Вы находитесь на странице: 1из 23

Autonomia municipal, poder local e

participação popular
Carolinne Nhoato dos Santos*
Claridê Chitolina Taffarel**

Resumo
Introdução
O presente artigo versa sobre a au-
tonomia municipal, poder local e parti- Diante das mazelas que os mu-
cipação popular no contexto em que o
município é reconhecido como ente que nicípios enfrentam dentro do pacto
compõe a federação brasileira, o qual federativo, precisamos entender o lu-
tem a missão de trabalhar em prol do gar ocupado por esses, o que é o poder
interesse local. Para que o interesse lo- local e a forma de participação demo-
cal seja efetivamente compreendido e
realizado é necessário o fortalecimento crática dos cidadãos.
do poder local, dando-lhe a chance de Diante da autonomia e das com-
participação na produção e na realiza- petências incumbidas aos municípios,
ção das políticas públicas. Para tal, é precisamos entender a importância
necessário que se fortaleçam mecanis-
mos de chamada da população à parti- do poder local, bem como a perfecti-
cipação. A participação popular, então, bilização do interesse local por meio
insurge como uma nova forma de poder,
a qual visa o bem da comunidade, não *
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
somente na decisão de políticas públicas Direito (PPGDireito) na linha de pesquisa Ju-
viáveis, mas também na concretização e risdição Constitucional e Democracia na Uni-
versidade de Passo Fundo – (UPF). Bolsista
fiscalização dessas, sendo esse um futu- integral do Prosup/Capes. Graduada em Direi-
ro a galgar na democracia brasileira. to pela Universidade de Passo Fundo (UPF).
E-mail: carolinnenhoato@gmail.com
Palavras-chave: Autonomia municipal. **
Professora na Universidade de Passo Fundo
Democracia participativa. Participação (UPF). Mestre  em Direito pela Universida-
de de Santa Cruz do Sul (Unisc). Mestre em
popular. Poder local. Direito da Autarquias Locais pela Universi-
dade do Minho (Portugal). Advogada. E-mail:
claridetaffarel@hotmail.com
→→ http://dx.doi.org/10.5335/rjd.v27i2.4673

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

275
da participação democrática dos cida- Diferentemente de todos os de-
dãos, reafirmando-os como cidadãos, mais países, o município, em nossa
praticando a verdadeira cidadania e a nação, ganha status de ente federado,1
democratização do poder público pela com competências e autonomia pró-
participação, delimitando-se o propos- pria,2 podendo os prefeitos dirigirem à
to no fortalecimento do poder local e a Presidência seus requerimentos, não
possibilidade de aproximação entre a estando subordinados somente aos
comunidade e a gestão pública. governadores dos estados. Observare-
A partir do entendimento do muni- mos que a autonomia que foi dada ao
cípio como ente federado, analisaremos município, pela Constituição, permite
o que é essa autonomia auferida consti- que esse legisle acerca de seu interes-
tucionalmente, bem como o poder local, se local, bem como auto-organize-se,
com suas características e abrangên- governe e decida acerca da aplicação
cias, terminando pela análise do inte- dos tributos não vinculados.
resse local, pela forma de resolução de A autonomia é fundamental para
problemas com a utilização da partici- definir o município, que o consagra
pação popular no desenvolvimento e na como ente federativo, logo, incumbiu-
aplicação de políticas públicas. -lhe às questões relacionadas ao inte-
Destarte, apresentadas as possi- resse local,3 a fim de tornar o espaço
bilidades que emergem do poder lo- municipal um local de discussões de-
cal, por meio da participação popular, mocráticas e de ações das competên-
como afirmação da efetiva democracia. cias conferidas, com a finalidade de
fomentar a qualidade de vida da po-
A autonomia municipal pulação e uma educação democrática.
Apesar de o federalismo norte-
conferida pela CF/1988 -americano ser o grande inspirador do
Em nosso país, a caminhada rumo federalismo brasileiro, nosso modelo
à democracia foi calcada por diversas difere-se ao incluir o município, pois
reviravoltas históricas, com períodos “há um contraste profundo entre a
ditatoriais e centralistas do poder. simétrica organização municipal bra-
Diante disso, em 1988, na Assembleia sileira, irredutivelmente dual e a plu-
Constituinte, promulga-se a Cons- ralidade organizatória da estrutura
tituição Federal atual, considerada local norte-americana”.4
uma das mais democráticas do mun- Nessa forma, descentralizadora
do, porém no papel é uma situação, e de poder, o município veio a ser inves-
na prática é outra. tido de autonomia, a qual é diferente

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

276
de soberania, pois como bem leciona estados-membros e aos municípios
Meirelles5 o interesse local, ao Distrito Federal
Soberania é o poder exclusivo e abso- cabe o acúmulo das competências es-
luto do Estado (Nação) de se organizar taduais e municipais. Tais interesses
e se dirigir de acordo com sua vontade
incoercível e incontrastável, sancionada
são reflexivos, uma vez que todos são
pela força. É o poder de autodetermina- partes integrantes da Federação, pois
ção. A Soberania Nacional nos Estados o interesse de um, também é interesse
Democráticos emana do povo e em seu
nome é exercida (CF, art. 1º, I, e pará- do outro.6
grafo único) Para compreensão da competên-
[...] cia de cada ente e da autonomia muni-
Autonomia é prerrogativa política ou-
torgada pela Constituição e entidades
cipal deve-se sopesar os artigos 1º, 18,
estatais internas (Estados-membros, Dis- 23, 24, 29, 29A, 30, 39, 144, § 8º, 156,
trito Federal e Municípios) para compor 165, 182, 198 e 221, de nossa Consti-
seu governo e prover sua administração
segundo o ordenamento jurídico vigente tuição, que dispõe sobre o município
(CF, art. 18). É a administração própria na Federação.7
daquilo que lhe é próprio. Daí por que a Os artigos supracitados sugerem
Constituição assegura a autonomia do
Município pela composição de seu gover- a análise da cooperação entre os entes
no e pela administração própria no que da federação, bem como a descentra-
concerne ao seu interesse local (art. 30, I).
lização do poder quando abrange, em
Portanto, a soberania é da Nação, relação ao município
ou seja, da junção dos estados, dos [...] a) organizar e prestar, diretamente
municípios e do Distrito Federal, sen- ou sob regime de concessão ou permis-
são, os serviços de interesse local, inclu-
do exercida interna, quando outorga ído transporte coletivo, que tem caráter
ao município a autonomia, e externa, essencial; b) manter e prestar, com a co-
operação técnica e financeira da União
em relações internacionais. A autono-
e dos estados, os programas de Educa-
mia, por sua vez, é quando os estados- ção Infantil e de Ensino Fundamental;
-membros, os municípios e o Distrito c) prestar os serviços de atendimento
à saúde; d) promover, no que couber,
Federal podem reger aquilo que lhes é adequado ordenamento territorial, me-
próprio e outorgado por lei, pois a Na- diante planejamento e controle do uso,
ção soberana é a outorgante. do parcelamento e da ocupação do solo
urbano; e) promover a proteção do pa-
Ainda, devemos ter em mente que trimônio histórico-cultural local. Muito
os entes federados são constituídos de mais numerosas são as responsabili-
competência, conforme a predominân- dades compartilhadas com os âmbitos
federal e estadual de governo, que in-
cia de interesse, ou seja, cabe à União cluem: a) cuidar da saúde e assistência
os assuntos de interesse de toda a pública, da proteção e garantia das pes-
soas portadoras de deficiência; b) pro-
Federação, o interesse regional aos

