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"Acompanhamento Terapêutico"?

Afinal,
do quê estamos falando?
Seja a superação de dificuldades cotidianas, atingimento de metas e objetivos, reinserção da pessoa à
sociedade, ou mesmo sua maior autonomia: muitos são os benefícios do trabalho desenvolvido em
torno de Acompanhamento Terapêutico, enquanto proposta conjunta à terapia.

 Acompanhamento Terapêutico - um pouco de história

A ideia central é o compartilhar de realidades, para então a partir delas haver promoções em
perspectiva de vida, pela superação de suas dificuldades, desenvolvimento e melhoria dos resultados.

Sem o conhecimento do dia-a-dia do indivíduo, e de que maneira os obstáculos se colocam à sua frente,
o trabalho de outros profissionais pode se mostrar isolado, parcial, aquém das expectativas no
atingimento dos objetivos.

"Problemas abstratos como infelicidade e falta de objetivo não podem ser modificados com sucesso
por nenhuma forma de tratamento, enquanto permanecem desvinculadas de seus determinantes
experenciais concretos". (Bandura, 1979)

O serviço de acompanhamento terapêutico (AT) é especialmente desenvolvido em casos patológicos


mais severos. Pois ainda que a internação obtenha efeitos positivos à melhoria dos transtornos e
dificuldades envolvidas no cotidiano, ela também prevê uma complexidade que lhe é inerente: a da
distância da realidade causadora dos problemas e obstáculos que levam o indivíduo a determinado
comportamento. 

O que, por vezes, agrava ou abre novos caminhos ao desequilíbrio psíquico.

"O acompanhante terapêutico é solicitado para uma intervenção terapêutica de caráter intensivo,
em grande pare dos casos, nos locais nos quais o cliente vive e atua. Tem como principais objetivos
a reinserção social e o desenvolvimento de repertórios comportamentais necessários para uma
interação mais satisfatória com o ambiente físico e social, por meio de uma aplicação em um
ambiente extra-consultório de estratégias terapêuticas propostas pela equipe". 
(Núcleo Paradigma)

Por fim, a etimologia da palavra "acompanhar" traz em seu significado o "repartir o pão" - do
latim companio, de cum panis, [cum]; com; [panis]; pão. No reestabelecimento do equilíbrio emocional
e conquista da autonomia, as facilitações se mostram muito mais do que o simples "estar junto".

A prática do Acompanhamento Terapêutico se dá quando percebem-se processos isolados na


recuperação e desenvolvimento humano. Aparece como ferramenta importante no alcançar dos
objetivos, à medida em que há a possibilidade de uma relação mais próxima do indivíduo. 

Como o Acompanhamento Terapêutico é


desenvolvido?
O trabalho desenvolvido se mostra um importante mecanismo de transformação. Pensar o ser humano a
partir de perspectivas comportamentais significa explorar a vulnerabilidade, a singularidade. Justifica
senão uma mudança nos tantos paradigmas atuais: altamente dependente por aquilo que o mesmo lhe
fragmenta em seu discurso, abreviado naquilo que lhe cabe entre normatizações cotidianas.  

"A primeira das grandes operações da disciplina é então a constituição de "quadros vivos" que
transformam as multidões confusas, inúteis ou perigosas em multiplicidades organizadas".
(Foucault, 2004)

Uma das características mais fortes do  trabalho desenvolvido é, sem dúvida, o testemunho. E
testemunhar significa fazer a ligação entre o eu e o outro. É suavizar a transição entre os paradigmas,
orientar, por vezes adotar um modelo de identificação ou agente ressocializador, guiando por meio das
inflexões da realidade. O trabalho realizado abrange a observação e intervenção nos diferentes
hipertextos vivenciados pelo paciente. Nesta perspectiva, usa o espaço de relações para efetivar
mudanças na visão de realidade do indivíduo, catalisando a organização mental. 

Sem absorver unilateralmente o que os dispositivos institucionais e clínicos permitem, acompanhar o


sujeito em sua jornada permite esta conjugação por perspectivas modeladas a partir da própria
realidade. 

Ambas as práticas (clínica e acompanhamento) não se excetuam ou concorrem - mas complementam o


desafio de acolher e facilitar processos mentais, ao equilíbrio psíquico. A conexão
entre setting analítico terapêutico e acompanhamento é tão próxima quanto se faz necessária, em
muitos dos casos em que a agudização do sofrimento psíquico atinge saturações no diagnóstico clínico.

“Sendo uma clínica que se faz a céu aberto, aberta aos múltiplos territórios que se intercruzam na
cidade, a experiência suscitada pelo acompanhamento terapêutico desvela a possibilidade de operar
a clínica nesse registro em que a guerra, a conflitualidade, o imprevisto têm lugar. É indiferente se o
espaço da cidade toma aqui a forma de uma rua, uma praça, uma cama ou um quarto, quando se
considera que cada um desses territórios pode revelar-se poderoso à matéria do mundo para além de
suas fronteiras mais ou menos estreitas, e que se habita na perspectiva em aberto, conflitiva, de um
itinerário por vir”.
(Palombini, Belloc e Cabral, 2004).

