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Agrupamento de

Escolas de Alvalade

Conta-me como foi… em 2020

Foto: Jornal da Praceta, Alvalade


Como foi…
Alvalade - Lisboa
Junho de 2020
11º CT1 e CT2

Proposta de escrita apresentada em Português às turmas: Imagina que daqui a 20, 25 anos, ou mais, um filho, um neto, um
sobrinho… te pergunta como foi.
11º CT1
Escreve-lhe uma carta, ou duas ou três páginas de diário, ou ainda uma
11º CT2 história em que lhe contes como viveste este tempo de confinamento
12º CT1 devido à pandemia Covid-19.

Conta-me como foi em 2020 >>

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 1


11º CT1 e CT2

2020 foi um ano diferente. Foi um ano difícil, com várias adversidades, os fogos Minha querida sobrinha
na Austrália, a ameaça de uma 3ª guerra mundial, mas o que definiu o ano de
Espero que estejas bem.
2020 foi a sua grande pandemia. Tudo começou com uns rumores e boatos nas
redes sociais, pelo menos era isso que eu achava... um vírus que vinha da China. Esta é uma carta cheia de lembranças de uma época que nos afetou a todos,
Mas, muito rapidamente, as televisões e jornais diziam que toda esta mas a uns, infelizmente, mais do que a outros. Tudo se passou há cerca de 20/25
informação era verídica. E, do dia para a noite, o vírus tinha-se espalhado pelo anos. Foi uma verdadeira loucura. (…)
mundo inteiro, não havia um lugar no mundo que não o tivesse. O mundo tinha
um inimigo, o SARS-Cov-2, ou corona vírus, era mais fácil chamá-lo assim. As Eu não era uma pessoa paciente e, por vezes, não dava a devida importância aos
pessoas ficaram loucas! meus entes queridos, contudo isso mudou.

(…) (…) gostava de te dizer isto: aproveita ao máximo o tempo que passas com os
teus amigos e/ou familiares, pois não sabes quando os vais poder abraçar e
A única forma que impediu de discutir com todas as pessoas lá em casa, que me beijar novamente…
acalmou, que me manteve são, foi a arte. Ouvir música sempre me trouxe paz,
sempre me fez sentir algo, mas teve sempre um carácter de prazer. A Portanto, minha querida sobrinha, como podes perceber ao ler esta carta, não
quarentena colocou a arte em perspetiva. Deixei de ouvir música por que queria foram apenas desvantagens que pude retirar desta época de confinamento…
disfrutar, porque o compositor era bom, porque tinha de estudar, passei a ouvir então, nunca te esqueças de dar o devido valor às coisas e às pessoas! (…)
música porque necessitava. Foi nesta situação que percebi o conceito que Beatriz L
Aristóteles tentou descrever, a catarse. A ideia de que a arte provoca uma
descarga emocional, fazendo o sujeito esquecer-se das suas emoções colocando
no seu lugar as emoções da obra observada. Foi nesta quarentena que percebi
a utilidade prática da música. A música tem a capacidade de nos consolar. A
música abraça o sujeito que a ouve, salvando-o das suas maiores tentações.

A quarentena foi uma altura bastante difícil, foi um período de transformação,


colocou as minhas ideias em perspetiva. Não recomendo nem ao meu pior
inimigo. (…)
Afonso P

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 2


11º CT1 e CT2

Filho, Era um dia como tantos outros, voltara eu da escola. Entrei em casa e sentei-
me à mesa com o teu tio-avô e os teus bisavós. Como sabes, a mesa é um local
vou - te contar uma historia um pouco antiga, algo que aconteceu há cerca de
sagrado para pôr a conversa em dia com a família; e numa dessas conversas, a
21 anos, uma coisa que ninguém conseguiria prever e que foi difícil combater,
tua bisavó contou-me que tinha visto nas notícias um vírus novo que tinha
um vírus.
surgido na China e que era, aparentemente, indiferente para Portugal e para o
Por muito que quisessem, naquela altura, fazer-nos acreditar que a ciência resto do mundo. (…) Mas afinal….
estava bastante evoluída, após o aparecimento deste vírus, o ser humano teve
Os dias foram passando, as saudades dos meus amigos foram apertando, ficava
de engolir as suas próprias palavras, este vírus levou com ele muitas vidas (…)
irritado com cada vez mais facilidade e foi então que percebi que estava a viver
O mais difícil para mim nem foi o confinamento, eu até gostava de ficar em casa, uma das piores fases da minha vida. Aquilo que, no início, era para mim uma
o mais difícil, foi mesmo a minha aprendizagem, o método de ensino que passou alegria enorme tinha - se tornado numa angústia grande. Tinha levado um
a ser possível foi, sem dúvida, uma grande alternativa face ao que estava a verdadeiro balde de água fria. O tempo foi passando, como já não íamos à escola
acontecer. No entanto, as aulas à distância tinham os seus inconvenientes era tínhamos aulas por computador, o computador era uma máquina muito antiga
mais difícil estar concentrado e a própria matéria, de si já não era fácil, por isso, que permitia muitas coisas; e uma delas era falar à distância com as pessoas,
nos primeiros tempos, tivemos mesmo de aprender sozinhos, algo que foi um mas pergunta ao teu pai mais detalhes acerca do computador que ele, com
grande obstáculo para todos. certeza , que se lembra. (…)

