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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2
UNIDADE 1 – A JUSTIÇA ELEITORAL ..................................................................... 5
1.1 Competências ....................................................................................................... 6
1.2 Atribuições da Justiça eleitoral .............................................................................. 7
UNIDADE 2 – TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - TSE ...................................... 13
UNIDADE 3 – TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS - TRE .................................. 17
UNIDADE 4 – JUÍZES ELEITORAIS ........................................................................ 19
UNIDADE 5 – JUNTA ELEITORAL .......................................................................... 21
UNIDADE 6 – O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL ............................................ 23
UNIDADE 7 – A POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL .............................................. 26
UNIDADE 8 – SISTEMAS ELEITORAIS .................................................................. 28
8.1 Sistema majoritário .............................................................................................. 29
8.2 Sistema proporcional ........................................................................................... 32
8.3 Sistema misto ...................................................................................................... 35
UNIDADE 9 – DIREITOS POLÍTICOS-PARTIDÁRIOS ............................................ 37
UNIDADE 10 – O CÓDIGO E AS LEIS ELEITORAIS .............................................. 50
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61
ANEXOS ................................................................................................................... 64

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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INTRODUÇÃO

Criado em 1932, a Justiça Eleitoral é o ramo do Poder judiciário, responsável


por todos os trabalhos eleitorais – do alistamento à proclamação dos eleitos.

Cumpre à Justiça Eleitoral, a nobre missão de resguardar a democracia e o


Estado Democrático, nos moldes do disposto no art. 1º e incisos da
Constituição Federal, efetivando, praticamente, a soberania popular, a
cidadania e o pluralismo político como princípios fundamentais trilhados
pelo legislador-constituinte (RAMAYANA, 2010, p. 103).

Segundo consta em seu sítio na Internet, a Justiça Eleitoral, enquanto ramo


especializado do Poder Judiciário, atua em três esferas, desempenhando, além da
função jurisdicional, as funções administrativas, normativa e consultiva. Ou seja, tem
competências para julgar questões eleitorais; administrativas (na qual é responsável
pela organização e realização de eleições, referendos e plebiscitos); e, elaborar
normas referentes ao processo eleitoral.
De acordo com os artigos 92, V e 118, I a IV, da Constituição Federal, a
Justiça Eleitoral é composta pelo Tribunal Superior Eleitoral, pelos Tribunais
Regionais Eleitorais, pelos juízes eleitorais e pelas juntas eleitorais.
Pois bem, a organização da Justiça Eleitoral no Brasil é nosso primeiro
ponto de estudo neste módulo.
Na sequência, teremos como foco os sistemas eleitorais, de grande
importância, devido suas distorções e peculiaridades próprias que nos levam a
entender a conduta dos agentes políticos.
Noções e conceitos pertinentes ao Direito Político-partidário vêm a seguir e,
por fim, teceremos comentários acerca do Código Eleitoral e a legislação pertinente
à matéria encontra-se em anexo.
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se
fazem necessárias:
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira

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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados.
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo
original1, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância.
3) Ora exploraremos artigos resultados de pesquisas pontuais, elaborados
por pesquisadores em seus diversos níveis da Academia, sejam alunos, mestres ou
doutores, ora apresentaremos as perspectivas e experiências cotidianas de
empresas do setor privado, evidentemente que sempre focados nos conteúdos do
módulo e sempre a título de enriquecimento para os cursistas.
4) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu
julgamento” (FERREIRA, 2005)2, ou conjunto de soluções dadas às questões de
direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento.
5) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento
crítico.
6) Pedimos compreensão por usar a lógica ocidental tradicional que funciona
como uma divisão binária: masculino x feminino, macho x fêmea ou homem x
mulher, mas na medida do possível iremos nos adequando à identidade de gênero,
cientes de que no mundo atual as pessoas têm liberdade de se expressarem de
forma tão diversa e plural e que o respeito à singularidade e a tolerância de cada
indivíduo torna-se fator de extrema importância.

1
Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou
similares.
2
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora
Positivo, 2005.
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7) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou


seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos
científicos.
Por fim:
8) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl +
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local.

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UNIDADE 1 – A JUSTIÇA ELEITORAL

Os órgãos estruturantes da atual conjuntura eleitoral no Brasil são os


mesmos desde a Constituição de 1946. As constituições posteriores apenas
trataram de assuntos ligados às composições de cada órgão, os modos de
investidura em cada um, e a competência delegada a cada órgão jurisdicional
(SOUZA, 2010).
Cabe destacar, por oportuno, que não fora a Constituição de 1946 quem
criou a Justiça eleitoral. A justiça eleitoral brasileira foi criada através do Decreto nº
21.076 de 24 de janeiro de 1932 e constando em texto constitucional pela primeira
vez na CF de 1934. Anteriormente a tal decreto, a Justiça Eleitoral era coordenada
pelo Poder Legislativo. Cabe destacar também que nessa mesma oportunidade foi
instituído o voto feminino.
Os dois esquemas3 a seguir ilustram a posição do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) no organograma do Superior Tribunal Federal (STF), instâncias que veremos
mais adiante.

Figura 1: Organograma do STF indicando a posição do TSE.


Fonte: TSE (2012).

3 Disponíveis em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=sobreStfOrganograma


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Figura 2: Organograma do STF.


Fonte: STF (2014).

1.1 Competências
A Constituição de 1988 não dispõe sobre a competência da Justiça Eleitoral,
limitando-se a dizer que ela será definida em lei complementar (art. 121, caput),
porém, tal lei complementar ainda não foi editada, acordando os doutrinadores que
se consideram as disposições do Código Eleitoral (Lei nº 4.737, de 15 de julho de
1965).
Na opinião de JOSÉ JAIRO GOMES (2018), embora o Código Eleitoral seja
uma lei ordinária, no tocante a esse tema, foi recepcionado pela Constituição
Federal como lei complementar. Disso podemos dizer que, sem incorrer em
inconstitucionalidade, a lei complementar poderia ampliar ou diminuir razoavelmente
essa competência.
RÔMULO PIZZOLATTI (1998) assevera que a competência das justiças
especializadas no Brasil (eleitoral, trabalhista e militar) se determina ratione materiae
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(CF, arts. 111-24). “Matéria eleitoral”, portanto, é o campo dentro do qual se move a
Justiça Eleitoral. Mas, a Constituição Federal não definiu, com contornos precisos, o
que seja matéria eleitoral, remetendo à lei complementar essa tarefa (CF, art. 121,
caput). Agiu similarmente no tocante à Justiça Militar, deixando à lei complementar
definir a sua competência, que é julgar os “crimes militares definidos em lei” (CF, art.
124). A competência da Justiça do Trabalho, diferentemente, já veio bem demarcada
na Constituição, abrangendo todos os litígios trabalhistas (relação de trabalho ou
celetista), pouco importando se o empregador é pessoa de direito público ou
privado, mesmo porque se trata de competência firmada ratione materiae, sem
prejuízo de deixar à lei definir “outras controvérsias decorrentes da relação de
trabalho”, servindo de exemplo a Lei nº 8.984, de 1995, a qual estende a
competência da Justiça do Trabalho.
De maneira bem simplista, se respondermos sim ao seguinte
questionamento: “É matéria eleitoral?”, então estaremos diante de conteúdo de
competência da Justiça Eleitoral.

1.2 Atribuições da Justiça eleitoral


Segundo RODRIGO LÓPEZ ZÍLIO (2012), a Justiça Eleitoral possui
características próprias, que a distingue dos demais ramos do Poder Judiciário. De
plano, cumpre consignar que a Justiça Eleitoral não possui quadro próprio de
magistrados, sendo a função dos juízes eleitorais de primeiro grau, exercida
mediante delegação, por juízes de direito estaduais. A característica fundamental é
que a Justiça Eleitoral apresenta funções múltiplas, não se restringindo a atividade-
fim de prestar jurisdição, sendo reconhecida, ainda, as atribuições administrativa,
normativa e consultiva, como veremos a seguir.

a) Função jurisdicional
A função jurisdicional, para solucionar os conflitos de interesses e zelar pela
uniformidade das decisões da Justiça Eleitoral, se atém ao julgamento de casos
referentes ao processo eleitoral, tais como: pedidos de registro de candidatos;
representações sobre propaganda eleitoral; ações para apuração de crimes

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eleitorais, condutas vedadas a agentes públicos, captação ilícita de sufrágio, entre


outros.
Assim, sempre que à Justiça Eleitoral for submetida uma disputa/demanda,
esta exercitará sua função jurisdicional, por meio de seus juízes que aplicarão, ao
caso concreto, o direito (GOMES, 2018).

b) Função administrativa
A atividade administrativa da Justiça Eleitoral se revela através da
organização e da administração do processo eleitoral (lato sensu). Assim, é
atribuição da Justiça Eleitoral a administração do cadastro de eleitores, procedendo
aos atos de alistamento e transferência, revisão do eleitorado, designação de locais
de votação, criação das seções eleitorais e Zonas Eleitorais, nomeação e
convocação de mesários e escrutinadores (ZÍLIO, 2012).
Essa função da Justiça Eleitoral desempenha papel relevante, pois os atos
preparatórios das eleições são dispendiosos e consomem dinheiro, material e força
de trabalho de inúmeros servidores. É a Justiça Eleitoral que administra todo o
processo eleitoral, ou seja, é ela que prepara, organiza e administra todas as etapas
a ele relacionadas.
Segundo JOSÉ JAIRO GOMES (2018), o que caracteriza a função
administrativa é a inexistência de conflito ou lide para ser resolvida. Logo, a função
administrativa é responsável, dentre outras coisas, pelo alistamento de eleitores,
emissão de título eleitoral, transferência de domicílio, fixação de local de votação,
nomeação de mesários, apuração de votos e expedição de diplomas aos eleitos.

c) Função consultiva
Essa competência da Justiça Eleitoral encontra-se prevista nos artigos 23,
XII, e 30, VIII, do Código Eleitoral, e determina que o Tribunal Superior Eleitoral e os
Tribunais Regionais Eleitorais devem responder a questionamentos sobre assuntos
relacionados à matéria eleitoral.
Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior:
XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em
tese por autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político;

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Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais:


VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas,
em tese, por autoridade pública ou partido político.
As questões formuladas não podem ter relação ou semelhança com casos
concretos e devem ser respondidas pelo TSE, desde que feitas por autoridade com
jurisdição federal ou órgão nacional de partido político, ou pelos Tribunais Regionais
Eleitorais, desde que demandadas por autoridade pública ou partido político. As
respostas às consultas não vinculam outros tribunais ou juízes, contudo, na prática,
são usadas como referência e fundamento para casos similares.
A função consultiva é característica extremamente peculiar e própria da
Justiça Eleitoral. A consulta tem por finalidade esclarecer determinadas dúvidas,
tornando público o entendimento da Corte sobre matéria eleitoral. A importância da
consulta cresce progressivamente na medida em que a composição das Cortes
Eleitorais se modifica substancialmente e com frequência, por força do rodízio
bienal, ocorrendo, invariavelmente, oscilação no entendimento pretoriano, o Código
Eleitoral atribui competência para responder consulta sobre matéria eleitoral, a
serem formuladas por autoridade pública ou partido político, ao Tribunal Superior
Eleitoral (art. 23. Inciso XIII) e aos Tribunais Regionais Eleitorais (art. 30, inciso VIII).
Portanto, havendo previsão de competência apenas para os Tribunais Eleitorais, não
há possibilidade de o Juiz Eleitoral responder à consulta, já que inexiste qualquer
referência expressa no art. 35 do CE. A legitimidade para formular consultas junto ao
TSE é de autoridade pública, com jurisdição federal, ou partido político, através de
seu órgão de direção nacional, ao passo que, perante o TRE, a legitimidade é do
órgão de direção estadual do partido político, além da autoridade pública. Por
consequência, não é reconhecida legitimidade para o diretório municipal de partido
político formular consulta junto ao TRE, em face à limitação de circunscrição do
órgão partidário (TRE-RS - Consulta nº 252008 - ReI. Jorge Alberto Zugno - j.
26.06.2008).
A consulta somente pode envolver matéria exclusivamente eleitoral, sendo
descabido o questionamento sobre matéria constitucional, administrativa ou
partidária. Por matéria eleitoral entende-se, em suma, toda atividade desenvolvida
com vista à realização do pleito, envolvendo desde a fase preparatória até a data da

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diplomação. De igual sorte, toda matéria envolvendo questionamento sobre as


ações eleitorais (lato sensu) é matéria eleitoral e apta a ser respondida mediante
consulta, desde que presentes os demais requisitos legais. Portanto, v.g., a matéria
eleitoral abrange os atos de alistamento, transferência e cancelamento de inscrição,
convenção partidária para escolha de candidatos, coligações, registro de candidatos,
condições de elegibilidade, hipóteses de inelegibilidade, propaganda eleitoral,
pesquisa eleitoral, direito de resposta, arrecadação de recursos, prestação de
contas, diplomação, ações eleitorais, entre outros (ZÍLIO, 2012).
Frise-se que a consulta não pode ser sobre uma situação determinada e
concreta, somente sendo possível versar sobre situação “em tese”, sob pena de não
conhecimento.
Justifica-se a necessidade da consulta somente ser formulada sobre
situação em tese, porquanto, a natureza consultiva é de mera orientação, sem
qualquer caráter vinculativo. Daí, pois, não tendo poder de vinculação, somente
pode ser respondida sobre situação em abstrato. Segundo TORQUATO JARDIM
(1998, p. 183),

consultar em tese é descrever situação, estado ou circunstância genérica o


bastante para (a) tal qual a norma jurídica, admitir-se provável sua repetição
sucessiva e despersonalizada, e (b) revelar-se a dúvida razoável e genuína,
em face de lacuna ou obscuridade legislativa ou jurisprudencial, porém,
jamais, antecipação de julgamento judicial ou supressão de instância.

A complexidade da matéria, contudo, não impede o conhecimento da


consulta, até mesmo porque uma das finalidades primordiais da matéria consultiva é
o esclarecimento de dúvidas sobre situações não suficientemente elucidadas pela
legislação. Porém, não há como conhecer consulta formulada com muita amplitude,
de modo a impedir a fixação de diretrizes mínimas para a resposta.
Como somente é possível conhecer de consulta formulada em tese, o
entendimento é que a Justiça Eleitoral somente responde consultas até o período
anterior à realização das convenções partidárias. Com efeito, considerando que a
partir da deliberação das convenções partidárias se inicia o processo de
individualização das candidaturas e dos registros, conclui-se que a partir de tal
interregno já existem interessados específicos para as consultas formuladas, sendo
vedada a atividade consultiva das Cortes Eleitorais. Por consequência, não se
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conhece de consulta após iniciado o processo eleitoral, porque o objeto da consulta


poderá ser apreciado, em caso concreto, pela Justiça Eleitoral. A resposta à
consulta não tem natureza normativa, ou seja, não vincula o Tribunal, o consulente
ou a terceiros; no mesmo norte, não tem conteúdo decisório. Apenas serve como
orientação, em tese, sobre determinada matéria eleitoral, não significando que,
quando do julgamento de caso concreto, o órgão consulente observará
incondicionalmente as diretrizes expostas na consulta. Como referido por
TORQUATO JARDIM (1998, p. 184),

as respostas às consultas refletem recomendação, um entendimento prévio


posto em situação abstrata, porquanto não se respondem a casos
concretos. É palavra dada em sessão administrativa, ausente qualquer
defesa ou contraditório ou publicidade, requisitos essenciais ao due process
da sentença judicial, ainda que palavra motivada (CF art. 5°, LII, LV, LVII, e
4
93, IX e X ).

