Вы находитесь на странице: 1из 9

ARTIgO dE REvISÃO

Causas biológicas de depressão em doentes


com Lúpus Eritematoso Sistémico:
um estudo de revisão

Braga J1, Campar A2

ACTA REUMATOL PORT. 2014;39:218-226

AbstRAct Keywords: Autoantibodies; Systemic Lupus Erythema-


tosus; Cytokines; Neurological dysfunction; Inflam-
The high prevalence of depression in patients with sys- mation; Depression
temic lupus erythematosus (SLE) may result from the
psychosocial impact of this chronic disease as well as
from a lesion of the central nervous system (CNS). Re- Resumo
cently, the biological basis of depression in SLE has
been confirmed, under the influence of several factors, A elevada prevalência de depressão em doentes com
which will be reviewed here. Published evidence points lúpus eritematoso sistémico (LES) pode resultar tanto
to the participation of biochemical and neurophysio- do impacto psicossocial desta doença crónica como de
logical changes, induced by cytokines, in the develop- lesão do sistema nervoso central (SNC). Recentemen-
ment of neuropsychiatric symptoms. Through activa- te, a base biológica de depressão no LES tem vindo a ser
tion of the enzyme indoleamine 2,3-dioxygenase confirmada, sob influência de vários factores, que serão
(IDO), the alteration of neurotransmitters’ bioavailabi- revistos neste artigo. A evidência publicada aponta para
lity, the modification of neuroplasticity and neuroge- a participação de alterações bioquímicas e neurofisio-
nesis and the overstimulation of certain neural circuits, lógicas, induzidas por citocinas, no desenvolvimento
cytokines are capable of causing mood swings and de- de sintomas neuropsiquiátricos no LES. Através da acti-
pression. On the other hand, associated with the im- vação da enzima indoleamina 2,3-dioxigenase (IDO),
mune deregulation, the Hypothalamic-Pituitary-Adre- da alteração da biodisponibilidade de neurotransmis-
nal (HPA) axis dysfunction correlates with neurophy- sores, da modificação da neuroplasticidade e neurogé-
siological changes involved in depression. Moreover, nese e da sobrestimulação de determinados neurocir-
cerebro-reactive autoantibodies present in the cere- cuitos, as citocinas são capazes de provocar alterações
brospinal fluid (CSF), such as anti-N-methyl-D-aspar- do humor e depressão. Por outro lado, associada à des-
tate(NMDA) and anti-ribosomal P, can cause significant regulação imune, a disfunção do eixo hipotálamo-hi-
damage to neurons in brain areas which are relevant to pófise-adrenal (HHA) correlaciona-se com alterações
humour and behaviour, potentially leading to depres- neurofisiológicas envolvidas na depressão. Adicional-
sive symptoms. In neuroanatomical terms, brain lesions mente, autoanticorpos cérebro-reactivos presentes no
in areas of the limbic system present in lupus patients, líquido cefalo-raquídeo (LCR), como os anti-(N-metil-
despite their unclear etiology, suggest impairment of -D-aspartato)NMDA e anti-proteína P ribossómica, po-
cerebral achievement in emotional and behavioral func- dem causar lesão de neurónios em áreas cerebrais rele-
tions. In summary, several biological changes are able vantes no humor e comportamento, podendo originar
to cause depression in SLE and their identification is es- sintomas depressivos. Em termos neuroanatómicos, le-
sential to the management of the disease. sões cerebrais de áreas do sistema límbico em doentes
com LES, embora de etiologia não esclarecida, suge-
rem atingimento cerebral com comprometimento de
1. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar
2. Medicina Interna/Centro Hospitalar do Porto – Hospital Santo funções emocionais e comportamentais. Concluindo,
António inúmeras alterações biológicas podem causar depressão

ÓRgÃO OfICIAL dA SOCIEdAdE PORTUgUESA dE REUMATOLOgIA


218
Braga J e col.

no LES, sendo a sua identificação fundamental na cada apenas em caso de doença activa10,13.
abordagem desta patologia. Sintomas depressivos como tristeza, apatia, anedo-
nia, desinteresse, ou alterações de comportamento,
Palavras-chave: Disfunção neurológica; Autoanticor- constituem uma reacção natural a situações de stress ou
pos; Lúpus Eritematoso Sistémico; Depressão; Infla- luto. O diagnóstico de Depressão estabelece-se quan-
mação; Citoquinas do estes sintomas persistem, são infundados, incom-
preensíveis, ou se associam a alterações cognitivas ou
sintomas somáticos14,15. A nível mundial, 6% da popu-
IntRoduÇÃo lação apresenta critérios de diagnóstico para distúrbio
depressivo major ao longo da vida15. Em doentes com
O lúpus eritematoso sistémico (LES) é uma doença LES, a prevalência de depressão é de 11,5% a 47%,
auto-imune multissistémica com manifestações clíni- constituindo o sintoma psiquiátrico mais comum do
cas diversas, dominadas pela inflamação e disfunção LESNP16.
vascular1,2. A sua incidência varia de 2,2 a 5,8 casos Várias evidências sugerem uma base biológica auto-
2,2 a 7,6 casos por 100 000 habitantes por ano, na Eu- imune no desenvolvimento de depressão em doentes
ropa e nos EUA, respectivamente3. Em Portugal, a fre- com LES. A caracterização de causas biológicas de de-
quência das principais manifestações clínicas é seme- pressão permite uma nova visão da patologia depressiva
lhante à relatada noutras populações predominante- nesta população contribuindo para o diagnóstico, opti-
mente caucasianas4. mização da terapêutica e melhoria da qualidade de vida.
O LES tem uma etiologia multifactorial, envolven-
do factores genéticos, imunológicos, hormonais, am- ImpoRtÂncIA dA depRessÃo em doentes
bientais e epidemiológicos. Imunologicamente caracte- com Les
riza-se pela produção de autoanticorpos contra consti- Devido à natureza potencialmente debilitante do LES,
tuintes intracelulares acompanhada de alterações celu- ao predomínio em idades precoces e à imprevisibilida-
lares (nomeadamente células T auxiliares, células B e de da sua evolução, a doença impõe muitas dificulda-
células T reguladoras) e alterações de factores inflama- des a nível psicossocial, podendo comprometer os ob-
tórios, quimiocinas e citocinas5,6. Os anti-dsDNA são jectivos de vida na idade adulta. Sintomas depressivos
os autoanticorpos mais estudados, embora muitos ou- e de ansiedade são frequentes nesta população e po-
tros estejam implicados nas diversas manifestações clí- dem estar associados às limitações físicas ou ao stress de
nicas [anti-nucleossomas, anti-Ro, anti-La, anti-Sm, viver com uma doença crónica17. Contudo, mecanis-
anti-receptor N-metil-D-aspartase (anti-NMDAr), anti- mos biológicos incluindo vasculite por complexos imu-
-fosfolípidicos (APL), entre outros]6,7. nes, anticorpos cérebro-reactivos e efeitos iatrogénicos
O lúpus neuropsiquiátrico (LESNP) corresponde ao da corticoterapia também podem causar sintomas psi-
envolvimento do sistema nervoso central (SNC) e/ou quiátricos18.
periférico (SNP), que afecta 37% a 95% dos adultos A corticoterapia, utilizada no controlo da doença,
com LES e inclui um total de 19 síndromes classifica- pode desencadear sintomas psiquiátricos, estando des-
dos pelo American College of Rheumatology (ACR)8. As critos: alterações de memória, da concentração e da
manifestações variam desde cefaleias a manifestações atenção, hipomania, depressão, irritabilidade, ansie-
altamente debilitantes resultantes de vasculopatia (le- dade, psicose e insónia. O tipo de sintomas, a sua ins-
sões focais), inflamação ou acção de autoanticorpos talação, duração e severidade, são independentes da
com reactividade cerebral (lesões difusas), podendo dose de corticóides, podendo surgir rapidamente após
ocorrer independentemente de outras manifestações exposição a baixas doses de corticóides19,20. A distinção
de actividade clínica ou serológica da doença8-12. O entre estes efeitos laterais e possíveis manifestações
diagnóstico do LESNP, na ausência de biomarcadores neuropsiquiátricas do LESNP assenta na sua relação
ou dados laboratoriais/imagiológicos específicos, ba- temporal com o início da corticoterapia e na sua reso-
seia-se na suspeita clínica e na exclusão de outras cau- lução após interrupção da terapêutica21.
sas dos sintomas neuropsiquiátricos13. O tratamento A depressão como comorbilidade é um factor de mau
do LESNP é muitas vezes empírico com recurso a te- prognóstico, por comprometer a adesão terapêutica,
rapia sintomática (antipsicóticos, antidepressivos ou agravar o impacto da doença e piorar a recuperação ge-
anticonvulsivantes), estando a imunossupressão indi- ral do doente22. Em doentes com LES, a depressão está

