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NÚMERO 8
2016/1
Semestral
1. Música - Periódicos.
ISSN 2237-7425
CDD: 780.7
EDITOR
Marcelo Rauta
CONSELHO EDITORIAL
Antônio Marcos Cardoso (UFG)
Diana Santiago (UFBA)
Ernesto Hartmann (UFES)
Jorge Antunes (UNB)
José Alberto Salgado (UFRJ)
José Nunes Fernandes (UNIRIO)
Luis Ricardo Silva Queiroz (UFPB)
Margarete Arroyo (UNESP)
Mônica Vermes (UFES)
Sérgio Luiz Ferreira de Figueiredo (UDESC)
Sílvio Ferraz (UNICAMP)
Sônia Albano (UNESP)
Vanda Freire (UFRJ)
ASSESSORIA EDITORIAL
Eduardo Gonçalves
Hellem Pimentel
Paula Galama
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Tiago Venturini
107 | A Banda de Música: uma reflexão sobre sua história e princípios educacionais
Ricardo Ferreira Lepre
Editorial
Chegamos a mais uma edição da revista A tempo.
Resumo Abstract
Por este artigo procura-se compreender For this article seeks to understand
a disseminação e preservação do congo the dissemination and preservation of
capixaba, a partir da análise feita na banda capixaba congo, from the analysis in
de congo Amores da Lua. Esta banda, the band congo Loves the Moon. This
mantém suas atividades há 70 anos, band keeps its activities for 70 years,
participando dos festejos religiosos e participating in religious and traditional
tradicionais que constituem o calendário festivities that make up the liturgical
litúrgico congueiro. A tradição é mantida calendar congueiro . The tradition
pela banda por meio da oralidade e is maintained by the band through
da realização de apresentações em orality and delivering presentations in
instituições educacionais de ensino tais educational institutions of education
como escolas, faculdades e universidades such as schools, colleges and universities
com o objetivo de disseminar a prática in order to spread the practice of congo.
do congo. A pesquisa aponta que há um The research shows that there is a strong
forte empenho por parte dos integrantes commitment on the part of members
em dar continuidade a esta cultura, mas in continuing this culture, but it was
foi possível perceber também certo revealed also certain disenchantment
desencanto em relação ao apoio recebido with the support received by the
por parte dos órgãos competentes competent bodies as cooperation in the
quanto a cooperação na liberação de release of financial resources related to
recursos financeiros relacionados à logistics structure to perform events.
estrutura logística para realização dos Another important point was the
eventos. Outro ponto relevante foi a observation in unevenness on the actual
observação no desnivelamento quanto number of congo bands between Victory
ao número efetivo de bandas de congo municipalities.
entre os municípios de Vitória.
Keywords: Preservation. Cultural
Palavras-chave: Preservação. Patrimônio heritage. Congo.
Cultural. Congo.
Introdução
Há quem diga que uma pessoa não possui cultura quando ela não tem
contato com a leitura, artes, história, música, etc. Se compararmos um professor
universitário com um indivíduo que não sabe ler nem escrever, a maior parte das
pessoas chegaria à conclusão de que o professor é “cheio de cultura” e o outro,
desprovido dela.
12
valor no contexto social de um determinado grupo de pessoas, e jamais pode ser
considerada mais ou menos importante uma da outra. (MELLO, 2009).
Tendo em vista que o patrimônio cultural é uma herança, e enquanto tal deve
ser preservado, esse artigo justifica-se pela oportunidade de trazer ao conhecimento
acadêmico, além de contribuir para efetivação do processo e sua culminância até a
manutenção e continuidade desta tradição pelas bandas.
Há quem diga que uma pessoa não possui cultura quando ela não tem
contato com a leitura, artes, história, música, etc. Se compararmos um professor
universitário com um indivíduo que não sabe ler nem escrever, a maior parte das
pessoas chegaria à conclusão de que o professor é “cheio de cultura” e o outro,
desprovido dela. Popularmente a cultura está relacionada à inteligência e ao grau
de conhecimento, porém para a antropologia - ciência que se dedica ao estudo
aprofundado do ser humano e seu comportamento – “toda cultura é de grande
valor no contexto social de um determinado grupo de pessoas, e jamais pode ser
considerada mais ou menos importante uma da outra”. (MELLO, 2009).
13
Se o termo cultura está vinculado ao comportamento de um determinado
grupo de pessoas, torna-se injusto o julgamento quanto ao modo de vida deste ou
daquele povo, esta análise seria baseada em preconceitos. Afirmar que o índio que
não tem uma formação acadêmica, nem conhecimento teórico-musical, por exemplo,
não possui cultura é um equívoco, pois seria o mesmo que afirmar que seus costumes,
tradições, sua língua não têm nenhum significado.
Não existe relação necessária entre características físicas de grupos
humanos e suas formas culturais [...]. A diversidade das culturas
existentes acompanha a variedade da história humana, expressa
possibilidades de vida social organizada e registra graus e formas
diferentes de domínio humano sobre a natureza (SANTOS, 1996,
p.15).