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

277
teger os documentos, as obras e outros de aspectos e da vida do município
bens de valor histórico, artístico e cultu-
devem estar sobre a gerência e a fis-
ral, os monumentos, as paisagens natu-
rais notáveis e os sítios arqueológicos; c) calização desse, ainda mais em uma
proporcionar os meios de acesso à cultu- sociedade globalizada, a cada dia com
ra, à educação e à ciência; d) proteger o
meio ambiente e combater a poluição em novas tecnologias e formas de facilitar
qualquer de suas formas; e) preservar as e incrementar a vida do cidadão.
florestas, a fauna e a flora; f) fomentar Porém, não é de hoje que se fala
a produção agropecuária e organizar o
abastecimento alimentar; g) promover em autonomia, pois os gregos uniram
programas de construção de moradias a lei e a autonomia para defenderem
e melhoria das condições habitacionais;
e deixarem independente a polis, tam-
h) promover programas de saneamento
básico; i) combater as causas da pobre- bém, os romanos no direito privado,
za e os fatores de marginalização, pro- previam a vontade objetiva e a auto-
movendo a integração social dos setores
desfavorecidos; j) registrar, acompanhar
determinação dos indivíduos, o que se
e fiscalizar as concessões de direitos de transpôs ao direito público no século
pesquisa e exploração de recursos hídri- XVIII.10
cos e minerais em seus territórios; e l)
estabelecer e implantar política de edu- Complementando as capacidades
cação para a segurança do trânsito.8 citadas, Silva11 afirma que ainda se
encontram
Diante disso, podemos nos ater-
[...] autonomia política (capacidade de
mos à prerrogativa intangível do mu-
auto-organização e de autogoverno), a
nicípio, a autonomia que lhe é assegu- autonomia normativa (capacidade de
rada, dividindo-se em: fazer leis próprias sobre matéria de sua
competência), a autonomia administra-
[...] a) poder de auto-organização (elabo- tiva (administração própria e organi-
ração de lei orgânica própria); b) poder zação de serviços locais) e a autonomia
de autogoverno, pela eletividade do Pre- financeira (capacidade de decretação de
feito, do vice-prefeito e dos vereadores; seus tributos e aplicação de suas rendas,
c) poder normativo próprio, ou de auto que uma característica de autoadminis-
legislação, mediante a elaboração de leis tração).
municipais na área de sua competência
exclusiva e suplementar; d) poder de au- Diante dos enumerados interes-
toadministração: administração própria
para criar, manter e prestar os serviços
ses locais, que na realidade, continua-
de interesse local, bem como legislar so- mente aumentam frente às mudanças
bre seus tributos e aplicar suas rendas.9 e necessidades diárias, a autonomia
Tal divisão não é estanque, pois personificada na Constituição de
não é delimitado o que é interesse lo- 1988 alcança patamar que nas cons-
cal, uma vez que cabe ao município tituições anteriores nunca fora vista,
regulá-lo. Quando falamos disso, es- ou seja, a dignidade federativa, sendo
tamos dizendo que a maioria possível assim inovador o artigo 18,12 vindo o

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

278
município a formar, junto do Distrito Foi assegurada a eleição do prefeito e
da câmara, com exceção dos prefeitos
Federal, uma terceira esfera, deixan- das capitais (dispositivo esse posterior-
do o federalismo de ser dual, apenas mente revogado) e de áreas estratégicas
estados e União. Já, o artigo 29,13 vem para a segurança nacional.
a institucionalizar este novo modelo e A autonomia municipal foi alcançada
em princípio constitucional básico. A
o artigo 30,14 discrimina a matéria de única possibilidade de intervenção legal
competência deste, sendo que a com- do Estado nos municípios foi, assim, es-
tabelecida em seu art. 23.
binação dos três artigos é a pedra fun-
Art. 23 – Os Estados não intervirão nos
damental da autonomia municipal.15 Municípios senão para lhes regularizar
Para Bonavides,16 usando das pa- as finanças quando:
lavras de Jellinek, nenhuma nação que I - se verificar impontualidade no servi-
adota o federalismo chegou tão perto ço de empréstimo garantido pelo Estado;
II – deixarem de pagar, por dois anos
dos ideais liberais dos séculos XVIII e
consecutivos, a sua dívida fundada.
XIX, do pouvoir municipal, pois [...]
Na literatura de todos os povos moder- Ampliaram-se nessa época, os poderes
nos sempre retorna a ideia de que a de tributação local e foi estabelecido um
comunidade é a formação natural, é ori- sistema de partilha de impostos (partici-
ginária, precede o Estado e não foi por pação do município em tributos federais
este criada. Tem, em rigor, sua derradei- e estaduais), sendo este último, talvez, o
ra origem nas explicações de Aristóteles seu aspecto mais inovador.
acerca do desenvolvimento histórico dos
[...]
Estados, que fazem o Estado resultar da
união de muitas povoações. Mais uma vez, contudo, o legislador
optou por tratar os municípios como se
Porém, não é de hoje que no Brasil fossem iguais, sem levar em conta as
diferenças de capacidade para desempe-
se busca o fortalecimento da autono- nharem os poderes a ele atribuídos. [...]
mia municipal, pois na Constituição possibilitou o aprofundamento da desi-
de 1946 já era tratado tal assunto, se- gualdade entre eles.

gundo Brasileiro17 esta [...]


O Município, contudo, saiu fortalecido,
[...] refletiu os princípios vigentes na principalmente, no que se refere a sua
época dentro do processo de redemocra- autonomia financeira.
tização do País. Essencialmente libe-
ral, com uma grande preocupação pelo
restabelecimento da democracia local e Diante disso, reafirmado que o
fortalecimento das finanças municipais município é um ente federado, não
sem uma correlata preocupação com o
por simples capricho dos legisladores
problema de eficiência e responsabilida-
de, ficou conhecida como a ‘constituição constituintes, mas sim porque desde
municipalista’. A ideia [sic] de controle 1945 já se estava trabalhando o con-
era vista como incompatível com o con-
ceito de autonomia.
ceito de autonomia municipal, assim,
não foi em vão os movimentos que

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

279
protegeram e reivindicaram pelo di- suas obrigações; é onde se resolvem os
problemas individuais e coletivos. Está
reito municipal na constituinte.
no Município a escola da democracia. É
Essa concepção também é men- no Município que se cuida do meio ambi-
cionada por Silva,18 que aponta que os ente; é nele que se removem os detritos
industriais e hospitalares e se recolhe
municipalistas clássicos, Hely Lopes o lixo doméstico; é nele que as pessoas
Meirelles e Lordelo de Melo, insistem transitam de casa para o trabalho nas
com veemência a inclusão dos municí- ruas e avenidas, nos carros, coletivos
e variados meios de transporte. É no
pios ao conceito federalista, defenden- Município que os serviços públicos são
do que desde 1946 já fundamentou prestados diretamente ao cidadão; é
nele que os indivíduos nascem e mor-
esse como “entidade estatal de tercei-
rem. Para regular tão extenso âmbito
ro grau, integrante necessário ao nos- de fatores e relações, outorgou a Con-
so sistema federativo”. stituição de 1988, ao legislador local, a
competência legislativa sobre a vida da
Essa autonomia outorgada aos comunidade, voltada às suas próprias
municípios é especial, pois mudou o peculiaridades, através da edição de
seu status, uma vez que anteriormen- normas dotadas de validez para esse
ordenamento local. A expressão haurida
te os estados criavam e organizavam do texto constitucional tem, como sobeja-
os municípios, agora, os estados têm mente dito e repetido, a limitar seu âm-
que respeitá-los, pois se auto-organi- bito de aplicação, a regra constitucional
da competência, sem cuja interpretação
zam, se autolegislam, administram- sistemática destinaria toda análise do
-se e autogovernam-se, recebendo da tema ao fracasso. Isto porque, no âmbito
geral, enquanto a competência federal
Constituição o conteúdo básico para
privativa é numerada pela Constituição
suas leis orgânicas e suas competên- de 1988, a estadual é residual e a mu-
cias exclusivas, comuns e suplemen- nicipal é expressa, mas não numerada,
gravitando em torno do conceito opera-
tares, nos artigos 23,19 29, 30 e 182.20,21 cional de interesse local.
Nesse diapasão, reconhecer o in-
divíduo do Município é distinguir Apesar dessa consagração da au-
suas necessidades, pois como poderia tonomia municipal por meio do inte-
a União ou os estados legislarem so- resse local, sendo esse que delimita
bre problemas locais se não estão pró- as competências dos entes federados,
ximos ao cidadão, assim, Alves22 cita como um mandamento sagrado do
as palavras de Sandra Silva federalismo, nem tudo permaneceu
Não se pode olvidar que na pirâmide do
como quando transcrita nossa Cons-
Estado Federado, a base, o bloco modu- tituição, pois para Santos,23 “O mu-
lar é o Município, pois é nesse que reside nicípio segue sendo ente federativo,
a convivência obrigatória dos indivídu-
os. É nesta pequena célula, que as pes- mas a autonomia conquistada vem
soas exercem os seus direitos e cumprem sendo limitada por reformas constitu-

