Вы находитесь на странице: 1из 96

8 – COMPONENTES REATIVOS.

Campo elétrico

Vamos supor que se introduz uma diferença de potencial V entre duas chapas
condutoras. Ver fig. 8-1.

ε
V

Fig. 8-1

Em todo ponto, situado no espaço entre essas duas chapas, passa uma linha invisível
chamada de linha de campo elétrico. A fig. 8-1 mostra algumas dessas linhas. Se for
colocada, sobre uma destas linhas, uma partícula carregada com carga negativa, esta
partícula se desloca, ao longo da linha, no sentido da flecha, até atingir a chapa positiva.
Se a partícula estiver carregada positivamente, o deslocamento é em sentido contrário.
Por isto essas linhas são também chamadas de linhas de força.
A chapa ligada ao potencial negativo se chama catodo e a outra tem o nome de anodo.
Podemos dar, como exemplo de partícula com carga negativa, um elétron. Dentro de um
tubo de um televisor, por exemplo, tem-se o deslocamento de um feixe de elétrons que
saem, continuamente, do catodo e atingem o anodo.
Outros exemplos de partículas carregadas negativamente ou positivamente são os íons.
Íon é um átomo ou uma molécula que perdeu ou ganhou elétrons. No primeiro caso esse
elemento se transformou em um íon positivo e no segundo caso tornou-se um íon
negativo. As principais aplicações do deslocamento de íons, entre catodo e anodo, são a
eletrólise e a galvanoplastia.
A entidade física que provoca o deslocamento dessas partículas é chamada de “campo
elétrico”. Em cada ponto, situado entre as duas chapas, existe um campo elétrico. As
velocidades e acelerações, daquelas partículas, dependem dos valores, desse campo
elétrico, ao longo das linhas de força.
O valor do campo elétrico, presente em cada ponto, pode ser determinado por meio de
expressões matemáticas. Sua unidade física é volt por metro e seu símbolo matemático,
mais usual, é a letra grega ε .
Por exemplo, quando a distância entre as placas é muito menor do que suas dimensões,
o campo elétrico é, aproximadamente constante, e tem o valor:

V
ε≈
d

onde V é a diferença de potencial entre as chapas e d é a distância entre elas..


Exemplo: Sejam duas chapas quadradas com 1 metro de lado, distantes, entre si, de 2
cm. Se introduzirmos uma diferença de potencial de 5 volt, entre elas, teremos em
qualquer ponto, situado no espaço compreendido entre essas chapas, o campo elétrico:

86
V 5 v v
ε≈ = = 250
d 0,02 m m

Na realidade, para que haja formação de campos elétricos, não é necessário que o anodo
e o catodo tenham o formato, das chapas, descrito. Quaisquer dois condutores, com uma
diferença de potencial entre si, geram campos elétricos. A fig. 8-2.a mostra o caso em
que o catodo e o anodo são fios condutores. A fig. 8-2.b mostra as linhas de força em
um plano transversal a esses condutores.

V
(a) (b)

Fig. 8-2

Capacitor

Quando se tem um dispositivo na forma de duas chapas colocadas a uma pequena


distância entre si, tem-se um capacitor. Portanto o dispositivo mostrado na fig. 8-1 é um
capacitor.
Quando se coloca entre as chapas, por meio de uma bateria, uma diferença de potencial
V, esta diferença de potencial permanece, mesmo depois que a bateria for retirada. Ver
fig.8-3.
Diz-se que este capacitor ficou carregado com a tensão V. O capacitor é um componente
elétrico muito usado em circuitos de corrente alternada.

87
V
ε ⇒ ε V

Fig. 8-3

Construção do capacitor
Um capacitor pode ser construído usando-se duas placas condutoras, isoladas entre si,
cuja distância, uma da outra, é muito menor do que as dimensões das placas. A fig.
8-4.a mostra este dispositivo em perspectiva. A fig. 8-4.b mostra o corte na posição BB
da primeira figura.

B B B d B

(a) (b)

Fig. 8-4

Nessa fig.8-4, o parâmetro A representa a área de cada placa e d é a distância entre


essas placas. Estão mostrados, ainda, os terminais condutores que são conectados
individualmente a cada placa. Estes terminais são necessários para que se possa
intercalar este dispositivo em circuitos elétricos. A fig. 8-5, mostra como um capacitor
é representado no esquema de um circuito elétrico.

Fig. 8-5

88
No capacitor da fig. 8-4 as placas estão isoladas apenas pela presença de ar entre elas.
Entretanto, o mais comum é ter um material não condutor (isolante) separando essas
placas. Este material recebe o nome de dielétrico. A fig. 8-6 mostra o corte, ainda na
posição BB, de um capacitor contendo dielétrico entre as placas.

B B
εr

Fig. 8-6

O material isolante possui um parâmetro denominado constante dielétrica relativa. Seu


símbolo matemático é ε r . O capacitor construído, conforme mostrado nas figuras 8-4
e 8-6, possui a o valor da capacitância, na unidade Farad,. Esse valor é calculado pela
fórmula:

A
C = 8,85 × 10 −12 × ε r × [Farad ]
d

Nesta expressão, ε r é um número adimensional, d deve ser dado em metro e A, em


metro quadrado.
A tabela 8-1 mostra os valores de ε r para alguns dielétricos.

Tabela 8-1

Dielétrico Const. Dielétrica (ε r )

Ar 1,00
Baquelite 5
Vidro 6
Mica 5
Óleo 4
Papel 2,5
Borracha 3
Teflon 2

----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 8-1

89
Um capacitor de 200 × 10 −12 F (200 pF), deve ser construído conforme as figuras 8-4 e
8-6, utilizando chapas quadradas. Sabendo que a distância entre as placas é
d = 1 × 10 −4 m , determinar a medida de cada lado dessas placas, para os seguintes casos:

a) Dielétrico ar
b) Dielétrico mica.

Solução:

a) Para o ar, tem-se ε r = 1,00


A A
C = 8,85 × 10 −12 × ε r × = 8,85 × 10 −12 × 1,00 × − 4 = 200 × 10 −12 F
d 10

200 × 10 −12 × 10 −4
A= = 2,26 × 10 −3 m 2
8,85 × 10 −12

A = l×l = l2

l= A = 2,26 × 10 −3 = 4,75 × 10 −2 m = 4,75 cm

b) Para a mica, tem-se ε r = 5


A A
C = 8,85 × 10 −12 × ε r × = C = 8,85 × 10 −12 × 5 × − 4 = 200 × 10 −12 F
d 10

200 × 10 −12 × 10 −4
A= −12
= 4,5 × 10 − 4 m 2
5 × 8,85 × 10

l = 4,5 × 10 −4 = 2,13 × 10 −2 m = 2,13 cm

Conclusão: a presença do dielétrico faz diminuir o tamanho do capacitor.


---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Capacitor construído com n placas sobrepostas

A fig. 8-7 mostra um capacitor construído com 7 placas sobrepostas.


εr

(+ ) (− )

Fig. 8-7

90
No caso geral se tem n placas, onde n é um número ímpar. Neste caso o valor da
capacitância fica:

A
C = 8,85 × 10 −12 × (n − 1) × ε r ×
d
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 8-2

Vamos supor que um capacitor possui 7 placas, tendo cada uma delas a mesma
dimensão da placa do exercício 8-1, ou seja, é quadrada tendo o lado l = 2,13 cm . Estas
placas estão separadas entre si da mesma distância especificada naquele exercício:
d = 1 × 10 −4 m . O dielétrico também é o mesmo, ou seja, mica.
Determinar o valor da capacitância.

2
C = 8,85 × 10 −12 × (n − 1) × ε r ×
A
= 8,85 × 10 −12 × 6 × 5 ×
(0,0213) ≈ 1,2 × 10 −9 F =
d 1 × 10 −4
1200 pF

Conclusão: A utilização de n placas aumenta de (n-1) vezes o valor da capacitância sem


aumentar a área individual das placas.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 8-3
Um capacitor variável, de dielétrico ar, é formado por 11 placas, em formato de meio
círculo cujo raio mede 4 cm. A distância entre as pacas é de 0,5 mm. Determinar sua
capacitância máxima. Ver figura a seguir.

Solução:
π × 0,04 2
C = 8,85 × 10 −12 × (n − 1) × ε r ×
A
= 8,85 × 10 −12 × 10 × 1,00 × 2 = 445 × 10 −12 F
d 0,0005
ou C = 445 pF

91
Campo magnético

Um ímã, com seus pólos norte e sul, também pode produzir movimentos em partículas,
devido ao seu magnetismo. Contudo, essas partículas, para sofrerem esses
deslocamentos, têm que ter propriedades magnéticas, como por exemplo, o ferro.
Na região, onde se encontra o ímã, tem-se a presença de linhas de campo magnético. O
conjunto dessas linhas se chama fluxo magnético.
Entretanto, temos aqui, uma característica básica diferente em relação ao campo
elétrico. As linhas de fluxo magnético são sempre fechadas. Ver fig. 8-8

S N

Fig. 8-8

Essas linhas partem do pólo norte para o pólo sul na parte externa do material, e do pólo
sul para o pólo norte na região do material.

Linhas de campo magnético produzidas pela corrente elétrica.

Nas primeiras experiências históricas, com a eletricidade, notou-se que quando a


corrente elétrica percorria um fio condutor, a agulha magnética de uma bússola, situada
perto do condutor, sofria um desvio. Portanto, a corrente elétrica, de alguma forma,
provocava o fenômeno do magnetismo. Este fenômeno ficou conhecido como
eletromagnetismo.
A fig. 8-9.a mostra, em perspectiva, algumas linhas de campo magnético provocadas
pela corrente elétrica no fio condutor. A fig. 8-9.b, mostra essas mesmas linhas em um
plano transversal ao fio condutor. Supõe-se que o sentido da corrente é do papel para o
leitor. Podemos observar que cada linha forma um círculo perfeito.

92
I

(a) (b)

Fig. 8-9

Aqui também temos uma entidade física responsável pelo fenômeno. Esta entidade se
chama campo magnético. Seu símbolo mais conhecido é a letra H. Vamos tomar como
base um ponto P, situado a uma distância r de um fio condutor. Ver fig. 8-10.

P P
r r
I

Fig. 8-10

Se o comprimento deste condutor for l >> r e se nele passar uma corrente I, o campo
magnético, naquele ponto P, resulta aproximadamente:

I
H≈
2π × r

Quando a corrente elétrica é dada em ampere e a distância até o ponto é dada em metro,
a unidade do campo magnético é ampere por metro.
Exemplo: Seja um fio condutor de 1 metro de comprimento percorrido por uma corrente
elétrica de 1 ampere. O campo magnético em um ponto, distante 1 cm deste fio, resulta:

I 1 A A
H ≈ = ≈ 15,9
2π × r 2π × 0,01 m m

Campos magnéticos resultantes de uma corrente elétrica que percorre uma espira.

A fig. 8-11 mostra a configuração das linhas, de campo magnético, provocadas por uma
corrente elétrica ao percorrer um condutor com a forma de uma espira circular.

93
I

Fig. 8-11

Indutor

Quando o fio condutor tem a forma de um conjunto de espiras, como mostrado na


fig. 8-12, temos um indutor ou bobina.

Fig. 8-12

Podemos observar que as linhas de fluxo possuem configuração semelhante àquelas de


um ímã. Portanto, neste caso temos a produção de um dispositivo com o comportamento
de um ímã. Entretanto, para correntes elétricas, de valores moderados, a intensidade do
campo magnético é muito mais fraca do que a de um ímã que possuísse a mesma
configuração de linhas de fluxo magnético.
Além disto, ao contrário do que acontece com o campo elétrico, ao se desligar a
corrente elétrica, as linhas de fluxo magnético desaparecem.

Indutor com núcleo de ferro

94
A fig. 8-13 mostra um indutor que contém, internamente, um núcleo de ferro doce. Este
núcleo, isoladamente, não é um ímã. Entretanto, quando a corrente elétrica percorre as
espiras, as linhas de fluxo magnético se concentram dentro desse núcleo. Desta maneira
o sistema se converte em um dispositivo chamado eletro ímã. Mesmo para correntes
elétricas moderadas, a presença desse núcleo, torna os campos magnéticos muito mais
intensos. Esses campos magnéticos podem se tornar tão intensos como os de um ímã
propriamente dito.
A principal diferença entre um ímã e um eletro ímã é que este último deixa de se
comportar como ímã quando a corrente elétrica é desligada.

Fig. 8-13

Principais aplicações do eletro magnetismo

Os indutores, com ou sem núcleo de ferro, são muito empregados em circuitos de


corrente alternada e aparelhos eletrônicos.
Também, a produção da faísca elétrica, nos motores de combustão dos automóveis, é
provocada por um circuito elétrico cujo principal elemento é um indutor.
Outra aplicação importante, do eletromagnetismo, é na construção de motores elétricos.
Podemos mencionar, ainda, os eletro ímãs propriamente ditos. São usados,
principalmente, para transportar sucata de ferro de um lugar para outro. O eletro ímã é
agregado a guindaste. Quando a corrente elétrica é ligada, ele atrai e segura a sucata de
ferro. Dessa maneira, essa sucata é transportada até outro local onde é liberada por meio
da interrupção daquela corrente elétrica.

Construção do indutor utilizado em circuitos elétricos.

Vimos que um indutor vem a ser um fio condutor formando uma determinada
quantidade de espiras. Quando uma corrente percorre esse condutor são geradas linhas
de campo magnético de tal maneira que o dispositivo se comporta como um ímã. Ver
Fig. 8-14.

95
I

Fig. 8-14

Vimos, também, que o efeito eletro-magnético se torna mais intenso quando se tem um
material ferroso colocado no interior das espiras. Diz-se que o indutor contém um
núcleo ferroso. Este material concentra as linhas de campo magnético existentes no
interior dessas espiras.Ver fig, 8-15.

Fig. 8-15

O núcleo fica magnetizado apenas durante a presença da corrente elétrica. Quando esta
corrente cessa, a imantação desaparece. Se a corrente elétrica for alternada, o sentido
das linhas magnéticas também se alterna. Neste caso dizemos que temos um campo
magnético alternado. Isto significa que os pólos norte e sul do eletro-imã se alternam
acompanhando a alternância da corrente.
Na fig. 8-15 nota-se que o percurso das linhas de fluxo acontece uma parte no núcleo e
outra parte no ar.

Indutor com núcleo fechado

A intensidade do campo magnético fica ainda bem maior quando se consegue fazer com
que o percurso total, das linhas de fluxo, seja dentro do material ferroso. Isto se
consegue, usando um núcleo fechado tendo, por exemplo, o formato mostrado na fig.
8-16.

