vasta gama de
delinquente a reinserir-se rapidamente na sociedade (vide regra 9.1 dos anexos das
Regras de Tóquio).
A protecção da sociedade; e,
prisão, constitui um importante requisito para o respectivo êxito e de acordo com a regra
consentimento para aplicação de medidas não privativas de liberdade, devendo ainda ser
As medidas não privativas de liberdade podem até certo tempo, serem mais
flexiveis do que a prisão preventiva, por exemplo, sendo este potencial reconhecido pela
estas medidas, devem fazê-lo com coerência, e que esta deve ser claramente do interesse
da equidade e justiça, pelo que seria útil existência de directrizes para imposição das
57
penas com vista ao estabelecimento de equivalências entre os diversos tipos de penas
princípio de intervenção minima, pelo que, há que evitar todas as medidas excessivas.
Requisitos objectivos:
Quantidade da pena aplicada- a pena de prisão aplicada não superior a seis mese,
ainda que seja crime de natureza dolosa, sendo pois uma pena cuja moldura penal não
desde que preenchidos os demais requisitos, nos termos dos estabelecido no artigo 86 do
aplicada.
nos referimos acima, seja ele doloso ou culposo, cabe sempre a substituição, contudo ao
superior a seis mese de prisão, o que não é cabível quando nos dolosos.
necessidade de prevenção geral ou especial. O que significa que não se pode abandonar
culpa. Só que esta não se baseia na ideia absoluta de retribuição e expiação, ao estilo
58
aplicação da pena sem existir a culpa e como não é possivel aplicação da pena em
medida superior àmedida da culpa. Assim sendo, a culpa continua a constituir, não o
qualquer pena67.
trabalho a favor da comunidade são efectuadas em dias uteis num minimo de duas horas
e maximo de quatro horas, o que corresponde a pena entre vinte e cinco dias uteis a
cinquenta dias uteis de condenação, quando calculada no minimo de duas horas diarias.
Se calculadas em máximo de quatro horas diárias, a pena convertivel em dias será entre
doze vírgula cinco a vinte e cinco dias uteis de condenação. Nesta ordem de ideia, uns
condenados poderão ficar mais tempo e outro menos tempo em cumprimento da pena
da situação familiar do con denado, o tribunal pode substituir a pena de prisão pela pena
função dos dias nos termos do artigo 86 do Código Penal, para ter o diario e fazer
correspondência com as horas, para depois e ultimo lugar deduzir as horas entre o
67
Para mais desenvolvimento vide DIAS, Figueiredo, Novos Rumos da Politica Criminal e Direireito
Penal Português do Futuro, p.29. Disponivel em http//www.estig.ipbeja.pt. acesso 16.03.2013.
59
minimo de duas horas e máximo de quatro horas nos termos do nº 2 do artigo 8 da Lei
nº29/2009 de 29 de Setembro.
Requisitos subjectivos:
passada em julgado por algum crime, comete outro crime da mesma natureza, antes de
terem passado oito anos desde a dita condenação, ainda que a pena do primeiro crime
da prática do mesmo crime. Assim, o reincidente em crime doloso, pode ser beneficiado
pela substituição quando estiverem presentes dois requisitos cumulativos, que são não
68
SILVA, Germano Marques, op. cit, p.155.
60
da punição ou sanção, neste caso, prisão ou pena alternativa à prisão. Isto porque,
considera-se delinquente como sujeito de direitos por um lado, e por outro, tem em vista
pois, "a sanção mais útil é a sanção aceite pelo condenado, porque, ao mesmo tempo em
que estimula a sua participação no atingir dos objectivos pretendidos, desenvolve o seu
sentido de responsabilidade”69.
como se fosse de uma pena de trabalho forçado, situação impossivel, quer a nível
verificado este pressuposto, dentre outras penas alternativas a prisão a sua disposição,
69
Para mais desenvolvimento vide:DIAS, Figueiredo, ob cit, p.140 e 375; e RODRIGUES, Anabela
Miranda, Consensualismo e Prisão, Documentação e Direito Comparado, nº 79/80.1999.p.375.
61
CAPITULO III
62
trânsito em julgado(vide o art°.625 do Código Penal). Esta execução da pena visa a
socialização do delinquente.
favoráveis ao prosseguimento de uma vida sem práticar crimes, ao seu ingresso numa
condenado.
penas é o tribunal da primeira instância em que o processo tiver corrido, nos termos do
70
DIAS, Figueiredo, Novos Rumos da Politica Criminal e Direireito Penal Português do Futuro, p.30.
