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Franklin Lima
Danilo Barreto
Igor Moreira
Lucas Miranda
Thiago Sousa
Salvador
2010
Sumário
1 Introdução 3
2 Vetores 4
2.3 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3 Autovalores e Autovetores 11
3.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.3 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.3.1 Genética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4.4 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5 Conclusão 24
Referências Bibliográficas 25
3
1 Introdução
Uma das maiores dificuldades que os alunos de engenharia e áreas correlatas enfrentam
é a ampla quantidade de assuntos apresentados e que, na maioria das vezes, necessitam
de um alto nı́vel de abstração para o seu entendimento, uma vez que a sua comprovação
prática se torna limitada por diversos motivos.
Este trabalho propõe uma breve revisão de conceitos básicos relacionados com
a Geometria Analı́tica e a Álgebra Linear com foco em suas aplicações, objetivando min-
imizar os problemas enfretados pelos alunos destes cursos de modo a mostrar-lhes as
aplicações práticas dos estudos de determinados assuntos.
Os autores
4
2 Vetores
Grandezas como temperatura, pressão, massa, potência e outras podem ser completa-
mente definidas por um único valor numérico e sua unidade de medida, como por exemplo:
25 o C, 1 KPa, 2.800 kg. Elas são denominadas grandezas escalares porque, na forma
gráfica, podem ser visualizadas como um ponto numa escala.
Um vetor é, portanto, um ente matemático, que para sua completa descrição
deve ser conhecida a sua intensidade, ou módulo, ou ainda norma, direção e sentido.
Notação
Um vetor pode ser denotado por uma letra com uma seta em cima, ou ainda um acento
~ ou por seu segmento de reta orientado, como em −
circunflexo, por exemplo dˆ ou d,
→
AB.
Por ser um segmento de reta orientado, o vetor precisa de, no mı́nimo, dois
pontos para a sua definição. Vejamos o exemplo abaixo.
−→
Exemplo. Dados os pontos A = (0, 0, 0) e B = (2, 3, 1), o vetor AB, será
−→
AB = B − A ⇒ (2, 3, 1) − (0, 0, 0) = (2, 3, 1),
que pode ser chamado genericamente como ~u = (2, 3, 1), isto por que uma de suas
coordenadas é a origem.
−→
Importante! Note que existe também o vetor BA, que será
−→
BA = A − B ⇒ (0, 0, 0) − (2, 3, 1) = (−2, −3, −1),
ou pode ser chamado genericamente como ~v = (−2, −3, −1). Ressaltando-se que ~u 6= ~v ,
embora |~u| = |~v |.
2.1 Soma de vetores e multiplicação por escalar
Sejam ~v1 e ~v2 dois vetores. A soma desses vetores é um terceiro vetor, o vetor
resultante:
~v = ~v1 + ~v2
Adição de vetores
5
Subtração de vetores
Consideremos os vetores ~v1 e ~v2 . A subtração de vetores ~v1 e ~v2 , resulta em um terceiro
vetor (chamado resultante), cujas propriedades são inferidas a partir da soma dos vetores
~ 2 ). O vetor tem módulo e direção iguais ao do vetor mas tem o sentido oposto.
~v1 e (−v
~ 2.
Reduzimos o problema da subtração de dois vetores ao problema da soma de ~v1 e −v
Componentes de um vetor
Vamos tomar, por uma questão de simplicidade, um sistema com dois eixos
ortogonais (x e y). Esses dois eixos estão contidos num plano. Consideremos um vetor
nesse plano. A componente x do vetor ~v (designada por ~vx ) é dada pela projeção do
vetor no eixo x. Para determinarmos a projeção do vetor ao longo de qualquer eixo,
consideramos as extremidades do vetor e por elas traçamos linhas perpendiculares ao eixo
até encontrá-lo. Tomamos então a distância entre as interseções como a projeção se a
flecha estiver na mesma direção do eixo (isto é, se o ângulo entre o vetor e o sentido
6
positivo do eixo for um ângulo agudo). Caso contrário, a projeção será essa distância,
mas com sinal negativo.