96
Linha do fluxo magnético

Fig. 8-16

A intensidade do campo magnético, além de depender da intensidade da corrente


elétrica, depende, também, de uma grandeza física chamada de permeabilidade relativa
do núcleo. Este parâmetro tem como símbolo µ r . Quando não se usa núcleo no indutor
(núcleo de ar), tem-se µ r = 1 . Quando se usa núcleo fechado como na fig. 8-16, o
parâmetro µ r possui um valor que é específico do material ferroso: µ rm . Entretanto,
muitos indutores são do tipo de núcleo aberto, como mostrado na fig. 8-15. Neste
arranjo, como já vimos, uma parte do percurso das linhas magnéticas acontece no
núcleo ferroso e outra parte no ar. Neste caso tem-se uma permeabilidade equivalente
cujo valor é intermediário entre 1 e µ rm :

1 < µ re < µ rm

Os núcleos dos indutores são ligas metálicas onde se tem, em maior porcentagem, o
elemento ferro. Em eletro-técnica o material mais empregado é uma liga ferro-silício,
onde se tem 4 % de silício e 96 % ferro. Neste caso, µ rm ≈ 900 .

A unidade mks, para a indutância, é o Henry. O valor de um indutor, construído com


núcleo fechado, como mostrado na Fig. 8-16, obedece à fórmula matemática:

S×N2
L = 4π × 10 −7 µ rm [Henry] 8 -1
l

Nesta expressão tem-se:


l = comprimento do trajeto total, das linhas do fluxo, no núcleo fechado. Sua unidade
deve ser dada em metro.
S = área da secção do núcleo em m 2 .
N= quantidade de espiras

97
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 8-4
Um indutor, construído em núcleo fechado, como mostrado fig. 8-15, foi enrolado com
200 espiras. Seu núcleo possui µ rm = 900 . O comprimento do trajeto das linhas do
fluxo magnético, nesse núcleo, é l = 0,1 m . A área de sua secção é S = 4 × 10 −4 m 2 .
Determinar o valor desse indutor.

4 × 10 −4 × 200 2
L = 4π × 10 −7 × 900 = 0,181 H
0,1

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
Quando o núcleo é aberto, as formulas para o projeto são muito complexas e pouco
confiáveis. O mesmo acontece para os indutores com núcleo de ar.

98
9 - DETERMINAÇÃO DAS TENSÕES E CORRENTES EM
CIRCUITOS CONTENDO RESISTORES, INDUTORES E
CAPACITORES.

Expressão matemática da corrente alternada que será utilizada para a


determinação das tensões no circuito.

Adotaremos uma corrente elétrica alternada, com amplitude de I ampere, freqüência


igual a f Hertz e fase zero no instante inicial:

i(t ) = I cos 2πft

Vimos que a expressão dessa corrente pode assumir, também, a forma:

i(t ) = I cos ωt 9-1

onde ω = 2πf representa a freqüência angular, cuja unidade é radianos por segundo.

Corrente elétrica e tensão em um resistor.

Vamos supor que esta corrente elétrica alternada percorre uma resistência de valor R.
Ver fig. 9-1.

i
R
v
A B

Fig. 9-1

Neste caso a diferença de potencial do ponto A para o B, nessa resistência, fica:

v(t ) = R × i = RI cos ωt 9-2

ou v(t ) = V cos ωt

onde V = R×I

Isto significa que a amplitude da tensão é igual ao produto da amplitude da corrente


pelo valor da resistência.

A fig. 9-2 mostra como esses sinais i e v variam ao longo do tempo.

99
i

I
0
tempo
−I
v

V = I×R
0
− V = −I × R tempo

Fig. 9-2
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9-1
Uma corrente elétrica alternada possui a amplitude igual a 2 ampere e fase inicial nula..
Ela percorre uma resistência de valor 200 Ω . Determinar a expressão matemática da
tensão na resistência.

Solução:

I = 2 A, R = 200 Ω

v(t ) = RI cos ωt = 200 × 2 cos ωt

ou v(t ) = 400 cos ωt [volt ]

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

A expressão 9-1 pode ser, também, escrita na forma:

[
i(t ) = Re I × e jωt , pois ]
[ ]
Re I × e jωt = Re[I × (cos ωt + j sen ωt )] = Re(I cos ωt + jI sen ωt ) = I cos ωt

Semelhantemente, a expressão 9-2, que indica a tensão sobre o resistor, pode ser escrita
na forma:

[ (
v(t ) = Re R × I × e jωt )] 9-3

pois [ ]
Re R × I × e jωt = Re{R × I [cos ωt + j sen ωt ]} =

= Re(R × I cos ωt + jR × I sen ωt ) = R × I cos ωt

100
Situação em que se tem uma fase α I no instante inicial da corrente

Neste caso:

i(t ) = I cos(ωt + α I )

Resulta
[ (
v(t ) = Re R × I × e j (ωt +α I ) )]
ou v(t ) = RI cos(ωt + α I )

ou v(t ) = V cos(ωt + β Z )

onde V = amplitude da tensão = VI

e β Z = fase inicial da tensão, que é igual a fase inicial da corrente α I .

A fig. 9-3 ilustra esta situação

I
0
tempo
−I
αI
v
V = I ×R
0
−V = −I × R tempo
βV = α I

Fig. 9-3

Observe-se que, em todos os instantes a fase da tensão é igual à fase da corrente. Diz-se
que não existe defasagem entre a tensão e a corrente.

Corrente elétrica e tensão em um indutor.

A fig. 9-4 mostra a representação, usada em circuitos elétricos, de um indutor. O indutor


é também chamado, popularmente, de bobina. Seu símbolo, utilizado em eletricidade, é
a letra L.

101
L
Fig. 9-4

Este componente é responsável por um parâmetro eletromagnético chamado indutância.


A unidade utilizada, no sistema mks, para designar o valor de uma indutância, é
Henry [H].

A fig. 9-5 mostra esse indutor sendo percorrido por uma corrente elétrica i, acarretando
uma diferença de potencial v entre os terminais desse componente.

i L
v
A B

Fig. 9-5

Vamos supor, também, que a corrente alternada possui uma amplitude I, uma
freqüência angular igual a ω radiano por segundo e uma fase zero no instante inicial.
Neste caso sua expressão matemática fica:
i = I cos ωt

Desta vez, a diferença de potencial, do ponto A para o ponto B (fig. 9-5), obedece à
expressão matemática:

 π
v = L × ω × I cos ωt +  9-4
 2

 π
ou v = V cos ωt +  9-5
 2

onde V = L ×ω × I 9-6

Isto significa que a amplitude da tensão é igual ao produto da amplitude da corrente


pelo valor da freqüência angular e pelo valor da indutância. A diferença de fase entre os
π
sinais da tensão e da corrente é φ = rd ou 90 graus.
2
A fig. 9-6 mostra como a corrente i e a tensão v variam, relativamente, ao longo do
tempo.

102
i

I
0
−I tempo
v

V = L ωI

0
− V = − L ωI tempo

Fig. 9-6

π
Nota-se que, em todos os instantes, existe uma defasagem de (90°) entre a tensão e a
2
corrente.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9-2
Uma corrente alternada segue a expressão i = I cos ωt onde I = 2 A e f = 60 Hz .
Esta corrente percorre um indutor de valor 0,1 H. Determinar, a amplitude, a fase e a
expressão matemática da diferença de potencial entre os terminais desse indutor.
Solução:

ω = 2πf = 2π × 60 = 377 rd / s

Pelas expressões 9-5 e 9-6, vemos que:

 π
v = V cos ωt + 
 2

onde V = L ×ω × I

Portanto, a amplitude da tensão resulta:

V = 0,1 × 377 × 2 = 75,4 volt


π
A fase inicial da tensão é igual a rd ou 90 graus. Portanto, podemos dizer que existe
2
uma diferença de fase de 90 graus entre a tensão e a corrente no indutor.

A expressão matemática dessa tensão fica:

 π
v = 75,4 cos 377t +  [volt]
 2
----------------------------------------------------------------------------------------------------------

103
Considerações sobre a tensão no indutor

A tensão no indutor, descrita pela expressão 9-4, pode assumir a fórmula:

 j  ωt +  
 π
2

v = Re  LωI × e 
 

 π

ou
j
(
v = Re  Lωe 2 I × e jωt  )
 

ou [ (
v = Re Z L I × e jωt )] 9-7

π
j
onde Z L = Lωe 2
9-8

Comparando a expressão 9-7 com 9-3 podemos concluir que, ao se utilizar uma
indutância L no lugar de uma resistência R, substitui-se, na fórmula da tensão, o
parâmetro R pelo parâmetro Z L . Este parâmetro Z L é chamado de impedância do
indutor.

A expressão 9-8 é conhecida como a forma polar da impedância de um indutor.


Podemos mudá-la para a forma cartesiana A + jB.

π
j  π π
Z L = Lωe 2
= Lω  cos + j sen 
 2 2

π π
Mas cos = cos 90 0 = 0 e sen = sen 90 0 = 1
2 2

Portanto Z L = Lω (0 + j × 1) = jLω

Ou seja Z L = jLω 9-9

A expressão 9-9 mostra que a impedância de um indutor é um número imaginário puro.

Também se pode dizer que

Z L = jX L

onde X L = Lω

104
O parâmetro X L , que é o módulo dessa impedância, é chamado de reatância do
indutor. Sua unidade, no sistema mks é ohm [Ω] .
------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9-3
Em um indutor de 0,1 H, tem-se um sinal alternado de freqüência 1 kHz.. Determinar:
a) A impedância do indutor
b) A reatância do indutor.
Solução

a) ω = 2π × 1000 = 6,28 × 10 3 rd / s

Z L = jωL = j 6,28 × 10 3 × 0,1 = j 6,28 × 10 2

b) X L = ωL = 6,28 × 102 Ω
----------------------------------------------------------------------------------------------------
Corrente elétrica e tensão em um capacitor.

A fig. 9-7 representa um capacitor. Algumas pessoas chamam também, este componente
de condensador. Seu símbolo, utilizado em eletricidade, é a letra C.

Fig. 9-7

Vimos que este componente é responsável por um parâmetro elétrico chamado


capacitância cuja unidade, utilizada no sistema mks para designar o seu valor, é
Farad [F].
A fig. 9-8 mostra esse capacitor sendo percorrido por uma corrente elétrica i,
acarretando uma diferença de potencial v entre os terminais desse componente.

i
C

v
A B

Fig. 9-8

105
Vamos supor, mais uma vez, que a corrente alternada tem uma amplitude I, uma
freqüência angular igual a ω radiano por segundo e fase inicial zero. Neste caso sua
expressão matemática fica:
i = I cos ωt
Desta vez, a diferença de potencial, do ponto A para o ponto B, obedece à expressão
matemática:

I  π
v= cos ωt −  9-10
ωC  2

 π
ou v = V cos ωt −  9-11
 2

I
onde V = 9-12
ωC

Isto significa que a amplitude da tensão é igual à divisão da amplitude da corrente pelo
valor da freqüência angular e pelo valor da capacitância. A diferença de fase entre a
π
tensão e a corrente é φ = − rd ou - 90 graus.
2

A fig. 9-9 mostra como a corrente i e a tensão v variam, relativamente, ao longo do


tempo.

I
0
−I
tempo
v
I
V=
ωC
0
I
V =−
ωC
tempo

Fig. 9-9

----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9-4
Uma corrente alternada segue a expressão i = I cos ωt onde I = 1,0 A e
ω = 377 rd / s . Esta corrente percorre um capacitor de valor 1 × 10 −4 F . Determinar, a
amplitude, a fase e a expressão matemática da diferença de potencial entre os terminais
desse capacitor.
Solução:

106
Pelas expressões 9-11 e 9-12, vemos que:

 π
v = V cos ωt − 
 2

I
onde V =
ωC

Portanto, a amplitude da tensão resulta:

1,0
V= = 26,5 volt
377 × 1 × 10 −4
π
A fase é igual a - rd ou - 90 graus. Portanto, podemos dizer que existe uma
2
diferença de fase de - 90 graus entre a tensão e a corrente no capacitor.

A expressão matemática dessa tensão fica:

 π
v = 26,5 cos 377t −  [volt]
 2
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Considerações sobre a tensão no capacitor

A tensão no capacitor, descrita pela expressão 9-10, pode assumir a fórmula:

 I j  ωt −  
 π
2
v = Re  ×e 

 ωC 

 1 − j π2 
ou v = Re  e (
I × e jωt  )
 ωC 

ou [ (
v = Re Z C I × e jωt )] 9-13

π
1 −j2
onde ZC = e 9-14
ωC

Comparando a expressão 9-13 com 9-3 podemos concluir que, ao se utilizar uma
capacitância C no lugar de uma resistência R, substitui-se, na fórmula da tensão, o
parâmetro R pelo parâmetro Z C . Este parâmetro Z C é chamado de impedância do
capacitor.
A expressão 9-14 é conhecida como a forma polar da impedância de um capacitor.
Podemos mudá-la para a forma A + jB.

π
1 −j2 1  π π
ZC = e =  cos − j sen 
ωC ωC  2 2

107
π π
Mas cos = cos 90 0 = 0 e sen = sen 90 0 = 1
2 2

1
Portanto ZC = (0 − j × 1) = − j
ωC ωC

−j
Ou seja ZC = 9-15
ωC

A expressão 9-15 mostra que a reatância de um capacitor é, também, um número


imaginário puro.
Também se pode escrever:

Z C = − jX C

1
onde XC =
ωC

O parâmetro X C é chamado de reatância de um capacitor. Sua unidade, no sistema mks,


é ohm [Ω] .
---------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9- 5
Em um capacitor de 2 × 10 −9 F , tem-se um sinal alternado de freqüência 100 kHz.
Determinar:

a) A impedância do capacitor.
b) A reatância do capacitor.

Solução

a) ω = 2π × 100 × 10 3 = 6,28 × 10 5 rd / s

1 1
ZC = − j =−j = − j 7,96 × 102
ωC 6,28 × 10 × 2 × 10− 9
5

1
b) XC = = 7,96 × 10 2 [Ω]
ωC
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Conceito geral de impedância

Vamos supor o esquema elétrico onde se encontra um circuito arbitrário. Ver fig. 9-10

108
i(t )
Circuito
arbitrário
v(t ) Z

Fig. 9-10
Vamos supor, ainda, que se injeta, nesse circuito, a corrente elétrica alternada:

i = I cos ωt

Então, a diferença de potencial entre os terminais desse circuito fica:

[
v(t ) = Re ZIe jωt ]
onde Z vem a ser a impedância desse circuito.

Alguns casos particulares:

a) Caso em que esse circuito é um único resistor R.


Z = ZR = R
b) Caso em que esse circuito consiste em um único indutor L
π
j
Z = Z L = Lωe 2 = jLω
c) Caso em que esse circuito vem a ser um único capacitor C .
π
1 −j2 j
Z = ZC = e =−
ωC ωC

Validade da lei de Kirchhoff das tensões quando aplicada a circuitos de corrente


alternada.

A lei de Kirchhoff das tensões, que aplicamos aos circuitos de corrente contínua é
adaptável para os circuitos de corrente alternada. Seja o caso, por exemplo, do circuito
mostrado na fig.9-11. Este circuito é percorrido por uma corrente alternada, que varia no
tempo, ou seja i(t ) .
v R (t )
R
L
i(t )
v(t ) i(t ) v L (t )

Fig. 9-11

109
Supondo que a diferença de potencial no resistor é v R (t ) , e no indutor é v L (t ) , a
diferença de potencial v(t ) , na entrada do circuito, obedece a equação.