ÓRgÃO OfICIAL dA SOCIEdAdE PORTUgUESA dE REUMATOLOgIA


219
causas BiolÓgicas de depressÃo em doentes com lÚpus eritematoso sistÉmico: um estudo de revisÃo

associada a maior fadiga, maior incapacidade física e citocinas podem ter um papel importante no desen-
prejuízo do funcionamento pessoal e familiar, causan- volvimento de sintomas neuropsiquiátricos31-44.
do importante diminuição da qualidade de vida23-26. O comportamento de doença (sickness behavior,
SBh) define-se como o conjunto de alterações do com-
depRessÃo como doenÇA oRgÂnIcA no Les portamento em resposta a infecções agudas e lesões
Para que seja consequência directa de uma condição orgânicas, e caracteriza-se por sintomas de tipo de-
médica, a depressão deve ocorrer após o início da pressivo (letargia, isolamento, astenia, inibição, ano-
doença, na presença dum mecanismo plausível entre rexia, ansiedade e redução da função reprodutora), so-
as duas18. Hua-XinGao e colaboradores, num estudo breponíveis a sintomas de depressão. Contudo, e ao
realizado com ratos lupus-prone MRL/lpr, verificaram contrário desta, no SBh ocorre sensibilização de vias
que sintomas depressivos ocorrem precocemente no imuno-inflamatórias com neurodegeneração progres-
desenvolvimento do LES estando associados a elevação siva – neuroprogressão14,43. Este comportamento ins-
dos títulos de anticorpos anti-dsDNA, anti-NMDAr e tintivo, típico de espécies mamíferas, representa um
anti-cardiolipina27. Adicionalmente, a severidade des- exemplo da relação inflamação-depressão45.
tes sintomas está associada à elevação dos títulos de Outra forte evidência do efeito das citocinas na de-
anticorpos anti-ribossoma P, anti-cardiolipina e anti- pressão é a elevada prevalência de sintomas depressi-
-NMDAr7. Em humanos, os estudos revelam que a de- vos (20 a 50%) em doentes sob terapia crónica com in-
pressão pode ser a primeira manifestação do LES23,26. terferão (IFN)-α31,33,34.
Petri M e colaboradores verificaram ainda que a pre- Em contexto de inflamação, as citocinas acedem ao
valência de depressão em doentes recentemente SNC através de: difusão por espaços abertos na barreira
diagnosticados com LES é semelhante à encontrada hemato-encefálica (BHE), transporte activo por trans-
em coortes com maior tempo de doença28. portadores específicos no epitélio cerebral, activação
Num estudo retrospectivo, doentes com LES depri- de células endoteliais e libertação de segundos men-
midos apresentaram envolvimento do SNC mais fre- sageiros no parênquima cerebral, transmissão de si-
quentemente do que doentes sem depressão29. Adi- nais através de fibras aferentes como o nervo vago ou
cionalmente, Kozora E. e colaboradores, verificaram entrada no parênquima cerebral de monócitos perifé-
que doentes com LESNP têm níveis mais elevados de ricos activados31-33,43. Um substrato neuronal consti-
depressão, fadiga, dor e alterações cognitivas percebi- tuído por neurónios, microglia e astrócitos capazes de
das do que doentes com LES sem envolvimento neu- produzir, expressar e amplificar sinais de citocinas
ropsiquiátrico. Estes resultados sugerem que depres- constitui a base da patofisiologia dos distúrbios neu-
são, disfunções cognitivas e dor em doentes com ropsiquiátricos decorrentes de alterações periféricas32.
LESNP podem representar alterações do SNC23.
A actividade da doença também tem sido correla- cItocInAs e enzImA IndoLeAmInA
cionada com depressão, podendo constituir factor de dIoxIgenAse
risco para o seu desenvolvimento. Esta associação su- A activação da enzima indoleamina 2,3-dioxigenase
gere que alterações neuroquímicas no SNC em fases (IDO), através da degradação do triptofano (TRP), es-
mais activas da doença podem ter impacto no humor, tabelece a ligação entre a activação imune e o sistema
não excluindo no entanto que a sintomatologia de- serotoninérgico44,46. Estimulada por citocinas pró-in-
pressiva possa resultar da sintomatologia intensa e in- flamatórias, a IDO converte TRP em quinurenina
capacidade física que caracterizam os flares16,17,28-30. (KYN), posteriormente convertido em vários compos-
tos, nomeadamente ácido quinurínico (KA), ácido qui-
nolínico (QUIN) e 3-hidroxiquinurenina (3-OH-
potencIAIs mecAnIsmos -KYN)46-48. QUIN e 3-OH-KYN são compostos neuro-
fIsIopAtoLÓgIcos dA depRessÃo no Les tóxicos. O QUIN é um potente agonista dos NMDAr,
cuja sobrestimulação causa dano neuronal, e o 3-OH-
o pApeL dA InfLAmAÇÃo -KYN leva à produção de espécies reactivas de oxigé-
A elevada prevalência de depressão em doentes com nio (ROS). O KA, cuja produção é limitada pela acti-
patologias de base inflamatória motivou o estudo da re- vidade da enzima KYN aminotransferase (KAT), é an-
lação entre citocinas e depressão. Evidências crescen- tagonista dos NMDAr e diminui a sua excitotoxicida-
tes sugerem que alterações bioquímicas induzidas por de. Assim, a toxicidade final de KYN depende do

