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do Ensino de História
e Geografia
Bases Teóricas e Metodológicas da História
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Bases Teóricas e
Metodológicas da História
• Introdução;
• As Origens da História;
• Primeiras Explicações e o Surgimento da Investigação Histórica;
• Métodos para Estudar História.
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Analisar as origens, métodos e metodologias do ensino de História;
• Evidenciar as explicações sobre História e as fontes históricas;
• Propor algumas metodologias para o ensino escolar de História.
UNIDADE Bases Teóricas e Metodológicas da História
Introdução
Nesta unidade, abordaremos um pouco da origem da história como área de pes-
quisa, suas fontes de pesquisa, métodos e metodologias para o ensino de História
escolar, considerando novas abordagens de ensino e tendo como referências também
os documentos governamentais de base curricular nacional.
As Origens da História
A História como área de conhecimento academicamente desenvolvido é algo re-
lativamente recente, datando do final do século XIX o seu surgimento como área de
conhecimento desenvolvido dentro de uma universidade. Contudo, a busca de explica-
ções para os fatos do passado sempre esteve presente na vida dos seres humanos. A
curiosidade da humanidade por ver reveladas suas origens e a origem das coisas que a
cercam sempre levou os homens a questionarem tais origens e seus fundamentos. De
onde viemos? Como tudo surgiu? Por que tais e tais coisas aconteceram dessa forma?
Primeiras Explicações e o
Surgimento da Investigação Histórica
Você consegue imaginar as dúvidas que povoavam a mente dos seres humanos
de 1000 anos atrás? E de 3000 anos atrás? Quais dúvidas seriam essas? Como
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respondiam a questões tais como: de onde viemos? Como o mundo surgiu? Será que
este mundo sempre existiu? O que motiva as pessoas a agirem da forma como agem?
São questões bastante complexas, mas que estão presentes ainda hoje na socie-
dade em que vivemos. As explicações e respostas para tais dúvidas têm mudado ao
longo do tempo, uma vez que as sociedades, ao longo do tempo, se sofisticaram em
relação aos aspectos do conhecimento acumulado e de avanço tecnológico.
Ainda, de acordo com a autora, essas histórias sobre a criação eram sagradas
e o tempo dos acontecimentos era impreciso, pois havia sempre um retorno, uma
repetição infinita, sendo, dessa forma, um tempo circular e não linear, como o que
consideramos hoje.
Os mitos eram tidos como modelo e as diversas sociedades tiveram suas origens
nas lutas entre as divindades. Os governantes, como os faraós, por exemplo, eram
seres que se relacionavam diretamente com os deuses ou eram os próprios deuses e
símbolo de sabedoria. Em função da extrema religiosidade desses povos do passado,
a obediência a esses soberanos era demonstração de respeito (e temor) às divindades,
demosntrando o poder que esse fato tinha na vida das pessoas.
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Mesmo que as condições de sobrevivência não fossem boas, devia-se aceitar com
resignação sua condição, pois aqueles que aceitassem a palavra de Cristo seriam
encaminhados, após a morte, ao reino dos céus. E dessa forma, diante de uma
sociedade composta por uma esmagadora maioria sem condições de questionar, o
cristianismo foi se frutificando.
Figura 1
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
A história que surgiu nesse período na Europa ganhou, então, um novo caráter.
A forma de se escrever a história era aquela que contemplava os valores dessa religião
e a forma como essa via o mundo. Isso está presente, também, nos mapas que retra-
tam o mundo imaginado na época, uma vez que a Europa era tida como o centro do
mundo e nada além dela era muito conhecido – ou totalmente desconhecido.
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Como os europeus colonizaram várias partes do mundo, suas ideias e concepções de
história foram se tornando universais, tais como a divisão dos períodos da História
em Pré-História, Idade Antiga, Idade Média e Idade Moderna. Essa foi uma divisão
criada por historiadores europeus, mediante acontecimentos que tiveram relação
com sua própria história.
Por isso, a Idade Antiga termina com a decadência do Império Romano, e o final da
Idade Moderna, com a Revolução Francesa. Mas e o resto do mundo? Eles passaram
pelos mesmos processos? Não, nem sempre.
Podemos viver na mesma época, mas nem todos estão na mesma temporalidade.
Alguns povos têm um tempo social mais lento, como alguns povos indígenas, por
exemplo; enquanto outros, que moram nas grandes cidades, vivem cada vez mais o
tempo rápido, do mundo capitalista, ou seja, vivem a temporalidade capitalista.
Mas vejamos: cada povo, sociedade, nação está baseada em determinadas ideias e valores,
não é? Será possível que, mesmo dispondo de todo material resultado de várias pesquisas,
a interpretação desses mesmos materiais leve ao desvendamento da verdade? A verdade
existe? Para quem?
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qualquer que seja a ciência, é fundamental o estudo a partir da aparência dos fenômenos.