− v(t ) + v R (t ) + v L (t ) = 0

ou v(t ) = v R (t ) + v L (t )

Vamos supor que a corrente, em função do tempo, seja dada pela expressão:

i(t ) = I cos ωt

Pelo que vimos, podemos escrever:

[
vR (t ) = Re RIe jωt ]
[
vL (t ) = Re jLωIe jωt ]
Portanto [ ]
v(t ) = Re RIe jωt + Re jLωIe jωt [ ]
ou [ ] [
v(t ) = Re RIe jωt + jLωIe jωt = Re (R + jLω )Ie jωt ]
ou [
v(t ) = Re ZIe jωt ] 9-16

Onde Z = R + jLω

Note-se, que as impedâncias em circuitos, com elementos reativos, resulta valores


complexos. Vamos mudar a forma, dessa impedância, para polar.

Neste caso Z = Z e jθ Z 9-17


Substituindo 9-17 em 9-16 tem-se

[
v(t ) = Re Z e jθ Z Ie jωt ]
ou [ ]
v(t ) = Re Z Ie j (ωt +θ Z ) = Z I cos(ωt + θ Z )

v(t ) = Z I cos(ωt + θ Z )

Portanto v(t ) = V cos(ωt + βV )

onde V= ZI 9-18

e βV = θ Z é o fase inicial de v(t). 9-19

--------------------------------------------------------------------------------------------------

110
Exercício 9-6
No circuito abaixo tem-se i(t ) = I cos ωt , onde

I = 2 ampere; ω = 1000 rd / s . :

R = 50 Ω e L = 0,1 H

Determinar v(t).

R
L
i(t )
v(t ) i(t )

Solução:
Z = R + jLω = 50 + j 0,1 × 1000 = 50 + j100

Z = 50 2 + 100 2 = 1,12 × 10 2

100
θ Z = tg −1 = tg −1 2 = 1,11 rd
50
V = Z I = 1,12 × 10 2 × 2 = 2,34 × 10 2 volt
βV = θ z = 1,11 rd

v(t ) = 2,34 × 10 2 cos(1000t + 1,11) volt


----------------------------------------------------------------------------------------------------

Extensão do cálculo para a situação em que a corrente elétrica possui uma fase
inicial não nula

Seja i = I cos(ωt + α I )

Ou (
i = Re Ie j (ωt +α I ) )
Neste caso, quando esta corrente percorre a impedância

Z = Z e jθ Z

a tensão sobre esta impedância fica

[ ] [
v(t ) = Re Z e jθ Z Ie j (ωt +α I ) = Re Z Ie j (ωt +α I +θ Z ) ]

111
ou v(t ) = Z I cos(ωt + α I + θ Z )

ou v(t ) = V cos(ωt + β V )

onde V=ZI

e βV = α I + θ Z

-----------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9-7
Vamos supor que o mesmo circuito do problema 9-6 é excitado pela corrente

i(t ) = I cos(ωt + α I )
onde

I = 2 ampere

ω = 1000 rd / s

α I = 1,30 rd

Determinar v(t)

Solução:
Como a freqüência ω é a mesma, a impedância Z também possui o mesmo valor
anterior:

Z = Z e jθ Z

onde Z = 1,12 × 10 2 e θ Z = 1,11 rd

V = Z I = 1,12 × 10 2 × 2 = 2,34 × 10 2 volt

βV = α I + θ Z = 1,30 + 1,11 = 2,41 rd

v(t ) = 2,34 × 10 2 cos(1000t + 2,41) volt


---------------------------------------------------------------------------------------------------
Sistemática para o cálculo

Vamos supor que a corrente possui uma amplitude I, uma fase inicial α I e o circuito
contém n componentes em série:

Z 1 ; Z 2 ; ........ Z n

112
Ver fig. 9-12

Z1 Z2 Z n−1

Zn ⇒ Z

Fig. 9-12

1 - Calcula-se Z

Z = Z 1 + Z 2 + ......Z n

2 – Muda-se Z para a forma polar:

Z = Z e jθ Z

3 – Determina-se a amplitude da tensão sobre Z:

V = ZI
Fase inicial dessa tensão:

βV = α I + θ Z
4 – Expressão matemática dessa tensão:

v(t ) = Z I cos(ωt + α I + θ Z )
-------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9-8
No circuito mostrado abaixo, tem-se os seguintes componentes:

R = 300 Ω L = 0,83 H C = 4,3 × 10 −6 F


i(t ) jLω
R
−j
v(t ) ωC

Uma corrente alternada, de amplitude I = 0,1 A, freqüência ω = 377 rd/s e fase inicial
α I = 1,30 rd , percorre este circuito. Determinar:
a) A amplitude da tensão v(t).
b) A fase inicial desta tensão v(t)
c) A expressão matemática desta tensão v(t)

113
Solução:

Z = Z1 + Z 2 + Z 3

Substituindo os valores individuais das impedâncias, resulta:

1  1  jθ
Z = R + jLω − j = R + j  Lω − = Ze Z
ωC  ωC 

1
2 Lω −
 1  ωC
onde Z = R 2 +  Lω −  e θ Z = tg −1
 ωC  R

2
 2 1 
Z = 300 +  0,83 × 377 −  = 427 Ω
 377 × 4,3 × 10 −6 

1
0,83 × 377 −
377 × 4,3 ×10−6
θ Z = tg −1 = −0,79 rd = −45,3 0
300

a) A amplitude da tensão fica:

V = Z × I = 427 × 0,1 = 42,7 volt

b) A fase inicial fica:

βV = α I + θ Z = 1,30 − 0,79 = 0,51 rd = 29,2 0 onde

c) A expressão matemática da tensão será:

v = 42,7 cos(377t + 0,51) [volt ]


------------------------------------------------------------------------------------------------
Associação de indutores em série

Seja o circuito da fig. 9-13

L1 L2

Fig. 9-13

Dada uma freqüência ω , a impedância total fica:

114
Z = Z1 + Z 2 = jL1ω + jL2ω = j (L1 + L2 )ω

Z = j (L1 + L2 )ω = jLω 9-20

onde L = L1 + L2 9-21

As expressões 9-20 e 9-21 mostram que dois indutores em série equivalem a um único
indutor cujo valor é a soma dos indutores individuais.
Podemos generalizar dizendo que n indutores em série equivalem a um único indutor
cujo valor é a soma dos n indutores individuais.

Capacitores em série

Seja o circuito da fig. 9-14

C1 C2

Fig. 9-14

Dada uma freqüência ω , a impedância total fica:

−j − j − j 1 1 
Z = Z1 + Z 2 = + =  + 
ωC1 ωC 2 ω  C1 C 2 

− j 1 1  −j 1 −j
Z=  + = × = 9-22
ω  C1 C 2  ω C ωC

1 1 1
onde = + 9-23
C C1 C 2

C1C 2
ou C= 9-24
C2 + C2

As expressões 9-23 mostra que dois capacitores em série equivalem a um único


capacitor cujo inverso de seu valor é igual a soma dos inversos dos valores dos
capacitores individuais.

Podemos generalizar dizendo que n capacitores, C1 , C 2 , ......... C n em série, equivalem


a um único capacitor C cujo inverso do valor obedece a expressão:
1 1 1 1
= + + .......... +
C C1 C 2 Cn

115
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9-9
Os circuitos (a) e (b) são equivalentes. Determinar L e C.
10 H 30 H L

30 × 10−6 F
C

20 ×10 −6 F

(a) (b)
Solução:

L = L1 + L2 = 10 + 30 = 40 H

C1C 2 30 × 10 −6 × 20 × 10 −6
C= = = 12 × 10 −6 F
C1 + C 2 30 × 10 −6 + 20 × 10 − 6
------------------------------------------------------------------------------------------------------
Conceito de admitância

A admitância vem a ser o valor inverso da impedância. Seu símbolo matemático


universal é a letra Y. Portanto:

1
Y =
Z

Determinação da corrente provocada por uma tensão sobre uma impedância .

Vimos que quando se tem a corrente

i(t ) = I cos(ωt + α I )

em uma impedância Z = Z e jθ Z ,

a tensão, sobre essa impedância, fica:

v(t ) = V cos(ωt + β V )

onde V = ZI 9-25

e βV = α I + θ Z 9-26

Se soubermos a amplitude de v(t) e a sua fase inicial β V , poderemos resolver o


problema inverso, ou seja, determinar a amplitude de i(t) e sua fase inicial α I .

116
Extraindo I e α I das equações 9-25 e 9-26, resulta:

V
I= e α I = βV − θ Z
Z

Portanto podemos dizer que se a tensão sobre a impedância

Z = Z e jθ Z

for v(t ) = V cos(ωt + βV )

então a corrente nessa impedância é

V
i(t ) = cos(ωt + βV − θ Z )
Z

1 
ou i(t ) = Re  e− jθ z Ve j (ωt + βV ) 
Z 

 1 
ou i(t ) = Re  jθ Z
Ve j (ωt +βV ) 
Ze 

1 
ou i(t ) = Re  Ve j (ωt + βV ) 
Z 

ou [
i(t ) = Re YVe j (ωt + βV ) ] 9-27

Caso de impedâncias em paralelo

Vamos considerar o circuito formado por dois componentes em paralelo como mostrado
na fig. 9-15.
i (t )

i1 (t ) i2 (t )

v(t ) Z2
Z1

Fig. 9-15

117
Pela lei de Kirchhoff, das correntes, tem-se:

i(t ) = i1 (t ) + i 2 (t )

ou [ ] [
i(t ) = Re Y1Ve j (ωt + βV ) + Re Y2Ve j (ωt + βV ) ]
1 1
onde Y1 = e Y2 =
Z1 Z2

ou [
i(t ) = Re Y1Ve j (ωt + βV ) + Y2Ve j (ωt + βV ) ]
ou [
i(t ) = Re (Y1 + Y2 )Ve j (ωt + βV ) ]
ou [
i(t ) = Re YVe j (ωt + βV ) ]
onde Y = Y1 + Y2

Vamos utilizar a forma polar para expressar Y:

Y = Y e jθY

Neste caso

[
i(t ) = Re Y e jθY Ve j (ωt + βV ) ]
[
ou i(t ) = Re Y Ve j (ωt + βV +θY ) ]
ou i(t ) = Y V cos(ωt + βV + θ Y )

ou i(t ) = I cos(ωt + α I )

onde I = YV

e α I = βV + θ Y

Sistemática de cálculo

Vamos supor que a tensão possui uma amplitude V, uma fase inicial β V e o circuito
contém n componentes em paralelo:

Z 1 ; Z 2 ; ........ Z n

Ver fig. 9-16

118
Z1 Z2
Z n−1 Zn ⇒ Y

Fig. 9-16

1 - Calcula-se os Yi

1
Yi =
Zi
2 – Faz-se a soma complexa dessas admitâncias:

Y = Y1 + Y2 + ......Yn

3 – Muda-se Y para a forma polar:

Y = Y e jθ Y

4 – Determina-se a amplitude da corrente sobre Y:

I = YV
Fase inicial dessa corrente:

α I = βV + θ Y
5 – Expressão matemática dessa corrente:

i(t ) = Y V cos(ωt + β V + θ Y )

Associação de indutores em paralelo

Seja o circuito da fig. 9-17

L1 L2

Fig. 9-17

119
Supondo que o sinal elétrico possui uma freqüência ω , as impedâncias destes indutores
são:

Z 1 = jL1ω e Z 2 = jL2ω

Suas admitâncias são:

1 1
Y1 = e Y2 =
jL1ω jL2ω

A admitância equivalente é:

1 1 1 1 1  1 1
Y= + =  +  = ×
jL1ω jL2ω jω  L1 L2  jω L

1
Portanto Y=
jωL

1 1 1
onde = +
L L1 L2

Generalização: - Se houver n indutores em paralelo, eles podem ser substituídos por um


único indutor L cujo valor inverso é igual a soma dos valores inversos dos n indutores
individuais.

1 1 1 1 1
= + + + ⋅⋅⋅⋅⋅ +
L L1 L2 L3 Ln

Associação de capacitores em paralelo

Seja um circuito formado por n capacitores em paralelo. Ver Fig. 9-18.

C1 C2 C3 Cn

Fig. 9-18

As impedâncias individuais desses componentes são:

−j −j −j −j
Z1 = , Z2 = , Z3 = , ------------, Z n =
ωC1 ωC 2 ωC 3 ωC n

Suas admitâncias individuais são:

120
ωC1 ωC 2 ωC 3 ωC n
Y1 = , Y2 = , Y3 = ,--------------, Yn =
−j −j −j −j

A admitância equivalente fica:

Y = Y1 + Y2 + Y3 + ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ +Yn

ω
ou Y= (C1 + C 2 + C3 + ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ + C n )
−j

ωC
ou Y=
−j

onde C = C1 + C 2 + C3 + ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ +C n

Conclusão; - Quando se tem n capacitores em paralelo este conjunto equivale a um


único capacitor cujo valor da capacitância é igual ao valor da soma das capacitâncias
individuais.

Observação:

1 1 j 1× j j
= × = = =−j
j j j j × j −1

1 1 j 1× j 1 1 j
= × = = = = = j
− j − j j − j× j − j 2
− (− 1) 1

Conclusão: - Quando o operador j está no denominador, ele pode ser transferido para o
numerador, com o sinal algébrico trocado.

Portanto podemos dizer que, no caso dos capacitores em paralelo:

Y = jωC

onde C = C1 + C 2 + C3 + ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ +C n

----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9-10

Supondo que os circuitos abaixo são equivalentes, determinar os valores de L e C.

