Estudo e Simulação de um Filtro Ativo de

Potência para a correção de Distorções

Harmônicas
Gabriel Rodrigues , Matheus Alves , Carlos Alberto

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Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar o somar esta harmônica com a fundamental, irá gerar uma
funcionamento de um filtro de potência para a correção de onda distorcida em relação a fundamental.
distorções harmônicas. Para a correção de distorções harmônicas
pode-se utilizar tanto um filtro de potência ativo ou um filtro de A figura 1 apresenta um exemplo de distorção
potência passivo, onde o filtro ativo de potência ou FAP pode ser
uma das seguintes categorias : série, paralelo, universal e hibrido,
harmônica de tensão, ocasionada pela 3º e 5º harmônica.
onde neste trabalho terá uma ênfase maior ao filtro ativo de
potência ativo em paralelo e a apresentação da simulação do
funcionamento deste filtro. O filtro tem o intuito de melhorar a
qualidade da energia elétrica eliminando as harmônicas que
podem estar presentes no sistema e causando falhas na operação
de equipamento/condutores e até danificando-os.

Palavras-chave: Filtro Ativo de Potência, Filtro Ativo de Potência

Paralelo, Qualidade de energia elétrica.

I. INTRODUÇÃO

O Atual estilo de vida da nossa sociedade requer cada

vez mais uma energia de qualidade devido o avanço
tecnológico que ocorreu ao decorrer dos anos e os que
estão por vim, podendo levar a perturbações na rede
elétrica causando problemas tanto para as concessionárias
de energia elétrica, quanto para os próprios consumidores.
Dentre estes distúrbios se encontram as distorções
harmônicas da rede elétrica.

As distorções harmônicas são fenômenos associados a

deformação nas formas de onda das tensões e correntes
em relação à onda fundamental, sendo que no Brasil é
uma onda senoidal de 60 Hz (ANEEL, Prodist Módulo 8,
2018). Assim quando há a presença de harmônicos, eles
somam-se a onda fundamental e distorcem o sinal
senoidal, por exemplo o terceiro harmônico será um sinal
com frequência igual a três vezes à frequência
fundamental, ou seja, uma onda com frequência de 180
Hz e uma onda de 300 Hz para a quinta harmônica. Ao se
Figura 1- Fundamental, 3º e 5º harmônico e forma de onda resultante. Fonte:
MELO Priscilla Facco (2010, p. 20)
Há diversas formas para corrigir tais perturbações
elétricas, sendo elas os filtros passivos, ativos e híbridos.
Segundo Ribeiro, os filtros ativos têm sido o ponto focal
de diversos trabalhos técnicos por ser uma solução
ajustável e dinâmica, além de eliminar a poluição
harmônica dos sistemas elétricos.

