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Provas de função pulmonar em crianças e adolescentes

Provas de função pulmonar em crianças e adolescentes


JOAQUIM CARLOS RODRIGUES, JOSELINA M. ANDRADE CARDIERI, MARIA HELENA CARVALHO DE FERREIRA BUSSAMRA,
CLEYDE MYRIAM AVERSA NAKAIE, MARINA BUARQUE DE ALMEIDA, LUIZ VICENTE FERREIRA DA SILVA FILHO, FABÍOLA VILLAC ADDE

I. INTRODUÇÃO • Medidas seriadas do pico de fluxo expiratório (PFE)


• Oximetria transcutânea
Embora o desenvolvimento das técnicas para a mensu-
ração da função pulmonar tenha-se iniciado há mais de 1. ESPIROMETRIA
um século, somente nas duas últimas décadas esses testes Mede os volumes, capacidades e fluxos pulmonares, a
tomaram impulso em Pediatria, tornando-se extremamen- partir de manobras respiratórias padronizadas, e os com-
te úteis em estudos epidemiológicos, na avaliação de crian- para com padrões de referência para altura, sexo e ida-
ças portadoras de patologias pulmonares e nos estudos de.
funcionais de crianças asmáticas. Com este enfoque, as Os aparelhos utilizados são os espirômetros; podem
publicações mais recentes, que têm recomendado cuida- ser de dois tipos: os que medem volume e os que medem
dos na seleção dos equipamentos a serem utilizados, cri- fluxo de gás. Podem ainda ser abertos, quando o pacien-
térios para a escolha de valores referenciais e normatiza- te inspira fora do sistema antes de iniciar o teste, e fecha-
ção da execução e da interpretação dos testes funcionais, dos, quando a manobra é realizada totalmente dentro do
preconizam uma abordagem diferenciada para a faixa
etária pediátrica.
As doenças respiratórias, apesar de constituírem uma QUADRO 1
das causas mais importantes de morbimortalidade na in- Principais indicações e contra-indicações para
fância, ainda não são rotineiramente avaliadas por medi- a realização de provas funcionais em crianças
das objetivas da função pulmonar na prática clínica. Isto
se deve à falta de padronização de muitos testes para a INDICAÇÕES:
faixa etária pediátrica, à dificuldade de compreensão e de A) Detectar a presença de doença pulmonar:
cooperação dos pequenos pacientes, ao alto custo dos 1) História de sintomas pulmonares: dispnéia, chiado, tosse,
equipamentos e, principalmente, à falta de divulgação dos dor torácica, ortopnéia
2) Alterações de exame físico: anormalidades da caixa torá-
exames entre os pediatras como parte fundamental da
cica, alterações na ausculta pulmonar
avaliação de muitas doenças pulmonares. 3) Alterações radiológicas ou gasométricas
B) Quantificar a gravidade de doença já diagnosticada:
II. INDICAÇÕES 1) Doença pulmonar (doença pulmonar obstrutiva crônica,
asma, fibrose cística, doença intersticial)
De uma maneira geral, a medida da função pulmonar 2) Doença cardíaca (insuficiência cardíaca congestiva)
deve ser realizada na confirmação ou elucidação de hipó- 3) Doença neuromuscular (síndrome de Guillain-Barré)
teses diagnósticas, no acompanhamento de doenças pul- C) Avaliar os efeitos de exposição ocupacional ou ambiental
monares, na determinação do envolvimento pulmonar em (fumo, poeiras)
certas patologias, na monitorização da resposta à tera- D) Avaliar objetivamente o efeito de terapias (broncodilatador,
pêutica, na avaliação pulmonar antes de grandes cirur- corticóide, antiarrítmicos, diuréticos, ressecção pulmonar, rea-
gias e em estudos populacionais. Outras indicações estão bilitação pulmonar)
esquematizadas no Quadro 1. E) Avaliar o risco de procedimentos cirúrgicos (lobectomia, pneu-
mectomia, esternotomia, procedimentos abdominais)
III. TESTES DE FUNÇÃO PULMONAR F) Avaliar invalidez ou deficiência

Os testes mais importantes no estudo da função pul- CONTRA-INDICAÇÕES:


monar em crianças são: • Hemoptise
• Espirometria • Angina recente
• Medida dos volumes pulmonares, da resistência e • Descolamento da retina
• Crise hipertensiva
complacência das vias aéreas
• Edema pulmonar
• Testes de broncoprovocação
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circuito do aparelho. Os equipamentos de volume padro- lumes pode auxiliar na diferenciação e caracterização dos
nizados são os selados em água do tipo Stead-Wells, pela principais distúrbios ventilatórios. A Figura 1 ilustra as
sua simplicidade, exatidão e precisão. Entretanto, são relações entre os diferentes volumes e capacidades pul-
aparelhos de difícil transporte e, portanto, úteis somente monares. As definições e as subdivisões desses volumes
em laboratórios de função pulmonar. Já os sensores de estão sumarizadas no Quadro 3.
fluxo, também chamados de pneumotacômetros, têm
como vantagem sua praticidade, são portáteis e muito
utilizados em consultórios médicos e trabalhos de campo.
O pneumotacômetro padrão é o de Fleish, mas como
metade dos equipamentos que utilizam este princípio é
imprecisa, é necessária a avaliação de sua precisão antes
do aparelho ser adquirido.
Os espirômetros mecânicos são de fácil manutenção e
os novos equipamentos computadorizados, apesar de
onerosos, são de mais fácil utilização, permitem registros
gráficos mais sofisticados e comparam automaticamente Figura 1 – Volumes e capacidades pulmonares
os valores dos parâmetros obtidos com os previstos, em
função de variáveis como sexo, altura, idade e raça.
As manobras da espirometria devem ser orientadas por
técnico capacitado, pois a correta realização das curvas é QUADRO 3
fundamental na sua avaliação. As crianças maiores de 6 Volumes e capacidades pulmonares
anos de idade costumam ter capacidade de compreensão
suficiente para o exame, desde que sejam estimuladas e VOLUME CORRENTE (VC) – é o volume de gases inspirado e
orientadas pelo examinador. No Quadro 2 estão especifi- expirado em cada respiração normal.
cados os principais requisitos dos espirômetros para se- VOLUME DE RESERVA INSPIRATÓRIO (VRI) – é o volume má-
rem utilizados em crianças e adolescentes. ximo de gás que pode ser inalado a partir do final de uma
respiração normal.

VOLUME DE RESERVA EXPIRATÓRIO (VRE) – é o volume má-


QUADRO 2 ximo de ar que pode ser expirado a partir do final de uma
Principais requisitos dos espirômetros expiração normal.
para utilização em crianças e adolescentes
VOLUME RESIDUAL (VR) – é o volume de gás que permanece
• O equipamento deve ter baixa inércia e sensibilidade para bai- nos pulmões no final de uma expiração máxima.
xos volumes e fluxos e possibilitar a medida de fluxos em altos
Da somatória de volumes resultam as capacidades pulmona-
volumes pulmonares.
res:
• A acurácia para fluxos instantâneos deve ser de aproximada-
mente 5% de leitura ou de 0,1 litros por segundo e para volu- CAPACIDADE INSPIRATÓRIA (CI) – é o volume máximo de ar
mes de cerca de 3% de leitura ou 30ml. Os espirômetros sem que pode ser inalado a partir do final de uma expiração nor-
estas características podem produzir grandes erros. mal, portanto CI = VC + VRI.
• O espirômetro deve ter a capacidade de fornecer resultados
CAPACIDADE VITAL (CV) – é o volume máximo de gás que
reprodutíveis que possam ser comparáveis agudamente ou lon-
pode ser exalado após uma inspiração máxima, assim CV =
gitudinalmente para o mesmo indivíduo.
VC + VRI + VRE.
• Devem ser utilizados preferencialmente equipamentos que dis-
ponham de um dispositivo para registro gráfico automático das CAPACIDADE RESIDUAL FUNCIONAL (CRF) – é o volume
manobras respiratórias, para avaliação do esforço do paciente de gás que permanece nos pulmões após uma expiração nor-
e detecção de artefatos produzidos durante os testes. mal, portanto CRF = VRE + VR.