10 µF 25 µF C
3 H L
1H

121
Solução:

1 1 1 L + L1
= + = 2
L L1 L2 L1 L2

L1 L2 3 ×1
L= = = 0,75 H
L1 + L2 3 + 1

C = C1 + C 2 = 10 µF + 25 µF = 35 µF
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9-11
No circuito abaixo tem-se a tensão elétrica v = V cos ωt , onde V = 311 volt e a
freqüência é 60 Hz. Determinar:
a) A amplitude e a fase da corrente i.
b) A expressão matemática dessa corrente i.
i

L = 0,33 H
v C = 16,6 µF R = 600 Ω

Solução:

Fase inicial da tensão: βV + 0

a) Cálculo da admitância total:

ω = 2πf = 2π × 60 = 377 rd / s

1 −j
YL = =
jω L ωL

ωC
YC = = jωC
−j
1
YR = G =
R

1  1 
Y = YR + YL + YC = + j ωC − 
R  ωL 

1  1 
Y= + j 377 × 16,7 × 10 −6 −  = 1,67 × 10 −3 − j1,74 × 10 −3
600  377 × 0,33 

122
Y = (1,67 × 10 ) + (1,74 × 10 )
−3 2 −3 2
= 2,41 × 10 −3 Ω −1

− 1,74 × 10 −3
θ Y = tg −1 −3
= tg −1 (− 1,04) = −0,81 rd = −46,4 0
1,67 × 10

A amplitude da corrente fica:

I = Y × V = 2,41 × 10 −3 × 311 = 0,750 A

A fase inicial da corrente é:

α I = β V + θ Y = 0 − 0,81 rd = −0,81 rd = −46,4 0

b) Expressão matemática da corrente

i(t ) = 0,750 cos(377t − 0,81) ampere


----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 9-12
O circuito abaixo possui os seguintes dados:

e(t ) = E cos ωt onde E = 10 v e ω = 6 × 10 6 rd / s

R=5 Ω L = 8 × 10 −7 H C = 1,6 × 10−9 F

Determinar as expressões matemáticas de i(t ) e v(t )


i(t )

R
−j
e(t ) jLω Z1 Z2 v(t )
ωC

Solução:
Inicialmente agrupamos as impedâncias Z 1 e Z 2 , resultando a impedância que
chamaremos Z C .
i(t )

e(t ) ZC v(t )

123
− j
jLω ×  
ZC =
Z1Z 2
=  ωC 
Z1 + Z 2 j
jLω −
ωC

Após algumas manipulações algébricas resulta:

jLω 8 × 10 −7 × 6 × 10 6
ZC = = j ≈ j5
1 − LCω 2 1 − 8 × 10 −7 × 1,6 × 10 −9 × (6 × 10 6 )
2

Passando para a forma polar, tem-se

π
j
Z C = j5 = 5e 2
= Z C e jθ C

π
onde ZC = 5 Ω e θC = rd
2

Determina-se a impedância total do circuito

Z = R + Z C = 5 + j5

Passa para a forma polar

Z = Z e jθ Z

5 π
onde Z = 52 + 52 = 7,07 Ω e θ Z = tg −1 = tg −11 = rd
5 4

Portanto

π
j
Z = 7,07e 4

Muda-se para admitância


π
1 1 −j jθ Y
Y= = π
= 0,141e 4
=Ye
Z j
7,07e 2

π
onde Y = 0,141 Ω −1 e θY = − rd
4

Determina-se a corrente

124
[
i(t ) = Re Y Ee j (ωt +θY ) ]
 π  π
ou i(t ) = Y E cos(ωt + θY ) = 0,141× 10 cos ωt −  = 1,41cos ωt − 
 4  4

 π
i(t ) = 1,41cos ωt −  ampere
 4

 π
ou i(t ) = 1,41cos 6 × 106 t −  ampere
 4

Cálculo de v(t )

Vimos que

i(t ) = I cos(ωt + α I )

π
onde I = 1,41 A e αI = − rd / s
4

A tensão em Z C fica:

[
v(t ) = Re Z C Ie j (ωt +α I +θ C ) ]
 π π  π
ou v(t ) = Z C I cos(ωt + α I + θ C ) = 5 × 1,41cos ωt − +  = 7,07 cos ωt + 
 4 2  4

 π
v(t ) = 7,07 cos ωt +  volt
 4

 π
ou v(t ) = 7,07 cos 6 × 106 t +  volt
 4

----------------------------------------------------------------------------------------------

125
10 – POTÊNCIA MÉDIA E DISSIPAÇÃO DE ENERGIA EM
CIRCUITOS CONTENDO COMPONENTES REATIVOS.

Expressão matemática geral da potência média

Vamos supor que, em uma impedância Z, se tem a corrente:

i = I cos(ωt + α I )

e, nos terminais dessa impedância se tem a diferença de potencial:

v = V cos(ωt + βV )
Ver fig. 10-1

i(t )
Circuito
arbitrário
v(t ) Z

Fig. 10-1

A forma geral da potência média, nessa impedância é:

P0 = Veficaz × I eficaz × cos φ 10-1

V I
Nesta expressão, Veficaz = , I eficaz = e
2 2

φ = βV − α I

O parâmetro φ é a diferencia de fase (defasagem) entre a tensão e a corrente.

É costume chamar-se a potência média P0 de Potência efetiva

A unidade mks, da potência efetiva é watt [w].

Potência reativa

Preativa = Veficaz × I eficaz × sen φ 10-2

126
Potência aparente

Paparente = Veficaz × I eficaz 10-3

A unidade da potência aparente, no sistema mks, é volt ampere [VA].

Energia dissipada, nessa impedância, durante um tempo t

En = P0 × t 10-4

Apenas a potência efetiva acarreta consumo de energia. A potência reativa não acarreta
consumo de energia, isto significa que a potência reativa não acarreta cobrança, ao
usuário, por parte da concessionária de energia elétrica.

Exemplos de alguns casos

1 - Circuito puramente resistivo em que se tem

Z=R

No caso não existe defasagem entre a corrente e a tensão. Portanto φ = 0 , e,


conseqüentemente,

cos φ = cos 0 = 1

Portanto, para circuitos puramente resistivos a potência efetiva fica:

P0 = Veficaz × I eficaz × cos 0 = Veficaz × I eficaz

ou P0 = Veficaz × I eficaz

A energia dissipada fica:

En = Veficaz × I eficaz × t

A potência reativa fica:

Preativa = Veficaz × I eficaz × sen 0 = Veficaz × I eficaz × 0 = 0

A potência aparente fica:

Paparente = Veficaz × I eficaz

Conclusão: - Em um circuito puramente resistivo a potência reativa é nula e a potência


efetiva é igual à potência aparente.

127
2 - Circuito formado por um único indutor de valor L

π
j
Neste caso se tem Z = Lωe 2
= jLω

Vimos, no capítulo anterior, que se tivermos

i = I cos(ωt + α I )

então a tensão no indutor é

v = V cos(ωt + βV )

π
onde V = Lω × I e βV = α I +
2
A defasagem fica:

π
φ = βV − α I = .
2

Neste caso teremos os valores:

V I
Veficaz = , I eficaz = e φ = 90 0
2 2

A potência efetiva fica

P0 = Veficaz × I eficaz × cos 90° = Veficaz × I eficaz × 0 = 0

Isto significa que não existe potência efetiva quando a corrente percorre um indutor.
Conseqüentemente, a energia dissipada no indutor também é nula, ou seja

En = P0 × t = 0 × t = 0

A potência reativa fica:


Preativa = Veficaz × I eficaz × sen 90° = Veficaz × I eficaz × 1

ou Preativa = Veficaz × I eficaz

Potência aparente:

Paparente = Veficaz × I eficaz

Conclusão: - Em um circuito puramente indutivo a potência efetiva é nula e a potência


reativa é igual à potência aparente.

128
Como a potência reativa não acarreta consumo de energia, isto significa que a presença
de corrente e tensão, em circuitos puramente indutivos, não acarreta cobrança, ao
usuário, por parte da concessionária de energia elétrica.

3 - Circuito formado por um único capacitor de valor C

π
1 −j2 1
Neste caso se tem Z= e =−j
ωC ωC

Vimos, no capítulo anterior, que se tivermos

i = I cos(ωt + α I )

então a tensão no capacitor é

v = V cos(ωt + βV )

I π
onde V= e βV = α I −
ωC 2
A defasagem fica:

π 
φ = βV − α I = −  .
2

Neste caso teremos os valores:

V I
Veficaz = , I eficaz = e φ = −900
2 2

A potência efetiva fica

P0 = Veficaz × I eficaz × cos(− 90°) = Veficaz × I eficaz × 0 = 0

Isto significa que, também, não existe potência efetiva quando a corrente percorre um
capacitor. Conseqüentemente, a energia dissipada no capacitor também é nula, ou seja

En = P0 × t = 0 × t = 0

A potência reativa fica:


Preativa = Veficaz × I eficaz × sen (− 90°) = Veficaz × I eficaz × (− 1)

ou Preativa = −Veficaz × I eficaz

ou Preativa = Veficaz × I eficaz

Potência aparente:

129
Paparente = Veficaz × I eficaz

Conclusão: - Em um circuito puramente capacitivo a potência efetiva é nula e o módulo


da potência reativa é igual à potência aparente.
Como a potência reativa não acarreta consumo de energia, isto significa que a presença
de corrente e tensão, em circuitos puramente capacitivos, também não acarreta
cobrança, ao usuário, por parte da concessionária de energia elétrica.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 10-1
No circuito abaixo, temos os valores dos componentes:

R = 300 Ω , L = 0,83 H C = 4,3 × 10 −6 F

A corrente i(t ) obedece a expressão:

i(t ) = I cos ωt

onde I = 0,1 A e ω = 377 rd / s

i(t ) jLω
R
vr (t ) −j
v (t )
ωC

a) Utilize a informação de que indutor e capacitor não produz potência efetiva e


calcule a potência efetiva fornecida a esse circuito.
b) Calcule a tensão v(t ) e verifique se a potência efetiva obedece a expressão:

P0 = Veficaz × I eficaz × cos φ

c) Calcule a potência aparente

Solução:

a) Toda a potência efetiva é proveniente da tensão e corrente no resistor R.

Tensão nos terminais do resistor:

v R (t ) = R × i = RI cos ωt = VR cos ωt

onde VR = RI

Note-se que não há defasagem entre v R (t ) e i(t )

130
Portanto

P0 = (VR )eficaz × I eficaz

RI I RI 2 300 × 0,12
P0 = × = = = 1,5 w
2 2 2 2

P0 = 1,5 w

b) Chamando de Z 1 , Z 2 e Z 3 as impedâncias individuais dos componentes do


circuito, resulta a seguinte impedância total:

Z = Z1 + Z 2 + Z 3

j j
ou Z = R + jLω − = 300 + j 0,83 × 377 − =
ωC 377 × 4,3 × 10 − 6

= 300 + j312,9 − j 616,9 = 300 − j304

2
Z = 300 2 + (− 304) = 427,1 Ω

− 304
θ Z = tg −1 = −0,792 rd
300

[ ] [
v(t ) = Re Z e jθ Z Ie jωt = Re Z Ie j (ωt +θ Z ) ]
ou v(t ) = Z I cos(ωt + θ Z )
A amplitude da tensão é

V = Z × I = 427,1× 0,1 = 42,71 v

A defasagem entre a tensão e a corrente é:

φ = θ Z − α I = −0,792 − 0 = −0,792 rd

A potência efetiva é

V I
P0 = Veficaz × I eficaz cos φ = × × cos φ =
2 2

42,71 0,1
= × ( )
× cos(− 0,792) = (30,2 )× 7,07 ×10 − 2 × (0,7024) = 1,5 w
2 2

131
P0 = 1,5 w

42,71 0,1
c) Paparente = Veficaz × I eficaz = × = 30,2 × 7,07 × 10− 2 ≈ 2,14 VA
2 2

Paparente ≈ 2,14 VA

----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Energia dissipada em um fio resistivo

Vamos supor que em um fio com resistência R fio existe uma corrente efetiva I eficaz e
entre seus terminais existe uma diferença de potencial Veficaz . Ver fig. 10-2.

R fio
I eficaz
Veficaz

Fig. 10-2

Neste caso, a potência efetiva, nesse fio fica:

P0 = Veficaz × I eficaz × cosφ = Veficaz × I eficaz × cos 0 = Veficaz × I eficaz × 1

ou P0 = Veficaz × I eficaz

A energia dissipada nesse fio, fica:

En = Veficaz × I eficaz × t

Mas, pela lei de ohm, tem-se

Veficaz = R fio × I eficaz

Portanto, a energia dissipada nesse fio, fica:

(En ) fio = R fio × I eficaz


2
×t 10-5

Nota-se que a energia dissipada no fio é proporcional ao quadrado da corrente eficaz.

132
Fator de potência

Vimos que a potência, que o consumidor deve pagar, é a potência efetiva P0 .


Ela obedece a expressão:

P0 = Paparente × cosφ

onde Paparente = Veficaz × I eficaz

Portanto P0 = Veficaz × I eficaz × cos φ 10-6

O parâmetro cos φ é denominado fator de potência.

Relação entre o fator de potência e o argumento da admitância do circuito

Vimos que, se em uma impedância

Z = Z e jθ Z
tivermos a corrente

i = I cos(ωt + α I )

então, a tensão nessa impedância fica

v = V cos(ωt + β v )

onde V = ZI e βV = α I + θ Z

A defasagem fica:

φ = βV − α I = θ Z

Vemos que a defasagem é igual ao argumento da impedância:

φ = θZ 10-7

A admitância fica:

1 1 1
Y= = jθ Z
= e − jθ Z
Z Ze Z

ou Y = Y e jθY

133
1
onde Y=
Z

e θY = −θ Z

ou θ Z = −θ Y 10-8

Comparando 10-7 e 10-8, vemos que:

φ = −θ Y 10-9

Natureza da impedância da rede elétrica de uma fábrica

As fabricas, de uma maneira geral, costumam ter muitos motores elétricos. A


impedância desses dispositivos é, parcialmente, indutiva. Isto faz com que a
impedância total da fábrica fique parcialmente indutiva. Portanto se tem

0 > φ > 90°

ou 1 > cosφ > 0

Dissipação de energia na parte externa do estabelecimento fabril

A concessionária fornece uma tensão eficaz constante para os consumidores. Por


exemplo: Veficaz = 220 volt
A corrente eficaz fornecida depende da potência consumida pelo cliente. Esta corrente
eficaz pode ser extraída da equação 10-1. Resulta:

P0
I eficaz = 10-10
Veficaz × cos φ

Podemos notar que, quanto menor for o cos φ , do circuito do cliente, tanto maior será a
corrente fornecida pela concessionária.
Os fios que trazem a corrente elétrica até a casa do consumidor possuem resistência.
Seja R fio essa resistência
A expressão 10-5 mostrou que a energia dissipada nesses fios é:

(En ) fio = I eficaz


2
× R fio × t 10-11

Esta potência não é paga pelo consumidor.

Substituindo 10-10 em 10-11, resulta:

134
P02 × R fio
(En ) fio = 2
×t 10-12
2
Veficaz × (cosφ )

2
Podemos concluir que quanto menor for (cos φ ) maior será a potência consumida nos
fios externos ao estabelecimento do cliente. O maior valor de cos φ é 1. Este valor
acontece para φ = 0 0 .
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 10-2
A concessionária fornece para um consumidor Veficaz = 220 volt . Este cliente consome a
potência P0 = 20 kW . O circuito elétrico do cliente possui φ = 60 0 . Sabe-se que a
fiação externa, que leva a energia para o estabelecimento desse consumidor, possui a
resistência: R fio = 0,2 Ω .
a) Determinar a energia dissipada na fiação externa ao estabelecimento do cliente,
durante um mês em que a empresa funcionou 200 horas.
b) Supondo que a concessionária obrigou o consumidor a modificar seu circuito de
tal maneira que resultou φ = 0 0 , determinar a nova energia dissipada na fiação
externa.
Solução:
a) t = 200 × 3600 = 7,2 × 105 s

P02 × R fio
(En ) fio = 2
×t
2
Veficaz × (cos φ )

(En ) fio =
(20 × 10 ) × 0,2 × 7,2 ×10 = (20 ×10 ) × 0,2 × 7,2 × 10
3 2
5
3 2
5
= 4,76 × 109W × s
2
(
220 × cos 60 )
0 2
220 × (0,5)
2 2

1 1
ou (En ) fio = 4,76 × 109 × × = 1322 kW × h
1000 3600

(En ) fio = 1322 kW × h

P02 × R fio
b) (En ) fio = 2
×t
2
Veficaz × (cosφ )

(E ) = (20 × 10 ) × 0,2 × 7,5 × 10 = (20 × 10 ) × 0,2 × 7,5 × 10


3 2 3 2
5 5
= 1,19 × 109W × s
220 × (cos 0 ) 0 2
n fio 2 2
2 220 × 1

1 1
(En ) fio = 1,19 × 109 × × ≈ 331 kW × h
1000 3600

(En ) fio = 331 kW × h


--------------------------------------------------------------------------------------------------------

135
Correção do fator de potência

A medição da defasagem entre a tensão e a corrente, que o cliente consome, permite


determinar o fator de potência cos φ . Com referência ao exercício 10-2, a modificação
realizada no circuito do consumidor, que resultou em cos φ = 1 , se chama correção do
fator de potência. Nas instalações industriais, a concessionária obriga o consumidor a
proceder a correção do fator de potência do circuito utilizado em seu estabelecimento.
Essa correção se faz acrescentando-se, ao circuito, uma impedância reativa adequada
No exemplo desse exercício 10-2 vimos que essa correção fez diminuir de 4 vezes a
potência dissipada na fiação externa ao estabelecimento do consumidor.