(…) João P

Aprendi que não estamos tão bem preparados para desastres como aquele,
como pensamos, o ser humano pensa, que, por ser superior, consegue enfrentar
tudo, mas a verdade é que isso não passa do enorme ego que possuímos. (…)
David C

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 3


11º CT1 e CT2

Para mim, foi um ano esquisito, ou melhor, eu sentia que o mundo estava E agora está tudo bem, tenho 35 anos e uma vida estável, sou feliz, e lembrar-
esquisito. Para teres a noção, o ano começou com uma declaração de guerra me destes tempos leva-me a aprender coisas sobre o meu funcionamento. Acho
feita por Donald Trump! É verdade, mas entretanto esse assunto acabou que o mais importante que aprendi neste tempo foi mesmo a paciência, porque
sobreposto por aquele medonho vírus. Enfim, focar-me-ei agora nesses tempos como já te disse e ensinei várias vezes, paciência é a chave para a maioria das
de quarentena e confinamento: coisas. Agires com calma x deixa-te sempre com vantagem em relação a tudo à
tua volta. Por isso tem calma, e não te deixes levar pelas dificuldades que
Devo começar por te informar que o vírus não era de forma alguma seletivo, ele
aparecem na tua vida! (…)
atacava qualquer ser humano, parecia que andava de mão dada com o vento.
Na altura, até se usava muito a metáfora de “estarmos todos no mesmo barco”, Tomás F
e a verdade é que estávamos; porém, enquanto umas pessoas iam nos
camarotes da proa, grande parte ia amontoada no porão. Para mim e para a tua
mãe, os meses não foram muito difíceis, já que tínhamos a tua avó, uma
reencarnação de Joana D’Arc que ia valentemente todos os fins de semana ao Querido neto
campo de batalha a que antes chamávamos de “supermercado”. Já tínhamos os
mantimentos, faltava-nos a educação. Ter bastante tempo livre fez-me descobrir novas maneiras de me entreter, por
exemplo desenhar ou ler, fez-me dar valor a coisas tão simples como um abraço
Houve uma migração imediata, das escolas para a internet, nós tínhamos aulas ou um simples passeio no parque. Fiquei bastante surpreendida com a
mais curtas por videochamada, e grande parte do nosso trabalho era autónomo. capacidade de a minha família se organizar e manter o ambiente saudável em
Não diria que foram momentos muito difíceis, foram momentos de adaptação. casa, para além de termos aproveitado e valorizado muito mais o tempo
(…) passado uns com os outros.
Tiago L Tudo foi voltando ao normal, muito lentamente, e, durante um tempo, o medo
ainda estava bastante presente. A ignorância foi dos aspetos mais perigosos
durante a pandemia, é por isso que te explico e te aconselho: conhecer o nosso
passado é essencial para vivermos o presente de forma inteligente e,
principalmente, feliz.

Um grande beijinho da avó para todos aí em casa!


Mariana P

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 4


11º CT1 e CT2

Estar longe da escola também foi difícil, não ter as rotinas de ver os professores, Vou contar-te uma história sobre um pequeno inimigo muito mal comportado
não estar como os meus colegas, mas ainda para mais, não sabermos bem se que tirou umas férias e andou a viajar pelo mundo. Começou por conhecer a
alguém precisava de nós, acho que essa era, sem dúvida, uma das minhas China, depois passou por Itália, de Itália espalhou-se até Portugal e deu um
maiores angústias. (…) saltinho até aos lados das Américas. O passaporte cheio ele tem, de certeza. Este
vírus chama-se Coronavírus, quando passava pelas pessoas fazia com que elas
Beatriz S
tossissem, tivessem febre e uma grande dificuldade em respirar, era como se
tivessem subido uma montanha e estivessem sem fôlego. Muitas das pessoas a
quem ele se agarrou ficaram curadas, como quando tens uma ferida no joelho
e ela cicatriza, e depois desaparece.
As minhas aulas em casa, no início, também não foram “pera doce”, mas com Este inimigo fez com que todos, nessa altura, mudássemos algumas das nossas
o tempo tive de me habituar à situação em que me encontrava. Quantas vezes rotinas e experimentássemos ser melhores tanto para nós, como para os outros
a internet falhou durante a entrega de um trabalho ou durante uma aula, eu e ainda para com o planeta.(…)
ficava logo muito stressada. Vocês sabem que a avó sempre foi muito nervosa,
e durante estes meses de confinamento a avó ficou ainda mais. Leonor M