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

280
cionais que afetam a capacidade dos provém o interesse local, que frente
governos municipais de protagonizar à mutação do federalismo tem sido o
políticas públicas.” mais agredido.
Até o governo Lula foram real-
izadas 67 Emendas Constitucionais, O poder local dentro
das quais 26 versaram sobre a au-
tonomia municipal, sendo que nos
do município
mandatos do presidente Fernando Depois da sagração da autonomia
Henrique Cardoso (1995/2002) foram do município, voltou-se o olhar ao po-
aprovadas 14 emendas e no mandadto der local, apesar de norteador da re-
do presidente Lula (2003/2010) out- lação entre os representantes locais
ras 12, impactando principalmente o e os representados, a fim de fazer-se
sistema tributário, a diminuição da respeitar e acontecer efetivamente a
transferência aos municípios, a cria- autonomia política, administrativa,
ção de políticas sociais com partici- legislativa e financeira do município,
pação desses no seu financiamento, pois parece que ainda não se tem no-
afetando a autonomia política.24 ção de sua dimensão e do real signifi-
De tal modo, compreendida a au- cado deste poder.
tonomia municipal que consiste prin- Esse aspecto essencial que o di-
cipalmente na consagração do interes- ferencia do modelo federalista norte-
se local, podendo dentro de sua com- -americano, elevou o município a ente
petência e dos padrões constitucionais federado e destacou seu papel na esfe-
reger-se administrativamente, politi- ra local como característica da descen-
camente e financeiramente, sem nada tralização.25
dever aos estados-membros, percebe- Diante disso, o poder local insurge
mos que esse vem enfrentando prob- em uma sociedade que está cansada
lemas que o tem deixado oprimido, fa- de esperar que o capitalismo e o Esta-
zendo com que abarque cada vez mais do resolvam os problemas mais próxi-
responsabilidades diante do cidadão, mos do cidadão. Portanto,
porém, restringindo-o economica-
Esse espaço local, no Brasil é o municí-
mente, ferindo a autonomia financei- pio, unidade básica de organização so-
ra e política desse ente. cial, mas é também o bairro, o quartei-
rão em que vivemos.
Apesar da autonomia municipal
[...]
diferenciarmo-nos de outras formas
A questão do poder local está rapida-
federalistas, também é necessário mente emergindo para tornar-se uma
destacar o poder local, do qual das questões fundamentais da nossa

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

281
organização como sociedade. Referido A cidade foi e é um espaço impor-
como local authority em inglês, com-
tante de integração e desenvolvimento
munautés locales em francês, ou ainda
como espaço local, o poder local está no das potencialidades humanas. Nessa,
centro do conjunto de transformações as pessoas ao mesmo tempo em que
que envolvem a descentralização, a des-
burocratização e a participação, bem
discriminam seus semelhantes, os re-
como as chamadas novas tecnologias. conhecem como iguais, é espaço con-
No caso de países subdesenvolvidos, substancialmente plural e paradoxal,
a questão se reveste de particular im-
indispensável e insubstituível para o
portância na medida em que o reforço
do poder local permite, ainda que não desenvolvimento humano.29
assegure, criar equilíbrios mais demo- Essa busca pelo fortalecimento
cráticos frente ao poder absurdamente
centralizado nas mãos das elites26.
do poder local nada mais é que fazer
funcionar o processo de descentraliza-
Não podemos nos esquecer de que ção, intrínseco das nações que adotam
nosso país foi marcado pelo coronelis- o federalismo como forma de governo,
mo, patrimonialismo e personalismo, pois com a distribuição das competên-
proveniente das elites, bem como de cias já citadas “ressalta-se o flores-
ditaduras também apoiadas por gru- cimento das liberdades locais com o
pos de forte influência. Tais feridas das liberdades dos cidadãos”.30 Assim,
ainda não estão cicatrizadas e tudo como ao município cabe o interesse lo-
tem indicado que será um processo cal, por essa qualificação deve seguir
meticuloso até as revertermos. esse e promovê-lo, pois é a essência de
Parte deste processo de reversão sua existência jurídica.31 Na história
têm sido a constituição de um poder da humanidade, o poder local foi cons-
local, terceiro eixo ou terceiro setor, tituído em bases familiares, que se
democrático, que respeita o cidadão, tornaram aldeias, clãs, cidades e, por
bem como fomenta a descentralização fim, municípios governamentalmen-
e o poder participativo deste.27 te organizados. Tais bases, por muito
Esse processo acontece dentro do tempo, estiveram arraigadas nas fi-
município, assim, quando remanes- guras míticas ou religiosas, nas quais
cem aspectos de atividades, que em- o bem comum sempre foi o objetivo a
bora tuteladas pela União e pelos es- ser buscado.
tados são de competência municipal, Assim, o poder local, atualmente,
esse pode e deve intervir como pessoa insurgiu-se como o grande desafio da
administrativa, munida de autorida-
federação, que segundo Santin32 é
de pública e de poderes próprios, pois
a resolução é de interesse local.28

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

282
[...] uma tendência na gestão pública Venezuela, há os movimentos vecinos,
brasileira a positivação de mecanismos
e na Colômbia a organização comuni-
legitimadores da participação dos cida-
dãos na gestão da coisa pública, poden- tária das veredas. No Brasil, temos
do tornar-se um eficaz instrumento de o exemplo de modificações feitas em
emancipação da cidadania no controle
da atuação de seus governantes, verifi- bairros em São Paulo, em relação aos
cando se estão procedendo de forma res- bolsões de trânsito,35 e, ainda, o progra-
ponsável em sua gestão, bem como na ma de Orçamento Participativo (OP)
definição conjunta das políticas públi-
cas, a fim de que reflitam realmente os que foi desenvolvido em Porto Alegre,
interesses da comunidade que os elegeu. servindo de exemplo para todo o país.36
Para Dowbor,33 tornou-se um cos- Também na Bolívia, desde 1994, a
tume a intervenção do cidadão ser participação popular dar-se-á pela Lei
somente por meio de dois eixos: polí- de Participação Popular e Lei de Des-
tico-partidário, que acontece durante centralização Administrativa, bem
a eleição de representantes para o como na Espanha, especificamente na
Parlamento, bem como na estrutura cidade de Barcelona, transformou-se
executiva do governo, e o sindical-tra- a educação gradualmente, tornado a
balhista, que se perfectibiliza como descentralização e a democracia uma
instrumento nas negociações empre- cultura.37
sariais ou em greves. Em maio de 2012,38 aconteceu em
Conforme o autor, não temos cons- nosso país a “XV Marcha: o poder lo-
ciência da importância desse terceiro- cal,” na qual os prefeitos de todos os
-eixo, que tem força e é um instrumen- municípios reivindicaram maior re-
to para a organização comunitária, passe de verbas. É de responsabilida-
bem como tem como espaço de ação o de deles a saúde, a educação e a infra-
município e os bairros, que são nome- estrutura, por isso o tema principal do
ados “espaço local” e “espaço de vida”, encontro foi “O poder local na constru-
pois o cidadão não pensa na possibili- ção de uma nova realidade,” conside-
dade e legitimidade que tem para in- rado o maior evento municipalista da
tervir nesse, mudando a qualidade de América Latina.
vida sua e de sua família.34 Nesse, os prefeitos lutaram pela
Essas tentativas de trazer o cida- mudança do sistema federativo em
dão a participar das decisões cotidia- relação à destinação de recursos, pois
nas que lhe diz respeito, insurgem-se cada vez mais competências têm sido
em países como a Suécia, onde os indi- destinadas aos municípios, porém,
víduos participam de no mínimo qua- em contrapartida, a verba destinada
tro organizações comunitárias. Já na não vem correspondente ao aumento