Disponivel em http//www.estig.ipbeja.pt. acesso 16.03.2013, pelas 21:03 min.
63
corpo do artigo 625 do Código de Processo Penal. Portanto, "se a causa for julgada em
executado, salvo se este for juiz de direito em exercicio, porque neste caso se observará
Se o delinquente for condenado a pena de multa, esta deva ser paga após o
julgamento, o prazo para pagamento será de quinze dias (vide artigo 638 do CPP).
multa por prestação de trabalho a favor da comunidade, "quando concluir que esta
639 do CPP).
comunidade, presvista no artigo 123 do CP, preve que, na falta de bens suficientese
71
Vide § 2º do do artigo 625 do CPP.
72
SILVA, Germano Marques, op. cit, p.201.
64
desembaraçados, a pena multa pode ser modificada na sua execução "pela prestação do
CPP. Não podendo a multa ser paga ou ser executada, fica claro que, o cumprimento da
prisão é invocado em alternativa à pena de multa (ultima parte do § unico do artigo 123
tem lugar quando a multa não for paga, não puder ser executada, e não puder ser
legislador pelas vias de cumprimento não detentiva e pela recusa das penas de prisão de
curta duração, surgindo à prisão alternativa como derradeira solução, quando todas as
ser paga voluntariamente, há lugar à execução patrimonial, isto é, a execução dos bens
se, a qualquer tempo e antes de cumprida a prisão em que a multa tiver sido convertida,
cessará mediante a efectiva liquidação do montante da multa não cumprida como prisão.
Se o réu não pagar as multas fixadas nos termos do artigo 638 do CPP, impostos
Publico e segue a forma de execução por custas nos termos do nº 1 do artigo 640 do
CPP, por força do que nos remete ao disposto no artigo 1696 do Código Civil,
conjugado com os artigos 100, 101, 102 e 103 do Código das Custas Judiciais.
73
Para mais desenvolvimento vide DIAS, Figueiredo, op. cit, pp.148-149.
65
3.1.2. Execução da Prestação do Trabalho a Favor da Comunidade
entidades privadas cujos fins o tribunal considere de interesse para a comunidade e deve
ser efectuado nos dias uteis, num minimo de duas horas e máximo de quatro horas
Lei nº29/2009, de 29 de Setembro, que orienta a questão de como devem ser escolhidas
das entidades onde os condenados devam cumprir as suas penas, como devem ser
advoga, "os mais complexos problemas, a ponto de se não poder depositar grandes
criminal”74.
exemplo, remunerados" o que levara que o mesmo não volte a delinquer, e se calhar,
possam ser beneficas para si e para seus familiares depois da sua soltura.
74
DIAS, Figueiredo, ob cit, p.378.
66
Portanto, as autoridades judicantes tendo em conta que a execução da pena esta
solução que se deve ter em conta é aquela que é defendida pelo Figueiredo Dias, quando
diz: "se tal prestação se não verifica, então a pena de prestação de trabalho a favor da
do artigo 86 do Código Penal, a pena de prisão fixada na sentença ser substituida a pena
omissa, em virtude da execução deste instituto, suscitar serios problemas que acima nos
para a sua resolução, contribuindo para a não ou fraca aplicabilidade, pelas autoridades
judicantes.
75
Idem, p.381.
76
A necessidade de supervisão depende da natureza da pena alternativa à prisão ser aplicada. Para mais
desenvolvimento vide a regra 10.1 das Regras de Tóquio.
67
execução, num periodo que não seja superior a 12 meses e findo o qual a pena é
três meses e multa de seis meses nos termos do artigo 188 "corpo" e § 2º do Código
sentença:
trabalho, como ainda nas hipóteses (esquecidas pela lei vigente) de infringir
venha a ser condenado. Ponto seria só, também aqui, que tais circunstâncias não
77
DIAS, Figueiredo, op. cit, p.380.