CAPACIDADE PULMONAR TOTAL (CPT) – é o volume de gás


nos pulmões após uma inspiração máxima, assim CPT = CV +
VR.
A. Determinação dos volumes e capacidades pul-
monares Os volumes pulmonares são geralmente expressos em litros e
Os volumes estáticos pulmonares são medidas anatô- corrigidos para BTPS, que é definida como a medida de um
volume gasoso à temperatura corpórea, pressão barométrica
micas e não dão informação direta sobre a função pul-
ambiente em mmHg e saturação com vapor d’água.
monar. No entanto, a determinação de alguns desses vo-
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A determinação direta do volume residual (VR), da ca- C. Técnica de execução


pacidade residual funcional (CRF) e da capacidade pulmo- A criança deve realizar a prova em pé, com a cabeça
nar total (CPT) não é possível por espirometria, sendo em posição neutra e fixa e com clipe nasal. As manobras
determinadas apenas por pletismografia de corpo total realizadas produzem curvas volume-tempo e fluxo-volu-
ou por técnicas de diluição gasosa. Esses métodos são me que, para sua utilização na interpretação, deverão
mais onerosos que a espirometria e geralmente são utili- passar por critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade
zados para determinação dos volumes absolutos a partir padronizados pela American Thoracic Society (ATS), além
da medida da CRF. Com a CRF conhecida, os outros volu- dos critérios de seleção dos melhores valores, tal como
mes de capacidades podem ser mensurados através da especificados no Quadro 5. Portanto, é necessário que a
adição ou subtração de volumes apropriados, obtidos a
partir das manobras inspiratória e expiratória.
O volume residual é uma das medidas mais variáveis de QUADRO 5
função pulmonar em crianças e deve ser cuidadosamente Critérios de aceitabilidade e
interpretado. No entanto, é útil para a determinação da reprodutibilidade das manobras espirométricas
relação VR/CPT, que estará aumentada em doenças obs-
trutivas em conseqüência do represamento de ar, e para Critérios de aceitabilidade:
a discriminação entre os distúrbios ventilatórios obstruti- • Inspiração máxima antes do início do teste
vos, restritivos e combinados, quando isto não for possí- • Início satisfatório da expiração
vel através da espirometria. • Expiração sem hesitação
• Evidência de esforço máximo
B. Preparo para o exame espirométrico • Volume retroextrapolado menor que 5% da CVF ou 100ml (o
Tendo em vista que vários fatores podem alterar os que for maior)
valores da espirometria, devemos ter a cautela de excluí- • Duração satisfatória do teste: em geral 6 segundos (em crian-
los ou minimizá-los para obtenção de valores mais próxi- ças menores aceitam-se 3 segundos)
mos da realidade em circunstâncias basais. No Quadro 4 • Término adequado: existência de platô no último segundo
estão relacionados os principais cuidados que devem ser • Ausência de artefatos:
observados e orientados antes da execução do exame, – tosse no primeiro segundo
para que os resultados possam ser interpretados adequa- – vazamento
damente. – obstrução do bocal
– manobra de valsalva
– fechamento da glote
Critérios de reprodutibilidade:
QUADRO 4
Para que se tenha maior confiabilidade nos dados, devem ser ob-
Cuidados preliminares para a realização da espirometria
tidos pelo menos 3 testes aceitáveis e dois reprodutíveis com va-
lores bem semelhantes. Em adultos, a ATS (American Thoracic
• Adiar o exame por 2 semanas após infecção respiratória Society) preconiza que as 2 maiores CVF e VEF1 devam ter dife-
• Adiar o exame por 7 dias após hemoptise rença máxima de 200ml entre si. Os três maiores picos de fluxo
expiratório das curvas selecionadas devem diferir menos que 0,5L/
• Suspensão de medicamentos: seg. Em crianças, pelos menores volumes pulmonares, aceita-se
– broncodilatadores (teofilina e beta-2-adrenérgicos): 12 ho- que a diferença máxima seja de 5%. Se estes critérios não forem
ras antes obtidos após 8 tentativas, interromper o teste e utilizar as 3 me-
– anticolinérgicos: 12 horas antes lhores curvas para escolha dos parâmetros.
– antihistamínicos: 48 horas antes
– antileucotrienos: 24 horas antes Critérios de seleção de valores:
• Todos os valores de todas as manobras aceitáveis devem ser
• Medicamentos que não necessitam suspensão: analisados.
– corticosteróides (inalatório e sistêmico)
• A CVF e o FEV1 selecionados devem ser os maiores obtidos de
– cromoglicato e nedocromil sódico
qualquer curva e não necessariamente devem ser provenientes
– antibióticos
da mesma curva.
• Vir alimentado mas evitar refeições volumosas
• Os outros valores e fluxos, incluindo o FEF25-75%, são todos reti-
• Não tomar chá ou café no dia do exame rados da curva que tiver a maior soma entre a CVF e o VEF1.
• Se a CV for significativamente maior que a CVF, a relação VEF1/
• Repousar por 5 a 10 minutos antes do exame
CVF pode ser superestimada. A relação VEF1/CV deve ser usa-
• Não fumar ou ingerir bebidas alcoólicas no dia do exame da nesta situação.

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manobra seja realizada da melhor forma possível, para Nos pacientes com doenças restritivas o seu valor pode
que seja aceitável para interpretação. estar normal ou reduzido, apesar da CVF estar geralmen-
Através da espirometria é possível a determinação da te reduzida. Uma importante aplicação do VEF1 em testes
capacidade vital (CV), capacidade inspiratória (CI), volume funcionais é considerar a sua relação percentual com a
de reserva inspiratório (VRI), volume de reserva expirató- CVF (VEF 1/CVF). Este parâmetro é denominado índice de
rio (VRE), capacidade vital forçada (CVF) e os volumes e Tiffeneau e é considerado por vários autores como um
fluxos dela originados. As técnicas recomendadas para teste de alta sensibilidade para detecção de obstrução e
obtenção dos vários parâmetros espirométricos em crian- classificação da gravidade do fenômeno obstrutivo. A va-
ças foram normatizadas pela ATS e pelo GAP Conference lidade dos parâmetros VEF1 e VEF1/CVF depende essen-
Committee, tal como especificados a seguir: cialmente do esforço e da cooperação do paciente.
Capacidade vital (CV) – é obtida solicitando-se à crian- Fluxo expiratório forçado entre os 25-75% da
ça para respirar normalmente por alguns segundos; a se- CVF (FEF25-75%) – é a média dos fluxos correspondentes
guir, pede-se que ela faça uma inspiração profunda e em aos volumes situados entre 25% e 75% da CVF e repre-
seguida sopre todo o ar vagarosamente no interior do senta fluxos na porção média da CVF. Este parâmetro é
espirômetro. Dessa manobra é obtido um espirograma independente do esforço, ou seja, não sofre melhora sig-
do qual são determinados a CV, CI, VRI e VRE. nificante com treinamento ou esforço adicional do indiví-
Capacidade vital forçada (CVF) – é o volume máxi- duo testado. O FEF25-75% é um parâmetro extremamente
mo de ar exalado com máximo esforço, após uma inspi- útil para avaliar a permeabilidade das vias aéreas periféri-
ração máxima. Solicita-se à criança para inspirar profun- cas, porque representa fluxos em baixos volumes, nos
damente até o máximo possível, a seguir prender o ar quais a resistência das pequenas vias aéreas influi consi-
por um a dois segundos e depois exalar com o máximo deravelmente. É considerado por alguns autores como o
esforço. A maioria das crianças é capaz de executar esta parâmetro mais sensível para avaliação de obstrução, al-
prova após 5 minutos de treinamento. É importante sa- terando-se precocemente na evolução de patologias pul-
lientar que a CVF começa ao nível da CPT e termina no monares obstrutivas, e pode ser o único parâmetro alte-
VR , e geralmente é obtida num intervalo menor que três rado em pacientes assintomáticos. Por outro lado, outros
segundos em crianças normais. Os pacientes com doen- autores consideram que, em doenças obstrutivas, ele não
ça obstrutiva podem demorar até 6 segundos para atingir acrescenta mais informações do que a avaliação do VEF1
o VR. Através desta manobra obtém-se uma representa- e da relação VEF1/CVF, sendo redundante a sua determi-
ção gráfica do volume máximo expiratório em função do nação. Em adição, tem-se questionado sua utilidade diag-
tempo. A partir deste traçado espirométrico podem ser nóstica em estudos epidemiológicos para rastreamento
obtidos e calculados os seguintes parâmetros, represen- de patologias de pequenas vias aéreas, em virtude da gran-
tados na Figura 2. de amplitude de variação observada em indivíduos nor-
mais.
Pico de fluxo expiratório forçado máximo (FEF-
max) – é o valor máximo de fluxo detectado no espirogra-
ma forçado. O FEFmax ocorre precocemente na expira-
ção e é dependente da resistência das grandes vias aéreas
e do esforço do paciente(8).
Ventilação Voluntária Máxima (MVV) – é o volume
total expirado num intervalo fixo de tempo (geralmente
12 segundos) através de movimentos respiratórios rápi-
dos e forçados. É esforço-dependente e apresenta-se re-
duzida em: doenças obstrutivas, fraqueza muscular, falta
de cooperação, etc. Pode estar normal em doenças res-
Figura 2 – Curva VT e VF tritivas, onde o Volume Corrente reduzido é compensado
pelo aumento da Freqüência Respiratória. Tem pouca uti-
lidade em Pediatria, principalmente pela dependência de
Volume expiratório forçado no primeiro segun- compreensão e de colaboração do paciente.
do (VEF1) – é o volume de ar expirado no primeiro se- As medidas obtidas devem ser corrigidas para BTPS (tem-
gundo da manobra da CVF. Os indivíduos saudáveis são peratura corpórea e pressão atmosférica saturada com
geralmente capazes de eliminar mais que três quartos da vapor de água). Com os dados obtidos no exame, pode-
sua CVF no primeiro segundo. Na maioria dos pacientes se avaliar o tipo de distúrbio ventilatório e o seu grau em
com doença pulmonar obstrutiva o VEF1 está reduzido. relação aos padrões de referência.
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D. Interpretação da espirometria em crianças e adolescentes, sendo um método consagra-