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

283
de atribuições, havendo consequente- sendo nem de direita, nem de esquer-
mente um “sufocamento” do sistema, da, ao dizer:
nas palavras de Ziulkoski,39 presiden- Os neoliberais querem escolher o Esta-
te da Confederação Nacional dos Mu- do: os socialdemocratas, historicamente,
têm sido ávidos por expandi-lo. A tercei-
nicípios, organizadora do movimento, ra via afirma que o que é necessário é re-
cuja intenção é a mudança de cultura construí-lo – ir além daqueles da direita
em relação ao município, pois “que dizem que o governo é o inimigo”, e
daqueles da esquerda “que dizem que o
Muitos dizem: ‘lá estão de novo os pre- governo é a resposta.”
feitos de pires na mão’. Se existe pires
na mão instituído é o sistema federativo, Para esse autor, o governo deve
que precisa ser aprimorado, e esse é o
ser um mediador entre o poder públi-
nosso papel aqui durante estes dias [...]
Ao mesmo tempo em que se aumenta
co e a sociedade civil, que é a única
a demanda e repassa competências ao que tem poder de controlar o mercado
Município, não se prevê fonte para o fi- e as ações do governo.42
nanciamento. E os recursos continuam
concentrados na esfera federal [...] a si- Diante disso, a democracia local é
tuação não é recente, mas está se agra- exercida pelos cidadãos eleitores das
vando com o passar do tempo, e ainda comunidades locais, capazes de deli-
assim os Municípios são os que mais in-
vestem em Saúde, Educação e Infraes- berar pessoalmente ou por meio de re-
trutura. Estamos cumprindo nossa par- presentação sobre assuntos relativos
te com sacrifício. E agora vamos mostrar
à comunidade, com base no princípio
para a sociedade as consequências deste
sistema federativo desigual e injusto. da subsidiariedade.43
[...] Oliveira44 explica que a partir do
Vamos comprovar a existência de um po- século XX firmou-se a ideia de que a
der local atuante, atento, responsável e democracia, em nível nacional, alude a
capaz de construir uma nova realidade
para a Nação, fazendo-a mais justa, em- democracia de nível local, uma vez que
preendedora e voltada para a superação Considerou-se mesmo que era a ní-
das dificuldades que se apresentam. vel local que havia a possibilidade de
aprofundar mais a democracia, dada a
Trazer à tona o poder local ou proximidade dos cidadãos em relação
o terceiro eixo, além de desafiante, aos órgãos do poder. Esta proximidade
é “uma evolução da democracia re- permitia o recurso à democracia directa
[sic] nas comunidades mais pequenas e
presentativa, exercida a cada quatro possibilitava também, mais facilmente,
anos, para uma democracia participa- o recurso a instrumentos de democra-
cia directa [sic] como o referendo local.
tiva e permanente”.40
Se uma característica fundamental da
Nesse mesmo pensamento, temos democracia é o papel decisivo que nela
Giddens,41 que entende essa terceira desempenham os cidadãos, então é na
democracia, a nível local, que esse papel
via como uma reforma de estado, não melhor pode ser desempenho.

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

284
Santin,45 nas palavras de Gohn, mocrático e eficaz; poder das elites e
acrescenta que: dos grupos, pois o poder local não orbi-
Logo, a partir da Constituição Federal ta somente sobre o poder político, mas
de 1988 prioriza-se no Brasil a descen- também sobre outras organizações
tralização para unidades administrati-
vas territoriais menores, em função de
que influem sobre a vida da sociedade,
sua localização mais próxima aos cida- que não são constituídos por via elei-
dãos. Por certo o governo local terá me- toral, mas por cidadãos que cooperam
lhores condições de conhecer as necessi-
dades locais e, a partir disso, destinar para que o local onde vivem lhes pro-
recursos para atendê-las. picie ganhos e bem-estar e, por fim, o
Ainda, deve-se ter em mente que micropoder, que é o poder de comuni-
poder local não se restringe somente à cação que une os indivíduos em grupos
vila, ao bairro ou à cidade, mas tam- pela luta por um objetivo comum.48
bém é o conjunto de redes sociais que Essa participação inaugura “um
se articulam em cooperação ou con- novo modelo de gestão pública,” sen-
flito, em prol de interesses, recursos do que a sociedade organizada atuará
e valores do espaço definido por esse junto ao poder público, que também
conjunto,46 ou seja, desempenhará a função de verificar
se fora investido nos interesses elegi-
O Poder Local desenvolve-se a partir
de uma coalizão de forças estatais e da dos. Isso requer a participação maciça
sociedade civil, em âmbito local, imple- da comunidade, o controle da demo-
mentando uma gestão compartilhada na
cracia sem distinções ou favoritismo,
decisão dos problemas locais, articulan-
do-se elementos do governo local com os o combate à corrupção e a quaisquer
da sociedade civil. Um sistema híbrido práticas coronelistas e ditatoriais. O
de tomada de decisões, capaz de inserir
novos atores sociais existentes na esfera
poder local faz um salto da noção so-
local, como organizações não-governa- ciológica para o âmbito jurídico e polí-
mentais, movimentos sociais e também tico brasileiro.49
entidades privadas, os quais celebrarão
parcerias com o poder público no desen- Diante disso, o poder local afirma-
volvimento de projetos e investimentos -se, bem como limita o poder central,
locais e também na tomada das decisões fazendo com que se volte o olhar a ou-
sobre políticas públicas locais.47
tros centros de poder a nível territo-
No mesmo sentido de grupos re- rial. “É, neste sentido, uma ‘manifes-
presentativos, a nível sociológico, o tação moderna’ do princípio da separa-
poder local divide-se em três, tais se- ção dos poderes em sentido vertical”.50
jam: poder de estado, que se dirige aos Portanto, o poder local vem enal-
problemas de organização do estado, tecer a democracia, além de ser um
tentando tornar o poder local mais de- grande desafio, pois, depois de anos

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

285
com modelos de federalismo distorci- Participação é um processo in-
do e um poder local elitizado e coro- findável, em um constante vir a ser,
nelista, passa-se a trazer o cidadão a sempre se fazendo, ou seja, uma auto-
interferir nas decisões ligadas à sua promoção, uma conquista processual.
vida e à sua comunidade. A participação nunca é suficiente ou
Destarte, esse desenvolvimento acabada.51
democrático-cidadão fará com que se Deve-se compreender que não é
reafirme a identidade individual e co- uma dádiva, não é preexistente, mas
letiva, fazendo com que o indivíduo um produto de conquista. É um eixo
sinta-se parte importante e funda- fundamental da política social, o es-
mental da sociedade, voluntariamen- paço de participação não acontece
te, por meio de sua participação. por acaso, essa conquista advém da
tendência histórica da denominação,
Participação popular: o pois essa se organiza de forma que há
polarização hierárquica, com predo-
caminho para a definição mínio de políticas de cima para baixo,
do interesse local com um lado minoritário no comando,
assim, primeiro encontramos a domi-
Como vimos, o município como
nação e depois a participação. A parti-
ente autônomo tem a responsabilida-
cipação implica compromisso, envolvi-
de de legislar sobre os assuntos locais,
mento, presença em ações, por vezes,
logo, o poder público somente saberá
não pode ser totalmente controlada,
quais são os interesses locais se dispo-
pois o espaço não pode ser previamen-
nibilizar formas de comunicação entre
te delimitado.52
esse e os habitantes do município.
A fomentação da participação da
Nesse diapasão, insurge a partici-
população é uma questão de política
pação popular como forma de dar ou-
social, sendo imprescindível a eman-
vidos aos requerimentos daqueles que
cipação do indivíduo sem a atuação do
constituem o município, ainda mais
estado como “xerife” dessa participa-
havendo os Vereadores e o Prefeito,
ção.53
que são os representantes dos eleito-
Ou seja, o estado não pode tentar
res, somente esses não darão conta de
comandar a participação do cidadão,
todas as demandas dos munícipes, po-
deve ser um mediador, respeitando os
rém, são os que estão mais perto des-
agrupamentos que se unem e traba-
ses, os quais são o principal canal de
lham em prol de objetivos a favor da
comunicação com a esfera pública.
comunidade, respeitando o capital so-