68
3.2. Vantagens e desvantagens da aplicação das penas alternativas à prisão.
3.2.1. Vantagens
Enquanto as penas privativas de liberdade detêm o culpado e fazem com que ele
oportunidade de reconhecer o seu erro e de deixá-lo pagar de uma forma mais coerente
com o tipo de acto ilícito que cometeu; as penas alternativas geram um gasto menor
para a sociedade, reduz as chances de o infrator voltar a cometer crimes, não o retira do
convívio social e com a sua família e não acarreta o abandono do emprego. Além do
que, quando o infrator é beneficiário desta oportunidade, toda a sociedade ganha, pois
Por exemplo, uma das vantangens quando se aplica uma pena de prestação de
trabalho a favor da comunidade, é que ela, é mais educativa dentre todas as penas
que o circundam, significa incuti-lo sobre os seus direito e deveres, ausculta-lo e fazer
78
Neste sentido, op. cit, p.120.
69
exercendo sua profissão ou trabalho normalmente sem qualquer prejuizo, pelo que, seu
a sua disponibilidade de dias e horas, nos termos do disposto no nº2 do artigo 8 da Lei
nº 29/2009 de 29 de Setembro.
Desta feita, alcança-se uma das finalidades das penas que é a prevenção geral,
3.2.2. Desvantagens
sua posse, estão sempre em condições de pagar a multa, diferente dos pobres que vivem
abaixo de um dolar por dia, ja se pode imagir que a condição de pagar esta pena é
mesmo complicada, apesar disso, a desigualdade não é suficiente para pôr em causa o
79
op. cit, p.121.
70
Esta pena pode trazer "consequências familiares desfavoráveis” 80, deterioração
mais insistente (e consistente), sem dúvida, é o da carga desigual que representa para os
pobres e para os ricos. Por outro lado, é passível de provocar consequências familiares
para evitar a prática de futuros crimes pelo próprio delinquente que a sofre, podendo
este não se corrigir, não é aqui tão evidente e decisiva como a pena de prisão.
80
op. cit, p.122.
71
CAPITULO IV
4. DA EFICÁCIA.
A eficácia das normas respeita à realização dos fins que prosseguem, a do direito penal,
na sua função de prevenção e repreensão, não se mede tanto pela diminuição do crime,
mas pela sua contribuição para a contenção da criminalidade" 81. Nestes termos,
4.1.1. Multa
A pena de multa é aplicadacomo pena principal, com o fim de evitar o
72
Partindo deste pressuposto, surge uma questão, se aplicada uma pena não
superior a um ano por pena de multa, paga esta, mesmo tardiamente, o pagamento
qualificada previsto e punido pelo art.188 do CP, na pena 175 dias de multa a taxa diaria
de 20,00 Mt. Transitada em julgado a decisão, tendo sido notificado das custas e multas,
quedou-se inerte. Findo o prazo para pagamento das multas, a autoridade judicante
ordena a captura do mesmo. Depois de dois meses de trânsito em julgado veio juntar aos
A pena de multa aplicada ao arguido é uma pena principal que resulta do artigo
63 do CP. O arguido pode provar que a razão do não pagamento da multa não lhe é
imputavél, que resultam depois da sentença, por situações motivadas por justo
impedimento nos termos do art.146 do CPC. Entretanto, só após de dois meses, sob
multa.
Sendo a pena de multa aplicada pena principal em que o arguido foi condenado,
finalidade deste instituto da pena, tendo em conta que a multa evitaria a prisão. Com
multa”82. No nosso ordenamento jurídico, tanto na aplicação e execução das penas, deve
82
BELEZA, Teresa Pizarro, op. cit. p. 25.
73
A pena de multa deve ser escolhida "sempre que esta realizar de forma adequada
preservada. Para tal, “as pessoas têm de ser sempre condenadas à alternativa
o nível de rendimento for alto à genaralidade dos cidadãos. Nesta senda, a determinação
rendimento medio adequado à sua situação economica. Esta ideia, também é sustentada
por Fernando Bessa Pacheco e Mário Bessa Pacheco quando diz que“eficácia geral
83
DIAS, Figueiredo, op. cit, p.331.
84
BELEZA, Teresa Pizarro, op. cit. p. 25.
85
PACHECO, Fernando Bessa e PACHECO, Mário Bessa, As reações criminais do Direito Penal
Português na perspectiva da reintegração social. Análise Psicológica. 2002. p. 333.