Compromete o diferencial do AT em acompanhar o indivíduo, e não ser por ele acompanhado. Abre
assim a possibilidade em fazer parte de seu cotidiano, a partir de intervenções disponíveis, um
verdadeiro leque instrumental, diferentes gradações para a tela que se forma a partir da perspectiva do
próprio que se acompanha  - in loco.

“Porque é um dispositivo no qual o cotidiano mesmo da vida citadina, no qual a relação entre
acompanhante e acompanhado encontra-se imersa, convoca ao abandono das certezas próprias a
um sistema fechado, pouco permeável à variabilidade dos jogos de força presentes no território da
cidade, aos sentidos inesperados e inconclusos que emergem do uso de seus objetos, ao traçado
desviante de suas ruas”.
(Palombini, Belloc e Cabral, 2005)

Há uma ressignificação. Uma remodelação de procedimentos, uma reformulação e reposicionamento


de perspectiva de pessoa, enquanto pessoa.

De toda forma, a mudança ocorre a partir do rompimento do aceitável, dos parâmetros da normalidade
real, da verdade. Real e irreal fazem parte do grande conglomerado do pensamento humano.

"Não se pretende que essas vozes confusas sejam preferíveis a outras e exprimam a verdade última.
Para que haja um sentido em escutá-las e em procurar o que querem dizer é suficiente que existam
e se oponham ao que se arma contra elas para as fazer calar (...). É por causa dessas vozes que o
tempo dos homens não toma a forma de uma evolução, mas precisamente a de uma história".
(Foucault, 2004)
Quais os "limites" do desenvolvimento do
AT?
Após ler sobre sobre o Acompanhamento Terapêutico e como este trabalho é desenvolvido, é
importante entender quais os seus horizontes, estabelecer sua parametrização. Pensar o
acompanhamento para exercer finalidades terapêuticas significa estabelecer também as distinções do
AT para com as práticas já tradicionais da Psicologia. 

Enquanto o cenário desta retrata um espaço fechado em consultórios, clínicas e hospitais psiquiátricos,
o acompanhamento não requer a limitação geográfica, mas o contrário - o mesmo se passa em locais
abertos e "volúveis", como a rua, shoppings, parques, e todos os demais que permitam de alguma
forma operar como espaço de diálogos do próprio paciente. 

A avaliação da necessidade de realização do Acompanhamento Terapêutico cabe ao médico psiquiatra,


psicólogo, ou equipe multiprofissional de saúde mental. Entretanto, os acompanhados em geral são
pacientes com dificuldades mais severas, com ou sem histórico de internações psiquiátricas,
independente do diagnóstico e faixa etária.

Mas apesar da prática ser reservada a transtornos mais graves, têm-se demonstrado resultados
importantes no desenvolvimento da sociabilidade, acompanhamento de estudos e superação de
dificuldades comuns em atividades diárias, como refeições, lazer e dirigir, por exemplo. 
Contudo, é sempre importante salientar que é a partir da orientação psicoterápica que o serviço de AT
surtirá efeito, o conjunto das ações (psicoterapia e acompanhamento) é que irá possibilitar a
transformação da realidade do paciente. 

O setting é, por essência, aberto. Apesar da relação próxima entre o acompanhante e o acompanhado,
não se trata de uma amizade, mas de, como o próprio nome já o define, a terapia continuada (no sentido
de expansão) por meio do compartilhamento das vivências cotidianas, seu enriquecimento.

Outra diferença que se faz importante é a proposta ilimitada quanto à sua atuação, não restringindo a
linha teórica a ser seguida, mas a sua flexibilidade, conforme as situações se interpõem. A indicação do
uso terapêutico do acompanhamento traz alguns direcionamentos mais específicos, abrangendo todo o
processo psicológico, em diversos “estágios”, se assim dá para dizer.

Desde os cuidados mais básicos com a higiene, autocontrole emocional e autogerenciamento do dia-a-
dia, entre outras atividades essenciais, a casos em que houve internação psiquiátrica prolongada, em
razão de alguma característica psicopatológica de sofrimento, e que por risco de vulnerabilidade,
necessita de monitoramento. 

Também estão aí inclusas doenças degenerativas e consequentes psicoses, transtornos diversos, e uso
de substâncias psicoativas, dificuldades nas quais a perda de autonomia está presente. Da mesma
forma, o comprometimento na capacidade de relacionamento social em comunidade (devido à
limitações impostas pela classe diagnóstica, no desempenho esperado pela sociedade e cultura), ou a
formação de vínculos familiares a partir da vivência de situações de stress - em que aqueles mais
próximos acabam por perceber um incômodo ou oneração na conexão com o outro - podem vir a
demandar o acompanhamento. 

De toda forma, o Acompanhamento Terapêutico é caracterizado pela complementação ao quadro de


tratamento - especialmente quanto ao uso de suas estratégias, que se dão a partir das práticas estendidas
para fora do consultório. O acompanhamento se dá na intervenção direta nas respostas e consequências
do comportamento adotado, perante seu ambiente natural. 

A consequência, com o tempo, é a modificação de tal comportamento, a partir de novos padrões e


aprendizagens, também no cumprimento do que fora prescrito na terapia.

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