Por não ter caráter normativo, não enseja ajuizamento de ação direta de
inconstitucionalidade; por não ter conteúdo decisório, não cabe a interposição de
recurso. Neste sentido, já restou assentado pelo STF o

não conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade, no que concerne


às Resoluções referidas do TSE, em respostas as consultas, porque não
possuem a natureza de atos normativos, nem caráter vinculativo (ADIN nº
1805-2 - ReI. Néri da Silveira - j. 26.03.98).

Em outra oportunidade, a Corte Suprema concluiu pela impossibilidade de


controle abstrato de constitucionalidade do § 1° do art. 4° da Res. nº 20.993/02 –
que dispunha sobre a verticalização –, aduzindo que o dispositivo impugnado é ato
de interpretação, fruto de resposta à consulta, caracterizando-se como ato normativo
secundário.
Nessa linha de pensamento, JOSÉ NÉRl DA SILVEIRA (1998, p. 60) define
a natureza jurídica da consulta, aduzindo que

cuida-se, aí, de exercício de competência materialmente administrativa, não


se revestindo a deliberação da Corte Eleitoral de caráter vinculativo ou
obrigatório. Anotou-se que a resposta à consulta não obriga quer o
consulente, quer terceiros, nem dela coisa julgada resulta, não se
caracterizando, assim, a resolução como ato normativo, suscetível de

4 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004.


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controle concentrado de inconstitucionalidade, ut art. 102, I, letra a, da CF.


A resposta à consulta, em torno da exegese de determinada norma, traduz,
é certo, a compreensão da Corte, em abstrato, sobre a matéria eleitoral em
exame, mas não se erige em deliberação ou disposição de caráter
imperativo, como é da natureza da norma jurídica ou do ato normativo
stricto sensu.

A consulta, em regra, sempre recebe a forma de resolução pela Corte


Superior, até mesmo porque de acórdão – que é ato de jurisdição dos tribunais –
não se trata. Portanto, ao fim, resta distinguir: se se trata de resolução emanada
pelo TSE, é cabível o ajuizamento de ADIN ou, mesmo, de recurso; no entanto, se
se trata de resposta à consulta formulada pelo TSE, embora também o seja na
forma de resolução, não é cabível ADIN ou recurso (ZÍLIO, 2012).

d) Função normativa
Refere-se à competência para expedir instruções para a fiel execução da
legislação eleitoral. JOSÉ JAIRO GOMES (2018) ensina que a resolução da Justiça
Eleitoral apresenta natureza de ato-regra, uma vez que cria situações gerais,
abstratas e impessoais, modificáveis pela vontade do órgão que a produziu. A
função normativa da Justiça Eleitoral é prevista no Código Eleitoral, no seu artigo 1º,
parágrafo único, e no artigo 105, da Lei nº 9.504/975, a qual estabelece normas para
eleições.

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UNIDADE 2 – TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - TSE

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com sede em Brasília e órgão máximo


da Justiça eleitoral, será composto de, no mínimo, 07 ministros, escolhidos da
seguinte forma, conforme o art. 119 da CF/1988:
• três oriundos do STF, escolhidos por eleição, mediante voto secreto;
• dois oriundos do STJ, também por eleição, mediante voto secreto;
• dois juízes, oriundos da lista sêxtupla da classe dos advogados, “com notável
saber jurídico e idoneidade moral”, indicados pelo STF e nomeados pelo
Presidente da República.
A Constituição Federal exige que essa última classe de juízes, que completa
a composição do TSE, seja preenchida apenas por advogados, cujas indicações
sejam feitas pelo próprio Poder Judiciário e não pela Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), como ocorre nas demais indicações de advogados para composição
do quinto constitucional de outros Tribunais.
Para que seja mantida a total imparcialidade dos juristas, que passam a
funcionar como juízes da Corte Eleitoral, não pode ser nomeado advogado que
ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário
ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em
virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter
político em qualquer das esferas, seja Federal, Estadual ou Municipal (CE, Art. 16, §
2º).
O Presidente e o Vice-Presidente do TSE, obrigatoriamente, são originários
do STF, ao passo que o Corregedor Eleitoral, obrigatoriamente, é originário do STJ
(art. 119, parágrafo único, da CF). Não há previsão de indicação de membro do
Ministério Público para compor o TSE. Os membros dos Tribunais, no exercício de
suas funções, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis (art. 121, § 1°, CF).
Nesta esteira, conclui-se que os componentes dos Tribunais terão as mesmas
garantias inerentes aos demais membros da magistratura, ressalvada – por força da
nomeação por biênio (e a possibilidade de uma recondução - art. 121, § 2°, CF) – a
vitaliciedade.

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A duração dos mandatos de todos os membros da Corte Superior é de dois


anos, podendo haver a recondução por mais um biênio consecutivo, que serão
contados ininterruptamente, mesmo estando eles em gozo de férias ou licença. A
única exceção a esta regra é quando o Juiz for parente consanguíneo ou afim, até o
2° grau de candidato a cargo eletivo na circunscrição.
Para cada membro do TSE existe um substituto legal, escolhido na mesma
ocasião do titular, pelo mesmo processo e em número igual para cada categoria.
O TSE é órgão colegiado unicameral, ou de turma única, que delibera por
maioria de votos, em sessão pública e com a presença da maioria de seus
membros. Nos julgamentos a respeito da interpretação do Código Eleitoral e da
Constituição Federal, naqueles em que importe a cassação do registro de Partidos
Políticos ou anulação geral de eleições e perda de diplomas, as deliberações só
poderão ser tomadas com a presença de todos os membros.
As competências do Tribunal Superior são explicitadas nos artigos 22 e 23
do Código Eleitoral.
O TSE julga matérias:
originárias (primárias, em 1° grau, ou pela primeira vez);
em grau de recurso (decisões em 2° grau);
privativas (matérias administrativas, de organização interna).
De acordo com o artigo 22 do Código Eleitoral, compete ao Tribunal Superior
Eleitoral:
Processar e julgar originariamente:
- o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios
nacionais e de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República;
- os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juízes eleitorais de
Estados diferentes;
- a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e
aos funcionários da sua Secretaria;
- os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos
seus próprios juízes e pelos juízes dos Tribunais Regionais;
- o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos
a atos do Presidente da República, dos ministros de estado e dos Tribunais

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Regionais; ou ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a


violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;
- as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos
políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;
- as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e
expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República;
- os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais
Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por partido,
candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada;
- as reclamações contra os seus próprios juízes que, no prazo de trinta dias
a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos;
- a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro
de cento e vinte dias de decisão irrecorrível.
Compete ainda ao Tribunal Superior Eleitoral julgar os recursos interpostos
das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais, nos termos do artigo 276 do Código
Eleitoral, inclusive os que versarem matéria administrativa.
E, nos termos da Constituição Federal, artigo 121, § 3º, são irrecorríveis as
decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem a Constituição e
as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.
Em matéria de competência administrativa, estabelece o artigo 23, do
Código Eleitoral que, compete privativamente, ao Tribunal Superior:
- elaborar o seu regimento interno;
- organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso
Nacional a criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos
respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei;
- conceder aos seus membros licença e férias, assim como afastamento do
exercício dos cargos efetivos;
- aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juízes dos
Tribunais Regionais Eleitorais;
- propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios;
- propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juízes de qualquer
Tribunal Eleitoral, indicando a forma desse aumento;

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16

- fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da


República, Senadores e Deputados Federais, quando não o tiverem sido por lei;
- aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas
zonas;
- expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;
- fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares
em diligência fora da sede;
- enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos
Tribunais de Justiça nos termos do art. 25;
- responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em
tese, por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político;
- autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em
que essa providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo;
- requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas
próprias decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para
garantir a votação e a apuração;
- organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência;
- requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando exigir o
acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria;
- publicar um boletim eleitoral;
- tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução
da legislação eleitoral.

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UNIDADE 3 – TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS - TRE

Os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) compor-se-ão (art. 120, CF/88):


mediante eleição, pelo voto secreto, de dois juízes dentre os desembargadores do
TJ (inciso 1, a) e de dois juízes, dentre os juízes de direito, escolhidos pelo TJ
(inciso I, b); de um juiz do TRF, com sede na Capital ou no Distrito Federal, ou, não
havendo, de juiz Federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo (inciso
II); de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
moral, indicados pelo TJ e nomeados pelo Presidente da República.
O STF, em interpretação dada ao art. 94 da CF, tem entendido lícita a
exigência de dez anos de efetiva atividade jurídica como requisito para que
advogados possam vir a integrar os tribunais regionais eleitorais (Recurso em
Mandado de Segurança nº 24.232 - ReI. Joaquim Barbosa - j. 29.11.2005). No
mesmo norte, deve-se destacar que – ao contrário da composição do quinto
constitucional dos TJ – a indicação dos advogados para compor o TRE é exclusiva
do TJ, sem participação da entidade de classe dos advogados (OAB) (ZÍLIO, 2012).
O TSE já decidiu que Procurador do Estado pode compor a lista tríplice do
Tribunal Regional, na classe de juristas, imprimindo, portanto, interpretação
extensiva à expressão “advogado” (Encaminhamento de Lista Tríplice nº 502 - ReI.
Cezar Peluso - j. 16.10.2007). O TRE elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente,
obrigatoriamente, dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça (art. 119, § 2°,
da CF). Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois
anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos (art. 121, § 2°, da
CF). De igual modo, não há previsão da indicação de membro do Ministério Público
para compor o TRE.
De acordo com o Código Eleitoral (art. 29), são competências do TRE,
dentre outras:
I - processar e julgar originariamente:
a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e
municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a governador, vice-
governador e membro do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas;
b) os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo Estado;

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c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros, ao Procurador Regional


e aos funcionários da sua Secretaria, assim como aos juízes e escrivães eleitorais;
d) os crimes eleitorais cometidos pelos juízes eleitorais;
e) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos
políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos.
II - julgar os recursos interpostos:
a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais;
b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem habeas
corpus ou mandado de segurança.
São competências privativas do TRE, dentre outras:
a) constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição;
b) apurar, com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os
resultados finais das eleições de governador e vice-governador, de membros do
Congresso Nacional e expedir os respectivos diplomas, remetendo dentro do prazo
de 10 (dez) dias após a diplomação, ao Tribunal Superior, cópia das atas de seus
trabalhos;
c) responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em
tese, por autoridade pública ou partido político;
d) dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo esta
divisão, assim como a criação de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior;
e) requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões e solicitar
ao Tribunal Superior a requisição de força federal;
f) cumprir e fazer cumprir as decisões e as instruções do Tribunal Superior;
g) determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei na
respectiva circunscrição.

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UNIDADE 4 – JUÍZES ELEITORAIS

Os Juízes Eleitorais são Juízes de Direito estaduais que exercem, por


delegação, a função eleitoral. São, portanto, oriundos da Justiça Estadual e
designados pelo TRE. Somente Juiz de Direito, ainda que em vitaliciamento, pode
ser Juiz Eleitoral, não havendo a possibilidade de nomeação de Pretor para o
exercício da função especializada.
O TSE já assentou que “Juiz substituto atual da Corte não pode assumir
titularidade de zona eleitoral, ainda que seja apenas eventualmente convocado para
tomar assento na Corte” (Processo Administrativo nº 19.393 - ReI. Cezar Peluso - j.
01.08.2006) e, ainda, determinou a reintegração de juiz que fora, imotivadamente,
afastado da função de Juiz Eleitoral, antes do término do biênio, assentando a
garantia da inamovibilidade e afastando a caracterização da nomeação como função
de confiança (Recurso em Mandado de Segurança nº 239 - ReI. Luiz Carlos Madeira
- j. 02.09.2003).
Cada Juiz Eleitoral tem jurisdição em uma determinada zona eleitoral. Em
regra, a zona eleitoral corresponde a uma comarca, embora a assertiva nem sempre
corresponda à realidade, dada a autonomia de cada um dos órgãos do Poder
Judiciário (Justiça Comum e Justiça Eleitoral). Viável, nesse ponto, a distinção entre
zona eleitoral e circunscrição eleitoral. Aquela é a delimitação do exercício da
jurisdição, ou seja, é a divisão territorial da Justiça Eleitoral; esta corresponde ao
âmbito de abrangência territorial em que é realizada a eleição e se encontra definida
no art. 86 do CE.
Os juízes eleitorais são órgãos de primeiro grau e exercido por juízes de
direito da comarca da área da zona eleitoral.
Nas comarcas onde houver número de varas superior ao de zonas, caberá
ao Tribunal Regional Eleitoral designar o magistrado que atuará na zona eleitoral,
tendo o Tribunal Superior Eleitoral aprovado a Resolução nº 20.505/99, que
estabelece o sistema de rodízio.
O artigo 32 do Código Eleitoral exigia que o juiz eleitoral substituto fosse
vitalício, de acordo com o artigo 95 da Constituição, mas esse dispositivo foi
revogado pelo artigo 22, § 2°, da Lei Complementar nº 35/79 (Lei Orgânica da

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Magistratura), que reza que “o juiz de direito substituto poderá exercer todas as
funções do juiz vitalício”.
Aos juízes eleitorais, na competência jurisdicional, cabem:
• processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos,
ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos tribunais
regionais;
• decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde
que essa competência não esteja atribuída privativamente à instância
superior;
• expedir salvo-conduto, com a cominação de prisão por desobediência de até
cinco dias, em favor do eleitor que sofrer violência, moral ou física, na sua
liberdade de votar, ou pelo fato de haver votado, medida válida para o período
compreendido entre 72 horas antes e 48 horas depois do pleito;
• processar e julgar as reclamações ou representações relativas apresentadas
pelos partidos políticos, coligações ou candidatos, relativas ao cumprimento
dos preceitos contidos na Lei 9.504/97.
No entanto, como atribuição administrativa, cabe ao Juiz eleitoral:
• expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;
• dividir a zona em seções eleitorais;
• mandar organizar, em ordem alfabética, uma relação dos eleitores de cada
seção, para remessa à mesa receptora, juntamente com a pasta das folhas
individuais de votação;
• ordenar o registro e a cassação do registro dos candidatos aos cargos
eletivos;
• fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por
dispensa do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais.

