Ja SEMANÁRIO GRATUITO

ANO I • N.º 26 • 14 Janeiro 2011

Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA

Tesouro paga compra de votos

Governo usa erário público

violando o Código Eleitoral. Veja as provas documentais Pág. 8
2 • Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011
marco do correio
O Já reserva-se o direito de seleccionar e, eventualmente, reduzir os textos não solicitados,
“Até lá, Ou morre o
Rei, ou morre o
burro, ou morro eu”!
Mais um avanço, desta feita,
contra Liberal e Já. É mais um
avanço contra estes jornais, é
mais um avanço contra as
pessoas dos seus directores, e é
um avanço contra a paz aqui
na terra.
Não me refiro, necessariamente, aos
actos e omissões da Comissão
Nacional das Eleições (CNE). Nem
sei se as opções da CNE são éticas,
morais e justas num Estado de
direito de duplo sentido. Mas sei, de
há muito, que o crime organizado
não vive nesse Estado.
Como defender-nos do crime
organizado, sem que surjam CNEs,
tribunais, tribunais de contas,
incluídos, ministérios públicos, entre
outros, a mostrar trabalho, e
também, desculpas, de um sentido
só?
Para já, tiram-se duas ou três
conclusões:
a) Liberal e Já estão a causar mossa
ao crime organizado e, desde já,
façamos votos para que os
criminosos sejam julgados,
condenados e acondicionados lá
onde merecem governar-se;
b) Violação a violação e/ou
combinação de tantas e tantas
violações, o crime organizado
desfere recorrentes e múltiplos
golpes contra o Estado, desde logo,
os apelos às facas e aos machados
no século XXI…
c) Por ventura, os directores de
Liberal e Já irão necessitar da
energia de cada um de nós,
cidadãos, que toda a energia será
pouca contra a impunidade instalada
no reino;
Ao invés de dirigirem os respectivos
jornais, deveriam Apolinário das
Neves e/ou Vlademiro Marçal,
demitir-se das anunciadas e claras
missões, sendo certo que Liberal, e
Já, e todos os outros jornais devem,
combater, mesmo que à vez, o crime
organizado?
Onde começam e/ou terminam as
causas e/ou consequências de um
ciclo vicioso, e até que ponto
deveríamos, também nós, cidadãos,
demitir-nos das nossas
responsabilidades, se é que de há
muito não estamos todos ou quase
todos demissionários?
Esperemos que os fundamentos
ideológicos de outras forças político-
partidárias contribuam para lembrar
que quase sempre o assalto ao poder
tarde ou cedo justifica outro assalto.
Os do crime organizado querem lá
saber que mesmo não havendo, por
ora, reacção que ponha cobro aos
As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto.
nem se prestará informação postal sobre eles.
actos e omissões totalitárias, as
famílias e as empresas estejam a ser
violentadas, e que a repressão leva à
repressão, e que tarde ou cedo,
impor-se-á o direito supremo de
resistir? Encantados, discursam. E
contentam-se com uma aparência de
democracia.
Que se saiba, pelas últimas
legislativas a CNE não impediu a
fraude, desde logo, as declarações
daquele que melhor do que ninguém
saberia até que ponto necessitava da
fraudes para manter-se no poder.
Sei o quanto é fácil acontecer o
“inesperado”. Assim também não
me custa perceber que ponto o crime
organizado continuará,
tranquilamente, a promover a fraude
e que, não obstante a fraude,
perdendo as eleições, tudo fará para
escamotear as culpas que de longa
data traz no cartório.
Percebi, quanto mais não seja, para
os meus botões - nas desculpas e no
tom que certo membro da CNE
apresentou, como que engolindo em
seco, para explicar porque a CNE
protelou a reacção às denúncias da
oposição contra o crime organizado
- o quanto a CNE está condicionada.
Por acaso, também me pareceu ver o
nome de respeitáveis familiares
directos de respeitáveis membros da
CNE nas listas de deputados pelo
partido da situação. Não diria que os
respeitáveis membros da CNE se
deixariam condicionar por tão
pouco. Mas vi perfeitamente como
estão a ser enunciadas as bitolas,
para uns e para outros, desde logo, a
bitola do “quanto ao resto, vamos
ver”…
“A vida são dois dias”, e a CNE e
tudo isso bem fazem lembrar a
anedota contada por um amigo,
também ele, jurista. Ao benevolente
rei pediu – adaptemos e abreviemos
- o desavergonhado larápio: - O meu
último desejo, senhor rei, é que me
conceda um prazo para acabar de
ensinar o meu burro a ler... “Mas, e
então?” - sempre pergunta alguém,
incrédulo, com tamanha fé. Fora-lhe
concedido um ano. É quando o
advogado, em nome do larápio,
remata, deliciado:
- “Até lá, ou morre o rei, ou morre o
burro, ou morro eu”!
Neste caso, morrem as denúncias da
oposição, como sempre morreram,
que mais cinco anos passam num ai.
Excepções à parte, já vimos o
modus faciendi do Supremo
Tribunal de Justiça. Idem, para o
Ministério Público. E para a
Assembleia Nacional. Exemplos?
Como ficaram os múltiplos crimes
de 22 de Janeiro de 2006 que o STJ
não negou, antes confirmou,
alegando, entretanto, que não era
questão a ser dirimida do STJ
(enquanto Tribunal Constitucional)?
Mas quem sou eu para contradizer os
supremos manuais, importados a
editorial
Vlademiro
Osvaldo Marçal
semanarioja@gmail.com
vapor…
E vão mais cinco.
- “Até lá, ou morre o rei, ou morre o
burro, ou morre alguém”…
Há cinco anos achava-se normal
fazer-se aquilo que fez o
desavergonhado larápio – adaptemos
e abreviemos. Chegava a parecer
anormal questionar-se o que
acontecera, impunidade incluída.
Ilustres constitucionalistas
demoravam uns segundos a mais a
concluir que se tratara, sim, de
múltiplos crimes, de uma assentada,
vários deles, puníveis com um bom
par de anos de cadeia.
Mas… “até lá, ou morre o burro, ou
morre o rei, ou morre qualquer
coisa”…
E perante este estado de coisas
debatem-se os cidadãos de um povo
entre o que será e o que não será
ético, moral e justo.
Pela minha parte, desilude-me o
combate que ficou por fazer em cada
um de tantos cidadãos, contra este
estado de coisas. O que me dá a
certeza de que, em alguma medida,
com ou sem mudança, iremos ter
mais do mesmo. Mas, a haver
mudança, não iremos ter, espero
bem, tais avanços - por usar em
alegorias - de lacrau, o que se
afundou a meio do rio, ao ferrar, pelo
dorso, o complacente ser que o
transportava.
- Mas, porquê, lacrau?
- Sabes, é a minha natureza!
Há dez anos tivemos a grande
mentira dos dois milhões, há cinco
anos tivemos a grande mentira do
narcotráfico, isto sem falar nas
grandes desculpas do STJ. E que
grande mentira assistirá, desta feita,
impávida, a CNE, e assistirá,
impávido, o cidadão?
E mais cinco anos se passam num ai.
“Até lá, ou morre o burro, ou morre
o rei, ou morre não interessa o
quê”…
Tarde ou cedo boa franja dos do
partido na situação vai recusar-se a
compactuar com o permanente
estado de golpe, por muito que
possam ter boas razões para detestar
as alternativas político-partidárias.
Que o feitiço se vire contra os
feiticeiros, são os meus votos.
Para não chegar, mais do que já tem
chegado, o momento em que cada
um de nós, terá de educar seus filhos
para viverem no mato e
sobreviverem numa espiral de
violência, possam Liberal e Já, e as
pessoas dos seus directores, e seus
familiares, contar com a nossa
energia e a nossa veemente
condenação de tais avanços contra
Liberal e Já, contra as pessoas dos
Telefone: (00238) 2623817
seus directores e, inevitavelmente,
contra tudo aquilo que se perde a Já SEMANÁRIO GRATUITO E-mail: semanarioja@gmail.com
Propriedade: Medi@capital, SA
cada avanço. Administração e Redação: Director: Vlademiro Marçal
Largo Eusébio da Silva Ferreira, Design e Paginação: Medi@capital, SA
Nuno Ferro Marques Achada de Santo António, Cidade da Praia, Impressão: Grafedisport SA
Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669 Tiragem: 20.000 exemplares
ferromarques@gmail.com

na rota dos dias
Ninguém Já
nos cala!
O
Já foi multado pela Co-
missão Nacional de Elei-
ções (CNE), na quantia de
225 contos, por, alegadamente, ter
violado o Código Eleitoral. Sou-
bemo-lo por amigos e pela impren-
sa porque, até à data de redação
destas linhas, não recebemos nenhu-
ma notificação da CNE, o que não
deixa de ser curioso e preocupante.
A CNE, bem sabendo o endereço da
Administração e Redação do nosso
jornal, resolveu, num gesto que só
podemos definir como provocató-
rio, endereçar a notificação, supos-
tamente a nós dirigida, para a sede
nacional do Movimento para a De-
mocracia (MpD), partido político
que não figura como proprietário do
jornal nem consta da sua ficha técni-
ca. Hipoteticamente, questionamos:
qual seria a reação da CNE se o Já
endereçasse correspondência a ela
dirigida para a sede do PAICV?
Da carta da CNE, entregue na sede
do MpD, à qual só agora tivemos
acesso, podemos desde já declarar,
sem qualquer dúvida, que ela enfer-
ma de ilegitimidade e revela desco-
nhecimento e/ou má fé, porquanto:
1 - A acusação ao Já omite qualquer
matéria de facto. Ou seja, alegando
genericamente ter havido violação
da lei, não faz qualquer referência a
peças jornalísticas e edições especí-
ficas em que essa violação tenha
ocorrido, privando este jornal de um
princípio fundamental em Direito:
informar o arguido dos factos de que
é acusado.
2 - Ao não ouvir o legal represen-
tante do Já (que não foi convocado
para a reunião onde porventura terá
havido deliberação de punir), a CNE
violou outro princípio essencial de
um Estado de Direito democrático:
dar ao arguido a capacidade de defe-
sa e o direito ao exercício do contra-
ditório.
3 - A decisão da CNE, resultante de
queixa formulada pelo PAICV, foi
construída numa base parcial, ainda
para mais prenhe de inverdades e
imprecisões, na medida em que na
referida queixa o Já é indicado co-
mo sendo um “jornal online” (!) e o
proprietário apontado pelo partido
de Neves é uma tal “Liberal Media
Plus”, empresa inexistente – logo
vazando de legitimidade qualquer
instrução processual.
A atitude da CNE vem ferir de mor-
te a confiança que tal órgão fiscaliza-
dor deveria merecer por parte dos ci-
dadãos e, em particular, da comuni-
cação social que, para ser livre – co-
mo em qualquer Estado democrático -,
não pode estar sujeita a atitudes e
constrangimentos, preconceitos e
posições discricionárias. E esta ati-
tude confirmou-se, aliás, quando a
CNE convocou conferência de
imprensa - para anunciar a multa -
sem que para tal tenha convocado o
jornal visado. É esclarecedor!
Para que fique claro: NINGUÉM
NOS CALA! O Já vai continuar o
seu combate pela defesa de uma im-
prensa livre, pelo sagrado direito
dos cidadãos à informação e pelo
primado do Estado de Direito demo-
crático.
O nosso jornal, ao mesmo tempo
que denuncia a decisão da CNE –
como já referimos, prenhe de ilega-
lidades processuais e propensa à ins-
tauração de um regime de excepção
assente na censura -, afirma que na-
da o fará desviar um milímetro do
seu propósito de furar o cerco claus-
trofóbico que tem transformado a
imprensa cabo-verdiana em instru-
mento servil dos tiques autoritários
que dominam a vida política e a so-
ciedade.
O Já não verga a cerviz, não pactua,
não transige, não se vende, nem usa
açaime!
A Direção
Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011 • 3
Em legítima reação à arbitrária decisão da CNE
lança campanha
Temos o direito à indignação. Protestamos.
Reagimos. Apresentamos as nossas razões.
E garantimos: ninguém nos vai calar
E stando embora a decorrer o processo de contestação do Já
à punição praticada contra este jornal pela Comissão
Nacional de Eleições, a pedido do PAICV, e havendo mais que
fundamentadas e legítimas razões que suportam essa
contestação contra uma punição que, pela forma como ocorreu,
viola a normal prática destas coisas e quase prefigura “regimes
de excepção”, o nosso jornal dispõe-se a reagir com firmeza
contra o intolerável em condições de democracia.
Porque o Já entende (quaisquer que tenham sido as alegadas,
mas ainda desconhecidas, fundamentações para a punição
exercida) que, mais do que este jornal, o que foi atingido foi a
liberdade de opinião e de imprensa; foram os leitores deste
jornal; e foram as regras que são próprias de um Estado de
Direito democrático e, por essa razão, o deveriam ser da
República de Cabo Verde,
• o coletivo do Já (Administração, Direção e Redação) decidiu
colocar a salvaguarda deste jornal nas mãos dos seus leitores.
Neste sentido, vai ser aberta, a pretexto do pagamento da multa
que contra o nosso jornal foi ilegitimamente determinada, uma
conta pública para a qual poderão contribuir, com o quantitativo
que quiserem, todos quantos se identifiquem com as causas que
o maior jornal de Cabo Verde vem defendendo. A recolha de
fundos, caso tenha vencimento o recurso apresentado pelo Já,
será posteriormente canalizada para alguma associação de
solidariedade social. A abertura desta conta será anunciada
muito em breve;
• o coletivo do Já decidiu também criar, ilha a ilha, Município
a Município, e na Diáspora, “grupos de amigos” deste jornal
que terão por função dinamizar a presente campanha, recolher
informações que serão canalizadas para matéria redatorial e
colaborar na distribuição do jornal que se pretende manter
como um semanário de distribuição gratuita.
Desde logo, convidam-se os leitores, interessados em fazer
parte destes grupos, a preencher a seguinte ficha, remetendo-a
para a sede do Já (vide ficha técnica) que a CNE finge
desconhecer.
Nome:
Idade:
Profissão:
Local de nascimento:
Morada:
Telefone fixo:
Telemóvel:
E-mail:
Assinatura:
4 • Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011

na rota dos dias

Muita “atividade” no Parlamento desativo

Romaria aos gabinetes de Pina e Robalo

Acontece diante do nariz da Comissão Nacional de Eleições. Dá nas vistas… mas ninguém vê. Não há trabalho parlamentar em curso, mas as instalações da
Assembleia Nacional nunca estiveram tão ativas…