~vx = |v|cosθ,
~vy = |v|senθ
~ = α~v ,
R
7
2.2 Produto entre vetores
Na seção anterior vimos o produto entre um vetor e um escalar, operação que resulta
noutro vetor com mesma direção e sentido diferente caso o escalar seja negativo, ou
mesmo sentido caso o escalar seja positivo. Veremos nesta seção dois outros tipos de
produtos, agora entre vetores. São os produtos escalar e vetorial.
Chama-se produto escalar (ou produto interno usual) de dois vetores ~u = x1~i+y1~j +z1~k
e ~v = x2~i + y2~j + z2~k, e se representa por ~u · ~v , ao número real
~u · ~v = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2
O produto escalar de ~u por ~v também é indicado por < ~u, ~v > e se lê u escalar v.
I. ~v · w ~ · ~v
~ =w
II. ~v · ~v = |~v | · |~v | = |v|2
III. ~u · (~v + w)
~ = ~u · ~v + ~u · w
~
IV. (k~v ) · w
~ = ~v · (k w)
~ = k(~v · w)
~
V. |k~v | = |k||~v |
VI. |~u · ~v | < |~u| · |~v | (desigualdade de Schwarz)
VII. |~u + ~v | < |~u| + |~v | (desigualdade triangular)
Dados os vetores ~u = x1~i + y1~j + z1~k e ~v = x2~i + y2~j + z2~k, tomados nesta ordem, chama-se
produto vetorial dos vetores ~u e ~v , e se representa por ~u × ~v , ao vetor:
8
Cada componente deste vetor pode ainda ser expresso na forma de um determinante de
2a ordem:
y1 z1 x1 z1 x1 y 1
~u × ~v = ~i − ~j + ~k
y2 z2 x2 z2 x2 y 2
Exemplo 1. Cálculo do produto vetorial dos vetores ~u = 5~i + 4~j + 3~k e ~v = ~i + ~k, tem-se
~ ~ ~
i j k
~u × ~v = 5 4 3
1 0 1
I. ~v × w
~ = −w
~ × ~v
II. ~u × (~v + w)
~ = ~u × ~v + ~u × w
~
III. k(~v × w)
~ = (k~v ) × w
~ = ~v × (k w)
~
IV. ~i × ~i = ~j × ~j = ~k × ~k = 0
V. ~i × ~j = ~k; ~j × ~k = ~i; ~k × ~i = ~j
VI. Se ~v × w
~ = 0 (~v e w
~ não nulos) então ~v e w
~ são paralelos
2.3 Aplicações
Produto Escalar
1. Sabendo que um corpo se desloca do ponto A = (0, 0, 0) para o ponto B = (5, 4, 3),
pois uma força F~ = 10~i + 8~j + 6~k atua sobre ele, e que o trabalho realizado por uma
~ determine W.
força é dado por W = F~ · d,
9
−→
Solução: O vetor d~ = AB ⇒ B − A ⇒ (5, 4, 3) − (0, 0, 0) = (5, 4, 3)
A força F~ = 10~i + 8~j + 6~k pode ser escrita como F~ = (10, 8, 6)
~ denotado por F~ · d~
O trabalho é dado pelo produto escalar de F~ e d,
W = F~ · d~
W = (10, 8, 6) · (5, 4, 3)
W = 10 × 5 + 8 × 4 + 6 × 3 = 50 + 32 + 18 = 100J
Produto Vetorial
1. Uma partı́cula de carga −1, 6 · 10−19 C viaja a uma velocidade 3 · 108 m/s quando
submetida a um campo magnético de 2, 08 · 1010 T . Qual a força que atua sobre esta
partı́cula, sabendo que a direção de deslocamento é ortogonal ao campo?
Solução:
F~ = |q| · ~v · B
~ · sen90o , temos:
Solução:
−→ −−→
Tomando o vetor AB e o vetor BC, temos que a área do paralelogramo é dada por:
−→ −−→
A = |AB × BC|
−→
AB = B − A ⇒ (2, 3, 1) − (1, 2, 0) = (1, 1, 0) e
−−→
BC = C − B ⇒ (1, 0, 4) − (2, 3, 1) = (−1, −3, 3)
−→ −−→
fazendo o produto vetorial, AB × BC, obtemos 1 u.a.