14
pelas quais conhecemos parte da realidade de nossa gente a partir das singularidades
regionais, que proporcionam uma identidade exclusiva de cada agrupamento
social, seja através de suas tradições folclóricas (festas e danças), da arte (pintura e
arquitetura), da música, das crenças religiosas, da agricultura e da culinária.
[...] não é possível compreender o coletivo sem que se deixe de levar
em conta a história, com todo seu movimento de continuidade e
rupturas. Dessa maneira, é necessário vincular o relacionamento
entre os grupos de convivência e referências do indivíduo. Ao
estabelecer este vínculo revelam-se também os tipos e as formas
de interações existentes entre os grupos ou a sua identidade
grupal. Ou seja, ao interagir com o grupo o indivíduo se apropria
das representações coletivas, tomando como sua as lembranças do
grupo. O que possibilita avaliar uma perspectiva de análise includente
na integração dos imigrantes estrangeiros e brasileiros ao colonizar
o Espírito Santo e provocar sua miscigenação e desenvolvimento
composto de identidades diversas (DADALTO, 2007, p. 69-70).
15
em 22 de Maio de 2015).
O congo capixaba
16
semente (NEVES, acesso em 18 de jun. de 2015). A casaca aparece como importante
instrumento musical nas bandas de congo. Sua característica desperta curiosidade e
até mesmo espanto de quem vê. Sobre isso Neves destaca:
[...] como documento valioso, o registro feito, em Nova Almeida,
por D. Pedro II, quando por ali andou em fevereiro de 1860. Nessa
visita imperial, rabiscou D. Pedro alguns dados interessantes sobre
o conjunto musical, do qual desenhou o nosso reco-reco de cabeça
esculpida, anotando, inclusive, o nome “cassaca”. (NEVES, acesso em
18 de jun. 2015)
Desenho da Casaca feito por Dom Pedro II. Fonte: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
17
religiosidade é a devoção a São Benedito, por ser ele o propiciador do milagre que
resultou na salvação de muitos negros, devido ao naufrágio de um navio que trazia
os negros escravos para o Espírito Santo ocorrido nas proximidades de Nova Almeida,
município de Serra, quando muitos se salvaram agarrando-se ao mastro do navio,
onde estava a imagem do santo, podendo assim chegar a salvo nas praias daquela
região, culminado em uma missa celebrada ao santo pelo milagre concedido.
Em todo o tempo, ficou marcada a força dos congueiros que ainda hoje não
medem esforços para que, através desta prática, possam celebrar e expressar sua fé
por meio das canções que louvam o santo devoto, contam e cantam seus milagres nos
cortejos.
18
menção às riquezas da terra capixaba, descrevendo em suas canções as paisagens e a
história de um determinado lugar.
O congo no Espírito Santo, desde a sua mais antiga formação, passa por algumas
adaptações, no sentido de torna-lo mais popular não apenas no sentido religioso, mas
também em comemorações, apresentações das bandas em diversas manifestações
culturais.
19
modo que cada região ou comunidade destaca-se por cores específicas dos grupos. A
maioria das bandas conta com a rainha do congo. Geralmente suas roupas destacam-
se pela beleza e o brilho, diferenciando das demais dançarinas.
20
de forma natural passando a contrair neste processo de socialização uma atitude
reflexiva quanto a esta prática.
A ideia de formar uma banda de congo foi motivada pelo desejo de brincar
ali mesmo no bairro Mulembá, hoje conhecido como Bairro de Santa Marta. Sendo
assim, comprou alguns tambores que estavam sendo vendidos no bairro Jaburuna,
município de Vila Velha.
21
A disseminação, preservação e os desafios das bandas de congo, sobre a ótica da
banda de congo Amores da Lua
Hoje a Banda de congo Amores da Lua conta com trinta integrantes, dentre
estes, cinco atuam de forma esporádica nas suas atividades. Eles se dividem em
funções específicas, atuando como instrumentistas, dançarinas, princesas, rainha e
mestres.
Figura 11: Banda de Congo Amores da Lua. Fonte: Disponível em: http://bandadecongoamoresdalua.
blogspot.com.br/
22
sendo integrantes ativos nesta manifestação, e não por terem alguma renda como
resultado disso visto que, como relata Mestre Ricardo, as atividades da banda hoje,
não geram nenhum lucro financeiro, todas as despesas são arcadas pela banda.
Mestre Ricardo relata que na primeira gestão de João Coser como prefeito
de Vitória, foi firmado um convênio entre a prefeitura e as bandas de congo Amores
da Lua e Panela de Barro. Este convênio contemplava as bandas com um valor mensal,
para a aquisição de indumentárias, adereços e instrumentos musicais. Ricardo neste
período não era mestre, mas sabiamente acumulou um estoque de tudo que era
necessário para a posterior manutenção da banda no que se refere aos utensílios.