ÓRgÃO OfICIAL dA SOCIEdAdE PORTUgUESA dE REUMATOLOgIA


220
Braga J e col.

balanço entre QUIN, 3-OH-KYN e KA37,48. O aumen- anterior (dACC), ou área de Brodmann, são duas áreas
to de KYN no líquido cefalo-raquídeo (LCR) está rela- alvo das citocinas. Estudos de neuroimagem com res-
cionado com a depressão32. Evidências da passagem sonância magnética funcional (RMf) e tomografia por
de KYN pela BHE e da sua metabolização no SNC de- emissão de positrões (PET) revelaram alterações de ac-
monstram que a activação periférica da IDO pode cau- tividade neuronal nestas áreas após administração pro-
sar neurotoxicidade48. Adicionalmente, a actividade da longada de IFN-α e de vacinação com Salmonella typhi.
IDO, medida pela diminuição da razão TRP/KYN, está As alterações nos GB estão associadas a diminuição da
correlacionada com o desenvolvimento de sintomas actividade psicomotora e fadiga. O aumento da activi-
depressivos em doentes sob terapia com IFN-α31,48. dade do dACC associa-se a ansiedade, neuroticismo,
humor depressivo, distúrbios obsessivo-compulsivos
cItocInAs e neuRotRAnsmIssoRes e doença bipolar, compatível com a função de sistema
A activação da IDO influencia a síntese de seroto- de alarme desta área31,32,45. O efeito das citocinas nes-
nina através da diminuição do seu substrato, o tes neurocircuitos pode explicar as alterações típicas
TRP31-33,37,43,46. Adicionalmente, a biodisponibilidade do comportamento de doença, bem como algumas pa-
de serotonina diminui pelo aumento do reuptake, via tologias depressivas45.
mitogen-activated protein kinases (MAPK), estimulado A elevação crónica de citocinas associa-se ainda à
por citocinas. Estudos revelaram que a activação da via diminuição de factores tróficos e alteração da neuro-
de sinalização celular do p38 aumenta a expressão de génese em áreas cerebrais associadas ao humor. A re-
transportadores membranares de serotonina, aumen- dução de neurogénese no hipocampo é a alteração tí-
tando a depuração de serotonina extracelular. Con- pica de animais de laboratório expostos a stress cróni-
cluindo, as citocinas exercem uma dupla acção sob o co, na qual a interleucina (IL)-1 e glucocorticóides en-
sistema serotoninérgico: redução da quantidade de dógenos, parecem ter papel determinante32.
substrato para a síntese de serotonina e diminuição da Em suma, é provável que o estado de inflamação
disponibilidade final do neurotransmissor. A depleção crónica que caracteriza o LES tenha influência no com-
de TRP, assim como a redução da biodisponibilidade portamento e no humor destes doentes e que confira
da serotonina, estão associadas a sintomas depressi- uma susceptibilidade aumentada para depressão. Su-
vos31-33. portando esta hipótese, a expressão de citocinas pró-
As citocinas podem ainda influenciar a síntese de -inflamatórias encontra-se alterada em doentes com
dopamina (DA), igualmente implicada na génese da LES e depressão, verificando-se concentrações eleva-
depressão. O principal mecanismo é através da indu- das de IL-1, IL-2, IL-6, factor de necrose tumoral
ção da produção de óxido nítrico (ON) pela microglia. (TNF)-α e IFN-α34,35,48. Além da elevação de citocinas
A síntese de ON requer a utilização de tetrahidro- com comprovada influência na depressão, os doentes
biopterina (BH4), que é também o principal cofactor com LES apresentam frequentemente actividade au-
da enzima tirosina-hidroxilase, essencial na síntese de mentada da IDO49.
DA. O aumento da síntese de ON leva à diminuição de
BH4 disponível e, consequentemente, diminuição da IMPACTO DA DESREGULAÇÃO DO EIXO
síntese de DA. Adicionalmente, tal como para a sero- HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-ADRENAL (HHA)
tonina, a activação de MAPK leva ao aumento do Várias evidências associam activação imune a desre-
reuptake de DA31,32. gulação do eixo HHA44. A elevação crónica de citoci-
Além dos efeitos indirectos pela acção do QUIN, as nas, nomeadamente IL-6 e INF-α, está associada ao
citocinas estimulam a síntese de glutamato pelas célu- achatamento da curva de cortisol e à diminuição da
las da glia e reduzem o seu reuptake pela diminuição sua supressão após teste com dexametasona, altera-
de transportadores. O glutamato em excesso pode ace- ções sugestivas de dessensibilização a glucocorticói-
der aos NMDAr extrasinápticos e causar excitotoxici- des e diminuição do feedback negativo31,32. Esta des-
dade, assim como diminuir a síntese de factores trófi- sensibilização está bem documentada em doentes com
cos, nomeadamente em áreas cerebrais associadas ao depressão e ocorre principalmente por alteração da
humor31,32. síntese e expressão de receptores de corticosteróides
(CR)38-42,50. Estudos com biomarcadores inflamatórios
cItocInAs e ALteRAÇÕes neuRofIsIoLÓgIcAs sugerem que esta alteração pode ser mediada por ci-
Os gânglios da base (GB) e o córtex do giro cingulado tocinas em resposta a stress continuado ou em contex-

ÓRgÃO OfICIAL dA SOCIEdAdE PORTUgUESA dE REUMATOLOgIA


221
causas BiolÓgicas de depressÃo em doentes com lÚpus eritematoso sistÉmico: um estudo de revisÃo

to de inflamação crónica15,31,32,40. -NMDAr, anti-Nedd5 e anti-P, estão ainda correlacio-