Por meio da aparência e da observação do pesquisador, chega-se à explicação da reali-
dade, podendo ainda, mediante essa observação e interpretação, realizar classificações.
Um dos maiores problemas da concepção positivista é a ideia e que podemos usar
o mesmo método para as ciências naturais e humanas, pois um estudo sobre rochas e
minerais, por exemplo, não é a mesma coisa que estudar aspectos humanos e sociais.
Primeiramente porque o homem é um ser social, cultural e político, tem capa-
cidade de discernimento e consciência diferentemente da natureza. Logo, utilizar o
mesmo método para as ciências humanas e para as ciências naturais é um equívoco.
No ensino de História, isso se traduziu em um estudo de nomes, fatos, de privi-
légio à memorização de datas, além de heróis, quase sempre da elite social vigente.
Em que isso implica? Implica no futuro adulto que estamos contribuindo para
formar: um ser humano que repetirá as verdades e será incapaz de questionar sua
realidade e a de sua sociedade e, com isso, busca se mover; ou um indivíduo crítico
porque questiona e tem consciência de seu lugar na sociedade e das mudanças
necessárias para melhorá-la, assim como a sua própria vida.
Seguindo esse raciocínio, não são as ideias que vão provocar as transformações das
sociedades, mas sim algo anterior ao desenvolvimento das ideias, que são as condições
materiais presentes em determinada sociedade e as relações que os homens estabele-
cem uns com os outros.
Essa nova forma de interpretação da história coloca que o passado deve ser ana-
lisado à luz das bases materiais e econômicas presentes em cada sociedade, pois são
essas que motivam os homens às batalhas, às guerras, às invenções e tudo mais.
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de um evento da história do Brasil. Como explica o documento da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC):
A contextualização é uma tarefa imprescindível para o conhecimento
histórico. Com base em níveis variados de exigência, das operações mais
simples às mais elaboradas, os alunos devem ser instigados a aprender a con-
textualizar. Saber localizar momentos e lugares específicos de um evento, de
um discurso ou de um registro das atividades humanas é tarefa fundamental
para evitar atribuição de sentidos e significados não condizentes com uma
determinada época, grupo social, comunidade ou território. Portanto, os
estudantes devem identificar, em um contexto, o momento em que uma
circunstância histórica é analisada e as condições específicas daquele
momento, inserindo o evento em um quadro mais amplode referências
sociais, culturais e econômicas. (BRASIL, 2018, p. 399)
Como afirma Fermiano (2014, p. 31), “[...] o tempo histórico é um produto social e
cultural forjado pelas necessidades concretas das sociedades, historicamente situadas”.
Cada povo ao longo da história tinha uma forma de contar o tempo, assim, o tempo
histórico é um tempo social, produzido pela sociedade. Já vimos, por exemplo, que
os europeus criaram uma forma de contar e dividir o tempo histórico, mas sabemos
que essa não é a única forma. Observe a Figura 2.
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Existem, como mostra a Figura 2, muitas maneiras de contar o tempo. Isso pode ser
apreendido por meio de atividades lúdicas, de pesquisa, com o uso de objetos e calendá-
rios de diferentes tipos. Além disso, a percepção do tempo varia de povo e até de cada
indivíduo para outro. Quando falamos “[...] o tempo passou rápido este ano”, estamos
nos referindo à percepção que temos do tempo, que pode ser diferente para cada um
conforme nosso ritmo de vida, nossa temporalidade, nossa idade, entre outros fatores.
Assim, não podemos confundir o tempo histórico com o tempo da natureza, que
é contado em escalas de tempo diferentes. A natureza tem o seu tempo, que difere
do tempo histórico, que é humano. Ainda que seja o ser humano que conte o tempo
da natureza, por meio de eras geológicas, por exemplo, esse tempo é diferente.
Tem outro ritmo, que lhe é próprio.
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Nessa dimensão, o objeto histórico transforma-se em exercício, em laboratório da memória
voltado para a produção de um saber próprio da história. A utilização de objetos materiais
pode auxiliar o professor e os alunos a colocar em questão o significado das coisas do mun-
do, estimulando a produção do conhecimento histórico em âmbito escolar. Por meio dessa
prática, docentes e discentes poderão desempenhar o papel de agentes do processo de en-
sino e aprendizagem, assumindo, ambos, uma “atitude historiadora” diante dos conteúdos
propostos, no âmbito de um processo adequado ao Ensino Fundamental.
Logo, há várias maneiras de se realizar uma pesquisa histórica, por meio de muitas
variadas fontes e com o apoio de outras áreas do conhecimento.
A criança precisa aprender a diferenciar o tempo biológico, de sua vida e da vida das
pessoas (tendo relação com o nascimento, crescimento, envelhecimento), isso pode ser
desenvolvido por meio de atividades lúdicas, uso de fotografias, de criação de painéis
elaborados com desenhos, fotografias, imagens, entre outros recursos didáticos.
