Вы находитесь на странице: 1из 22

Fundamentos Metodológicos

do Ensino de História
e Geografia
Bases Teóricas e Metodológicas da História

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Vivian Fiori
Prof.ª Dr.ª Adriana Aparecida Furlan

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Bases Teóricas e
Metodológicas da História

• Introdução;
• As Origens da História;
• Primeiras Explicações e o Surgimento da Investigação Histórica;
• Métodos para Estudar História.


OBJETIVOS

DE APRENDIZADO
• Analisar as origens, métodos e metodologias do ensino de História;
• Evidenciar as explicações sobre História e as fontes históricas;
• Propor algumas metodologias para o ensino escolar de História.
UNIDADE Bases Teóricas e Metodológicas da História

Introdução
Nesta unidade, abordaremos um pouco da origem da história como área de pes-
quisa, suas fontes de pesquisa, métodos e metodologias para o ensino de História
escolar, considerando novas abordagens de ensino e tendo como referências também
os documentos governamentais de base curricular nacional.

As Origens da História
A História como área de conhecimento academicamente desenvolvido é algo re-
lativamente recente, datando do final do século XIX o seu surgimento como área de
conhecimento desenvolvido dentro de uma universidade. Contudo, a busca de explica-
ções para os fatos do passado sempre esteve presente na vida dos seres humanos. A
curiosidade da humanidade por ver reveladas suas origens e a origem das coisas que a
cercam sempre levou os homens a questionarem tais origens e seus fundamentos. De
onde viemos? Como tudo surgiu? Por que tais e tais coisas aconteceram dessa forma?

A busca de respostas para tais indagações tem atravessado o tempo. As questões


permanecem as mesmas, mas as respostas têm mudado. Por quê? Por que as socie-
dades mudam, mudam suas ideias e a forma como essas explicam o mundo e seus
fatos, fenômenos, acontecimentos e a própria vida de cada um.
A maneira como cada historiador reconstitui o passado e a própria História também
varia. Depende da linha de raciocínio que segue, dos documentos a que se tem acesso,
da interpretação de cada fonte histórica e de um olhar pessoal sobre tudo isso.
Em se tratando de lidar com a sociedade (ou sociedades), a objetividade no estudo
do passado torna-se algo presente e complexo, pois cada ser humano é fruto de
determinada sociedade, que o impregna com uma forma de pensar e agir, ou seja,
somos frutos de nosso individualismo, mas esse é orientado pelas regras da socie-
dade em que nascemos e vivemos.
Dessa maneira, a interpretação presente neste texto e a história da história, com
seus fundamentos, que apresentaremos a seguir, é uma dentre várias possibilidades
de se fazer o fato. O importante é que nos sintamos motivados a buscar a verdade
dos fatos (mesmo que uma verdade relativa) e que saibamos que não devemos,
necessariamente, aceitar imediatamente o que nos é apresentado.

Primeiras Explicações e o
Surgimento da Investigação Histórica
Você consegue imaginar as dúvidas que povoavam a mente dos seres humanos
de 1000 anos atrás? E de 3000 anos atrás? Quais dúvidas seriam essas? Como

8
respondiam a questões tais como: de onde viemos? Como o mundo surgiu? Será que
este mundo sempre existiu? O que motiva as pessoas a agirem da forma como agem?

São questões bastante complexas, mas que estão presentes ainda hoje na socie-
dade em que vivemos. As explicações e respostas para tais dúvidas têm mudado ao
longo do tempo, uma vez que as sociedades, ao longo do tempo, se sofisticaram em
relação aos aspectos do conhecimento acumulado e de avanço tecnológico.

De acordo com Borges (2007), as primeiras formas de explicação para a origem


do universo e de tudo que o compõe foram os mitos. Esses representavam uma
forma de pensamento primitivo com lógica e coerência, possuíam uma força muito
grande e constituíam verdades para os povos que os criaram e que os transmitiam
de geração para geração (em tradição oral). Esses mitos eram histórias com perso-
nagens sobrenaturais (deuses) que, entre duelos e conflitos, criaram o mundo e todas
as coisas que nele existem.

