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O CAMINHO DA VIDA CONTEMPLATIVA

Joel Goldsmith
página 228

tradução: Giancarlo Salvagni


2018
O CAMINHO DA VIDA CONTEMPLATIVA

Joel Goldsmith

Este é o último da série de artigos que Joel Goldsmith enviou para The Mountain Path antes de sua
lamentada passagem em junho de 1964. Foi nosso prazer e privilégio publicá-los. Uma boa
quantidade de material ainda permanece inédito, isso nos foi dito pela sua editora Lorraine Sinkler, e é
possível que, através de sua gentileza, ainda publiquemos novos artigos de Joel Goldsmith, como ele
mesmo o desejou.

Desde os primórdios da história registrada, o mundo viveu em turbulência. Nunca houve


uma era de paz na terra, nunca houve época de boa vontade para com os homens. Tal
coisa ainda não foi conhecida na história do mundo.
Ao longo de todos os séculos houve místicos que introduziram no mundo um modo de
vida em que poderia haver paz na terra e boa vontade entre os homens, e houve, em um
número limitado de comunidades, breves períodos de paz e boa vontade. Houve tais
períodos entre os seguidores imediatos de alguns místicos, mas nada disso jamais tocou
o mundo em geral. Em nenhum momento o mundo foi conhecido pela paz ou boa
vontade, e essa é a questão que levantamos: "é possível para o mundo estar em Paz?" É
possível haver boa vontade entre os homens? É possível, nesta era, que homens e
mulheres encontrem uma paz interior, uma alegria interior e um modo de vida que acabe
com a turbulência do mundo - um modo de vida que tornaria possível continuar como
trabalhadores, inventores, homens do governo, homens e mulheres profissionais, e ainda
terem uma liberdade dos afazeres mundanos?
Claro que é possível. Em todas as eras isso foi alcançado por pequenos grupos ou por
comunidades, então é possível sim ser alcançado individualmente. E a menos que seja
alcançado individualmente, nunca poderá ser alcançado pelas massas, pelo mundo.
Portanto, paz e boa vontade devem começar por um indivíduo. O Budismo teve que
começar com Gautama, o Buda, e sua própria experiência fluiu para seus discípulos - e
depois, para além deles, para um círculo mais amplo. O Cristianismo teve que começar
com um indivíduo, Jesus Cristo, e, pelo seu exemplo, atraiu discípulos, apóstolos,
seguidores – que, por sua vez, por seu exemplo, atraíram grande parcela do mundo para
eles. Da mesma forma, houve outros grandes místicos que, por seu exemplo individual e
pela sua demonstração individual do princípio eles ensinaram, foram capazes de atrair
discípulos, apóstolos e seguidores.

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Então é você, pelo seu exame individual e por sua demonstração individual de um modo
de vida, que atrai até você alguns aqui e outros lá, uma dúzia aqui e uma dúzia lá. Em
alguns casos, centenas são atraídos por um indivíduo como você. Ocasionalmente há um
indivíduo que atrai milhares e há alguns que atraem dezenas de milhares por sua
experiência individual.
A vida contemplativa é um modo de vida que traz Paz Interior para o indivíduo, uma
Graça Interior e uma boa medida de liberdade dos pecados, doenças e ansiedades deste
mundo. Ela traz para o indivíduo considerável liberdade de preocupações econômicas, e
uma liberdade do medo de qualquer próxima forma de governo que possa haver. Mas
esse modo de vida, que é tão prático e que se provou na vida de muitos milhares de
indivíduos, não pode ser dado ao mundo como um ensino em massa. Isto não pode ser
dado a um grande número de pessoas. Tem que ser individualmente apresentado,
individualmente ensinado e demonstrado, porque só pelo grau de sua demonstração
individual de harmonia podemos convencer este mundo da correção deste modo de vida.
Existem grandes países cristãos onde a freqüência à igreja é menor que vinte por cento.
Existem grandes nações cristãs na terra onde a freqüência na igreja é menor de doze por
cento. Grandes nações! A razão é esta: não adianta nada pregar aquilo que não está
sendo provado, o que não está sendo demonstrado. Se aqueles que fazem a pregação
não estão provando princípios espirituais em suas vidas diárias, como então esperar que
outros ouçam e compreendam aquilo que está sendo ensinado? Um indivíduo só pode
ensinar aquilo que ele conhece, e isso é ainda mais verdadeiro espiritualmente do que
academicamente. Pode-se conhecer todas as palavras da Verdade e ser incapaz de
ensiná-la, porque, sem uma consciência demonstrável da Verdade espiritual, aquilo que
é transmitido não tem sentido.
O ensino do Caminho Infinito é um modo de vida contemplativo, e a cura espiritual é
apenas uma das "coisas adicionais" que normalmente e naturalmente acompanham a
consciência espiritual. Houve uma época em que havia, em grandes civilizações no
Oriente, bons exemplos de arte e literatura que eram produtos do modo contemplativo de
vida. Essas civilizações surgiram durante a era do modo contemplativo de vida e, quando
esse caminho se separou do que poderia ser chamado de coisas mundanas da vida,
esses países começaram a perder a eficácia de seus ensinamentos e a eficácia da arte,
literatura e ciência em suas vidas. A razão é esta: o modo de vida contemplativo é, na
verdade, um contato com a Fonte da Vida. Para entender isso, você deve perceber que
nada pode acontecer em sua experiência, exceto através de uma atividade da
consciência. O que você não está consciente não está ocorrendo em sua vida. Pode
estar ocorrendo, mas não está ocorrendo em “sua” vida. Se você olhar para este mundo,
independentemente de qual país você observar, você achará difícil acreditar que existe