Dada a importância dos glucocorticóides endóge- nados com depressão8,53-56,58,59,61-64.
nos na inibição da resposta inflamatória, a sua des- Os NMDAr são canais iónicos dependentes de vol-
sensibilização pode levar a exacerbação e perpetuação tagem com local de ligação para o glutamato. Aquan-
da inflamação32. A resistência a glucocorticóides pode do da despolarização membranar, a ligação de gluta-
ainda determinar a activação crónica da resposta ao mato causa influxo de cálcio, activando sinais intrace-
stress, resultando em atrofia do hipocampo e redução lulares envolvidos no ciclo neuronal, plasticidade e re-
da neurogénese e da plasticidade sináptica15. gulação sináptica. Os NMDAr possuem 3 tipos de
Em doentes com LES, a desregulação do eixo HHA subunidades (NR1, NR2 e NR3A) com diferente dis-
é uma alteração secundária à disfunção do sistema tribuição no SNC. Os neurónios do hipocampo, amí-
imune envolvida na susceptibilidade e progressão da gdala anterior, hipotálamo e cerebelo expressam a
doença6,45,51. Estando associada a depressão, esta altera- maior densidade de NR2, correspondendo a áreas en-
ção neuroendócrina pode conferir maior susceptibili- volvidas na emoção, memória e comportamento53-55.
dade para depressão nestes doentes. Contudo, a avalia- Actualmente, reconhece-se a existência de dois tipos
ção do eixo HHA nesta população é enviesada pela de autoanticorpos anti-NMDAr: anti-DNA com reac-
corticoterapia, o que dificulta a identificação de distúr- tividade cruzada para a subunidade NR2 e anti-NR2
bios do mesmo e possíveis implicações fisiopatológicas. puros54. Ambos parecem ser agonistas dos NMDAr,
com sinergia para o glutamato. O efeito dos anti-
AUTO-ANTICORPOS -NMDAr depende da dose, verificando-se que con-
Embora algumas alterações sejam visíveis no estudo centrações baixas alteram a resposta intracelular e a
de imagem, distúrbios emocionais e comportamentais plasticidade neuronal, enquanto doses altas causam
podem ocorrer sem alterações morfológicas/estrutu- excitotoxicidade e apoptose53-56. Ensaios em ratos com
rais evidentes no SNC, sugerindo a existência de pa- títulos elevados de anti-NMDAr demonstraram que o
tologias difusas, causadas por mediadores inflamató- efeito depende ainda do local de lesão da BHE. A imu-
rios e antoanticorpos27. Existe evidência experimental nização com lipopolissacarídeo bacteriano (LPS), que
da presença de anticorpos anti-neuronais no LCR de altera a permeabilidade da BHE no hipocampo, causa
doentes com LESNP e da sua toxicidade directa sobre alterações de memória. Por outro lado, a administra-
o SNC 8. Ratos NZW88, derivados da estirpe ção repetida de epinefrina, que perturba a BHE ao ní-
NZB/NZWF1, desenvolvem alterações comportamen- vel da amígdala, associa-se a alterações de comporta-
tais antes da instalação de lesão renal, possibilitando o mento53.
seu estudo livre de influências metabólicas sobre o Em doentes com LES, níveis elevados de anti-
SNC. Os NZW88 expressam autoanticorpos específi- -NMDAr no LCR associam-se a depressão e a mani-
cos para diversos antigénios cerebrais e manifestam festações difusas agudas de LESNP incluindo convul-
comportamentos depressivos e ansiosos em fases pre- sões, estado confusional agudo, psicose, cefaleias e
coces de doença, constituindo um modelo animal de doença cerebrovascular, correlacionando-se ainda com
depressão causada por autoanticorpos52. a severidade destes sintomas53-56,58. O papel dos anti-
O conceito de reactividade cerebral subentende três -NMDAr na patogénese de sintomas depressivos é ain-
pressupostos: 1) acesso dos autoanticorpos do soro ao da suportado pela evidência de melhoria destes sinto-
SNC após disrupção da BHE; 2) efeitos distintos dos mas após administração de memantina e quetamina,
mesmos anticorpos consoante a área cerebral atingi- ambos antagonistas de NMDAr53-55,58.
da; 3) disrupção da BHE regional e não difusa53. Os anticorpos anti-P ribossómicos são autoanticor-
Actualmente, conhecem-se diversos autoanticorpos pos específicos para proteínas P ribossómicas (P0, P1,
cérebro-reactivos, correlacionados com o LESNP, no- P2) da subunidade 60S. Estes são detectados em 6% a
meadamente: anti-gangliosídeos, anti-α-tubulina, 36% dos doentes com LES e têm sido associados a ma-
anti-NMDAr, anti-endoteliais incluindo anti-Nedd5, nifestações difusas de LESNP, incluindo alterações
anti-triofosfato (anti-TPI), anti-proteína P ribossómi- cognitivas, psicose e depressão7,8,59,61 embora esta cor-
ca (anti-P), anti-proteína glial acídica fibrilhar (Anti- relação não tenha sido confirmada em todos os estu-
-GFAP), anti-16/6ID (subtipo de anti-DNA) e anti-pro- dos7,9,53,54. Na população portuguesa, por exemplo, não
teína associada a microtúbulos 2 (anti-MAP2) 8,13,52-66. foi demonstrada associação entre estes anticorpos e al-
Destes anticorpos, os anti-gangliosídeos IgM, anti- terações neurológicas prévias, nem valor preditivo da