O
gabinete que os deputados
José Maria de Pina e
Fernando Robalo dividem
na Assembleia Nacional (Achada de
Santo António, Praia) virou local de
romaria, nos últimos tempos. Há algu-
mas semanas que os funcionários da
Assembleia Nacional, a olhos nus,
reparam no vai-vem de pessoas de
vários bairros da Praia, mas na sua
maioria de Tira Chapéu, Kobom, Bela
Vista, Fonton, Inferno, etc, em frene-
sim inexplicável, num entra e sai do
gabinete dos dois deputados tambari-
nas – o parlamento está desativado,
não funciona, não há trabalho parla-
mentar…
Ninguém sabe, e muitos poucos se
atrevem a perguntar às pessoas o que
vão lá fazer. O certo é que elas vão lá:
vestidas com trajes amareladas e bi-
lhete de identidade nas mãos.
Vão comprar bananas? Saem sem
bananas… Fraldas para as crianças?
Também não.
As câmaras do jornal Já captaram
apenas mulheres a entrarem, com o
bilhete de identidade, e depois a
saírem porta fora. A senhora que as
recebe à porta é muito conhecida no
Parlamento. Uma das senhoras aten-
dida parece estar grávida, como se
pode ver nas imagens.
Compra de votos? Também não nos
atrevemos a afirmar isso.
A reportagem do Já procurou o
mesmo cenário nos gabinetes dos
outros deputados, não venha depois
Armindo Maurício exigir o contra-
ditório. Mas nada: este cenário, que se
repete e é elucidativo nas fotos, só no
gabinete de Pina e de Robalo.
Aristides Lima já se despediu dos
deputados, não vai haver mais sessão
nesta legislatura… Bem, o melhor
mesmo é cada um tirar as suas ilações.
Será que estes estranhos romeiros vão
ao Parlamento pagar eletricidade?
Não pode ser: as instalações da
Electra ficam porta fora, mesmo em
frente à AN, e debaixo da Comissão
Nacional de Eleições (CNE), que,
pelos vistos, não vê, nem estranha, o
corrupio que passa diante do seu
nariz.

Aeródromo de S. Nicolau

Terminal de passageiros é arma

de propaganda
Com o maior despudor, governo continua a violar o Código Eleitoral, perante uma CNE a “assobiar para o lado”

M
ário Paixão, presidente da
Aeroportos e Segurança
Aérea (ASA-EP) e o
ministro do Estado e das Infra-estru-
turas Manuel Inocêncio Sousa, apre-
sentaram, no passado dia 7, em S. Ni-
colau, de mãos dadas, um ante-proje-
to de construção do terminal de pas-
sageiros para o aeródromo da
Preguiça.
“Com a sala cheia de militantes do
PAICV e forças vivas da ilha, Paixão
e Inocêncio, apresentaram o ante-pro-
jeto, em ato de autêntica campanha,
fazendo os presentes acreditar que há
projetos para S. Nicolau e que a ilha
não está votada ao abandono”, refere
ao Já quem assistiu ao acto e diz não
compreender como é que o Código
Eleitoral proíbe lançamentos de
primeiras pedras, inaugurações e rea-
lizações similares e, entretanto, o
governo continua a desafiar essas reformatado, e apresentado publica-
determinações legais, sem que a mente com objetivos claros de caça
Comissão Nacional de Eleições tenha ao voto”, comenta a nossa fonte.
coragem e responsabilidade para pôr Nelson Brito, coordenador do MpD
cobro a tais práticas. “Parece que a de S. Nicolau, em declarações ao Já,
CNE apenas se dispõe manifesta a sua estra-
a atacar a Comunica- “Não se pode nheza, por ver o exe-
ção Social, fica muda compreender como é cutivo de José Maria
e paralítica quando o que nas vésperas de Neves a tentar fazer da
governo faz o que tem ilha um “teatro de ma-
feito. Afinal, em que campanha o projecto rionetas”. E, para con-
raio de País estamos?” é reformatado, e cluir, avisou: “não to-
Depois de a ASA ter apresentado leramos essas práticas,
enterrado milhares de
contos nesta obra,
publicamente com porque é anti-demo-
crático estar a agir des-
acabou por rescindir objectivos claros de sa forma”, advoga,
contrato com a em- caça ao voto” apelando às entidades
presa Leite Constru- competentes no senti-
ções, acusada de não cumprir ca- do de “pôr ordem nesta casa, pois
balmente o acordo. “Agora, não se está a viver-se uma situação de caos
pode compreender como é que nas dado à cultura estabelecida por este
vésperas de campanha o projeto é governo”.

sem perdão
Briga entre POP e PM
quase acabava em tragédia
A “Casa Dunda Ferro Gaita”, um espaço de diversão sito
em S. Filipe, arredores da cidade da Praia, foi palco na
madrugada desta segunda-feira, 10, de violento confronto
entre agentes da Policia Marítima (PM) e elementos da
Policia de Ordem Pública (POP), Brigada Anti-Crime (BAC)
e Brigada de Investigação Criminal (BIC). Forças que
congregam a Polícia Nacional (PN)
T
udo começou quando dois
agentes da POP e um da PM,
em traje civil, estavam a con-
versar e, de repente, aparece Ciso,
agente da POP em serviço na Escola de
Formação da PN, para integrar o con-
vívio dos policiais. Este terá se dirigido
aos colegas, particularmente, ao ele-
mento da PM, em jeito de provocação,
chamando-lhe de “atrevido”, “polícia
peixe”, “quem és tu?”, “sou teu superi-
or hierárquico” e “nós somos os verda-
deiros polícias”. Esta atitude de despre-
zo do agente Ciso deixou estupefato e
desapontado o seu confrade da PM que,
de resto, é tido como agente pacato e
amigo dos colegas. Ainda assim, con-
seguiu conter-se, sem responder às
provocações do seu colega da POP.
Mas este, segundo testemunhos ocu-
lares e os restantes colegas da PM pre-
sentes no local, estava de tal sorte a fim
de uma confusão que acabou por incitar
o elemento da PM, engalfinhando-se os
dois. De seguida, Ciso deu voz de
prisão ao colega da PM, dizendo: a par-
tir dez momentu nhu sta preso. N’ta
mostra nhô quenha qui ta manda. Foi
então que chamou o carro de Piquete
para conduzir o elemento da PM à
Esquadra de São Filipe. Entretanto,
continuam testemunhas, os colegas da
PM sugeriram a Ciso que acalmasse e
tentasse esclarecer a situação, sem ce-
Mindelo
Marinheiro espancado e roubado
Os “caço-budistas” de São Vicente não deixam nada para trás: um marinheiro foi assaltado e agredido, e os meliantes fizeram questão de levar o peixe que o
homem levava para o jantar
D ois adolescentes assaltaram um
marinheiro na zona de Fonte
Inês, Mindelo. Ivan Correia, o assalta-
do, tentou reagir e foi agredido com
uma pedra de calçada. Ficou sem o
telemóvel, sem a mala de viajem e…
sem os peixes que levava para casa.
Foi o que se pode chamar de “limpeza
completa”.
leuma que despertasse a atenção das
pessoas presente no local.
Com o carro de patrulha do Piquete no
local do incidente, pronto para levar o
agente da PM, para a Esquadra de São
Filipe surgiu novo apelo de um agente
da POP, no sentido de o subchefe, gra-
duado de serviço, mediar o conflito
entre os dois elementos da PN, já que a
situação se desenhava para um cenário
pouco abonatório para a imagem da
instituição. “Enquanto o graduado de
serviço tentava controlar a situação, o
agente principal, Agostinho, empu-
nhando uma metralhadora AKM –
coronha móvel – terá manipulado e
apontado para a cabeça do agente da
PM, obrigando-o a entrar no carro”,
conta testemunha da PM, que ficou algo
transtornado quando viu que a situação
estava à beira de uma tragédia.
Foi aí que, continua a mesma fonte, o
graduado de serviço, gritou: ‘Cuidado
com o que estás a fazer! Esta não é a
melhor forma de trabalhar’. De acordo
com a testemunha, não fosse a pronta
intervenção do subchefe, no sentido de
dissuadir o agente Agostinho que, de
resto, estava pronto a disparar, o fim
daquele episódio seria decerto trágico.
Mas a tensão que parecia atenuar,
voltou a aquecer quando o agente
Ângelo, da POP, por sinal amigo pes-
soal do elemento da PM, abusou da
Ivan regressava da pesca, no domingo,
pela noitinha, quando foi abordado
por dois indivíduos que logo iniciaram
a agressão: “Ouvi um chamamento,
voltei-me para ver e uma pedra acer-
tou-me na cabeça. Fiquei quase incons-
ciente, caído no chão. Eles me ponta-
pearam na barriga. Levaram o meu
telemóvel, a minha bolsa de viagem e
confiança que este depositava nele. Ou
seja, segundo um colega da PM, o
amigo da POP convidou o seu colega
da PM para uma conversa a sós dentro
da viatura deste último. O que foi aceite
prontamente, dado o nível de amizade
entre os dois. Entretanto, continua a
mesma fonte, o colega da POP agarrou-
o, algemando-o, para de seguida
chamar o Piquete a fim de ser conduzi-
do à Esquadra. Mas, antes, os homens
de BIC e BAC, de forma aparatosa e
humilhante, desarmaram, agrediram-no
com pontapés nas nádegas e bofetadas,
tendo provocado hematomas na cara.
Como se não bastasse toda esta humi-
lhação pública, o agente da PM foi
depois conduzida à Esquadra e detido
na cela juntamente com um civil, por
sinal irmão do Ciso, apenas para simu-
lar brigas entre os dois e não entre os
policiais.
Intervenção Superior
Os colegas da PM presentes no local
pediram, imediatamente, a intervenção
dos superiores tanto da PM como da
POP, no sentido resolverem o conflito
que opunha as duas forças. “Não tínha-
mos outra alternativa senão pedir
auxílio dos nossos superiores, porque a
coisa estava ficar feia, aos olhos da
opinião pública e da própria institui-
ção”, confessa um dos elementos da
alguns peixes que trazia para casa”.
Apesar de os dois rapazes terem a cara
tapada, Ivan reconheceu-os. “Tinham
lenços tapando a boca. Mas, quando
passei por eles, fiquei com a sensação
que os conhecia de algum lugar.
Levantei-me e dirigi-me até à
esquadra de Fonte Inês. Registei a
queixa e fui encaminhado para o
PM, que se mostra algo apreensivo com
a escalada de violência que se tem veri-
ficado no seio das forças policiais – PM
e POP.
O agente da PM foi posto em liberdade
logo depois da intervenção dos respon-
sáveis das duas forças policiais. Ou
seja, logo pela manhã de segunda-feira,
10. Ainda assim, como medida de segu-
rança, ficou no comando da PM, duran-
te todo o dia. Entretanto, de regresso à
casa, fortemente escoltado pelos seus
colegas, encontrou o agente Ângelo à
sua espera de arma em punho, manipu-
lada, que só não disparou graças á pron-
ta intervenção dos colegas, que o pren-
deram e desarmaram, imediatamente.
A retaliação começou, segundo conta
um dos elementos da PM, quando a
residência do agente da PM foi cercada
por agentes da BIC, BAC e Piquete,
que queriam a todo o custo, libertar o
agente Ângelo e recapturar o colega da
PM, mas tal não foi possível porque o
Piquete da PM estava de atalaia, nas
redondezas da casa do colega.
No momento, que antecede as eleições
de 6 de Fevereiro, sendo a coesão inter-
na da PN fundamental para o sucesso
do próximo pleito eleitoral, existe um
ambiente de grande crispação e retalia-
ção no seio da Polícia Nacional, tendo
inclusive alguns familiares dos agentes
recebido ameaças de morte.
Hospital”. O marinheiro foi suturado
com seis pontos na cabeça.
Graças à ação policial, por uma vez
eficaz, Ivan Correia conseguiu recu-
perar os pertences que lhe tinham sido
roubados. Investigação da Brigada
Anti-Crime (BAC) encontrou a bolsa
e o telemóvel roubados em casa de um
dos meliantes. Segundo Ivan Correia,
Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011 • 5
Crime em Ponta
D’Água
Thug mata
cidadão
senegalês
Um jovem de nacionalidade
senegalesa faleceu na
manhã de terça-feira, no
Hospital da Praia, depois de
ter sido baleado na cabeça
na noite de segunda, por
um thug, quando fazia o
serviço de guarda noturno
num estabelecimento
comercial em Ponta de
Água
S egundo uma testemunha, tudo
aconteceu quando, “por volta das
23 horas um grupo de 7 jovens se
aproximou da vítima e um compa-
nheiro que se encontravam à porta da
loja e, um deles, sem dizer nada, deu
um tiro acertando na cabeça de
Suleiman Djatá”, contou ao Já e em
tom emocionado, o jovem e amigo,
também de nacionalidade senegalesa,
Lamin Conté.
A vítima foi transportada de imediato
ao Hospital Central da Praia para
receber tratamento médico, mas viria
a falecer devido aos ferimentos cau-
sados pela bala, ao que tudo indica de
uma arma de calibre 6.35.
À porta do Hospital, a comunidade
senegalesa mostrava-se indignada e
triste com o assassinato do conterrâ-
neo, e por mais este crime na cidade
da Praia, sem que haja para já um
motivo aparente pelo ato praticado.
No fecho desta edição, os agentes da
Brigada de Investigação Criminal
(BIC) e Polícia Judiciária (PJ) an-
davam no encalço do criminoso que
se encontrava a monte.
“a polícia conseguiu capturá-los e
confirmou que os dois rapazes já têm
cadastro. Logo, não é a primeira vez
que participam num assalto”. O que
não se sabe é o que fizeram com o…
peixe roubado ao marinheiro – não
tiveram tempo de o cozinhar e comer,
mas em casa dos malandrins não esta-
va. Levou sumiço.
6 • Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011
grande reportagem
Emanuel Santos
Deficientes excluídos do mercado de trabalho
Filhos de um
C a rl a Fe r n a n d e s ( t e x t o ) | J o s é R a m o s ( foto s )
m Cabo Verde existem
E 16.745 pessoas portadoras
de deficiência, sendo que
apenas 725 estão no merca-
do de trabalho. A exclusão é um mal
que tem vindo a afetar as sociedades,
um pouco por todos os cantos do
mundo, promovendo desigualdades
gritantes, as mais das vezes resultantes
de preconceitos.
Desemprego, competitividade, dis-
criminação… o mercado de trabalho é
uma selva e para garantir o seu lugar,
o trabalhador precisa estar bem quali-
ficado e sempre atualizado. A situação
ainda é mais preocupante quando
falamos em pessoas portadoras de
deficiência.
A Associação Cabo-verdiana de
Deficientes (ACD) é uma iniciativa da
sociedade civil, surgida em 1994.
Depois de muitos anos de luta, o
governo finalmente aprovou a lei de
enquadramento e, há dias, foi ratifica-
da na Assembleia Nacional a
Convenção dos Direitos das Pessoas
com Deficiências, faltando a imple-
mentação, através da cooperação
internacional. Segundo Osvaldino
Andrade, assistente social da ACD, na
“Convenção estão 52 artigos, entre
eles, o direito à acessibilidade (edifí-
cios e espaços públicos, transportes e
habitação), e isto é fundamental para
quebrar os obstáculos. Penso que os
arquitetos, hoje em dia, estão sensibi-
lizados em termos de quebra da bar-
reira arquitetónica, há acessibilidades,
rampas em alguns supermercados do
País... No início, havia alguma
resistência na utilização da rampa - e
aproveito para dizer que a rampa não
serve apenas para pessoas com defi-
ciências, mas também para pessoas
idosas, grávidas -, que é muito mais
barata do que uma escada. Neste
momento, a ACD está apostando na
sensibilização dos funcionários e
gestores das empresas para que con-
tratem deficientes e, aos poucos, esta-
mos quebrando preconceitos”.
Demover preconceitos
Estudo, dedicação e esforço pessoal,
caraterísticas que, somadas, são segre-
dos de profissionais bem sucedidos. E
não é diferente para pessoas que alme-
jam uma carreira de sucesso e pos-
Helena Tavares
suem deficiência. Emanuel Santos, de O técnico informático considera que o Orgulhoso das suas conquistas,
34 anos, é deficiente em uma das per- maior desafio foi entrar no mercado Emanuel fala-nos, num sorriso rasga-
nas; apesar das dificuldades, é técnico de trabalho: “arranjar um emprego foi do, da mudança que a sua vida sofreu
informático e árbitro de basquetebol e outra barreira, só consegui graças a depois de começar a trabalhar: “a
andebol. Segundo Emanuel, “ainda
existe muito preconceito na
sociedade, porque
muitos nos consideram
um grande amigo, que é meu patrão.
Se não fosse ele, hoje estaria no
desemprego. Se exis-
tisse uma lei que obri-
doentes, mas não “Formei-me e tive que gasse todas as empre-
minha vida deu uma grande reviravol-
ta, tenho a minha casa, pago as minhas
contas. É bom quando dependemos de
nós mesmos, a sensação de liberdade
é indescritível”.
somos, temos sim cer- enfrentar várias sas a contratar pelo
tas limitações. Mais do dificuldades, menos um deficiente, Governo atrapalha
que aceitar a minha
deficiência, o meu
principalmente com a hoje não havia tantos
no desemprego”. O
Entre os maiores obstáculos que os
deficientes enfrentam, estão o precon-
maior desafio é equivalência, porque o jovem informático diz, ceito por parte dos colegas de traba-
enfrentar o preconceito Ministério da Educação ainda, que o governo lho e, às vezes, até do próprio gover-
da sociedade. Nasci não queria reconhecer precisa apostar mais no que, em vez de proteger, dificulta.
assim e tive que apren- nas capacidades das “Ainda existe um grande preconceito,
der a aceitar as minhas a minha licenciatura” pessoas: “os beneficia- não em relação às nossas capaci-
limitações. O governo dos com cursos no dades, mas em relação às nossas defi-
precisa fazer muito mais para facilitar exterior são pessoas ditas normais, ciências, ou seja, a entidade empre-
o acesso dos deficientes a lugares que têm mais oportunidades de traba- gadora tem relutância em ver que a
públicos - exemplo é o Palácio do lho. É raro um deficiente ganhar bolsa deficiência não afeta as nossas capa-
Governo e o Ministério dos Negócios de estudos. Temos uma vida muito cidades. O mercado de trabalho é
Estrangeiros que não estão adaptados difícil, porque lutamos contra várias muito fechado para nós porque mui-
para deficiências físicas”. barreiras, começando na escola, por tos acreditam que não damos rendi-
A questão da inclusão no mercado de causa das nossas limitações, às vezes mento à empresa e, na prática, isso
trabalho tem sido um desafio para chegamos atrasados às aulas e os pro- não corresponde à verdade”, explica
muitas associações que lutam para fessores não compreendem. Lutei Helena Tavares, deficiente auditiva.
defender os direitos humanos das pes- muito para chegar aonde estou, infe- Licenciada em linguagem gestual, em
soas portadoras de deficiência e que lizmente neste País já é difícil para Portugal, teve de esperar 16 meses por
visam a igualdade e plena participação quem não tem deficiência, imagine uma equivalência que o governo
na vida social e no desenvolvimento. para pessoas como eu”. recusava reconhecer. “Formei-me e