74
Figueiredo Dias, diz a respeito que: "há razões para crer que tal alegação é, as
mais das vezes, apenas um artifício para ocultar uma desconfiança na eficácia político
de liberdade”86. Ainda sobre esta discussão, realça Figueiredo Dias que "a multa deve
ter limites suficientemente amplos para que possua efeito de justa intimidação mesmo
dos mais ricos”87. Contudo, a penade multa constitui arcabouço punitivo de real eficácia,
desde que bem aplicada e perfeitamente executada. Ainda no que refere a pena de
refletir de que modo e como a condição económica do arguido, ainda que garantido o
respeito pelo princípio da igualdade, pode justificar, por si, a preferência por outra pena
que não a pena de multa de modo a dar cumprimento à exigências de prevenção geral e
especial”88.
Mas será a aplicação desta pena alternativa à prisão eficáz? Parace-nos que não,
por ser de fraca aplicabilidade, tendo em conta o questionário em anexo feito aos
disciplina e o controlo muito estrito na sua execução de forma a garantir a eficácia, isto
é, eficácia real ou relativa e não eficácia utópica, que tanto o legislador como o
aplicador da norma pretende duma sanção penal, neste caso, que se atinjam as
86
DIAS, Figueiredo, op. cit, p.120.
87
DIAS, Figueiredo, Novos rumos da politica criminal e o Direito Penal Português do futuro, p.35.
88
SANTOS, Boaventura Sousa, A Justiça Penal. p. 502.
75
representauma poibilidade eficaz de substituição da pena de prisão, em especial das
interesse da comunidade, o que leva, em regra, à boa aceitação por parte do público em
geral”89
Esta pena será eficáz, se a sua execução for feliz ou adequada, isto é, sempre que
A pena suspensa é uma das penas que as autoridades judicantes mais aplicam no
acompanhamento e conduta durante a execução da pena nos casos de penas mais curtas.
actividades e rotinas, e o peso da condenação parece não ser sentido. Para a vítima,
portanto, fica com uma imagem de impunidade e com sentimento de que não foi feito
justiça.Poderá ainda esta situação ser objecto de crítica nos casos de reincidência em
que o mesmo agente da infracção, volta a delinquir e ser condenado com a pena
89
Idem. p. 504.
76
suspensa.Esta pena só será eficáz, se os deveres e as regras de conduta forem cumpridos
na íntegra pelo condenado, assim como, em termos deo tempo de frequência dos
prevenção.
4.2.1. Moçambique
No ordenamento juridico moçambicano, a avaliação da eficácia das penas
alternativas à prisão no geral, ainda é, permatura visto que só apena de multa no código
penal actual é visto como pena alternativa, e ela é eficáz quando aplicada
Com a entrada em vigor da Lei sobre a violência doméstica que veio introduzir a
pena de Prestação de Trabalho a Favor da Comunidade, vem ampliar o leque das penas
pesquisa feita, verifica-se que é a menos usada, se não dizer que não é absolutamente
pessoas colectivas de direito público ou entidades privadas cujos fins são de interese
projecto de revisão do Código Penal em debate. Ainda fazem partes deste projecto as
90
op. cit, p. 501.
91
Cfr. o nº 1 do artigo 8 da Lei nº29/2009 de 29 de Setembro.
77
penas de prestação pecuniária ou em espécie; a perda de bens ou valores; a multa; e a
de crime organizado. Proibe a aplicação das penas alternativas à prisão nos crimes de
uso de arma de fogo ou com violencia ou ameaça grave contra as pessoas, ainda nos
considerada a mais eficáz, pós o seu tempo de cumprimento é curto, se não de 15 dias
importante pena de substituição não só pelo seu âmbito alargado (ou seja, pode
substituir não só penas de prisão de curta duração, mas também de média duração, já
que é possível aplicá-la nos casos de prisão não inferior a2 anos e nem superior a 5
anos) mas porque os juizes moçambicanos a aplicam com mais frequência do qualquer
ameaça da prisão basta para afastar e dissuadir o condenado da aprática de novos crimes
78
No nosso país, para além da pena de multa, pena suspensa e de prestação do
de multa e a suspensão da execução da pena de prisão, são as mais aplicadas, por serem
aplicabilidade, tendo em conta que esta medida, entrou em vigor no nosso quadro
jurídico em 2009.Passado que foi um quinquénio, ela não é aplicada pelas autoridades
judicantes "juízes", o que pode levantar várias questoes como a da inércia, comodismo,
ignorância e negligência.
multa: de facto, alguns magistrados, invocando este princípio, não reconhecem à PTFC
79
personalidade e a situação sócio-económica do arguido, por forma adequar e
da Cidade da Beira, ja aplicaram penas alternativas à prisão, com mais incidencia nas
60 % são do sexo feminino e dois dos quais, correspondente a 40% são do sexo
Tabelanº 1.