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UNIDADE 5 – JUNTA ELEITORAL

As juntas eleitorais são órgãos colegiados de atuação provisória,


constituídos 60 dias antes das eleições e extintos logo após o fim dos seus
trabalhos. As juntas atuam somente nas fases finais do processo eleitoral e têm
como trabalho principal a apuração e a totalização dos votos. Nas eleições
municipais, as juntas permanecem até a proclamação dos resultados das eleições e
a diplomação dos eleitos.
A Junta Eleitoral é órgão colegiado na Justiça Eleitoral com existência,
apenas, junto à instância de primeiro grau. Por expressa disposição constitucional,
os membros das juntas eleitorais, no exercício de suas funções e no que lhes for
aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis (art. 121, § 2°, da CF).
As juntas eleitorais serão compostas de um Juiz de Direito, que será o
Presidente, e de dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade (art. 40, caput, do
CE), devendo os membros da junta ser nomeados até sessenta dias antes da
eleição (art. 36, § 1º, do CE), sendo cabível impugnação da indicação (art. 36, § 2°,
do CE). A opção pelo legislador, quanto à composição total da junta eleitoral, é de
uma formação ímpar (três ou cinco membros), de modo a evitar situação de empate
em suas decisões. O § 3° do art. 36 do CE estabelece vedação para a nomeação de
membros das juntas, escrutinadores ou auxiliares, relação que, segundo a doutrina
eleitoral, é meramente exemplificativa.
A Junta Eleitoral é competente para apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as
eleições realizadas nas zonas eleitorais, sob a sua jurisdição, além de resolver as
impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e
da apuração, expedir os boletins de apuração e o diploma aos eleitos para cargos
municipais. Com a adoção do sistema de votação informatizado, resta bastante
reduzida a atribuição da Junta Eleitoral, dado que a apuração e a totalização
ocorrerão através dos programas de computador e geração de dados e os boletins
de apuração serão expedidos eletronicamente. Em suma, a Junta Eleitoral tem
competência restrita à fase da apuração e diplomação (ZÍLIO, 2012).
Como as funções das juntas eleitorais estão diretamente relacionadas com a
apuração de votos, elas só funcionam plenamente em casos de uso da urna
tradicional, o que demonstra que, atualmente, com o advento da urna eletrônica e da
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apuração informatizada, suas funções ficaram um pouco esvaziadas. Porém,


independentemente disso, a competência para expedição dos diplomas dos
Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores, ainda é da junta eleitoral, e o diploma é
expedido pelo juiz eleitoral no papel de presidente da junta (ZÍLIO, 2012).

Guarde...
As juntas eleitorais são órgãos colegiados de primeiro grau competentes
para apuração e diplomação nos cargos municipais, sendo formados por juiz
eleitoral presidente e dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade, maiores de 18
anos.
Não confundir as juntas eleitorais com as antigas juntas do trabalho. As
juntas do trabalho foram extintas pela Emenda Constitucional nº 45/2004, mas as
juntas eleitorais permanecem no artigo 118, IV, da CF.
Nos municípios com mais de uma zona eleitoral, todas as juntas possuem
competência para a apuração, mas somente a mais antiga é responsável pela
diplomação.

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UNIDADE 6 – O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função


jurisdicional do Estado, com a incumbência precípua da defesa do regime
democrático, revelando-se, neste ponto, sua irrefutável legitimidade para atuar em
todos os feitos eleitorais. Assim, embora não haja referência expressa ao Ministério
Público Eleitoral na Constituição Federal de 1988, a previsão que concede
legitimidade plena ao órgão ministerial em matéria eleitoral resta consubstanciada
no próprio caput do art. 127 da Carta Maior. A atividade do Ministério Público
Eleitoral é, originariamente, função do Ministério Público da União, regrada pelos
artigos 72 à 80 da LC nº 75/93, a qual dispõe sobre a organização, as atribuições e o
estatuto do Ministério Público da União. Portanto, da mesma sorte que ocorre em
relação aos Juízes Eleitorais, não existe categoria própria de Promotores Eleitorais.
O Procurador-Geral Eleitoral, que possui atribuição para o exercício das
funções eleitorais nas causas de competência do TSE, é o Procurador-Geral da
República (arts. 73 e 74 da LC nº 75/93); por tal motivo, inexiste limite para
recondução do Procurador-Geral Eleitoral (art. 128, § 1º, CF). É atribuição do
Procurador-Geral Eleitoral, entre outras, designar o Procurador Regional Eleitoral de
cada Estado e dirimir conflitos de atribuições (art. 75, incisos I e III, da LC nº 75/93).
O substituto do Procurador-Geral Eleitoral é o Vice-Procurador Geral Eleitoral, que
deve ser designado dentre os Subprocuradores-Gerais da República (art. 73,
parágrafo único, da LC nº 75/93).
O Procurador Regional Eleitoral, juntamente com seu substituto, será
designado pelo Procurador-Geral Eleitoral dentre os Procuradores Regionais da
República nos Estados e no Distrito Federal ou, onde não houver, dentre os
Procuradores da República vitalícios, para um mandato de dois anos, podendo ser
reconduzido uma vez (art. 76, § 1°, da LC nº 75/93). O Procurador Regional Eleitoral
tem atuação perante o TRE e pode ser destituído, antes do final do mandato, por
iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral, anuindo a maioria absoluta do Conselho
Superior do Ministério Público Federal (art. 76, § 2°, da LC nº 75/93).
As funções eleitorais do Ministério Público Federal perante os Juízes e
Juntas Eleitorais serão exercidas pelo Promotor Eleitoral (art. 78 da LC nº 75/93),
que será membro do Ministério Público local que oficie junto ao Juízo incumbido do
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serviço eleitoral de cada Zona (art. 79 da LC nº 75/93). O artigo 32 da Lei Orgânica


Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93) determina que compete aos
Promotores de Justiça, dentro da esfera de suas atribuições,

oficiar perante a Justiça Eleitoral de primeira instância, com as atribuições


do Ministério Público Eleitoral previstas na Lei Orgânica do Ministério
Público da União que forem pertinentes, além de outras estabelecidas na
legislação eleitoral e partidária.

Os promotores eleitorais são indicados pelo Procurador-Geral de Justiça e


designados pelo Procurador-Regional Eleitoral, em face da interpretação conjugada
do art. 10, inciso IX, alínea h, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº
8.625/93) com os artigos 77, parágrafo único, e 79 da LC nº 75/93. De regra, o
Procurador-Regional Eleitoral acolherá a indicação do Procurador-Geral de Justiça
somente cabendo cogitar de recusa à indicação nos atos em que houver expressa
vedação legal, com a respectiva fundamentação. É vedada, por exemplo, a
indicação de Promotor de Justiça para as funções eleitorais até dois anos após o
cancelamento da sua filiação partidária, na forma prevista pelo art. 80 da LC nº
75/93 (ZÍLIO, 2012).
Embora ausente previsão legal, JOSÉ JAIRO GOMES (2018) observa que a
destituição do Promotor de Justiça Eleitoral é atribuição do Procurador-Regional
Eleitoral, que é quem possui a atribuição para a designação. Atualmente, a
Resolução nº 30, de 19 de maio de 2008, do Conselho Nacional do Ministério
Público estabelece parâmetros para a indicação e a designação dos membros do
Ministério Público para exercer função eleitoral em primeiro grau.
Em síntese, pela incumbência da proteção da ordem jurídica e do regime
democrático, o Ministério Público Eleitoral sempre tem atuação em matéria eleitoral
– seja de jurisdição voluntária ou contenciosa, seja como autor da ação ou,
necessariamente (quando não for o autor), como custos legis. A amplitude da
intervenção ministerial, em matéria eleitoral, é dada pelo art. 127, caput, da CF e,
em nível infraconstitucional, pelo disposto no art. 72 da LC nº 75/93, que prevê a
atuação: “em todas as fases [fase preparatória, votação/totalização e diplomação] e
instâncias do processo eleitoral”.

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Por conseguinte, não se concebe a existência de processo eleitoral – seja


contencioso ou administrativo – sem a participação do Ministério Público, sob pena
de nulidade, porquanto, é objetivo precípuo da instituição ministerial, a proteção da
isonomia de igualdade entre os candidatos e da normalidade e legitimidade do
pleito.
Nesse sentido, ÉDSON DE RESENDE CASTRO (2004, p. 55) ressalta que:

a partir do art. 127 da CF/88, tornou-se evidente que sua atuação é


indispensável em toda e qualquer fase do processo eleitoral, desde as
atividades meramente administrativas (alistamento eleitoral, nomeação de
mesários, designação de local de votação, diplomação, etc.) até as
jurisdicionais propriamente (ação de impugnação ao registro de candidatura,
representação, investigação judicial, ação de impugnação de mandato
eletivo, etc.). É que o ordenamento constitucional exige que seja garantida a
lisura do processo eleitoral como pressuposto da observância da ordem
jurídica e da manutenção do regime democrático de direito. E o Ministério
Público aparece neste contexto como defensor natural do interesse público,
consistente em garantir que cada cidadão possa votar livremente, e o
resultado das urnas coincida com a vontade popular.

A jurisprudência tem assentado a ampla legitimidade do Ministério Público


para atuar em todas as fases do processo eleitoral, em vista de sua condição de
fiscal da lei e da Constituição Federal. Como exceção, contudo, não é reconhecida
legitimidade ao Ministério Público Eleitoral para execução das multas eleitorais;
nesse caso, porque se trata de dívida ativa, a legitimidade é da Fazenda Pública
(TSE - Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 5.764 - ReI. Caputo Bastos
- j. 25.08.2005), embora o STJ tenha assentado que a competência para a execução
das multas eleitorais é da Justiça Eleitoral (ZÍLIO, 2012).

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UNIDADE 7 – A POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL

Se a Justiça Eleitoral tem caráter Federal e o Ministério Público é o Federal


(ou estadual, agindo sob delegação), cabe verificar qual a polícia judiciária que
deverá instaurar e presidir os inquéritos policiais eleitorais.
Essa tarefa, não haja dúvida, é da Polícia Federal, pois os crimes eleitorais
afetam bens jurídicos de interesse da União Federal (independentemente da
localidade da disputa eleitoral). A essa polícia é que incumbe, nos termos do art. 144
da Constituição:
“§ 1º [...] IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da
União”.
Entretanto, na prática, não tem acontecido assim. A maioria dos inquéritos
policiais relativos a crimes eleitorais é instaurada e conduzida pela Polícia Civil
Estadual.
As razões para isso são várias. Em primeiro lugar, a Polícia Federal não tem
a estrutura, pessoal e “capilaridade” para estar representada em todos os municípios
brasileiros (e, em todos eles, há eleições!). Em segundo lugar, os Promotores
Eleitorais estão mais familiarizados com a Polícia Civil Estadual, por serem, afinal,
membros do Ministério Público dos Estados e lidar com essa polícia cotidianamente.
Em terceiro e, talvez, mais importante lugar, está o fato de que os eleitores, em
geral, diante de notícias de infrações eleitorais, vão, antes de tudo, nas Delegacias
da Polícia Estadual, que existem em todas ou quase todas as cidades do país.
Se os inquéritos forem bem feitos não há objeção para essa colaboração
entre a Polícia dos estados e a Polícia Federal, portanto, não há que se falar em
“nulidade” ou “irregularidade” somente em razão da atividade administrativa de
descoberta de autoria ou materialidade delitivas.
O ideal, porém, é que a Polícia Federal cresça e se prepare também para
essa relevante função.
A Resolução nº 23.363/2010 do TSE, sobre a apuração de crimes eleitorais,
diz que a Polícia Federal “exercerá, com prioridade sobre as suas atribuições
regulares, a função de polícia judiciária em matéria eleitoral” e que, “quando no local
da infração não existirem órgãos da Polícia Federal, a Polícia do respectivo Estado
terá atuação supletiva” art. 2º e parágrafo único.
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A mesma Resolução dispõe, com esteio no art. 10 do Código de Processo


Penal, que, em caso de flagrante delito ou prisão preventiva, o inquérito policial
deverá ser concluído em dez dias, contados da execução da ordem de prisão. Se o
indiciado estiver solto, em 30 dias.
A Lei da Prisão Temporária, nº 7.960/89, não incluiu crimes eleitorais entre
aqueles que podem ser objeto dessa medida constritiva. Mas é possível que uma
quadrilha ou bando seja um crime eleitoral inespecífico, autorizando, então, essa
prisão.

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UNIDADE 8 – SISTEMAS ELEITORAIS

Por sistema eleitoral, devemos entender o conjunto de regras necessárias à


computação dos votos e sua consequente transformação em mandatos (ROCHA,
2010).
Na esteira das lições do professor JAIRO MARCONI NICOLAU (2004),
temos que os sistemas eleitorais são os mecanismos responsáveis pela
transformação do voto dado pelos eleitores no dia das eleições e mandatos.
O sistema eleitoral é uma realidade institucional que se propõe a viabilizar a
representação política através de uma estratégia de composição das escolhas e
opções políticas da sociedade.
Algumas variáveis se destacam como presentes nos diversos estilos de
sistemas eleitorais:
a) fórmula eleitoral (pluralidade ou maioria; proporcional; misto ou outro);
b) estrutura da cédula de votação (se é facultada ao cidadão a opção de votar em
candidato ou em partido, se é uma escolha única ou uma ordenação de
preferências); e,
c) o tamanho do distrito eleitoral (a quantidade de representantes que este
determinado distrito, que pode coincidir ou não com a divisão administrativa, pode
eleger) (ROCHA, 2010).
Na lição de JOSÉ AFONSO DA SILVA (1997, p. 326), sistema eleitoral é “o
conjunto de técnicas e procedimentos que se empregam na realização das eleições,
destinados a organizar a representação do povo no território nacional”.
A opção pelo sistema eleitoral a ser adotado revela a relação entre o número
de votos do candidato, partido ou coligação com o mandato a ser obtido. Portanto,
com inteira procedência a assertiva de CANOTILHO (1997 apud AUGUSTO ARAS,
2006 p. 94) quando assevera que “o sistema eleitoral traz em si, subjacente, a opção
por diferentes concepções de democracia”.
Segundo AFONSO DE PAULA PINHEIRO ROCHA (2010), há uma
imensidade de variações nos sistemas eleitorais de acordo com a evolução histórica
de cada país. É possível, porém, dividi-los em doze sistemas principais, em três
amplas famílias:

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a) sistemas de pluralidade ou maioria – maioria simples, segunda votação, voto em


branco, voto em bloco partidário, voto único não transferível, voto alternativo;
b) sistemas proporcionais – voto único transferível, representação proporcional de
lista; e,
c) sistemas mistos.
O mesmo autor faz algumas observações interessantes:
o sistema eleitoral influencia a tomada de decisões dos diversos agentes
políticos envolvidos;
o sistema eleitoral funciona quase como a regra do jogo político, porque em
última análise, cada partido ou político individualizado deseja obter o maior
número de votos ou a melhor forma de um conjunto de votos para se eleger;
o sistema eleitoral acaba por ter efeito sobre a própria sociedade, podendo
agravar ou moderar tensões e conflitos. Se o sistema eleitoral não for
considerado justo e capaz de permitir uma verdadeira identificação da
sociedade com os representantes, ou o sistema político inviabilizar que a
oposição sinta a possibilidade de vencer as próximas eleições, os derrotados,
ou outros grupos sociais podem se sentir compelidos a trabalhar fora do
sistema, usando tácticas não democráticas, até mesmo violentas.
De todo modo, no atual arcabouço constitucional-eleitoral pátrio são
reconhecidos o sistema majoritário e o sistema proporcional, sobre os quais faremos
algumas considerações (ZÍLIO, 2012).