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um Deus. Há pouca evidência de Deidade na Terra, a menos que você possa elevar seu
olhar acima da vida entre os homens na cena humana. Se você julgar pelo que lê ou pelo
que ouve, será muito difícil acreditar que existe um Deus agindo na Terra - um Deus que
deveria estar cuidando, protegendo e harmoniosamente ordenando os assuntos dos
homens. Mas a tremenda oscilação que se conhece no mundo de hoje e a busca de
soluções para os problemas do mundo testemunham o fato de que existe um Deus. É
algo instintivo; é um sentimento, mas também é um reconhecimento de que o mundo não
encontrou Deus e que Deus não está operando neste mundo.
Se Deus estivesse funcionando na terra, seria verdade que nenhum desses males
chegaria perto de sua morada, mas a história do mundo testemunha em grande parte
que os males estão se aproximando da sua habitação local. Se Deus estivesse
funcionando nesse mundo, certamente seria verdade que "o vosso Pai celestial sabe que
precisais de todas estas coisas" (Mateus 6:32), e "é do agrado de meu Pai dar-vos o
Reino" (Lucas 12:32). Mas aprendemos que pelo menos setenta por cento do mundo
está subnutrido, e eu visitei localidades onde um milhão ou mais de pessoas em uma
área relativamente pequena estavam vivendo com poucos centavos por dia. Aquilo não
pode ser abundância na moeda de ninguém, nem é a Graça de Deus!
Deus “é”, Deus se importa sim, e Deus é Presença e Poder, então a questão que surge
naturalmente é esta: "se é mesmo possível, como posso trazer a Presença e o Poder de
Deus em minha experiência individual?" E se nós deveríamos julgar pela mensagem e
pela missão de Cristo Jesus, nós teríamos que reconhecer que é a Vontade de Deus que
o homem conheça a saúde, porque uma das funções do Mestre foi restabelecer a saúde
de humanidade. Da mesma forma, deve ser da Vontade de Deus que o homem tenha
abundância, porque todo o ensinamento de Jesus Cristo foi um demonstração de
suprimento onde não havia evidência disso. "É do agrado de meu Pai dar-vos o Reino”.
Toda a mensagem e missão do Mestre confirma a verdade de que a saúde, abundância,
perdão e vida eterna representam a Vontade de Deus. Portanto, quando um indivíduo ou
um mundo está sofrendo de pecado, doença, acidente, falta e morte, lá deve
inevitavelmente haver uma ausência de Deus. "Onde está o Espírito do Senhor, há
Liberdade” (Coríntios 3:17). . . “Na tua presença há plenitude de alegria" (Salmos 16:11).
Qualquer ausência de harmonia na experiência individual ou coletiva das pessoas deve
necessariamente representar uma ausência de Deus.
Como Deus é infinito, Deus deve ser Onipresença, toda a presença, presente em todos
os lugares. Não há ausência de Deus e, por isso, somos confrontados com um dilema,
porque a nossa condição mortal atesta a ausência de Deus... Foi aqui que o “Caminho
Infinito” teve seu nascimento na minha consciência, com uma resposta para o problema
de como Deus pode estar presente - e ainda assim harmonia, saúde, segurança,