Sexo F.A FR
F 03 60%
M 02 40%
Total 05 100%
Fonte: entrevista aos magistrados judiciais.
Tabelanº 2.
Se ja aplicou a Pena FA FR
Alternativa à Prisão
Sim 05 100%
Não - -
Total 05 100%
80
Fonte: entrevista aos magistrados judiciais.
aplicaram esta pena, correspondendo uma frenquência relativa de 40%- Vide a tabela nº
3.
Tabela nº3.
a
Sim 05 100% Sim 02 40% Sim 05 100%
Não - - Não - - Não - -
Total 05 100% Total 02 40% Total 05 100%
Fonte: entrevista aos magistrados judiciais.
tribunal e constituem uma solução eficaz para o nosso ordenamento juridico; concernete
a realização das finalidades das penas, 100% dos nossos entrevistado responderam
positivamente que as penas alternativas à realizam as finalidades das penas- vide tabela
nº 4.
Tabela nº 4.
das Penas
Não - - Não - -
81
Fonte: entrevista aos magistrados judiciais.
as penas de prisão, dois dos quais responderam não ser possivel a comparação,
correspondendo à 40%; dois dos quais disseram ser menor, correspondendo a 40% e um
dos quais disse ser sempre possivel, correspondendo a 20% da frequência relativa- vide
quadro nº 5.
Tabela nº 5.
Grau de Reincidência FA FR
Menor 02 40%
Igual - -
Maior - -
Não é possível 02 40%
Sem resposta 01 20%
Total 05 100%
Fonte: entrevista aos magistrados judiciais
4.2.2.No Brasil
a) Aplicada pena de prisão não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência grave ou ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
82
b) O criminoso não pode ser reincidente no crime doloso; o reincidente em crime
superlotação das prisões, sem perder de vista a eficácia preventiva geral e especial da
considerada melhor especie de pena alternativa à prisão, com 85,7% isto de 2007-
200992. Resta é saber que quando ela é aplicada atigem ou não a finalidades das penas
CAPÍTULO V
5.1.Discussão de resultados
92
VASCONCELOS, Wilson Santos de, Penas Alternativas: um estudo acerca da execução das penas
alternativas de direito no Rio de Janeiro (1994-2009). Dissertação de Mestrado. 2011. p.101.
83
A realizaçãodas finalidades de prevenção e de repreensão nos termos do artigo
apologistas de que elas realizam as finalidades das penas. Tendo um dos quais, referido
que elas não deixam de ser uma pena, apontando as penas de multa e suspensão da
execução da pena de prisão, por terem condiçoes impostas que devem ser cumpridas.
Outro, disse a nossa fonte que: para o caso da suspensão da execução da pena, com o
voltam a cometer novas infracções. Desta feita, alcançando-se uma das finalidades das
reincidência.
reincidência é menor, outros dizem que não é possivel fazer esta comparação,
sustentando que, a reincidência não depende do tipo da pena, mas da pessoa que é
constituem uma solução eficaz para o sistema penal moçambicano. A sustentação feita
pelos nossos magistrados foi "no âmbito sociológico", porque se aplicarmos a pena
84
também, as máscondições a que os presos são submetidos nos estabelecimentos
prisionais, que com aplicação das penas alternativas à prisão, as condições melhorariam.
A avaliação da eficácia das penas alternativas à prisão, só será possivel dizer que
Germano Marques da Silva, diz: "a norma penal é efectiva e eficaz quando é geralmente
sociais. Por isso que um direito penal plenamente eficaz seria aquele em que não se
pelos magistrados judiciais, podemos concluir que as penas alternativas à prisão são de
regime das penas alternativas à prisão varia em função dos contextos em que devemser
aplicados
As penas de prisão são tidas como uma pena falhada ou em falência, por não
85
ressocialiação do delinquente, da prática criminosa. Sabendo, que estas penas estão a
aplicação, tendo em conta que elas, devem realizar adequada e suficiente às finalidades
como tribunais de execução das penas, para o controlo e fiscalização dos condenados a
prisão, a titulo de exemplo, que são de dificil fiscalização e controlo pelos tribunais da
Para que de facto as penas alternativas a prisão sejam efectivas e eficazes, terá
94
JOSE, André Cirstiano, Alguns Desafios para aplicação de penas alternativas à prisão em Moçambique,
2010.p7. Disponìvel em: http//www. cfjj.org.mz. acesso em 06.03.2013.