do e prático na avaliação espirométrica pediátrica.
Valores de referência
Dessa forma, tal como referido por vários autores e de
Um método comum de avaliação dos testes espirométri- conformidade com os critérios da ATS, consideramos o
cos é comparar os seus resultados com valores de referên- nível percentual de 80%, com relação aos valores previs-
cia previamente estabelecidos, obtidos de uma amostra tos para altura e sexo, como limite inferior da normalida-
estatisticamente representativa da população considera- de para os parâmetros: PFE, CVF, VEF1 e relação VEF1/CVF.
da normal. Verificou-se que para o FEF25-75% o limite inferior de 70%
Para cada um dos parâmetros obtidos para a popula- da média dos valores previstos é o percentual fixo mais
ção, é possível calcular-se a média, o desvio padrão e os adequado para utilização em crianças. Na Tabela 1 estão
coeficientes de variação intra-individual e interindividual, especificados os limites inferiores percentuais de norma-
considerando-se altura, sexo e raça. Esses coeficientes lidade aceitos na literatura para crianças e adolescentes.
são importantes para a avaliação de repetidas medidas
efetuadas no mesmo dia ou em dias diferentes, durante TABELA 1
Limites inferiores percentuais de normalidade com relação aos
seguimento longitudinal de um paciente.
valores previstos para altura e sexo para crianças e adolescentes
Na prática, os valores previstos podem ser obtidos de
equações calculadas a partir de curvas de regressão dos Parâmetros Limites inferiores percentuais
parâmetros estudados, considerando-se altura e sexo.
Habitualmente, os valores obtidos nos testes espirométri- PFE 80%
cos são expressos em percentagens dos valores previstos CVF 80%
para altura e sexo. Os valores de referência da normali- VEF1 80%
dade, considerados como os mais adequados para utiliza- VEF1/CVF 80%
FEF25- 75% 70%
ção em crianças e adolescentes são os do Programa Pneu-
mobil elaborados para a população brasileira e os de Polgar
e Promadhat.
Definição dos distúrbios ventilatórios
Para comparar os valores obtidos com os valores pre-
vistos para altura e sexo, com a finalidade de identificar Distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO): caracterizado
resultados normais e anormais, três métodos diferentes por redução desproporcional dos fluxos máximos com
são preconizados na literatura para estabelecer os limites relação ao volume que pode ser eliminado. Os principais
inferiores da normalidade: o de considerar a média dos índices para a caracterização do DVO são o VEF1 e a razão
valores de referência menos dois desvios padrões, o de VEF1/CVF. Pacientes sintomáticos que apresentam VEF1
utilizar o quinto percentil e o de considerar valores per- normal e VEF1/CVF reduzida podem ser classificados como
centuais fixos relacionados ao quinto percentil, e indivi- portadores de DVO. Quando o FEF25-75% for o único parâ-
dualizados para cada parâmetro espirométrico. metro alterado, o distúrbio deve ser considerado leve in-
dependentemente do grau de redução.
Segundo as normas para a seleção de valores de refe-
rência e interpretação de provas espirométricas publica- Distúrbio ventilatório restritivo (DVR): caracterizado
das pela ATS, o quinto percentil é considerado como o pela redução da CPT, que não pode ser medida na espiro-
melhor critério para o limite inferior da normalidade. O metria. Quando a CV e a CVF estão reduzidas na presença
seu valor pode ser calculado diretamente dos dados da de razão VEF1/CVF normal ou elevada, o DVR pode ser
população de referência, sendo que os valores inferiores inferido. Muitos pacientes com espirometrias com padrão
serão interpretados como anormais. Se o parâmetro ti- restritivo não possuem doença pulmonar restritiva ou seja,
ver individualmente uma distribuição gaussiana, o valor têm CPT normal ou elevada. O diagnóstico de certeza deve
do quinto percentil poderá ser estimado rotineiramente ser feito com medidas dos volumes pulmonares (diluição
como: limite inferior da normalidade = valor previsto - com hélio ou pletismografia).
1,645 vezes o desvio padrão do estimado. Se o desvio Distúrbio ventilatório misto: caracterizado pela pre-
padrão é proporcional à média dos valores previstos, tal sença de obstrução e restrição simultaneamente. Deve-se
como pode acontecer em crianças, o quinto percentil pode excluir a possibilidade de DVO com redução da CV (por
ser estimado como uma proporção constante da medida obstrução e aprisionamento de ar). O diagnóstico de
prevista, ou seja, um percentual do previsto. As normas certeza deve ser feito com a medida dos volumes pulmo-
da ATS admitem que a prática de se utilizar um percentual nares mas, se após a administração de broncodilatador
fixo dos valores previstos como limite inferior da norma- houver normalização da CV, o distúrbio restritivo está afas-
lidade, apesar de ser criticável para adultos, pode ser aceito tado.
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Na Tabela 2 estão esquematizados a caracterização dos obstrução e nos casos em que processos obstrutivos ou
distúrbios ventilatórios, baseando-se em critérios espiro- mistos não podem ser afastados com a espirometria sim-
métricos. ples.
Habitualmente utilizam-se B2-adrenérgicos na forma de
TABELA 2
Caracterização dos distúrbios ventilatórios
spray, salbutamol ou fenoterol, na dose de 400ug. Após
obstrutivos e restritivos através da espirometria a administração da droga, devem-se esperar pelo menos
15 minutos para repetição da prova. A resposta ao BD é
Parâmetros Tipo de distúrbio ventilatório usualmente avaliada por variações do VEF1 e da CVF.
Existem três formas de expressar a resposta ao BD:
Obstrutivo Restritivo
A) Percentagem de aumento em relação ao valor ini-
cial: considerada significativa quando maior ou igual a
CVF normal ou reduzida reduzida
VEF1 reduzido normal ou reduzido
12%.
VEF1/CVF reduzida normal ou aumentada (VEF1 pós – VEF1 pré) x 100
FEF25-75% reduzido normal, reduzido ou aumentado % de resposta =
% de resposta: VEF1 pré

B) Percentagem de aumento em relação ao valor pre-


Classificação da gravidade baseada na espiro- visto: considerada significativa quando maior que 7%.
metria
(VEF1 pós – VEF1 pré) x 100
Segundo normas estabelecidas pela American Thora- % de resposta =
% de resposta: VEF1 predito
cic Society, os distúrbios ventilatórios obstrutivos em in-
divíduos adultos podem ser categorizados em níveis de C) Mudança em valor absoluto (ml): considerada sig-
função percentuais, tal como esquematizado na Tabela 3. nificativa quando maior ou igual a 200ml quando há obs-
trução nas condições basais ou 300ml quando a espiro-
TABELA 3
Interpretação da espirometria.
metria basal é normal.
Classificação dos distúrbios ventilatórios obstrutivos. Valor absoluto = VEF1 pós – VEF1 pré
A ATS preconiza, baseando-se em estudos efetuados
Classificação* CVF VEF1 VEF1/ x 100
(%) (%) CVF em adultos que, para que a resposta ao BD seja conside-
rada significativa, deve haver um incremento de 12% em
Normal (em geral)** > 80 > 80 > 70 relação ao valor basal inicial e um aumento em valor ab-
Distúrbio leve 60-79 60-79 60-69 soluto de 200ml.
Distúrbio moderado 51-59 41-59 41-59
Distúrbio grave < 50 < 40 < 40 2. PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO (PFE)