Impedância de carga de uma indústria que utiliza motores elétricos.

A fig. 10-3 mostra o circuito equivalente da rede elétrica de uma industria que utiliza
motores elétricos.

L
R

Fig. 10-3

A correção do fator de potência se faz acrescentando-se um capacitor, devidamente


calculado, em paralelo a esse circuito. Ver fig. 10-4

v L
C R

Fig. 10-4

----------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 10-3

Uma concessionária fornece uma tensão alternada de 220 volt eficaz e freqüência de
60 Hz. Uma industria, que recebe esta alimentação elétrica, tem o circuito equivalente
da fig. 10-3 em que R = 5 Ω e L = 1,3 × 10 −2 H .
a) Determinar o fator de potência
b) Determinar o valor do capacitor que corrige esse fator de potência.

Solução:

136
ω = 2πf = 2π × 60 = 377 rd / s

a) Vamos chamar de Yi a admitância do circuito original da indústria e cos φ i seu fator


de potência.

Chamando de Y1 , Y2 as admitâncias individuais do circuito, tem-se:

Yi = Y1 + Y2

1 j 1 j
ou Yi = − = − = 0,2 − j 0,2
R ωL 5 377 × 1,3 × 10 − 2

Yi = Yi e jφYi

− 0,2
onde tgφYi = = −1
0,2

π 
φYi = tg −1 (− 1) = − 
4

De acordo com a expressão 10-9, tem-se

π
= 45°
φi = −θYi =
4
Fator de potência = cos φ i = cos 450 = 0,71

b) Vamos chamar de Yc a admitância do circuito corrigido e cos φ c seu novo fator de


potência.

Neste caso deveremos ter cos φ c = 1 ou seja φ c = 0 0


Portanto, deveremos fazer com que

tgφ c = tg 0 0 = 0

Vamos calcular a admitância do circuito da fig. 10-4.

Chamando de Y1 , Y2 e Y3 as admitâncias individuais do circuito, tem-se:

Yc = Y1 + Y2 + Y3
1 j 1  1 
ou Yc = − + jωC = + j  ωC − 
R ωL R  ωL 

 1 
Yc = 0,2 + j 377 × C −  = 0,2 + j (377 × C − 0,2)
 377 × 1,3 × 10 − 2 

137
377 × C − 0,2
tgφ c = =0
0,2

Portanto

377 × C − 0,2 = 0

0,2
C= = 5,31 × 10 − 4 F
377

C = 531 µF

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

138
11- CALCULOS DE TENSÕES E CORRENTES EM CIRCUITOS
CONTENDO COMPONENTES REATIVOS UTILIZANDO UM
MÉTODO PRÁTICO
Neste método trabalha-se apenas com os módulos e argumentos das grandezas
complexas

Exemplos de cálculos de tensões e correntes

Primeiro exemplo

Vamos determinar a tensão v no circuito da fig. 11-1

i Z1

eS
Z2 v

Fig. 11-1
eS
i=
Z1 + Z 2

eS Z 2
v = i × Z2 =
Z1 + Z 2

Seja e S = E cos(ωt + β e )

Então e S = Ee jβ e

Neste caso tem-se

Ee jβ e Z 2
v= 11-1
Z1 + Z 2

Resultados:

Amplitude da tensão v(t ) : V =v


Fase inicial da tensão v(t ) : βV = arg v
--------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 11-1
No circuito abaixo as impedâncias são dadas em ohm.
A amplitude da força eletromotriz é 20 v e sua fase inicial é nula.
Determinar a amplitude e a fase inicial de v(t )

139
RS = 10

eS
jLω = j5 v

Solução:

Força eletromotriz: eS = 20e j 0

Comparando o circuito dado com o da fig. 11-1, vemos que:

Z 1 = 10 Z 2 = j5

Aplicando a fórmula 11-1, fica:


π
j
j0 j0
20e × j 5 20e × 5e 2 5
v= = onde ψ = tg −1 = 0,46 rd
10 + j 5 10 2 + 5 2 e jψ 10

π
j π 
20 × 5e 2 100 j  2 −0,46 
v= = e
11,2e j 0, 46 11,2

v = 8,94e j1,11

Amplitude: V = 8,94 volt


Fase inicial: β V = 1,11 rd

v(t ) = 8,94 cos(ωt + 1,11)

----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Segundo exemplo

Com referência à figura 11-2, vamos determinar a tensão v, a corrente i2 e a corrente


i1 . Suponha que a força eletromotriz eS tenha amplitude E e fase inicial β e .
Portanto eS = Ee jβ e
i

ZS i2
i1
eS
v
Z1 Z2

140
Fig. 11-2
1- Calcula-se a impedância Z vista pelo gerador

Z1 Z 2
Z = ZS + 11-2
Z1 + Z 2

2 -Calcula-se i

eS Ee jβ e
i= = 11-3
Z Z

3 – Calcula-se v

Z1Z 2
v = i× 11-4
Z1 + Z 2

4 – Calcula-se i2

v
i2 = 11-5
Z2

5 - Calcula-se i1

v
i1 = ou i1 = i − i2 11-6
Z1

6 – Muda-se os resultados para a forma polar

v = v e jβV i1 = i1 e jα 1 i2 = i2 e jα 2 11-7

Os módulos são as amplitudes das grandezas. Os argumentos são as fases iniciais das
grandezas calculadas.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 11-2
No circuito abaixo as impedâncias são dadas em ohm.
A amplitude da força eletromotriz é 20 v e sua fase inicial é nula.
Determinar as amplitudes e a fases iniciais de v, de i2 e de i1

141
i

RS = 10 i1 i2

eS j
− = − j5 v
R1 = 10 ωC

Solução:
eS = 20e j 0

Vemos que: Z S = RS = 10 , Z1 = R1 = 10 e Z 2 = − j5

Aplicando a fórmula 11-2, resulta:

Z1Z 2 10 × (− j 5) 100 − j 50 − j 50 100 − j100


Z = R+ = 10 + = =
Z1 + Z 2 10 − j5 10 − j 5 10 − j 5

Aplicando a fórmula 11-3, tem-se

eS 20e j 0 (10 − j 5) 20 × (10 − j5 )


i= = =
Z 100 − j100 100 − j100

Aplicando a fórmula 11-4 resulta

Z1Z 2 20 × (10 − j 5) 10 × (− j 5) − j1000


v = i× = × =
Z1 + Z 2 100 − j100 10 − j 5 (100 − j100)
Aplicando a fórmula 11-5 tem-se:

v 1  − j1000  200
i2 = ==   =
Z2 − j 5  (100 − j100)  100 − j100

Aplicando a fórmula 11-5 tem-se:

20 × (10 − j5) 200 − j100


i1 = i − i2 = − =
100 − j100 100 − j100 100 − j100

6 – Cálculo das amplitudes e fases iniciais

a) Amplitude e fase inicial de v


π
−j π
− j1000 1000e 2 −j
v= = = 7 ,07 e 4
(100 − j100) −j
π
141,4e 4

142
 π
v(t ) = 7,07 cos ωt −  volt
 4

b) Amplitude e fase inicial de i2

200e j 0
π
200 j
π = 1,41e
4
i2 = =
100 − j100 −j
141,4e 4

 π
i2 (t ) = 1,41cos ωt +  ampere
 4

c) Amplitude e fase inicial de i1

π
−j π
− j100 100e 2 −j
i1 = = π
= 0, 707e 4
100 − j100 −j
141,4e 4

 π
i1 (t ) = 0,707 cos ωt −  ampere
 4

-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 11-3 - Recalcule os valores de v, de i2 e de i1 supondo que a fase inicial da
π
fem eS é βe = rd
4
Solução:
Basta somar a fase inicial da fem a todas as fases iniciais dos sinais elétricos calculados

 π π
v(t ) = 7,07 cos ωt − +  volt
 4 4

v(t ) = 7,07 cos ωt volt

 π π
i2 (t ) = 1,41cos ωt + + 
 4 4

 π
i2 (t ) = 1,41 cos ωt +  ampere
 2

143
 π π
i1 (t ) = 0,707 cos ωt − +  ampere
 4 4

i1 (t ) = 0,707 cos ωt ampere

---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Terceiro exemplo

Com referência à figura 11-3, vamos supor que tivéssemos interessados apenas na
tensão v e na corrente i2 . Neste caso podemos usar o teorema de Thevenin-Norton..
Vamos supor que a força eletromotriz tenha amplitude E e fase inicial zero.
Portanto e S = Ee j 0 = E

ZS i2

eS = E
v
Z1 Z2

Fig. 11-3

A fig. 11-4 mostra a primeira transformação:

i2 i2
E E
i= i=
ZS Z2 ZS Z S1 Z2
ZS Z1

Fig. 11-4

E
Nessa figura tem-se: i= e
ZS

Z S Z1
Z S1 = 11-8
Z S + Z1

A fig. 11-5 faz a última transformação:

144
Z S1 i2
EZ S1
e1 = i × Z S1 = v
ZS
Z2

Fig. 11-5

EZ S1
Nesta figura tem-se a nova força eletromotriz e1 = i × Z S1 =
ZS
EZ S1
e1 = 11-9
ZS

Portanto, a corrente i2 é dada por:

e1
i2 = 11-10
Z S1 + Z 2

Substituindo 11-9 em 11-10, resulta:

EZ S 1
i2 = 11-11
Z S (Z S 1 + Z 2 )

v = i2 Z 2 11-12

Amplitudes e fases iniciais

As amplitudes são os módulos dos números complexos e as fases iniciais são seus
argumentos.
----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 11-4
No circuito abaixo, que é o mesmo do exercício 11-2, as impedâncias são dadas em
ohm. A amplitude da força eletromotriz é 20 volt e sua fase inicial é nula.
Determinar a amplitude e a fase inicial de i2 e de v.

RS = 10 i1 i2
j
eS = E − = − j5 v
R1 = 10 ωC

145
Solução:
e S = 20e j 0 = 20

Vemos que: Z S = R S = 10 , Z 1 = R1 = 10 e Z 2 = − j5

Aplicando a fórmula 11-8, resulta:

Z S Z1 RS R1 10 × 10
Z S1 = = = =5
Z S + Z1 RS + R1 10 + 10

Aplicando a fórmula 11-11 tem-se:

EZ S1 EZ S1
i2 = =
Z S (Z S 1 + Z 2 ) R S (Z S1 + Z 2 )

π
20 × 5 10 10e j 0 j
i2 = = = = 1,41 e 4
10(5 − j5 ) 5 − j5 −j
π
7,07e 4

Aplicando a fórmula 11-12, resulta


π
−j π
10 − j 50 50e 2 −j
v = i2 Z 2 = × (− j 5) = = π
= 7,07e 4
5 − j5 5 − j5 −j
7,07e 4

Amplitudes e fases iniciais

a) Corrente i2

π
j
i2 = 1,41 e 4

 π
i2 (t ) = 1,41cos ωt +  ampere
 4

b) Tensão v

π
−j
v = 7,07e 4

 π
v(t ) = 7,07 cos ωt −  volt
 4

--------------------------------------------------------------------------------------------------

146
12 – TRANSFORMADORES

O transformador é um componente elétrico onde se tem dois ou mais indutores


enrolados no mesmo núcleo. Os transformadores usados em eletrotécnica utilizam
sempre núcleos fechados.
Vimos que a intensidade do campo magnético, além de depender da intensidade da
corrente elétrica, depende, também, da grandeza física chamada de permeabilidade
relativa do núcleo. Este parâmetro tem como símbolo µ r .
Os núcleos dos transformadores, são ligas metálicas onde se tem, em maior
porcentagem, o elemento ferro. Em eletro-técnica o material mais empregado é uma
liga ferro-silício, onde se tem 4 % de silício e 96 % ferro. Neste caso, µ rm ≈ 900 .
Na fig. 12-1 vemos um núcleo fechado onde se construiu dois indutores.

Lp
Np Ns Ls

Fig. 12-1

O valor de um indutor, construído com núcleo fechado, como mostrado nessa figura,
obedece à fórmula matemática:

S×N2
L = 4π × 10 −7 µ rm [Henry] 12-1
l

Nesta expressão tem-se:


l = comprimento do trajeto total, das linhas do fluxo, no núcleo fechado. Sua unidade
deve ser metro.
S = área da secção do núcleo em m 2 .
N= quantidade de espiras
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-1
Um indutor, construído em núcleo fechado, como mostrado fig. 12-1, foi enrolado com
200 espiras. Seu núcleo possui µ rm = 900 . O comprimento do trajeto das linhas do
fluxo magnético, nesse núcleo, é l = 0,1 m . A área de sua secção é S = 4 × 10 −4 m 2 .
Determinar o valor desse indutor.

4 × 10 −4 × 200 2
L = 4π × 10 −7 × 900 = 0,181 H
0,1
------------------------------------------------------------------------------------------------------

147
Influência do número de espiras no valor do indutor.

Observe-se, na fórmula 12-1, que o valor do indutor é proporcional ao quadrado do


número de espiras.
Na fig. 12-1 chamamos de L p um indutor e de Ls o outro. Se o indutor L p tiver N p
espiras e o indutor Ls contiver N s espiras, então seus valores obedecem as fórmulas:

S × N 2p
L p = 4π × 10−7 µ rm 12-2
l

S × N s2
Ls = 4π ×10−7 µ rm 12-3
l

Dividindo 12-3 por 12-2, resulta:

Ls N s2
= 12-4
L p N p2
Ls N
ou = s 12-5
Lp Np

Indução eletromagnética

Na fig. 12-2 acrescentamos um gerador de tensão alternada, que é conectado ao


indutor L p , de tal maneira a fornecer uma tensão v1 entre seus terminais. Esta tensão
produz uma corrente i1 . Esta corrente, ao percorrer as espiras de L p , produz linhas de
campo magnético alternado. O trajeto, destas linhas, passa pelo interior das espiras do
indutor Ls . Esse campo magnético alternado no interior de Ls , faz aparecer, nos
terminais deste indutor, uma tensão v 2 . Se este indutor está ligado a um resistor R2 , será
produzida, nesta resistência, uma corrente i2 . A tensão v 2 e a corrente i2 são,
respectivamente, tensão e corrente induzidos no enrolamento de Ls .