8.1 Sistema majoritário


Pelo sistema majoritário consideram-se eleitos aqueles candidatos que
obtiverem, dentro da circunscrição em disputa, o maior número de votos para o
cargo. Elegem-se por este sistema: o Presidente5 e o Vice-Presidente da República
(art. 2° da LE; art. 77, § 2°, da CF), o Governador e Vice-Governador (art. 2° da LE;
art. 32, § 2°, da CF), o Prefeito e Vice-Prefeito (art. 3° da LE; art. 29, inciso II, da CF)
e os Senadores (art. 46 da CF).
O Direito Constitucional vigente consagra o sistema majoritário de maioria
absoluta e o sistema majoritário de maioria simples ou relativa.

5 A eleição do Prefeito, Governador e do Presidente importa, por corolário, a eleição do Vice, por
força do princípio da unicidade de chapa (art. 91 do CE).
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30

Pelo sistema majoritário de maioria simples, considera-se eleito o candidato


que obtiver o maior número de votos em relação aos demais concorrentes. Esta
hipótese, não se exige que o candidato obtenha um percentual mínimo de votos
para se considerar eleito, bastando, tão-só, que tenha recebido mais votos que os
demais adversários. Assim, ainda que a diferença entre os concorrentes seja mínima
(de um voto, por exemplo), restará eleito o candidato que obtiver o maior número de
votos. Em caso de candidato único ao Poder Executivo, basta a obtenção de um
único voto válido para ser considerado eleito. O sistema majoritário simples, que é
efetuado em um único turno, é adotado nas eleições de Prefeito nos Municípios com
menos de duzentos mil eleitores, na forma do art. 3°, § 2°, da LE, a contrario sensu,
e na eleição para Senador da República.
Pelo sistema majoritário de maioria absoluta, é considerado eleito o
candidato que obtém a metade mais um dos votos válidos, ou seja, mais do que a
soma dos votos de seus adversários. Neste sistema majoritário, caso nenhum dos
candidatos atinja a maioria absoluta dos votos na primeira votação, deverá ocorrer
uma nova votação – que é o denominado segundo turno, no qual concorrerão os
dois candidatos mais votados. No segundo turno, será considerado eleito o
candidato que obtiver a maioria – ainda que simples – dos votos válidos. Dispõe o
art. 2°, caput, da LE que “será considerado eleito o candidato a Presidente ou
Governador que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco
e os nulos”, ao passo que o §1° do mesmo art. 2° prevê que

se nenhum candidato alcançar a maioria absoluta na primeira votação, far-


se-á nova eleição no último domingo de outubro, concorrendo os dois
candidatos mais votados, considerando-se eleito o que obtiver a maioria dos
votos válidos.

O art. 77, §§ 2° e 3°, da CF estabelece a mesma regra para a eleição do


Presidente da República. Na eleição para Prefeito Municipal, nos municípios que
tiverem mais de duzentos mil eleitores, será aplicada a mesma regra da eleição para
Governador de Estado e Presidente da República, por força do disposto no art. 3°, §
2°, da LE. Portanto, quando nenhum dos candidatos alcançar, na primeira votação, a
maioria absoluta, excluídos os votos brancos e nulos, ocorrerá segundo turno,
oportunidade em que será eleito o candidato mais votado, o sistema majoritário de

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maioria absoluta tem inegáveis vantagens em relação ao sistema da maioria simples


ou relativa, fundamentalmente porque confere maior representatividade ao candidato
eleito, o qual poderá, assim, investir-se dos poderes que lhe foram conferidos pela
maioria do corpo da circunscrição eleitoral respectiva, o que, em tese, reflete em
uma base governamental mais sólida e convergente.
AUGUSTO ARAS (2006, p. 98) observa que

se, por um lado, o sistema majoritário proporciona uma maior estabilidade


governamental, por outro, enfraquece a dialética democrática, pois, ao
desconsiderar a opinião das minorias, reduz o canal de discussão entre as
diferentes ideologias que concorrem para a formação da vontade política do
Estado.

Essa assertiva, embora verdadeira, perde consistência no caso do sistema


majoritário de maioria absoluta em dois turnos, no qual existe, quando da segunda
votação, um reagrupamento de forças políticas, havendo, neste interregno, espaço
para os partidos de representatividade minoritária buscar alianças que lhes confiram
maior espaço dentro do cenário político-eleitoral.
No ponto, insuperável o ensinamento de MÔNICA HERMANN SALEM
CAGGIANO (2004, p. 119/120), acerca do modelo majoritário de dois turnos, quando
aduz que

num primeiro momento, permite-se ao eleitor clara manifestação quanto a


sua preferência política; no segundo, porém, é autorizado o reagrupamento
das forças políticas, restringindo-se as possibilidades de opção do corpo
eleitoral. O segundo turno, a rigor, se consubstancia numa manifestação
negativa, de eliminação.

Aduzindo, após, que

a legitimação do poder e, até mais que isso, a consistência do suporte


político, elemento intrínseco à expectativa de governabilidade, resultam de
forma muito mais robusta a partir de um sistema majoritário por dois turnos
do que respaldado tão-só no majoritário simples, que conduz ao poder, não
raras vezes, candidatos contemplados com o voto de uma minoria
(CAGGIANO, 2004, p. 123).

Ao contrário do sistema proporcional, que possui a regra do art. 110 do CE,


inexiste norma que discipline, de modo específico, o desempate na eleição
majoritária. Segundo o previsto no § 5 ° do art. 77 da CF – que é aplicável, apenas,
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ao ingresso do candidato para disputar o segundo turno –, “se, na hipótese dos


parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a
mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso”. Embora a lacuna legal e em face das
normas previstas no art. 110 do CE – que é aplicável à eleição proporcional – e do §
5° do art. 77 da CF – que visa a qualificação ao segundo turno –, o TSE, com
recurso à analogia, tem utilizado como critério de desempate, também na eleição
majoritária, a idade do candidato, sendo considerado eleito o mais idoso (Recurso
Especial Eleitoral n° 19.274 - ReI. Costa Porto - j. 29.03.2001).
Por fim, o STF já decidiu que não há incompatibilidade entre o art. 77, § 2°,
da CF e o art. 224 do CE, que foi recepcionado pela Constituição Federal. O art. 77,
§ 2°, da CF – ao definir maioria absoluta – trata de estabelecer critério para a
proclamação dos eleitos (ou seja, o segundo turno é critério para proclamação dos
eleitos), ao passo que o art. 224 do CE – ao definir a hipótese de nova eleição –
estabelece critério de validade da eleição. Por conseguinte, deve-se distinguir: a
norma do art. 224 do CE – que trata de validade – precede àquela prevista no § 2°
do art. 77 da CF – que trata de proclamação dos resultados. Dito de outro modo,
somente pode-se cogitar de segundo turno, havendo, antes, uma eleição válida.

8.2 Sistema proporcional


O sistema proporcional não leva em consideração apenas o voto obtido pelo
candidato, sendo o mandato distribuído em função da votação recebida pelo partido
ou coligação. Em verdade, o sistema proporcional visa distribuir a representação em
conformidade com a densidade eleitoral de cada partido ou coligação.
Segundo AUGUSTO ARAS (2006, p. 99),

a construção do sistema proporcional resultou da premente necessidade de


se proteger, politicamente, os interesses das minorias, no intuito de
fortalecer o regime democrático e assegurar aos partidos políticos uma
representação correspondente à força partidária.

O sistema proporcional é aplicável para os cargos de Vereador6 (art. 29, inciso


IV, da CF), Deputado Estadual (art. 27, caput, e § 1º, da CF), Deputado Distrital (art.

6 Estabelecido pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009.


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32, § 3°, da CF) e Deputado Federal (art. 45, caput, da CF). O art. 84 do CE aponta
no mesmo norte.
A eleição de um candidato, pelo sistema proporcional, deve observar
determinados cálculos aritméticos, realizados em sequência, que se desdobram no
quociente eleitoral, quociente partidário e das sobras.
O quociente eleitoral é o número mínimo de votos que um partido ou
coligação deve obter para ter direito à eleição de seus candidatos. A fórmula de
cálculo do quociente eleitoral é dada pelo art. 106 do CE, devendo ser procedida a
divisão do total de votos válidos da circunscrição pelo número de vagas a preencher
(número de cadeiras). Com a revogação do parágrafo único do art. 106 do CE e a
redação dada ao art. 5° da LE, os votos nulos e os brancos não são computados
para o cálculo do quociente eleitoral. Por conseguinte, somente são computados
como votos válidos, para fins de quociente eleitoral, os votos nominais e os votos de
legenda. É possível, portanto, a seguinte conclusão em relação ao tratamento
jurídico-normativo dispensado aos votos em branco e nulo: o voto em branco tem
tratamento igual ao voto nulo no cálculo do quociente eleitoral (art. 5° da LE) e da
maioria absoluta (art. 77, § 2°, da CF); o voto branco tem tratamento diverso do nulo
na aplicação do art. 224 do CE, que trata da nulidade da eleição.
Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas
eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município
nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal
marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.
O partido político, ou coligação partidária, que obtiver o quociente eleitoral
tem, portanto, direito ao preenchimento de vagas. A quantidade exata do número de
vagas a preencher é obtida através do quociente partidário. O quociente partidário é
a quantidade de cadeiras obtidas pelos partidos em determinada circunscrição,
conforme cálculo determinado na forma do art. 107 do CE. Obtém-se o quociente
partidário dividindo-se o número de votos obtidos pelo partido político, ou coligação,
pelo quociente eleitoral. A seguir, estatui o art. 1087 do CE que

Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido ou coligação


que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por

7 Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015.


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cento) do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente


partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha
recebido.

Não sendo preenchidas todas as vagas pela aplicação do cálculo do


quociente partidário, deve-se, então, proceder à distribuição das sobras eleitorais, na
forma preconizada pelo art. 109 do CE, que estabelece o critério da “maior média”,
através das seguintes regras:
I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido ou
coligação pelo número de lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente
partidário do art. 107, mais um, cabendo ao partido ou coligação que apresentar a
maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à
exigência de votação nominal mínima;
II - repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher;
III - quando não houver mais partidos ou coligações com candidatos que
atendam às duas exigências do inciso I, as cadeiras serão distribuídas aos partidos
que apresentem as maiores médias.
As vagas obtidas pelo partido serão distribuídas segundo a ordem de
votação recebida por seus candidatos, conforme estabelece o art. 109, § 1°, do CE.
Portanto, a distribuição das vagas obtidas pelo partido será na estrita observância da
votação nominal descrente de seus candidatos.
Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos e coligações
que participaram do pleito (art. 1098, § 2°, do CE). Caso nenhum partido consiga
obter o quociente eleitoral, aplica-se, por força do art. 111 do CE, a fórmula do
Sistema majoritário e, desta feita, os mais votados são eleitos. O TSE já assentou a
aplicabilidade plena do art. 109, § 2°, do CE e sua compatibilidade com o art. 45,
caput, da CF, esclarecendo que “ainda que haja outros modelos de sistema
proporcional, com maiores vantagens ou desvantagens, o Código Eleitoral não foge
à razoabilidade, atendendo ao princípio da proporcionalidade”. Em havendo empate
da “média” entre as legendas e no número de votos obtidos pelas coligações, o
critério de desempate a ser observado é o de número de votos nominais recebidos
pela coligação, e não o do candidato mais idoso, conforme já decidiu o TSE.
AUGUSTO ARAS (2006, p. 104) observa que

8 Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017.


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se, por um lado, o sistema proporcional possui a vantagem de abrir espaço


para a representação das minorias, por outro revela a desvantagem de
originar uma tendência à proliferação de partidos.

Além de enfraquecer a pessoa dos candidatos. Pode-se acrescentar, ainda,


que o sistema proporcional admite a inclusão de candidatos com maior densidade
eleitoral como técnica para obter um maior quociente partidário, possibilitando-se, na
esteira do candidato “puxador de votos”, a eleição de candidatos com votação pouco
expressiva, em evidente distorção e ofensa do princípio da representatividade, na
medida em que, invariavelmente, haverá a exclusão de candidato com melhor
votação pessoal, mas que não tenha alcançado o quociente eleitoral mínimo.
MÔNICA HERMANN SALEM CAGGIANO (2004, p. 124/125) pondera, com
propriedade, que o sistema proporcional “pode, por vezes, resultar na produção de
verdadeiras ficções eleitorais”, concluindo que

os efeitos perversos para a qualidade da representação do padrão


proporcional aplicado com vinculação total ao quadro partidário impõe, a
este passo, um especial debruçar sobre os mecanismos da representação
política preconizados pela Constituição (CAGGIANO, 2004, p. 124/125).

Reclamando, conforme MÔNICA HERMANN SALEM CAGGIANO (2004, p.


124/125), a “necessidade de um novo esforço de reengenharia eleitoral e partidária,
conduzindo à retomada dos debates acerca da reforma política”.

8.3 Sistema misto


Os sistemas mistos têm por intuito combinar algumas das possíveis famílias
de sistemas eleitorais, para que o sistema proporcional assegure a parte majoritária,
enquanto a parte majoritária aumente a capacidade dos eleitores monitorarem os
seus representantes (ROCHA, 2010).
JAIRO MARCONI NICOLAU (2004) divide o sistema misto em dois tipos: de
combinação e de correção. No sistema de combinação, uma parte das cadeiras é
preenchida pelo voto proporcional, a outra pelo majoritário. Em alguns países, como
o Japão, o eleitor tem direito a dois votos, um no candidato distrital e outro no
partido. O voto partidário é utilizado para divisão das cadeiras preenchidas pelo
critério de proporcionalidade. Em outros, o eleitor dá um único voto, ao candidato

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que concorre no distrito. Nesse caso, as cadeiras proporcionais são distribuídas de


acordo com o total de votos dados ao partido.
As vantagens de utilizar um sistema misto deverão ser ponderadas de
acordo com as peculiaridades políticas de cada povo. Sistemas eleitorais podem se
tornar uma forma de afastar de forma concreta uma ditadura recente, bem como
podem se tornar um fator de recrudescimento dos conflitos entre os grupos sociais
levando à possível guerra civil (ROCHA, 2010).