Segundo normas da ATS e esquematizado por Pereira et al. É o maior fluxo obtido em uma expiração forçada, a
*(*) Se houver discordância entre os graus, o distúrbio deve ser classificado pelo grau mais
acentuado.
partir de uma inspiração completa (ao nível da CPT). As-
(**) Os limites da normalidade são variáveis e devem ser estabelecidos individualmente. sim como outras medidas de fluxo, tem a sua acurácia
vinculada à cooperação do paciente pois é esforço e volu-
Segundo as normas da American Thoracic Society, a me-dependente. Seus valores apresentam boa correlação
associação dos parâmetros VEF1 e VEF1/CVF é o melhor com o VEF1; entretanto, como mede a função de grandes
critério para a classificação dos distúrbios ventilatórios vias aéreas, pode subdiagnosticar o paciente com asma
obstrutivos. Admite-se ainda que, quando houver discor- leve e anormalidades de pequenas vias aéreas. Em tal
dância entre os graus com base no VEF1 e na relação VEF1/ situação, pode-se encontrar VEF1 anormal com PFE nor-
CVF , o distúrbio deverá ser classificado pelo grau mais mal. Isso se explica porque uma parte do VEF1, ao contrá-
acentuado. Considera-se ainda que, quando o VEF1 e a rio do PFE, ocorre em baixos volumes e é mais influencia-
relação VEF1/CVF são normais, com valores concomitan- da pela obstrução de pequenas vias aéreas.
tes do FEF25-75% abaixo de 70%, o distúrbio deverá ser clas- O uso do PFE é recomendado para monitorar os sinto-
sificado como leve. mas no seguimento do curso da asma e na resposta do
paciente ao tratamento, para detectar pioras assintomá-
E. T estes espirométricos com broncodilatador (BD) ticas da função pulmonar e fornecer ao paciente uma
O broncodilatador (BD) deve ser administrado a todos medida objetiva com a finalidade de auxiliá-lo na percep-
os pacientes que realizam espirometria pela primeira vez, ção da gravidade da sua doença. É também indicado para
nos casos de doença obstrutiva, nos pacientes com espi- o diagnóstico de asma por exercício e hiper-responsivida-
rometria normal mas com quadro clínico sugestivo de de brônquica.
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Deve-se ressaltar que, entretanto, o PFE não é suficien- O “National Asthma Education Program” sugere uma
te para realizar o diagnóstico ou para uma avaliação com- classificação em zonas, segundo o melhor valor do PFE do
pleta do distúrbio ventilatório. O Consenso Internacional paciente (ou em relação ao previsto):
de Diagnóstico e Manejo da Asma (GINA – 1998) reco- ZONA VERDE: 80 a 100% do melhor valor do paciente.
menda a medida do PFE para a monitorização de pacien- Os valores são considerados normais.
tes, a partir dos 5 anos de idade, portadores de asma ZONA AMARELA: 50 a 80% do melhor valor do pacien-
moderada e grave ou na asma de difícil controle, pelo te. Pode representar o início de um episódio agudo ou
menos duas vezes ao dia, até o controle das crises, quan- medicação insuficiente. Considerar introdução ou altera-
do então, poderá ser efetuada sempre no mesmo horário ção da medicação.
uma vez ao dia. ZONA VERMELHA: menos de 50% do melhor valor do
Os valores do PFE podem ser obtidos através da espiro- paciente. Corresponde a uma agudização do quadro clí-
metria, executando-se uma manobra de CVF ou pelo seu nico. A medicação de alívio deve ser iniciada imediata-
registro em instrumentos medidores de fluxo que são apa- mente e o médico deve ser avisado.
relhos muito simples, econômicos e portáteis. Os valores
do PFE são expressos em litros por minuto e o aparelho 3. OXIMETRIA TRANSCUTÂNEA (SPO2)
medidor de pico de fluxo expiratório é um cilindro leve É um exame simples, não invasivo, realizado com ins-
(72g) com um cursor com escala graduada (de 60 a 800L/ trumento leve e portátil, apresenta razoável correlação
min). com a tensão parcial de O2 arterial e com a saturação
Durante o uso do aparelho, o paciente deve ficar em arterial de O2 na avaliação da ventilação alveolar (diferen-
pé ou sentado, ereto, sem dobrar a região cervical e se- ça menor que 2% quando saturação arterial de O2 é maior
gurar o aparelho horizontalmente para manter as saídas que 85%). Tem utilidade no diagnóstico e seguimento de
desobstruídas. A seguir, inspirar profundamente, colocar doenças pulmonares crônicas, na avaliação da necessida-
o aparelho na boca, entre os dentes e fechar os lábios em de de O2 suplementar, no estudo do sono, na avaliação da
torno do bocal. Expirar forte e rapidamente. Anotar a resposta terapêutica em doenças intersticiais ou de vias
medida e repetir o procedimento por três vezes. aéreas, na monitorização durante procedimentos como a
A freqüência dos registros será indicada pelo médico, broncoscopia ou durante o uso de aparelhos de ventila-
mas no início do acompanhamento do paciente é conve- ção, no transporte de pacientes e no diagnóstico da hipo-
niente que se obtenham pelo menos duas medidas por xemia durante o exercício físico. Mede a percentagem de
dia, no período matutino e no noturno. saturação da hemoglobina disponível e, portanto, altera-
Os valores previstos para o PFE apresentam uma varia- se quando a carboxi-hemoglobina está acima de 3% ou a
bilidade considerável e, por tal motivo, deve ser utilizado meta-hemoglobina está acima de 5%. Pode não se corre-
o maior valor do PFE obtido pelo indivíduo como o valor- lacionar bem com a PaO2 em pacientes portadores de ane-
padrão, para, no seguimento, correlacionar situações de mia. No Quadro 7 estão resumidas as principais indica-
melhora pós-terapêutica ou de agravamento durante as ções de oximetria em crianças e adolescentes.
crises. Valores acima de 95% são considerados normais. Abai-
A fim de estabelecer o melhor valor, idealmente são xo de 92% há necessidade de uma avaliação mais acura-
necessárias duas semanas de registros diários, duas vezes da da função pulmonar, com estudo do sono e gasome-
ao dia, de medidas do PFE. Esse melhor valor deve ser tria arterial. O estudo do sono consiste na monitorização
determinado em uma fase assintomática, de completo da SpO2 durante o período noturno de sono (8 a 12 ho-
controle dos sintomas ou de melhor controle possível, às ras), no sentido de se detectar a presença de dessatura-
vezes até com a necessidade da administração prévia de ção significativa (SpO2 < 90% por um período > 10% do
corticoterapia. Os valores registrados nos três primeiros total ou saturações instantâneas < 10% do valor basal),
dias não devem ser considerados por representarem um justificando a suplementação noturna de O2. Níveis de SpO2
período de aprendizado. inferiores a 88% sempre indicam a necessidade de suple-
mentação de O2.
Variabilidade do PFE Em pacientes portadores de doença intersticial ou de
A variabilidade do PFE é quantificada como a amplitude vias aéreas, com suspeita de dessaturação durante esforços
percentual média dos valores obtidos e relacionada ao físicos, está indicada a oximetria transcutânea durante
grau de obstrução brônquica. Índices superiores a 20% exercício físico de 5 minutos, com bicicleta ergométrica ou
são considerados significativos. esteira, com monitorização contínua da FC e da SpO2 du-
rante todo o teste. Este será considerado positivo e inter-
Variabilidade (%) = ( Valor máximo – Valor mínimo

Média
) 100 rompido quando a SpO2 se reduzir mais que 5% em relação
ao valor basal ou a FC superar o nível de 180 bat/min.
J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002 S 213
Rodrigues JC, Cardieri JMA, Bussamra MHCF, Nakaie CMA, Almeida MB, Silva Fº LVF, Adde FV