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

286
cial do munícipio, uma vez que, somos so de conquista de todos os partícipes,
um dos maiores berços de gestões de uma vez que,
desenvolvimento local. Diante disso, [...] não existe o processo participativo,
ocorre o desenvolvimento do capital se não acontecer alguma coisa na estru-
tura das desigualdades, cujo problema
social eficiente e eficaz, pois cada vez não pode somente ser buscado fora de
mais tem surgido espaços participa- nós.56
tivos por meio da criação de fóruns,
Ocorre uma mudança, na qual a
reuniões plenárias e temáticas, e con-
maior capacidade de governo significa
selhos municipais.54
maior capacidade de gestão e de deci-
Para isso,
são política na própria base da socie-
[...] somente consegue tornar-se plane-
dade, é a passagem de pirâmides ver-
jador participativo, educador ‘orgânico’,
pesquisador identificado, aquele que ticais de autoridade para a de redes
tem consciência critica e autocritica de interativas horizontais, que buscam
sua tendência impositiva. Porquanto
não há educação ou planejamento que
regulação própria e resultados posi-
não imponha alguma coisa. A questão tivos para toda a comunidade, mas,
não é, pois, não impor, pura e simples- para isso, é necessária a geração de
mente, mas sim impor menos. Impor
menos significa assumir a tendência im- pessoas bem informadas, com capa-
positiva e, a partir dai, tratar de abrir cidade de decisão, que não percam o
espaços crescente e nunca terminados interesse social conjunto.57
de participação.55
Porém, há um grande problema
Participação não é a eliminação em relação aos municípios, pois, con-
do poder, mas outra forma de poder, forme nosso histórico, muitos ainda
pois é uma maneira de intervir na não estão preparados para essa evolu-
realidade, por meio da autocrítica ção, uma vez que
que reconhece suas tendências impo- Ao mesmo tempo em que tem possibili-
sitivas, bem como pelo diálogo aberto tado o aprimoramento e a maior trans-
com os interessados, não sendo esses parência do processo decisório na for-
mulação e implementação das políticas
vistos como objetos, clientela ou ape- públicas, tem encontrado barreiras, seja
nas alvo desse, mas com um processo de ordem institucional, seja no campo
da representação política dos atores. Ou
de convencimento, dentro do espaço
seja, nem as estruturas municipais bra-
conquistado de participação, princi- sileiras, na maior parte dos casos, en-
piando dos interesses da comunidade, contram-se capacitadas para instrumen-
talizar e dar funcionalidade à presença
devendo o partícipe levar em conta desses inúmeros mecanismos participa-
sua contribuição e potencialidade, tivos, nem tampouco as lideranças têm
bem como deixando-se convencer do tido a qualificação exigida no exercício
de sua função e o nível de representati-
contrário. Dessa forma, é um proces-

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

287
vidade requerido para o aprimoramento evitar a participação popular que se
democrático desses instrumentos. Ao
mesmo tempo em que a criação desses
volta contra esse. Deve atuar com po-
espaços de cidadania ativa tem mobili- sição de mediador, garantindo a asso-
zado um número expressivo de cidadãos ciação popular, acesso à informação, à
e tem resultado em políticas e ações que
visam a responder às necessidades das justiça, à segurança, aos serviços pú-
comunidades, a presença desses canais blicos de qualidade, para o exercício
não vem sendo acompanhada, em geral, da cidadania, bem como para garantir
por processos de monitoramento e de
avaliação que possibilitem identificar outros serviços públicos adequados,
os estrangulamentos presentes na nova a fim de instrumentar o processo de
relação entre o poder público e a socie-
formação cidadão, em especial a edu-
dade.58
cação, a cultura e o acesso à comuni-
Ainda de acordo com Leal, os cação. O estado abandona a lógica de
conselhos têm sido implementados poder, sem obstaculizar os processos
na maioria das cidades de médio e democráticos, abrindo mão do cidadão
de pequeno porte para o recebimen- lacaio.60
to de verbas da União dessa forma, Logicamente, que o paternalismo
não deixam de cumprir o objetivo do exacerbado garantidor de votos nunca
capital social, bem como, bem como irá querer uma estrutura organizada
revelam-se em sua sua maioria como de participação, mas sabemos que isso
sendo os mesmos representantes nas não é de hoje, mas sim, de um país
diversas formas de manifestação, por- que desde o início do período republi-
tanto, manifestando-se na forma de cano federalista tem se mantido em
um clientelismo enraizado em grande conchavos políticos, favorecendo oli-
parte do país.59 garquias, necessitando de clientelas
Destarte, necessária à fomenta- eleitorais, bem como intermediando a
ção de política de participação, com- história com governos ditatoriais.
preendendo que a pobreza política Destarte, é por isso que o esta-
manifesta-se de distintas maneiras, do não pode ser o único a trabalhar
podendo ser condensada na precarie- a participação popular, mas também
dade da cidadania, pois a garantia do toda a sociedade, pois
estado é o cidadão, não sendo possível O espaço participativo revela, ademais,
um Estado melhor do que a sociedade que a política social não pode ser apenas
civil que o cria e mantém. Assim, a ci- pública. Parte dela – e muitos diriam:
sua melhor parte – provém da própria
dadania organizada é a qualidade da sociedade, sob o signo do controle de-
política da população, devendo o es- mocrático do Estado. Política sindical,
defesa da cidadania, identidade cultu-
tado não estorvar, ou seja, não tentar
ral, associativismo e cooperativismo são

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

288
iniciativas que devem ser normatizadas realização de projetos comunitá-
pelo Estado, à revelia do Estado, e mes- rios com interesses localizados ou
mo contra o Estado [...] A qualidade do
para a realização de projetos so-
Estado está na cidadania organizada
que o funda, onde não há sociedade civil ciais de interesses dispersos, com
organizada há massa de manobra, seja força de resistência a intervenções
com letargia cultivada e mantida, seja autoritárias, que podem ser co-
sob a forma de ditadura opressora.61 munidades eclesiásticas de base,
associações de bairros e favelas,
Assim, os componentes das políti-
condomínios, associações de mi-
cas participativas ou dos serviços pú- croempresários, pais, empregados
blicos exigidos pela cidadania organi- de determinada área, etc.;
zada, segundo Demo,62 são:
g) políticas partidárias: elaboradas
a) políticas educacionais: oferecem como órgãos de defesa dos direitos
desdobramentos da consciência crí- políticos, com direito à opinião, à
tica, por meio do saber sintetizado; reunião, à ideologia, etc;
b) políticas culturais: dirigidas ao h) políticas sindicais: dirigidas a ór-
“cultivo” das identidades cultu- gãos civis de defesa do direito ao
rais, como condição essencial para trabalho, “tomando este como ex-
construção de um projeto próprio pressão essencial da vida em socie-
de desenvolvimento; dade”, não apenas para o sustento,
c) políticas de comunicação: especial- mas como condição da realização
mente pelos meios de comunicação humana;
em massa, os quais são instru- i) políticas de justiça, Estado de Di-
mento fundamental para o exer- reito: garantia, pelo Estado da
cício da cidadania crítica, sobre instrumentalização adequada do
a indústria de cultura industrial, exercício de direitos e deveres;
consumista e manipulativa;
j) políticas de segurança pública: ga-
d) políticas de defesa da cidadania: rantia, por meio do Estado, de que
relacionada à defesa do consumi- todos possam andar nas ruas, de
dor, à qualidade do meio ambiente, morar em segurança, ter lazer com
e aos direitos fundamentais, etc.; tranquilidade, e de proteger seus
e) políticas de conquista de direitos: bens contra a violência externa.
implantada especialmente às mi- Desse modo, a democracia é uma
norias ou aos assemelhados, ou
busca constante por meio da constru-
seja, aos direitos das mulheres,
ção de ações estatais (quando da bus-
aos idosos, às criança, ao aposen-
tado, ao deficiente, ao índio, etc.; ca pelas finalidades preambulares da
Constituição em todos os seus pode-
f) políticas de organização da socie-
dade civil: elaborada seja para a res), e, notadamente sociais, quando

