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Fratura Supracondiliana
do Úmero na Criança
1
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
OBJETIVO:
Estabelecer critérios para o tratamento das fraturas supracondilianas do úmero
na criança.
CONFLITO DE INTERESSE:
Nenhum conflito de interesse declarado.
INTRODUÇÃO
ca, do pulso da artéria braquial e radial e de resultante da falha do tratamento não é somen-
sinais da síndrome de compartimento. te uma deformidade com efeitos cosméticos, mas
pode ter outras conseqüências tardias, como ris-
Radiografias simples são suficientes e de co de fratura do côndilo lateral, paralisia tardia
fundamental importância para o diagnóstico e do ulnar e instabilidade rotatória do cotovelo.
planejamento do tratamento. A dor e a ansie-
dade apresentada pela criança e pelos familiares FRATURAS DO TIPO II E III DE GARTLAND
podem dificultar o exame radiológico. Para se
obter a radiografia na incidência ântero-poste- URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA?
rior, deve-se colocar sobre o chassi a extremida-
de distal do braço, não importando o grau de A idéia de se tratar as fraturas supra-
flexão do cotovelo. Do mesmo modo, deve ser condilianas do úmero na criança tipo III de
feita a radiografia em perfil. Gartland na urgência é baseada nas premissas
de que esta medida não somente é útil para
Apesar de ser mais descritiva e prática para aliviar a dor, mas também para se evitar com-
a definição da conduta terapêutica, a classifica- plicações de ordem vascular, conseqüentes ao
ção de La Grange não é a mais utilizada. Essa edema local. O retardo do tratamento poderia
classificação divide as fraturas em quatro tipos, favorecer o aumento do edema e assim dificul-
a saber: tipo I: sem desvio, tipo II: com desvio tar a identificação dos acidentes anatômicos
em um só plano, tipo III: com desvio em mais importantes para a redução e a fixação da fra-
de um plano e com contato entre as corticais e tura e predispor à instalação da síndrome de
tipo IV: com desvio em mais de um plano e compartimento.
sem contato entre as corticais4(D). A classifica-
ção mais usada é a de Gartland, descrita em O acompanhamento prospectivo de uma
1959, e que divide as fraturas em três tipos: coorte de 220 crianças com fraturas
sem desvio é classificada como tipo I; com des- supracondilianas do úmero, que necessitaram
vio e com a cortical posterior íntegra, como tipo de redução e fixação percutânea, sendo excluí-
II; com desvio e sem contato entre as corticais dos os casos de fratura exposta, e aqueles que
dos fragmentos ósseos recebe o tipo III na tinham algum grau de comprometimento
classificação5(D). vascular inicial, objetivou correlacionar a influ-
ência do tempo de espera até a realização do
Complicações acontecem no manejo de qual- procedimento cirúrgico, com a incidência de
quer fratura, mas no caso específico da fratura complicações agudas, ou peri-operatórias. Fo-
supracondiliana na criança, não somente pode ram definidos dois tipos de tratamento: precoce
haver alterações na morfologia da articulação, e tardio. O grupo definido como precoce foi tra-
como também poderá ocorrer deformidade re- tado em, no máximo, oito horas após o trauma
sidual em varo, com repercussão na função ar- (n=52), e, no tardio, o tempo era maior de oito
ticular. No entanto, padronização de acesso e horas após o trauma (n=146). Não houve di-
técnicas cirúrgicas têm diminuído grandemente ferença significativa entre os dois grupos com
a incidência de maus resultados. Cúbito varo relação à necessidade de redução aberta, nem
Pode-se concluir que, com relação ao tipo da fi- dos, não havendo lugar para o uso de aparelho gessado
xação, os estudos que não utilizaram material de sín- exclusivamente nas fraturas supracondilianas do
tese tiveram porcentagem elevada de maus resulta- úmero tipo II ou III de Gartland.
Tabela 1
de redução ou pela compressão devido à isquemia abertura do foco de fratura, que leva o fragmento
de Volkmann2,3(C). O predomínio maior é de distal para a linha média. Considera-se que a
lesão do nervo interósseo anterior, ramo do ner- deformidade seja triplanar, que determinaria
vo mediano, principalmente no desvio póstero- maior deformidade pela perda das relações
lateral. Nestes pacientes não acontece déficit da anatômicas das eminências dos ossos que for-
sensibilidade, mas há perda motora dos múscu- mam a articulação do cotovelo27(B). Todas es-
los flexores do polegar e indicador, com o res- tas decorrentes da correção incompleta do des-
tante das funções do nervo mediano conserva- vio da fratura no momento do tratamento. Uma
das. O nervo radial é acometido nas fraturas outra causa seria o transtorno do crescimento
com desvio póstero-medial, sendo lesado pela da coluna medial ou sobrecrescimento do capí-
espícula lateral do fragmento proximal do tulo, ou fise da tróclea.
úmero. O nervo ulnar é afetado nas fraturas
em flexão, estando sua lesão mais relacionada O cúbito valgo raramente acontece em 2%
ao tratamento cirúrgico quando o nervo é dos casos, e está relacionado às fraturas com
transfixado pelo fio de Kirschner utilizado para desvio póstero-lateral que se associam à rotação
a fixação da fratura. A grande maioria das le- lateral do fragmento distal, fazendo com que as
sões é do tipo neuropraxia, os casos de inserções distais dos músculos bíceps e tríceps
neurotmese são restritos aos traumas de maior tornem-se mais laterais, tracionando o fragmen-
energia, como nas fraturas expostas. to distal no mesmo sentido. A deformidade es-
tética é discreta, sendo que a preocupação mai-
QUAIS AS COMPLICAÇÕES MAIS or do médico assistente deve ser o desenvolvi-
FREQÜENTES? mento tardio de paralisia do nervo ulnar.
localização do nervo ulnar28(C). Nas crianças teral importante deve levar o médico assistente
menores em relação à faixa etária habitualmen- a considerar a existência de lesão muscular gra-
te acometida, ou na presença de grandes edemas, ve e isquemia da musculatura adjacente ao foco
o cirurgião, encontrando dificuldade em palpar de fratura, a presença de dor em repouso, dor
o epicôndilo, deve optar pela realização de uma provocada pela extensão passiva dos dedos e a
pequena incisão no bordo medial para identifi- incapacidade de contrair ativamente os múscu-
car o nervo ulnar e afastá-lo adequadamente, los do antebraço devem alertar para a possibili-
antes da introdução do fio de Kirchner30(D). dade de transtorno vascular da região.
28. Wind WM, Schwend RM, Armstrong DG. 30. Sobania LC. Fraturas da extremidade
Predicting ulnar nerve location in pinning distal do úmero em crianças. In: Pardini
of supracondylar humerus fractures. J & Souza, eds. Clínica ortopédica. 2002.
Pediatr Orthop 2002;22:444-7. p.79-93.
29. Royce RO, Dutkowsky JP, Kasser JR, Rand 31. Mubarak SJ, Carroll NC. Volkmann’s
FR. Neurologic complications after K-wire contracture in children: aetiology and
fixation of supracondylar humerus fractures in prevention. J Bone Joint Surg 1979;61B:
children. J Pediatr Orthop 1991;11:191-4. 285-93.