Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Resumindo, o termo xamã reflete uma pessoa voltada às técnicas espiritualistas de sua
comunidade e que utiliza as ferramentas dadas à situação geográfica e os recursos
naturais. O próximo passo é entendermos o termo celta.
Em muito se busca a origem do nome celta, alguns dizem que fora dado pelos gregos,
outros que seria a derivação da origem de alguma palavra ou objeto tal como um rio, mas
em resumo é um dos vários povos que estiveram em dadas regiões na Europa.
Encontramos algum material escrito sobre este povo nos manuscritos de Leabhar
Laighneach (Livro de Leinster) e nas descrições de antigos filósofos como Estrabão, Plínio,
César, etc.
O termo Xamanismo Celta nos leva a um mundo de crenças e técnicas nativas e antigas
dos povos celtas. Por certo, os antigos celtas não se auto-declaravam xamãs. Podemos
citar que o druidismo seria a concepção mais exata do poder religioso daquele povo
onde seus membros podem receber o nome de druidas, Fili e Faithi, mas também
estaríamos nos perdendo em palavras, em rótulos, o que devemos ter em foco é à busca
da essência cultural e mágica deste povo.
Lembro que num determinado tempo isto foi muito questionado (sobre quais as diferenças
entre druidismo, xamanismo celta e bruxaria tradicional voltado ao povo celta).
Poderíamos resumir em total simplicidade, mas que no final das contas seria superficial.
Portanto apenas para que nosso senso racional não fique perdido, a primeira esta mais
relacionada a um corpo sacerdotal, a segunda a técnicas espirituais e, a última, ao folclore
e costumes populares, mas esta separação é apenas uma pequena luz que nem de longe
contempla o Sol de fundamentos vivos e poderosos da percepção de estudar o mundo
celta.
Estas técnicas espirituais xamânicas podem ser alcançadas com a dança, com música
ritual, meditação, ervas de poder ou com situações preparadas em rituais que descrevem
um mito ou alguma maneira ritualística de alteração de percepção.
Qualquer tentativa de racionalização de uma crença antiga é perda de tempo. As lendas
são os mitos da psique, o caminho em que cada um de nós persegue dentro ou fora da
magia, mas que nos leva aos mesmos contos do passado, e não há como alcançar tal
entendimento a não ser pela mais pura reflexão e vivência dentro deste caminho.
O mundo dos deuses e ancestrais não é uma prática meramente religiosa e sim um
agregado cultural, filosófico, onde é necessário não apenas dizer que entende e sim que
concebe. Seria muito difícil que alguém que não acredite em espíritos ou na
espiritualidade venha a compreender e aceitar um politeísmo rico em divindades e
entidades. Seguindo por esta linha de pensamento, os povos celtas não acreditavam
existir o conceito temporal de passado, presente e futuro (o que é muito distante de nossa
realidade), bem como alguns pontos referentes à sexualidade, sacrifício, sentido de
hospitalidade, morte, sejam extremamente reprimidos ou mal interpretados em nossa
atual época.
Com alguns estudos podemos traçar um parâmetro básico entre as diversas crenças
antigas, tal como as tribos primitivas da Sibéria e dos nativos norte-americanos,
encontramos traços xamânicos entre os bosquímanos africanos, os aborígines australianos
e obviamente, entre os antigos Celtas, porém de modo algum podemos dizer que um
Xamã Siberiano emprestou suas crenças ou compartilhou com os celtas os fundamentos
espirituais de sua comunidade, e para alguns radicais o termo Shaman deveria ficar
somente com os siberianos.
A cultura Celta é baseada no ciclo da vida, onde as estações do ano regem o papel
principal. Suas datas, tal como são celebradas hoje, são devido a vestígios arqueológicos,
tal como o calendário de Coligny, onde estão as quatro ritualísticas básicas deste povo e,
através destas, são feitos rituais com deuses específicos, comemorando determinada fase
da vida, seja o plantio, a colheita, o culto à vida, à compreensão da morte.
O Xamanismo Celta (as técnicas envolvidas) é voltado ao trabalho espiritual em si. Nele
encontramos os segredos escondidos pelo nosso lado obscuro, onde alguns chamam lado
sombra, outros de subconsciente. Encontramos também o significado das forças da
natureza, o caminho de descobrimento e compreensão. Digo que encontramos a riqueza
da nossa alma, onde a separamos em vários pedacinhos e depois a juntamos de uma
forma que nos traga maior respeito como pessoas, aos que nos cercam e a convivência
harmoniosa entre tudo e todos, porém cheia de desafios entre o fascinante vigor de um
culto ampliador da percepção.
Muitos praticantes do xamanismo celta utilizam a árvore sagrada para alcançar os reinos
do além, do outro mundo, subindo pelos galhos ou descendo pelas raízes. Esta simbologia
encontra-se também no fato de que as árvores possuíam um caráter de serem
verdadeiros portais, pontos de adoração e respeito. Árvores como o carvalho, a aveleira e
o azevinho eram extremamente consagradas nos rituais celtas. Algumas tribos chegavam
a dar o caráter de ancestralidade a elas, ou seja, eram a raiz de uma tribo, o totem base
para a cultura da tribo, eram os lugares de recolhimento para reuniões e discussões
importantes, onde as alianças e contratos eram selados. Nada mais natural, pois estas
árvores eram canalizações diretas da influência do além, do pacto entre homens e seus
deuses.