Nilza Almeida
Ser trabalhador em Cabo Verde não é fácil. E se for deficiente ainda é mais difícil. As autoridades têm escondido o
problema “debaixo do tapete”. Não é fácil falar do que “incomoda”… O preconceito está na génese da situação atual
deus menor
tive que enfrentar várias dificuldades,
principalmente com a equivalência,
porque o Ministério da Educação não
queria reconhecer a minha licenciatu-
ra. Sou a primeira e única licenciada
nesta área no País, leciono turmas de
alunos com deficiência auditiva desde
a primeira à 6ª classes”.
Helena é uma mulher ativa que não se
deixou intimidar pelo governo. E o
seu caso revela que a lei da inclusão
social ainda é bastante frágil. “O meu
vencimento é pouco mais de 19.920
mil escudos” - o que a deixa indigna-
da. Para não ficar desempregada, teve
que se sujeitar a esta injustiça: “quan-
do comecei a lecionar, disseram que
era um salário provisório e a verdade
é que, passados meses, continuo à
espera de um vencimento digno cor-
respondente a uma licenciatura”. E
deixa um apelo para todos os que
ainda não encontraram emprego: “o
caminho é longo, é difícil, mas não
desistam, acreditem nas vossas
capacidades”.
Igualdade de
oportunidades
Os deficientes são iguais a todos os
outros, o que precisam é de oportu-
nidades. Segundo Osvaldino Andrade,
“a inclusão no mercado de trabalho é
uma oportunidade. Hoje, as empresas
empregam pessoas com deficiência
dentro da lógica do emprego protegi-
do, segundo a lei 187 da Convenção”.
Apesar de serem poucos os empre-
sários que dão oportunidades a
cidadãos com deficiência ou incapaci-
dade, grosso modo, aqueles que o
fazem não estão arrependidos.
Nilza Almeida é deficiente visual e só
conseguiu o primeiro emprego aos 36
anos. Há nove meses que trabalha
como telefonista. Para Nilza, “a
sociedade tem reagido de uma forma
mais suave em relação a portadores de
deficiência, que o das empresas, que
tem receio em empregar deficientes
porque não sabem como lidar com
eles, achando que podemos ser um
peso. Tenho enfrentado a sociedade
com muita normalidade e, depois que
comecei a trabalhar, a minha vida
mudou de forma significativa. Não
tenho um grande salário mas ganhei a
minha independência financeira”.
Segundo ela, o primeiro passo para
um deficiente, ou qualquer outra pes-
soa, passa pelo estudo: “se já é difícil
para uma pessoa sem deficiência e
com formação conseguir um empre-
Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011 • 7
Paulo Tavares
go, então imagina a nossa dificuldade. fa. Precisamos de um voto de confian-
A situação complica-se quando és ça para mostrar as nossas capacidades.
deficiente e analfabeto, porque nem o Pelas poucas oportunidades que temos,
governo ou outra entidade irá recrutar quando testam as nossas capacidades
alguém só pelo facto de ser deficiente. fazemos sempre com mais garra e von-
Por isso, apelo aos todos os pais que tade, ou seja, damos o dobro
invistam na formação comparativamente a ou- Osvaldino Andrade
dos filhos”. “Vivemos numa tras pessoas. Arranjar um
“Vivemos numa so- sociedade emprego foi o maior de- “A inclusão no
ciedade preconcei- safio da minha vida. Aos
tuosa. Sempre que es-
preconceituosa, 31 anos, finalmente, con- mercado de trabalho
tou na rua, todos sempre que estou na segui, graças ao presi- é uma oportunidade,
olham para mim de rua todos olham para dente do Comité
forma curiosa e estra- Paralímpico, faz dois hoje as empresas
mim de uma forma
nha, às vezes fico meses”. Paulo considera empregam pessoas
envergonhado, mas curiosa e estranha. Às que, “no respeitante à
no mesmo instante vezes fico adaptação para facilitar a com deficiência
ignoro-os”. Paulo envergonhado, mas no nossa deslocação nos dentro da lógica do
Tavares, de 31 anos, lugares públicos ainda é
nasceu com deficiên-
mesmo instante preciso fazer muita
emprego protegido”
cia nas pernas, hoje é ignoro-os” coisa. O governo precisa
atleta paralímpico, de nos apoiar mais do visão mais holística, e promovem a
com várias representações a nível que tem feito, as políticas para a defici- criatividade e a inovação. É urgente e
internacional em países como Grécia, ência são muito limitadas ou inexis- necessária a adaptação de ambientes
Holanda e Portugal, no lançamento de tentes”. de trabalho, espaços públicos com
disco, levantamento de peso e Muitos estudos mostram que pro- rampas, alargamento de portas e de
atletismo, tendo trazido 10 medalhas mover a diversidade no mercado de uma aposta mais séria na lei da
para casa. Dentro de alguns dias, o trabalho traz muitos benefícios para as inclusão social. Estamos num País
atleta viaja para os Estados Unidos da empresas. Pessoas com formação onde um deficiente, mesmo com for-
América, no âmbito da preparação dos diferente, com visões diferentes sobre mação, só consegue o primeiro
paralímpicos de Londres. os mesmos problemas, reunidas num emprego muito tarde. E a causa disto
“Somos capazes de fazer qualquer tare- mesmo ambiente proporcionam uma tem um nome: preconteito.
8 • Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011
sem tirar nem pôr
Vale tudo
Tesouro paga
compra de
votos
Governo serve-se do erário público, violando o Código Eleitoral. Num verdadeiro Estado
de Direito, aos responsáveis políticos restar-lhes-ia a demissão e, no limite, a prisão
N
uma flagrante violação
do Código Eleitoral, da
legalidade democrática
e dos princípios da ética
política, membros do partido do
governo andam pelos bairros da
Praia a comprar votos à custa dos
contribuintes.
Nesta, nem queríamos acreditar,
porém, as provas são irrefutáveis: a
Direção Geral de Tesouro (DGT)
anda a passar cheques para pagar
materiais de construção a pessoas
com dificuldades. O “esquema” foi
denunciado ao Já por beneficiários
e por uma empresa contatada para
o efeito.
É uma autêntica golpada, revelando
bem a natureza dos seus autores e
A prova: Ministério viola Código Eleitoral
os princípios que regem a sua ação
“política”, desrespeitando o Código
Eleitoral, num vale tudo que vem
colocar sérias preocupações sobre o
que ainda virá. E, mais ainda, sobre
o modo como irá decorrer a
campanha eleitoral que se
aproxima.
Vale tudo por um voto
Militantes do PAICV, conforme
dizíamos, andam a contatar
pessoas necessitadas em reabilitar
as suas habitações e incentivam-
nas a dirigir-se à Direção Geral da
Solidariedade Social (DGSS),
dependente do Ministério do
Trabalho,
Família e
Solidariedade Social (MTFSS). Ali Tavares Lima. Com data de 6 de que, caso não vivêssemos numa
chegadas, são encaminhadas para Janeiro, ou seja, em violação do caricatura de Estado de Direito,
fornecedores de materiais de Artigo 97 da Lei implicaria a sua
construção, solicitando uma fatura Eleitoral, a missiva é O Já sabe que várias demissão imediata,
pró-forma descritiva dos materiais bem elucidativa: empresas de procedimento
e respetivo custo. Entregue a fatura “Servimo-nos desta fornecimento de criminal e, no limite,
na DGSS, esta entidade emite para comunicar que materiais de prisão efetiva até
requisições à empresa fornecedora, o nosso Ministério dois anos.
posto o que a DGT emite o cheque irá apoiar os
construção foram
que é, muitas vezes, remetido antes beneficiários contactadas, o que Andam a
mesmo de os materiais serem constantes do permite supor haver “nadar” milhões
disponibilizados aos beneficiários. quadro em anexo vários milhões a O Já sabe que
Uma das empresas contatadas com o valor de outras empresas de
disponibilizou ao nosso jornal cópia 1.351.056$00 (um
“nadar” do erário fornecimento de
de cheque do Tesouro, bem como milhão trezentos e público para comprar materiais de
carta da Diretora Geral da cinquenta e um mil e votos e premiar construção foram
Solidariedade Social, Ermelinda trinta e seis escudos), favores políticos contatadas para o
como apoio efeito, o que
concedido no pagamento de permite supor haver vários milhões
materiais de construção.”. Junto à a “nadar” do erário público para
carta seguia o cheque respetivo comprar votos e premiar favores
emitido pelo Tesouro. políticos. Tomemos como exemplo
o caso de uma beneficiária de
Lei é clara Ponta de Água: previamente
O nº 7 do Artigo 97 não deixa contatada por elementos da
dúvidas: “Em especial, a partir do estrutura tambarina, requisitou
sexagésimo dia anterior à data materiais que orçaram aos
marcada para as eleições, os dinheiros públicos a quantia de
titulares de mais de 150 contos. A
cargos contrapartida, absolutamente
públicos não óbvia conquanto que muitas vezes
podem: a) não explicita, é a fidelidade do
Aprovar ou voto, principalmente quando se
conceder trata de eleitores adversos ao
subvenções, partido de José Maria Neves.
donativos, Esta situação pode bem ser a
patrocínios e ponta de um iceberg, permitindo-
contribuições nos supor que a compra de votos
a esteja a ser massivamente
particulares;”. promovida, envolvendo outros
E, assim sendo, ministérios, o que vem pôr em
Ermelinda causa a seriedade das eleições de 6
Tavares Lima de Fevereiro e revelar a natureza
incorre numa dos que utilizam os dinheiros
flagrante públicos e o aparelho de Estado
violação da lei para fins inconfessáveis.