Gabriel Rodrigues Ferreira Barbosa, Pontifícia Universidade Católica de

Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil, Gabriel-r.f@hotmail.com.
Matheus Alves Dias de Carvalho, Pontifícia Universidade Católica de
Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil, matheusadc@live.com
Carlos Alberto Vasconcelos Bezerra, Pontifícia Universidade Católica de
Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil, cavb64@gmail.com
 Os filtros ativos são equipamentos que utilizam
conversores eletrônicos para compensar harmônicos de
corrente e/ou tensão originados de cargas não lineares e
evitar que os mesmos causem problemas em cargas
sensíveis (AFONSO; SILVA; MARTINS, 2001).
II. PROBLEMAS
O fenômeno de distorções harmônicas possui a
capacidade de impactar em diversas áreas como o
funcionamento de equipamentos eletrônicos, aumento de
perdas em condutores, sistemas de comunicação,
motores, transformadores e o fator de potência.
Atualmente muitos equipamentos utilizam a forma da
onda de tensão ou de corrente para a execução de uma
determinada função e esta operação pode ser inviabilizada
por causa das distorções.
Em condutores de forma geral, há o aumento de perdas
devido ao efeito pelicular, que nada é que a concentração
de frequência elevadas na camada externa do condutor
(PROCEL, 2006, p. 550), assim aumentando a
resistividade do condutor e como consequência o
aumento de suas perdas por efeito joule. Além do efeito
pelicular, também pode ocorrer o efeito de proximidade,
onde há o aumento de resistividade devido a distorção dos
campos magnéticos que os cabos adjacentes causam
(PROCEL, 2006, p. 550).
Nos sistemas de comunicação, as harmônicas podem
causar interferência, como ruídos nos sistemas de
telefonia e transmissão de dados (PIRES, 2006). Este
efeito ocorre devido ao acoplamento nas frequências
harmônicas pois o circuito de telefonia e o sistema
elétrico estarem próximos. De acordo com Arrillaga e
Watson (2003, p. 35), a interferência pode causar desde a
perda de informações até a inutilização do sistema. A
Figura 2 ilustra o acoplamento causado por uma linha de
distribuição aérea por indução.
Figura 2 - Acoplamento indutivo do sistema elétrico para o sistema telefônico.
Fonte: Dugan et al (2002, p 217).
Em máquinas rotativas, uma onda com distorção
harmônica pode causar o sobreaquecimento do motor,
causando a diminuição da vida útil do equipamento, além
de influenciar a rotação do motor, já que cada harmônica
possui uma sequência positiva ou negativa e assim
possuindo uma influência em uma direção a favor,
provocando sobrecorrente nos enrolamentos, ou contrária
a rotação, causando a perda de rendimento e também o
aquecimento. Klingshirn e Jordan apresenta a influência
de cada harmônica em motores monofásicos (tabela 2.1),
indicando a harmônica e a influência que ela causa sobre
a rotação do campo girante.
Tabela 2.1 – Direção de rotação dos em motores
monofásicos em relação ao girante.
Ordem Harmônica Direção
3 Contra
5 A favor
7 Contra
9 A favor
11 Contra
13 A favor
15 Contra
17 A favor
19 Contra
Fonte: KlINGSHIRN, E. A., JORDAN, N.E., Polyphase
Induction Motor Performance and Losses on
Nonsinusoidal Voltage Sources, IEEE Transactions on
Power Apparatus and Systems, vol. PAS-87, nº 3, março,
1968.
Nos transformadores, assim como nas máquinas
rotativas, as distorções harmônicas contribuem para que a
vida útil do equipamento diminua, devido o aumento de
temperatura. A IEEE (“Institute of Electrical and
Eletronics Engineers”), possuem a norma IEEE
C57.12.00-2000, onde é proposto um limite para as
correntes Harmônicas em transformadores, onde o limite
máximo para a corrente harmônica é de 5% para o fator
de distorção na corrente nominal e que o transformador
deve suportar sobretensões de 5% com carga nominal e
10% sem carga.
Segundo Delaiba (DELAIBA A.C. et ali, 1995), onde
ele apresenta um estudo do efeito das harmônicas e a vida
útil dos transformadores, ele relaciona o aumento de
temperatura do transformador com a vida útil do mesmo
e constatou que com tensões harmônicas normalmente
encontradas em sistemas de distribuição (<5%), a vida útil
do transformador não será afetada. Já para as correntes
harmônicas foi encontrado um valor de 30% de distorção
na corrente nominal, extrapolando o valor recomendado
pelo IEEE, assim diminuindo a vida útil do equipamento
em aproximadamente 50%.

As distorções harmônicas podem influenciar

diretamente o fator de potência da carga. Atualmente o
método no domínio da frequência proposto por Budeanu
para o cálculo de potência é o mais aceito segundo
Marafão (2004, p. 19), onde o método de Czarneki na qual
possui algumas alterações no cálculo de potência não
ativa distorcida sendo o método mais aceito atualmente
pelo IEEE e pelo IEC (International Electrotechnical
Commission) em 2010. Sendo assim quando há a presença
de harmônicas há o conceito de potência não ativa de Figura 3 - Princíio de Funcionamento de um Filtro Ativo de Potência.
distorção, conhecida como potência distorcida. A Fonte: Dirk Linkede, (2003, p. 2)
potência distorcida é composta por diversas tensões e
correntes harmônicas de ordens diferentes. Assim um
banco de capacitores onde normalmente é utilizado para IV. CONTROLE DO FILTRO ATIVO PARALELO
a correção de fator de potência poderá não ser o suficiente
para entrar no padrão estabelecido pelo órgão regulador A principal variável para o controle do filtro ativo em
nacional e somente o filtro auxiliará na solução deste paralelo é a corrente elétrica da rede. A corrente senoidal
problema, já que o mesmo eliminará as distorções de referência gerada em uma malha de controle da tensão
harmônicas presentes. do barramento do filtro ativo. O sinal de erro resultante
passa por um controlador de tensão e o sinal de saída deste
III. O FILTRO
controlador é multiplicado por uma amostra da tensão da
Os filtros ativos são equipamentos conectados com a rede, assim gerando a corrente de referência da senoide.
rede elétrica com o objetivo de eliminar as distorções da
tensão da rede e compensar as harmônicas de corrente
exigidas pela carga. Existem diversas maneiras de acoplar
o filtro na rede elétrica, a forma que ele é acoplado que
denomina o filtro e elas são:

 Paralelo: Utilizado para corrigir distorções

harmônicas da corrente devido a cargas não
lineares. Este filtro é acoplado em paralelo com
a carga e a rede, onde ela irá drenar ou injetar
corrente, conforme a Figura 3.
 Série: Utilizado para compensar a tensão da
rede, assim isolando a carga de perturbações.
 Universal: É a combinação entre o filtro ativo
paralelo e o de série, permitindo que cargas
sensíveis podem operar em instalações Figura 4 – Filtro ativo controlado através do sensoriamento da corrente
elétrica. Fonte: Dirk Linkede, (2003, p. 2).
“poluídas” e com um alto fator de potência.
 Híbrido: É a combinação do filtro ativo com o Com a corrente de referência gerada é comparada com
filtro passivo, são utilizados para compensar a corrente da rede. O sinal de erro gerada após a
harmônicas presentes na corrente elétrica. comparação irá passar por uma malha de corrente com
controle por histerese ou com controle por valores médios
instantâneos, assim gerando os sinais de comando para as
chaves.
 V. TOPOLOGIA
Em filtros ativos monofásicos as topologias mais
comuns dos inversores de frequências são os inversores
de tensão em meia ponte e ponte completa, onde cada um
apresenta sua vantagem e desvantagem.
O inversor de tensão em meia ponte ao se comparar
com o inversos de ponte completa, apresentará duas
chaves a menos do que a de ponte completa, mas a tensão
do barramento CC deverá ser o dobro da tensão ao se
comparar com o inversor de ponte completa (EMADI;
NASIRI; BEKIAROV, 2005,p 212) e assim apresentam o
maior perda e terem que suportar um nível de tensão
maior.
Em relação a modulação, o inversor de meia ponte,
permite apenas a modulação em dois níveis, o que leva a
uma maior ondulação da corrente ao sair do conversor e
assim necessitando de um indutor de acoplamento maior.
Vab apresentará a mesma tensão do capacitor, mas com
sinal negativo e nas combinações S1e S3, S2 e S4 Vab
possuirá um valor nulo.
VII.SIMULAÇÃO
Para as simulações dos experimentos foi utilizado
software PSIM, utilizando os seguintes modelos de carga:
 Carga Retificadora Capacitiva.
 Carga Retificadora Resistiva e Indutiva com
retificador.
 Carga Resistiva e indutiva.
Nas figuras a seguir é demonstrado o funcionamento do
filtro para cada carga supracitada. Em cada uma delas é
apresentado a onda de referência apresentada pela rede e
a distorção gerada pela carga, a onda gerada pelo filtro
para que seja realizada a correção e a correção executada
pelo filtro, respectivamente.

O inversor de ponte completa apresenta quatro chaves

semicondutoras e permite a modulação de três níveis e
apresenta um melhor controle da tensão no barramento
em vez de um inversor meia ponte pois o inversor de meia
ponte é preciso controlar a tensão em cada um dos
capacitores.

VI.MODULAÇÃO

Neste trabalho é realizado a modulação senoidal PWM

(Pulse Weight Modulation) unipolar de três níveis, onde Figura 6 – Distorção da correte com uma carga capacitiva com retificação
em ponte completa.
quanto maior o número de níveis da tensão entre os
terminais ab menor será a indutância de acoplamento,
mas a complexidade de controle também aumenta,
conforme apresentado na Figura 5.

Figura 7 - Onda gerada pelo filtro para a correção da deformação

Figura 5 - Esquema de Chaveamento Unipolar. Fonte: Dirk Linkede, (2003,

p.51)

Os pares de chaves (S1, S4) e (S2, S3) são

complementares quando uma chave do par está fechada a
outra estará aberta. Quando as chaves S1 e S4 estiverem
conduzindo a tensão Vab será igual a tensão do capacitor,
quando as chaves S2 e S3 estiverem conduzindo a tensão
 Figura 8 - Onda corregida pelo filtro com retificador. Figura 12 - Deslocamento da onda com carga RL

Figura 13 - Onda gerada para a correção do deslocamento

Figura 9 - Distorção da onda com carga RL com retificador.