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proteção, abundância, e paz estarem ausentes. A resposta para este dilema tornou-se o
fundamento deste trabalho, porque me foi revelado que o segredo está na palavra
“Consciência”.
Deus é Onipresença, mas sem uma consciência dessa onipresença, não há Deus
operando em sua vida ou na minha, individual ou coletivamente. Em outras palavras,
deve haver um saber e um perceber consciente da Presença de Deus. A Presença de
Deus por si só não fará isto. O Mestre revelou isso quando disse: "conhecereis a
Verdade, ela vos libertará" (João 8:32). Ele poderia ter dito "a verdade vai libertar vocês",
mas ele sabia isso não era verdade. A Verdade por si só não faz você livre. "Conhecereis
a Verdade, e a Verdade vos libertará": somente aquilo que se torna uma atividade da sua
consciência pode se manifestar, expressar, revelar e demonstrar-se em sua experiência.
"Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti” (Salmos 91:7). Não
chegará perto de sua morada se você estiver habitando no abrigo secreto do Altíssimo -
se você estiver vivendo, se movendo e tendo o seu Ser na Consciência Divina, na
Verdade.
"Nem só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus" (Mateus
4:4). A Palavra de Deus pode sair da boca de Deus para todo este mundo, mas a menos
que você a sintonize por si mesmo, individualmente, isso não terá nenhum valor para
você. A Palavra de Deus tem estado conosco desde antes de Abraão, e a Palavra de
Deus estará conosco até o final do mundo, mas ainda temos guerra, depressão,
assassinato, suicídio, estupro e incêndio criminoso.
Nós temos tudo isso e a Palavra de Deus, mas essas coisas não atuam na experiência
de uma pessoa que recebe a Palavra de Deus dentro de si, em sua consciência interior.
A Palavra de Deus não é ouvida com o ouvido. É ouvida dentro do ser individual, e
ninguém pode falar sobre isso. Deve-se levá-la dentro de nossa própria consciência, e é
por isso que o Mestre ensinou: "se eu não for, o Consolador não virá até vós"(João 16:7).
Ele sabia que dar sermões todos os dias não salvaria a raça humana, caso contrário ele
ainda estaria aqui. Mas não, o que você ouve dos lábios dos místicos e o que você lê em
seus escritos são ferramentas para levar em sua consciência e viver com elas, até que a
própria Palavra expresse a Si Mesma dentro de você.
Todo mundo que já nasceu tem a capacidade de ouvir a voz de Deus, mas a capacidade
está dormente. Se não fosse assim, todos na face do globo estariam vivendo em paz,
harmonia, alegria e plenitude, porque tudo o que é preciso para a plenitude é ouvir a
Palavra de Deus, a capacidade de ser conscientemente Um com a Fonte do seu Ser.
Você logo descobrirá que todo o segredo da vida harmoniosa é o caminho contemplativo
da vida que nos foi dado pelo Mestre: "Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em