pela boca
Manuel de Pina
Longos são
os caminhos
da cooperação
Manuel Monteiro de Pina está de regresso
a Cabo Verde, depois de uma viagem a
S. Tomé e Príncipe – são os tão falados
caminhos da cooperação de que a Ribeira
Grande de Santiago tem sido referência.
Que, pelos vistos, já não é apenas uma
política de “mão estendida”. Começa a ser
uma política de cooperação de corpo
inteiro. Este teria de ser, obviamente, o
tema de arranque numa longa conversa do
J á com o autarca da Cidade Velha
grande entrevista
A Cooperação Externa tem funcionado quase
como “bóia de salvação” da Ribeira Grande de
Santiago…
Em parte, é verdade. Mas só em parte. A Ribeira
Grande de Santiago, como a grande maioria dos
Municípios cabo-verdianos, tem sofrido a hostilidade
do Governo da República, cuja democraticidade
deixa muito a desejar – não aceita a regra do contra-
ditório, que é a base e a essência da vida democrática.
Como a Oposição gere a maioria das Câmaras de
Cabo Verde, o Governo decidiu fazê-las cobrir com o
manto da sua desconfiança, chegando-se ao insólito
de um governo ser Oposição à maioria do Poder
Local democrático do País e, por isso, agir contra a
maioria nacional. É espantoso, mas a culpa não cabe
ao Poder Municipal que tem procurado, inutilmente,
forjar parcerias com o Governo da República. É com
esta absurda situação que chegamos às eleições legis-
lativas, em Fevereiro.
A Ribeira Grande de Santiago sofreu os efeitos desta
cegueira partidária, com a agravante de ser um dos
Municípios mais pobres de Cabo Verde e de nele estar
Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011 • 9
sediado um importante Património da Humanidade.
Nestas circunstâncias, falhando a parceria Governo-
Poder Local, que deveria ser fundamental e sagrada,
tem valido, e muito, à Câmara da Ribeira Grande
encontrar solidariedades e parceiros além-fronteiras.
Com essas ajudas tem sido possível acudir a muitas
das dificuldades vividas no Município – em termos
do Ensino, da Formação, da Habitação, da rede de
abastecimento de água, etc. Sem essa ajuda, talvez
não tivesse sido possível executar nem 10 por cento
do que já fizemos.
Mas é preciso também que se entenda que se o recur-
so à Cooperação Externa foi uma espécie de chapéu
protetor de que a Ribeira Grande de Santiago-Cidade
Velha beneficiou no insólito braço de ferro que o
Governo quis disputar consigo, foi sobretudo uma
política deliberada, consciente, tenaz, prosseguida
por este Município, que seria sempre concretizada
fosse qual fosse o entendimento com o Governo.
Diremos que a hostilidade governamental aguçou o
engenho, potenciou algo que seria sempre a política
municipal.
10 • Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011
pelagrande
boca entrevista
“ José Maria Neves ou é idiota
ou é traidor. Ou não sabe o que
está a fazer, ou então sabe e o
que faz é grave, é mais do que
pecaminoso
Com bons resultados, tanto quanto é público.
Os resultados estão aí. Graças, em parte, à
Cooperação Espanhola, mas não só, foi possível cons-
truir e dilatar uma rede de distribuição de água, que
cobre hoje mais de 60 por cento do território munici-
pal, devendo chegar aos 100 por cento antes do fim
deste mandato. Nunca tínhamos antes definido esta
meta. E podíamos estar muito mais avançados se o
Município tivesse tido a desejável cooperação gover-
namental. Graças à Cooperação externa conseguimos
dar início à construção da rede de saneamento. Graças
à Cooperação com uma Câmara Portuguesa, Ribeira
Grande dos Açores, vai ser possível dar início à
reabilitação das habitações de um lugar deste
Município, Tchuba-Tchobe, em Pico Leão. Graças à
Cooperação com Fuente de la Palmera, em Andaluzia,
Espanha, tem sido possível reabilitar escolas. Graças
à Cooperação externa (Açores), Ribeira Grande de
Santiago acaba de receber a sua primeira ambulância.
E acabamos de saber que a Câmara irmã de Lagos vai,
em breve, aprovar a doação de um camião de recolha
de lixo, o primeiro que entrará ao serviço na nossa
comunidade. E isto que refiro é apenas uma parte do
que têm sido os bons resultados desta política cons-
cientemente seguida.
Tem sido uma cooperação centrada em Portugal.
O que tem muitas limitações, devido às conheci-
das dificuldades existentes naquele país.
Isso é verdade e decorreu do facto de, mal chegámos
à Câmara, há pouco mais de dois anos, termos sido
logo confrontados com a possibilidade de geminação
com Guimarães e de cooperação com Lagos. E, natu-
ralmente, as coisas encaminharam-se para o estreitar
de laços com municipalidades portuguesas. E havia,
por outro lado, o conforto do apoio da UCCLA. Estas
relações evoluíram simplesmente e não sentimos
incómodo com isso, até porque existem razões bas-
tantes para termos relações salutares com os municí-
pios portugueses: temos afinidades históricas, cultu-
rais, de língua com o antigo colonizador. A descolo-
nização foi uma realidade, não há que chover sobre o
molhado. Há que dar as mãos e seguir em frente. Com
Portugal, há ainda relações que gostávamos de ver
desenvolvidas ao máximo, porque são promissoras.
Dou-lhe os casos de Ponte de Lima, de Braga, de
Évora, de Vila Viçosa, de Mértola, de Castro Verde…
Podem, pontualmente, resultar em mais geminações.
Não temos pressa: estas coisas devem avançar por si
próprias. Orgulhamo-nos de ter relações com
Câmaras portuguesas de quase todos os quadrantes, o
que torna claro que não nos movem cegueiras políti-
cas, mas que somos um Município que se pauta por
uma total abertura.
No entanto, as dificuldades portuguesas são inegáveis
e temos consciência que se levantam agora muitas
dificuldades. Iremos concluir este ano o processo de
geminação com Trancoso, uma vila de grande
importância histórica. E depois, muito provavel-
mente, fazer uma pausa nesta aproximação a
Portugal.
A sua recente viagem a S. Tomé é já elucidativa da
busca de novos caminhos.
Em parte. Só em parte. Não esqueça que somos gemi-
nados com Gorée, Senegal, o que ressalta o nosso
interesse em estreitar relações com países africanos,
com os quais temos naturalmente afinidades. A apro-
ximação a Lobata, em S. Tomé, agora iniciada, há
muito que estava nas intenções das duas partes… Esta
aproximação vai ter desenvolvimentos a muito curto
prazo: vai ser efetiva, afetiva e intensa. Há em S.
Tomé uma grande comunidade cabo-verdiana que se
sente maltratada pelo Governo de Cabo Verde, que
lhes fez muitas promessas sempre que José Maria
Neves lá se deslocou (até chorou em público), mas de
que de imediato se esqueceu, mal lhe virou costas.
São compatriotas nossos, abandonados por este
Governo. É nosso dever ser com eles solidários. Por
isso, a geminação com Lobata vai mesmo avançar.
Estão, portanto, a passar de uma fase em que
Ribeira Grande foi recetora, para entrar noutra
em que Ribeira Grande é promotora…
Não diria tanto. Compreendo a sua ideia, ela corres-
ponde um pouco ao que se passa. É um dever nosso,
natural, sermos solidários com os nossos irmãos, com
a Diáspora. Dever tanto maior se o Governo falha,
como tem acontecido com S. Tomé. Nós não
podemos, não queremos falhar, é uma obrigação
nossa - moral, histórica, política. Não falharemos.
De resto, temos vindo a procurar estreitar laços com
comunidades africanas dentro da OCPM,
Organização das Cidades Património Mundial.
Obviamente que aguardamos que haja desenvolvi-
mentos democráticos no Poder Local em África para,
então sim, aprofundarmos este relacionamento. Há
quem defenda que devíamos aproximar-nos de
Cacheu, na Guiné-Bissau. Teremos nisso todo o inte-
resse, até porque Cacheu, num dado momento históri-
co, foi quase que Ribeira Grande lançada nos rios da
Guiné. Esperemos que o Poder Local democrático se
torne realidade em Bissau (fala-se que irá acontecer
este ano) para darmos esse passo. É essa a única
condição prévia.
Estamos, portanto, em vésperas de um reacertar
de agulhas na política de relacionamento externo
do Município…
Não se trata propriamente de um acertar ou reacertar
de agulhas. As linhas gerais há muito que estão
definidas, apenas têm faltado oportunidade e meios.
Aí regressamos aos problemas, muitos, que têm resul-
tado para a Ribeira Grande de Santiago da falta de
cooperação por parte do Governo e que se refletem
também neste domínio. Ribeira Grande de Santiago é
um Município pobre e, embora o investimento feito
na cooperação tenha sempre boas contrapartidas,
como se tem provado, exige desembolsos, o que nem
sempre é possível. A política deste Governo teve con-
sequências muito negativas para Ribeira Grande de
Santiago e esta é uma delas.
No âmbito da política externa prevemos dar este ano
importantes passos no sentido de Espanha, de França,
do Brasil, da América. Estão, neste momento, a ser
ensaiados aproximações para estes espaços. Posso
mesmo adiantar-lhe que é possível iniciarmos, a curto
prazo, o relacionamento com um Município israelita,
o que nos permitirá impulsionar importantes investi-
gações sobre as mal conhecidas influências judaicas
com Cabo Verde.
E importa não esquecer que, este mês, vamos constru-
ir a nossa segunda geminação no interior de Cabo
Verde – com a Ribeira Grande de Santo Antão,
fechando-se assim o círculo das três Ribeiras Grandes
(Santiago, Santo Antão e Açores), que ficam todas
geminadas entre si.
Com o relacionamento externo, estão muito
ligadas as políticas de Educação, de formação de
quadros, de Cultura…
Tudo se conjuga e converge para o mesmo objetivo:
o desenvolvimento. A Ribeira Grande de Santiago
tem levado a cabo um intenso trabalho de formação
de quadros. Com uma população total de pouco mais
que 10 mil habitantes, há neste momento cerca de
uma centena de jovens estudantes em formação, a
diversos níveis, fora do País. É obra! E não tem sido
nada fácil.
Porque entendemos que não há desenvolvimento sem
quadros, esta tem sido uma das grandes prioridades
da Câmara, que tem negociado acordos com escolas
de formação profissional, com Universidades e
municípios amigos de modo a criar condições que
tornem possível vencer este desafio. Estão longe de
se esgotarem estas potencialidades, começando a sur-
gir um problema novo – a oferta ultrapassar de longe
a procura, o que abre um caminho novo na coope-
ração: procurar estender aos Municípios amigos e
irmãos, cabo-verdianos e estrangeiros, o alcance des-
ses acordos. Estamos já a fazê-lo.
Todavia, se a este nível, as coisas vão bem encami-
nhadas, no plano internacional, pesem embora as
dificuldades naturais de alguns jovens a se adaptarem
a meios que lhes são estranhos (e tem havido proble-
mas, que exigem correção), no plano nacional as
coisas complicam-se, porque o Governo, em vez de
se empenhar na resolução positiva dos problemas e
em construir parcerias e entendimentos com a
Câmara, tem procurado forjar e agravar problemas,
dificultar o mais possível, numa atitude gravosa para
as novas gerações. É imperdoável. O Governo, e os
órgãos dele dependentes, tudo têm feito para lesar a
Câmara. E ao fazê-lo, lesa, e gravemente, as jovens
gerações. É criminoso.
Em nome do interesse do País, das suas gerações
mais jovens, esta desastrosa política governamental
tem que ser varrida de cena. É do interesse nacional
que assim seja.