Ainda, de acordo com a autora, essas histórias sobre a criação eram sagradas
e o tempo dos acontecimentos era impreciso, pois havia sempre um retorno, uma
repetição infinita, sendo, dessa forma, um tempo circular e não linear, como o que
consideramos hoje.

Os mitos eram tidos como modelo e as diversas sociedades tiveram suas origens
nas lutas entre as divindades. Os governantes, como os faraós, por exemplo, eram
seres que se relacionavam diretamente com os deuses ou eram os próprios deuses e
símbolo de sabedoria. Em função da extrema religiosidade desses povos do passado,
a obediência a esses soberanos era demonstração de respeito (e temor) às divindades,
demosntrando o poder que esse fato tinha na vida das pessoas.

Essas histórias (mitos) eram contadas e recontadas diversas vezes. Ao recontar


essas histórias, alguns homens passaram a refletir (filosofar) sobre elas e, em um dado
momento, não mais se satisfazendo com as explicações míticas, esses pensadores
começaram a questionar a existência de tais deuses e a origem das coisas, como
Hecateu de Mileto (século V a.C.), por exemplo.

Na Grécia antiga, a sociedade já se mostrava bastante organizada e, à medida


que o Estado se fortalecia, desenvolvia-se uma relação de subordinação total dos
indivíduos a ele tanto nas relações sociais como nas econômicas que ali se desenvol-
viam. Dessa forma, outras explicações que justificassem os fatos da vida cotidiana
se faziam necessárias.

De acordo com Borges (2007), Heródoto partiu em busca da verdade através


de investigações e pesquisas e passou a escrever as histórias e as tradições orais.
Desse modo, os gregos descobriram a importância específica da explicação histórica e
buscaram, assim, explicar o momento e as situações que atravessavam as sociedades
nas quais viviam.

O estudo das Guerras travadas neste período (como a Guerra do Peloponeso,


Guerras Greco-Pérsicas, por exemplo) foi resultado de uma tentativa de entendi-
mento de um momento histórico concreto presente ou de um passado próximo,

9
9
UNIDADE Bases Teóricas e Metodológicas da História

constituindo-se de uma narração temporal e de uma realidade concreta, em que as


explicações não tinham por base os deuses, mas sim os homens (fatores humanos
como motivação para os conflitos entre os povos). Por isso, Herodoto é conside-
rado um dos precursores dos historiadores.

Outro exemplo de como pode haver diferentes influências na História foi


durante toda a Idade Média na Europa. Nesse período, a Igreja ditou os valores
e costumes das sociedades. Nessa época, a grande maioria da população era rural
e analfabeta. O sistema socioeconômico vigente era o Feudalismo, e o poder estava
concentrado “nas mãos” dos senhores feudais, da nobreza e do clero. Ao povo cabia
somente aceitar as condições de vida impostas e acreditar que a Igreja era a respon-
sável pela orientação de cada um na busca da salvação.

Mesmo que as condições de sobrevivência não fossem boas, devia-se aceitar com
resignação sua condição, pois aqueles que aceitassem a palavra de Cristo seriam
encaminhados, após a morte, ao reino dos céus. E dessa forma, diante de uma
sociedade composta por uma esmagadora maioria sem condições de questionar, o
cristianismo foi se frutificando.

Há uma grande influência do cristianismo em nossa civilização. Você consegue


dizer em quais aspectos de nossa sociedade essa influência está presente? Vejamos
a contagem do tempo. Dividimos a História em a.C. (antes de Cristo) e d.C. (depois
de Cristo). A cronologia é feita a partir do nascimento de Cristo e estamos no ano
2013, independente da religião que seguimos hoje em dia. Esse é um exemplo
dessa influência cristã em nossa sociedade.