Cooper DM, Springer C. Pulmonary function assessment in the laboratory


QUADRO 7 during exercise. In: Chernick V, Boat T, editors. Kendig’s disorders of
Indicações de oximetria em crianças e adolescentes the respiratory tract in children. 6a ed. Philadelphia: W.B. Saunders,
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• Oximetria basal: nos pacientes com doenças pulmonares agu- Eisenberg JD, Wall MA. Pulmonary function testing in children. Clin Chest
das moderadas a graves e nos quadros crônicos (fibrose císti- Med 1987;8:661-7.
ca, asma grave, doença do refluxo gastroesofágico sem evolu- Hilman BC, Allen JL. Clinical applications of pulmonary function testing in
ção adequada, malformações pulmonares, bronquiectasias, children and adolescents. In: Hilman BC, editor. Pediatric respiratory
etc.). Deve ser realizada a cada 6 meses ou conforme a neces- disease: diagnosis and treatment. 1st ed. Philadelphia: Saunders, 1993;
sidade nas agudizações. 98-107.
Kanner ER, Schenker MB, Munoz A, Speizer FE. Spirometry in children.
• Oximetria basal com oxigênio: nos casos com hipoxemia e
Methodology for obtaining optimal results for clinical and epidemio-
indicação de oxigênio para estabelecimento do fluxo adequa- logic studies. Am Rev Respir Dis 1983;127:720-4.
do.
Klein RB. Spirometric patterns in childhood asthma: peak flow compared
• Oximetria instantânea: para uso freqüente em todas as consul- with other indices. Pediatr Pulmonol 1995;20:372-9.
tas de pacientes com fibrose cística, e pacientes hipoxêmicos. Lebecque P, Kiakulanda P, Coates AL. Spirometry in the asthmatic child: is
• Oximetria durante o sono: nos casos em que a saturação basal FEF25-75% a more sensitive test than FEV1/FVC? Pediatric Pulmonol
de O2 está entre 90 e 92% para pesquisa de dessaturações (e o 1993;16:19-22.
tempo de dessaturação) durante o sono, quando então estaria Lebowitz MD. The use of peak expiratory flow rate measurements in respi-
indicada a oxigenoterapia noturna. Outra indicação é monito- ratory disease. Pediatr Pulmonol 1991;11:166-74.
rizar a efetividade deste tratamento. Mueller GA, Eigen H. Pediatric pulmonary function testing in asthma. Pe-
diatr Clin North Am 1992;39:1243-58.
• Oximetria com exercício: nos pacientes com saturação basal
Pereira CAC, et al. I Consenso Brasileiro sobre Espirometria. J Pneumol
adequada mas com possível comprometimento de troca gaso- 1996;22:105-64.
sa (Ex.: pneumopatias intersticiais), sendo que o exercício sen-
Pereira CAC, Sato T. Limitação ao fluxo aéreo e capacidade vital reduzida:
sibiliza o exame. Nos lactentes, a realização do exame duran- distúrbio ventilatório obstrutivo ou combinado? J Pneumol 1991;17:
te a alimentação pode ter o mesmo efeito. 59-68.
Pfaff JK, Morgan WJ. Pulmonary function in infants and children. Pediatr
No Quadro 8 estão indicadas as principais condições Clin North Am 1994;41:401-23.
Polgar G. Pulmonary function tests in children. Pediatrics 1979;95:168-
em que existe limitação na execução da oximetria de pul-
70.
so pela possibilidade de erro na leitura da saturação de
Programa Pneumobil. Dados preliminares do Inquérito Epidemiológico,
O2. Clínico e Funcional do aparelho respiratório em indivíduos adultos e
crianças em cidades do Estado de São Paulo e Belo Horizonte. Jornal
de Pediatria 1991;67:18-24.
QUADRO 8
Principais limitações na realização da oximetria transcutânea Quanjer Ph.H, Helmes P, Bjure J, Gaultier C. Standardization of lung func-
tion tests in paediatrics. Eur Respir J 1989;2(Suppl 4):121- 264.
Quanjer Ph.H, Stocks J, Polgar G, Wise M, Kalberg J, Borsboom G. Com-
• PaO2 > 80% • Hipotensão
pilation of reference values for lung function measurements in chil-
• SaO2 < 85% • Hipotermia, má perfusão dren. Eur Respir J 1989;2(Suppl 4):184-261.
• Artefatos de movimento • Uso de drogas vasoconstritoras
Ruppel GL. Manual of pulmonary function testing. 7a ed. St Louis: Mosby,
• Luz ambiente brilhante • Pigmentação da pele 1998.
• Anemia
Schramm GM, Grutein MM. Pulmonary function test in infants. In: Cher-
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American Thoracic Society. Lung function testing: selection of reference
values and interpretative strategies. Am Rev Respir Dis 1991;144:
TESTE DE BRONCOPROVOCAÇÃO (BP)
1202-18. Introdução
American Thoracic Society. Standardization of spirometry – update. Am J
Nos casos em que a espirometria é normal e não há
Respir Crit Care Med 1995;152:1107-36.
Castille RG. Pulmonary function test in children. In: Chernick V, Boat TF,
resposta significativa ao BD, os testes de BP têm utilidade
editors. Kendig’s disorders of the respiratory tract in children. 6a ed. na definição diagnóstica de tosse, cansaço, dispnéia e dor
Philadelphia: W.B. Saunders, 1998;196-213. torácica, no sentido diagnosticar a hiper-responsividade
S 214 J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002
Provas de função pulmonar em crianças e adolescentes

das vias aéreas. São realizados somente em alguns labo-


ratórios especializados e utilizam como desencadeantes a ASMA MODERADA
metacolina, a histamina, o carbacol, soluções hipertôni-
ASMA LEVE
cas, antígenos específicos, etc.
A responsividade pode ser definida como uma tendên- % Queda de VFE1 NORMAL
cia normal à constrição em resposta a vários estímulos
como agentes químicos e farmacológicos, alérgenos ina-
lados, infecções respiratórias, poluentes atmosféricos,
exercício e ar frio. A hiperresponsividade é uma resposta
broncoconstritora exacerbada a esses estímulos.
Existem vários estímulos que podem ser usados para Dose de Histamina

medir a hiperresponsividade laboratorialmente. Estes es-


Figura 1 – Formato da curva dose-resposta de histamina em um
tímulos podem ser diferenciados em seletivos e não sele- indivíduo normal e em dois indivíduos com hiperreatividade leve e
tivos. Os seletivos são aqueles que provocam broncocons- moderada. No eixo horizontal log da dose de histamina e no eixo
trição em uma pequena população de asmáticos. Os vertical % da queda do VEF1 (Woolcock AJ, Salome CM, Yan K. The
não-seletivos têm o potencial de provocar broncoconstri- shape of the dose-response curve to histamin in asthmatic and nor-
ção em todos os asmáticos e em alguns indivíduos nor- mal subjects. Am Rev Respir Dis 1984;130:71-5).
mais.
Os estímulos não seletivos podem ser químicos (hista-
mina, metacolina e carbacol), físicos (exercícios e ar frio)
e outros (vírus). Os estímulos seletivos podem ser alérge- • inclinação: a inclinação da curva para a esquerda in-
nos inalados, alérgenos ingeridos, sensibilizantes quími- dica hiperreatividade
cos de baixo peso molecular, ácido acetilsalicílico, drogas • platô: uma curva com platô elevado ou mesmo não
antiinflamatórias não hormonais e aditivos alimentares. atingido indica maior gravidade
O mecanismo preciso da hiperresponsividade é incer- Os resultados usualmente são expressos como a dose
to. A hiperresponsividade à histamina (ou à metacolina) é capaz de produzir queda de 20% do VEF1 (PD20) ou a con-
observada em praticamente todos os indivíduos com sin- centração capaz de produzir queda de 20% do VEF1 (PC20)
tomas recorrentes de asma. em relação ao VEF1 pós-diluente. Há ainda muita confu-
Hiperresponsividade leve está presente em aproxima- são quanto aos resultados falso-negativos. Muitos indiví-
damente 10% a 15% dos indivíduos com rinite sem sinto- duos com asma sazonal apresentarão resposta normal se
mas pulmonares e em aproximadamente 5% dos indiví- o teste for realizado em outra estação. Outros indivíduos
duos que negam sintomas de asma. Provavelmente estes possuem responsividade normal de vias aéreas, mas têm
indivíduos com hiperresponsividade assintomática apre- sintomas de asma quando expostos por tempo prolonga-
sentam menos inflamação das vias aéreas do que indiví- do a determinados alérgenos, sensibilizantes ocupacio-
duos sintomáticos, ou ainda, apresentam outros meca- nais, infecções virais e outros.
nismos envolvidos. Há provavelmente alguma correlação Provavelmente esta hiperresponsividade transitória re-
entre a inflamação das vias aéreas, a função da muscula- laciona-se a uma inflamação transitória das vias aéreas
tura lisa e os mecanismos humorais, sendo que os meca- ou a algum outro mecanismo.
nismos envolvidos na hiperresponsividade persistente e No laboratório de Função Pulmonar do Instituto da
na transitória devem ser diferentes. Criança do Hospital das Clínicas, é realizado o teste de
A resposta de broncoprovocação é considerada positi- broncoprovocação com histamina. Este teste tem se mos-
va quando há queda de 20% do VEF1 com concentração trado seguro em vários ensaios clínicos; entretanto, o
de histamina menor ou igual a 16mg/ml. Usando arbitra- manejo deve ser feito de forma cuidadosa e segura como
riamente esta concentração, Cockcroft et al. encontra- é recomendado para qualquer exame realizado nos labo-
ram 100% de sensibilidade para indivíduos com sintomas ratórios especializados (disponibilidade de oxigênio, de
recorrentes de asma e 92% para a população geral. En- broncodilatadores e de pessoal treinado no manejo da
tretanto, menos que 50% da população com teste positi- asma grave).
vo apresentavam sintoma de asma. O teste de broncoprovocação tem sido usado para ex-
Observando-se a curva dose-resposta (Figura 1), pode- clusão clínica da asma, pois tem uma alta sensibilidade e
se analisar, através do seu formato, o grau de resposta ao um alto valor preditivo negativo; entretanto, este teste é
estímulo através dos seguintes dados: menos usado para confirmar o diagnóstico de asma, pela
• início: a precocidade de início da subida da curva in- sua moderada especificidade e baixo valor preditivo posi-
dica sensibilidade tivo.
J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002 S 215
Rodrigues JC, Cardieri JMA, Bussamra MHCF, Nakaie CMA, Almeida MB, Silva Fº LVF, Adde FV