ÓRgÃO OfICIAL dA SOCIEdAdE PORTUgUESA dE REUMATOLOgIA


222
Braga J e col.

positividade anti-P para o desenvolvimento de sinto- contudo, a origem intratecal ou periférica destes anti-
mas neuropsiquiátricos nos 3 anos seguintes67. Apesar corpos permanece por esclarecer. Vários estímulos po-
desta controvérsia, um possível mecanismo patogéni- dem causar lesão da BHE permitindo a passagem de
co dos anti-P é a sua penetração em células vivas, cau- autoanticorpos para o SNC: trombose microvascular,
sando inibição da síntese proteica, indução da apopto- activação imune do endotélio, infecções, nicotina, ál-
se, produção de citocinas e consequente disfunção e cool, stress, hipertensão, entre outros7,53,54. Encontra-
dano tecidular7. Recentemente, Katzav e colaborado- -se ainda descrita a presença de anti-P na superfície de
res, num estudo experimental com ratos, mostraram células endoteliais, podendo a ligação de anti-P à su-
que a injecção intra-cerebroventricular de anti-P cau- perfície endotelial constituir um mecanismo de entra-
sa comportamentos depressivos e alterações olfactivas. da destes anticorpos no LCR63.
Adicionalmente, a análise imunohistoquímica de cor-
tes cerebrais revelou marcação específica de neurónios ALTERAÇÕES NEUROANATÓMICAS
de áreas do sistema límbico envolvidas na patogénese O trato límbico-cortical-estriatal-palidal-talâmico
de depressão59. No mesmo ano, foi identificado um (TLCEPT) é um circuito neuroanatómico envolvido na
novo alvo dos anti-P: neuronal surface P antigen (NSPA), regulação do humor e comportamento e lesões neste
uma proteína membranar neuronal envolvida na cas- circuito podem potencialmente induzir depressão. Os
cata apoptótica, exclusivamente expressa em neuró- mecanismos de lesão descritos são: atrofia decorrente
nios do neocórtex, hipocampo e amígdala61. Assim, de hipercortisolemia crónica/recorrente; diminuição
anti-P e anti-NSPA podem desencadear apoptose neu- de factores neurotróficos, redução da neurogénese e
ronal em áreas ligadas à cognição, memória e emoção, diminuição do componente glial com aumento da sus-
e causar depressão em doentes com LES7,53,54,59,61. ceptibilidade ao glutamato69. Como referido anterior-
Os anticorpos anti-endoteliais (AECAs) são anticor- mente, todos estes mecanismos podem ser desenca-
pos heterogéneos específicos para diversos antigénios deados pela elevação de citocinas em contexto de stress
endoteliais, detectados no LES e associados a nefrite, ou inflamação.
vasculite e LESNP8,63. Recentemente, os AECAs mos- O estudo imagiológico do SNC de doentes com LES
traram correlação com manifestações psiquiátricas, revela que as áreas cerebrais afectadas incluem regiões
concretamente psicose e perturbações depressivas62,63. do TLCEPT, cuja lesão se correlaciona com o desen-
Recentemente, foi identificada a região C-terminal da volvimento de depressão45. Diversas alterações tem
proteína intracitoplasmática Nedd5, da família das sido reportadas: atrofia cerebral, hiperintensidades da
septinas, como um antigénio específico dos AECAs cor- substância branca (SB), enfartes e hemorragias, altera-
relacionado com aqueles sintomas psiquiátricos64. O ções volumétricas difusas e regionais e distúrbios do
Nedd5 é predominantemente expresso no SNC e pode metabolismo cerebral regional70. Assim, a depressão
tornar-se um autoantigénio aquando da sua alocação no LES poderá ter na sua base alterações neuroanató-
na membrana plasmática de células em apoptose. Os micas. Suportando esta hipótese, Giovancchini e cola-
anti-Nedd5 podem levar à activação de células endote- boradores, através de tomografia computorizada com
liais, aumentando a sua expressão de moléculas de ade- emissão de positrões (SPECT), demonstraram que
são e produção de citocinas63,64. Contudo, o mecanis- doentes com LES e depressão apresentam redução do
mo lesional dos anti-Nedd5 permanece por esclarecer, fluxo sanguíneo cerebral no giro pré-central direito e
podendo estes constituir parte da patogénese de de- giro temporal superior esquerdo, comparativamente
pressão ou apenas um fenómeno associado63. aos doentes com LES não deprimidos18. Paralelamen-
Estudos correlacionais entre a presença de anticor- te, o estudo do volume cerebral e cerebeloso tem de-
pos anti-gangliosídeos (AAG) e manifestações neu- monstrado que a perda de volume é frequente nos pri-
ropsiquiátricas no LES têm revelado resultados con- meiros 4 anos de LESNP sendo independente do uso
traditórios68. Contudo, Aguilera-Pickens e colabora- de corticoterapia em crianças e adolescentes71. Apesar
dores, numa revisão bibliográfica de 2013, referem que do grau de perda de volume cerebral ter sido associa-
AAG IgM foram associados a depressão, enquanto do à presença de autoanticorpos e à duração de doen-
AAG IgG foram associados a cefaleia, demência e neu- ça, a etiologia destas alterações permanece por escla-
ropatia periférica8. recer70.
Em suma, autoanticorpos cérebro-reactivos podem Como referido anteriormente, os anti-NMDAr po-
estar na origem de depressão em doentes com LES, dem causar perda neuronal por apoptose na amígdala

ÓRgÃO OfICIAL dA SOCIEdAdE PORTUgUESA dE REUMATOLOgIA


223
causas BiolÓgicas de depressÃo em doentes com lÚpus eritematoso sistÉmico: um estudo de revisÃo