Figura 1
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons

A história que surgiu nesse período na Europa ganhou, então, um novo caráter.
A forma de se escrever a história era aquela que contemplava os valores dessa religião
e a forma como essa via o mundo. Isso está presente, também, nos mapas que retra-
tam o mundo imaginado na época, uma vez que a Europa era tida como o centro do
mundo e nada além dela era muito conhecido – ou totalmente desconhecido.

10
Como os europeus colonizaram várias partes do mundo, suas ideias e concepções de
história foram se tornando universais, tais como a divisão dos períodos da História
em Pré-História, Idade Antiga, Idade Média e Idade Moderna. Essa foi uma divisão
criada por historiadores europeus, mediante acontecimentos que tiveram relação
com sua própria história.

Muitas vezes estudamos a história da Europa, esquecendo que existem outros


continentes, outros países, outras histórias. A propria ideia de que os portugueses
descobriram o Brasil é uma visão eurocêntrica, afinal e os povos indígenas que aqui
viviam? Eles não têm relevância?

Alguns estudiosos do passado defendiam que somente os documentos escritos po-


diam provar a existência de um determinado povo, civilização ou grupo cultural. O
que significava, em outras palavras, que sem escrita não havia história. A partir dessa
convicção, a Pré-História foi definida no século XIX como a fase da humanidade an-
terior à escrita; contudo, trata-se de uma forma de pensar, sendo, portanto, discutível.

Por isso, a Idade Antiga termina com a decadência do Império Romano, e o final da
Idade Moderna, com a Revolução Francesa. Mas e o resto do mundo? Eles passaram
pelos mesmos processos? Não, nem sempre.

Não podemos afirmar que tudo o que se deu em um determinado momento da


história seja igual para todos os lugares do mundo, há sempre diferentes temporali-
dades sociais e espaciais, mesmo no mundo de hoje.

Podemos viver na mesma época, mas nem todos estão na mesma temporalidade.
Alguns povos têm um tempo social mais lento, como alguns povos indígenas, por
exemplo; enquanto outros, que moram nas grandes cidades, vivem cada vez mais o
tempo rápido, do mundo capitalista, ou seja, vivem a temporalidade capitalista.

Com o tempo, as técnicas para investigação e pesquisa histórica dos materiais


(reunião, preparação e crítica) foram aprimoradas. A verdade era apresentada como
resultado de exaustivos procedimentos de coleta e de análise de material histórico,
possibilitando uma correta interpretação histórica.

Mas vejamos: cada povo, sociedade, nação está baseada em determinadas ideias e valores,
não é? Será possível que, mesmo dispondo de todo material resultado de várias pesquisas,
a interpretação desses mesmos materiais leve ao desvendamento da verdade? A verdade
existe? Para quem?

Métodos para Estudar História


No ensino tradicional, a História baseava-se principalmente no positivismo. O posi-
tivismo influenciou várias ciências e baseava-se principalmente na concepção de que,

11
11
UNIDADE Bases Teóricas e Metodológicas da História

qualquer que seja a ciência, é fundamental o estudo a partir da aparência dos fenômenos.
Por meio da aparência e da observação do pesquisador, chega-se à explicação da reali-
dade, podendo ainda, mediante essa observação e interpretação, realizar classificações.
Um dos maiores problemas da concepção positivista é a ideia e que podemos usar
o mesmo método para as ciências naturais e humanas, pois um estudo sobre rochas e
minerais, por exemplo, não é a mesma coisa que estudar aspectos humanos e sociais.
Primeiramente porque o homem é um ser social, cultural e político, tem capa-
cidade de discernimento e consciência diferentemente da natureza. Logo, utilizar o
mesmo método para as ciências humanas e para as ciências naturais é um equívoco.
No ensino de História, isso se traduziu em um estudo de nomes, fatos, de privi-
légio à memorização de datas, além de heróis, quase sempre da elite social vigente.