Mas este vírus também trouxe algumas coisas boas. Estive tanto tempo em casa
que até comecei a ter mais oportunidades para refletir sobre a minha vida e a
pessoa em que me estava a tornar. Acreditem ou não, mas foi durante a
quarentena que eu me declarei ao vosso avô. Este homem sempre foi
extremamente tímido, se não fosse eu com certeza hoje vocês não estariam
aqui. Claro que a avó às vezes também se fazia de difícil, porque o vosso avô
também tinha que tomar a iniciativa de vez em quando, tanto que houve um
tempo em que eu não falaria com ele a não ser que ele enviasse mensagem
primeiro, mas também este meu marido é tão mau com mulheres que o único
tema de conversa que existia nas nossas mensagens era a escola. Não o julgo,
pois, realmente, durante a quarentena não acontecia nada de relevante, então
tínhamos de nos contentar com o que tínhamos. (…)
Beatriz M

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 5


11º CT1 e CT2

O que me custou mais foi, sem dúvida, não poder estar com os meus amigos, “Como foi?”, perguntas tu. Bem, como te hei de explicar isto? Fácil não foi.
não havia a parte “divertida” da vida, todos os dias estava aborrecida, por mais Mas não foi assim tão difícil.
que fossem as coisas que tinha para fazer. Faziam falta as gargalhadas e os
(…)
sorrisos, as conversas e os abraços, e tudo o que uma amizade envolve.
Sim, pessoa que é pessoa, quando descobre que existe uma doença altamente
A parte boa? Cresci, mas não fisicamente! Aprendi muito com esta quarentena,
contagiosa e que a única forma de sobreviver a esta é a sua prevenção através
refleti acerca do que se passava e passou na minha vida, pensei no que podia
do distanciamento social e cuidados na desinfeção das mãos, vai comprar papel
melhorar, abri os olhos em relação a algumas coisas, e posso dizer, sem qualquer
higiénico até que este se esgote. Há certas coisas que não entendo, e a estupidez
dúvida, que me tornei numa pessoa mais feliz.
humana é uma delas (lição número um, das crónicas da pandemia covid-19).
(…) Como é que eu “sobrevivi” ao aborrecimento? Para ser sincera, nem eu sei!
(…)
Acho que ter uma casa grande e uma família unida ajudou muito nesse aspeto.
Este tempo também serviu para aprender coisas novas. Comecei por aprender
(…) Espero estar contigo para te entregar esta carta, quando tiveres tu os teus
a fazer o pino e acabei a estudar cultura geral. Uma das coisas que aprendi foi a
17 anos. Mas se não estiver, espero que saibas que sempre foste o meu maior
retirar lições de tudo o que faço e a abraçar as críticas de forma a melhorar (já
sonho. Peço-te para passares esta carta aos teus irmãos, se eles existirem, mas
que não podia abraçar ninguém). Isto é um bocado irónico, eu sei. Só uma
apenas quando tiverem 17 anos!
pessoa como eu é que diria que aprendeu a encontrar as lições numa pandemia.
O melhor conselho que te posso dar é: faz tudo para seres sempre feliz! No entanto, foi o que fiz. “Então o que aprendeste com as lições?” Perguntas tu
mais uma vez. Para além da lição do papel higiénico, aprendi também, um
Da tua mãe,
bocado tarde tenho que admitir, que as pessoas desiludem. O aspeto positivo é
Cláudia B que aprendi também como lidar com isso (…) Confia na tua família. Eles estão
cá para ti, independentemente do que fizeres, pois é para isso que a família
serve. Outra coisa que podes fazer é teres cuidado em quem confias. Confiança
é algo que se ganha e se merece, não é algo que se dá. (…)
Joana M