Manuel de Pina, a frontalidade como regra
Parceria com o Governo
é fundamental
para o desenvolvimento
Chamaram-lhes os “ómi di rotxa”: que eram camponeses, montanheses. Quiseram minimizá-los.
Manuel Monteiro de Pina mostrou que a frontalidade é a regra destas gentes, como é a sua
capacidade de resistir, de lutar contra a adversidade. Em entrevista a Já, o Presidente da
Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago, revela a até agora quase desconhecida
estória dos conflitos com o Governo por causa do Património
O Património da Humanidade e Património Na-
cional da Cidade Velha, tem sido o principal capi-
tal da Ribeira Grande de Santiago e o motor do
seu desenvolvimento…
Uma correção: o principal capital da Ribeira Grande
de Santiago é as suas gentes. São as pessoas. Esta é a
essência da política seguida pela Câmara: as pessoas
em primeiro lugar. Sem discriminações de qualquer
tipo. E é isso que sempre nos tem norteado. Agora,
inegavelmente que o facto de Cidade Velha ser
Património da Humanidade obriga a que tratemos este
sítio histórico como a menina dos olhos, não só pelos
compromissos que universalmente assumimos, mas
porque é História de Cabo Verde e é, sem dúvida, o
motor de arranque para o desenvolvimento económi-
co e social.
A luta pelo reconhecimento da Cidade Velha como
Património da Humanidade foi um desígnio nacional
assumido por diferentes governos. Vem desde a I
República: aí, David Hopffer Almada teve papel
importante, como já o reconhecemos. Mas o impulso
maior coube ao então ministro António Jorge
Delgado, a quem se deve a persistência neste propósi-
to. E todos os seus sucessores se empenharam larga-
mente neste projeto: Jorge Tolentino e Manuel Veiga.
Cidade Velha, a Ribeira Grande, a todos está grata.
Foi uma luta árdua, com conjugação de esforços,
tendo havido empenho, da parte de todos, para que
não se deixasse cair o projeto – todos os partidos sou-
beram dar as mãos e construir a continuidade, sem
interrupções. Foi e é um caso exemplar em Cabo
Verde. Isto não deve nunca ser esquecido.
Conseguimos conquistar o estatuto de Património da
Humanidade, com um trabalho notável, onde deve ser
destacado o Charles Akibodé, mas não pode ser
esquecido, nem marginalizado, o Carlos Carvalho.
Cidade Velha não é ingrata. Mas também não esquece
o que houve de mau, de muito mau. E, de facto, houve
coisas más, muito más. Desde logo, o estatuto de
gestão do sítio histórico…
Como assim?
É uma história que tem estado restrita a um núcleo,
porque, para evitar problemas ainda maiores, a
Câmara tem-no tratado com pinças. Mas eu conto.
Em cima da hora, já a esgotarem-se os prazos, foi
enviado à Câmara um projeto de estatuto, para dar-
mos o nosso OK. Se fossemos contra, ficávamos com
o ónus de ser os responsáveis pela morte de um pro-
jeto que era de interesse nacional. Portanto, ficava a
ser uma espécie de ultimato: ou aceitam ou morrem.
Para cúmulo, o texto foi enviado à Câmara em pleno
Dia de Cinzas, com os serviços encerrados… Ou seja,
houve toda a malandrice. Apesar disso, reunimos e
constatámos que o texto do estatuto era de todo ina-
ceitável – marginalizava a Câmara. Reagimos frontal-
mente, com uma carta muito dura onde lembrávamos
que a Cidade Velha tinha a experiência histórica de
lutar contra os piratas.
Foi então que surgiram duas vozes moderadoras: a do
ministro Manuel Veiga que, pelos vistos, em todo este
processo foi levado de arrasto, sem se aperceber das
cascas de banana que lhe colocavam debaixo dos pés.
E a voz de Pedro Pires, um verdadeiro amigo da
Cidade Velha e a quem a Cidade Velha deve muito.
Foi ele quem, muitas vezes, conseguiu impor a calma
e impedir que asneiras ainda maiores tivessem sido
feitas. É conhecido que discordamos politicamente do
comandante Pedro Pires. Mas isso não nos impede de
lhe fazer justiça e de lhe tirar o chapéu.
Bem, houve um acordo verbal – o mal estava feito,
seria corrigido a posteriori. Assim fomos para
Sevilha, para a UNESCO, conseguiu-se vencer a
oposição do ICOMOS – notável trabalho do embai-
xador José Duarte, é preciso honrá-lo sempre. Como
o trabalho técnico do Charles Akibodé. Começámos
logo a ser surpreendidos com o facto de o Governo ter
aprovado um estatuto de gestão, omisso quanto aos
compromissos assumidos… mas quisemos então
interpretar isso como um processo de não projetar
problemas para a UNESCO. Manuel Veiga saiu do
Governo e a nova ministra, Fernanda Marques, dis-
pôs-se a apoiar a elaboração de um novo estatuto –
começou a trabalhar-se nisso no seu gabinete, foi
constituída uma comissão bipartida, com técnicos do
Ministério e da Câmara, com o propósito de se pro-
duzir um novo estatuto e assim se ultrapassar o dife-
rendo. Foi uma iniciativa do Governo, sublinho, que
a Câmara aplaudiu e à qual aderiu totalmente.
Estávamos nisto quando o Primeiro Ministro, senhor
José Maria Neves, veio à Cidade Velha a uma reunião
internacional e, sem que isso se justificasse ou sequer
Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011 • 11
Manuel de Pina
“Há dois anos, tínhamos apenas 6
por cento do território com
abastecimento de água ao
domicílio. Agora temos 60 por
cento e chegaremos aos 90 por
cento ainda antes do fim deste
ano
viesse a propósito, decidiu fazer um muito infeliz dis-
curso (é o mínimo que posso dizer) onde considerou
uma “estupidez” questionar a gestão do sítio históri-
co. Uma gestão que nunca funcionou!!!! José Maria
Neves estava a brincar connosco, com o País, com o
Património, com toda a gente. Ficou toda a gente de
boca aberta a ouvir os disparates de “Sua Excelência”.
Foi então que escreveu uma famosa carta aberta
a José Maria Neves…
Escrevi e não estou arrependido. Não disse nela nem
metade do que podia e, se calhar, devia ter dito.
Apenas devolvi a José Maria Neves o insulto que ele
publicamente nos fez. E, face à atitude do Primeiro
Ministro, fizemos o que tínhamos a fazer: considerá-
mos inútil estar na comissão que reanalisava o estatu-
to de gestão do sítio histórico e retirámo-nos dela.
Neves matou este propósito. O Governo sabe que,
sem a Câmara, não funciona. Quando tiverem juízo,
sabem onde fica a Câmara.
Mas isto foi apenas um dos muitos incidentes graves
neste percurso, no qual o Primeiro Ministro se tem
mostrado como um inimigo da Cidade Velha e traidor
ao desígnio nacional – e isso é muito, muito, muitís-
simo grave. Há o apoio, direto e indireto, que tem
dado à construção clandestina na área do sítio históri-
co; há a recusa do governo em dar apoio policial aos
atos, mais que necessários e urgentes, de demolição
das construções clandestinas, porque os infratores são
gente da sua roda partidária. Recordo que eles não
podem alegar que ignoram os efeitos perversos que
podem ter estas construções (de uma discoteca clan-
destina, pasme-se!), colocando em causa o reconheci-
mento do Património pela UNESCO – o ex-presi-
dente do IIPC, Carlos Carvalho, escreveu uma carta
12 • Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011
pelagrande
boca entrevista
“ Como a Oposição gere a maioria das Câmaras de
Cabo Verde, o Governo decidiu fazê-las cobrir com
o manto da sua desconfiança, chegando-se ao
insólito de um governo ser Oposição à maioria do
Poder Local democrático do País e, por isso, agir
contra a maioria nacional
ao Governo onde deixou tudo isso bem esclarecido.
Há finalmente a ideia peregrina de pretender constru-
ir a barragem de Salineiro em área defesa, zona de
proteção ao sítio histórico, sem darem cavaco à
Câmara nem tampouco solicitarem parecer prévio ao
IIPC, como por lei é exigido! José Maria Neves ou é
idiota ou é traidor. Ou não sabe o que está a fazer, ou
então sabe e o que faz é grave, é mais do que
pecaminoso.
Este caso da barragem é um paradigma: o governo
sabe que a Câmara defende a sua construção, a dese-
ja, entende que ela é fundamental para o desenvolvi-
mento. Haveria portanto base para um bom entendi-
mento. O que faz o Governo de José Maria Neves?
Dialoga com a Câmara? Não. Concerta posições com
a Câmara? Não. Pelo contrário, marginaliza e hos-
tiliza a Câmara. É por tudo isto que a Ribeira Grande
não o respeita, não o quer. É por tudo isto que enten-
demos que este senhor é um travão ao desenvolvi-
mento da Ribeira Grande.
O Património e o desenvolvimento…
Tem razão, distanciámo-nos deste assunto. O
Património da Humanidade implicou e implica a reso-
lução de inúmeros problemas. Desde logo, o do
abastecimento de água nas casas – essa é uma das
grandes apostas da Câmara. Há dois anos, tínhamos
apenas 6 por cento do território com abastecimento de
água ao domicílio. Agora temos 60 por cento e
chegaremos aos 90 por cento ainda antes do fim deste
ano. Desde logo, o saneamento – os trabalhos vão
Manuel de Pina
“
Porque entendemos
que não há desenvolvimento
sem quadros,
esta tem sido
uma das grandes prioridades
da Câmara, que tem
negociado acordos
com escolas de formação
profissional,
com Universidades
e municípios amigos
de modo a criar condições que
tornem possível vencer este
desafio
avançando. Desde logo, a reabilitação de habitações:
há dois anos, mais de 60 por cento das casas estavam
altamente degradadas, como o demonstrou um
inquérito. Hoje já se vêem muitas casas reabilitadas
em Porto Mosquito, Salineiro, Cidade Velha,
Calabaceira, S. Martinho, Bota Rama, João Varela,
Santana, Belém… Habitações com cozinha e casa de
banho, que antes eram um luxo e agora entram nos
hábitos das populações. E avançamos a todo o vapor
para, finalmente, termos um Plano Diretor Municipal,
Planos de Urbanização e de Pormenor. Dentro de
poucos dias haverá grandes novidades nesta matéria.
Há investimentos estrangeiros que querem implantar-
-se na Ribeira Grande e esperam esses planos.
Com isto, estão criadas as condições para o grande
salto em frente no Turismo. Já existem excelentes
hotéis, estão em fase de conclusão importantes inves-
timentos, a oferta de camas e quartas mais do que já
decuplicou. Estão avançados os estudos preparatórios
para a reabilitação da estrada da Praia à Cidade Velha.
No plano cultural, reabilitámos as grandes festas po-
pulares, fizemos sair do esquecimento e ressuscitá-
mos a tabanka do Salineiro e lançámos as bases para
a criação de um grupo de teatro. É pouco? É muito?
Os munícipes o dirão na altura própria.
O que garanto: tivéssemos o apoio e a cooperação do
Governo, tivéssemos a sua parceria, como o interesse
nacional o exige, e tudo o que lhe referi seria apenas
uma gota de água. Mas não, o Governo de José Maria
Neves preferiu hostilizar a Câmara e o povo da
Ribeira Grande. Foi um erro enorme da sua parte…