Se reproduzirmos o conhecimento como algo acabado e como verdade absoluta,


incorreremos na lógica formal e essa desenvolverá somente a habilidade de reprodução
da informação em nossos alunos. Mas, se considerarmos que as verdades podem ser
substituídas por outras, pois são relativas, estaremos treinando, em nossos alunos,
um raciocínio dialético, composto de questionamentos que levam à captação desse
movimento das sociedades e de suas contradições. Afinal, há diferentes concepções
sobre os eventos históricos.

Em que isso implica? Implica no futuro adulto que estamos contribuindo para
formar: um ser humano que repetirá as verdades e será incapaz de questionar sua
realidade e a de sua sociedade e, com isso, busca se mover; ou um indivíduo crítico
porque questiona e tem consciência de seu lugar na sociedade e das mudanças
necessárias para melhorá-la, assim como a sua própria vida.

Outra concepção de método é o materialismo histórico dialético, no qual se privilegia


os processos históricos, o contexto no qual a história se produz e a ideia de que todos
nós produzimos história, ricos ou pobres, em todos os lugares.

Nessa nova proposta de análise histórica, conhecida como materialismo histórico


e dialético, o ponto de partida para se conhecer a realidade (sendo que o passado
tem relações diretas e indiretas com o presente) são as relações que os homens
mantêm com a natureza e com os outros homens.

Seguindo esse raciocínio, não são as ideias que vão provocar as transformações das
sociedades, mas sim algo anterior ao desenvolvimento das ideias, que são as condições
materiais presentes em determinada sociedade e as relações que os homens estabele-
cem uns com os outros.

Essa nova forma de interpretação da história coloca que o passado deve ser ana-
lisado à luz das bases materiais e econômicas presentes em cada sociedade, pois são
essas que motivam os homens às batalhas, às guerras, às invenções e tudo mais.

Contextualizar é fundamental nessa concepção de História. Ensinar o aluno a


contextualizar um determinado período de história, seja da vida familiar dele, seja

12
de um evento da história do Brasil. Como explica o documento da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC):
A contextualização é uma tarefa imprescindível para o conhecimento
histórico. Com base em níveis variados de exigência, das operações mais
simples às mais elaboradas, os alunos devem ser instigados a aprender a con-
textualizar. Saber localizar momentos e lugares específicos de um evento, de
um discurso ou de um registro das atividades humanas é tarefa fundamental
para evitar atribuição de sentidos e significados não condizentes com uma
determinada época, grupo social, comunidade ou território. Portanto, os
estudantes devem identificar, em um contexto, o momento em que uma
circunstância histórica é analisada e as condições específicas daquele
momento, inserindo o evento em um quadro mais amplode referências
sociais, culturais e econômicas. (BRASIL, 2018, p. 399)

Dar sentido ao conhecimento histórico é considerar dar significado ao aconteci-


mento, contextualizando-o, evidenciando os agentes que produziram a história.

Ao estudar História, precisamos considerar algumas premissas:


• São os homens que produzem a história;
• O homem é um ser finito, histórico e temporal;
• O tempo é uma categoria fundamental para a História;
• Há uma diferença do saber histórico e o saber histórico escolar.

Como afirma Fermiano (2014, p. 31), “[...] o tempo histórico é um produto social e
cultural forjado pelas necessidades concretas das sociedades, historicamente situadas”.
Cada povo ao longo da história tinha uma forma de contar o tempo, assim, o tempo
histórico é um tempo social, produzido pela sociedade. Já vimos, por exemplo, que
os europeus criaram uma forma de contar e dividir o tempo histórico, mas sabemos
que essa não é a única forma. Observe a Figura 2.

Relógio Relógio do Sol Ampulheta Observando


a Lua e o Sol

Calendário Calendário Calendário Calendário


Maia Indígena Chinês

Figura 2 – Algumas formas de contar o tempo


Fonte: Adaptado de Getty Images | Wikimedia | Instituto Socioambiental/MEC, 1996

13
13
UNIDADE Bases Teóricas e Metodológicas da História

Existem, como mostra a Figura 2, muitas maneiras de contar o tempo. Isso pode ser
apreendido por meio de atividades lúdicas, de pesquisa, com o uso de objetos e calendá-
rios de diferentes tipos. Além disso, a percepção do tempo varia de povo e até de cada
indivíduo para outro. Quando falamos “[...] o tempo passou rápido este ano”, estamos
nos referindo à percepção que temos do tempo, que pode ser diferente para cada um
conforme nosso ritmo de vida, nossa temporalidade, nossa idade, entre outros fatores.