e no hipocampo9,72. A amígdala está envolvida no pro- tores biológicos na génese da depressão em doentes
cessamento de estímulos emocionais e intervém na com LES. A elevada prevalência de depressão no iní-
modulação do comportamento social e elaboração de cio da doença e a sua associação com a elevação de tí-
respostas sociais apropriadas. Em doentes com LES, a tulos de autoanticorpos e índices de actividade de
disfunção da amígdala pode provocar distúrbios afecti- doença, sugerem que esta possa constituir uma mani-
vos e psicossociais, com disfunção social, podendo ser festação da disfunção imune e não resultar apenas do
responsável por manifestações neuropsiquiátricas en- seu impacto psicossocial. A favor desta hipótese estão
globadas no LESNP.70 Por sua vez, a atrofia do hipo- as alterações dos neurotransmissores, disfunções neu-
campo, frequentemente descrita nestes doentes como rofisiológicas e hormonais e alterações neuroanatómi-
consequência do dano inflamatório no SNC e poten- cas com implicações no desenvolvimento de depres-
ciada pela corticoterapia prolongada, correlaciona-se são, que têm sido demonstradas em doentes com LES.
com a duração da doença, dose total de corticosterói- Estudos em modelos animais de Lúpus têm igualmente
des e história de LESNP73. Contudo, a atrofia hipo- evidenciado uma relação entre a presença de autoan-
campal poderá também resultar da acção dos anti- ticorpos e sintomas depressivo-like.
-NMDAr sobre estes neurónios. Adicionalmente, as co- A identificação de causas biológicas para depressão
nexões excitatórias entre a amígdala e o hipocampo permite avanços significativos no diagnóstico e tera-
possibilitam que a lesão de uma destas estruturas pro- pêutica das manifestações neuropsiquiátricas do LES.
voque disfunção de ambas69. O conhecimento de mecanismos etiológicos, como a
A depressão tem sido associada a lesões isquémicas, acção de autoanticorpos cérebro-reactivos, possibilita
em particular no córtex pré-frontal. O termo depres- o delineamento de estratégias terapêuticas mais efica-
são vascular, sugerido em 1997 pela equipa de zes e específicas. Adicionalmente, a futura identifica-
Krishnan K., refere-se à associação de factores de ris- ção dos antigénios cerebrais elucidará sobre os facto-
co cardiovascular (FRCV) e presença aumentada de hi- res e funções neuronais associados a alterações com-
perintensidades em ponderação T2 (HT2) na RM com portamentais.
sintomas depressivos69. No LES, a presença de anti- A clarificação destes mecanismos etiopatogénicos
corpos APL está associada à ocorrência de fenómenos justifica, por um lado, a eficácia verificada, e por ou-
tromboembólicos, incluindo enfartes cerebrais, estan- tro, a necessidade, da associação de medicação anti-
do estes correlacionados com manifestações neuropsi- -depressiva e anti-psicótica à imunossupressão no âm-
quiátricas focais e alterações cognitivas7,8,9,13,74. Adicio- bito do tratamento das alterações neuropsiquiátricas
nalmente, o LES está associado a aterosclerose acele- do LES, nomeadamente das perturbações do humor.
rada e prematura. Os doentes apresentam frequência Estudos randomizados prospectivos poderão fortalecer
aumentada dos FRCV convencionais sendo o risco real esta evidência empírica.
superior ao calculado pelos critérios de Framingham26. Em suma, apesar dos progressos na detecção das
O estudo retrospectivo das alterações imagiológicas causas biológicas da depressão em doentes com LES,
presentes ao diagnóstico de LESNP revelou hiperin- este permanece ainda um campo de investigação de-
tensidades focais da SB ou SB e SC e hiperintensidades safiador e complexo.
dispersas da SB como achados mais frequentes75. As
coRRespondÊncIA pARA
HT2 focais são indicativas de pequenos enfartes ou
Ana Campar
edema e estão associadas a hipertensão, síndrome anti- Largo Prof. Abel Salazar,
-fosfolipídico e doença valvular cardíaca71,75. Assim, a 4099-001, Porto, Portugal
presença de HT2, FRCV e anticorpos APL sugere que E-mail: anaccampar@hotmail.com
a doença vascular cerebral pode ser uma causa de de-
RefeRÊncIAs
pressão em alguns doentes com LES. Estudos correla- 1. Rahman A, Isenberg DA. Systemic Lupus Erythematosus. N
cionais e etiopatogénicos poderão no futuro confirmar Engl J Med 2008; 358:929-939
esta associação. 2. Yik-Bun Hoi A. Systemic lupus erythematosus - When to con-
sider and management options. Australian Family Physician
2013; 42:696-700
3. O’Neill S, Cervera R. Systemic lupus erythematosus. Best Prac-
concLusÃo tice & Research Clinical Rheumatology 2010; 24:841–855
4. Santos MJ, Capela S, Figueira R et al. Caracterização de uma po-
Inúmeras evidências apontam para a influência de fac- pulação Portuguesa de Doentes com Lupus Eritematoso Sisté-