nota$ solta$
“Rebuçado” eleitoralista na TACV…
Prémio de desempenho
para combater
“calões” e críticos
Às vozes que se levantam na empresa clamando pela sua demissão por
inépcia e irresponsabilidade, Tony Neves responde agora com um
“rebuçado”: atribuiu um prémio de desempenho aos funcionários da TACV,
mais um vultuoso dispêndio numa empresa já considerada tecnicamente
falida. Mas dá sempre jeito em período de pré-campanha eleitoral…
S
ímbolo do desnorte e do clima
de guerrilha interna com os tra-
balhadores, António Pereira
Neves, o PCA da TACV, encontrou
uma forma insólita de combater a falta
de assiduidade e o absentismo que
grassa na transportadora aérea na-
cional ao instituir um prémio de de-
sempenho, equivalente a um mês de
retribuição-base, destinado a benefi-
ciar os “colaboradores que, com zelo,
dedicação, respeito, disciplina, leal-
dade, solidariedade e empenhamento
dão o seu contributo para a realização
dos fins da empresa”. É o que se pode
ler em carta distribuída às chefias da
empresa e assinada pelo homem que,
por obra e graça do irmão, o primeiro-
ministro, foi alcandorado ao cargo de
responsável máximo da empresa.
É fartar …
Tony Neves acaba por reconhecer
aquilo que se fez evidência naquela
empresa pública: o clima de descon-
trolo, de guerrilha interna, que vive à
bolina, sem lei nem roque:
”Pessoas faltam com a maior das
facilidades, apresentam-se tarde e
saem em cima da hora, senão mesmo
antes da hora; as pessoas vêm e depois
saem às compras, aos cafezinhos (sic),
às consultas, para pagar telefones e
outros afazeres que nada têm a ver
com o seu trabalho”, concluindo que
“o abandono do posto de trabalho é
frequente, ostensivo e abusivo”.
O PCA chega mesmo à triste consta-
tação (um facto impossível de aconte-
cer numa empresa minimamente orga-
nizada em termos de gestão, mas que,
ao invés, parece ter uma cadeia hierár-
quica seguidora do chamado princípio
de Peter, ou seja, que se demite das
suas funções seguindo o exemplo do
“chefe”) de ser impossível combater
essas situações, porque os “responsá-
Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011 • 13
veis hesitam e não tomam decisões sobretudo, quando implicam custos
para não ficarem mal com os seus su- adicionais ou perdas de receitas, o
bordinados”; ou porque os “colabora- desenvolvimento normal e regular da
dores estão sempre zangados com isto atividade e o bom desempenho da
e com aquilo, acham companhia”. Uma be-
que devem fazer o que Tony Neves descobriu a nesse que será atribuí-
lhes dá na gana, não panaceia para resolver da sem prejuízo do
respeitam as hierar- eventual “bónus de
os grandes males
quias, (…) que para Natal”, ainda este ano,
eles nada funciona, os estruturais da empresa, “devendo o primeiro
diretores e chefias não não resultantes, claro, quarto ser pago em
prestam e que são in- da inépcia de que tem Abril próximo”. E faz
competentes e bajula-
dado mostras o seu um apelo às tais che-
dores de uma adminis- fias que, anteriormente
tração inepta e inca- modelo de gestão, mas, classificou como de-
paz” (…), “que não outrossim, da missionárias das suas
deixam os outros tra- malandrice dos responsabilidades, pa-
balhar, pelo stress e
trabalhadores. Anuncia ra se armarem em polí-
pressão que exercem cias dos seus su-
(…), que são especia- a concessão de um bordinados, “selecio-
listas em falar mal de prémio de desempenho, nando e indicando
tudo e de todos, em um novo benefício aqueles que merecem
lançar boatos e não têm
“pago no mês seguinte ser contemplados e
pejo nenhum em enla- aqueles que devem fi-
mear a TACV na co- ao fecho de cada car de fora”.
municação social”. trimestre civil e após a Poder-se-ia especular
verificação de aspetos com o facto de Tony
Prémio antes
das eleições… como a pontualidade, a ter implementado esta
“medida miraculosa”,
Vai daí, Tony Neves assiduidade, as licenças destinada, como o pró-
descobriu a panaceia solicitadas, as faltas prio acentua, a “salvar
para resolver os gran- justificadas e a TACV”, logo neste
des males estruturais tempo de pré campa-
injustificadas, a
da empresa, não resul- nha eleitoral, captando
tantes, claro, da inépcia colaboração e outras as sensibilidades inter-
de que tem dado mos- valências nas para a causa do
tras o seu modelo de partido do governo, tão
gestão, mas, outrossim, da malandrice críticas elas têm sido à sua gestão,
dos trabalhadores. Anuncia a conces- chegando a classificá-la como incom-
são de um prémio de desempenho, um petente e irresponsável. Às vozes que
novo benefício “pago no mês seguinte se levantam na empresa clamando a
ao fecho de cada trimestre civil e após sua demissão, Tony Neves responde
a verificação de aspetos como a pon- com este “rebuçado”, traduzindo-se
tualidade, a assiduidade, as licenças em mais um vultuoso dispêndio numa
solicitadas, as faltas justificadas e in- empresa já considerada tecnicamente
justificadas, a colaboração e outras falida. Uma espécie de “voo” para a
valências que afetam, de forma direta, frente antes da queda a pique…
14 • Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011
coisas do mundo
Sudão
Ao quinto dia,
referendo aponta Será desta?
secessão
Os sudaneses do sul têm vindo a participar em massa no referendo que, previsivelmente,
vai dividir o país em dois. Mas o clima de paz foi abalado segunda-feira, quando ocorreram
ataques armados na região de Abyei
D
ia a dia, as filas junto às me-
sas de voto não param de en-
grossar. O Sul cristão do Su-
dão, cujas fronteiras foram invenções
colonialistas, levanta-se afirmando
uma vontade inabalável: a fundação
de uma nova Nação. E todos os ana-
listas convergem nessa previsão.
Mais rica em recursos naturais, a
região do Sul é, no entanto, muito
pobre em termos socioeconómicos,
fustigada por duas guerras, a primeira
de 1955 a 72 e a segunda de 83 a
2005, altura em que o governo central
(do Norte muçulmano) e a guerrilha
independentista assinaram o Acordo
Integral de Paz, cuja componente
principal está agora sendo cumprida,
através de um referendo que, iniciado
dia 9, se prolongará até 16 de Janeiro.
Os conflitos armados, que causaram 2
milhões e meio de mortos, bem como
a deslocação de 4 milhões de pessoas,
foram dos mais violentos da História
do continente africano.
Com a duração de sete dias, o referen-
do tem vindo, no entanto, a registar
alguns atos de violência, como o que
ocorreu no enclave de Agyei, viti-
mando 33 pessoas. Rico em petróleo,
o enclave situa-se na fronteira entre o
Norte e o Sul, permeável à ganância
de gente sem escrúpulos que, segundo
parece, esteve na origem dos confron-
tos entre as tribos Dinka Ngok e gru-
pos de nómadas miseriya, ocorridos graças à democracia”.
nas proximidades da povoação de
Bahr al Arab da região, aproveitando
Mas os apelos de Rabat, juntando re-
presentantes da Jordânia, Líbano,
a circunstância de ser disputada pelo Kuwait, Argélia, Tunísia e Iémen,
Norte e o Sul. entre outros, num congresso marcado
pelo referendo sudanês, dificilmente
Dirigentes árabes irão contrariar o curso da História
inquietos num país que, construído artificial-
Mas a possibilidade de secessão da mente pela colonização europeia, não
região do Sul parece não agradar aos tem a alma intrínseca fundamental à
dirigentes árabes que, sábado passa- unidade orgânica dos povos: o espíri-
do, reuniram em Rabat (Marrocos) to de Nação.
delegações de 30 partidos políticos No domingo, logo se confirmará se as
originários de 22 paí- previsões estão certas,
ses. Os participantes Os conflitos armados, se a divisão do maior
do conclave expressa- país do Norte de Áfri-
ram “inquietação” e fi-
que causaram 2
ca é, de facto, uma ine-
zeram incitamentos à milhões e meio de vitabilidade. No entan-
“democracia para evi- mortos, bem como a to, neste nosso tempo
tar” a divisão do Su- deslocação de 4 tão conturbado, pode-
dão. mos perceber o quanto
"Somos contra a sepa- milhões de pessoas, errados estavam os ve-
ração e as divisões, foram dos mais lhos líderes africanos
que são doenças noci- violentos da História que, protagonistas da
vas para o corpo ára- libertação dos povos,
be", declararam a
do continente pensaram estar nas
maioria dos participan- africano fronteiras do colonia-
tes na 54ª sessão do lismo a receita para a
“Congresso dos Partidos Políticos unidade do continente. A História, a
Árabes”. Para um congressista liba- Cultura e a diversidade multiétnica
nês, “a Espanha evitou a divisão e a vieram provar que o caminho de
separação da região basca devido à África para o desenvolvimento e a
democracia”. Já para um jordano, “os unidade passa pela criação de
Estados Unidos são um país federal e Estados-Nação que correspondam aos
multiétnico que continua unido anseios dos povos.
ETA anuncia cessar-fogo
Mais uma porta se abriu para pôr termo às hostilidades, na certeza
de que há ainda um longo caminho a percorrer até à solução final,
ou seja, a entrega das armas por parte da ETA
A proclamação anunciada esta
semana pela organização ter-
rorista basca de cessar-fogo perma-
repercussões e reconhecimento a
nível internacional o ajudaria a
voltar à legalidade, a fim de poder
nente e de caráter geral será para participar nas eleições locais espa-
levar a sério? É que desde o estab- nholas ainda este ano.
elecimento da primeira trégua em
Argel, no ano de 1989, culminando a Vontade popular
primeira negociação efetiva com o O comunicado da ETA enfatiza a
governo espanhol, o grupo sepa- necessidade de se encontrar um con-
ratista anunciou mais onze cessar senso democrático que tenha como
fogos, alguns também designados instrumentos o diálogo e a negocia-
como sendo de “carác- ção e cujo norte seja
ter permanente” mas a vontade popular,
que terminaram, abruta- Já se registaram apelando às autori-
mente, em banhos de doze cessar-fogos dades de França e
sangue, como foi o caso nos quarenta anos Espanha para aban-
do assassínio de dois donarem as medidas
equatorianos no aero-
de luta armada repressivas e a nega-
porto de Madrid, em e algumas tréguas ção do Euskal Her-
Dezembro de 2006, terminaram ria. Resta saber se a
quando a organização
havia anunciado o
em banhos de sangue tradição se vai man-
ter, ou seja, a inca-
“adeus às armas” em pacidade dos gover-
Março desse mesmo ano. Pelo meio, nos socialistas em lidar com a
nestes quarenta anos de luta armada questão basca, preferindo a repres-
são e até a prisão dos líderes políti-
pela independência, fica o registo
sangrento de 829 pessoas mortas, cos da organização terrorista que
especulando-se que as pressões exer- mais se tinham empenhado na via
cidas sobre o directório armado pelo pacífica.
braço político, o Batasuna, pode ter Agora, mais uma porta se abriu para
surtido agora algum efeito positivo. pôr termo às hostilidades, na certeza
Há muito que o partido, ilegalizado de que há ainda um longo caminho a
pela polícia espanhola em 2003 dev- percorrer até à solução final, ou seja,
ido às suas ligações à ETA, vinha a entrega das armas por parte da
sustentando que um cessar-fogo com ETA.
 Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011 • 15

polichinelo Aviso à navegação:

polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-língua, pura
e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!
16 • Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011

em jogo
Campeonatos regionais (Santiago-Sul e S. Vicente) Depois da IFFHS, agora, também a FIFA

Sporting x Travadores Mourinho

é jogo grande é “rei” dos
do fim-de-semana treinadores
planetários
O treinador português do
Real Madrid, José Mourinho,
foi eleito o melhor treinador
de futebol do Mundo em
2010, também pela FIFA,
depois de ser sido o
escolhido na semana
passada pela Federação
Internacional da História e

S
porting x Travadores é o jogo de por três bolas sem resposta e o jornada do Campeonato Regional que Estatísticas do Futebol
grande da 6.ª jornada do Re- Sporting goleou o Bairro, por 4 a zero. ditou os seguintes resultados: Batuque (IFFHS). Com alguma
gional de Santiago-Sul, marca- Nas outras partidas de domingo, Varan- 2 – Derby 1; Amarante 1 – Académica
do para este fim-de-semana. Os leões da e Desportivo não foram para além 1. Nos jogos de sábado passado, o
surpresa, Lionel Messi
da capital lideram o campeonato jun- do nulo e os Travadores venceram o Mindelense venceu Ponta d`Pom por recebeu a Bola de Ouro,
tamente com a Académica e vão jo- Vitória pela margem mínima, 1 a 0. 1-0 e Salamansa empatou sem golos como o melhor jogador do
gar contra os encarnados que ocu- Em São Vicente, realizou-se a 4.ª contra os Falcões do Norte. mundo
pam, agora, o quarto lugar mercê da
vitória no passado domingo.
No primeiro jogo da jornada, o Vitó-
ria joga contra a Académica (esta Classificação Santiago Sul (5.ª jornada)
O treinador português bateu assim
Pepe Guardiola e Vicente Del
Bosque e não esqueceu os dois
forma surpreendente, o vencedor da
Bola de Ouro de 2010. Iniesta e Xavi
pareciam ser os favoritos à conquista
sexta-feira, às 16 horas na Várzea), treinadores espanhóis na hora de do prémio, que agora tem também o
tendo a Associação Regional de Fu- agradecer o prémio: “Tenho de dar os “carimbo” da FIFA, mas o interna-
Posição Clube J V E D BR-BS P
tebol marcado os outros seguintes en- parabéns a esses dois treinadores fan- cional argentino acaba por ser distin-
1.º Sporting 5 4 1 0 13-1 13 tásticos”, disse, depois de declarar que guido pela segunda vez.
contros:
Celtic x Varanda; Ribeira Grande x 2.º Académica 5 4 1 0 13-2 13 ia falar em português por se sentir O próprio galardoado não escondeu a
Boavista (jogos de sábado) e Spor- 3.º Boavista 5 2 1 2 6-5 7 orgulhoso disso mesmo no dia de hoje. surpresa, quando ouviu o seu nome
ting x Travadores; Desportivo x Bai- 4.º Travadores 5 2 1 2 4-6 7 O atual treinador do Real Madrid par- referido por Pep Guardiola, treinador
rro (que é lanterna vermelha), no tilhou o prémio com aqueles que com do Barcelona, clube dos três finalistas.
5.º R. Grande 5 2 1 2 2-4 7
domingo. ele têm trabalhado: “Trabalhei muito
6.º Vitória 5 2 0 3 3-4 6 para chegar aqui, mas não trabalhei
Nas partidas do último fim-de-sema- Onze ideal com seis
na, a equipa do Celtic protagonizou a 7.º Varanda 5 1 3 1 2-4 6 sozinho. Consegui este prémio com a
8.º Desportivo 5 1 2 2 3-8 5 força daqueles que me amam e me
espanhóis
surpresa da 5.ª jornada ao bater os
esperam para partilhar este momento A FIFA aproveitou ainda para anunciar
campeões nacionais, o Boavista da 9.º Celtic 5 1 1 3 7-13 4
fantástico”, terminou. o onze ideal, onde se destaca o por-
Praia, por 2 a 1. 10.º Bairro 5 0 1 4 2-11 1 tuguês Cristiano Ronaldo e mais seis
A Académica venceu o Ribeira Gran-
espanhóis na equipa.
Messi com Bola de A equipa ideal é a seguinte: Casillas;
Ouro… de novo Maicon, Lúcio, Piqué, Puyol; Xavi,
Andebol Em relação ao melhor futebolista mas- Sneijder, Iniesta; Messi, Villa e Cris-
culino deste ano, Lionel Messi foi, de tiano.
Seleções nacionais à conquista do CAN, em Dakar
As seleções cabo-verdianas de andebol, em masculino e feminino, deixaram ontem o País com destino a Dakar,
onde vão disputar o apuramento para a próxima Copa de África das Nações da modalidade, a realizar no Senegal

D esde a semana passada, todos os atletas e equipas

técnicas se encontraram na Praia para estágio e jo-
gos de preparação, com vista ao jogo com os senegaleses,
que muito recentemente contrataram dois treinadores
franceses.
Entretanto, no fecho desta edição, a Federação Cabo-ver-
diana de Andebol debatia-se com problemas de ordem
financeira para fazer deslocar a caravana ao Senegal. Dos
6 mil contos programados, faltavam 2.500 contos para
financiar a viagem de 40 pessoas: 32 atletas, quatro trei-
nadores, médico, fisioterapeuta e dois responsáveis para
as equipas masculina e feminina.
 Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011 • 17

olhem para elas

Saúde bucal na nha terra

Bruxismo Estar na moda

mas na trituração de alimentos e, con-
sequentemente, problemas estomacais.
Eventualmente, também pode aconte-
cer a destruição do osso circunvizinho
e do tecido da gengiva, além de proble-
com pouco
dinheiro
mas que envolvam a articulação da
mandíbula.