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UNIDADE 9 – DIREITOS POLÍTICOS-PARTIDÁRIOS

Segundo LUCIANO OLAVO DA SILVA (2012), o partido político é uma


associação de pessoas, todas com iguais direitos e deveres, que comungam do
mesmo ideário político, e que têm a pretensão de alcançar o poder político, ou
influenciá-lo tanto quanto possível, para que o Estado possa ser conduzido em
consonância com esse ideário.
A personalidade jurídica do partido político nasce como a de qualquer outra
pessoa jurídica: com a inscrição do seu ato constitutivo respectivo registro (Código
Civil, art. 45).
O ato constitutivo do partido político é o seu estatuto, que deve ser levado a
registro necessariamente no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas da
Capital Federal. Feito isso, o partido terá adquirido personalidade jurídica.
A Lei nº 9.096/95, a qual Dispõe sobre partidos políticos, exige também que,
depois de obter o registro junto ao Cartório de Registro Civil, o partido leve o seu
estatuto a registro junto ao TSE. Esse registro junto ao TSE serve para:
a) permitir que o partido participe do processo eleitoral;
b) permitir que o partido receba recursos do fundo partidário;
c) permitir que o partido tenha acesso gratuito ao rádio e à televisão;
d) assegurar que o partido tenha exclusividade no uso da sua denominação,
sigla e símbolos (SILVA, 2012).
Quanto aos direitos políticos, estes constituem o conjunto de mecanismos
que determinam as relações sociopolíticas de uma sociedade. Eles englobam as
normas, as regras, os direitos e os deveres que as diferentes camadas da sociedade
têm em relação à participação popular e governamental.
Direitos políticos são direitos públicos subjetivos e têm essa denominação
em razão do objeto ou do bem tutelado pela ordem jurídica, mantendo estrita
correlação lógica e teleológica com o princípio da soberania popular, que concerne
ao direito de participação dos cidadãos na formação da vontade política do Estado.
O conteúdo dos direitos políticos depende da ordem jurídica positiva, que
pode prever diversas maneiras de participação na formação da vontade política do
Estado, não só no que tange à própria formação dessa vontade – direito de votar e

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ser votado, bem assim na fiscalização da legalidade dos atos do poder público –
ação popular, direito de petição e de representação (QUEIROZ, 2008).
Com a promulgação da CF/88, o Capítulo que passou a tratar dos partidos
políticos foi subsumido em apenas um artigo, ainda que abrangente. Este artigo
dispõe sobre a criação dos partidos ao mesmo tempo em que lhe impõe a
observância de determinados princípios constitucionais e alguns procedimentos
obrigatórios, além de estabelecer duas vedações expressas no que diz respeito ao
seu funcionamento9.
A redação do art. 17 foi aprovada da seguinte forma:
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,
resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluralismo, os direitos
fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes princípios:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiro ou de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei;
§1° É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura
interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar
os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
partidária10.
§2° Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica na forma
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§3° Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao
rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente9:

9 Conforme destacou o Jornal da Constituinte, de 26 de outubro a 01 de novembro de 1987, “o


capítulo que sofreu maior transformação [em todo processo constituinte foi aquele que tratou] dos
partidos políticos”. Sua aprovação só se concretizou, efetivamente, após a apresentação de um texto
alternativo ao da Comissão de Sistematização.
10 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017.
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I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3%


(três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos
em cada uma delas11; ou,
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em
pelo menos um terço das unidades da Federação10.
§4° É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º
deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato,
a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins
de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de
rádio e de televisão10.
O caput do art. 17 da Constituição de 1988 assegura o direito da livre
criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos. A liberdade de criação
e de autodeterminação do partido – no tocante a eventuais fusões, incorporações e
à sua própria extinção –, somada às garantias constitucionais de organização e
funcionamento partidários (art. 17, § 1º) consagraram um dos textos mais
liberalizantes de toda a história da política partidária brasileira.
A liberdade de criação de partidos, porém, não é absoluta, ficou limitada ao
resguardo de quatro princípios constitucionais: a) Soberania Nacional; b) Regime
Democrático; c) Pluripartidarismo; e, d) Direitos Fundamentais da Pessoa Humana
(caput do art. 17).
Além dessas limitações, os partidos políticos, por exigência constitucional
devem também observar o caráter nacional (art. 17, I); prestar contas junto à Justiça
Eleitoral (art. 17, III); e ter o funcionamento parlamentar adequado à legislação
infraconstitucional pertinente (art. 17, IV). A Constituição impõe ainda duas
vedações: proíbe a utilização organização paramilitar (art. 17, § 4°) e o recebimento
de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro ou de subordinação a
estes (art. 17, II).
Por outro lado, os partidos passam a usufruir as seguintes garantias
constitucionais:

11 Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017.


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a) autonomia para definir a sua estrutura interna, organização e


funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e
disciplina partidária, desde que vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
disciplina e fidelidade partidária (art. 17, § 1º);
b) personalidade jurídica de acordo com a lei civil (art. 17, § 2°); e,
c) direito ao recebimento dos recursos do fundo partidário e acesso gratuito
ao rádio e à televisão, na forma da lei (art. 17, § 3º), desde que atendam ao exposto
nos incisos I e II do parágrafo em questão.
Vamos analisar brevemente os princípios balizadores do partido político.
Na primeira parte do caput de seu art. 17, a Constituição de 1988 estabelece
liberdades partidárias, tais como a liberdade de criação, a liberdade de
transformação e a liberdade de extinção.
Dessa forma, em hipótese alguma a vida do partido poderá sofrer
interferência externa do Estado, com o objetivo de controlá-los ou, até mesmo, de
extingui-los.
Entretanto, em função da preservação do regime democrático, a própria
Constituição impõe aos partidos o chamado controle ideológico ou obediência a
alguns princípios (SILVA, 1997), a saber:

a) Soberania nacional
O instituto da soberania aparece na Constituição de 1988 como um dos
princípios fundamentais da República Federativa do Brasil e do Estado Democrático
de Direito (art. 1º, I). No caput do art. 17, entretanto, o respeito à soberania nacional
assume as proporções de um preceito balizador do processo de criação das
organizações partidárias. Entende-se, assim, que a liberdade de criação e
organização dos partidos políticos será incompatível “com programas ou atividades
que sob qualquer forma ponham em risco ou enfraqueçam a plenitude do exercício
da Soberania nacional” (CENEVIVA, 1994, p. 20-21). Diante disso, os estatutos
partidários ficam impedidos de adotar princípios programáticos que proponham a

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submissão da República Federativa do Brasil a qualquer Estado ou organismo


internacional.
JORGE MIRANDA (1998, p. 186-187) esclarece o conceito de soberania:

um Estado se caracteriza como soberano na medida em que pode usufruir


plenamente seus direitos, em que pode participar direta e livremente na
comunidade internacional, sem se sujeitar a qualquer outro Estado e, nessa
qualidade, estabelece livremente sua própria ordem jurídica, bem como sua
organização dos Poderes.

Por isso, conclui o autor, o conceito de soberania vai muito além de

um dado jurídico fixo, uma vitória permanente a garantir: trata-se de


defender e alargar a esfera de autodeterminação nacional, a capacidade de
decisão autônoma quanto aos destinos da coletividade nacional, a
independência em sentido material, a capacidade do Estado de gerir
autonomamente os seus destinos.

Cabe, portanto, aos partidos políticos brasileiros resguardar, em seus atos


constitutivos, como também na execução de suas atividades políticas e
parlamentares, o compromisso com a defesa da soberania nacional como um dos
princípios fundamentais da República Federativa do Brasil.

b) Regime democrático
Ainda de acordo com o caput do art. 1° da Constituição de 1988, o regime
político brasileiro funda-se no princípio democrático, constituindo-se em Estado
Democrático de Direito.
Para J. J. GOMES CANOTILHO e VITAL MOREIRA (1993, p. 83), o Estado
Democrático de Direito deve ser concebido como “Estado antropologicamente
amigo”. No texto constitucional pátrio, equivale a dizer: um Estado respeitador da
dignidade da pessoa humana (art. 1°, III, da CF) e empenhado em defender e
garantir a cidadania (art. 1°, II, da CF), a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança
(art. 5°, caput, da CF) e, fundamentalmente, preocupado em construir uma
sociedade livre, justa, solidária e sem qualquer tipo de preconceito (art. 3°, II e IV, da
CF).
Para os mesmos autores acima (1993, p. 197),

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da organização política levada a efeito pelo princípio democrático resulta


ainda que todos os seus órgãos exibam uma legitimação democrática, seja
diretamente, através da eleição dos seus titulares, seja indiretamente,
através da sua responsabilidade perante os órgãos eleitos.

Cumpre, pois, aos partidos políticos, além do comprometimento com a


preservação do regime democrático do sistema político, a responsabilidade de fazer
com que, no interior de suas organizações, estruturas e, fundamentalmente, no seu
funcionamento, os princípios democráticos sejam devidamente respeitados.
Portanto, o grande compromisso que se coloca para os partidos políticos
brasileiros é o respeito ao regime democrático, tanto no seu âmbito interno como na
sua atuação externa (MEZZAROBA, 2008).
Em síntese, ao adotar o regime de governo democrático (art. 1°),
fundamentado no princípio da soberania popular (art. 14), o Estado de Direito
Democrático brasileiro passou a ser concebido como aquele regime em que todo
poder emana do povo, que o exerce de forma direta, através de plebiscitos,
referendos ou iniciativas populares (art. 14, I, II e III), ou de forma indireta, através
dos seus representantes eleitos com a intermediação dos partidos políticos (art. 14,
§3°, V).

c) Pluripartidarismo
Atualmente, concebe-se como pluripartidário todo sistema político
caracterizado “pela existência de vários partidos igualmente dotados da
possibilidade de predominar sobre os demais” (DALLARI, 1994, p. 140).
No contexto constitucional brasileiro, o princípio do pluripartidarismo,
previsto no caput do art. 17 da Constituição de 1988, guarda relação direta com
outro dispositivo principiológico constitucionalmente consagrado, qual seja o
pluralismo político (art. 1°, V), definido como um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil.
Como o princípio do pluralismo político se caracteriza pela oposição a
qualquer artefato monopolista, seja social, político, cultural, educacional, econômico
ou de comunicação, pode-se concluir que o pluripartidarismo se fundamenta no
compromisso de institucionalizar um sistema político “com múltiplos partidos, como

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imagem global do conjunto, não de aspecto que reflita [tão-somente] a


individualidade do partido” (RIBEIRO, 1996, p. 19).
FÁVILA RIBEIRO (1998, p. 90), sintetiza o processo de interação entre o
pluralismo político e o sistema pluripartidário:

o pluralismo político encontra no sistema pluripartidarista um de seus


eficientes instrumentos nos múltiplos papéis que empreende, de exclusivo
cunho político, transpondo das vertentes da Sociedade sortimentos de
ideias, sentimentos, impressões e interesses extraídos das fermentações
coletivas como fragmentos de pensamento que são maturados em
conversações, debates, informações ou discussões, e depois começam a
produzir reações de acolhimento ou rejeição, modificando-se, adquirindo
novos ingredientes, em continuadas interações pessoais.

Segundo SÉRGIO SÉRVULO DA CUNHA (1996, p. 147-149),

nas quatro passagens em que a Constituição da República Federativa do


Brasil de 1988 menciona o termo pluralista (pluralismo social no preâmbulo,
pluralismo político no art. 1°, pluralismo partidário no art. 17 e pluralismo de
ideias e concepções pedagógicas no art. 206, III) existem indubitavelmente
um forte significado prescritivo. A partir do momento em que se declara que
uma Sociedade deve ser pluralista não significa fixar-se em uma
determinação numérica, acima de alguns e abaixo de muitos, dentro da qual
se permite a convivência dos diferentes. Significa, ao contrário, o dever de
criar e manter esse espaço de convivência; restringi-lo, direta ou
indiretamente, corresponde a ferir o princípio pluralista.

A ideia do pluralismo político passou a merecer grande destaque a partir de


1861, com a publicação da obra Considerações sobre o Governo Representativo, de
John Stuart Mill, quando foi apresentada a tese do direito de representação das
minorias no Parlamento, através do sistema proporcional.
Para JOHN STUART MILL (1964, p. 60-61), o governo representativo define-
se como aquele “em que o povo inteiro, ou certa porção muito numerosa dele,
exerce, por meio de deputados periodicamente eleitos por ele, o poder controlador
extremo, que em qualquer constituição tem de residir em alguma parte”. Por outro
lado, em

qualquer democracia realmente igual, toda ou qualquer seção deve ser


representada, não desproporcionalmente, mas proporcionalmente. Maioria
de eleitores terá sempre maioria de representantes, mas a minoria dos
eleitores deverá ter sempre uma minoria de representantes (MILL, 1964, p.
60-61).