O tempo histórico é produzido por homens e mulheres, vivendo em sociedade.


Um acontecimento pode ter longa ou curta duração. Um evento é um momento mar-
cante da história, caso, por exemplo, do final da escravidão no Brasil. E a duração é
quanto tempo um acontecimento durou.

Há eventos de longa duração, caso da escravidão no Brasil, que durou mais de


dois séculos. Mas há eventos históricos da vida pessoal de cada um de nós, ou seja,
há eventos de escalas mais amplas, globais e nacionais, e outras que são locais, de
sua cidade, por exemplo.

Assim, não podemos confundir o tempo histórico com o tempo da natureza, que
é contado em escalas de tempo diferentes. A natureza tem o seu tempo, que difere
do tempo histórico, que é humano. Ainda que seja o ser humano que conte o tempo
da natureza, por meio de eras geológicas, por exemplo, esse tempo é diferente.
Tem outro ritmo, que lhe é próprio.

E como contamos a História?


• Contamos a História com apoio de outras ciências e áreas do conhecimento, como:
Linguística, Antropologia, Sociologia, Arqueologia, Geografia, Ciência Política etc.;
• Mediante documentos escritos, depoimentos orais, ruinas e sítios arqueológicos,
mas também a partir da análise de formas espaciais, catálogos, fotografias,
cardápios etc.

Quando um arqueólogo descobre um novo material antigo de um povo, isso


ajuda a História a ser recontada. Logo, para contar história podemos fazer uso de
documento formais, tais como uma lei ou um documento do governo, mas também
de maneira informal, caso de um folheto, um texto, uma publicidade de uma deter-
minada época.

As fontes históricas podem ser orais, escritas e materiais. Um depoimento de


uma pessoa pode ser considerada uma fonte histórica, assim como um texto ou um
artefato material – caso de um telefone antigo, por exemplo.

Fontes e documentos históricos


Para se pensar o ensino de História, é fundamental considerar a utilização de diferentes
fontes e tipos de documento (escritos, iconográficos, materiais, imateriais) capazes de
facilitar a compreensão da relação tempo e espaço e das relações sociais que os geraram.
Os registros e vestígios das mais diversas naturezas (mobiliário, instrumentos de trabalho,
música etc.) deixados pelos indivíduos carregam em si mesmos a experiência humana, as
formas específicas de produção, consumo e circulação, tanto de objetos quanto de saberes.

14
Nessa dimensão, o objeto histórico transforma-se em exercício, em laboratório da memória
voltado para a produção de um saber próprio da história. A utilização de objetos materiais
pode auxiliar o professor e os alunos a colocar em questão o significado das coisas do mun-
do, estimulando a produção do conhecimento histórico em âmbito escolar. Por meio dessa
prática, docentes e discentes poderão desempenhar o papel de agentes do processo de en-
sino e aprendizagem, assumindo, ambos, uma “atitude historiadora” diante dos conteúdos
propostos, no âmbito de um processo adequado ao Ensino Fundamental.

Fonte: BNCC (BRASIL, 2018, p. 398)

Logo, há várias maneiras de se realizar uma pesquisa histórica, por meio de muitas
variadas fontes e com o apoio de outras áreas do conhecimento.