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mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não
estiver em mim, será lançado fora, como o ramo, e secará” (João 15:5,6).
Não é preciso muita imaginação para visualizar em sua mente: olhe um ramo que foi
cortado do tronco de uma árvore. Você quase pode vê-lo dançando rua abaixo
alegremente, como se tivesse muito por agradecer. Mas quando você olha mais
atentamente, você deve dizer a si mesmo: "Oh, pobre ramo. Se ao menos você soubesse
disso, você está consumindo uma porção dessa vida dentro de você a cada passo que
você dá, e mais alguns blocos e você vai cair. Você vai murchar e morrer, porque você
está usando a própria vida, que está em você, e não há renovação dessa vida. Como um
ramo separado, não há nenhuma alimentação que possa mantê-lo vivo além do tempo de
consumir a substância que está em você". Mas agora vamos enxertar aquele ramo de
volta no tronco da árvore e vamos olhar para baixo através do tronco para as raízes, e
depois olhar para o solo através das raízes e observar como algo chamado comida ou
energia está sendo atraído pelas raízes, transmutado, enviado pelo tronco, através dos
ramos - até que finalmente nós temos brotos verdes, flores, botões e, finalmente, frutos.
Aqui vemos todo o segredo do décimo quinto capítulo de João, porque nós agora
sabemos que o ramo em si não pode ter fruto. O ramo é apenas o lugar onde a árvore
sustenta a fruta.
Se você observar a árvore com cuidado, você descobrirá que isso é verdade: por trás da
comida ou energia que vai para as raízes, deve haver algo invisível que faz a árvore
atrair da terra justamente as qualidades que essa árvore particular requer. Não tem nada
a ver com as qualidades que a árvore próxima necessita, mas apenas as qualidades que
essa árvore em particular atrai. Em outras palavras, deve haver uma Inteligência invisível
operando em e através da árvore, que atrai para a árvore o que lhe é próprio, e deve
estar operando no solo, para enviar comida para as raízes; deve estar operando nas
raízes para transmutá-lo em seiva; deve estar operando no transporte da seiva para
dentro do tronco e para dentro dos ramos, e novamente ser transmutado de seiva para
folhas, brotos, flores e frutas. Você então começar a perceber a natureza da Verdade
Espiritual.
Há Algo invisível que preenche todo o espaço. Há Algo invisível que envia uma semente
para a visibilidade. Imagine por um momento uma semente recém plantada e então
observe como a semente se abre, cria raízes e depois surge como uma pequena
explosão. Lembre-se que nada estava acontecendo enquanto a semente estava na
palma de sua mão. Mas no momento em que foi colocada em seu elemento de direito,
Algo começou a operar em, sobre e através dessa semente, e finalmente a transformou
em uma sequóia, uma laranjeira ou um coqueiro. Você então vê o segredo da atividade
de Deus. É algo invisível que não pode ser definido, analisado ou explicado, e aqueles

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que buscam explicações ou definições estão perdendo seu tempo em acrobacias
mentais, porque é uma impossibilidade para a mente do homem compreender a natureza
deste Infinito Invisível. Nós conhecemos apenas os efeitos que testemunhamos. Nós
nunca vemos a atividade do Invisível, exceto por seus frutos, por seus resultados, por
seus efeitos.
Nós agora temos Deus como um Infinito Invisível, como Onipresença, como Onipotência,
como Onisciência, como Inteligência Infinita e Divino Amor. Isso é o máximo que
podemos saber de sua natureza, e nós só conhecemos sua natureza pelos efeitos.
Sabendo que existe este Invisível, conhecendo sua natureza e seu poder, e sabendo que
está mais perto do que respirar e mais perto do que mãos e pés, nosso próximo passo é:
"vós conhecereis". O que você sabe conscientemente é o que pode acontecer em sua
experiência. "Aquele que semeia na carne, da carne ceifará a corrupção; mas que
semeia ano Espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gálatas 8:8). Por quê? Porque
você demonstra aquilo que você conhece, e o que faz parte de sua consciência é o que
você traz em expressão.
É neste ponto que surge esta questão: "então eu sou responsável pelos males e erros de
toda a minha vida?" Você é responsável num sentido - ignorância. Através da ignorância
desta verdade, você se tornou uma antena para as crenças do mundo. Assim sendo, se o
mundo diz que você deve pegar gripe por causa do tempo, alguns de vocês pegam
mesmo. Como cada crença humana universal é como se voasse pelo ar, nós, por causa
da nossa ignorância da verdade, tornamo-nos vítimas de qualquer crença universal que
possa ser. É por esta razão que nos foi dito: "conhecereis a Verdade. . . Você deve
escolher nesse dia a quem você vai servir. . . Se você semear na carne você vai colher a
corrupção, se você semear no Espírito, você colherá a vida eterna". A ação está com
você, e a cada dia você é chamado para fazer uma escolha, se a sua vida deve ser
governada por crenças universais ou pela atividade do Espírito infinito e invisível que já
está "mais perto de você do que sua respiração, mais perto do que suas mãos e pés".
Existem muitas razões pelas quais o segredo dos ensinamentos de Jesus foram
mantidos ocultos do mundo, mas o tempo passou, e não devem ser mantidos em
segredo por mais tempo. Quando você lê na Escritura: “Antes de Abraão, Eu Sou” (João
8:58). . . “Eu nunca te deixarei, nem te desampararei” (Hebreus 13:5)... “Eu estou sempre
contigo até o final dos tempos” (Mateus 28:20), você está no direito de saber o que isso
significa e qual sua aplicação em sua vida individual. Como herdeiro de Deus, você tem o
direito de conhecer toda e completa Verdade de Deus, que é: "EU SOU no meio de ti. EU
SOU contigo, e Eu estarei contigo até o final do mundo". Agora estamos falando deste
Infinito Invisível que denominamos Deus -que você pode chamar por qualquer nome que
gostar.