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Uma estratégia de aula que pode ser usada é a criação de linha do tempo. Veja a
Figura 3 a seguir.
Revolução
Fogo Revolução Revolução
Agricultura Técnica-
Pré-história Industrial técnica Informacional
Como isso foi mudando? Por meio das Revoluções Técnicas, nos séculos
XVIII-XIX, com a Revolução Industrial, com as Revoluções Técnico-Científica do
final do século XIX, com o uso da ferrovia, da luz elétrica, do telefone, do telégrafo,
do petróleo, inovações que surgiram no século XIX. E como ficou o mundo com
a internet, com o celular? Através da linha do tempo, você pode desenvolver
atividades que permitam o aluno aprender os processos técnicos nos quais o
mundo foi passando.
Pode-se também criar linha de tempo que tenha relação com a vida do aluno.
Quando ele nasceu? Como estavam as técnicas e tecnologias quando ele nasceu?
E na época dos seus pais? E de seus avós?
A linha do tempo pode ser construída individualmente, bem como em grupo, por
meio da escolha de temáticas comuns aos grupos ou cada grupo com um tema dife-
rente, que permitam o professor questionar os grupos, sobre como era aquela época:
como as pessoas se vestiam, como eras as técnicas e tecnologias usadas, como eram
os meios de comunicação, como se alimentavam, como eram as expressões usadas,
entre tantos outros assuntos.
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O uso de fotografias também é um recurso fundamental a ser explorado em uma
aula de História, comparando o passado com o presente. É essencial que o professor
promova a leitura junto com os alunos sobre a fotografia usada, inquirindo-os sobre
o que percebem e identificam na imagem, o que ela representa, se é desta época ou
não, se remete a outros povos ou outros lugares.
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É importante que se criem atividades nas quais os alunos cooperem entre si, que
sejam protagonistas, que aprendam a expor seus pontos de vista e interajam com
os demais alunos e professor(a).
A escala espaço-temporal pode começar com situações familiares, do seu contexto
sociocultural, do seu bairro, de sua cidade, para depois ir para outros tempos e realidades.
Atividades que promovam um processo de desequilíbrio-equilibração, como afirma
Piaget, servem para que o desenvolvimento mental do aluno possa elaborar conceitos
mais abstratos, possa duvidar do que é posto como verdade, aprenda a questionar.
É necessário que haja inclusão de temas definidos pela legislação brasileira, caso da
história da África e dos povos e culturas indígenas e afro-brasileira, contextualizando
a história desses povos no Brasil, sua importância, suas características socioculturais.
Contextualizar o conhecimento, questionar, trazer temáticas que agucem a curio-
sidade, que promovam o respeito pelo outro, são essenciais no ensino de História,
como afirma o documento da Base Nacional Comum Curricular:
Nesse contexto, um dos importantes objetivos de História no Ensino
Fundamental é estimular a autonomia de pensamento e a capacidade
de reconhecer que os indivíduos agem de acordo com a época e o lugar
nos quais vivem, de forma a preservar ou transformar seus hábitos e
condutas. A percepção de que existe uma grande diversidade de sujeitos
e histórias estimula o pensamento crítico, a autonomia e a formação para
a cidadania. (BRASIL, 2018, p. 400)
Uma atividade que pode ser usada em História são as visitas a museus, a conjuntos
arquitetônicos antigos, a vilas antigas, entre outras, formas que possibilitem aprender
história com formas espaciais, objetos, fotografias que remetam a outras épocas.
Desse modo, existem muitas possibilidades de usos de diferentes materiais e metodo-
logias no ensino de História, além do clássico uso dos livros didáticos.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
O Que é História
BORGES, V. P. O que é História. São Paulo: Brasiliense, 2005.
Metodologia de Ensino de História
VASCONCELOS, J. A. Metodologia de Ensino de História. Curitiba: Intersaberes,
2012. (e-book)
Leitura
Baú dos Avós: Aprendendo na Interdisciplinaridade
O objetivo desta prática é promover uma aproximação entre os membros da família,
por meio de experiências e histórias, e o conhecimento da história dos próprios
alunos e da comunidade, suprindo um aspecto não contemplado pelo livro didático
para o ensino de História.
GALO, R. X. dos S. Baú dos avós: aprendendo na interdisciplinaridade.
https://bit.ly/2YjE9JG
Cultura Afro-Brasileira – Brasil de Todas as Cores
Esta prática pretende evidenciar como somos um modelo singular por termos
incorporado características pertencentes aos colonizadores e tratar de temas
relativos à cultura afro-brasileira e ao racismo.
SALES, T. N. C. Cultura afro-brasileira – Brasil de todas as cores.
https://bit.ly/2WbRmBH
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Referências
ARÓSTEGUI, J. A pesquisa histórica: teoria e método. São Paulo: Edusc, 2006.
(Coleção História).
SILVA, M. (org.). História: que ensino é esse? Campinas: Papirus, 2016. (e-book)
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