Metodologias de Ensino de História


As metodologias de História precisam considerar a idade do aluno, a turma, a
modalidade de ensino e buscar inovar em atividades que envolvam o aluno, na qual
ele não tenha somente que memorizar datas e fatos históricos. Aproveitar o conhe-
cimento prévio do aluno, as fases pelas quais as crianças passam é fundamental
para que uma aula de História seja significativa para ele. Tratar, por exemplo, da
noção de tempo por meio de acontecimentos próximos à história de vida do aluno,
da noção de passado mediante temáticas do seu aniversário, de festas, de aconteci-
mentos familiares e depois ir construindo a concepção de tempo histórico.
O entendimento sobre o tempo tem relação com a cultura de cada povo, de cada
lugar, que fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade.
Por exemplo, a data de Natal tem significado para alguns povos, para algumas
religiões, mas não para outros. O que é um evento marcante para alguns países,
regiões e povos pode não ser para outros.
Além disso, o passado para a criança não é distante, nem ordenado. O que é hoje,
amanhã, ontem, antigamente são noções que vão sendo construídas aos poucos, daí
a importância de criar estratégias de aula que ajudem o aluno a compreender esse
processo. As crianças da educação infantil têm dificuldade de compreender aconteci-
mentos simultâneos (simultaneidade), duração de eventos, mudanças nos processos
históricos; e mesmo no ensino fundamental, isso precisa ser desenvolvido.
Como explica Fermiano (2014, p. 32):
O grau de complexidade das tarefas propostas pelo professor vai variar de
acordo com a idade dos alunos e as condições de cada classe, mas nunca
é demais lembrar a relevância de certas atividades por mais simples que
sejam no sentido de estimular o desenvolvimento de estruturas mentais
importantes para a construção da noção temporal.

A criança precisa aprender a diferenciar o tempo biológico, de sua vida e da vida das
pessoas (tendo relação com o nascimento, crescimento, envelhecimento), isso pode ser
desenvolvido por meio de atividades lúdicas, uso de fotografias, de criação de painéis
elaborados com desenhos, fotografias, imagens, entre outros recursos didáticos.

15
15
UNIDADE Bases Teóricas e Metodológicas da História

É importante também que o aluno aprenda o tempo elaborado histórico, social e


culturalmente, caso do uso de calendários, cronologias e séculos. Ensinar o aluno a
compreender a sequência temporal dos fatos, o que veio primeiro, o que veio depois,
ou seja, a sucessão dos acontecimentos, contextualizando cada época. Para isso,
o professor pode usar diferentes exemplos, por meio de histórias, contos e outras
maneiras de expressão.

Uma estratégia de aula que pode ser usada é a criação de linha do tempo. Veja a
Figura 3 a seguir.

Revolução
Fogo Revolução Revolução
Agricultura Técnica-
Pré-história Industrial técnica Informacional

Figura 3 – Exemplo de Linha do Tempo: Trabalho e Técnica

A partir de uma temática, pode-se criar uma linha do tempo, evidenciando a


sequência dos eventos, bem como contextualizando cada época. Nesse caso, em
cada época pode-se colocar datas ou séculos entre um período e outro. Por exemplo,
quando começou a revolução industrial? Como era naquela época, o que mudou nas
formas de produzir?

Ao longo da história humana, o homem foi se tornando mais sedentário; de


homens e mulheres nômades, alguns povos foram elaborando técnicas que lhe
permitiram cultivar vegetais, criando assim a agricultura, bem como criando animais,
cujas atividades requeriam novas técnicas e conhecimento. As técnicas geralmente
tinham relação com o que o meio propiciava, desse modo, eram locais, bem como a
própria atividade econômica existente dependia dos ciclos da natureza.

Como isso foi mudando? Por meio das Revoluções Técnicas, nos séculos
XVIII-XIX, com a Revolução Industrial, com as Revoluções Técnico-Científica do
final do século XIX, com o uso da ferrovia, da luz elétrica, do telefone, do telégrafo,
do petróleo, inovações que surgiram no século XIX. E como ficou o mundo com
a internet, com o celular? Através da linha do tempo, você pode desenvolver
atividades que permitam o aluno aprender os processos técnicos nos quais o
mundo foi passando.

Pode-se também criar linha de tempo que tenha relação com a vida do aluno.
Quando ele nasceu? Como estavam as técnicas e tecnologias quando ele nasceu?
E na época dos seus pais? E de seus avós?