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Deus está no meio de você. Pode ser que o conceito particular de Deus que você tenha
adotado seja um conceito errôneo, mas não muda em nada o fato de que Deus estar no
meio de você.
Esta verdade tem sido um segredo por séculos: há apenas Um Deus. Cada igreja, cada
religião, cada filosofia acreditou existir um só Deus - e que só eles o encontraram. Vamos
deixar isso bem claro: nunca alguém vai trazer a atividade de Deus em sua experiência
individual se ele acreditar que há um Deus judeu, um Deus budista, um protestante, um
católico ou um vedanta. Você nunca entenderá Deus ou conhecerá a Deus até chegar a
uma percepção consciente e real da verdade de que há apenas um Deus, e não faz
diferença em que igreja você entre ou permaneça fora. Ainda há um Deus, e está dentro
de você. Está com você se você subir ao céu, está com você se você fizer sua cama no
inferno, e está com você se você andar pelo vale da sombra da morte. Mesmo se você
for a mulher adúltera ou o ladrão na cruz, Deus está com você, e está mais perto do que
seu respirar - e agirá no momento do seu reconhecimento Dele. Foi seu reconhecimento
da Presença do Cristo que trouxe o perdão à mulher tomada em adultério, e foi o
reconhecimento da Presença de Deus pelo ladrão na cruz que lhe permitiu estar com o
Mestre no paraíso na mesma noite. No momento do seu reconhecimento do Único Deus,
apesar de seus pecados escarlates, você fica branco como a neve.
Nós chegamos agora à revelação do Mestre: “a ninguém na terra chameis vosso pai,
porque um só é o vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 23:9). Não faz diferença se
você é judeu ou gentio, com ou sem religião, com ou sem igreja, você tem o mesmo Pai
que todo mundo tem! Existe um só Pai, e você não tem que ir para montanhas sagradas
ou a templos sagrados para encontrá-lo. “Nem dirão: ei-lo aqui ou ei-lo ali; porque eis que
o Reino de Deus está entre vós” (Lucas 17:21). Seja qual for o seu estado de ser -
pureza ou pecado, riqueza ou pobreza, saúde ou doença - ainda assim há apenas Um
Pai, Um Deus, aquela invisível e infinita Onipresença, Onipotência, Onisciência. E você
não pode influenciar Deus!
Nenhuma das orações que já foram formadas, escritas, impressas ou proclamadas
poderão mover a Deus. Todas as orações proferidas em todo o mundo não influenciarão
a Deus para atrasar ou adiantar o sol em uma hora, ou para estabelecer a paz na Terra
amanhã. Você vai descobrir como é impossível influenciar, mover ou afetar Deus de
qualquer maneira, e isso é uma boa notícia. Você não pode impedir que Deus seja Deus.
Deus “é”! “EU nunca te deixarei, nem te abandonarei”, nunca ! Jamais ! “Se subires ao
céu ou se fizeres tua cama no inferno, eu nunca te deixarei”. A beleza do modo de vida
contemplativo é esta: você não tem que tentar influenciar Deus. É suficiente receber a
Graça de Deus. É o suficiente poder relaxar e reconhecer: Deus “é”!