Figura 14 - Onda corregida pelo filtro com a carga RL

Figura 10 - Onda gerada pelo filtro para a correção da deformação com uma
carga RL com retificador. VIII.MONTAGEM

Os experimentos para testes e simulações foram

realizados no Laboratório 005, do Bloco G da Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) área 3, onde
foram desenvolvidas placas de circuito impresso, com o
intuito de montar o filtro ativo de potência e eliminar as
distorções harmônicas presentes nas cargas escolhidas
para os experimentos.

O desenvolvimento do hardware do filtro ativo foi

dividido em etapas, sendo elas:
Figura 11 - Onda corregida pelo filtro na carga RL com retificador
 Placa do Inversor.
 Placa do Driver dos MOSFET
 Banco de Capacitores.
 Placa do Indutor.
  Sensores de Tensão e Corrente.

Durante o desenvolvimento dos experimentos foi

utilizado o SIMULINK da ferramenta computacional
MATLAB e a plataforma de prototipagem Arduino para
realizar toda a comunicação do chaveamento e geração do
sinal PWM (Pulse Weight Modulation). Na primeira etapa
do trabalho foi projetado a placa em circuito impresso,
Figura 15, onde se encontram as etapas de chaveamento
dos Transistores MOSFET, modelo 20N60, este projeto
foi realizado no software PROTEUS. Na Figura 16 se
encontra o esquema de montagem.
Figura 17- Placa de circuito impresso do Driver.

Figura 15- Placa de Circuito Impresso do Inversor.

Figura 18- Diagrama Esquemático do Driver.

Figura 16- Diagrama elétrico dos inversores.

Na segunda etapa, Figura 17, é apresentado a placa

para o driver juntamente com o diagrama esquemático,
Figura 18, sendo utilizado o modelo CI IR2110. Este
circuito é responsável por realizar o acionamento dos
interruptores em ponte, onde haverá a geração do sinal Figura 19- PWM das chaves S2 e S4.
digital PWM, Figura 19.
Para a geração do PWM foi utilizado uma biblioteca da
ferramenta SIMULINK, com esse pacote é possível
realizar a comunicação do hardware de prototipagem
Arduino UNO e gerar a onda de referência. Após a
geração deste sinal há a conversão um sinal PWM, na qual
é responsável por controlar o chaveamento dos MOSFET
em uma frequência 30 kHz, Figura 20.

Figura 20- Modulação PWM de 3 níveis pelo Simulink.
Para a terceira etapa do projeto, foi utilizado um
conjunto de capacitores em paralelo, Figura 21,
totalizando 2000 µF, estes capacitores são responsáveis
por garantir uma menor ondulação de tensão CC durante
os transitórios do filtro.
Figura 21- Capacitores
A quarta etapa do projeto consistiu no desenvolvimento
do indutor de acoplamento de 750µF, baseado no trabalho
do Lindeke Dirk, mas devido ao núcleo de ferro
magnético utilizado e o indutor serem diferentes, além de
ter sido construído de forma manufaturada, foi alcançado
um indutor de 1,013 mH, com um total de 27 espiras. O
cálculo para determinar o número de espiras no indutor se
encontra na equação 1. Este elemento tem como objetivo
fornecer energia reativa para de o filtro ativo de potência,
Figura 22.
𝐿𝑜 ∗ 𝐼𝑙𝑜 ∗ 104
𝑁=
𝐵 ∗ 𝐴𝑒
750 ∗ 10−6 ∗ 24 ∗ 18 ∗ 104
𝑁= (1.1)
0,35 ∗ 19
𝑁 = 27 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠 (1.2)
Figura 22- Indutor de acoplamento
Na quinta etapa é utilizado um sensor hall para corrente
alternada, este sensor é responsável por amostrar a
corrente drenada da rede, usando-a como referência para
que o filtro faça as devidas correções.
VIII.CONCLUSÃO
Este trabalho de conclusão de curso teve como intuído
demonstrar os efeitos que ondas harmônicas podem gerar
e como contornar tal problema com o filtro ativo de
potência com controle digital através do Arduino. Devido
a problemas com o CI escolhido não foi possível finalizar
a bancada de experimentos, pois este componente se
apresentou ser complexo de se trabalhar e muito sensível
aos chaveamentos. Para trabalhos futuros, sugerimos que
seja utilizado o Circuito Integrado IR2130, onde será
utilizado um componente para cada chave, assim evitando
que o componente se danifique devido a sua isolação,
além de ser mais maleável ao se controlar o tempo morto
de um chaveamento para outro.
(1)
 IX.REFERÊNCIA

AFONSO, João L.; SILVA, Henrique J.R. da; MARTINS, Júlio S. Active
Filters for Power Quality improvement. IEEE Power Tech’2001. Porto,
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