A linha do tempo pode ser construída individualmente, bem como em grupo, por
meio da escolha de temáticas comuns aos grupos ou cada grupo com um tema dife-
rente, que permitam o professor questionar os grupos, sobre como era aquela época:
como as pessoas se vestiam, como eras as técnicas e tecnologias usadas, como eram
os meios de comunicação, como se alimentavam, como eram as expressões usadas,
entre tantos outros assuntos.

16
O uso de fotografias também é um recurso fundamental a ser explorado em uma
aula de História, comparando o passado com o presente. É essencial que o professor
promova a leitura junto com os alunos sobre a fotografia usada, inquirindo-os sobre
o que percebem e identificam na imagem, o que ela representa, se é desta época ou
não, se remete a outros povos ou outros lugares.

Figura 4 – Teotihuacan, México


Fonte: Acervo do conteudista

Esta fotografia de Teotihuacán, no México, por exemplo, nos evidencia a cons-


trução de pirâmides, de povos antigos. Se você, como professor, for ler e estudar
sobre o assunto, descobrirá que esses povos indígenas formaram grandes civilizações
(astecas e maias), que tinham escrita, mesmo antes da colonização espanhola. Ou seja,
não existem civilizações somente na Europa.

Muitas histórias contadas sobre os povos anteriores aos europeus no continente


americano foram preconceituosas, menosprezando os conhecimentos desses povos.
Por isso, cabe lembrar que todas as pessoas são importantes. Há que haver respeito
pela diferença, pela diversidade cultural, religiosa e racial.

Temáticas de História no ensino fundamental


Retomando as grandes temáticas do ensino fundamental – anos iniciais, pode-se dizer
que, do 1º ao 5º ano, as habilidades trabalham com diferentes graus de complexidade,
mas o objetivo primordial é o reconhecimento do “Eu”, do “Outro” e do “Nós”. Há uma
ampliação de escala e de percepção, mas o que se busca, de início, é o conhecimento
de si, das referências imediatas do círculo pessoal, da noção de comunidade e da vida
em sociedade. Em seguida, por meio da relação diferenciada entre sujeitos e obje-
tos, é possível separar o “Eu” do “Outro”. Esse é o ponto de partida. No 3º e no 4º ano
contemplam-se a noção de lugar em que se vive e as dinâmicas em torno da cidade,
com ênfase nas diferenciações entre a vida privada e a vida pública, a urbana e a rural.
Nesse momento, também são analisados processos mais longínquos na escala temporal,
como a circulação dos primeiros grupos humanos. Essa análise se amplia no 5º ano, cuja
ênfase está em pensar a diversidade dos povos e culturas e suas formas de organização.
A noção de cidadania, com direitos e deveres, e o reconhecimento da diversidade das
sociedades pressupõem uma educação que estimule o convívio e o respeito entre os povos.

Fonte: BNCC (BRASIL, 2018, p. 404)

17
17
UNIDADE Bases Teóricas e Metodológicas da História

Outras estratégias que podem ser usadas são as entrevistas e depoimentos de


pessoas mais velhas, podendo ser familiares dos alunos. Ouvir narrativas de outras
épocas, por meio de textos, vídeos, depoimentos por entrevistas são importantes
para a criança começar a ter noção sobre o tempo histórico. Além do depoimento
em si, objetos antigos, roupas antigas, móveis e as fotografias podem auxiliar para
contar a história e compreender os processos históricos.

Como explica Fermiano (2014, p. 33):


[...] é preciso ter claro que toda experiência que envolve de ouvir opor-
tunidades narrativas pessoais sobre outras épocas contribui para que a
criança relacione com os fatos de sua própria vida com o passado não
vivido por ela. O convívio familiar, no qual se entrelaçam experiências
de várias gerações, portanto, contribui para a consciência temporal.
Os objetos, os móveis de casa, as fotografias nos porta-retratos e outras
marcas da lembrança têm características físicas e afetivas que, se observa-
das e relatadas por pessoas que com elas viveram suas histórias, também
colaboram para a compreensão infantil do sentido de passado [...]