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

289
a organização civil é base de força e para que todos participem; inovar tec-
movimento para a realização do inte- nologicamente, dando transparência
resse coletivo. Enfim, é na comunica- à administração; definir eixos críticos
ção limpa desses sistemas que se pode de ação para desencadear a mobiliza-
falar em ampliação da democracia ção; trabalhar a valorização de recur-
contemporânea.63 sos subutilizados, dando enfoque ao
Porém, não se trata de uma redu- potencial local; trabalhar as decisões
ção da sociedade ao espaço local, mas nas áreas públicas, privadas e comu-
de entender a evolução das formas de nitárias; trabalhar com outras esferas
organização política que sustentam o do governo; objetivar a qualidade de
estado, exigindo além de sindicatos e vida, a sustentabilidade, bem como
partidos a organização de comunida- dar enfoque à informação e à comuni-
des que gerem o cotidiano. Com esses cação.65
três sustenta-se a gestão dos interes- Ainda, o Estado de Direito Demo-
ses públicos, caracterizando a demo- crático somente terá força legitimante
cracia participativa, não estando so- se todos os grupos tenham acesso à
mente, precariamente, centrado em esfera pública política, com voz ativa
partidos políticos, uma vez que, e articulem suas necessidades sem
O cidadão de democracias mais avan- marginalização ou exclusão, ou seja,
çadas participa hoje de numerosas or- devem ser asseguras as premissas
ganizações comunitárias. Participa da
gestão da escola, do seu bairro, de deci-
da igualdade de chances dos direitos,
sões do seu município, de grupos cultu- aplicando-se não somente aos direitos
rais etc. [...] Quando o uso dos recursos de participação política, mas a partici-
é decidido localmente, as pessoas parti-
cipam efetivamente, pois não vão numa pação social e aos direitos individuais,
reunião política para bater palmas para pois o indivíduo não conseguirá agir
um candidato, e sim para decidir onde de forma autônoma se a sua autono-
ficará a escola, que tipos de centro de
saúde serão criados, como será utilizado mia privada não estiver assegurada.66
o solo da cidade e assim por diante.64 Para Habermas,67
Para que tal participação ocorra, é As comunidades politicas, filtradas deli-
berativamente, dependem das fontes do
necessária a mudança da mentalida- mundo da vida – de uma cultura politica
de “casa grande e senzala”, começan- libertária e de uma socialização politica
esclarecida, especialmente das iniciati-
do a cultura político- administrativa a
vas de associação que formam opinião
aproximar-se da população interessa- – as quais se formam e se regeneram
da, mobilizando a administração local quase sempre de modo espontâneo, di-
ficultando as intervenções do aparelho
para catalisar objetivos a longo e mé- politico.
dio prazo; organizar os atores sociais

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

290
Pois, a liberdade somente é verda- Salienta-se, a concepção de poder
deira quando conquistada. Assim, tam- local é nova em nosso país, pois para
bém é a participação. Isso fundamenta que se efetive tal mudança é necessá-
a dimensão básica da cidadania. Não rio um trabalho educacional e trans-
somente deveres, há direitos também. formador, mostrando ao cidadão a
Por outro lado, não há somente direi- necessidade de sua participação não
tos; há deveres igualmente.68 somente no processo eleitoral, mas
principalmente durante o trabalho do
Considerações finais executivo, é uma mudança de passivi-
dade para atividade.
Como vimos o município ao longo Como referido, sabemos que nos-
da República Federativa vem procu- so país sofre mazelas que persistem
rando se consolidar, bem como con- devido o coronelismo e uma história
seguir gerir suas competências e o calcada em submissão, assim há per-
interesse local com a renda que lhe é sistência de alguns em barrar a par-
repassada pelos governos Estadual e ticipação popular, pois necessitam de
Federal, a adquirida internamente, um povo ignorante quanto aos atos
porém não tem sido o suficiente. do poder público para garantir novos
A principal preocupação que cha- mandatos, um cidadão lacaio, uma
ma a atenção à distância que o pode massa de fácil manipulação.
público vem tomando do cidadão, de- Com a mudança partindo das co-
notando uma crise na representativi- munidades a relação antes vertical
dade, não se conseguindo que os elei- aos poucos mudará de ângulo, tornan-
tos realmente façam o esperado pelos do-se horizontal no espaço local, com
eleitores. redes de diálogo que trazem o cidadão
O problema não é de hoje, a histó- ao espaço de participação.
ria do Brasil é marcada por elites que Nesse espaço, o poder público
buscam dominar o governo e exercer atua como moderador, mas para isso
poder sobre os cidadãos com força polí- precisa-se impregnar que a participa-
tica e econômica. A alternativa que sur- ção como conquista é uma nova forma
ge aos municípios, então, é a articula- de poder e não um poder acima do
ção do poder local, trazendo o cidadão à Estado, um poder do qual os indiví-
participação das políticas públicas, não duos fazem parte, no qual se busca a
só como ser de direitos, mas também igualdade e reafirmação do cidadão,
deveres, ampliando a compreensão da o qual além de participante da cons-
situação do ente em que vivem. trução das politicas públicas também

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

291
atuará como um fiscalizador do poder bom senso e a efetivação da cidadania
público, o que em si já dificultaria a democrática seriam resolvidos, pois
corrupção. quando a discussão permeia a comu-
Lembramos as palavras de Ha- nidade pode-se encontrar novas pers-
bermas,69 o qual afirma que pectivas de resolução de problemas. O
A esfera pública pode ser descrita como capital social formado pelas entidades
uma rede adequada para a comunica- e pelos cidadãos que constituem a co-
ção de conteúdos, tomada de posição e
opiniões; nela os fluxos comunicativos
munidade local ou regional sabe o que
são filtrados e sintetizados, a ponto de é mais importante, o que deve ser re-
se condensarem em opiniões públicas solvido primeiro.
enfeixadas em temas específicos. Do
mesmo modo que o mundo da vida to- É nesta perspectiva que o poder
mado globalmente, a esfera pública se local se faz essencial e a participação
reproduz através do agir comunicativo, popular pode fortalecê-lo, a opinião
implicando apenas o domínio de uma
linguagem natural. pública pode mudar o rumo de deci-
sões. Quanto mais unida e organiza-
Portanto, nada mais adequado à
da a sociedade estiver, mais forte ela
situação atual do país do que a valori-
será. Assim, as várias organizações
zação do poder local, espaço em que o
municipais e regionais se autoforta-
cidadão mais facilmente se comunica,
lecerão, pois possuem um grupo por
no qual se pode saber o interesse lo-
trás que os solidificam. Por isso, os
cal, para que o Município desenvolva
municípios têm se organizado para
plenamente suas competências e au-
reivindicarem o fortalecimento do po-
tonomia.
der local e a melhor distribuição de
Logicamente, conforme apontado,
renda e competências.
às mudanças não vem logo, mas gra-
Portanto, desta breve análise, es-
dativamente, com a modificação da
peramos a efetividade do federalismo
cultura administrativa, substituindo
descentralizador, em especial, na figu-
a centralização pela descentraliza-
ra do município como ente federado,
ção, com o esforço mútuo dos cidadãos
de importância crucial na vida dos
e do poder público, esta é uma ação
cidadãos, sendo que a participação
conjunta, da qual a população já tem
popular seguramente é uma forma de
apresentado sinais de quer, como nos
fortalecimento da gestão pública, po-
manifestos que vem ocorrendo desde o
rém este é um caminho que está come-
ano passado.
çando a ser trilhado, devendo vir de
Ainda, nosso país é vincado por
dentro dos próprios municípios a mu-
disparidades regionais, as quais com
dança e dos bancos acadêmicos, para