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A proporcionalidade na representação já havia sido defendida por Mirabeau,


em 1789, no decorrer da Assembleia Constituinte de Provença; naquela ocasião, ele
destacava que “a função do Parlamento era refletir o mais fielmente possível as
feições de eleitorado, tal como um mapa reproduz em miniatura os diferentes traços
geográficos de um território” (NICOLAU, 2004, p. 31).
Porém, a obra que teria influência decisiva sobre o pensamento de Stuart
Mill foi o Tratado sobre eleição de representantes: parlamentar e municipal, de
Thomas Hare. Nesta obra, publicada em 1859, seria apresentada pela primeira vez
uma teoria sistematizada sobre a representação proporcional. A tese defendida por
Hare era que os sistemas eleitorais deveriam fundamentalmente garantir a defesa
da representação das opiniões individuais, e não apenas a vontade das
comunidades ou dos partidos políticos.
Segundo Hare12, “os eleitores deveriam ter a mais ampla possibilidade de
escolha não só de partidos, mas, sobretudo de seus representantes individuais”. Em
síntese, apesar de Hare buscar “liberar o eleitor do jugo dos partidos e de se altear a
seus próprios olhos”, constata-se que a ideia fundamental defendida seria garantir a
representação efetiva dos eleitores, mas sem a intermediação de qualquer
organização política. O eleitor teria a liberdade para escolher o seu representante.
Por outro lado, pelo processo de transferência, seu voto seria sempre aproveitado.
Assim, mesmo que Hare não tenha tido diretamente o propósito de criar um sistema
que buscasse garantir a representação das minorias, indiretamente foi o que
ocorreu, pois, se Hare buscava construir um sistema eleitoral efetivamente
representativo, naturalmente que um dos aspectos principais o qual deveria
considerar era o do direito de representação das minorias. E, isto, mesmo que de

12 O sistema eleitoral defendido por Hare, denominado algum tempo depois de escrutínio de lista
com voto transferível ou voto único transferível, foi explicado por Assis Brasil da seguinte forma: “O
país deve formar um círculo único; cada eleitor vota em tantos nomes quantos os lugares a
preencher; para que um candidato se considere eleito, é preciso que obtenha o quociente resultante
da divisão do número de votantes pelo de lugares a prover; em cada lista, porém, só se conta um
nome, e é o do primeiro inscrito; se esse não alcança o quociente, ou se o excede, os votos que
obtiver, ou que lhe sobrarem, passam ao segundo, e assim por diante, até esgotar as listas, findo o
que devem estar designados todos os representantes, e, se não estiverem, os votos perdidos se
darão aos mais votados. Como se vê, os votos dados ao primeiro nome da lista se transferem aos
imediatos, quando esse primeiro não alcançou o quociente, ou passou dele; daí a denominação de
voto transferível”. Cf. PORTO, Walter Costa. Dicionário do voto. São Paulo: Giordano, 1995. p. 195.
Ver também em ASSIS BRASIL, Joaquim Francisco. A Democracia Representativa na República
(Antologia). Brasília: Câmara dos Deputados, 1983.
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forma indireta, acaba destacando-se no sistema proposto por Hare (NICOLAU,


2004).
O pensamento de HANS KELSEN (1993, p. 74) segue essa mesma linha de
raciocínio. Todavia, sua perspectiva está muito mais voltada para o fortalecimento
dos partidos políticos, não dos interesses eminentemente individuais. Para Kelsen,
“o sistema da proporcionalidade pressupõe, mais do que qualquer outro sistema, a
organização dos indivíduos em partidos políticos”.
Essa forma de organização teria sido fundamental para a transformação das
organizações partidárias em órgãos constitucionais de formação da vontade do
Estado. Assim sendo, a proporcionalidade da representação política, materializada
no sistema pluripartidário, acabou produzindo valiosos resultados, identificados por
Kelsen como a essência do Estado democrático de partidos. Com o
pluripartidarismo, a vontade do Estado deixou, portanto, de coincidir com a vontade
de um único grupo, e passou a garantir que os diferentes grupos políticos pudessem
expressar-se e concorrer entre si, para alcançar mutuamente um compromisso final.
Assim, “a virtude da representação proporcional estaria em sua capacidade de
espelhar aritmeticamente no Parlamento as preferências da sociedade” (NICOLAU,
2004, p. 31).
Ao analisar a relação do princípio democrático com o sistema partidário na
Constituição Portuguesa, J. J. GOMES CANOTILHO (2003) concluiu que “o
pluralismo partidário é um elemento constitutivo do princípio democrático e da
própria ordem constitucional”.
Assim, na medida em que a Constituição consagra em seu texto o “sistema
proporcional como elemento caracterizador da ordem constitucional”, pode-se
deduzir que, de uma forma ou de outra, ela está “apontando para a inadmissibilidade
da marginalização de quaisquer forças partidárias”.
Dessa forma, a partir do momento em que Constituição de um Estado
reconhece o princípio do pluralismo partidário, ela obrigatoriamente deve reconhecê-
lo sem qualquer artifício redutor, sem impor, por exemplo, as cláusulas de barreira
ou de exclusão. Tais exigências, sem dúvida alguma, possibilitam razoável limitação
ao direito de representação de minorias no Legislativo, ferindo consequentemente o

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princípio pluripartidarista\constitucional e por consequência o próprio pluralismo


político (MEZZAROBA, 2008).

d) Direitos Fundamentais da Pessoa Humana


A concepção de Direitos Fundamentais do Homem está intimamente
vinculada às “situações jurídicas, objetivas e subjetivas, definidas no direito positivo,
em prol da dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana” (SILVA, 1997, p.
178).
Para JOSÉ AFONSO DA SILVA (1997, p. 178), os Direitos Fundamentais da
Pessoa Humana são, acima de tudo,

direitos constitucionais na medida em que se inserem no texto de uma


constituição ou mesmo constem de simples declaração solenemente
estabelecida pelo poder constituinte. São direitos que nascem e se
fundamentam, portanto, no princípio da Soberania popular.

Os Direitos Fundamentais da Pessoa Humana caracterizam-se por sua:


a) historicidade – são direitos que nascem, modificam-se e desaparecem, como
qualquer outro direito;
b) inalienabilidade – são direitos intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis, caso a
ordem constitucional os confira a todos os cidadãos;
c) imprescritibilidade – não possuem requisitos que importem sua prescrição, nunca
deixam de ser exigíveis; e,
d) irrenunciabilidade – alguns podem até não ser exercidos; entretanto, não se lhes
pode renunciar (SILVA, 1997).
De acordo com as suas “sucessivas sedimentações históricas ao longo do
tempo” (CANOTILHO; MOREIRA, 1991, p. 93), os Direitos Fundamentais da Pessoa
Humana podem ser classificados em:
a) direitos e garantias individuais (art. 50 da Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988);
b) direitos sociais (artigos 6° e 193 e ss. da CF);
c) direitos à nacionalidade (art. 12 da CF); e,
d) direitos políticos (artigos 14 a 17 da CF).

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O resguardo aos Direitos Fundamentais da Pessoa Humana, previsto no


caput do art. 17 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, obriga
os partidos políticos a adotarem duas posições: em primeiro lugar, excluir de seus
princípios programáticos orientações que não os acolham, o que caracterizaria uma
afronta ao princípio do Estado de Direito Democrático; e, em segundo lugar, o
compromisso dos partidos políticos com o resguardo dos Direitos Fundamentais que
os obriga a vinculá-los e efetivá-los em suas próprias estruturas.
Por outro lado, em razão do aperfeiçoamento do regime democrático, é lícito
que cada partido tenha “uma visão própria de certos direitos fundamentais” e que
passe a lutar por defendê-la e melhorá-la (BASTOS; MARTINS, 1988-1989, p. 606-
607).
Na grande empreitada de (re)construção da história jurídico, político, social e
econômica brasileira, os partidos políticos possuem um papel relevante, senão
decisivo. Nesse processo, nem os partidos podem omitir-se, nem serem
negligenciados, pois, de acordo com a previsão constitucional de que toda atividade
de representação passa obrigatoriamente pelos partidos, cabe a eles
indubitavelmente a tarefa de aglutinar as vozes individuais e transportá-la para a
esfera do espaço público e, finalmente, para a estrutura do Estado. Em síntese, a
transformação do Estado passa obrigatoriamente pela participação direta dos
partidos políticos. Nesse processo, deve sempre prevalecer os princípios do
resguardo à soberania nacional, do regime democrático, do pluralismo e dos direitos
fundamentais da pessoa humana (MEZZAROBA, 2008).
O primeiro passo dessa longa caminhada ocorreu com a retirada de
mecanismos jurídicos que cerceavam a liberdade de criação e funcionamento dos
partidos políticos brasileiros. O segundo passo diz respeito ao compromisso que o
legislador ordinário deve assumir em não impor regulamentação ordinária restritiva
em torno dos preceitos constitucionais voltados aos partidos políticos. O terceiro
passo diz respeito também à responsabilidade que a Justiça Eleitoral deve assumir
em não impor qualquer tipo de mecanismo interpretativo ou controle jurídico, político
ou ideológico no que diz respeito à forma de ser e viver dos partidos políticos. O
quarto passo deve ocorrer com a tomada de consciência do cidadão sobre a
responsabilidade que lhe cabe no processo de construção de organizações

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partidárias efetivamente representativas, programáticas e orgânicas (MEZZAROBA,


2008).
Ainda na esteira dos direitos dos partidos, RODRIGO LÓPEZ ZÍLIO (2012)
nos lembra que o pluralismo político é elevado como um dos fundamentos da
República Federativa do Brasil, que – constitui em Estado Democrático de Direito
(art. 1°, inciso V, da CF) e consagra a democracia participativa e representativa (art.
1°, parágrafo único, da CF).
A importância dos partidos políticos, na atual concepção jurídico-normativa,
é inequívoca, já que não se concebe postulação de mandato eletivo senão através
da adesão a determinada agremiação, por força da dicção do constituinte que erigiu
a filiação partidária como condição de elegibilidade (art. 14, § 3°, V, da CF).
Tratando-se de grupos sociais com formação ideológica definida e com vista
à conquista do poder estatal, os partidos políticos consistem em fundamental
elemento de perfectibilização do regime democrático, porquanto interferem na
formação da vontade do Estado, proporcionando ao corpo eleitoral a efetivação de
sua participação através do exercício do sufrágio. Sem partidos políticos, não
existem candidatos; sem candidatos, inexiste eleição e, por consequência, resta
tolhida a participação do cidadão na formação democrática do Estado (ZÍLIO, 2012).
AUGUSTO ARAS (2006) elenca os elementos essenciais para a
caracterização dos partidos políticos:
grupo social;
relação de solidariedade (entre seus membros);
programa político; e,
organização estável.
Os partidos políticos, na concepção do Ministro Celso de Mello (ADIN nº
1.036-8-DF - j. 18.05.1994 - Pleno), atuam como corpos intermediários,
posicionando-se, nessa particular condição, entre a sociedade civil e a sociedade
política. Os partidos políticos não são órgãos do Estado e nem se acham
incorporados ao aparelho estatal. Constituem, no entanto, entidades revestidas de
caráter institucional, absolutamente indispensáveis à dinâmica do processo
governamental, representando “um instrumento decisivo na concretização do
princípio democrático” e exprimindo “um dos meios fundamentais no processo de

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legitimação do poder estatal, na exata medida em que o Povo – fonte de que emana
a soberania estatal – tem, nessas agremiações, o veículo necessário ao
desempenho das funções de regência política do Estado”.
Pois bem, o constituinte, ao estabelecer as premissas organizacionais dos
partidos políticos, trouxe uma base que é tratada como o fenômeno da
“constitucionalização” dos partidos políticos, que, segundo ORIDES MEZZAROBA
(2004, p. 288) “foi uma aquisição tardia, porém, significativa”, na atual ordem
jurídica.
Enfim, ORIDES MEZZAROBA (2008) faz crítica severa ao tratamento
dispensado pelo constituinte aos partidos políticos, asseverando que a CF silencia
sobre a declaração de importância das instituições político-partidárias para a
estrutura democrática do país, com a função precípua de administrar e representar a
vontade dos indivíduos e RODRIGO LÓPEZ ZÍLIO (2012) concorda com essas
observações do doutrinador, pois refletem o estado de deterioração das
agremiações partidárias, na atual engenharia política nacional, eis que se assiste a
proliferação de legendas de aluguel e a subvalorização das doutrinas ideológicas na
formação dos quadros internos partidários.

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UNIDADE 10 – O CÓDIGO E AS LEIS ELEITORAIS

Ao longo da história do Direito Eleitoral brasileiro foram muitas as mudanças


desde o seu nascimento até os dias atuais e diversos são os doutrinadores e
pesquisadores que buscaram traçar os mais importantes acontecimentos e
inovações em nossa legislação eleitoral, demonstrando o conteúdo e a influência de
cada momento histórico, como veremos a seguir.
Cabe destacar AROLDO MOTA (s.d apud JORGE, 2004, p. 35 e seguintes)
que classificou em cinco fases históricas o elenco de leis que deram origem ao texto
eleitoral: fase 1 - período do Império; fase 2 - vivida na 1ª República (1889-1930). A
fase 3 - ocorreu na 2ª República (1930-1945); a fase 4 - por ocasião da 3ª República
(1945-1964) e a última, ou seja, a fase 5 - que ocorreu na 4ª República, de 1964 até
nossos dias.
Outro pesquisador da matéria foi PINTO FERREIRA (s.d apud JORGE,
2004), que também definiu os momentos históricos do direito eleitoral brasileiro,
dividindo-os em 4 fases: quando do Império, da primeira República, após 1930
(época revolucionária) e a última composta pelas leis mais recentes editadas.
Ainda sobre a divisão histórica do nosso direito eleitoral, ANTÔNIO ROQUE
CITADINI (1997) divide a legislação eleitoral em três fases distintas: a primeira inclui
todo o período do Império até a Proclamação da República; a segunda, o período
compreendido pela República Velha, que vai de sua instalação em 1889 até a
Revolução de 1930; e a terceira, o período inaugurado com a Revolução de 1930
até os dias atuais.
Já HILDA SOARES BRAGA (1990 apud JORGE, 2004), dividiu esse mesmo
estudo nos seguintes períodos: Colônia; Império (1822-1889); República Velha
(1889-1930); Revolução de 1930; Estado Novo (1937-1945); Redemocratização
(1945-1964); Regime Militar (1964-1985) e Nova República.
Pode-se inferir que a maioria dos autores que se dedicou ao estudo da
evolução das leis eleitorais e suas repercussões divide o período em duas etapas:
da Proclamação, em 1889, até 1930, com a Revolução, e desta até nossos dias. A
razão maior dessa divisão é histórica, mais do que didática (CÂNDIDO, 2010).
Vamos apontar alguns aspectos relevantes nessa história, fazendo um
recorte no tempo e nos situando na 1ª República, onde a legislação continuou
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esparsa, sensivelmente influenciada pelas práticas que vigoraram no Império. Na


verdade, embora tivessem ocorrido nessa época algumas transformações sociais
dignas de nota, como a libertação dos escravos, não mudou muito a nossa realidade
social, o que mudou foi o Estado e sua organização política (CÂNDIDO, 2010).

Acabou o voto censitário, passando todos os alfabetizados a ter direito a


ele, preenchido o requisito da idade. Definiu-se quem podia ser eleitor.
Houve confusão de sistemas eleitorais nas esferas estaduais, já que os
Estados puderam legislar sobre a matéria cabendo à União regular as
eleições federais, entre outras pequenas novidades e características
(CÂNDIDO, 2010, p. 26).

A partir da Revolução de 1930, o Brasil ingressou na época das codificações


eleitorais, instrumentos legais que, junto com as Constituições que se seguiram,
continham o regramento fundamental que passou a ser aplicado em nosso sistema
eleitoral, em todas as suas fases e momento de alistamento à diplomação, passando
pelas inelegibilidades e pelos Partidos Políticos (CÂNDIDO, 2010).
Ao total, foram redigidos quatro códigos em matéria eleitoral, sendo eles os
códigos de 1932; 1935; 1950 e 1965.
Segundo MÔNICA MORENO DE AMORIM (2011), o Decreto Lei nº 21.076,
de 24 de fevereiro de 1932, instituiu o primeiro Código Eleitoral. Conforme dispunha
em seu artigo 1º, o Código regulava em todo o país o alistamento eleitoral e as
eleições Federais, Estaduais e Municipais.
Através desse decreto, Getúlio Vargas ratificou a permissão para que as
mulheres também pudessem ter o direito ao voto, sendo considerados eleitores os
cidadãos maiores de 21 anos, sem distinção de sexo, desde que alistados na forma
como previa o Código, podendo a alistamento ser ex-officio ou a requerimento do
cidadão.
O artigo 4º do referido decreto, previa restrições para o alistamento,
conforme segue:
Art. 4º Não podem alistar-se eleitores:
a) os mendigos;
b) os analfabetos;
c) as praças de pré, excetuados os alunos das escolas militares de ensino
superior.