É importante que se criem atividades nas quais os alunos cooperem entre si, que
sejam protagonistas, que aprendam a expor seus pontos de vista e interajam com
os demais alunos e professor(a).
A escala espaço-temporal pode começar com situações familiares, do seu contexto
sociocultural, do seu bairro, de sua cidade, para depois ir para outros tempos e realidades.
Atividades que promovam um processo de desequilíbrio-equilibração, como afirma
Piaget, servem para que o desenvolvimento mental do aluno possa elaborar conceitos
mais abstratos, possa duvidar do que é posto como verdade, aprenda a questionar.
É necessário que haja inclusão de temas definidos pela legislação brasileira, caso da
história da África e dos povos e culturas indígenas e afro-brasileira, contextualizando
a história desses povos no Brasil, sua importância, suas características socioculturais.
Contextualizar o conhecimento, questionar, trazer temáticas que agucem a curio-
sidade, que promovam o respeito pelo outro, são essenciais no ensino de História,
como afirma o documento da Base Nacional Comum Curricular:
Nesse contexto, um dos importantes objetivos de História no Ensino
Fundamental é estimular a autonomia de pensamento e a capacidade
de reconhecer que os indivíduos agem de acordo com a época e o lugar
nos quais vivem, de forma a preservar ou transformar seus hábitos e
condutas. A percepção de que existe uma grande diversidade de sujeitos
e histórias estimula o pensamento crítico, a autonomia e a formação para
a cidadania. (BRASIL, 2018, p. 400)

Uma atividade que pode ser usada em História são as visitas a museus, a conjuntos
arquitetônicos antigos, a vilas antigas, entre outras, formas que possibilitem aprender
história com formas espaciais, objetos, fotografias que remetam a outras épocas.
Desse modo, existem muitas possibilidades de usos de diferentes materiais e metodo-
logias no ensino de História, além do clássico uso dos livros didáticos.

18
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
O Que é História
BORGES, V. P. O que é História. São Paulo: Brasiliense, 2005.
Metodologia de Ensino de História
VASCONCELOS, J. A. Metodologia de Ensino de História. Curitiba: Intersaberes,
2012. (e-book)

Leitura
Baú dos Avós: Aprendendo na Interdisciplinaridade
O objetivo desta prática é promover uma aproximação entre os membros da família,
por meio de experiências e histórias, e o conhecimento da história dos próprios
alunos e da comunidade, suprindo um aspecto não contemplado pelo livro didático
para o ensino de História.
GALO, R. X. dos S. Baú dos avós: aprendendo na interdisciplinaridade.
https://bit.ly/2YjE9JG
Cultura Afro-Brasileira – Brasil de Todas as Cores
Esta prática pretende evidenciar como somos um modelo singular por termos
incorporado características pertencentes aos colonizadores e tratar de temas
relativos à cultura afro-brasileira e ao racismo.
SALES, T. N. C. Cultura afro-brasileira – Brasil de todas as cores.
https://bit.ly/2WbRmBH

19
19
UNIDADE Bases Teóricas e Metodológicas da História

Referências
ARÓSTEGUI, J. A pesquisa histórica: teoria e método. São Paulo: Edusc, 2006.
(Coleção História).

BORGES, V. P. O que é história. São Paulo: Brasiliense, 2007.

BRASIL. Ministério de Educação e Cultura (MEC).  Base Nacional Co-


mum Curricular: educação é a base. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2018.
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_
110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2020.

FERMIANO, M. B. Ensino de História para o Fundamental 1: teoria e prática.


São Paulo: Contexto, 2014. (e-book)

LAPA, J. R. do A. Historiografia brasileira contemporânea: a História em


questão. Petrópolis: Vozes, 1981.

SILVA, M. (org.). História: que ensino é esse? Campinas: Papirus, 2016. (e-book)

20

Вам также может понравиться