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 6


11º CT1 e CT2

Foram mais de dois meses em confinamento. Esperavam-se tempos difíceis e, Querida filha,
sobretudo, de incerteza. Não se podia ir passear com os amigos ou visitar os
(…)
avós e os primos. Tivemos de ficar em casa e continuar com as nossas vidas. Era
como se estivéssemos num filme de ficção científica. Com o passar dos dias, fui Acho que a única que te posso dizer é que foi assustador. Não sei se o que me
- me habituando à ideia de que ia ter aulas online e que aquela seria a situação, assustava era o vírus em si e o medo de ser infetada e infetar as pessoas de
de todos nós, durante uns tempos. Para mim, em primeiro lugar, o mais quem gostava, ou se era o facto de ter de estar confinada em casa, não porque
complicado foi arranjar vontade e energia para não deixar que os meus dias se queria, mas porque era obrigada.
resumissem a séries e ao sofá. Sem dúvida, que termos começado a ter
trabalhos para fazer e um horário a cumprir me ajudou a ser mais produtiva (…)
durante o dia. Em segundo lugar, a quarentena trouxe as saudades e a Parecia que o mundo ia acabar. Mas, como eles e muitos outros, eu também
impossibilidade de irmos visitar, por exemplo, um parente que naquela altura tinha medo. Afinal de contas, era uma rapariga de 16 anos, que antes disto só
precisava de companhia. (…) se importava com futilidades e banalidades.
Apesar de terem sido meses de inquietação, dos quais nunca me vou esquecer, (…)
e de me ter custado, olhando para trás, acho que me fez bem. Consegui ter mais
tempo para mim e para descansar. Mas aquilo que quero que te lembres Eu sabia que era mau, mas não sabia que era tão mau.
Martim, é que o mais importante é não nos deixarmos ir abaixo em situações No total, estive aproximadamente dois meses fechada em casa, com a
destas, temos de nos manter ocupados e distraídos e lembrarmo-nos de que há companhia da tua tia e dos teus avós. O curioso disto foi que durante o
de passar e voltará a ficar tudo bem. distanciamento social nunca me tinha sentido tão próxima da minha irmã.
Acredites ou não, tinha saudades da escola. Aliás, acho que tinha saudades de
ver pessoas e amigos, não necessariamente das aulas. Mas, até isso foi um alívio.
Muitos beijinhos, meu querido. Poder sair de casa. (…)
Da tua avó Margarida S

Leonor M

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 7


11º CT1 e CT2

Do meu ponto de vista, esta situação foi particularmente difícil, uma vez que Vivemos o lema “Fique em casa “ e confiamos na frase “Tudo vai ficar bem “.
toda a minha rotina se alterou completamente. Em primeiro lugar, tive que me Eu estava em Portugal e era estudante do Ensino Secundário e pude, aos 17
adaptar rapidamente a um novo método de ensino, à distância. Este, apesar de anos, viver uma experiência ímpar na minha vida. De um dia para o outro a
possibilitar o rápido contacto entre os alunos e professores, exige muito mais de escola passou a funcionar de um modo remoto.
ambas as partes. Quanto aos alunos, exige imenso poder de concentração,
(…) todos demos as mãos sem tocar-nos! Professores, estudantes, familiares
sendo também essencial uma grande autonomia e organização, de modo a
uniram-se naquele momento crítico e fizemos o nosso melhor. (…)
acompanhar as matérias lecionadas.
Tudo foi dinamizado dentro de casa. Foi quando eu aprendi que podia
Por outro lado, a meu ver foi difícil não poder estar com os meus amigos, tendo
transformar um quarto coletivo num pequeno espaço de ginásio. Foi quando eu
que alterar a forma como vivia as relações. Assim, os encontros semanais foram
reconheci que o sorriso na tela de um computador e telemóvel pode ter o efeito
substituídos por intermináveis trocas de mensagens, videochamadas e festas
de um abraço. Nunca foi tão importante reconhecer e dar valor ao trabalho de
virtuais.
todos os profissionais de todas as áreas. (…)
No meu caso, não poder surfar durante dois meses foi também muito penoso.
Sofia S
Habitualmente, pratico este desporto várias vezes durante a semana, sendo o
que eu mais gosto de fazer e o meu principal escape. Durante a quarentena, não
podendo ir à praia, realizei treinos físicos específicos para os praticantes de surf.

(…)

Durante este período, li alguns livros, assisti a conferências e conversas através


de algumas plataformas. Ainda ocupei o meu tempo, aprendendo novas músicas
no piano e cuidando do meu jardim.