Linha do fluxo magnético alternado

RS i1
i2
e v1 Lp Ls R2
v2

Fig. 12-2

148
Fator de acoplamento.

Um dispositivo como o mostrado na fig. 12-2, é classificado como acoplamento de


circuitos. O circuito que contem o indutor L p é chamado de circuito primário . O outro
circuito, que contém o indutor Ls , é o circuito secundário.
Em uma situação ideal, todas as linhas de fluxo magnético, geradas em L p , passariam
pelo interior do enrolamento de Ls . Chamando Φ p o conjunto de linhas magnéticas
geradas em L p , e Φ s o conjunto de linhas magnéticas que passam pelo interior de Ls ,
teríamos, então:

Φs = Φ p

Entretanto, na situação real, uma pequena parte das linhas magnéticas geradas em L p ,
passa por fora do enrolamento do indutor Ls . Isto resulta Φ s < Φ p .
Define-se o fator de acoplamento como sendo:

Φs
k=
Φp

Portanto, idealmente poderíamos ter k = 1 . Em situações reais tem-se k < 1 .


Entretanto, existe uma construção mais eficiente para aumentar o fator de acoplamento.
Esta construção está mostrada na fig. 12-3.

Fig. 12-3

Neste arranjo, os dois enrolamentos estão sobrepostos, na mesma posição, no núcleo.


Nesta situação quase todas as linhas de campo magnético, geradas pelo enrolamento
primário, estão também no interior do enrolamento secundário. Com isto, pode-se
atingir valores de k da ordem de 0,98. Neste caso podemos usar a aproximação:

k ≈1

149
Indutância mútua

A indutância mútua é um parâmetro que obedece a expressão:

M = k L p Ls

Em uma freqüência ω ela produz a impedância reativa:

X M = jMω

Nos desenhos de circuitos elétricos, os dois circuitos acoplados seguem o esquema


mostrado na fig. 12-4. Costuma-se indicar o início de cada enrolamento por um ponto,
com se vê nessa figura 12-4. Os pontos indicam o início de cada enrolamento.

RS M

e v1 Lp Ls R

Fig. 12-4

Equação de malha para circuitos acoplados

A fig. 12-5 mostra o esquema que usaremos para o estabelecimento das equações de
malhas. Vamos supor que a tensão v1 possui forma senoidal com freqüência ω .

Lp
i1
v1 i2 R v2
Ls

Fig. 12-5

Neste caso as equações de malhas ficam:

Circuito primário:

− v1 + jL pω i1 − jMω i2 = 0
ou jL p ω i1 − jMω i 2 = v1

150
Circuito secundário:

jLs ω i 2 + R2 i2 − jMω i1 = 0

Portanto temos o sistema de duas equações:

jL p ω i1 − jMω i 2 = v1 (Circuito primário)

− jMω i1 + ( jLsω + R2 )i2 = 0 (Circuito secundário)

Resolvendo-se este sistema, de duas equações e duas incógnitas, chega-se ao resultado:

i1 =
( jLsω + R2 )v1 12-6
jL pωR2

jMω × v1
i2 = 12-7
M ω − L p Lsω 2 + jL pωR2
2 2

As amplitudes de i1 (t ) e i2 (t ) são, respectivamente, i1 e i2


As fases iniciais de i1 (t ) e i2 (t ) são, respectivamente arg(i1 ) e arg(i 2 )

Transformador ideal

Quando se tem dois circuitos acoplados, o dispositivo pode ser considerado um


transformador ideal se, entre outras exigências, obedecer duas condições:

1 – O fator de acoplamento precisa ser unitário:

k =1

2 – A reatância do indutor do circuito secundário deverá ser infinitamente maior do


que a resistência de carga R2 .

ωLs >> R2

Tensão transferida do primário para o secundário no transformador ideal.

A expressão 12-7 pode ser reescrita na forma:

jk L p Ls ω × v1
i2 =
k L p Lsω 2 − L p Lsω 2 + jL pωR2
2

Como k = 1, tem-se

151
j L p Ls ω × v1 Ls × v1
i2 = 2 2
=
L p Lsω − L p Lsω + jL pωR2 L p × R2

Ls
× v1
Lp
ou i2 = 12-8
R2

Vamos supor que sobre o resistor R2 existe uma tensão v 2 . Ver fig. 12-5.
Então a corrente i2 fica:

v2
i2 = 12-9
R2

Substituindo 12-9 em 12-8, teremos:

Ls
× v1
v2 Lp
=
R2 R2

Ls
ou v2 = × v1
Lp

Ls N
Mas, de acordo com a equação 12-5, sabemos que = s
Lp Np
Portanto:

Ns
v2 = × v1 12-10
Np

Conclusão: Em um transformador ideal, a condição k = 1, faz com que a tensão


induzida no secundário seja igual à tensão do primário multiplicada pela relação entre
os números de espiras do enrolamento secundário para o primário.

A expressão 12-10 permite que se calcule, também, a tensão no primário quando se


conhece a tensão no secundário:

Np
v1 = × v2 12-11
Ns

152
Corrente transferida do primário para o secundário no transformador ideal.

A expressão 12-6 pode ser reescrita na forma polar:

 R 2 + (L ω )2  e jθ1 × v
 2  1 Lsω
i1 = 
s
onde θ1 = tg −1
 j 
π
R2
 L pωe 2  × R2
 
 

Se a condição Lsω >> R2 for obedecida, então ficam válidas as aproximações:

2 π
R22 + (Lsω ) ≈ Lsω e θ1 ≈
2

Portanto:
Ls
j
π × v1
2 Lp
Lsωe × v1 L ×v
i1 ≈ = s 1 =
 j
π
 L p × R2 R2
 L pωe 2  × R2
 
 

Mas, de acordo com as expressões 12-4 e 12-11 sabemos que

Ls N2 Np
= s2 e v1 = × v2
Lp N p Ns

Portanto

N s2 N p Ns
× v2 v2
N 2p N s Np
i1 ≈ =
R2 R2

v2
Mas, vimos que i2 =
R2

Ns
Portanto, i1 ≈ i2
Np

Conclusão: Em um transformador ideal, a condição adicional Lsω infinitamente maior


do que R2 , faz com que a corrente que percorre o enrolamento primário seja igual a
corrente do secundário multiplicada pela relação entre os números de espiras do
enrolamento secundário para o primário:

153
Ns
i1 = i2 12-12
Np

Também podemos dizer que:

Np
i2 = i1 12-13
Ns

Os transformadores práticos são construídos satisfazendo as condições para que seu


comportamento fique bem próximo de um transformador ideal, podendo ser
desprezadas as diferenças entre um e outro.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-5
Demonstrar que, em um transformador, considerado como ideal, a relação entre a
Np
amplitude da tensão do primário e a do secundário é igual à .
Ns
Solução:
v1 N p N
Vimos que = ou v 2 = s v1
v2 N s Np

Seja a tensão do primário:

v1 = V1 cos(ωt + β V )

Neste caso

Ns
v2 = V1 cos(ωt + β V ) = V2 cos(ωt + βV )
Np

Ns
Portanto: V2 = V1
Np

V1 N p
ou =
V2 N s
---------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-6
Demonstrar que, em um transformador, considerado como ideal, a relação entre os
Np
valores eficazes da tensão do primário e a do secundário é, também, igual à .
Ns
Solução:

154
V1 N p
O exercício anterior demonstrou que: =
V2 N s

V1
Mas V1−eficaz = ou V1 = 2 × V1− eficaz
2
e V2 = 2 × V2−eficaz

2 × V1−eficaz Np V1−eficaz Np
Portanto = ou =
2 × V2−eficaz Ns V2−eficaz Ns
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-7
Demonstrar que, em um transformador, considerado como ideal,a relação entre as
Ns
amplitudes da corrente do primário e a do secundário é igual à .
Np
Solução:

i1 N s Np
Vimos que = ou i2 = i1
i2 N p Ns

Seja a corrente do primário:

i1 = I1 cos(ωt + α I )

Neste caso
Np
i2 = I1 cos(ωt + α i ) = I 2 cos(ωt + α I )
Ns

Np
Portanto: I2 = I1
Ns

I1 N s
ou =
I2 N p
---------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-8
Demonstrar que, em um transformador, considerado como ideal, a relação entre os
Ns
valores eficazes da corrente do primário e a do secundário é, também, igual à .
Np
Solução:

I1 N s
O exercício anterior demonstrou que: =
I2 N p

155
I1
Mas I1−eficaz = ou I1 = 2 × I1−eficaz
2

e I 2 = 2 × I 2−eficaz

2 × I 1−eficaz Ns I 1− eficaz Ns
Portanto = ou =
2 × I 2−eficaz Np I 2−eficaz Np
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-9
Um transformador possui uma tensão eficaz, no secundário, de 110 volt. A quantidade
de espiras do primário e a do secundário são, respectivamente, 1000 e 100. Determinar a
tensão eficaz no primário.
Solução:

V1−eficaz Np V1−eficaz 1000


= ou =
V2−eficaz Ns 110 100

110 × 1000
Portanto V1−eficaz = = 1100 volt
100
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-10
Um transformador possui uma corrente eficaz, no secundário, de 1 ampere. As
quantidades de espiras, do primário e do secundário, são respectivamente, 1000 e 100.
Determinar a corrente eficaz no primário.
Solução:
I 1− eficaz N I 1−eficaz 100
= s ou =
I 2−eficaz N p 1 1000

1 × 100
Portanto I1−eficaz = = 0,1 ampere
1000
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-11
Um transformador possui, no secundário, uma tensão eficaz de 110 volt sobre uma
Np
resistência de carga de R2 = 100 ohm. Nele tem-se = 100 . Determinar:
Ns
a) A corrente eficaz no enrolamento secundário.
b) A potência média entregue à carga do secundário.
c) A tensão do primário.
d) A corrente eficaz no enrolamento primário.
e) A potência média entregue ao enrolamento primário.
f) A relação entre as potências no primário e no secundário
Solução:
a) Seja V2 e I 2 as amplitudes respectivas da tensão e da corrente do secundário.
Neste caso:

156
V2 2 × V2−eficaz
I2 = ou 2 × I 2−eficaz =
R2 R2
V2−eficaz
ou I 2−eficaz =
R2

110 volt
Portanto: I 2−eficaz = = 1,1 ampere
100 Ω

b) P02 = I 2−eficaz × V2−eficaz = 1,1 × 110 = 121 Watt

V1−eficaz Np
c) =
V2−eficaz Ns

V1−eficaz
ou = 100 ou V1−eficaz = 110 × 100 = 11.000 volt
110

Ns 1 1
d) = = = 0,01
Np N p 100
Ns

I 1− eficaz Ns I1−eficaz
= ou = 0,01 ou I1−eficaz = 0,01 × 1,1 = 0,011 ampere
I 2−eficaz Np 1,1

e) P01 = I 1−eficaz × V1−eficaz = 0,011 × 11000 = 121 Watt

P01 121
f) P01 = P02 = 121 W ou = =1
P02 121
------------------------------------------------------------------------------------------------------
Conclusão: - O exercício 12-11 demonstrou que a potência média entregue a uma
resistência de carga colocada no secundário de um transformador é igual a potência que
o gerador envia para o primário do transformador. Portanto, o transformador ideal não
consome potência do gerador. Ele apenas transfere a potência para a carga no
secundário.

Perdas de energia em um transformador não ideal

Na prática, os fios, dos enrolamentos do transformador, não são condutores perfeitos.


As correntes elétricas, ao percorrerem esses fios, acarretam potência em suas
resistências. Desta maneira é produzida dissipação de energia nesses enrolamentos.
Além disto, no núcleo do transformador aparecem correntes induzidas conhecidas como
correntes de Foucault. Como o núcleo, também é resistivo, existe dissipação adicional
de energia nesse componente do transformador. Isto faz com que, em um transformador
não ideal, a potência entregue em seu enrolamento primário seja maior do que a

157
potência que é realmente entregue à resistência de carga conectada em seu secundário.
Neste caso diz-se que o transformador possui perdas, não desprezíveis, de potência.
A qualidade do transformador é quantizada por meio do rendimento energético:

Potência sobre a carga no secundário


η= Potência entregue ao primário

P02
ou η=
P01
Consegue-se, sem grandes dificuldades, construir transformadores com rendimento
maior do que 90 %.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-12
Em um transformador não ideal tem-se, no secundário, uma tensão V2−eficaz = 10 v sobre
um resistor R2 = 100 Ω . Determinar a potência na carga do secundário e aquela
entregue no primário sabendo-se que η = 0, 95 .
Solução:

V22−eficaz 102
P02 = = =1 W
R2 100
P02
η=
P01

P02 1
P01 = = ≈ 1, 05 W
η 0,95
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Nota
Neste primeiro curso de eletricidade por simplicidade, consideraremos
transformadores com perdas desprezíveis. Estudos mais completos se encontram em
cursos e livros técnicos mais especializados nesse componente elétrico.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-13
Vamos considerar que um transformador, com perdas desprezíveis, se comporta,
aproximadamente, como ideal quando k ≈ 1 e Ls ω = 10 × R2 , onde R2 é a carga do
secundário.
V1− eficaz
Determinar Ls e L p sabendo-se que, R2 = 100 Ω , = 50 e ω = 377 rd / s .
V2−eficaz
Solução:

a) Ls × ω = 10 × R2

ou Ls × 377 = 10 × 100 Ω

158
10 × 100
Ls = = 2,65 Henry
377

Np V1−eficaz
= = 50
Ns V2− eficaz

2
Lp  Np 
=  
Ls  N s 

Lp
ou = 50 2
2,65
Portanto L p = 2,65 × 50 2 = 6,63 Henry
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
Principal aplicação de transformadores na eletro-técnica.

Na eletro-técnica, o transformador é aplicado, principalmente, para diminuir as perdas


de energia na linha de transmissão que transporta a eletricidade para os consumidores.
Dada uma corrente elétrica I eficaz e uma resistência Rlinha dessa linha de transmissão,
sabemos que a potência média nessa resistência da linha é dada por:
2
P0−linha = I eficaz × Rlinha
2
Essa potência acarreta energia En −linha = I eficaz × Rlinha × t que é dissipada na resistência
dessa linha. Como isto é uma perda parcial da energia gerada pela concessionária,
dizemos que P0−linha é a potência perdida na linha de transmissão.
Vemos que, quanto menor for Ieficaz , menor será a perda de energia perdida na linha de
transmissão.
Vamos supor que uma comunidade deve receber, da concessionária, uma tensão
V2 − eficaz . Seja I 2 − eficaz a corrente consumida por essa comunidade. Ver fig. 12-6.
Np
Se for usado um transformador com relação de espiras teremos, no primário desse
Ns
Ns N
transformador, a corrente I1− eficaz = I 2 − eficaz e a tensão V1− eficaz = p V2− eficaz .
Np Ns

Rlinha
I1−eficaz I 2 −eficaz
2

V1−eficaz Np Ns V2 −eficaz Comunidade


Rlinha
2

Fig. 12-6

159
Se esse transformador for construído com N p > N s , a corrente do primário será menor
do que a do secundário. Neste caso, a energia perdida na linha de transmissão será
menor. Em compensação a tensão do primário será maior do que a do secundário, na
mesma proporção. Isto requer maior cuidado na isolação dessa linha de transmissão em
relação ao ambiente.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-14
Uma concessionária de energia elétrica fornece, para uma indústria, no secundário de
um transformador, a tensão e a corrente eficazes de 220 volt e 100 ampere
respectivamente. Sabe-se que no enrolamento primário passa a corrente de 1 ampere.
Determinar:
Np
a) A relação de espiras desse transformador.
Ns
b) A tensão eficaz no primário desse transformador.