86
como os delinquentes são submetidos a estas entidades: através de pedidos dessas
delinquentes, uma vez que o Código de Processo Penal prevê no seu artigo 625, que a
execução das penas correrá no tribunal da primeira instancia em que o processo tiver
corrido.
Para tal, as entidades devem estar preparadas para lidarem com pessoas ou
réu, sobre tudo, relativamente a sua assiduidade, se quebra ou não com as regras de
vida sem praticar crimes, ao seu ingresso com o dever-ser juridico penal-visando a
oficios apreendidos durante a sua condenação, ficando desta feita fora da prática do
crime.
95
DIAS, Figueiredo, Novos Rumos da Politica Criminal e Direireito Penal Português do Futuro, p.30.
Disponivel em http//www.estig.ipbeja.pt.
87
Outro desafio, que se deve imprir, é atinente ao imcumprimento dos deveres das
trabalho a favor da comunidade, este não tem nenhuma sanção, isto é,a lei não prevê
Outro desafio que se levanta, tem haver com os tribunais de execução das penas,
Penal, que ainda não existem, esses, deviam fazer o controlo e supervisão dos
condenados no cumprimento das suas penas, criando banco de dados, que ilustrará o
Sobre a proteção das vitimas, tendo em conta que não ha crimes sem vitimas
"crimes without victims", deve assegurar-se a protecção das vitimas dos crimes contra a
88
intimidade ou de crimes de perigo comum, tendo em conta que o Direito Penal é capaz
de proporcionar protecçãosuficiente96.
As penas alternativas à prisão têm sido vista como solução a dita falência da
eficácia.
96
DIAS, Figueiredo, Novos Rumos da PoliticaCriminal e Direireito Penal Português do Futuro, p.21.
Disponivel em http//www.estig.ipbeja.pt.
89
A questão etico-ideologica é em relação a pena de prestação de trabalho a favor
e 9 da lei ѕupra, o que ao nosso entender, nunca assim seria executada, mas
quadro jurídico ѕer ilegal noѕ termoѕ do preceituado no nº3 do artigo 84 da CRM,
exceptuando-ѕe o trabalho realizado no quadro da legilação penal, como esta, que não
deixa de ser forçado por causa do seu carácter educativo e preventivo que se epera
almejar, comparando com o trabalho prisional previsto artigo 59 do Código Penal, este
Figueiredo Dias, "até ao ponto de ser hoje corrente falar-se da (queda do mito
sobretudo nos Estados Unidos da America e nos paises nordicos- de que às fabulosas
terapia social, não correspondeu até agora nenhuma sensivel diminuição (quando
97
DIAS, Figueiredo, Novos Rumos da PoliticaCriminal e Direireito Penal Português do Futuro, p.26.
Disponivel em http//www.estig.ipbeja.pt.
90
Então, não basta afirmar que as penas alternativas à prisão, por ter um caracter
ressocializador, elas diminuem a reincidência dos delinquentes. Importa referir que, não
eficaz execução das penas alternativas à prisão, isto é, na base legislativa que depressa
do delinquente.Aqui, pretende-se dizer que, não vale apenas saber legislar e aprovar
instrumentos penais sem que se criem condições para sua efectiva e adequada
execução, condição sine qua non para sua eficácia, o que entre nós não e verifica.
críticas não chegam a revestir um peso significativo face às reais vantagens para os
dos condenados e, ao mesmo tempo, na avaliação feita pela comunidade onde ela se
91
"concreto", do trabalho "visível" do condenado, apreciam o seu esforço e aplaudem a
distância em relação à prisão, sendo esta sempre percebida como uma entidade
dolce far niente forçosamente provocador para quem "trabalha de sol a sol".
aplicação, por parte dos magistrados, de uma pena que, a ser possível revelar todas as
desses institutos, na sua execução. Factores estes, que servem para avaliação da eficácia.