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

292
que realmente, como um dia começou Notas
a sua discussão e a procura de empre-
go eficaz seja concedido ao poder local
1
Art. 1º A República Federativa do Brasil, forma-
da pela união indissolúvel dos Estados e Municí-
a importância que lhe é devida. pios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Municipal autonomy, I - a soberania;

local government and II - a cidadania


III - a dignidade da pessoa humana;
popular participation IV - os valores sociais do trabalho e da livre ini-
ciativa;
Abstract V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo,
This article deals with municipal que o exerce por meio de representantes eleitos
autonomy, local government and po- ou diretamente, nos termos desta Constituição.
pular participation, in this context, in 2
Vide artigos 29 ao 31, da Constituição Federal.
which the municipality is recognized 3
Art. 30. Compete aos Municípios:
as one who composes the Brazilian fe-
deration, which has a mission to work I - legislar sobre assuntos de interesse local [...].
for the local interest. The strengthe- 4
HORTA, Raul Machado. Estudo de direito cons-
ning of local government so that lo- titucional. Belo Horizonte: Ed. Livraria Del Rey,
cal interest is effectively understood 1995, p. 635.
and realized you need, giving you 5
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito municipal
the chance to participate in the pro- brasileiro. 16. ed. atual. São Paulo. Ed. Malhei-
duction and implementation of public ros Editores, 2008, p. 91.
policies, for such it is necessary to 6
CORRALO, Giovani da Silva. Curso de direito
strengthen mechanisms called the po- municipal. São Paulo. Ed. Atlas, 2011, p. 50-51.
pulation to participate. Popular par- 7
CORRALO, Giovani da Silva. Município: autono-
ticipation, then, questioned as a new mia na federação brasileira. Curitiba: Ed. Juruá,
form of power, which seeks the good 2009, p. 175-176.
of the community, not only in the deci- 8
SANTOS, Angela Penalva. Autonomia municipal
sion of viable public policies, but also no contexto federativo brasileiro. Revista Para-
the implementation and enforcement naense de Desenvolvimento, Curitiba, n. 120, p.
213-214, jan./jun. 2011. Disponível em: <http://
of these, this is a future climb in Bra-
www.ipardes.pr.gov.br/ojs/index.php/revistapa-
zilian democracy.
ranaense/article/view/171/675> Acesso em: 28
set. 2011.
Keywords: Local government. Munici- 9
MEIRELLES, Hely Lopes. 2008, p. 94, grifo do
pal autonomy. Participatory demo-
autor.
cracy. Popular participation. 10
CORALLO, Giovani da Silva. 2009, p. 164.
11
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Consti-
tucional Positivo. 33. ed. rev. e atual. São Paulo.
Malheiros, 2010, p. 641.
12
Art. 18. A organização político-administrativa da Re-
pública Federativa do Brasil compreende a União,

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

293
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos 19
Art. 23. É competência comum da União, dos Es-
autônomos, nos termos desta Constituição. tados, do Distrito Federal e dos Municípios: Inci-
13
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, sos I ao XII e Parágrafo único.
votada em dois turnos, com o interstício mínimo 20
Art. 29 e 30 supracitados. Art. 182. A política de
de dez dias, e aprovada por dois terços dos mem- desenvolvimento urbano, executada pelo Poder
bros da Câmara Municipal, que a promulgará, Público municipal, conforme diretrizes gerais fi-
atendidos os princípios estabelecidos nesta Cons- xadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
tituição, na Constituição do respectivo Estado e desenvolvimento das funções sociais da cidade e
os seguintes preceitos: Incisos I ao XIV. garantir o bem- estar de seus habitantes. §§ 1º ao
4º e Incisos I ao III.
14
Art. 30. Compete aos Municípios:
21
SILVA, José Afonso da. 2010, p. 641.
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
22
SILVA, S. apud ALVES, Francisco de Assis
II - suplementar a legislação federal e a estadual
Aguiar. Autonomia municipal e interesse local
no que couber;
como parâmetros à competência legislativa dos
III - instituir e arrecadar os tributos de sua com- municípios. Revista da Faculdade de Direito de
petência, bem como aplicar suas rendas, sem Campos, Ano IV, n. 4, Ano V, n. 5, p. 6-7. 2003-
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e 2004. Disponível em: <http://fdc.br/Arquivos/
publicar balancetes nos prazos fixados em lei; Mestrado/Revistas/Revista04e05/Discente/05.
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observa- pdf>. Acesso em: 28 de set. 2013.
da a legislação estadual; 23
SANTOS, Angela Panalva. 2011, p. 214.
V - organizar e prestar, diretamente ou sob re- 24
SANTOS, Angela Panalva. 2011, p. 214- 215.
gime de concessão ou permissão, os serviços pú- 25
SANTIN, Janaína Rigo. O tratamento histórico
blicos de interesse local, incluído o de transporte
do poder local no Brasil e a gestão democrática
coletivo, que tem caráter essencial;
municipal. In: SEMINÁRIO NACIONAL – MO-
VI - manter, com a cooperação técnica e financei- VIMENTOS SOCIAIS, PARTICIPAÇÃO E DE-
ra da União e do Estado, programas de educação MOCRACIA, II, 2007, Florianópolis, Anais...
infantil e de ensino fundamental; (Redação dada Florianópolis: UFSC, 2007, p. 328. Disponível
pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006). em: <http://www.sociologia.ufsc.br/npms/janai-
VII - prestar, com a cooperação técnica e financei- na_rigo_santin.pdf>. Acesso em: 28 set. 2013.
ra da União e do Estado, serviços de atendimento 26
DOWBOR, Ladislau. O que é poder local? São
à saúde da população; Paulo: Ed. Brasiliense, 1994, p. 10-11.
VIII - promover, no que couber, adequado orde- 27
SANTIN, 2007, p. 323.
namento territorial, mediante planejamento e 28
MEIRELLES, 2008, p. 137.
controle do uso, do parcelamento e da ocupação 29
CORALLO, 2011, p. 7.
do solo urbano;
30
CASTRO, José Nilo de. Direito Municipal Positi-
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-
vo. 7. ed. rev. atual. Belo Horizonte: Ed. Del Rey,
-cultural local, observada a legislação e a ação
2010, p. 19.
fiscalizadora federal e estadual.
31
CASTRO, José Nilo de. 2010, p. 23.
15
BONAVIDES, Paulo. 2010, p. 344-346.
32
SANTIN, Janaína Rigo. 2007, p. 32.
16
JELLINEK, Georg apud BONAVIDES, Paulo. 33
DOWBOR, Ladislau. 1994, p. 24.
2010, p. 348.
34
DOWBOR, 1994, p. 24-25.
17
BRASILEIRO, Ana Maria. O município como sis-
tema político. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Ge-
35
DOWBOR, 1994, p. 25.
túlio Vargas, 1973, p. 9-10. 36
FERREIRA, Carolina da Silva. O capital social
18
SILVA, José Afonso da. 2010, p. 639. e a análise institucional de políticas públicas.
2007. Dissertação (Mestrado em Administração)