10
11
3 Autovalores e Autovetores
Autovalores e autovetores são conceitos importantes de matemática, com aplicações práticas
em áreas diversificadas como mecânica quântica, processamento de imagens, análise de
vibrações, mecânica dos sólidos, estatı́stica, etc. Neste capı́tulo veremos as definições e
aplicações dos autovalores e autovetores.
3.1 Definição
Ax = λx (3.1)
3 0
A=
8 −1
Ax = λIx (3.2)
ou, equivalentemente,
det(λI − A) = 0
λn + c1 λn−1 + · · · + cn
tem, no máximo, n soluções distintas, de modo que uma matriz n × n tem, no máximo,
n autovalores distintos.
12
Calcule seus autovalores e autovetores
Solução:
Calculando os autovalores
4 −5 4−λ −5
A= ⇒ A − λI =
2 −3 2 −3 − λ
det(λI − A) = 0
(4 − λ)(−3 − λ) + 10 = 0 ⇒ λ2 − λ − 2 = 0
√
1± 9
λ= 2
⇒ λ1 = −1 e λ2 = 2
Calculando os autovetores
5 −5 x 0 c
(A − λ1 I)x = 0 ⇒ = ⇒ x1 =
2 −2 y 0 c
2 −5 x 0 5c
(A − λ2 I)x = 0 ⇒ = ⇒ x1 =
2 −5 y 0 2c
3.3 Aplicações
3.3.1 Genética
13
Além da hereditariedade autossômica, nós também discutiremos a heredi-
tariedade ligada ao sexo. Neste tipo de hereditariedade, o macho da espécie possui apenas
um dos dois possı́veis genes ( A ou a) e a fêmea possu somente um par de dois dos possı́veis
genes (AA, Aa ou aa). Nos humanos, o daltonismo, a calvice hereditária, a hemofilia e a
distrofia muscular , para citar somente alguns, são caracterı́sticas controladas por hered-
itariedade ligada ao sexo.
14
an + bn + cn = 1, para n = 0, 1, 2, ...
an = an−1 + 21 bn−1
bn = cn−1 + 12 bn−1 n = 1, 2, ...
cn = 0
Por exemplo, primeira destas três equações afirma que todos os descedentes de uma
planta do genótipo AA serão do genótipo AA neste programa de criação e metade dos
descendentesde uma planta do genótipo A a será do genótipo AA. As equações (1)
podem ser escritas em notação matricial como:
onde
1
an an−1 1 2
0
x(n) = bn , xn−1 = bn−1 e M = 0 12 1
cn cn−1 0 0 0
Observe que as três colunas da matriz M são iguais à três primeiras colunas da Tabela 1.
Da equação (2) segue que
M (n) = P DP −1
15
onde
n
λ1 0 0 ··· 0 λn1 0 0 ··· 0
0 ··· λn2 0 ···
0 λ2 0 0 0
Dn = .. .. .. . . ..
=
.. .. .. . . ..
. .
. . . . . . . .
0 0 0 ··· λk 0 0 0 ··· λnk
Segue-se que
1 1 1 1 0 0 1 1 1 a0
(n) n −1 ( 1 n
x = PD P x 0) = 0 −1 −2 0 ( 2 ) 0 0 −1 −2 b0
0 0 1 0 0 0 0 0 1 c0
an = 1 − ( 21 )n b)0 − ( 21 )( n − 1)c0
bn = ( 12 )n b)0 + ( 12 )( n − 1)c0
n = 1, 2, ... cn = 0
Estas são fórmulas explı́citasparaa fração dos três genótipos na n-ésima geração
1n
deplantas em termos das frações de genótipos iniciais. Como 2
tende a zero quando n
tende ao infinito, segue destas equações
an → 1
bn → 0
cn = 0
quando n tende ao infinito. Isto mostra que no limite de todas as plantas da população
serão do genótipo AA.