ÓRgÃO OfICIAL dA SOCIEdAdE PORTUgUESA dE REUMATOLOgIA


224
Braga J e col.

mico. Act Reum Port 2007; 32:153-161 24. Jump RL, Robinson MR, Armstrong AE, Barnes EV, Kilbourn
5. Mak A, Chun Man Ho R, Sing Lau C. Clinical implications of KM, Richards HB. Fatigue in Systemic Lupus Erythematosus:
neuropsychiatric systemic lupus erythematosus. Advances in Contributions of Disease Activity, Pain, Depression, and Per-
Psychiatric treatment 2009; 15:451-458 ceived Social Support. J Rheumatol. 2005 32; 1699-705
6. Mok CC, Lau CS. Pathogenesis of systemic lupus erythemato- 25. Ahn GE, Ramsey-Goldman R. Fatigue in systemic lupus ery-
sus. J Clin Pathol 2003;56:481–490 thematosus. Int J Clin Rheumtol. 2012; 7: 217–227
7. Rekvig OP, Putterman C, Casu C et al. Autoantibodies in lupus: 26. Lateef A, Petri M. Unmet medical needs in systemic lupus eryt-
Culprits or passive bystanders? Autoimmunity Reviews 2012; hematosus. Arthritis Research & Therapy 2012, 14(Suppl 4):S4
11:596–603 27. Gao HX, Campbell SR, Cui MH, et al. Depression is an Early
8. Aguilera-Pickens G, Abud-Mendoza C. Neuropsychiatric Ma- Disease Manifestation in Lupus-Prone MRL/lpr Mice. J Neu-
nifestations in Systemic Lupus Erythematosus:Physiopathoge- roimmunol. 2009; 207: 45–56.
nic and Therapeutic Basis. Reumatol Clin. 2013; (6):331-333 28. Petri M, Naqibuddin M, Carson KA, et al. Depression and Cog-
9. Popescu A, H. Kao A. Neuropsychiatric Systemic Lupus Eryt- nitive Impairment in Newly Diagnosed Systemic Lupus Eryt-
hematosus. Current Neuropharmacology, 2011, 9, 449-457 hematosus. J Rheumatol 2010; 37:2032-2038
10. Bertsias GK, Ioannidis JPA, Aringer M, et al. EULAR recom- 29. Shen B, Tan W, Feng, et al. The Correlations of Disease Activi-
mendations for the management of systemic lupus erythema- ty, Socioeconomic Status, Quality of Life, and Depression/An-
tosus with neuropsychiatric manifestations: report of a task for- xiety in Chinese Patients with Systemic Lupus Erythematosus.
ce of the EULAR standing committee for clinical affairs. Ann Clin Dev Immunol 2013; 2013:270878.
Rheum Dis 2010;69:2074–2082 30. Nery FG, Borba EF, Hatch JP, Soares JC, Bonfá E, Neto FL. Ma-
11. Efthimiou P, Blanco M. Pathogenesis of neuropsychiatric sys- jor depressive disorder and disease activity in systemic lupus
temic lupus erythematosus and potential biomarkers. Mod erythematosus. Comprehensive Psychiatry 2007; 48:14–19
Rheumatol 2009; 19:457–468 31. Miller AH, Maletic V, Raison CL. Inflammation and Its Discon-
12. Kozora E, Arciniegas DB, Filley CM. Cognitive and Neurologic tents: The Role of Cytokines in the Pathophysiology of Major
Status in Patients With Systemic Lupus Erythematosus Without Depression. Biol Psychiatry 2009; 65: 732–741
Major Neuropsychiatric Syndromes. Arthritis Care & Research 32. Capuron L, Miller AH. Immune System to Brain Signaling:
2008; 59:1639-1646 Neuropsychopharmacological Implications. Pharmacol Ther.
13. Fong KY, Thumboo J. Neuropsychiatric lupus: clinical chal- 2011; 130: 226–238
lenges, brain-reactive autoantibodies and treatment strategies. 33. Raison CL, Capuron L, Miller AH. Cytokines sing the blues:
Lupus 2010; 19:1399–1403 inflammation and the pathogenesis of depression. Trends Im-
14. Maes M, Berk M, Goehler L. Depression and sickness behavior munol. 2006; 27: 24–31
are Janus-faced responses to shared inflammatory pathways. 34. Raison CL, Borisov AS, Majer M, et al. Activation of CNS In-
BMC Medicine 2012; 10:66-85 flammatory Pathways by Interferon-alpha: Relationship to Mo-
15. Penninx BWJH, Milaneschi Y, Lamers F, Vogelzangs N. Un- noamines and Depression. Biol Psychiatry. 2009; 65: 296–303
derstanding the somatic consequences of depression: biologi- 35. Rizzo SJS, Neal SK, Hughes Za, et al. Evidence for sustained ele-
cal mechanisms and the role of depression symptom profile. vation of IL-6 in the CNS as a key contributor of depressive-like
BMC Medicine 2013; 11:129-143 phenotypes. Transl Psychiatry (2012) 2, e199
16. Maneeton B, Maneeton N, Louthrenoo W. Prevalence and pre- 36. Fragoso-Loyo H, Richaud-Patin Y, Orozco-Narváez A, et al. In-
dictors of depression in patients with systemic lupus erythe- terleukin-6 and Chemokines in the Neuropsychiatric Manifes-
matosus: a cross-sectional study. Neuropsychiatric Disease and tations of Systemic Lupus Erythematosus. Arthritis & Rheu-
Treatment 2013; 9: 799-804 matism 2007; 56:1242–1250
17. Bachen EA, Chesney MA, Criswell LA. Prevalence of mood and 37. Sublette ME, Postolache TT. Neuroinflammation and Depres-
anxiety disorders in women with systemic lupus erythemato- sion: The Role of Indoleamine 2,3-dioxygenase (IDO) as a Mo-
sus. Arthritis Rheum. 2009; 61: 822–829 lecular Pathway. Psychosom Med. 2012; 74:668-672
18. Giovacchini G, Mosca M, Manca G, et al. Cerebral Blood Flow 38. Anisman H, Hayley S, Turrin N, Merali Z. Cytokines as a stres-
in Depressed Patients with Systemic Lupus Erythematosus. J sor: implications for depressive illness. Int J Neuropsycho-
Rheumatol 2010; 37:1844-1851 pharmacol. 2002; 5:357-373.
19. Ross DA, Cetas JS. Steroid psychosis: a review for neurosur- 39. Ron de Kloet E, Joëls M, Holsboer F. Stress and the brain: from
geons. J Neurooncol 2012; 109:439–447 adaptation to disease. Nat Rev Neurosci. 2005; 6:463-475
20. Warrington TP, Bostwick JM. Psychiatric Adverse Effects of Cor- 40. Kato TA, Hayakawa K, Monji A, Kanba S. Missing and possible
ticosteroids. Mayo Clin Proc. 2006; 81:1361-1367 link between neuroendocrine factors, neuropsychiatric disor-
21. Chau SY, Mok CC. Factors predictive of corticosteroid psy- ders, and microglia. Front Integr Neurosci. 2013; 7:53
chosis in patients with systemic lupus erythematosus. Neuro- 41. Pace TWW, Miller AH. Cytokines and Glucocorticoid Recep-
logy 2003;61:104–107 tor Signaling: Relevance to Major Depression. Ann N Y Acad
22. Testa A, Giannuzzi R, Sollazzo F, Petrongolo L, Bernardini L, Sci. 2009; 1179: 86–105
Daini S. Psychiatric emergencies (part II): psychiatric disorders 42. Silverman MN, Sternberg EM. Glucocorticoid regulation of in-
coexisting with organic disease. Eur Rev Med Pharmacol Sci. flammation and its behavioral and metabolic correlates: from
2013; 17(Suppl1):65-85 HPA axis to glucocorticoid receptor dysfunction. Ann N Y Acad
23. Kozora E, Ellison MC, West S. Depression, Fatigue, and Pain Sci. 2012; 1261:55–63.
in Systemic Lupus Erythematosus (SLE): Relationship to the 43. Loftis JM, Huckans M, Morasco BJ. Neuroimmune mechanisms
American College of Rheumatology SLE Neuropsychological of cytokine-induced depression: Current theories and novel
Battery. Arthritis Rheum. 2006; 55:628-35 treatment strategies. Neurobiol Dis. 2010; 37: 519–533

ÓRgÃO OfICIAL dA SOCIEdAdE PORTUgUESA dE REUMATOLOgIA


225
causas BiolÓgicas de depressÃo em doentes com lÚpus eritematoso sistÉmico: um estudo de revisÃo