Outro fato interessante é que também encontramos a relação de caminho e vida com
relação a uma fonte (fonte de Segais), de onde surgem os sete rios da vida. Nasce no
mundo inferior (ancestralidade) e pressupõem-se sete caminhos da alma rumo aos
desígnios do estereótipo e da psique. Muitas culturas, inclusive a egípcia, crêem no
nascimento das águas como sendo o começo da vida; no Cristianismo, com Jesus ao
andar pelas águas; nas mitologias africanas na junção, mar (mãe) e céu (pai); na trindade
celta (céu, mar e terra); em todas encontramos a consagração do elemento água, líquido
amniótico que traz a vida.
Para os xamãs, sua busca começa no mundo médio e se prolonga pelo outro mundo, e
esse tramitar é muito importante, pois traz não apenas a busca por outras sensações, mas
o contato com outros seres pelo qual são repassados conhecimentos. A cada jornada, uma
aventura, um conto, um poder a ser entendido e respeitado.
Nas festividades celtas é normal encontrarmos portais que nos levam aos ancestrais,
outros seres e deuses. Nada seria mais comum para aqueles que procuram nesta forma
de religação o contato entre os mundos.
A sabedoria da avelã é a visão que engloba todo o Universo, ou seja, para os celtas tudo
está incluso e perfeitamente equilibrado entre os mundos. Quem consome a avelã
concebe o equilíbrio aos mundos, a perfeita consciência dos caminhos entre ser e estar,
do interior e exterior, da migração da alma, do começo ao fim e ao chegar ao fim voltar
ao começo. A avelã é a semente da árvore da vida, é a contemplação. Tudo nasce dali e
se projeta e volta a se tornar semente e assim cumpre o ciclo da roda do ano.
É comum que os heróis celtas que fazem parte dos contos estejam em busca de sabedoria
e de conhecimento e sejam testados diante da luxúria e da beleza como também diante
de sua nobreza.
Numa das estórias celtas do País de Gales encontramos um exemplo de punição. Gwydion
e seu irmão Gilfaethwy criam problemas para com o rei de Annwn, Pryderi, onde algumas
leis são quebradas e a punição foi transformar Gilfaethwy e Gwydion.
Primeiramente Gwydion foi transformado num veado e Gilfaethwy numa corça. Nestes
corpos são forçados a viver como marido e mulher até a morte. Em tal caso são
transformados outra vez, desta vez Gwydion transforma-se em uma porca e Gilfaethwy
em um porco. Numa outra vez, após a "encarnação" como porcos, vivem outra vez como
lobos, Gwydion, o lobo, e o e seu irmão, a fêmea. Devemos frisar que foram três
transformações, onde o número três tem uma forte importância para os celtas. Neste
caso, o final de três ciclos, tal como acontece dentro da Bruxaria Tradicional voltada aos
Celtas, existem três anos para rompê-lo do primeiro ciclo do aprendiz.
Cada estória nos mostra além da busca pela sabedoria, a intervenção de um protetor ou
guardião do local, um deus, um ser do outro mundo pelo qual é encaminhado o peregrino
diante de um portal ou nova visão. Também podemos encontrar animais sagrados fazendo
menções diretas a deuses tal como o cavalo para Epona, o corvo para Lugo, o gamo para
Taliesin. Este fator é comum também no xamanismo de forma geral, a vontade e o poder
ambos a serviço de uma causa comum, a viagem mais livre ao outro mundo e a obtenção
de vivências e sabedoria.
Alguns rotulam o que um xamã deve ser. Um xamã é o que ele em essência crê. Se é um
bom conversador será um ótimo contador de estórias; se é dado a cuidar da saúde será
responsável pela cura de si como também pode estender a seu semelhante; se resolve ter
um pacto com o poder pessoal será um intermediário entre o homem e a divindade;
portanto, não há como rotular, não há como dogmatizar certas heranças contidas na mais
absoluta verdade interior esquecida do outro lado da lua, no oculto de nossa alma.
Fontes:
Antigas Estórias Irlandesas - Michael Harner, (1990).
Shapeshifting in Celtic Myth - por Kenneth R. White
O espírito do Xamanismo - Mircea Elaide (1971)
Xamanismo: Técnicas antigas de Êxtase - Kuno Meyer (1889)
Xamanismo: Como uma prática espiritual para a vida diária - Sandra Ingerman, (1991).
A maneira do Shaman - Tom Cowan, (1993).
Xamanismo celta: Um Manual - John Matthews, (2002).
Anam Cara: Um livro da sabedoria celta.
Taliesin: O último Shaman celta - Caitlin Matthews, (1995)
Viagem Celta de Jeannette - M. Gagan Ph.D.