16
17
onde a1 , a2 e b são constantes reais e a1 e a2 não são ambas nulas. Uma equação
desta forma é chamada de equação linear nas variáveis x e y. Mais geralmente, nós
definimos uma equação linear nas n variáveis x1 , x2 , ..., xn como uma equação que pode
ser expressa na forma
a1 x + a2 x 2 + · · · + an x n = b (4.2)
• Multiplicação de uma equação do SEL por qualquer número real não nulo;
• Soma de uma equação do SEL com um múltiplo de outra das equações do SEL.
Consideremos o sistema com expressão geral dado abaixo e que tem n equações lineares
com n incógnitas:
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I. O sistema é possı́vel e determinado
II. S1 = (1, −1, 2) é uma solução particular do sistema.
III. O sistema é impossı́vel
40 16 9
IV. A matriz inversa dos coeficientes é: 13 −5 −3
5 −2 −1
Solução:
19
Questão 2 (proposta). Com base no sistema linear abaixo é possı́vel afirmar:
x + 2x2 + x3 = −1
1
x1 − x2 + x3 = 4
x + x = 17
1 2
4.4 Aplicações
20
I1 = I2 + I3 (Ponto A)
I3 + I2 = I1 (Ponto B)
I1 − I2 − I3 = 0 (1)
Nós precisamos de mais duas equações para determinar I1, I2 e I3 de modo único. Estas
equações serão obtidas com a Lei de Voltagem de kirchhoff. Para aplicar a lei de
voltagem de Kirchhoff a um circuito fechado, selecione um sentido positivo em torno do
circuito (digamos, sentido horário) e faça a seguinte convenção de sinais:
• Uma corrente passando por um resistor produz uma diferença de potencial positiva
se flui no sentido positivo do circuito e uma diferença de potencial negativa se flui
no sentido negativo do circuito.
• Uma corrente passando por um capacitor produz uma diferença de potencial positiva
se o sentido positivo do circuito é de + para - e uma diferença de potencial negativa
se o sentido positivo do circuito é de - para +.
21
4.4.2 Balanceamento de Equações Quı́micas
Solução:
Nitrogênio: w = 2y
Hidrogênio: 3w = 2z
Oxigênio: 2x = z
w - 2y = 0
3w - 2z = 0
2x - z = 0
cuja solução é
Solução:
1 1 1 0
L2 = L2 − 5L1
5 6 0 1
22
1 1 1 0
L1 = L1 − L2
0 1 −5 1
1 0 6 −1
0 1 −5 1
6 −1 2 3
× =
−5 1 9 1
23
24
5 Conclusão
Com o trabalho realizado pudemos rever os conceitos e assuntos abordados no programa
semestral da matéria Geometria Analı́tica e Álgebra Linear, os quais são fundamentais
para uma sólida formação matemática, indispensável para o curso de engenharia elétrica
e áreas afins. Tivemos uma oportunidade ı́mpar de, além de revisar conceitos já vistos
anteriormente, conhecer algumas das aplicações destes em campos de estudo e pesquisa,
quebrando o contexto teórico em que são aplicados esses conteúdos, fazendo com que haja
um maior interesse por estes e conseqüentemente uma maior absorção. Por exemplo, saber
que assuntos como autovalores e autovetores são utilizados na investigação da propagação
de uma caracterı́stica herdada em sucessivas gerações (Genética) e que os conceitos dos
sistemas lineares são utilizados para resolver problemas através da Interpolação Spline
Cúbica aumenta a importância dada a esses assuntos e traz motivação aos seu estudo.
Essa atividade foi fundamental para mostrar que matemática não é apenas teoria, e suas
aplicações são fundamentais tanto para a engenharia quanto para a medicina, para a arte
entre outras áreas, e com isso seu estudo dedicado é peça indispensável para profissional
de sucesso.
Referências Bibliográficas
[1] Callioli, Carlos A., Álgebra Linear e Aplicações, Atual, São Paulo, 1990.
[2] Anton, H., Rorres, C., Álgebra Linear com Aplicações, Bookman, Porto Alegre, 2001.