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Parágrafo único. Na expressão praças de pré, não se compreendem:


1º) os aspirantes a oficial e os suboficiais;
2º) os guardas civis e quaisquer funcionários da fiscalização administrativa,
federal ou local.
O decreto trouxe um rol que dispunha sobre os cidadãos que não poderiam
alistar-se como eleitores e, consequentemente, vedou a essas pessoas o direito ao
exercício do voto.
Uma grande inovação do Código Eleitoral foi a instituição da Justiça
Eleitoral, com o surgimento da figura do juiz eleitoral, que se pronunciava em casos
de dúvidas a respeito de questões eleitorais.
A Justiça Eleitoral, dentre outras funções, surgiu com a competência para
organizar as eleições de maneira geral, definindo, por exemplo, os locais para as
votações, a nomeação de mesários e, ao final, anunciando quem eram os eleitos.

Resumindo...
No Código Eleitoral de 1932 foi criada a Justiça Eleitoral; o voto feminino; a
representação proporcional; o voto secreto em cabina indevassável: o sufrágio era
universal e direto; a eleição era direta e em dois turnos; o domicílio eleitoral era de
livre escolha do eleitor; delegou-se à lei especial os casos de inelegibilidades; todas
as eleições eram regulamentadas pelo Código; o eleitor era parte legítima para a
ação penal; a competência para processar e julgar os crimes eleitorais era do
Tribunal Regional e aos Juízes incumbia apenas a preparação dos processos ou a
instrução, desde que expressamente para tal designados; o prazo prescricional de
qualquer crime eleitoral era de 10 anos (CÂNDIDO, 2010).
O Código de 1932 possuía 144 artigos e era dividido em cinco partes, o que
foi seguido pelos demais códigos. É considerado o primeiro Código Eleitoral
brasileiro. Foi editado sob os reclamos oriundos da própria Revolução de 1930.
Criou a Justiça Eleitoral; instituiu o voto feminino; previu o sufrágio universal, o voto
direto e secreto em cabina indevassável; e o eleitor tinha legitimidade para propor
ação penal eleitoral.
O Ministério Público, inclusive o Ministério Público Estadual, sem capítulo
próprio no Código, tinha nele aparecimento apenas episódico (CANDIDO, 2016).

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A Lei nº 48, de 04.05.1935 - Tal qual o primeiro, o segundo Código Eleitoral


adveio sob a era Vargas. Era um diploma legal que continha 217 artigos. Dispôs, em
capítulo próprio (arts. 49 a 57), acerca da atuação do Ministério Público em todas as
fases do processo eleitoral; e acrescentou, como órgãos integrantes do Judiciário,
as Juntas Eleitorais (na época chamadas de Juntas Especiais) incumbidas de apurar
as eleições municipais. Os Juízes Eleitorais passaram a ter competência para
processar e julgar os crimes eleitorais (competência esta até então privativa dos
Tribunais Eleitorais). Reduziu os prazos prescricionais para a prática de crimes
eleitorais para cinco anos (quando previstas penas privativas de liberdade) e dois
anos (nos demais casos).
No Código Eleitoral de 1935 continuaram reguladas todas as eleições
Federais, Estaduais e Municipais: as mulheres só eram obrigadas a se alistar se
exercessem função pública remunerada (CF, 1934, art. 109); o voto era secreto e
havia sistema de representação proporcional para os parlamentos; esse código
dispôs sobre as Juntas Especiais para apuração somente das eleições municipais,
como órgão da justiça Eleitoral.
Também os juízes adquiriram parcial competência decisória em matéria
criminal eleitoral: dispôs, em longo capítulo próprio (arts. 49 a 57), pela primeira vez,
sobre o Ministério Público, proibindo ao Procurador-Geral atividades político-
partidárias e, inclusive, regulando a ampla participação do Ministério Público dos
Estados em todas as fases do processo eleitoral.
Reduziu sensivelmente a prescrição por crime eleitoral para 5 anos (casos
com pena privativa de liberdade) e para 2 anos (demais casos), aceitando as
hipóteses de sua suspensão e interrupção previstas na lei penal comum; restringiu a
regra do domicílio eleitoral, obrigando-o a coincidir com o domicílio civil; elencou,
longamente, as inelegibilidades, delegando à Constituição e às leis estaduais o
direito de aumentar esse elenco.
A Lei nº 1.164, de 24.07.1950, conhecida como terceiro Código Eleitoral
possuía 202 artigos. Foi editado quando da vigência da Constituição Federal de
1946. Previu o sufrágio universal e o voto direto, obrigatório e secreto.

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54

Acolheu, tal como hoje, os sistemas eleitorais: proporcional e majoritário.


Dispôs sobre a propaganda eleitoral. Não destinou capítulo próprio ao Ministério
Público Eleitoral.
No Código Eleitoral de 1950, editado sob a vigência da Constituição Federal
de 1946, o sufrágio e o voto eram, como hoje, universais e diretos, obrigatórios e
secretos; havia o sistema proporcional e majoritário (CANDIDO, 2016).
As Juntas Especiais passaram a ser Juntas Eleitorais, com competência
para apurar as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob sua jurisdição.
O eleitor tinha que requerer o alistamento, não se procedendo mais de
ofício; dedicou, pela primeira vez, capítulo próprio para a propaganda partidária,
restringindo ou garantindo seu exercício; deu aos juízes eleitorais competência plena
em matéria criminal eleitoral, ressalvando apenas a competência originária dos
tribunais; extinguiu o capítulo próprio do Ministério Público e dele só dispôs de modo
ocasional e assistemático: autorizou a aplicação subsidiária ou supletiva do Código
de Processo Penal, mas silenciou em relação ao Código Penal (CANDIDO, 2016).
A Lei nº 4.737, de 15.07.1965, é o quarto e atual Código Eleitoral. Fruto do
regime militar, embora lei ordinária, foi recepcionada como lei complementar pela
Constituição de 1988. Possui 383 artigos e está organizado em cinco partes: I) Parte
Primeira – Introdução (arts. 1º a 11); II) Parte Segunda – Dos Órgãos da Justiça
Eleitoral (arts. 12 a 41); III) Parte Terceira – Do alistamento (arts. 42 a 81); IV) Parte
Quarta – Das Eleições (arts. 82 a 233); e, V) Parte Quinta – Disposições várias (arts.
234 a 383) (CÂNDIDO, 2010, CITADINI; 1986).
É o Código vigente e cabe ressaltar que, neste período da 2ª República,
afora os Códigos Eleitorais, inúmeras outras leis, leis complementares e até
emendas constitucionais, editadas, tomaram relevo e vigoraram paralelamente a
eles ou alterando seus dispositivos.
JOSÉ ALFREDO LUIZ JORGE (2004) menciona algumas delas:
1) Lei nº 6.996, de 7.6.82. Dispõe sobre o processamento eletrônico de
dados nos serviços eleitorais. Prevê crime eleitoral.
2) Lei nº 7.021, de 6.9.82. Estabelece o modelo de cédula oficial única a ser
usada nas eleições de 15 de novembro de 1982. Estabelece crime eleitoral.

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3) Emenda Constitucional nº 25, de 15.5.85. Altera artigos da Constituição


Federal de 1969. Estabelece eleição direta para Presidente e Vice-Presidente da
República e restabelece o voto do analfabeto como facultativo.
4) Lei Complementar nº 64, de 18.5.90. Revogou a Lei Complementar nº
5/70. Estabelece, de acordo com o art. 14, § 9º, da Constituição Federal, casos de
inelegibilidade, prazos de cessação e prevê crime eleitoral. Alterada pela Lei
Complementar nº 81, de 13.4.94 (DOU de 14.4.94).
5) Lei Complementar nº 86, de 14.5.96. Acrescenta dispositivo ao Código
Eleitoral, a fim de permitir a ação rescisória em casos de inelegibilidades.
6) Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Estabelece normas para as
eleições.
7) Lei nº 10.226, de 15 de maio de 2001. Determina a expedição de
instruções sobre a escolha dos locais de votação de mais fácil acesso para o eleitor
deficiente físico.
8) Lei nº 10.732, de 5 de setembro de 2003. Institui a obrigatoriedade do
depoimento pessoal no processo penal eleitoral.
9) Lei nº 12.891, de 11 de dezembro de 2013. Estabelece instrumentos para
diminuir o custo das campanhas eleitorais.
10) Lei nº 13.165, de 29 de setembro de 2015. Estabelece instrumentos para
reduzir os custos das campanhas eleitorais, simplificar a administração dos Partidos
Políticos e incentivar a participação feminina.
11) Lei nº 13.488, de 6 de outubro de 2017. Objetiva promover a reforma no
ordenamento político-eleitoral.

Guarde...
Em 1932, logo após a Revolução de 1930, editou-se o primeiro Código
Eleitoral. O segundo foi publicado menos de um ano após a promulgação da
Constituição de 1934. À Constituição de 1946, sucedeu o Código Eleitoral de 1950,
e, menos de dois anos após a Revolução de 1964, editou-se o Código Eleitoral
vigente (CÂNDIDO, 2016).

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Assim, historicamente, nossos códigos nasceram, ou após os movimentos


militares de expressão, ou após a promulgação de constituições, o que, de certo
modo, tem sua razão de ser, e se justifica, além de ser de fácil compreensão.

As leis das eleições


A Lei nº 9.504/97, como dispõe sua parte introdutória, “estabelece normas
para as eleições”. Por conseguinte, o caráter permanente da Lei nº 9.504/97 é
merecedor de consideráveis elogios, na medida em que a continuidade da lei
permite, ao menos em tese, a criação de entendimento jurisprudencial consolidado
sobre a matéria eleitoral e diminui a sempre constante tentação do casuísmo na
esfera especializada. Diz-se que o caráter de permanente da Lei das Eleições
somente em tese permite a formação de uma jurisprudência estável, porque o
preenchimento das vagas dos Tribunais Eleitorais, na forma de biênio, com uma
recondução, estabelece um incessante rodízio na composição das Cortes e torna
difícil qualquer possibilidade de sedimentação de determinadas matérias na esfera
eleitoral.
A Lei das Eleições trata de, praticamente, todas as matérias relativas ao
processo eleitoral, traçando regras sobre:
coligações (art. 6°);
convenções partidárias para escolha de candidatos (arts. 7° a 9°);
registro de candidatos (arts. 10 a 16-B);
Fundo Especial de Financiamento de Campanha (arts. 16-C);
arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas eleitorais (arts. 17 a 27);
prestação de contas (arts. 28 a 32);
pesquisas eleitorais e testes pré-eleitorais (arts. 33 a 35);
propaganda eleitoral em geral (arts. 36 a 57);
propaganda na Internet (arts. 57-A a 57-J);
direito de resposta (art. 58);
sistema eletrônico de votação e totalização de votos (arts. 59 a 62);
mesas receptoras (arts. 63 e 64);
fiscalização das eleições (arts. 65 a 72);
condutas vedadas (art. 73 a 78), além de disposições transitórias e finais
(arts. 79 a 107), inclusive estabelecendo procedimento para apuração de
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57

reclamações e representações por descumprimento às normas estabelecidas


por esta Lei (art. 96);
prevê, também, a Lei das Eleições diversos crimes eleitorais (v.g., art. 33, §
4°, art. 34, § 2°, art. 34, § 3°, art. 39, § 5°, I, II, III, art. 40, art. 68, § 2°, art. 72,
art. 87, § 4° e art. 91, parágrafo único).
A Lei nº 9.504/97 sofreu três grandes modificações fundamentais. A
primeira, através da Lei nº 9.840/99, que introduziu a captação ilícita de sufrágio no
Direito Eleitoral (art. 41-A da LE), além de estabelecer a possibilidade de cassação
do registro e diploma em diversas hipóteses de condutas vedadas, com a nova
redação dada ao § 5° do art. 73 da LE.
A segunda modificação sofrida pela Lei das Eleições ocorreu através da Lei
nº 11.300/06, que dispôs sobre propaganda, financiamento e prestação de contas
das despesas com campanha eleitoral, estabelecendo, v.g., a criação de hipótese
objetiva de rejeição de contas consistente no uso de recursos financeiros para
pagamento de gastos eleitorais que não provenham da conta bancária específica
(art. 22, § 3°), a obrigação de divulgação de relatórios parciais das doações
recebidas pela Internet (art. 28, § 4°), a restrição na propaganda em bens públicos
(art. 37), a vedação da propaganda mediante outdoor (art. 39, § 8°) e de showmícios
(art. 39, § 7°), vedação na distribuição de brindes de campanha (art. 39, § 6°), a
criação de mais uma hipótese material de conduta vedada (§ 10° do art. 73) e da
representação por captação ou gastos ilícitos, para fins eleitorais (art. 30-A).
A terceira modificação no corpo da Lei das Eleições veio a lume com a Lei nº
12.034/09, a qual unificou prazos recursais e estabeleceu prazos para o ajuizamento
das representações eleitorais, além de trazer modificações na arrecadação de
recursos, prestação de contas, registro de candidatos, propaganda eleitoral,
elevando, ainda, diversos dispositivos sistematicamente consagrados em resoluções
do TSE à lei ordinária. Cabe ressaltar que a Lei nº 12.034/09 trouxe modificações na
lei das eleições, lei dos partidos políticos e no Código eleitoral.
A Lei nº 9.504/97 ainda sofreu importantes alterações por meio das
seguintes leis:
• Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010;
• Lei nº 12.875, de 30 de outubro de 2013;

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• Lei nº 12.891, de 11 de dezembro de 2013. Estabelece normas com o


intuito de diminuir o custo das campanhas eleitorais;
• Lei nº 13.107, de 24 de março de 2015. Discorre sobre fusão de
partidos políticos;
• Lei nº 13.165, de 29 de setembro de 2015. Estabelece indicativos para
reduzir os custos das campanhas eleitorais, simplificar a
administração dos partidos políticos e incentivar a participação
feminina;
• Lei nº 13.487, de 6 de outubro de 2017. Institui o Fundo Especial de
Financiamento de Campanha (FEFC);
• Lei nº 13.488, de 6 de outubro de 2017. Visa promover reforma no
ordenamento político-eleitoral.
A Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95), embora não seja uma lei que
trate diretamente de Direito Eleitoral, possui estreita vinculação com a matéria, já
que traz normas para:
criação e registro dos partidos políticos (arts. 8° a 11);
funcionamento parlamentar (arts. 12 e 13);
programa e estatuto partidário (arts. 14 a 15-A);
filiação partidária (arts. 16 a 22-A);
fidelidade e disciplina partidária (arts. 23 a 26);
fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos (arts. 27 a 29), além de
normas relativas à prestação de contas (arts. 30 a 37-A) e fundo partidário
(arts. 38 a 44).
A Lei nº 4.737/65, que institui o Código Eleitoral, é outra fonte de
fundamental importância para o Direito Eleitoral, cabendo, apenas, dentro do
complexo arcabouço legislativo existente na matéria especializada, estabelecer
quais normas ainda permanecem vigendo e quais se encontram derrogadas ou
revogadas.
Estabelece o art. 1° da Lei nº 4.737/65 que “este Código contém normas
destinadas a assegurar a organização e o exercício de direitos políticos
precipuamente os de votar e ser votado”.

