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UNIDADE 1
Responsabilidade Social
Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM
Apresentação
Você é contra ou a favor da descriminalização da maconha?
Você é favor ou contra a legalização das drogas?
Levou um susto? Calma, vamos por parte.
Tema polêmico não é verdade? Mas o que isso tem a ver com cidadania?
Veremos.
Todos nós somos cidadãos. Todos nós temos uma certa noção do que isto significa. Uns com
uma visão mais crítica, outros com uma certa descrença, mas invariavelmente todos terão
uma opinião sobre o tema. O mesmo podemos dizer sobre alguns conceitos temas que nos
acompanharão ao longo deste curso, como: democracia, política e direitos humanos.
Conhecer a teoria social é importante, pois no Brasil normalmente queremos mudar as teorias
para que elas se encaixem no nosso pensamento, naquilo que acreditamos e se ajustem a
realidade. Contudo, as teorias e as experiências vividas pelos outros países são referências
para que possamos mudar a realidade. A nossa realidade, política, social e econômica é que
precisa ser modificada para atingir as expectativas que todos nós temos no sentido de uma
sociedade mais justa, igualitária e desenvolvida.
Vamos lá?
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Unidade 01 A Cidadania
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Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM
A Cidadania
Objetivo do estudo
- Reconhecer a importância da coletividade.
- Delimitar a diferença entre espaço público e privado.
- Conhecer o significado de cidadania e democracia.
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Unidade 01 A Cidadania
Ser comum é ser igual aos outros. Não é ser superior ou inferior, mas igual. Não querer
privilégios ou ser preterido (desrespeitado) em algum direito ou benefício. Isso não impede
que ele tenha uma personalidade ou preferencias, mas sobretudo, uma consciência de que
há uma coletividade e que ele faz parte dela. Preservar a vida comunitária é preservar o
espaço que vivemos no nosso cotidiano.
Não estamos falando apenas de direitos e deveres, estamos falando da tensão entre o
indivíduo e a coletividade. Na sua origem, na Grécia antiga, ela se referia principalmente a
esta percepção de que o exercício da cidadania deve considerar não apenas os interesses
individuais, mas os interesses da comunidade, inclusive porque eu desejo uma vida
comunitária pacífica e prospera.
Então é importante frisar que estamos tratando a cidadania numa perspectiva acadêmica e
que não pode ser confundida com o uso comum e genérico que ouvimos no nosso dia a dia.
Sendo assim, a cidadania privilegia a liberdade e a convivência comunitária muito mais do
que qualquer questão de poder, política ou governo. Essa perspectiva nos coloca uma tensão
permanente entre o indivíduo e a coletividade, mas cujo equilíbrio ideal deve ser procurado
e não pode ser esquecido quando discutimos qualquer tema relevante.
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http://www.mundoeducacao.com/
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Cidade = Polis
Cidadania
Política
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Unidade 01 A Cidadania
Na sua origem, a cidadania surgiu na Grécia como reação ao governo tirano de Psístrato,
que chegou ao poder através de um golpe militar e governou Atenas de 546 até 527 a.C.
Seguiu-se um período turbulento sucedido pelos seus filhos que ao final foram destituídos
por Clístenes que deu início as reformas democratizantes posteriormente aprofundadas
por Solon e Péricles.
A criação da democracia como um regime político no qual o poder é do cidadão que o exerce
em igualdade foi revolucionária. Somente em um ambiente democrático as pessoas podem
exercer sua liberdade e participar da vida comunitária de forma ativa e autônoma. Nessa
perspectiva, as pessoas não agem de forma manipulada ou reproduzindo discursos de outros.
Elas são capazes de desenvolver sua própria opinião a partir da análise da sua realidade.
Reflitam sobre a frase do escritor Português Premio Nobel da literatura de 1998 José Saramargo:
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Isso significa compreender a vida em sociedade como algo que produzimos em conjunto a
partir das nossas ações conscientes e não como uma fatalidade. Ainda que muitas vezes a
nossa percepção é de que as coisas são do jeito que as conhecemos desde sempre, de fato
a realidade social está sempre se reproduzindo e mudando em função das nossas atitudes.