44. Sperner-Unterweger B, Kohl C, Fuchs D. Immune changes and autoantibodies from psychiatric lupus target a novel neuronal
neurotransmitters: Possible interactions in depression? Prog surface protein causing calcium influx and apoptosis. JEM
Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry. 2014; 48:268-76 2007; 204:3221-3234
45. Miller AH, Timmie WP. Mechanisms of Cytokine-Induced Be- 62. Conti F, Alessandri C, Bompane D, et al. Autoantibody profile
havioral Changes: Psychoneuroimmunology at the Translatio- in systemic lupus erythematosus with psychiatric manifesta-
nal Interface Norman Cousins Lecture. Brain Behav Immun. tions: a role for anti-endothelial-cell antibodies. Arthritis Res
2009; 23: 149–158 Ther 2004; 6:R366-R372
46. Bertsias G, Ioannidis JPA, Boletis J, et al. EULAR recommen- 63. Valesini G, Alessandri C, Celestino D, Conti F. Anti-Endothe-
dations for the management of systemic lupus erythematosus. lial Antibodies and Neuropsychiatric Systemic Lupus Erythe-
Report of a Task Force of the EULAR Standing Committee for matosus. Ann. N.Y. Acad. Sci. 2006; 1069:118–128
International Clinical Studies Including Therapeutics. Ann 64. Margutti P, Sorice M, Conti F, et al. Screening of an endothelial
Rheum Dis 2008; 67:195–205 cDNA library identifies the C-terminal region of Nedd5 as a
47. Myint AM, Kim YK. Cytokine–serotonin interaction through novel autoantigen in systemic lupus erythematosus with psy-
IDO: a neurodegeneration hypothesis of depression. Medical chiatric manifestations. Arthritis Research & Therapy 2005;
Hypotheses 2003; 61:519–525 7:R896-R903
48. Wichers MC, Koek GH, Robaeys G, Verkerk R, Scharpé S, Maes 65. Shirai T, Fujii H, Ono M, et al. A novel autoantibody against fi-
M. IDO and interferon-a-induced depressive symptoms: a shift bronectin leucinerich transmembrane protein 2 expressed on
in hypothesis from tryptophan depletion to neurotoxicity. Mo- the endothelial cell surface identified by retroviral vector sys-
lecular Psychiatry 2005; 10:538–544. tem in systemic lupus erythematosus. Arthritis Research & The-
49. Pertovaara M, Hasan T, Raitala A. Indoleamine 2,3-dioxygena- rapy 2012; 14:R157
se activity is increased in patients with systemic lupus erythe- 66. Ndhlovu M, Preuß BE, Dengjel J, Stevanovic S, Weiner SM,
matosus and predicts disease activation in the sunny season. Klein R. Identification of a-tubulin as an autoantigen recogni-
Clin Exp Immunol. 2007;150:274-278 zed by sera from patients with neuropsychiatric systemic lupus
50. Marques AH, Silverman MN, Sternberg EM. Glucocorticoid erythematosus. Brain, Behavior, and Immunity 2011; 25:
Dysregulations and Their Clinical Correlates: From Receptors 279–285
to Therapeutics. Ann N Y Acad Sci. 2009; 1179:1–18 67. Carmona-Fernandes D, Santos MJ, Canhão H, Fonseca JE.
51. Härle P, Straub RH, Wiest R, et al. Increase of sympathetic out- Anti-ribosomal P protein IgG autoantibodies in patients with
flow measured by neuropeptide Y and decrease of the hypo- systemic lupus erythematosus: diagnostic performance and cli-
thalamicpituitary-adrenal axis tone in patients with systemic nical profile. BMC Medicine 2013; 11:98.
lupus erythematosus and rheumatoid arthritis: another exam- 68. Labrador-Horrillo M, Martinez-Valle F, Gallardo E, Rojas-Gar-
ple of uncoupling of response systems. Ann Rheum Dis 2006; cia R, Ordi-Ros J, Vilardell M. Anti-ganglioside antibodies in pa-
65:51–56. tients with systemic lupus erythematosus and neurological ma-
52. Lawrence DA, Bolivar VJ, Hudson CA, Mondal TK, Pabello NG. nifestations. Lupus 2012; 21:611–615
Antibody induction of lupus-like neuropsychiatric manifesta- 69. Sheline YI. Neuroimaging Studies of Mood Disorder Effects on
tions. J Neuroimmunol. 2007; 182: 185–194. the Brain. Biol psychiatry 2003; 54:338–352
53. Aranow C, Diamond B, Mackay M. Glutamate Receptor Biolo- 70. Watson P, Storbeck J, Mattis P, Mackay M. Cognitive and Emo-
gy and its Clinical Significance in Neuropsychiatric SLE. Rheum tional Abnormalities in Systemic Lupus Erythematosus: Evi-
Dis Clin North Am. 2010; 36: 187–201 dence for Amygdala Dysfunct. Neuropsychol Rev 2012;
54. Lauvsnes MB, Omdal R. Systemic lupus erythematosus, the 22:252–270
brain, and anti-NR2 antibodies. J Neurol 2012; 259:622–629 71. Muscal E, Traipe E, De Guzman MM, Myones BL, Brey RL,
55. Lapteva L, Nowak M, Yarboro CH, et al. Anti–N-Methyl-D-As- Hunter JV. Cerebral and Cerebellar Volume Loss in Children
partate Receptor Antibodies, Cognitive Dysfunction, and De- and Adolescents with Systemic Lupus Erythematosus: A Re-
pression in Systemic Lupus Erythematosus. Arthritis Rheum. view of Clinically Acquired Brain Magnetic Resonance Imaging.
2006; 54:2505-2514 J Rheumatol 2010; 37:1768-1775
56. Martinez-Martinez P, Molenaar PC, Losen M, et al. Autoanti- 72. Emmer BJ, van der Grond J, Steup-Beekman GM, Huizinga
bodies to neurotransmitter receptors and ion channels: from TWJ, van Buchem MA. Selective Involvement of the Amygda-
neuromuscular to neuropsychiatric disorders. Front Genet. la in Systemic Lupus Erythematosus. PLoS Med. 2006; 3:e499.
2013; 4:181. 73. Appenzeller S, Carnevalle AD, Li LM, Costallat LTL, Cenes F.
57. Kivity S, Katzav A, Arango MT, et al. 16/6-idiotype expressing Hippocampal atrophy in systemic lupus erythematosus. Ann
antibodies induce brain inflammation and cognitive impair- Rheum Dis 2006;65:1585–1589
ment in mice: the mosaic of central nervous system involve- 74. Conti F, Alessandri C, Perricone C, et al. Neurocognitive Dys-
ment in lupus. BMC Medicine 2013; 11:90 function in Systemic Lupus Erythematosus: Association with
58. Lakhan SE, Caro M, Hadzimichalis N. NMDA receptor activi- Antiphospholipid Antibodies, Disease Activity and Chronic Da-
ty in neuropsychiatric disorders. Front Psychiatry. 2013; 4:52. mage. PLoS One. 2012; 7:e33824
59. Katzav A, Solodeev I, Brodsky O, et al. Induction of Autoim- 75. Luyendijk J, Steens SCA, Ouwendijk WJN, et al. Neuropsy-
mune Depression in Mice by Anti–Ribosomal P Antibodies via chiatric Systemic Lupus Erythematosus: Lessons Learned From
the Limbic System Arthritis Rheum. 2007; 56:938-948. Magnetic Resonance Imaging. Arthritis Rheum. 201;63:722-
60. Gono T, Kawaguchi Y, Yamanaka H. Discoveries in the pa- -732.
thophysiology of neuropsychiatric lupus erythematosus: con-
sequences for therapy. BMC Medicine 2013, 11:91
61. Matus S, Burgos PV, Bravo-Zehnder M, et al. Antiribosomal-P

ÓRgÃO OfICIAL dA SOCIEdAdE PORTUgUESA dE REUMATOLOgIA


226

Вам также может понравиться