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

294
– Escola de Administração, Universidade Federal 50
CANOTILHO, José Gomes apud OLIVEIRA, An-
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Dispo- tônio Candido de Oliveira. 2005, p. 18-19.
nível em: <http://hdl.handle.net/10183/10925>. 51
DEMO, Pedro. Participação é Conquista: noções
Acesso em: 30 set. 2013. de política social participativa. Cortez Editora. 4.
37
SANTIN, 2007, p. 333-334. ed. São Paulo. 1999, p. 18.
38
De 12 a 15 de maio, deste ano, aconteceu a XVII 52
DEMO, Pedro. Política social, educação e cidada-
Marcha a Brasília em defesa dos municípios, con- nia.. Campinas, SP: Papirus, 1994, p. 18-20.
tando com a presença de mais de cinco mil ges- 53
DEMO, 1994, p. 37.
tores, com a pauta “A crise nos Munícipios e a 54
LEAL, Suely Maria Ribeiro Leal. O novo capital
conjuntura eleitoral”, sabatinando os candidatos
social das cidades brasileiras. Cadernos Metró-
ao governo federal e requerendo o aumento do
pole, n. 10, p. 64, 2º sem., 2003. Disponível em:
FPM, a compensação e reposição por desonera-
<http://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/
mentos fiscais, redistribuição dos royalties, ISS
article/view/9199/6814>. Acesso em: 28 set. 2013.
(leasing, cartões de crédito e contribuição civil),
bem como o Encontro de Contas da Previdên-
55
DEMO, Pedro. 1999, p. 20.
cia. http://www.cnm.org.br/portal/dmdocuments/ 56
DEMO, 1999, p. 20-22.
Pauta%20Municipalista%20-%20XVII%20Mar- 57
DOWBOR, 1998, p. 353-354.
cha%20(2014).pdf http://www.cnm.org.br/portal/ 58
LEAL, Suely Maria Ribeiro. 2003, p. 64.
dmdocuments/boletim_cnm_maio_2014.pdf
59
LEAL, 2003, p. 54-65.
39
ZUILKONKI, Paulo Roberto. Boletim CNM. XV:
Marcha – o poder local. Brasília. Abril, 2012, p.
60
DEMO, Pedro. 1994, p. 37-38.
2. Disponível em: <http://www.cnm.org.br/index. 61
DEMO, Pedro. 1994, p. 38-39.
php?option=com_docman&task=cat_view&gid=1 62
DEMO, Pedro. 1994, p. 39-40.
52&limit=10&limitstart=0&order=hits&dir=DE
63
REIS, Jorge Renato; FONTANA, Eliane. Cida-
SC&Itemid=239>. Acesso em: 13 set. 2013.
dania ativa no estado democrático de direito: al-
40
DOWBOR, 1994, p. 28.
guns aportes acerca da relação estado-sociedade
41
GIDDENS apud FERREIRA, 2007, p. 22. no âmbito da democracia contemporânea. In:
42
FERREIRA, Carolina da Silva. 2007, p. 22-23. CECATO, Maria Aurea Baroni; MISAILIDIS,
Mirta Lerena; LEAL, Mônica Clarissa Hanning;
43
OLIVEIRA, Antônio Candido de Oliveira. A De-
MEZZAROBA, Orides (Orgs.). Estado, direito e
mocracia local (aspectos jurídicos). Coimbra. Ed.
novos atores sociais. São Paulo: Conceito Edito-
Coimbra, 2005. p. 14.
rial, 2010. p. 43.
44
OLIVEIRA, 2005, p. 15. 64
DOWBOR, 1998, p. 366.
45
GOHN, Maria da Glória apud SANTIN, Janaína 65
DOWBOR, 1998, p. 377-384.
Rigo, 2007, p. 329.
66
CARLEHEDEM, Mikael. GABRIELS, René.
46
SANTIN, 2007, p. 330-331.
Uma conversa sobre questões da teoria política
47
SANTIN, 2007, p. 331-332. – entrevista de Jürgen Habermas. In: Novos Es-
48
FELIZES, Joel. Três abordagens do poder local tudos, CEBRAP, nº 47, p. 97. mar. 1997.
enquanto formas diferenciadas de construção 67
HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: en-
das identidades: uma breve exploração. In: IV tre a facticidade e validade. 2. ed. Trad. de Flávio
CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA. Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro. Editora Tem-
Coimbra, 2000. Disponível em <http://www.aps. po Brasileiro, v. 2, 2003. p. 25.
pt/cms/docs_prv/docs/DPR462dba0dc0e89_1. 68
DEMO, 1999, p. 23.
PDF> Acesso em: 28 de set, 2013. p. 02-09.
69
HABERMAS, Jürgen. 2003, p. 94.
49
SANTIN, 2007, p. 333.

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

295
Referências _______. A reprodução social: propostas
para uma gestão descentralizada. Petropó-
lis: Vozes, 1998.
ALVES, Francisco de Assis Aguiar. Autono-
mia municipal e interesse local como parâ- FELIZES, Joel. Três abordagens do po-
metros à competência legislativa dos muni- der local enquanto formas diferenciadas
cípios. Revista da Faculdade de Direito de de construção das identidades - uma breve
Campos, Rio de Janeiro, ano IV, n. 4, ano V, exploração. In: IV CONGRESSO PORTU-
n. 5, p. 527-581, 2003-2004. Disponível em:< GUÊS DE SOCIOLOGIA. Coimbra, 2000.
http://fdc.br/Arquivos/Mestrado/Revistas/ Disponível em: <http://www.aps.pt/cms/
Revista04e05/Discente/05.pdf>. Acesso em: docs_prv/docs/DPR462dba0dc0e89_1.PDF>
28 set. 2013. Acesso em: 28 set. 2013.
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito cons- FERREIRA, Carolina da Silva. O capital
titucional. 25. ed. atual. São Paulo, Ed. Ma- social e a análise institucional de políticas
lheiros Editores, 2010. públicas. 2007. Dissertação (Mestrado em
Administração) – Escola de Administração,
BRASILEIRO, Ana Maria. O município Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
como sistema político. Rio de Janeiro. Ed. Porto Alegre, 2007. Disponível em: <http://
Fundação Getúlio Vargas, 1973. hdl.handle.net/10183/10925>. Acesso em:
CARLEHEDEM, Mikael. GABRIELS, 30 set. 2013
René. Uma conversa sobre questões da teo- HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia:
ria política: entrevista de Jürgen Haber- entre a facticidade e validade. 2. ed. Trad.
mas. In: Novos Estudos, Cebrap, v. 42, n. 47, de Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janei-
p. 85-102, mar. 1997. ro: Editora Tempo Brasileiro, v. 2, 2003.
CASTRO, José Nilo de. Direito municipal HORTA, Raul Machado. Estudo de direito
positivo. 7. ed. rev. atual. Belo Horizonte. constitucional. Belo Horizonte: Ed. Livraria
Ed. Del Rey, 2010. Del Rey, 1995.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988. Dispo- LEAL, Suely Maria Ribeiro Leal. O novo ca-
nível em: <http://www.planalto.gov.br/cci- pital social das cidades brasileiras. Cader-
vil_03/constituicao/constituicaocompilado. nos Metrópole, n. 10, p 55-74, 2º sem., 2003.
htm>. Acesso em: 18 ago. 2014. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/in-
CORRALO, Giovani da Silva. Município: dex.php/metropole/article/view/9199/6814>.
autonomia na federação brasileira. Curiti- Acesso em: 28 set. 2013.
ba. Ed. Juruá, 2009. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito munici-
_______. Curso de direito municipal. São pal brasileiro. 16. ed. atual. São Paulo: Ed.
Paulo: Ed. Atlas, 2011. Malheiros Editores, 2008.

DEMO, Pedro. Participação é conquista: no- OLIVEIRA, Antônio Candido de Oliveira. A


ções de política social participativa. 4. ed. Democracia local (aspectos jurídicos). Coim-
São Paulo: Cortez Editora, 1999. bra: Ed. Coimbra, 2005.

_______. Política social, educação e cidada- REIS, Jorge Renato; FONTANA, Eliane.
nia. Campinas, SP: Editora Papirus, 1994. Cidadania ativa no estado democrático de
direito: alguns aportes acerca da relação
DOWBOR, Ladislau. O que é poder local? estado-sociedade no âmbito da democracia
São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994. contemporânea. In: CECATO, Maria Aurea
Baroni; MISAILIDIS, Mirta Lerena; LEAL,
Mônica Clarissa Hanning; MEZZAROBA,

JUSTIÇA DO DIREITO v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297

296
Orides (Orgs.). Estado, direito e novos atores
sociais. São Paulo: Conceito Editorial, 2010.
p. 37-52.
SANTIN, Janaína Rigo. O tratamento his-
tórico do poder local no Brasil e a gestão de-
mocrática municipal. In: SEMINÁRIO NA-
CIONAL – MOVIMENTOS SOCIAIS, PAR-
TICIPAÇÃO E DEMOCRACIA, II, 2007,
Florianópolis, Anais... Florianópolis: UFSC,
2007, p. 323-340. Disponível em: <http://
www.sociologia.ufsc.br/npms/janaina_rigo_
santin.pdf>. Acesso em: 28 set. 2013.
SANTOS, Angela Penalva. Autonomia mu-
nicipal no contexto federativo brasileiro.
Revista Paranaense de Desenvolvimento,
Curitiba, n. 120, p. 209-230, jan./jun. 2011.
Disponível em: <http://www.ipardes.pr.gov.
br/ojs/index.php/revistaparanaense/article/
view/171/675>. Acesso em: 28 set. 2011.
SILVA, José Afonso da Silva. Curso de direi-
to constitucional positivo. 33. ed. rev. atual.
São Paulo: Ed. Malheiros Editores, 2010.
ZUILKONKI, Paulo Roberto. Boletim
CNM. XV: Marcha: o poder local. Brasí-
lia. Abril, 2012. Disponível em: <http://
www.cnm.org.br/index.php?option=com_
docman&task=cat_view&gid=152&limit=1
0&limitstart=0&order=hits&dir=DESC&It
emid=239>. Acesso em: 13 set. 2013.

v. 27, n. 2, jul./dez. 2013 - p. 275-297 JUSTIÇA DO DIREITO

297

Вам также может понравиться