6.Conclusão
As penas são impostas com objectivo de que os que cometem crimes sejam
penalizados e que não voltem a cometer novos crimes, como retribuição pelo dano
designação linguística faz transparecer uma noção de sucedâneo face à prisão que surge,
92
assim, como fulcro em matéria de sanções penais. Fazendo uma reflexão sobre a pena
ideia dessa dissertação na esperança que fossem utilizados, alias, as penas de multa e
pena suspensa são as mais utilizadas e as PTFC as menos utilizadas. As PTFC num
perímetro de cinco anos deviam serutilizadas para permitir a sua avaliação, para futuras
Esta pena de PTFC representa uma democratização pelo facto dela, a sua
execução, neste caso, as entidades públicas e privadas de direito público, cuja finalidade
são elementos adequados para indicar o fraco esforço de aplicação nestes cinco anos
para cá, se não a timidez das autoridades judicantes. A PTFC cumpre uma função
pagamento tardio preservar a sua eficácia, por assegurar as finalidades da pena. A pena
de multa constitui um verdadeiro instrumento punitivo de real eficácia, desde que bem
93
A suspensão de execução da pena de prisão, é a mais importante pena de
substituição, pois, pelo seu caracter revogatório, os condenados não voltam a cometer
Com o presente estudo foram alcançados todos os objectivos pretendidos, tendo como
hipotese valida, a realização das finalidades das penas. Limitações não faltaram, mas
não obstaram o alcance dos resultados apresentados frutos da metodologia usada como a
Judiciais.
pena suspensa (suspensão da execução da pena de prisão), tem elementos que facilitam
ressocialização do deliquente.
7.Contribuições
preconiza que estas medidas alternativas à prisão, sejam aplicadas a crimes puniveis
94
No entanto, para além de ser aplicavél a penas a delinquentes primários, é
arma de fogo ou com violência ou ameaça graveis contra as pessoas; crimes cometidos
contra criança, incapaz, idoso ou mulher grávida; e crimes de acidente de viação de que
do Código Penal).
respectivos para a sua aplicação. Tal obrigatoriedade poderá ser um grande contributo
caso concreto.
judicantes esperam que se regulamente a lei que penalisa com PTFC a violência
95
Para efectividade das penas alternativas à prisão, aos aplicadores da lei, que
prática da comunidade, isto porque, cada comunidade tem seus valores e a eficácia das
penas depende dos valores em causa. Se assim for, a norma será respeitada pelos
7.Referências Bibliograficas
BELEZA, Teresa Pizarro, Direito Penal, 2º Volume, Reimpressão, Lisboa, aafdl, 2003.
2008.
96
LISZT, Franz Von, Tratado de Direito Penal Alemão, Tomo I, F. Briguiet & C.
LATAS, Antonio João, DUARTE, Jorge Dias, PATTO, Pedro Vaz, Direito Penal e
2002.
Comparado, nº 79/80.1999.
Junho, 2009.
SILVA, Germano Marques, Direito Penal Português, Parte Geral III, Teoria das
de Mestrado. 2011
Legislação
Moçambique.2012
97
GOUVEIA, Jorge Bacelar e NHAMISSITANE, Emídio Ricardo, Código Penal e
Internet
pelas 21:03min.
PATTO, Pedro Maria Godinho Vaz, Os Fins das Penas e a Prática Judiciaria-algumas
Regras mínimas das Nações Unidas para a Elaboração de Medidas não Privativas de
98
VELOSO, José António, Penal Criminalp.520. Disponível em: http//www.oa.pt. acesso
APÊNDICE
1. Nome (facultativo):.....................................................................................................
99
3. Ja aplicou alguma pena alternativa à prisào? Sim ( ) Não ( ).
Multa ()
Regime de prova ( )
Admoestação/ repreensão()
Sim ( ) Não ( )
Justifique.........................................................................................................
.........................................................................................................................
.........................................................................................................................
.........................................................................................................................
7. Que pensa a respeito das penas alternativas? Será uma solução eficaz para sistema
Justifique.......................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
100
8. É possivel aferir o grau de reincidência dos condenados a penas alternativa`a prisão
Caso tenha outras opniões que acima não foram abordados, use este espaço para
indicadas: .....................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
.................
Fim
101