Em outras palavras, até podemos observar a corrupção e a violência ao longo da história da
humanidade mas a forma como lidamos e como elas se apresentam mudaram o tempo todo.
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Unidade 01 A Cidadania
Observem que na maior parte das sociedades humanas e durante toda a nossa história
conhecida a mulher ocupou uma posição subalterna em relação ao homem. Somente no
século XX, principalmente na sua segunda metade, o movimento feminista conseguiu avançar
em termos de uma igualdade e liberdade entre homens e mulheres. Mesmo hoje, casos
de violência e desrespeito contra a mulher ainda existem. Convivemos com uma cultura
machista ainda.
Então, temos uma tendência de pensar a vida social numa perspectiva natural. Frequentemente
os governantes utilizam-se desse senso comum para perpetuar o sentimento de que as coisas
não mudam. Nas ciências sociais chamamos esse processo de naturalização da vida social.
Como se fossemos nos acostumando com uma dada situação. O grego pensava diferente. Ele
poderia invocar uma explicação mitológica, mas compreendia a vida política como resultado
de decisões humanas.
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Por ser judia e ter vivido os horrores do Nazismo, Hanna Arendt ressaltava a importância da
liberdade para a existência de um espaço público para o exercício da cidadania através da
política. Para ela o recurso do medo e da violência acabava com qualquer tipo de relação
política. A política é vivida com liberdade e se opõem a violência. A exceção é o Estado
que monopoliza o direito do uso legal da força dentro da lei, mas que não pode cercear a
experiência política na convivência coletiva.
A experiência grega com a política foi muito rica e a contribuição que ela trouxe para a
civilização ocidental é determinante da nossa cultura. O Discurso Fúnebre de Péricles é o
que melhor traduz a distinção entre esses espaços e como o ateniense conduzia sua vida
na esfera política:
Em contrapartida, o espaço privado dizia respeito somente ao indivíduo e sua família. Qualquer
coisa que as pessoas fizessem ou deixassem de fazer não interessava aos outros. Conforme
citado acima, até mesmo opinar na vida do outro poderia trazer um descontentamento ou
criar um problema para a convivência social.
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o comportamento vez começa a interferir cada vez mais na vida das pessoas.
Leis são criadas para proibir o fumo de cigarro em ambientes
fechados, a proibição de beber e dirigir, a união estável
pode ser individual entre tantos exemplos que poderíamos trazer aqui para
descrever o controle cada vez maior do Estado na regulação
do comportamento das pessoas e das relações sociais em
é coletiva.
Em certo sentido, essa mudança é importante porque o
comportamento pode ser individual mas a consequência
é coletiva. A pessoa pode decidir dirigir um carro bêbada
mas essa decisão pode acarretar danos a terceiros,
engarrafamentos em função de acidente ou despesas
públicas com atendimento médico. Então, se as escolhas
individuais repercutem na sociedade, a sociedade se sente
no direito de interferir nelas. A questão é definir qual o limite
e de que forma deve ocorrer essa intervenção.
https://natransversaldotempo.files.wordpress.
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Resumindo, na Grécia antiga a separação entre o público e o privado era importante para definir
o espaço e o objeto das decisões políticas. Atualmente, essa separação diminuiu e assumiu
novas dinâmicas, mas deve ser respeitada, principalmente em relação aos interesses individuais
de alguém que se utilize das prerrogativas de um cargo ou poder para adquirir privilégios.
Por isso a cidadania reside na garantia da liberdade e no respeito da alteridade (no respeito
ao outro) com quem convivemos.
Desde o princípio os governos se colocaram como o meio natural e único que possibilita essa
convivência. As leis, a segurança e a ordem são acréscimos necessários para possibilitar a
efetivação da vida coletiva. Essa estrutura governamental se desenvolveu de tal forma ao
longo do tempo que no século XVIII, Rousseau já escrevia em seu livro clássico Do Contrato
Social: “o homem nasce livre e em todos os cantos encontra-se a ferros”. Prisioneiro das
convenções que ele mesmo criou na pretensão de torna-lo mais livre e feliz.
https://pensamentosdeumacoruja.files.wordpress.