3º Tratamento
O tratamento pode ser feito apenas pe-
lo dentista, quando a causa está relacio-
Opa! As mulheres sentem-se bem reavaliar o seu guarda-roupa, Investir bem é poupar
Zarina Santos nada às estruturas bucais, ou pode ser
um tratamento multidisciplinar, com quando conseguem seguir as verifique o que lhe faz falta. Enganam-se se pensam que
Graduanda em Odontologia psicólogos, terapeutas e outros pro- novas tendências e estar bem Assim, não comprará peças devem comprar tudo com pouco
fissionais. vestidas, mas é cada vez mais repetidas ou bastante dinheiro. Investindo numas boas
necessário poupar dinheiro. É semelhantes. Seja objetiva! calças de ganga, nuns bons

B
ruxismo nada mais é do que
ranger os dentes ou apertá-los
fortemente durante o sono.
“Nada preocupante - né?”
1º- Tenho bruxismo?
Para saber se sofre ou não deste mal,
pergunte à pessoa que dorme consigo
se costuma ouvir um som terrível de
ranger de dentes enquanto você dorme.
Tente perceber se, ao acordar, os mús-
culos da face estão doloridos e se sente
dores de cabeça - podem ser estes al-
guns indícios. E, principalmente, pro-
cure um dentista capacitado para diag-
nosticar este problema e tratá-lo de for-
ma segura.
2º Que problemas posso
ter com bruxismo?
Não se engane, pensando que ranger os
dentes só traz problemas para o parcei-
ro que não consegue dormir. O bruxis-
ta pode apresentar desgastes mínimos
nos dentes, mas, dependendo da causa,
intensidade e durabilidade em muitos
casos, tem-se verificado a perda quase
por completa das coroas dos dentes, le-
vando a problemas extremamente gra-
ves de oclusão, dores faciais, proble-
Pelo exame clínico e com perguntas
apropriadas, o dentista pode conseguir
determinar a causa potencial deste pro-
blema. Podendo sugerir:
Relaxamento: estudos têm vindo a
comprovar que o stress do dia-a-dia
pode ser uma das principais causas do
bruxismo. Desde ler um livro, tomar
um banho, ir a Kebra Kanela, sair para
dançar com os amigos, ouvir música. Ir
mais a fundo, com terapias para apren-
der a lidar com situações stressantes.
Deste que tragam paz e sossego para a
sua vida podem eliminar este mau
habito.
Dispositivo para dormir: embora não
seja uma cura, este dispositivo serve
para proteger os seus dentes de se “au-
to-triturarem”. É feito sob medida pelo
seu dentista.
Ajuste da oclusão: se o problema for
causado por mordida incorreta por
parte do paciente, o dentista pode ten-
tar corrigi-la com alguns desgastes, no-
vas restaurações, novas próteses ou
com aparelhos ortodônticos.
Não pense que o bruxismo seja um
hábito normal. Muito pelo contrário, é
sinal de que algo não está funcionando
como devia. Procure um dentista e
investigue.
preciso ser criativa e inteligente.
Siga as dicas de como poupar
dinheiro em roupa.
Saiba o que está In e Out
Procure na internet, sites e
blogues de moda sobre o que está
in e out. Muitas das revistas de
modas e tendências estão
disponíveis online. Assim estará a
poupar dinheiro e não comprará
peças de moda que estão out,
porque mais tarde pode
arrepender-se. Não se esqueça
que nem todas as peças que estão
in são as mais indicadas para si.
Por isso, faça uma escolha das
novas tendências que beneficiam
o seu corpo e estilo.
Reavalie o seu
guarda-roupa
Veja o que tem no seu
guarda-roupa, faça uma seleção
do que vai usar e do que não vai
usar. Aproveite e guarde as peças
que não irá utilizar. Depois de
Pequenos arranjos,
grandes mudanças
Será que não tem algum familiar,
vizinha ou amiga que a possa
auxiliar em alguns pequenos
arranjos na sua roupa?
Peças em que falta um botão, ou
os botões estejam descosidos,
que deviam ser ajustada, ou
precisem de outro pequeno
arranjo? Pois bem, do que está à
espera?
Reciclar é palavra de
ordem
Existem determinadas peças de
roupa impossíveis de arranjar, ou
com cortes que já não a
favorecem - não deite fora essas
peças. Recicle-as!
Aproveite os seus tecidos para
alterar outras peças antigas, de
uma forma imaginativa. Ou
então utilize esses tecidos para
fazer outras peças... Seja
criativa!
sapatos ou num casaco intemporal
está de facto a poupar. São as
peças de qualidade que têm maior
durabilidade. Estas peças não se
estragam com facilidade e podem
ser utilizadas nas futuras estações.
Aproveite corretamente
as promoções e descontos
Pensar antecipadamente é poupar.
Como? Se comprar peças da
estação anterior, como, por
exemplo, se estiver a entrar na
estação do Verão e houver
promoções da estação de Inverno,
encontrar uma promoção de um
bom casaco… Guarde essa peça
para a próxima estação de
Inverno e está a poupar bastante
dinheiro. Os descontos também
são bastante frequentes:
aproveite, mas não se esqueça -
não compre tudo o que estiver em
promoção ou em desconto, seja
seletiva e compre o que
realmente lhe faz falta e com o
qual possa ser criativa.

ReceitaCaseira

Mousse de Chocolate
Ingredientes:
• 6 ovos
• 1 tablete de chocolate de
culinária (200 g)
• 1 colher de sopa de manteiga
• 5 colheres de sopa de açúcar
Modo de preparo:
Derreter o chocolate em banho-maria (ou em lume muito brando com um
bocadinho de leite).
Ao chocolate derretido, juntar a manteiga e mexer. Depois, juntar o açúcar
e mexer bem até tudo ficar uma mistura homogénea. Juntar, em seguida,
as gemas batidas e passadas por um coador.
Finalmente, bater as claras em castelo bem firme e juntar os dois
preparados, envolvendo bem, sem bater.
Deitar para uma taça e levar ao frio, de preferência de um dia para o outro.
cachupada
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Os novos desafios Horóscopo
estratégicos
de Cabo Verde Carneiro
21-3 a 20-4
Carta Dominante: 10 de Paus, que significa
Conferência Sucessos Temporários, Ilusão.
Amor: Avizinham-se momentos muito felizes
com o seu par. Não espere que o amor vá ter
na Biblioteca Nacional consigo, dê o primeiro passo.
Saúde: Proteja-se do frio e da chuva.
15 Janeiro 2010 Dinheiro: Tenha cuidado com a forma como
trata os seus subordinados ou os seus colegas.
Lembre-se que eles merecem todo o seu
10H00 respeito.
Pensamento positivo: Estou atento, sei que o
sucesso exige um esforço constante.
Números da Sorte: 02, 03, 05, 08, 19, 20
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: 7 de Ouros, que significa
Trabalho.
Amor: Antes de acusar o seu par, pense bem e
verifique se não está a ser exagerado ou injusto
para com ele.
Saúde: Período marcado pela instabilidade
emocional. Procure manter o equilíbrio através
Dr. Carlos Veiga da prática de meditação.
Dinheiro: Planeie bem o seu trabalho antes de
iniciar um novo projecto.
Pensamento positivo: Com esforço e trabalho
consigo alcançar as minhas metas.
Números da Sorte: 01, 06, 09, 41, 42, 49
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: 3 de Espadas, que
significa Amizade, Equilíbrio.
Prof. Dr. Marcelo Amor: Esteja consciente dos seus erros e não
mantenha discussões com os seus amigos.
Rebelo de Sousa Aprenda a perdoar.
Saúde: Cuidado com os acidentes domésticos.
Tendência para pequenas queimaduras.
Dinheiro: Seja mais comedido e organize um
plano que lhe permita controlar o seu
orçamento doméstico.
Pensamento positivo: Uma palavra de
conforto é sempre bem recebida.
Números da Sorte: 08, 10, 36, 39, 41, 47
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Prof. Eng.º Luís Mira
Amaral Caranguejo
21-6 a 22-7
Carta Dominante: 10 de Ouros, que significa
Prosperidade, Riqueza e Segurança.
Amor: Um relacionamento antigo pode
chegar ao fim. Prepare o seu coração pois
esperam-se períodos de alguma tristeza, mas
eles são necessários para as alegrias que
também hão-de vir.
Saúde: Não se prevêem grandes problemas
neste sector.
Dinheiro: É possível que receba algum
Prof. Dr. António dinheiro inesperado.
Pensamento positivo: A riqueza interior é o
meu maior tesouro.
Rebelo de Sousa Números da Sorte: 05, 06, 07, 10, 18, 22
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
Leão
23-7 a 22-8
Carta Dominante: Ás de Ouros, que significa
Harmonia e Prosperidade.
Amor: Esteja atento pois pode sofrer uma
desilusão com alguém da sua família.
Mantenha a serenidade em qualquer situação.
Saúde: Tendência para infecções oculares. Vá
ao médico se não se sentir bem.
Dinheiro: Faça uma análise à sua vida
profissional e verifique se vale a pena manter
um emprego que pode prejudicar a sua
estabilidade emocional.
Pensamento positivo: Cultivo a harmonia na
minha vida!
Números da Sorte: 08, 09, 10, 17, 19, 25
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: A Papisa, que significa
Estabilidade, Estudo e Mistério.
Amor: Poderá sentir-se tentado a ajudar
pessoas mais carenciadas. Aproveite e dê a
mão a quem precisa.
Saúde: Cuidado com as correntes de ar.
Dinheiro: Esteja consciente das suas
capacidades e aposte na melhoria das suas
condições de trabalho.
Pensamento positivo: A minha intuição
ensina-me sempre o caminho a seguir!
Números da Sorte: 15, 26, 31, 39, 45, 48
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: 8 de Paus, que significa
Rapidez.
Amor: É possível que conheça uma pessoa
que, em pouco tempo, conquistará o seu
coração de forma arrebatadora.
Saúde: Consulte o seu médico e faça um
check-up geral à sua saúde.
Dinheiro: Momento propício para proceder a
uma mudança radical no seu panorama
profissional. Não tenha medo e ouse!
Pensamento positivo: Adapto-me
rapidamente às novas situações.
Números da Sorte: 06, 11, 25, 32, 49, 58
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Escorpião
23-10 a 21-11
Carta Dominante: Valete de Paus, que
significa Amigo, Notícias Inesperadas.
Amor: Surpreenda o seu par e invista no
poder de sedução. O seu poder de atracção
está em alta.
Saúde: Esteja atento a todos os sinais que o
seu organismo lhe envia.
Dinheiro: Procure pensar mais nas
necessidades dos outros e seja um pouco mais
generoso.
Pensamento positivo: Os amigos ajudam-nos
a vencer os obstáculos, a união faz a força.
Números da Sorte: 08, 10, 23, 26, 29, 33
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
10 a 16 de Janeiro
Sagitário
21-11 a 20-12
Carta Dominante: a Torre, que significa
Convicções Erradas, Colapso.
Amor: Evite discussões com familiares, já
sabe que não levam a lugar nenhum.
Saúde: Tendência para insónias. Beba chá de
camomila antes de dormir.
Dinheiro: Período favorável para colocar
todos os seus projectos em prática. Aproveite e
planifique as suas actividades.
Pensamento positivo: Sempre que estou
errado não tenho medo de recomeçar de novo!
Números da Sorte: 03, 09, 17, 28, 39, 45
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 19
Capricórnio
21-12 a 19-1
Carta Dominante: Rainha de Ouros, que
significa Ambição, Poder.
Amor: Entregue-se de corpo e alma à sua
relação amorosa. Não tenha receio de
demonstrar aquilo que sente.
Saúde: Período sem problemas ao nível da
saúde.
Dinheiro: Esforce-se por estar à altura das
expectativas dos seus superiores hierárquicos.
Eles exigirão o máximo de si.
Pensamento positivo: A minha maior
ambição é ser feliz.
Números da Sorte: 04, 08, 11, 19, 23, 27
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
Aquário
20-1 a 18-2
Carta Dominante: Ás de Espadas, que
significa Sucesso.
Amor: Irá manifestar-se em si uma grande
energia sensual. Liberte-a e viva a paixão com
intensidade.
Saúde: Consulte o seu médico, provável falta
de vitalidade. Pode tomar um suplemento
vitamínico, ajudá-lo-á a enfrentar os desafios
quotidianos.
Dinheiro: Resolverá os seus problemas
facilmente. Não se preocupe pois está numa
fase favorável.
Pensamento positivo: Procuro ser simples
porque sei que viver com simplicidade é mais
do que um acto, é uma virtude.
Números da Sorte: 01, 08, 10, 36, 39, 42
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21
Peixes
19-2 a 20-3
Carta Dominante: 10 de Espadas, que
significa Dor, Depressão, Escuridão.
Amor: Mudanças bruscas de humor poderão
causar conflitos com familiares e/ou com a
pessoa amada. Modere o comportamento
intempestivo.
Saúde: Atravessa um período extremamente
agitado. Vigie o aparelho digestivo. Faça uma
dieta.
Dinheiro: Pare com despesas desnecessárias e
não planeadas.
Pensamento positivo: Acredito que toda a dor
pode ser vencida através da Fé!
Números da Sorte: 25, 33, 39, 41, 42, 48.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22
 Já • Sexta-feira 14 Janeiro 2011 • 19