Indicações realizar o exame se tiver apresentado infecção das vias


O teste é realizado em crianças acima de 6 anos e com aéreas até três semanas antes do mesmo. Além disso,
altura acima de 1,10m, com os seguintes propósitos: deverá “descansar” por pelo menos 15 minutos antes de
iniciar o teste.
• exclusão de asma na presença de sintomas sugestivos
(tosse persistente, chiado, dispnéia, aperto no peito) e Controle do teste
espirometria normal
Técnico
• pacientes com diagnóstico atual de asma leve intermi-
tente, com espirometria normal, independente da res- • tipo de nebulizador (nebulizador a jato De Vilbiss mo-
posta a broncodilatador delo 646)
• avaliação da gravidade da asma • fluxo e pressão (50psi) adequados para um débito de
• monitorização do tratamento 0,13 a 0,15ml/min
• tamanho da partícula (1 a 4mm de diâmetro)
Contra-indicações • solução de histamina armazenada a 4oC por até 3
• absolutas meses e mantida em temperatura ambiente (20 a 25oC)
obstrução das vias aéreas (FEV1 < 50% do predito) durante o teste
infarto agudo recente do miocárdio
Procedimento
acidente vascular cerebral
aneurisma de aorta • consentimento (Apêndice 1) e preenchimento do
dificuldade na compreensão do teste e de suas implica- questionário (Apêndice 2) após explicação detalhada do
ções teste e de seus riscos
• relativas • preparo do paciente: paciente em pé, com clip nasal
obstrução das vias aéreas induzida pela espirometria e peça bucal
obstrução aérea moderada a grave • explicação mínima para o paciente para não sugestio-
infecção recente do trato respiratório superior (< 3 se- ná-lo durante o teste
manas) • realização de espirometria basal. A espirometria é
crise aguda de asma realizada conforme normas da ATS (American Thoracic
hipertensão arterial Society). São efetuadas três manobras e o VEF1 é obtido
gravidez da melhor manobra.
epilepsia refratária ao tratamento • teste é suspenso se VEF1 estiver reduzido (< 50% em
relação ao predito) ou se o paciente não realizar uma
Como realizar o teste espirometria adequada segundo critérios de aceitação da
Inalação ATS.
O modo de inalação utilizado é com um período fixo • nebulização com diluente (solução salina de tampão
de volume corrente (VC) com débito contínuo e nebuliza- de fosfato estéril-PBS) após 2min., realização de nova es-
dor a jato. pirometria

Preparo do paciente
% Queda de VEF1
O paciente recebe, no ato da marcação do exame,
orientação quanto aos medicamentos que deverão ser
suspensos:
• broncodilatadores inalados
curta duração (salbutamol, fenoterol, terbutalina) 4-8 horas
longa duração (formoterol e salmeterol) 24-36 horas
• anticolinérgicos (brometo de ipratrópio) 12 horas
• cromoglicato e nedocromil 8 horas
• broncodilatadores orais
• β2 estimulantes 12-18 horas
• teofilina de curta duração 12-18 horas
• teofilina de longa duração 24-48 horas
• anti-histamínicos 48-96 horas Concentração de Histamina

• esteróides inalados não suspender


Figura 2 – Determinação gráfica do PC20 de histamina. No eixo
O paciente também deverá suspender bebidas tipo horizontal log da concentração de histamina e no eixo vertical %
“cola”, chocolate e fumo por duas horas e não poderá da queda do VEF1

S 216 J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002


Provas de função pulmonar em crianças e adolescentes

– se não houver queda do VEF1 > que 10% → prosse- • se necessário, as inalações são repetidas a cada 20
gue-se o teste minutos sendo que o paciente só é liberado quando o
– se houver queda do VEF1 entre 10-20% em relação VEF1 pós-broncodilatador estiver acima de 80% em rela-
ao pós-diluente → repetir nebulização ção ao basal (pós-diluente).
– se houver queda do VEF1 acima de 20% em relação
ao pós-diluente → suspender o teste Cálculo e interpretação dos resultados
• realização de nebulizações com histamina em con- Os resultados dos testes de broncoprovocação são ana-
centrações crescentes (0,03mg/ml; 0,06mg/ml; lisados, preferencialmente, através de curvas de dose-res-
0,125mg/ml; 0,25mg/ml; 0,5mg/ml; 1mg/ml; 2mg/ml; posta.
4mg/ml; 8mg/ml e 16mg/ml). Utiliza-se a dose de 16mg/ Essas curvas são fornecidas pelo próprio aparelho e
ml como limite. mostram a percentagem de alteração do VEF1 para cada
• realização de nova espirometria dois minutos após concentração da droga broncoprovocadora inalada. No
cada nova concentração nosso laboratório, são correlacionadas as crescentes con-
• interrupção do teste quando houver queda maior ou centrações de histamina (preestabelecidas) com as cor-
igual a 20% do VEF1, em relação ao pós-diluente ou até a
concentração de 16mg/ml
• se teste positivo, realizar inalação com broncodilata-
APÊNDICE 2
dor (400mcg de salbutamol em inalador dosimetrado) e Questionário pré-teste de broncoprovocação
nova espirometria 15min após
Nome:__________________________________________________
Data de nascimento:_______________
Registro hospitalar:________________
APÊNDICE 1 1. Liste todas as medicações que seu(a) filho(a) tomou nas últi-
Consentimento informado mas 48 horas para asma, rinite, cardiopatia, pressão, alergia
ou problemas gástricos, e o número de horas (ou dias) da últi-
Descrição do procedimento: ma dose.
O objetivo do teste de histamina é de determinar a irritabilidade Medicamentos: Data e hora da última dose:
dos brônquios de um paciente. Seu(a) filho(a) irá inalar uma mis- _________________________ _______________________
tura que contém diferentes concentrações de histamina. Esta mis- _________________________ _______________________
tura será produzida por um aparelho chamado nebulizador e ina- _________________________ _______________________
lado através de uma peça bucal ou máscara facial. Antes de co- _________________________ _______________________
meçar, e após cada inalação, seu(a) filho(a) será solicitado(a) a _________________________ _______________________
soprar fortemente em um espirômetro. O teste normalmente tem 2. Algum médico já te disse que seu(a) filho(a) tem asma?
duração de uma hora e sempre será acompanhado por um médi- 䡺 Sim 䡺 Não
co pediatra pneumologista.
3. Seu(a) filho(a) já foi hospitalizado por asma?
Desconforto e riscos: 䡺 Sim 䡺 Não
Este teste não causa uma crise de asma, mas a inalação de aeros-
sóis pode estar associada a tosse, sensação de aperto no peito, 4. Seu(a) filho(a) já teve alguma doença respiratória?
chiado, dor de cabeça e cansaço. Muitos pacientes não apresen- 䡺 Sim 䡺 Não
tarão nenhum dos sintomas acima descritos. Estes sintomas (caso 5. Seu(a) filho(a) teve sintomas de asma como chiado, aperto no
ocorram) são leves, duram somente poucos minutos e desapare- peito e cansaço no peito nas últimas duas semanas?
cem após a inalação com broncodilatador. Existe uma possibili- 䡺 Sim 䡺 Não
dade muito pequena de estreitamento grave das vias aéreas. Isto
pode causar cansaço intenso. Caso ocorra, será imediatamente 6. Seu(a) filho(a) é fumante? Quando fumou pela última vez?
tratado. 䡺 Sim 䡺 Não
Eu li a informação acima e compreendi o objetivo do exame e 7. Ele(a) teve alguma infecção respiratória nas últimas 3 sema-
seus riscos associados. Com este conhecimento eu concordo que nas?
meu(a) filho(a) realize este exame. 䡺 Sim 䡺 Não
8. Sua filha está grávida?
䡺 Sim 䡺 Não
Paciente ou Responsável Data
9. Ele(a) tem algum outro problema de saúde? (cardiopatia, pres-
são alta, problema renal, etc.)
Testemunha Data 䡺 Sim 䡺 Não