Considero que a pandemia de COVID-19 teve, e terá, um grande impacto na


nossa sociedade e a nível global. Esta situação, por um lado, contribuiu para
acentuar as desigualdades e as injustiças sociais, uma vez que são sempre as
pessoas mais vulneráveis que são mais afetadas pelas grandes crises. (…)
Maria G

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 8


11º CT1 e CT2

Foi tudo tão rápido… comecei por ouvir falar deste “novo vírus” COVID19, Aprendi, também, a valorizar mais os meus amigos e percebi que sem eles a
parecia-me algo muito distante, algo que nunca seria forte o suficiente para vida torna-se aborrecida. Considero que sou uma pessoa que aprecia estar
chegar à Europa, até que, quando dou por mim, a escola fecha, os cafés sozinha, contudo, quando senti na pele o que é realmente estar isolado, percebi
encerrem, e assim, sem mais nem menos, somos obrigados a ficar a importância que os outros têm na nossa vida.
completamente confinados à nossa casa, sem aulas, sem amigos e sem ar puro.
Aquilo que mais me ajudou a ultrapassar este período foi, sem dúvida, a
A princípio, provavelmente por não compreender a magnitude do problema, atividade física. O exercício físico foi essencial para que a minha mente libertasse
ainda consegui encarar esta nova realidade com algum positivismo, “férias todo a frustração que estava a sentir. A prática desportiva contribui imenso para
antecipadas”, pensava eu. a nossa saúde em geral e, no meu caso, foi o fator chave para que este período
parecesse mais fácil.
Até que passados uns dias, e como se as saudades dos nossos amigos e avós não
fossem já suficientes, deparamo-nos com uma nova plataforma escolar, Se algum dia, o mundo viver uma situação semelhante, considero fundamental
totalmente online, em que a melhor parte da escola, o convívio e a intimidade, que todas as pessoas arranjem maneiras de estar ocupadas e encontrem algo
desapareceram por completo, começamos apenas a ser sobrecarregados por que as motive. Ter um horário que nos obriga a cumprir tarefas é algo excelente
trabalhos e obrigações, sem sequer termos a certeza de como seríamos que faz a nossa mente estar ativa e distraída dos problemas que enfrentamos.
avaliados, ainda por cima agora, em que estávamos tão perto da faculdade. Ao longo deste período, mantive sempre um pensamento otimista e acreditei
sempre que o mundo ia vencer esta batalha. Tentei ao máximo motivar e
(…)
contagiar positivamente aqueles que amo e que também foram peças
Apesar de na altura já estar ligeiramente saturada da minha família, consigo importantes para vencer este jogo. (…)
agora perceber, que sem as conversas com as minhas irmãs, sem as aulas de Pedro O
ginástica na sala, ou até mesmo sem as discussões disparatadas à hora do
almoço, teria sido impossível. Com esta nova experiência uma simples ida ao
supermercado, ou apenas um passei com os nossos cães, tornou-se numa
autêntica celebração.

E como se costuma dizer que a experiência é sempre mais forte que a


lembrança, concluo apenas, que foram tempos de autoconhecimento e de
muita saudade, em que nunca um abraço fora tão prestigiado.

(…)
Maria M

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 9


12º CT1

Meu querido Eduardo, Querida Aurora,

(…) (…)

Durante a tua gestação, sonhei com os abraços que te iria dar e com as De um momento para o outro, o governo mandou-nos ficar em casa, as escolas
brincadeiras que iriamos ter. No entanto, quando nasceste vivíamos em plena fecharam, as lojas fecharam, (…) Enquanto estava em casa, comecei a
pandemia. Não me deixaram ir ao hospital, conheci-te por uma fotografia. Eras aperceber-me de que existem coisas tão simples e, ao mesmo tempo, tão
tão pequenino, tão frágil, tão bonito... Eras perfeito. Os meses seguintes foram essenciais nas nossas vidas. Por exemplo: não vi os meus avós durante dois
passados entre videochamadas, vídeos e distância. Foram muito tristes, não meses, nunca tinha passado mais de uma semana sem os ver e nunca tinha
pude ir a tua casa e, quando finalmente estivemos juntos pela primeira vez, tive pensado de como era importante a sua presença; ficar fechada em casa também
medo e mal te toquei. Foi um momento mágico, mas de grande receio. Imagina me mostrou como era importante a nossa liberdade, todos os dias fazia as
se fosses contaminado com o vírus Sars-Cov-2, nunca me iria perdoar. mesmas coisas e o momento mais alto do dia era quando ia despejar o lixo à
rua.
Aprendi muito neste tempo, percebi a importância da família e dos momentos.
Percebi que não precisávamos de estar sempre juntos para nos conhecermos Esta situação abriu-me os olhos para muitas coisas, mesmo quando pudemos
nem para termos bons momentos. Compreendi que o amor não são só abraços, voltar a sair, as coisas não voltaram ao normal, deixei de poder ver os sorrisos
beijinhos e palavras bonitas, é muito mais que isso. É querer o melhor para a dos meus colegas da escola porque estavam sempre com máscara e, mesmo
outra pessoa, mesmo que isso seja difícil para nós. estando de volta às aulas, nunca me tinha sentido tão sozinha, já não os podia
abraçar, não podíamos estar perto uns dos outros e rir das mesmas coisas que
(…)
antes. O normal já não era normal, e aquilo que me salvou destes tempos
Muitos beijinhos, difíceis foi estudar para o exame de Matemática que ia ter, ocupava o meu
tempo de forma a sentir-me útil, e isso fazia sentir-me um pouco melhor.
Sofia
(…)
A pandemia foi muito difícil, a violência doméstica aumentou, deixamos de
poder fazer o que gostávamos, desde as coisas mais simples como ir à escola e
poder estar com quem queríamos, (…)