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59

O Código Eleitoral prevê normas sobre os órgãos da Justiça Eleitoral (arts.


12 a 41), o alistamento eleitoral (arts. 42 a 81), as eleições (sistemas eleitorais, atos
preparatórios, da votação e da apuração - arts. 82 a 233-A), além de dispor sobre
garantias eleitorais (arts. 234 a 239), propaganda partidária (arts. 240 a 256),
recursos (arts. 257 a 282), disposições penais (arts. 283 a 364), gerais e transitórias
(art. 365 a 383).
A questão a ser dirimida é o que ainda vige no Código Eleitoral, diante das
sucessivas modificações legislativas (v.g., LC n. 64/90, LE). Pode-se afirmar, v.g.,
que as normas que estabelecem a competência dos órgãos da Justiça Eleitoral -
(arts. 22 e 23, TSE; arts. 29 e 30, TREs; art. 35, Juiz Eleitoral; art. 40, Junta Eleitoral)
- possuem vigência no que não contrariarem a Constituição Federal.
As normas de alistamento e transferência de eleitor igualmente possuem
vigência, devendo ser conjugadas com as alterações realizadas pela Res. nº
21.538/03 do TSE. Vigoram, ainda, as normas do Código Eleitoral relativas ao
cancelamento e à exclusão de eleitores (arts. 71 a 81). Contudo, a maioria das
regras de registro previstas no Código Eleitoral foram sensivelmente alteradas pela
Lei nº 9.504/97 e pela LC nº 64/90. Vigem, também, ainda que em parte, as normas
constantes no Título II, III, IV e V da parte quarta do Código Eleitoral, que são
relativas aos atos preparatórios da votação, de material para votação, de votação,
apuração (embora, atualmente, a totalização dos votos seja toda informatizada),
bem como os capítulos relativos aos diplomas (capítulo V), nulidades (capítulo VI) e
garantias eleitorais. As normas sobre propaganda eleitoral – albergada sob o título
equivocado de “propaganda partidária” – têm vigência parcial, em face do contido na
Lei nº 9.504/97; assim, pois, v.g., tem vigência ainda o art. 241 (que trata da
responsabilidade solidária do partido ou coligação pelo excesso na propaganda), o
art. 242 (que traz a exigência da legenda partidária nas propagandas), o art. 243
(que traz um rol de propagandas ilegais) e o art. 249 (que trata do poder de polícia
da Justiça Eleitoral). Finalmente, têm vigência as disposições relativas aos recursos
eleitorais (arts. 257 a 282), as disposições penais (art. 283 a 364) e as disposições
gerais e transitórias (art. 365 e seguintes).
As normas sobre propaganda partidária, por sua vez, foram
substancialmente alteradas pela Lei n°13.487, de 6 de outubro de 2017, que, em seu

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art. 5º, extinguiu a propaganda partidária no rádio e na televisão a partir de 1º de


janeiro de 2018, ao revogar os artigos 45, 46, 47, 48, 49 e o parágrafo único do
artigo 52 da Lei dos Partidos Políticos, que regulamentavam tal assunto.
O Código Eleitoral possui natureza jurídica de lei ordinária, sendo
recepcionado com força de lei complementar apenas na matéria que disciplina a
competência. Como o constituinte determinou que “lei complementar disporá sobre a
organização e competência dos Tribunais, dos Juízes de Direito e das Juntas
Eleitorais” (art. 121) e em face à ausência de edição de lei definidora de normas de
organização e competência na esfera especializada, o entendimento doutrinário e
jurisprudencial é que apenas na parte relativa à competência ocorreu a recepção do
Código Eleitoral como lei complementar (ZÍLIO, 2012).
Nesse sentido, para TORQUATO JARDIM (1998, p. 61), o Código Eleitoral,
pelo fenômeno da recepção, é agora, “lei complementar no que pertine à
organização e à competência da Justiça Eleitoral (Const., art. 121). As demais
matérias nele versadas continuam a ser objeto de lei ordinária”.
A Lei nº 6.091/74, que dispõe sobre o fornecimento gratuito de transporte,
em dia de eleição, para eleitores residentes na Zona Rural, é também fonte do
Direito Eleitoral. Em síntese, traz regras que permitem a requisição de veículos, para
transporte gratuito de eleitores, em dias de eleição, além de norma de fornecimento
de alimentação, para eleitores da zona rural, com verbas do fundo partidário. Prevê
o crime eleitoral de transporte irregular de eleitores (art. 11, inciso, III, c/c art. 5°) e o
prazo para o eleitor que não votou apresentar justificativa perante o Juiz Eleitoral
(art. 7°) (ZÍLIO, 2012).

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REFERÊNCIAS
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64

ANEXOS

LEGISLAÇÃO PERTINENTE À MATÉRIA


CÓDIGO ELEITORAL - Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
LEI DE INELEGIBILIDADE - Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.
LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS - Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995.
LEI DAS ELEIÇÕES - Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997.

LEGISLAÇÃO CORRELATA
Lei Complementar nº 78, de 30 de dezembro de 1993 – Disciplina a fixação do
número de Deputados, nos termos do art. 45, § 1º, da Constituição Federal.
Lei nº 1.207, de 25 de outubro de 1950 – Dispõe sobre o direito de reunião.
Lei nº 4.410, de 24 de setembro de 1964 – Institui prioridade para os feitos eleitorais,
e dá outras providências.
Lei nº 6.091, de 15 de agosto de 1974 – Dispõe sobre o fornecimento gratuito de
transporte, em dias de eleição, a eleitores residentes nas zonas rurais, e dá outras
providências.
Lei nº 6.236, de 18 de setembro de 1975 – Determina providências para
cumprimento da obrigatoriedade do alistamento eleitoral.
Lei nº 6.996, de 7 de junho de 1972 – Dispõe sobre a utilização de processamento
eletrônico de dados nos serviços eleitorais, e dá outras providências.
Lei nº 6.999, de 7 de junho de 1972 – Dispõe sobre a requisição de servidores
públicos pela Justiça Eleitoral, e dá outras providências.
Lei nº 7.444, de 20 de dezembro de 1985 – Dispõe sobre a implantação do
processamento eletrônico de dados no alistamento eleitoral e a revisão do
eleitorado, e dá outras providências.
Lei nº 8.350, de 28 de dezembro de 1991 – Dispõe sobre gratificações
representações na Justiça Eleitoral.
Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998 – Regulamenta a execução do disposto
nos incisos I, II e III do art. 14 da Constituição Federal.
Decreto nº 5.331, de 4 de janeiro de 2005 – Regulamenta o parágrafo único do art.
52 da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995, e o art. 99 da Lei nº 9.504, de 30 de
setembro de 1997, para os efeitos de compensação fiscal pela divulgação gratuita
da propaganda partidária ou eleitoral.
Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967 – Dispõe sobre a responsabilidade
dos Prefeitos e Vereadores, e dá outras providências.
Lei nº 10.226, de 15 de maio de 2001 – Determina a expedição de instruções sobre
a escolha dos locais de votação de mais fácil acesso para o eleitor deficiente físico.
Lei nº 10.732, de 5 de setembro de 2003 – Institui a obrigatoriedade do depoimento
pessoal no processo penal eleitoral.

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Lei nº 12.891, de 11 de dezembro de 2013 – Estabelece instrumentos para diminuir


o custo das campanhas eleitorais.
Lei nº 13.107, de 24 de março de 2015 – Discorre sobre fusão de partidos políticos.
Lei nº 13.165, de 29 de setembro de 2015 – Estabelece instrumentos para reduzir os
custos das campanhas eleitorais, simplificar a administração dos Partidos Políticos e
incentivar a participação feminina.
Lei nº 13.488, de 6 de outubro de 2017 – Objetiva promover a reforma no
ordenamento político-eleitoral.

NORMAS EDITADAS PELO TSE


Resolução nº 20.034, de 27 de novembro de 1997 – Instruções para o acesso
gratuito ao rádio e à televisão pelos partidos políticos.
Resolução nº 21.008, de 5 de março de 2002 – Dispõe sobre o voto dos eleitores
portadores de deficiência.
Resolução nº 21.009, de 5 de março de 2002 – Estabelece normas relativas ao
exercício da jurisdição eleitoral em primeiro grau.
Resolução nº 21.477, de 29 de agosto de 2003 – Dispõe sobre a formação do
agravo de instrumento contra decisão que não admitir o processamento do recurso
especial.
Resolução nº 21.538, de 14 de outubro de 2003 – Dispõe sobre o alistamento e
serviços eleitorais mediante processamento eletrônico de dados, a regularização de
situação de eleitor, a administração e a manutenção do cadastro eleitoral, o sistema
de alistamento eleitoral, a revisão do eleitorado e a fiscalização dos partidos
políticos, entre outros.
Resolução nº 21.667, de 18 de março de 2004 – Dispõe sobre a utilização do serviço
de emissão de certidão de quitação eleitoral por meio da Internet, e dá outras
providências.
Resolução nº 21.830, de 17 de junho de 2004 – Dispõe sobre a publicação
eletrônica dos despachos e das decisões do Tribunal Superior Eleitoral na Internet e
sobre o gerenciamento do Sistema de Acompanhamento de Documentos e
Processos.
Resolução nº 21.841, de 22 de junho de 2004 – Disciplina a prestação de contas dos
partidos políticos e a Tomada de Contas Especial.
Resolução nº 21.843, de 22 de junho de 2004 – Dispõe sobre a requisição de força
federal, de que trata o art. 23, inciso XIV, do Código Eleitoral, e sobre a aplicação do
art. 2° do Decreto-Lei nº 1.064, de 24 de outubro de 1969.
Resolução nº 21.920, de 19 de setembro de 2004 – Dispõe sobre o alistamento
eleitoral e o voto dos cidadãos portadores de deficiência, cuja natureza e situação
impossibilitem ou tornem extremamente oneroso o exercício de suas obrigações
eleitorais.

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Resolução nº 21.975, de 16 de dezembro de 2004 – Disciplina o recolhimento e a


cobrança das multas previstas no Código Eleitoral e leis conexas e a distribuição do
Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo Partidário).
Resolução nº 22.166, de 9 de março de 2006 – Estabelece providências a serem
adotadas em relação a inscrições identificadas como de pessoas falecidas, mediante
cruzamento entre dados do cadastro eleitoral e registros de óbitos fornecidos pelo
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Resolução nº 22.610, de 25 de outubro de 2007 – O Tribunal Superior Eleitoral, no
uso das atribuições que lhe confere o art. 23, XVIII, do Código Eleitoral, e na
observância do que decidiu o Supremo Tribunal Federal nos Mandados de
Segurança nº 26.602, 26.603 e 26.604, resolve disciplinar o processo de perda de
cargo eletivo, bem como de justificação de desfiliação partidária.
Resolução nº 22.676, de 13 de dezembro de 2007 – Dispõe sobre as classes
processuais e as siglas dos registros processuais no âmbito da Justiça Eleitoral.
Resolução nº 22.747, de 27 de março de 2008 – Aprova instruções para aplicação
do art. 98 da Lei nº 9.504/97, que dispõe sobre dispensa do serviço pelo dobro dos
dias prestados à Justiça Eleitoral nos eventos relacionados à realização das
eleições.
Resolução nº 22.770, de 17 de abril de 2008 – Estabelece normas e procedimentos
para a distribuição do arquivo de Registro Digital do Voto para fins de fiscalização,
conferência, auditoria, estudo e estatística.
Resolução nº 23.061, de 26 de maio de 2009 – Disciplina os procedimentos para a
atualização do cadastro eleitoral, decorrente da implantação, em municípios
previamente selecionados pelos tribunais regionais eleitorais, de nova sistemática de
identificação do eleitor, mediante incorporação de dados biométricos e fotografia, e
dá outras providências.
Resolução nº 23.088, de 30 de junho de 2009 – Autoriza a expansão do projeto de
modernização dos serviços eleitorais voltados ao pré-atendimento do cidadão, via
Internet, para requerimento de operações de alistamento, transferência e revisão.
Resolução nº 23.117, de 20 de agosto de 2009 – Dispõe sobre a filiação partidária,
aprova nova sistemática destinada ao encaminhamento de dados pelos partidos à
Justiça Eleitoral, e dá outras providências.
Resolução nº 23.184, de 10 de dezembro de 2009 – Dispõe sobre os procedimentos
cartorários de registro e autuação dos feitos, no âmbito da Justiça Eleitoral, e dá
outras providências.
Resolução nº 23.185, de 10 de dezembro de 2009 – Dispõe sobre a utilização do
Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos e sobre a numeração
única de processos no âmbito da Justiça Eleitoral, e dá outras providências.
Resolução nº 23.255, de 29 de abril de 2010 – Dispõe sobre a requisição de
servidores públicos pela Justiça Eleitoral, de que trata a Lei n° 6.999, de 7 de junho
de 1982.

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Resolução nº 23.272, de 1º de junho de 2010 – Relação de devedores de multa.


Sistemática de entrega aos partidos políticos. Circunscrição do pleito. Utilização do
sistema Filiaweb. Aprovação.
Resolução nº 23.282, de 22 de junho de 2010 – Disciplina a criação, organização,
fusão, incorporação e extinção de partidos políticos.
Resolução nº 23.325, de 19 de agosto de 2010 – Dispõe sobre comunicação
eletrônica no âmbito das secretarias judiciárias dos tribunais eleitorais e entre estas
e os juízos eleitorais de primeiro grau de jurisdição, e dá outras providências.
Resolução nº 23.326, de 19 de agosto de 2010 – Dispõe sobre as diretrizes para a
tramitação de documentos e processos sigilosos no âmbito da Justiça Eleitoral.
Resolução nº 23.328, de 2 de agosto de 2010 – Dispõe sobre os procedimentos de
intimação dos partidos políticos e respectivos representantes no âmbito da Justiça
Eleitoral.
Resolução nº 23.363, de 17 de novembro de 2011 – Dispõe sobre a apuração de
crimes eleitorais.

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