cachupada
Telenovelas PALAVRAS CRUZADAS
RECORD • Ribeirão do Tempo
Horizontais:
1 – Biscoito em forma de torrada; Dos pólos.
2 – Purificar; Extraordinária.
3 – Engrossar; Cano.
4 – Lavram com arado; Lugar ermo e
desabrigado. 5 – Ramalhete; Pano de Arrás.
6 – Borrifar.
7 – Nocivas; Tornar tarado.
8 – Nomear por eleição; Pequeno pão de farinha
ordinária.
9 – Que desce até ao talão (calcanhar); Ornato
para o pescoço.
10 – Escrava egípcia de Abraão; Molestado.
Sónia está grávida de André 11 – Deuses protectores do lar e da família,
entre os antigos Romanos; Ética.
F ilomena liga a Tito para dizer que vai saltar de paraquedas, mas não con-
segue. Newton e Mateus já estão impacientes quando Filomena finalmente
aparece e se diz pronta para o primeiro salto. Virgínia tem um ataque com a
Verticais:
insistência de Ajuricaba e o manda parar de importunar Sónia. Logo que ele sai 1 – Cobrir com tampa; Dinheiro.
resmungando, Virgínia liga a Dr. Renato, que não diz o resultado a pedido de 2 – Contrariar; Cidade marítima de Espanha
Sónia, mas Virgínia conclui que o resultado é positivo. Sónia lê o resultado mais (Andaluzia).
uma vez, e já no autocarro lembra-se do primeiro beijo que André lhe deu. Sónia 3 – Tornar sujo; Estampilhar.
liga a André e pede para ele a encontrar na floresta, onde se beijaram pela 4 – Tecer; Cais.
primeira vez. 5 – Rio da Suíça que nasce na garganta de
Mateus diz a Filomena que gostou dela logo que a viu e a admira muito. Filó fica Grimsel; Introduzir.
encabulada, mas diz que também simpatizou com ele. Mateus considera azar o LARES; MORAL.
6 – Remunerar.
facto de Tito a ter encontrado primeiro. Filomena fica mais perturbada ainda e PADA. 9 – TALAR; COLAR. 10 – AGAR; LESADO. 11 –
muda de assunto. Mateus vai inspecionar o motor do avião. Karina lê a Zuleide
7 – Não dizer; Cento. RAS. 6 – M; REGAR; R. 7 – MAS; TARAR; F. 8 – ELEGER;
um e-mail de Tito dizendo que sente a sua falta. Karina diz que vai se encontrar 8 – Rezar; Macho da raposa. 3 – POJAR; CANAL. 4 –ARAM; PARAMO. 5 – R; RAMAL;
com Tito para mostrar a Filomena que ele ainda come na sua mão. Ela diz à 9 – Lanígero; Friccionar contra o ralador. Horizontais: 1 – TOSTA; POLAR. 2 – APURAR; RARA.
amiga que vai trair o Senador só desta vez e que ele só descobre se ela o contar. 10 – Cercar com arame; Oferecida. Soluções:
Newton e Iara passam as últimas instruções de segurança para Filoemena. Bill 11 – Raladores; Lanterna de automóvel.
observa Sónia na floresta. André chega. Eles se beijam e começam a conversar.
Bill anda pela mata murmurando e sorrindo. Filomena fica assustada quando o
avião começa a andar na pista, mas Iara e Newton ajudam-na a se controlar.
Lincon liga para a polícia para saber sobre o caso de Ajuricaba e descobre que o
resultado já saiu, mas só a delegacia pode informá-lo. Sónia entrega o resultado
do exame a André, que fica pasmo ao ler. O avião se aproxima da altura de salto
Boa Mesa Farmácias
de serviço
e Filomena mostra uma expressão de pânico.
Café Sofia, Rua Serpa Pinto - Praça António Lorena
Praia
SIC • Passione
Sabores com amor por dentro 14/01 – Farmácia
Moderna
15/01 – Farmácia Central
16/01 – Farmácia Santo
António
17/01 – Farmácia
Africana
18/01 – Farmácia Avenida
19/01 – Farmácia Santa
Isabel

É
um ex-líbris da cidade da Praia. E
todos os caminhos vão dar ao
Café Sofia. Poiso certo de intelec-
tuais, artistas e de caminheiros de várias
origens, o cybercafé mais badalado da
Stela decide se afastar de Agnello capital de Cabo Verde é, de igual modo,
de um restaurante, destacamos o que nos
foi dado degustar: a linguiça estaladiça, 20/01 – Farmácia
em fritura a convidar ao molhar de pão –
um tentação de palatos; o caril de galinha,
Universal
no ponto e com arroz branco de 21/01 – Farmácia 2000
aconchego - guloso; o bitoque, com gene-

B ete confronta Fred, que não se intimida com as acusações. Felícia demons-
tra a sua insegurança quanto à proximidade de Totó e Clara. Candê implora
a Fátima que não tente unir Felícia a Gerson. Stela decide se afastar de Agnello.
depositário de uma gastronomia que, não
sendo referencial, se recomenda viva-
mente.
roso e suculento pedaço de carne – a con-
vidar ao bis; a cachupa estufada, ge-
nerosa, com ovo de gema amarelo vivo,
S. Vicente
14/01 – Farmácia Jovem
Fred pensa na noite do assassinato de Saulo e fica preocupado com as ameaças Não vão a contar com “a grande gas- apresentou-se tentadora ao olfato e foi
de Melina . tronomia”, são coisas simples feitas com digerida lentamente para que nenhum 15/01 – Farmácia
Berilo desmaia ao ver duas Jéssicas. Agostina implora a Mimi para não contar ao muito amor que transborda dos pratos e sabor nos escapasse - suprema; A rematar, Mindelo
seu marido sobre a suposta noite que passaram juntos. Clô e Gemma se emo- ganha o comensal para um regresso. Sim, o bolo de banana apresentou-se fofo e 16/01 – Farmácia
cionam ao ver Olavo abraçado a Olavinho e Dino. Jéssica repreende Mimi por pelos sabores e pelos cuidados da cozi- apaladado, pedindo segunda dose – divi-
não tê-la ajudado. Totó pensa no que Fátima falou sobre o passeio com os seus nha, porque em matéria de atendimento a no! Avenida
pais e fica angustiado. natural simpatia e sorriso crioulos estão A carta de vinhos apresenta boas esco- 17/01 – Farmácia Leão
Bete conta a Gerson sobre a conversa que teve com Fred e eles ficam preocupa- arredados do espaço – o que é pena e lhas. Não sendo farta, está muito bem 18/01 – Farmácia Nena
dos com Melina. Melina procura Diana, que a enfrenta. Mauro chega à casa de lamentamos -, o emblemático café mere- para um café. Os preços são moderados:
Cris. Fátima conta a Sinval sobre a proibição de Candê relação ao namoro dois cia outro serviço. uma refeição completa ultrapassa por 19/01 – Farmácia Higiene
dois. Bete entrega a Candê o cheque com a indemnização de Lobato. Gemma Da carta farta, se tivermos em conta pouco os mil escudos. 20/01 – Farmácia Jovem
chega à casa de Totó e fica furiosa ao encontrar Clara. tratar-se de um café e não, propriamente, Vale a pena ir!

bai-bai
neno
o guarda-redes romântico
Da Cidade Velha para o estrelato no desporto-rei. Neno é figura pública em
Portugal mas esquecido na Terra Natal, tendo chegado a ser convocado para jogar
pela seleção nacional cabo-verdiana, mas não passou do banco dos suplentes.
Triste sina esta, a dos nossos “heróis”…
D ele se diz que poderia
ter sido o Júlio Iglésias
português, tal o jeito
para interpretar canções
românticas ao estilo do cantor espa-
nhol com quem, aliás, chegou a atuar e
teve um fator em comum: ambos
foram guarda-redes de reconhecidos
méritos, Iglésias “portero” no Real
Madrid, Neno nos principais clubes
portugueses. O certo é que, quando
ainda menino, aos três anos de idade,
Adelino Augusto Graça Barbosa
Barros, mais conhecido por Neno no
mundo do futebol, deixou a Cidade
Velha e acompanhou a família para a
Praia, estava longe de saber que o des-
tino o iria catapultar para o estrelato no
desporto-rei. O pai, professor e figura
respeitável da comunidade, Augusto
Barbosa Barros, não queria ver aquele
petiz azougado, que se destacava nas
«peladinhas» na rua ou no pátio da
escola, seguir a carreira de futebolista.
E na casa, onde viveu dez anos, na Rua
Cândido dos Reis, atualmente conside-
rada património municipal, por via,
provável, de ali ter ficado instalado o
primeiro hospital da capital santia-
guense ou pelos méritos sociais do
progenitor, Neno limitava-se a ouvir
na rádio os relatos que lhe chegavam
do campeonato português, imaginando
como seriam os voos felinos de Bento,
a magia, quase de artista dos relvados,
de Damas…
Aos treze anos, a oportunidade agar-
rou-a, ao rumar para o país colo-
nizador em busca de uma nova vida,
quiçá, a concretização desse seu sonho
de criança. No Barreiro, terra alfobre
de grandes talentos do futebol luso
(Bento, Carlos Manuel, Vitor Batista,
Manuel Fernandes, Chalana, Figo, só
para citar alguns dos grandes nomes
que fizeram legenda no futebol por-
tuguês e mundial), Neno despertou o
Já SEMANÁRIO GRATUITO
Sexta-feira 14 Janeiro 2011
Escreva-nos:
semanarioja@gmail.com
interesse de vários “olheiros” que no memorável jogo que decidiu o
cirandavam pelas ruas da cidade em Campeonato de 1993/94, em
busca de pequenos talentos que parti- Alvalade, frente ao Sporting CP, que
cipavam em torneios de futebol entre os encarnados venceram por 3-6.
ruas, bairros ou freguesias. Figura em destaque no Benfica, onde
O primeiro a abeirar-se de Neno foi se sagrou Campeão Nacional na época
alguém que o levaria a treinar ao FC 90/91 - era o sueco Sven Goran
desportivas cabo-verdianas, nomeada-
mente da zona da Cidade Velha,
fornecendo-lhes equipamento.
“Curioso que os cabo-verdianos pare-
cem ser mais reconhecidos lá fora do
que no seu próprio território”, acentua,
destacando o facto de o irmão ser figu-
Barreirense, clube que o contratou aos Eriksson treinador -, Neno nunca ra pública em Portugal, mas ignorado
16 anos de idade e onde deixou de ser admirado pelos poderes públicos cabo-ver-
se manteve durante 6 pelas gentes da cidade dianos que bem poderiam aproveitar
O seu gosto pelo
anos, até ao final da berço de Portugal. Pelo esse carisma para impulsionar o
temporada de 1983/84, futebol vem dos trato simpático, boa desporto no Arquipélago.
então já como sénior. tempos em que ainda disposição perma- Silvano lamentou ainda a ausência de
Ao serviço do FC vivia na Cidade da nente, mas, acima de Neno na Corrida da Liberdade, que
Barreirense, nos cam- Praia, em Cabo Verde; tudo, pelos serviços ontem teve lugar nas ruas da Praia: “A
peonatos nacionais prestados ao Vitória, altura é má por causa do campeonato
secundários, Neno logo quando miúdo, Neno criou uma estrei- português; não faltarão eventos em
deu nas vistas como disputava as populares ta relação com os adep- que ele possa estar presente… é pre-
guarda-redes de gran- peladas com os tos vimaranenses que ciso é que o convidem”, acentuou.
O bichinho da música, esse continua
des méritos: ágil, rápi-
amigos no recreio da sempre souberam reco- lá. Neno tem um disco editado com
do e dotado de grandes nhecer o papel funda-
reflexos, capaz de ef- escola mental que teve no originais onde o vídeo clip da princi-
etuar as defesas mais clube. pal música é gravado com a camisola
inacreditáveis, projetando-se em Aliás, o regresso com a camisola do do Vitória, o clube do coração. “São
espetaculares voos entre os postes da SL Benfica ao Minho, num jogo con- músicas românticas. Ele é um român-
baliza. Alguém o apontava como um tra o Vitória, é recordado pelo guarda- tico por natureza”, acentua o irmão.
digno sucessor de Bento devido a essas redes como um dos momentos mais Reminiscências do Arquipélago da
caraterísticas comuns. O certo é que marcantes da sua carreira. “Entrei em Morabeza?
Neno se projetou nos grandes clubes campo e o pessoal todo em pé a bater-
portugueses, como o SL Benfica, o me palmas. O Ericksson abeirou-se de
Vitória de Setúbal e o Vitória de mim e disse-me “Ma Neno, que
Guimarães, onde jogou durante 7 tem- fizeste a esta gente aqui?”… Neno pauta-se pela boa
poradas, e no qual, após pendurar as Momentos tristes, foram vários, talvez disposição contagiante, é
luvas, assume atualmente vários car- o ter sido preterido na baliza encarna-
gos na orgânica do clube, essencial- da com a chegada do treinador Artur
simpático e de trato fácil.
mente no departamento de futebol Jorge à Luz, momento que coincidiu Tem uma verdadeira paixão
profissional ou nas equipas técnicas com um dos períodos mais negros do pela música, é fã de Júlio
como treinador de guarda-redes. clube. Ou, naquele ano da década de Iglésias. A Guimarães, a sua
Momentos marcantes da sua carreira oitenta, quando regressou a Cabo
foram vários: a estreia na 1ª Divisão do Verde, convocado para disputar um
cidade, Neno tem uma forte
Campeonato português é sempre um jogo pela seleção nacional cabo-ver- ligação. É frequente vê-lo
momento inolvidável. Deu-se em diana e o treinador deixou-o no banco ligado às mais diversas
1984/85, no Estádio Municipal de dos suplentes, um facto que Neno iniciativas culturais ou
Guimarães, no jogo que opôs o Vitória recorda amiúde com mágoa, como
à Académica de Coimbra. Os vimara- sublinhou o irmão Silvano, em decla-
sociais
nenses venceram o encontro por 2-1; rações ao Já. E revela que o irmão,
ou quando foi titular pelo SL Benfica sempre que pode, ajuda associações