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Não se trata de uma crítica a sociedade capitalista ou socialista uma vez que cada qual
apresentou seus desvios e inviabilizou a emergência de uma sociedade democrática. Também
não se trata de criarmos uma receita pronta para solução de todos os males. Destacamos, a
necessidade de recuperar o diálogo e a convivência fraterna para criar novas experiência sociais.
A compreensão do outro e a tolerância com o diferente é essencial. O objetivo da política desde
sua origem foi possibilitar a convivência pacifica da diversidade, foi preservar a pluralidade. Até
porque, quando todos pensam e vivem da mesma maneira não há necessidade da política.
Certamente, a proposta desses autores não é uma tarefa fácil, tendo em vista que as pessoas
estão cada vez mais individualistas e egoístas. Recolhidas em seus espaços privados, estão
pouco dispostas ao debate. A sociedade em rede que emerge dessa realidade, altamente
conectada pela internet pode ser ou não um fator de mudança. De um lado, as pessoas podem
interagir mais discutindo os temas relevantes da sua vida em comum com outras, mas por
outro lado, reforça a distância, a falsificação de ideias e a intolerância entre elas.
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Percebemos que a relação entre política e economia são intensas. Uma influência a outra.
Porém, conseguimos muito mal ter algum controle sobre a esfera política. Por mais frágil
que nossa experiência presente seja, no passado era ainda mais precária. A democracia e o
exercício da cidadania deve ser um exercício continuo de aprimoramento.
Como na frase de Winston Churchill, “a democracia é a pior forma de governo, salvo todas
as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”. Essa constatação
não pode nos impedir de buscar aprimorar essa experiência que somente pode prosperar
se compreendermos que ela deve favorecer a liberdade e a humanidade e não fazê-la refém
de uma organização política.
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confundimos
http://2.bp.blogspot.com/-ljf5pfL9Fn8/UbAWJfm3zPI/
o direito de
expressão
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com direito
de ofensa
http://4.bp.blogspot.com/_0Pi_X-ntZLY/SCtqwxKnqxI/
AAAAAAAAADM/0JxoWDTnANw/s400/amarildo_
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Ainda assim, com todas as críticas e poucas experiências bem sucedidas a democracia e
a cidadania se colocam como necessárias para avançarmos num modelo societário mais
equilibrado e desenvolvido. Que não pode se construir com base na luta pelo poder. Como
nos ensina Augusto de Franco, a democracia:
a democracia
Todos esses recursos podem ser uma maravilhosa ferramenta
para expansão da democracia, e uma verdadeira ameaça,
quando usado para formar consensos que impactam sobre
continuo da
democracia para permitir o exercício continuo da cidadania
tem de ser compreendida como processo muito mais do que
uma reta de chegada. No caminho, na sua dinâmica ela se
como processo
sobre o tema, assim como das alternativas disponíveis
ou que podem vir a ser criadas para evitar algum
maleficio para a sociedade.
que uma reta de devem ser renovados e trazidos a esfera pública para que
todos possam se envolver com ele, pois afinal ele está
chegada
presente no nosso cotidiano, seja na casa, no trabalho ou
na sociedade sob forma de criminalidade.
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aprofundando
Sugiro uma reflexão sobre o tema da descriminalização
e a legalização do uso de drogas ou da maconha em
particular.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/
foto/0,,17925430,00.jpg
Bibliografia:
ARENDT, Hannah. A condição humana. Editora Forense. Rio de Janeiro, 2003
FRANCO, Augusto de. A terceira invenção da democracia. São Paulo: 2013 Disponível
em: http://pt.slideshare.net/augustodefranco/a-terceira-inveno-da-democracia-29335826
Acessado em: 13/10/2014
____________ Democracia: um programa auto didático de aprendizagem São Paulo:
2010.
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