Solução:
I 1− eficaz Ns I 2 −eficaz Np
= ou =
I 2 −eficaz Np I1−eficaz Ns

Np 100 ampere
Portanto = = 100
Ns 1 ampere

V1−eficaz Np V1−eficaz
b) = ou = 100
V2 −eficaz Ns 220

V1−eficaz = 220 × 100 = 22.000 volt


--------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-15
Com referência ao exercício 12-14, vamos supor que a resistência da linha de
transmissão é 0,1 ohm. Comparar a potência perdida na linha nas situações:
a) Sem usar o transformador.
b) Usando o transformador.

Solução:
a) A concessionária transmite pela linha V2 −eficaz = 220 v e I 2 −eficaz = 1 A
( )
2
P0 −linha = I 22−eficaz × Rlinha = 100 A × 0,1 = 1000 W
b) A concessionária transmite pela linha V1−eficaz = 22.000 v e I 1−eficaz = 1 A

P0 −linha = I12−eficaz × Rlinha = 12 × 0,1 = 0,1 W

Conclusão: - O uso desse transformador diminuiu de 10.000 vezes a perda de energia na


linha de transmissão.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------

160
Resistência refletida do secundário para o primário.

Sabemos, pela lei de Ohm, que uma tensão com amplitude V, sobre uma resistência R,
produz uma corrente com amplitude I dada por:
V
I=
R
Dessa expressão podemos concluir que, se conhecermos as amplitudes da tensão e da
corrente, poderemos calcular o valor da resistência por meio da equação:

V
R=
I
Chamando de V2 e I 2 as amplitudes da tensão e da corrente na resistência R2 do
secundário, essas grandezas obedecem a fórmula:
V
R2 = 2 12-14
I2
A resistência que o gerador enxerga no primário do transformador é:
V
R1 = 1 12-15
I1
onde V1 e I1 são, respectivamente, as amplitudes da tensão e corrente no enrolamento
primário. Ver Fig. 12-7.
I1 I2

R1 V1 Np Ns V2
R2

Fig. 12-7

Dividindo membro a membro 12-15 por 12-14, tem-se:

R1 V1 I 2 V1 I 2
= × = × 12-16
R2 I 1 V2 V 2 I 1

V1 N p I2 N p
Mas, = e = 12-17
V2 N s I1 N s

Substituindo as igualdades 12-17 em 12-16, resulta:

2
R1  N p 
= 
R2  N s 

161
------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-16
Um transformador possui uma resistência de 50 ohm colocada em seu secundário.
Np
Determinar a resistência vista no primário, sabendo-se que = 10 .
Ns
Solução:
2
Np 
R1 = R2   = 50 × 10 2 = 5000 Ω
N
 s

----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Principal aplicação do transformador em circuitos eletrônicos

Vimos que a potência que o gerador entrega ao primário de um transformador ideal é a


mesma que é transferida para o secundário desse transformador.
Vimos, também, que a potência máxima fornecida por um gerador, de resistência
interna RS , para uma resistência externa RC , acontece quando RC = RS .
Quando uma resistência externa R2 for diferente de R S , pode-se usar um
transformador que produz no primário a resistência R1 tal que R1 = RS . Neste caso, o
gerador fornecerá a potência máxima para o primário do transformador. O
transformador transfere essa máxima potência para a resistência R2 . Diz-se que o
transformador proporcionou o casamento de impedância entre o gerador e a carga
externa.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-17
Um gerador com força eletromotriz Eeficaz = 220 v e resistência interna RS = 100 Ω ,
deve fornecer energia para uma resistência R2 = 10 Ω . Calcular:
a) A potência enviada para R2 quando não se usa transformador para o casamento
de impedâncias.
b) A potência enviada para R2 quando se usa transformador para o casamento de
impedâncias.
c) Determinar a relação de espiras do transformador usado para o casamento de
impedâncias.

Solução:

a) A corrente produzida no circuito fica:


Eeficaz 220
I 2 −eficaz = = =2 A
RS + R2 100 + 10

A potência na carga resulta:

P0 = I 22−eficaz × R2 = 2 2 × 10 = 40 W
b) O transformador oferece para o gerador a resistência R1 = RS = 100 Ω
Portanto, a corrente no primário fica:

162
E eficaz 220
I1−eficaz = = = 1,1 A
RS + R1 100 + 100

A potência fornecida para a carga externa resulta:

P0 = I 12−eficaz × R1 = 1,12 × 100 = 121 W

c) Relação de espiras:

N p2 R1 100
2
= = = 10
N s R2 10

Np
= 10 = 3,16
Ns
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 12-18
Um gerador com força eletromotriz E eficaz = 220 v e resistência interna RS = 100 Ω ,
deve fornecer energia para uma resistência R2 = 1000 Ω . Calcular:
d) A potência enviada para R2 quando não se usa transformador para o casamento
de impedâncias.
e) A potência enviada para R2 quando se usa transformador para o casamento de
impedâncias.
f) Determinar a relação de espiras do transformador usado para o casamento de
impedâncias.

Solução:

a) A corrente produzida no circuito fica:


Eeficaz 220
I 2 −eficaz = = = 0,2 A
RS + R2 100 + 1000
A potência na carga resulta:

P0 = I 22−eficaz × R2 = 0,2 2 × 1000 = 40 W

b) O transformador oferece para o gerador a resistência R1 = R S = 100 Ω


Portanto, a corrente no primário fica:

E eficaz 220
I1−eficaz = = = 1,1 A
RS + R1 100 + 100

A potência fornecida para a carga externa resulta:

P0 = I 12−eficaz × R1 = 1,12 × 100 = 121 W

163
c) Relação de espiras:

N 2p R1 100
2
= = = 0,1
N s R2 1000

Np
= 0,1 = 0,316
Ns
---------------------------------------------------------------------------------------------------------

Transformador com um enrolamento primário e vários enrolamentos secundários

A fig. 12- 8 mostra um transformador com três enrolamentos secundários.

Ls1 is1
vs1
N s1 R1
ip

Lp Ls 2 is 2
vp vs 2
Np N s2
R2

is 3
Ls3
vs 3
N s3 R3

Fig. 12-8

As indutâncias mútuas, entre o enrolamento primário e os enrolamentos secundários.


ficam:

M p1 = k p1 L p L s1 M p 2 = k p 2 L p Ls 2 M p 3 = k p3 L p Ls 3

Se este transformador for ideal, então todas as linhas de fluxo, geradas no interior do
enrolamento primário, passam pelo interior dos três enrolamentos secundários. Neste
caso os fatores de acoplamento ficam:
k p1 = k p 2 = k p 3 = 1

Nesta situação, as tensões dos enrolamentos secundários ficam:

N s1 N s2 N s3
v s1 = vp vs 2 = vp vs 3 = vp 12-18
Np Np Np

164
Se este transformador for ideal, então, as grandezas Ls1ω , Ls 2ω e Ls 3ω deverão,
respectivamente, serem infinitamente maiores do que R1 , R2 e R3 .
Neste caso a corrente no primário fica igual a soma das correntes dos secundários
transformadas para o primário:

N s1 N N
ip = i1 + s 2 i2 + s 3 i3 12-19
Np Np Np

Resistência transformada dos secundários para o primário

Pelo circuito mostrado na fig. 12-8, as correntes nos três secundários são:

v s1 vs 2 vs3
i1 = i2 = i3 = 12-20
R1 R2 R3

Substituindo as igualdades 12-18 em 12-20, fica:

vp N s1 vp Ns2 vp N s3
i1 = × i2 = × i3 = × 10-21
R1 Np R2 Np R3 Np

Substituindo as igualdades 12-21 em 12-19, resulta:

 N  2 1  N  2 1  N  2 1 
i p = v p  s1  +  s2  +  s3  
 N p  R1  N p  R2  N p  R3 
   
 

2 2 2
 N  1  N s2
ip  1  N s3  1
ou =  s1  +  + 
v p  N p  R1  N p  R N  R
 2  p  3

ip 1 1 1
ou = 2
+ 2
+ 2
12-22
vp  Np   Np   Np 
R1   R1   R1  
 N s1   N s1   N s1 

Seja R p a resistência vista no primário do transformador: Neste caso:

vp
Rp =
ip

Desta maneira, a igualdade 12-22 assume a forma:

165
1 1 1 1
= 2
+ 2
+ 2
12-23
Rp  Np   Np   Np 
R1   R2   R3  
 N s1   N s2   N s3 

A expressão 12-23 sugere o circuito equivalente da fig. 12-9 que pode ser usado para a
determinação da resistência resultante das transferências das resistências dos
secundários para o primário.

ip
2 2 2
vp N  N  N 
Rp ⇒ R1  p  R2  p  R3  p 
 N s1   Ns2   N s3 

Fig. 12-9

Estes resultados podem ser generalizados para qualquer quantidade de enrolamentos


secundários.

Nota: - Basta que os fatores de acoplamento sejam aproximadamente iguais a 1 e nos


enrolamentos secundários se tenha LsN ω >> R N para termos uma validade bastante
aproximada dos resultados ideais.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exercício 12-19
Um transformador possui dois enrolamentos secundários.
Têm-se os parâmetros:

Np Np
= 10 ; = 20 ; R1 = 100 Ω ; R2 = 50 Ω
N s1 N s2

V p −eficaz = 100 v

a) Determinar as tensões nos enrolamentos secundários


b) Determinar a resistência vista no primário desse transformador.
c) Verificar que a potência média entregue no primário é igual a soma das
potências médias nas cargas dos secundários.

Solução:

N s1 1
a) Vs1−eficaz = Vp −eficaz = 100 × = 10 v
Np 10

N s2 1
Vs 2 −eficaz = V p −eficaz = 100 × =5 v
Np 20

166
b)

1 1 1 1 1
= 2
+ 2
= 2
+ 2
=
Rp  Np   Np  100 × (10) 50 × (20 )
R1   R2  
 N s1   N s2 

= 10 −4 + 5 × 10 −5 = 1,5 × 10 −4 Ω −1

1
Rp = ≈ 6.667 Ω
1,5 × 10 − 4

c) Potência média total no secundário:

V12−eficaz V22−eficaz 10 2 5 2
P0 s = + = + = 1,5 W
R1 R2 100 50

Potência média no primário

V p2−eficaz 1
P0 p = = V p2−eficaz = 1002 ×1,5 ×10 −4 = 1,5 W
Rp Rp

Portanto: P0 p = P0 s

--------------------------------------------------------------------------------------------------

167
13 - GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
SISTEMAS TRIFÁSICOS

Gerador simples de tensão alternada.

A fig. 13-1 mostra um gerador de tensão alternada simples.

rotação

N escova
S
Anel
a deslizante
Anel
deslizante carga

Fig. 13-1

Ele é formado por uma espira condutora situada entre os pólos norte e sul de um ímã
tipo ferradura. Portanto, a espira se situa em uma região onde existe um fluxo de linhas
de campo magnético. Esta espira gira com velocidade de rotação constante igual a ω
rd/s. Durante a rotação, é induzida uma diferença de potencial nos terminais dessa
espira. Esta diferença de potencial se alterna positiva e negativamente conforme a
posição da espira em relação às linhas do fluxo magnético. Cada um dos terminais da
espira desliza em contato com um anel fixo. O elemento que faz o contacto é
denominado escova. Deste modo, a tensão alternada gerada pode ser aproveitada para
alimentar uma carga resistiva fixa. A tensão induzida segue a expressão matemática:

e = kAω cos ωt 13-1

Nesta expressão, k é uma constante que depende da intensidade do campo magnético


produzido pelo ímã. O parâmetro A vem a se a área compreendida no plano interior da
espira. Como já mencionamos, ω é a velocidade angular de rotação na unidade em
radiano por segundo. Pode-se observar, pela expressão 13-1, que quando a espira cessa
a rotação ( ω = 0 ), a tensão induzida deixa de existir.
Por essa mesma expressão 13-1, vemos que a tensão gerada tem a forma senoidal com
freqüência, em rd/s, igual à velocidade angular da rotação da bobina. A amplitude, dessa
tensão, é proporcional à área da espira e à sua velocidade angular de rotação.
O valor instantâneo da tensão gerada depende da posição da espira nos instantes
considerados. A fig. 13-2 mostra as polaridades da tensão gerada, em nove posições
instantâneas da espira. Supõe-se que essa espira gira no sentido anti-horário.
No instante em que o plano da espira fica perpendicular às linhas do fluxo magnético, a
diferença de potencial gerada passa por zero volt.

168
Em contra partida, quando o plano da espira fica paralelo às linhas de fluxo magnético,
o módulo da diferença de potencial atinge seu maior valor. O valor desse módulo
máximo da tensão gerada é: EM = kAω
b
+ -
-
N S N + b S N S
a b a
a
(1) (2) (3)

+ -
+ -
- N S
N b S b a N + a S
a
(5) b
(4) (6)

a
+ a + -
N S N S N S
- b a b
(7) b (8) (9)

Fig. 13-2

A fig. 13-3 mostra a curva da variação da diferença de potencial entre o terminal a e o


terminal b . Nessa curva estão assinaladas as tensões nos instantes das posições da
espira, que estão numeradas na fig. 13-2.

e
1
EM 9
2 8
0,7 EM

0 3
Tempo
7

−0, 7 EM
4 6
− EM
5

Fig. 13-3

Normalmente se usa n espiras, no lugar de uma única. O dispositivo rotativo passaria a


ter a forma de uma bobina achatada. Ver fig. 13.4.

169
Fig. 13-4

Neste caso, a tensão alternada gerada segue a expressão matemática:

e = kAnω cos ωt 13-2

Nota-se que a amplitude da tensão induzida fica proporcional ao número de espiras


daquela bobina..

Reação do gerador contra a corrente elétrica na resistência de carga.

Quando a corrente elétrica percorre as espiras da bobina forma-se um campo magnético


que se opõe ao campo magnético do ímã. Isto causa o aparecimento de uma força que
tende a impedir o movimento rotatório da bobina. Neste caso, gasta-se energia para
produzir esse movimento rotatório. Se o gerador fosse ideal, esta energia mecânica,
seria a mesma energia que é consumida na resistência elétrica de carga. Na realidade a
energia consumida, nessa resistência elétrica, costuma ser um pouco menor do que a
energia mecânica fornecida ao dispositivo rotatório. Isto se deve ao fato de que o
gerador nunca é ideal. Sempre uma pequena parte da energia é dissipada em outros
lugares que não a resistência elétrica de carga. Entre outros lugares onde a energia é
consumida, podemos citar o atrito mecânico, que também se opõe ao movimento de
rotação, e a resistividade existente no próprio fio com que foi construída a bobina. Esta
perda na bobina se deve ao fato de que não existe na natureza um condutor perfeito de
corrente elétrica.
A qualidade do gerador fica, parcialmente, estabelecida pelo parâmetro rendimento
energético, que segue a definição:

Energia consumida na resisência elétrica de c arg a


η=
Energia mecânica fornecida ao rotor

Existem geradores com técnica de construção extremamente aprimorada cujo


rendimento energético pode atingir 95 %.