J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002 S 217


Rodrigues JC, Cardieri JMA, Bussamra MHCF, Nakaie CMA, Almeida MB, Silva Fº LVF, Adde FV

respondentes quedas do VEF1, em relação ao VEF1 obtido PROVA BRONCODILATADORA


após inalação com o basal (pós-diluente).
A percentagem de alteração do VEF1 pode ser calculada Drogas broncodilatadoras são administradas rotinei-
pela fórmula a seguir, mas também já é fornecida pelo ramente em laboratórios de função pulmonar, com o
aparelho: objetivo de verificar se o distúrbio ventilatório obstrutivo
é reversível. Podem ser testados apenas os doentes que
VEF1 pós-diluente – VEF1 pós-histamina apresentam alguma alteração na condição basal, porém,
100 x
VEF1 pós-diluente a avaliação sistemática parece ser preferível, uma vez
que mesmo um indivíduo normal pode responder de for-
Através das curvas (Figura 2) torna-se possível identifi- ma significativa ao medicamento(1). Os valores de fun-
car a PC20, ou seja, a concentração de histamina capaz ção pulmonar após o broncodilatador representam a
de causar uma queda de 20% em relação ao VEF1 pós- melhor medida que o paciente pode alcançar numa de-
diluente. O PC20 é obtido através da intersecção linear terminada situação clínica. O mais interessante é com-
dos dois últimos pontos da curva dose-resposta, ou ainda pará-la evolutivamente e não determiná-la apenas pon-
pela fórmula a seguir: tualmente(2).
antilog [ logC1 + (logC2 – logC1) (20 – R1) ] A tentativa de se encontrar algum elo entre hiperres-
PC20 =
R2 – R1
ponsividade brônquica e resposta ao BD é valida, mas é
onde: preciso ter em mente o significado dos testes de bronco-
provocação e suas limitações. Waalkens et al.(3) afirma-
C1 = penúltimo ponto da curva (concentração de histamina que ram que a resposta ao broncodilatador não pode ser vista
provocou queda menor que 20% em relação ao VEF1 pós-diluente)
como um indicador da responsividade brônquica a um
C2 = último ponto da curva (concentração de histamina que pro-
vocou queda maior que 20% em relação ao VEF1 pós-diluente)
estímulo broncoconstritor. Douma et al.(4), em um estudo
R1 = % de queda do VEF1 pós C1 populacional em que os pacientes foram submetidos tan-
R2 = % de queda do VEF1 pós C2 to à broncoprovocação quanto ao teste com broncodila-
tador, não conseguiram estabelecer uma relação clara
Interpretação dos resultados entre os resultados de ambos. Notaram que a presença
Em função dos resultados obtidos, pode-se graduar a de sintomas esteve associada com a hiperresponsividade
hiperresponsividade em: brônquica e concluíram que as respostas ao estímulo bron-
• moderada a grave: queda de 20% no VEF1 com con- coconstritor e broncodilatador são marcadores fenotípi-
centração de histamina menor que 1,0mg/ml → PC20 < cos diferentes e não intercambiáveis.
1,0 Vários fatores podem interferir na interpretação de pro-
• leve: queda de 20% no VEF1 com concentração de vas funcionais com broncodilatador. É preciso certificar-
histamina entre 1,0 e 4,0mg/ml → PC20 1,0 a 4,0 se de que foi utilizada a melhor dose da droga em ques-
• limítrofe: queda de 20% no VEF1 com concentração tão, a partir da qual não há aumento da resposta. Da
de histamina entre 4,0 e 16,0mg/ml → PC20 4,0 a 16,0 mesma forma, o tempo entre a realização dos testes pré
• normal: queda menor que 20% no VEF1 com concen- e pós deve permitir a adequada ação do medicamento.
tração de histamina acima de 16,0mg/ml → PC20 > 16,0 Estas informações são obtidas através de estudos pré-
vios, tipo dose-resposta, com o broncodilatador escolhi-
REFERÊNCIAS do(5).
Outro determinante da magnitude da resposta ao bron-
1. Cockcroft DW. Airway Responsiveness. In: Barnes PJ, Grunstein MM,
Leff AR, Woolcock AJ, editors. Asthma. Lippincott-Raven, 1997;2:
codilatador é, sem dúvida, a idade. Sabe-se que lactentes
1253-66. já se mostram capazes de responder funcionalmente aos
2. Sterk PJ. Bronchoconstrictor dose-response curves. In: Barnes PJ, Grun- broncodilatadores, mesmo em situações em que a pre-
stein MM, Leff AR, Woolcock AJ, editors. Asthma. Lippincott-Raven, sença de edema e secreção também contribuem para obs-
1997;2:1267-75. trução ao fluxo aéreo(6). Turner et al.(7) estabeleceram uma
3. Sterk PJ, Fabbri LM, Quanjer Ph.H, Cockcroft DW, O’Byrne PM, Ander-
relação linear entre idade e resposta broncodilatadora a
son SD, Juniper EF, Malo JL. Airway responsiveness. Eur Respir J 1993;
6(Suppl 16):53-83. partir de um estudo espirométrico em crianças de três a
4. Crapo RO, Casaburi R, Coates AL, Enright PL, Hankinson JL, Irvin nove anos e discutiram que, com o passar dos anos, além
CG, MacIntyre NR, McKay RT, Wanger JS. Guideline for methacholine das mudanças nos mecanismos fisiopatológicos da obs-
and exercise challenge testing – 1999. Am J Respir Crit Care Med trução, o número de receptores ß-adrenérgicos aumenta,
2000;161:309-29.
assim como sua sensibilidade. Há evidências de que a partir
5. American Thoracic Society. Standardization of spirometry – 1994. Am
J Respir Crit Care Med 1995;152:1107-36.
dos 40 anos ocorre uma inversão neste processo, mas