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Desejo de todo o coração que todos na face do globo sejam inspirados a trazer uma cura
espiritual, porque isso mudaria a história do mundo. Uma coisa estranha acontece com a
cura espiritual. Você descobre que qualquer um que a peça tem resposta, seja ele branco
ou negro, judeu, protestante, católico ou vedanta, e sem ter que ir à igreja e sem ter que
rezar ou ler um certo número de páginas em um livro. Qualquer um que deseje cura
espiritual a recebe, e você então começa a perceber que Deus não faz diferença entre
pessoas, religiões ou igrejas.
Ao seguir um caminho contemplativo de vida, você vai começar a entender por que é
inevitável que todo pecado, seja de ação ou omissão, traz uma punição. Não tem nada a
ver com Deus, porque Deus é “puro demais para contemplar iniqüidade”. A punição tem a
ver com a lei de causa e efeito, lei cármica. Em outras palavras, o que você colocou em
movimento volta para você. Se você semear na carne, você colhe corrupção; se você
semear no Espírito, você colhe a vida eterna. Você faz isso, não é Deus! Deus não tem
nada a ver com punição, então você não tem que temer um Deus que pune neste mundo
ou no outro mundo. Tudo o que você tem que se preocupar é que você não esteja pondo
em movimento hoje algum pensamento ou coisa que vai reagir contra você amanhã,
porque enquanto você está vivendo a vida humana, você está colocando em movimento
a lei de causa e efeito. Quando, no entanto, o Espírito de Deus habita em você, você
perde a capacidade de ser bom ou ruim. Aqueles que foram tocados pelo Espírito de
Deus nunca mais poderão ser bons ou maus. Eles não têm capacidade própria. Eles não
têm capacidade de fazer ou de ser, eles têm apenas a capacidade de mostrar a Glória de
Deus. Eles agora são meros instrumentos, externalizações do Invisível que os está
governando.
No modo contemplativo da vida, você começa sabendo conscientemente a verdade; e
diariamente você toma uma decisão. Ao acordar de manhã, antes de sair da cama, você
define a cena para o dia inteiro: “este dia é um mensageiro de Deus, e este dia traz a
Graça de Deus à minha experiência, a Lei de Deus, a Vida de Deus, a Presença de Deus
e o Poder de Deus. Eu escolho neste dia a quem eu vou servir. Meu coração, minha
alma, minha mente estão plenos com a percepção consciente da Presença de Deus. Eu
me entrego a Deus. Eu ouço a Voz pequena e silenciosa que pode me guiar e conduzir”.
Você então está conhecendo a Verdade, você está escolhendo e semeando para o
Espírito. Ao longo do dia, você tira breves dois minutos, três ou cinco minutos, para
lembrar: "este dia é um mensageiro de Deus, pois este dia traz a Presença e o Poder de
Deus em minha experiência. Este dia é revelador da Glória de Deus. Os céus declaram a
Glória de Deus e a terra mostra a obra das Suas mãos. A Graça de Deus está sendo
revelada em minha experiência em cada momento de cada dia”.

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Este é o começo da vida contemplativa. Conforme você progride, a forma da
contemplação toma uma direção diferente. Em vez de declarações e afirmações, o
próximo passo é o de se tornar um espectador. Você agora acorda de manhã e é quase
como se você estivesse pisando um centímetro atrás de si mesmo, para olhar por cima
do seu próprio ombro e dizer: “durante todo este dia eu serei um observador de Deus
trabalhando. Eu não vou tentar influenciar para que Deus faça algo por mim. Eu vou
meramente contemplar aquilo que Deus está fazendo”. Isso pode ser comparado a
contemplar o nascer do sol ou o pôr do sol. Você não pode atuar no modo como
acontecem, você tem que se colocar à parte, para realmente observar a Graça de Deus
em ação. Em outras palavras, você não pode participar do que está acontecendo, você
pode apenas contemplar a Graça de Deus em ação - não apenas em sua experiência,
mas no mundo.
E assim é que a vida contemplativa vai de um passo a outro, um experimento a outro, até
que o estágio final seja alcançado. Nesta fase, o observador e o que é visto tornam-se
Um. Não há mais Deus e eu. De fato, não há mais um "eu". Esse estágio foi revelado por
Paulo: "vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20). Há uma Presença
que vai adiante de mim para endireitar os caminhos tortos. Há uma Presença sempre
comigo como proteção, segurança, paz e harmonia. Na etapa final, é revelado que o
próprio Eu do meu Ser é uma confirmação do que o Mestre ensinou: "Eu nunca te
deixarei, nem te abandonarei", e então esse verdadeiro Eu no centro do meu Ser revela-
se como o Eu que EU SOU, o Eu que nunca vai me deixar, o Eu que vai antes do “eu”, o
Eu que é o pão, a carne, o vinho e a água da vida, a própria Presença, que é o Ser
Espiritual EU SOU.
O que a vida contemplativa faz é enxertar o ramo da árvore de volta para o tronco, para
que o ramo não mais sustente os frutos por si mesmo. O ramo não tem mais uma vida
própria, porque não é mais um ramo – ele faz parte da árvore. Quando você olha para
uma árvore, você não diz "oh! Você é um ramo". Você olha para uma árvore e diz: "você
é uma árvore", e essa é a revelação final. Você então percebe que você é a própria Vida
que anima seu ser, a própria sabedoria, inteligência e amor. E é por isso que está "mais
perto do que a sua respiração".
Uma vez que você é conscientemente Um com Deus, você não está mais vivendo sua
própria vida. Seu vida está sendo vivida por você, em você, através de você, pela própria
Vida. A Vida é sua vida, a Vida infinita, a Vida imortal, a Vida eterna. É por isso que
"conhecê-lo corretamente" (Deus) é a Vida eterna. Agora você entende que Deus é o
Invisível que está operando no chão, no galho, no tronco, o Invisível que está operando
sobre a semente e tornando-se uma árvore, o Invisível que opera sobre uma semente e
produz outra vida humana. E uma vez que você sabe que a Vida invisível é a sua vida,