Mesmo assim, foi esta pandemia que abriu os olhos a todos nós, hoje damos
mais valor ao toque, à presença das pessoas de quem gostamos, ao ambiente e
à higiene. Hoje somos todos pessoas melhores, e é por isso que te digo querida
Aurora, a pandemia foi a melhor e a pior fase da minha vida.
Bruna T

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 10


12º CT1

Muita coisa mudou na minha vida durante aquele tempo. Antes de mais, Tinha grandes planos para 2020. Fiz 18 anos, ganhei dois passes de interrail, (…)
comecei a praticar mais desporto e a ter uma alimentação mais saudável.
Pensei que ia ser um grande ano, um ano muito especial, o meu ano.
Percebi que não era preciso ir ao ginásio ou fazer corridas na rua para conseguir
manter-me em forma, que era possível não sair de casa e mesmo assim fazer (…)
exercício físico regularmente. Em relação às amizades, consegui perceber quem
realmente me procurava, se preocupava comigo e queria saber como eu estava, Tudo parecia estar bem encaminhado. No entanto, as coisas começaram a
e cheguei à conclusão de que esses eram os meus verdadeiros amigos. A nível piorar, fiquei também uma semana sem ir trabalhar, que foi a primeira semana
escolar, entendi melhor a importância dos professores para uma melhor em que declararam estado de emergência, se não me engano. No primeiro dia
aprendizagem, visto que não é fácil aprender algo sozinho em casa. Para além em que fui trabalhar, após essa semana, lembro-me como se fosse hoje. Fiquei
disso, vi a dedicação que tiveram para nunca deixarem mal os seus alunos, pois assustada, com medo. Não pela possibilidade de apanhar o vírus, pois, como as
mesmo não sabendo trabalhar muito com tecnologias e aplicações, deram o seu ruas estavam, a probabilidade de apanhá-lo era mínima. Estava frio, as ruas
melhor e considero isso uma inspiração para mim. Durante este período que estavam desertas, tristes e silenciosas. Estava num autocarro sozinha, para além
permaneci em quarentena, compreendi também que tinha de começar a de mim, só o condutor. Parecia que estava sozinha no mundo, fui a viagem toda
acreditar mais em mim e que todos os meus sonhos e objetivos são atingíveis a olhar pela janela e tudo o que via transbordava de solidão.
se eu me esforçar e tentar superar as minhas dificuldades. Que eu só falhava (…)
alguma coisa se eu parasse de tentar. Aprendi a arriscar mais e a não ter medo Carolina M
das consequências, visto que nunca sabemos o que pode acontecer amanhã, no
mês a seguinte, ou daqui a um ano, que o ideal é aproveitar o momento e
agarrar todas as oportunidades que nos são dadas. O que mais me ajudou a (…)
superar este tempo foi perceber que não estava sozinha. Embora não estivesse
com todas as pessoas que gostava de ter comigo, entendia que não era só eu Foi difícil estar afastado da minha família e da minha rotina, sentia saudades,
que estava a passar por aquilo e que era algo temporário. Além do mais, o especialmente dos meus avós, pois vivia com eles, mas mais que essas saudades
confinamento tinha um propósito que era não só proteger-nos, mas também temia pelo pior que lhes pudesse acontecer. Sentia também saudades de jogar
proteger aqueles de quem mais gostamos, como os avós, pais, amigos e até futebol, era algo que alegrava os meus dias.
mesmo os vizinhos. Foi como um sacrifício que tivemos que fazer para melhorar Nesse tempo, aprendi muito a valorizar a vida e as pessoas. Aprendi que no
a situação em que nos encontrávamos. mesmo instante em que cá estamos, podemos também não estar. Aprendi a ter
Para concluir, o confinamento não foi uma coisa má que nos aconteceu, mas um saudade e a aproveitar cada momento da vida como se fosse o último. No fim,
tempo que me permitiu aprender mais sobre mim, entender quem estava do aprendi a viver.
meu lado, refletir sobre a minha vida e sobre as minhas escolhas e, (…)
principalmente, perceber que certos sacrifícios não são assim tão maus quando Lisboa, 5 de maio de 2050
se trata de alguém de quem gostamos. David P 12º
Bruna L