Reciprocidade e motores elétricos

O mesmo gerador mostrado na fig. 13-1 pode trabalhar como motor elétrico devida a
reciprocidade do fenômeno eletro-magnético. Ver fig. 13- 5 . Neste caso, injeta-se uma
corrente alternada i na bobina. O campo magnético variável produzido por esta corrente
interage com o campo magnético fixo do ímã de maneira a resultar uma força que
provoca movimento de rotação na bobina. A velocidade angular de rotação é igual à
freqüência angular da corrente alternada. Tem-se assim um motor elétrico do tipo
alimentado por corrente alternada.

170
rotação

i φ

N Anel S
deslizante
Anel
deslizante

Fig. 13-5

Gerador de campo magnético girante

. As escovas têm os seguintes inconvenientes:


- Normalmente o contacto é feito com carvão que se desgasta após um
determinado tempo de funcionamento.
- Durante o movimento de rotação da bobina podem acontecer mal-contactos.
- A passagem por um mal-contacto pode produzir faíscas que, além de desgastar
o elemento de contato, interferem em aparelhos receptores de rádio e televisão.

No gerador da fig. 13-1, o efeito seria o mesmo se a bobina ficasse parada e o ímã
girasse. Neste caso não seriam necessárias as escovas para transferir a tensão gerada, na
bobina, para a resistência de carga elétrica fixa. Os geradores, de tensão alternada,
construídos com esse arranjo se classificam do tipo de campo magnético girante. Eles
são tecnicamente mais robustos e, praticamente, não produzem as interferências
mencionadas.
O nome geral da parte mecânica girante é rotor do gerador. A parte fixa é denominada
de estator do gerador.

Geradores comerciais de energia elétrica

O gerador do tipo mostrado na fig. 13-1, é quase que um exemplo didático para a
explicação da geração de energia elétrica a partir da energia mecânica. Os geradores
usados comercialmente são, tecnicamente, muito mais complexos. Este curso básico de
eletricidade não abrangerá seu estudo detalhado.
O local, onde são instalados os conversores, da energia mecânica para a energia
elétrica, se chama usina geradora de eletricidade.
Quando a energia mecânica é fornecida pela queda da água de uma represa, tem-se uma
usina hidroelétrica. A água desce por um tubo onde no final se encontra uma turbina.
Esta adquire movimento rotatório com a passagem da água. Como a turbina está

171
acoplada ao rotor do gerador, é produzida tensão alternada e a corrente alternada
correspondente.
Um outro tipo de usina geradora é a usina termoelétrica. Neste caso uma máquina
rotativa a vapor aciona o rotor do gerador. O combustível, normalmente, é o carvão ou
algum derivado do petróleo. Quando o calor, que produz o vapor é proveniente, de
fissão de núcleos atômicos, tem-se as polêmicas usinas nucleares.

Geração de tensão alternada trifásica

A fig. 13-6 mostra um gerador simples onde o campo magnético gira. Ele é formado de
três bobinas fixas dispostas geometricamente, como mostra a figura, com uma diferença
de ângulo de 120 graus.
Na posição mostrada na figura a diferença de potencial a1 - b1 , na bobina 1, está
passando por um valor máximo positivo. Após um giro de 120 graus, do campo
magnético, a diferença de potencial a2 - b 2 , na bobina 2, passa pelo valor máximo
positivo. Após mais um giro de 120 graus , do campo magnético, é a vez da diferença de
potencial a3 - b 3 , na bobina 3, passar pelo valor máximo positivo.

a2 b3 1200
1200 2
b1 1 a1
S N
3 b2
a3

Fig. 13-6

Vamos chamar as diferenças de potenciais pelas siglas:

v1 = a1 − b1

v2 = a2 − b2

v3 = a3 − b3

A fig. 13-7 mostra como varia relativamente essas três tensões ao longo do tempo.

172
v
v1 v2 v3

tempo

Fig. 13-7

Supondo que as três tensões são geradas com uma amplitude E, tem-se:

v1 = E cos ωt 13-3

 2π 
v2 = E cos ωt +  13-4
 3 

 2π 
v3 = E cosωt −  13-5
 3 

A fig. 13-8 mostra as amplitudes e fases relativas entre esses sinais. Este tipo de
diagrama é conhecido como fasor.

v2
E

1200
1200 v1
E
1200
E

v3

Fig. 13-8

Conexão delta das tensões trifásicas

A fig. 13-9 mostra uma maneira de conexão das três bobinas do gerador trifásico. Este
tipo de conexão é conhecido como configuração delta. As tensões fornecidas para
cargas externas são v1 , v2 e v3 . Esta figura mostra, também como as cargas são
conectadas.

173
l12 i12

1b
2a Z1 i1 i2
v1
1a l31 Z2 v2
3b
v3 Z3
2b
3a l23

Fig. 13-9
Vamos supor que

Z1 = Z 2 = Z 3 = R
Neste caso as correntes i1 e i2 ficam:

v1 E E
i1 = = cos ωt = e j 0 = E
R R R


v2 E  2π  E j
= cos  ωt + = e
3
i2 =
R R  3  R

Pela lei de Kirchhoff das correntes, o valor da corrente de linha i12 , mostrada na
fig. 13-8, obedece a igualdade:

i12 = i2 − i1

Portanto

E j  E

2π 2π 
i12 = e 3
− 1 =  cos + j sen − 1
R   R 3 3 

Mas,


2π 2π j
cos + jsen − 1 = −0, 5 + j 0,867 − 1 = −1,5 + j 0,866 = 1, 73e 6
3 3
Portanto


E j
i12 = 1,73 e 6
R

174
Resulta

1, 73E  5π 
i12 = cos  ωt + 
R  6 
Vemos que a amplitude da corrente é:

1, 73E
I12 =
R

Por simetria, desse circuito trifásico, podemos concluir que a amplitude das correntes
nas outras duas linhas é igual ao valor I12 que acabamos de calcular.
Vamos supor que um sistema monofásico trabalha com a mesma diferença de potencial,
do trifásico, entre os fios de sua linha. Deseja-se que ele envie para as três cargas R a
mesma potência que o trifásico enviou. Neste caso essas resistências deveriam ser
alimentadas em paralelo pela linha monofásica. Ver fig. 13-10

imon

vmon = v1 R
R R

Fig. 13-10

vmon v1 3E
Neste caso imon = = = cos ωt
R R R
3 3
Portanto a amplitude da corrente resultaria

3E
I mon =
R

A relação entre esta corrente do sistema monofásico e aquela do trifásico, fica:,

1,73E
I mon 3
= R = = 1,73
I 21 3E 1,73
R

Supondo que a resistência, de cada fio da linha, fosse r, o sistema trifásico dissiparia,
nos três fios, a potência total:

175
 I2 
PD −T = 3 ×  12  r
 2 
O sistema monofásico dissiparia, nos dois fios, a potência total:

I2 
PD −mon = 2 ×  mon r
 2 

2
PD− mon 2  I mon  2 2
=   = ×1, 73 = 2
PD −T 3  I12  3

Conclusão:

- Se um sistema trifásico e um monofásico utilizarem linha de transmissão com


fios de mesma resistência.
- Se os dois sistemas fornecerem a mesma voltagem entre os pares de fios
- Se a carga alimentada pelo trifásico e a do monofásico forem iguais.

Então

A energia perdida nas linhas de transmissão no sistema trifásico é a metade daquela


perdida no sistema monofásico.
Isto justifica porque as empresas que transmitem a eletricidade a grandes distâncias
utilizam linhas trifásicas.

Valor eficaz das tensões entre as linhas da configuração delta

Pelas expressões 13-3, 13-4 e 13-5, vemos que a amplitude, das três tensões de linha,
vale E volt.

Portanto

E
E1−eficaz = E2−eficaz = E3− eficaz =
2

Transformadores trifásicos

A fig. 13-11 mostra um transformador trifásico que mantém a mesma configuração


delta no circuito secundário.

176
Ap As

seundário

Bs
primário

Bp
As

Cp

Fig. 13-11

Configuração Y

Quando os enrolamentos secundários, do transformador trifásico, são conectados como


mostra a fig. 13-12, tem-se uma configuração Y. Esta configuração é empregada
principalmente na distribuição da energia elétrica com tensões, entre as linhas, menores
do que 1000 volt eficaz.

2a
v2
v12
v1

2b
v23
v3 1b 1a
3b
v 31

3a

Fig. 13-12

177
Determinação das tensões fornecidas para cargas externas na configuração Y.

Pela fig. 13-12, vemos que

v12 = v1 − v2
v31 = v3 − v1
v 23 = v 2 − v 3
Sabemos que

120 0 = rd
3

e 240 0 = −120 0 = −
rd
3
Sejam as tensões produzidas pelo gerador trifásico:

v1 = E cos ωt = Ee j 0 = E


 2π  j
v2 = E cos ωt +  = Ee 3

 3 


 2π  −j
v2 = E cos ωt −  = Ee 3

 3 

Portanto:

 2π

 = E 1 − cos 2π − j sen 2π  = E (1 + 0,5 − j 0,87) = E (1,5 − j 0,87 )
j

v12 = E 1 − e 3   3 3 
 
π
−j
ou v12 = 1,73Ee 6

ou seja:

 π
v12 = 1,73E cos ωt − 
 6

Seguindo os procedimentos matemáticos utilizados no cálculo de v12 da configuração


delta, chega-se aos resultados:

 5π 
v31 = 1, 73E cos  ωt − 
 6 

 π
e v 23 = 1,73E cos ωt + 
 2

178
A fig. 13-13 mostra o diagrama de fasores dessas tensões.

v23

1,73E

1200 1200

1,73E 1,73 E
0
v31 120 v12

Fig. 13-13

Nota-se que estas tensões também possuem defasagens entre si de ± rd = ±120 0
3

Vê-se, também, que as amplitudes individuais das tensões nas linhas de transmissão
são:

E12 = E31 = E 23 = 1,73E 13-6

As tensões eficazes são:

1,73
E12 −eficaz = E 31−eficaz = E 23−eficaz = E = 1,73E eficaz
2
Diz-se que a tensão E12 −eficaz é fornecida pela fase φ12 da rede elétrica. Da mesma forma,
as tensões E 23− eficaz e E 31−eficaz correspondem, respectivamente, às fases φ23 e φ31 da
rede elétrica trifásica.

Transmissão das tensões trifásicas

Logo que as tensões das três fases são geradas nas usinas, elas são submetidas à
transformadores que elevam suas voltagens para centenas de milhares de volt eficaz.
A seguir elas são transmitidas, na configuração delta, até as regiões onde a energia
deverá ser consumida. Os 3 fios, usados na transmissão, são suportados por torres
distanciadas, entre si, convenientemente. Devida à altíssima voltagem, o isolamento
entre a linha e a torre, é extremamente rigoroso.
Em cada local, de consumo parcial da energia gerada, existe uma sub-estação. Nesta
estação, transformadores abaixam as voltagens das fases para valores onde a
necessidade de isolação já não seja tão rigorosa: por exemplo 11.000 volt. Nesta
voltagem, a linha trifásica pode percorrer os diversos bairros de uma cidade suportadas
pelos postes locais.
Finalmente, quando a energia é distribuída para um certo número de residências, a
tensão das fases sofre o abaixamento final e mudança, normalmente, para a

179
configuração Y. Cada uma das três fases alimenta um determinado sub-grupo de
residências.
O valor nominal da tensão que alimenta as residências depende do país e até mesmo da
cidade.
Nos Estados Unidos a tensão fornecida às residências é de 115 volt eficaz.
Na Alemanha é fornecida, para esse fim, a tensão de 220 volt eficaz.
No Brasil, existem cidades como Santos, São Vicente e Brasília, onde a concessionária
fornece apenas a tensão de 220 volt eficaz para as residências.
Entretanto, a maior parte das cidades brasileiras tem fornecimento residencial de duas
tensões eficazes: 220 v e 110 volt. A tensão de 110 v alimenta as lâmpadas elétricas e
os eletrodomésticos, em geral. A tensão de 220 v é usada, basicamente, para os
chuveiros e aquecedores de água elétricos. Um exemplo de cidade nessa situação é São
Paulo.
Algumas cidades, como, por exemplo, Campinas utilizam o esquema de fornecimento
de voltagem residencial mostrado na fig. 13-14.

T v12

Fig. 13-14

Nessa figura estão assinalados os fios A e B, que chamaremos de fase φ12 do sistema
trifásico. Além dos dois fios A e B , entra , na residência, um terceiro fio, que
chamaremos de T . Este fio é proveniente do ponto de junção dos três enrolamentos do
transformador. O fio T, que costuma ser aterrado, é chamado de fio neutro.

Vimos que a diferença de potencial entre A e B é:

 π
v12 = E12 cos  ωt − 
 6
No fornecimento para residências, o valor eficaz dessa tensão é
E
E12−eficaz = 12 = 220 v
2
As diferenças de potencial de A para T e de B para T são, respectivamente ,

 2π 
v1 = E cos ωt e v2 = E cos  ωt + 
 6 

180
E
Ambas possuem o mesmo valor eficaz : Eeficaz =
2
----------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 13-1
Sabendo-se que E12−eficaz = 220 v , determinar o valor de E eficaz .
Pela equação 13-6 tem-se:

E12 = 1, 73E

E12 E
= 1, 73
2 2

ou E12−eficaz = 1,73Eeficaz

Portanto:

E12−eficaz 220
Eeficaz = = = 127 v
1,73 1,73
--------------------------------------------------------------------------------------
O exercício 13-1 mostrou que entre os fio A e T e os fios B e T existem voltagens de
127 volt eficaz. Cada uma destas tensões, de 127 v, alimenta a maioria dos dispositivos
que consomem energia na residência. A tensão de 220 volt alimenta , na maior parte das
vezes, apenas os chuveiros e aquecedores elétricos.

Nas industrias existem motores elétricos que são alimentados pela tensão de uma única
fase. Esses motores são chamados de monofásicos. Existem, também, nas indústrias,
motores que são alimentados, diretamente, com as três fases do sistema trifásico. Estes
motores são chamados de motores trifásicos. Sua principal vantagem é possuirem menor
peso e volume do que os motores monofásicos de mesma capacidade.

Problemas da falta de um padrão único de tensão residencial.

O que foi exposto explica porque, em nosso país, a indústria de lâmpadas elétricas é
obrigada a produzir lâmpadas nas tensões de 220 v, 110 v e 127 v. Existem alguns
eletrodomésticos que possuem chaves que comutam enrolamentos de transformadores
de tal forma que sua entrada de voltagem, seja adaptada, para essas diferentes tensões
elétricas, no momento da instalação. Há equipamentos de baixíssimo consumo, como os
carregadores de telefones celulares, que aceitam, automaticamente qualquer tensão de
entrada no intervalo de 110 a 220 volt.

181

Вам также может понравиться