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que o Invisível é o seu próprio e verdadeiro Ser, a presença,a força, a sabedoria, a
inteligência e o amor, você então é conscientemente Um com Ele, e Ele pode Se realizar
em sua experiência. Imagine por um momento o que aconteceria em sua experiência se
você pudesse aceitar essa verdade: "não chameis a ninguém de Pai sobre a terra: pois
um só é o vosso Pai, que está no céu" (Mateus 23:9). Pense no que isso faria em seu
relacionamento com os outros. Pense no que aconteceria se você realmente
reconhecesse que você e eu somos irmãos e irmãs. Ciúme, inveja, malícia, luxúria,
ganância e medo desapareceriam. Como irmãos e irmãs, o que devemos temer? Na
família espiritual, Deus é o Pai e nós somos herdeiros, então não precisamos de nada um
do outro. Pense o que significaria se você pudesse aceitar plenamente o princípio
espiritual de que existe apenas um Pai, que é a Fonte universal de seu suprimento, sua
vida, seu amor, sua proteção - e que você nunca mais teria que procurar outra pessoa,
exceto para compartilhar, como as famílias fazem. Considere o seu efeito do mundo
testemunhar um grupo aqui e um grupo lá, realmente vivendo em amor por causa do
reconhecimento de que existe só Um Pai, Uma Fonte.
Conforme meditamos na contemplação de tais verdades e nos encontramos em sintonia
com nossa Fonte, recebemos inspiração que manifesta-se em nossos negócios, nossa
arte ou nossa profissão - ideias que, com a nossa própria educação ou sabedoria, não
poderíamos ter sonhado - poderes e força que nós mesmos não somos capazes. Nós
realmente nos entregamos para uma Fonte infinita, que é realmente o objetivo final da
modo contemplativo de vida. É a vida vivida não mais como um ramo separado, mas
como um ramo de uma árvore, fazendo parte do Todo e atraindo tudo do centro do seu
próprio Ser, através de uma atividade invisível e infinita do Bem.
Pode haver tantas religiões na terra assim como há tantas igrejas, e ainda assim nós
poderíamos todos viver em paz na terra e com boa vontade entre os homens, uma vez
que houvesse o reconhecimento de que há somente Um Pai, que é seu Pai e meu Pai - e
que tudo isso não é para ser encontrado nos livros, cerimônias ou ritos das igrejas - mas
em você mesmo. Isto está dentro de você, onde quer que você esteja, quando e como
você esteja, seja qual for a sua condição atual. Nós podemos então adorar dentro de
uma igreja, fora de uma igreja ou, melhor ainda, podemos até adorar na igreja uns dos
outros!

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Artigo publicado no periódico “The Mountain Path”, do ashram de Ramana
Maharshi, em outubro de 1965.

tradução: Giancarlo Salvagni, 2018


reikibahia@gmail.com

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