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 11


12º CT1

Querido sobrinho! Em 2020, o mundo parou, parou para o bem da humanidade que foi ameaçada
por um inimigo invisível que se espalhou pelo mundo. (…)
(…)
Durante o confinamento, que durou dois meses, apenas rodeado por quatro
Em primeiro lugar, não foi tão mau como a minha irmã te diz, sabes ela é mais
paredes era fácil perder a cabeça, contudo, com paciência e determinação, foi
extrovertida que eu. O problema para nós, mais para ela, foi o facto de termos
possível passar estes tempos difíceis. Nunca perdi contacto com os meus amigos
de passar tanto tempo no mesmo sítio. Ser “sedentário” era algo que já fazia,
devido às redes sociais e através do ensino à distância foi possível continuar a
mas a tua mãe estava sempre a sair com os amigos ou com a tua avó (…)
estudar. Surpreendentemente, comecei a fazer mais exercício físico com rotinas
Em retrospetiva, o confinamento para mim não foi muito mais do que, no bem organizadas, consegui arranjar tempo para a saúde e sinto que me ajudou
melhor dos casos, umas férias a meio do ano letivo e, no pior dos casos, uma bastante a controlar a ansiedade descarregando as energias no exercício físico.
perda de tempo. Tentei aprender algumas coisas novas que, apesar do meu (…)
gigantesco esforço, por exemplo aprender neerlandês e Python, não deu em
De um modo geral, sinto que a humanidade se uniu de vez para combater este
muito. Direi então que passei bem o tempo, mesmo que tenho sido
vírus e vejo este acontecimento como um desafio para todos nós. Como alguém
desperdiçado na sua maioria. (…)
disse, “Aos vossos avós foi-lhes pedido para irem à guerra. A vocês pedem-vos
Um grande abraço do tio! para ficar no sofá.” - esta frase resume o confinamento e a vontade de todos
para resolver esta pandemia e o dever cívico de perceber o que está a acontecer
José G
e assim todos respeitarmos as recomendações da Direção Geral de Saúde.
P.S. Estou a escrever-te uma carta para usar a minha antiga caneta de aparo que usava nessa
altura. Manda mensagem quando quiseres! Da próxima respondo dessa forma. Mário P

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 12


12º CT1

Meu querido neto, (…)

não se tratava só de uma doença, as pessoas estavam a perder o amor pela Tive algumas mudanças na minha vida, algumas boas e outras menos boas.
vida, a taxa de desemprego aumentou de uma forma brusca, a vida parecia não Por um lado, empenhei-me mais na realização das tarefas tanto da escola como
ter sentido, mas, como tudo na vida, adaptámo-nos e apendemos a viver. Era de casa. Como a minha mãe não estava em casa, eu tratava de tudo para não
mesmo duro, eu já não sabia o que fazer, a escola já não era escola, passear já lhe dar mais trabalho, não lhe queria por mais peso nas costas. Também
não era passear, as pessoas criticavam-se, humilhavam-se (…). comecei a fazer exercício físico que, surpreendentemente, dava-me energia
para o resto do dia. Por outro lado, distanciei-me de amigos. Não culpo o vírus
Meu querido neto, o que quero dizer é que não podes ter medo, podes viver, por isso. Eu não sou muito ativa nas redes sociais nem por mensagens, uma vez
podes correr, podes sonhar, podes lutar, podes amar, mas tudo com o devido que gosto mais de me comunicar cara a cara ou até mesmo por videochamada.
cuidado. Logo , foi difícil manter algumas amizades.
Um enorme abraço da tua avó Naquele período, descobri que gostava muito de números, de tudo o que
Micaela. estivesse relacionado com matemática e física. Reconheço que ainda tinha de
melhorar em muitos aspetos, era muito distraída e facilmente influenciável por
fatores exteriores, porém, foi devido a isso que quis entrar num curso
relacionado com essas duas disciplinas. E o meu interesse por ler mangas
aumentou, ao ponto de querer desenhar também.

Aquela experiência ensinou-me duas coisas: as pessoas são mais fortes do que
aparentam. Digo isto, usando a minha mãe como referência. Mesmo tendo de
sair de casa tantas vezes para ir trabalhar, ela não se queixava e aguentou de
pés firmes esta pandemia. E também, que o medo une as pessoas, o medo de
as perder.

Não deveria ser assim. O medo não deveria ser a razão de nos sentirmos mais
próximos de alguém, seja um familiar ou um amigo. Por isso, ainda hoje digo às
pessoas que me são próximas o quão importantes são para mim.