S 218 J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002


Provas de função pulmonar em crianças e adolescentes

dados obtidos em indivíduos normais parecem não expli- de sete a 16 anos de idade, determinaram que resposta
car completamente o que ocorre com asmáticos idosos(8,9). broncodilatadora pode ser considerada significativa quando
Bellia et al.(10) demonstraram diferenças entre grupos de houver um incremento de VEF1 de 15% em relação ao
asmáticos de diferentes idades, tanto em relação aos va- inicial ou de 9% em relação ao previsto.
lores de função pulmonar basal, quanto em relação à res- Em nosso meio, Bussamra (2001), ao estudar exclusi-
posta ao BD. Estes autores comentaram que o fato de vamente crianças e adolescentes com asma após inala-
envelhecer pode determinar várias alterações funcionais, ção de placebo, adotou como ponto de corte para o VEF1
pois envolve diversos processos: desnutrição, perda de um aumento de 14,4% ou 265ml em relação ao basal e
força muscular, alteração dos componentes elásticos das 10,3% em relação ao previsto. O ponto de corte para
vias aéreas e hiperinsuflação pulmonar, além de prová- variação do VEF1%prev em maiores de 12 anos foi de
veis alterações do número e sensibilidade dos receptores 6,8%, que coincide exatamente com o descrito por Pe-
ß-adrenérgicos. Porém, Rodrigo et al.(11) não encontra- reira(21) para pacientes adultos obstruídos.
ram diferenças na resposta ao salbutamol durante a crise
asmática, estudando pacientes com a idade acima e abai- Permanecem ainda controvérsias quanto ao limite a
xo de 35 anos. partir do qual a resposta broncodilatadora é considerada
positiva, em parte, porque não há um consenso sobre
Para que a resposta ao broncodilatador seja interpreta- como expressá-la(22). Uma das maneiras mais comuns é
da como significativa é necessário que a variação dos pa- quantificar a mudança no VEF1 como percentagem da
râmetros funcionais exceda a variabilidade esperada para obstrução basal, ou seja, o incremento em relação ao VEF1
aquele indivíduo(12). A resposta ao BD assume distribuição inicial. Isto significa que quanto pior a condição basal,
unimodal, com grande sobreposição entre comportamento maior a probabilidade da medida subseqüente mostrar-se
de asmáticos e não asmáticos(13). melhor. Desta forma, grupos de pacientes mais obstruí-
Quando se faz espirometria em crianças, sabe-se que o dos tendem a apresentar maior resposta, com raras exce-
fato de apenas treiná-las quanto ao procedimento pode ções(23). Outra forma de expressão é a variação do VEF1
melhorar a sua performance no exame em até 10%(14). em relação ao previsto: (VEF1 pós-BD – VEF1 pré-BD)/VEF1
Studnicka et al.(15) estudaram os fatores determinantes da previsto(21). Este índice tem as vantagens de não depen-
reprodutibilidade de parâmetros espirométricos em crian- der do grau de obstrução inicial e corrigir a resposta para
ças. Concluíram que a variabilidade excessiva do VEF1, estatura, idade e sexo do indivíduo(24,25). Além disso, mos-
definida como diferença acima de 120ml entre provas trou ter maior reprodutibilidade quando são feitos testes
funcionais realizadas com intervalo de cinco minutos, es- seqüenciais num mesmo paciente(26). Uma terceira possi-
tava presente com maior freqüência em asmáticos (OR = bilidade, talvez a mais simples, é apenas verificar as alte-
6,25), em pacientes com hiperresponsividade brônquica rações de volume em valores absolutos, embora este índi-
(OR = 4,30) e naqueles com sintomas respiratórios (OR = ce seja dependente da estatura e sexo do paciente.
6,31) como chiado e dispnéia. Estes autores confirma- Portanto, quando existe uma proposta de se comparar
ram também a hipótese de que crianças pequenas e não resultados de diferentes estudos sobre resposta ao bron-
habituadas à realização do exame apresentam maior va- codilatador, além de se considerar o ponto de corte utili-
riabilidade dos parâmetros. zado, não se pode esquecer de qual índice foi emprega-
Dados sobre a variabilidade funcional espontânea em do(27). Waalkens et al.(3) defenderam que a melhor forma
crianças são escassos e qualquer ponto de corte escolhi- de expressar a resposta broncodilatadora em crianças é
do para separar variações “normais” de “anormais” é utilizar as variações em relação ao previsto, pois é um
arbitrário. Podem ser calculados os limites dos intervalos índice independente da idade, estatura e sexo, além de
de confiança de 95% ou, ainda, obter, empiricamente, a identificar um maior número de respondedores que os
distribuição em percentis. Verificar os percentis permite outros índices utilizados para o VEF1.
uma interpretação clínica mais útil e apropriada quando Observando-se os diversos critérios para avaliar a res-
se pretende avaliar funcionalmente crianças ou adoles- posta broncodilatadora disponíveis (Tabela 1), nota-se que
centes em fase rápida de crescimento(16). os valores adotados como ponto de corte são muito se-
Em adultos saudáveis, o limite superior do intervalo de melhantes entre si, mas devem ser consideradas as dife-
confiança de 95% para variações do VEF1 foi descrito como renças conceituais ou metodológicas entre eles. Os crité-
7,7 a 10,5% (220-315ml) em relação ao valor inicial e 9 rios apresentados referem-se, em sua maioria, à população
a 11% em relação ao previsto(12,13,17,18). Em crianças sau- adulta e foram calculados a partir de dados funcionais
dáveis, o mesmo limite superior foi descrito como 9 a obtidos de pacientes com diferentes doenças e/ou sinto-
11% de aumento do VEF1 em relação ao valor inicial(13,19,20). mas respiratórios e sugere-se sua aplicação para quais-
Waalkens et al.(3), estudando exclusivamente asmáticos quer doenças obstrutivas.
J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002 S 219
Rodrigues JC, Cardieri JMA, Bussamra MHCF, Nakaie CMA, Almeida MB, Silva Fº LVF, Adde FV

posta ao BD pode apresentar-se como elevação isolada e


TABELA 1 significativa da CVF(21). Quando há hiperinsuflação pulmo-
Critérios utilizados para avaliar a resposta ao broncodilatador. nar, este pode ser um sinal relevante de melhores fluxos
Adaptado de Hansen et al. (1993) em vias aéreas periféricas(40). Ao contrário, nos testes de
broncoprovocação, a redução da CVF talvez seja a melhor
Autor VEF1 CVF FEF25-75%
e mais fácil indicação de que há anormalidades em pe-
quenas vias aéreas(41).
Aumento em relação ao inicial
As alterações da CVF após Bd devem ser encaradas como
Lorber, 1978 (18) 8% 10% uma medida das complexas modificações que ocorrem
Dales, 1988(13) 9% nas vias aéreas após a utilização destas drogas. A CVF é
Dawson, 1966(28) 10% 10%
provavelmente um teste capaz de identificar o fechamen-
Pennock, 1981(29) 12% 12% 25%
Berger, 1988(30) 15% 15%
to das vias aéreas ou limitações extremas ao fluxo aéreo;
ACCP 15-25% 15-25% 15-25% entretanto, os efeitos dos broncodilatadores no calibre e
ITS 12% 15% 45% no fechamento das vias aéreas não acontecem obrigato-
riamente de forma simultânea no mesmo paciente(42).
Aumento em volume absoluto Girard et al.(43) definiram dois tipos de alteração da CVF
Tweeddale, 1987 (31)
160ml 330ml após broncodilatador. Em um grupo de pacientes, a alte-
ração pode ser atribuída ao maior tempo expiratório das
Aumento em relação ao inicial e volume absoluto curvas após medicamento. Permaneceu então a dúvida
Sourk, 1983(12) 15% e 180ml 15% e 340ml sobre se houve efeito broncodilatador ou apenas realiza-
ATS, 1995(32) 12% e 200ml 12% e 200ml ção da manobra com mais empenho. O outro grupo de
pacientes não apresentou resposta significativa levando-
se em conta o VEF1, mas alcançou melhora da CVF e do
Talvez não seja correto aplicar para asmáticos um cri- FEF25-75%, possivelmente devido à redução do aprisiona-
tério de resposta broncodilatadora determinado a partir mento de ar, demonstrando real efeito da droga. Os auto-
de resultados de provas funcionais de pacientes com DPOC. res discutiram a implicação clínica da melhora da CVF,
Há evidências de que ambas são doenças inflamatórias pois acredita-se existir uma boa correlação com a gravi-
das vias aéreas, porém, há diferenças marcantes entre dade de sintomas e melhora clínica após tratamento com
elas quando estudados com maior detalhe os tipos celula- broncodilatadores. Ainda não foi realmente esclarecido
res envolvidos, o sítio principal de inflamação e as suas se este achado se correlaciona com redução da dispnéia(21,
conseqüências funcionais(33). A DPOC é caracterizada por 42). Na verdade, em pacientes com obstrução moderada a

obstrução ao fluxo aéreo e o diagnóstico requer sua con- grave, as alterações da CVF e do VEF1 não parecem ser
firmação espirométrica, mas o que se espera é uma redu- capazes de prever melhora da dispnéia ou do endurance
ção do VEF1 que não é revertida pelo broncodilatador(34). para o exercício após broncodilatador(44).
Na DPOC o tônus colinérgico é provavelmente o único A medida das variações de CVF pode não mostrar van-
componente reversível da broncoconstrição, o que expli- tagens em relação à utilização de critérios baseados no
ca porque os anticolinérgicos são relativamente mais efi- VEF1 quando são analisadas provas funcionais pediátricas.
cazes que os β-agonistas para tratamento(35,36). Este é um recurso útil quando são avaliados pacientes
Da mesma forma, as crianças e adolescentes com asma com obstrução grave, em que a resposta ao Bd pode apre-
podem ter uma resposta broncodilatadora de maior mag- sentar-se como elevação isolada de CVF(21). A grande maio-
nitude que adultos asmáticos, simplesmente devido ao ria dos pacientes pediátricos que realizam função pulmo-
tempo de evolução da doença. O tempo de duração da nar tem diagnóstico de asma e não costuma apresentar
asma está relacionado ao grau de limitação ao fluxo aé- alterações espirométricas de maior gravidade.
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S 220 J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002


Provas de função pulmonar em crianças e adolescentes

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