Para terminar, viver em confinamento deu-me sensibilidade emocional,


passámos todos pelo mesmo e sabemos o quão difícil foi. O coronavírus, mesmo
tendo trazido tanto sofrimento, permitiu às pessoas que se unissem.
Nilza M

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 13


12º CT1

A princípio, nas primeiras semanas, para ser mais exata, aquela notícia foi a (…)
melhor que já havia recebido desde há muito tempo, afinal de contas, qualquer Essa situação que vivi foi única, deu-me a oportunidade de olhar para o mundo
pessoa com poucas responsabilidades como eu, gostaria de ficar em casa a
de maneira diferente, e fortaleceu laços familiares que pareciam estar
descansar durante um tempo indeterminado, essa ideia soa bem a qualquer um, enfraquecidos. O melhor que se pôde fazer naquela altura, durante aquela
e como sou bastante caseira pude desfrutar ainda mais da situação. situação de confinamento e que me ajudou bastante, foi procurar fazer coisas
Honestamente, passava a maior parte do tempo a dormir, mas andava sempre novas todos os dias, tanto com a família como a nível pessoal, e mesmo distante
colada à televisão para estar atenta à evolução da pandemia, ela tornara -se a
das pessoas, utilizar os diferentes meios de comunicação para me aproximar
minha melhor amiga naquela época. delas.
Sem dúvida, a melhor parte foi estar com a minha família, pude aproximar-me Sara M
mais deles: inventámos brincadeiras, jogámos jogos de tabuleiro, vimos
imensos filmes, foi muito divertido. Quando as coisas começaram a acalmar, até
fizemos caminhadas à volta do bairro, só para esticar as pernas e apanhar ar
fresco. Devo dizer que o meio ambiente deve ter feito uma festa na nossa
ausência, finalmente pôde fazer uma pausa dos maus tratos diários que recebia
de nós, estive constantemente a pensar nisso.

Infelizmente, nem tudo foi um mar de rosas. Houve momentos em que tudo se
tornava aborrecido: ver sempre as mesmas pessoas todos os dias, mesmo que
fosse a família, tornava-se cansativo, não poder sair com amigos frustrava-me,
não poder desfrutar da companhia de primos e tios, foi doloroso, até a vista
maravilhosa que tinha da janela da minha sala sobre a Arroja, Odivelas e Santo
António dos Cavaleiros e da vegetação verde que as cercava, começou a
enfadar-me.

Já sabia dos prejuízos económicos a nível mundial que este nosso amigo nos
trouxera, falaram muitas vezes disso as notícias. Quantas famílias discutiam por
serem forçadas a viver todos os dias e todas as horas com as mesmas pessoas?
Quantos casamentos foram destruídos com isto? Quão aborrecidas estarão as
pessoas neste ponto? Quantas pessoas deixaram de ter que comer porque não
podiam ir trabalhar devido ao encerramento de muitos serviços? Foram estas
perguntas que constantemente fazia e que discutia com as pessoas à minha
volta.

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 14


12º CT1

(…)

Antes da quarentena, eu e os meus amigos queríamos muito que o governo


declarasse que teríamos que ficar em casa, para nós aquilo seriam férias, e na
nossa cabeça era uma oportunidade bem-vinda para estar longe da escola, em
casa, a jogar ou ver filmes no sofá...

No início, foi muito bom descansar, mas depois de um tempo também já


estávamos todos cansados das regras rigorosas da quarentena,
emocionalmente eu parecia uma montanha russa, uns dias estava bem e feliz,
noutros estava abalada e triste. Sentia falta das pessoas, mesmo com a minha
família em casa, sentia falta de outras pessoas, estava farta de estar num
apartamento com a minha família, estava farta deles também, eles que hoje
fazem tanta falta...

(…)

Acho que a escola esperou uns dias para iniciar as aulas online; todos tivemos
dificuldade para nos adaptarmos, alunos e professores; eu não conseguia gerir
bem o tempo, quando me apercebia, o dia tinha passado e eu não tinha feito
nada. Tinha imensos trabalhos e coisas por fazer a acumular, mas por algum
motivo o dia não rendia. Depois habituei-me, coloquei os trabalhos em ordem
e, para a minha surpresa, percebi muito melhor matemática à distância que
presencialmente, eu ficava muito feliz por conseguir finalmente fazer os
exercícios sem ajuda e sem dificuldade, sendo que nem nas aulas isso acontecia.
Outras disciplinas eram mais complicadas de perceber à distância, e outras era
igual, não percebia nem na escola nem em casa.
Rebeca C

CONTA-ME COMO FOI… em 2020 15

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