A visão futurista de Ricardo e a boa administração de recursos financeiros vindo do
convênio com a prefeitura de Vitória, é que tem proporcionado hoje aos integrantes
da Banda de Congo Amores da Lua estarem bem apresentados em seus trajes, com
roupas impecáveis e os instrumentos em perfeito funcionamento.
23
uma delas no âmbito social e na contribuição para a prática da cultura do congo. Todos
têm plena consciência da importância do congo no contexto cultural do Estado, e
reconhecem que o congo é Patrimônio Cultural, apesar de não conseguirem definir o
significado do termo Patrimônio Cultural ou tampouco identificar tal benefício para
a banda.
Em Vitória, segundo Mestre Ricardo existe duas bandas de congo que são:
Amores da Lua no bairro de Santa Martha e Panela de Barro no Bairro de Goiabeiras e
complementa que também existiu uma associação de bandas tendo como presidente
24
uma historiadora filha de paneleira, nascida em Goiabeiras, porém foi extinta por não
apresentar atividades segundo seu propósito requeria.
25
A ausência de apoio e de recursos, aliados ao preconceito, são fatores
contribuem o afastamento de novas gerações a esta manifestação cultural na
cidade de Vitoria, afirma Mestre Ricardo, além de não sustentarem as atividades
contínuas do congo como oficinas, cursos de dança e produção de instrumentos, o
que requer custeio alto e a banda não dispõe de recursos financeiros para tal. Os
jovens, adolescentes e adultos somente apresentam interesse pelo congo em datas
comemorativas quando o congo se apresenta nos cortejos de final de ano, logo após
se afastam restando apenas os integrantes que tradicionalmente fazem parte da
banda.
A Banda de Congo Amores da Lua infelizmente não tem apoio das novas
gerações que se interessem pela prática da cultura do congo, contudo procura buscar
junto aos integrantes da banda e da comunidade, meios de atrair este público juvenil
para as suas atividades.
Conclusão
26
Verifica-se a necessidade de um estreitamento na relação entre a Banda de
Congo Amores da Lua com outras bandas, no sentido de revitalizar a Associação das
Bandas de Congo da cidade de Vitória, criando estratégias para promover atividades
regulares, com oferta de oficinas educacionais com atividades relacionadas a esta
manifestação cultural, o que seria também um recurso para atrair novos participantes,
haja vista que nesta pesquisa constatou-se que a maioria dos integrantes da banda são
pessoas idosas, urgindo assim providências para que as novas gerações participem
e através da adesão dêem continuidade e despertem o interesse e o carinho das
crianças para com esta manifestação folclórica tão tipicamente capixaba.
27
Imaginação musical e o
impulso (ou élan)
Resumo Abstract
Como a Imaginação musical pode auxiliar How musical imagination can help
na execução inteligente, consciente e smart, conscious and coordinated
coordenada dos movimentos pianísticos? implementation of pianistic movements?
Dar algumas sugestões e apontamentos Give some suggestions and notes is what
é o que procuraremos desenvolver no we will try to develop in this article. What
presente Artigo. O que gera o toque generates the pianistic touch? Which
pianístico? Qual o ponto detonador da detonator point of piano action? What
ação pianística? O que é, como surge it is, how it arises and what the course
e qual o percurso da energia musical? of musical energy? Considering that the
Tendo em vista que os diferentes estilos different styles and the peculiar character
e o caráter peculiar de cada peça (ou of each piece (or genre) require the pianist
gênero musical) exigem do pianista o the mastery of appropriate gestures to
domínio dos gestos adequados para dar give sound form (ie translate into sounds)
forma sonora (ou seja, traduzir em sons) to the musical content of a given work
ao conteúdo musical de determinada in a continuous flow of energy musical,
obra num fluxo continuo de energia we will give some practical proposals
musical, ensejaremos algumas propostas for clear achievement of technical and
práticas para a consecução clara dos expressive ends of a piece of music.
fins técnico-expressivos de um trecho
musical. Keywords: Piano action. Impulse.
Pianistic movements. Act of will. Musical
Palavras-chave: Ação pianística. consciousness and body consciousness.
Impulso. Movimentos pianísticos. Ato Body mastery. Intelligent study. Musical
de vontade. Consciência musical e energy.
consciência corporal. Domínio corporal.
Estudo inteligente. Energia musical.
À guisa de exórdio, vale destacar que, para os fins deste trabalho, parte-
se do conceito apriorístico de Imaginação Musical, bem como do entendimento
consuetudinário de Inteligência Musical (qual seja, tal como dados pelo ensino
acadêmico regular de Música com Habilitação Piano).
Destarte, o ato de tocar piano é cerebrino e sujeito aos mais sutis matizes
psicomotores (os quais determinam o som produzido e os recursos técnico-mecânicos
utilizados). Portanto, há uma constante interação entre atividade sensorial e recursos
musicais. Ou seja, o intérprete, consciente dos fins musicais que pretende, regula a
cada nota o peso necessário à consecução do fraseado e toque exigidos pelo estilo e
caráter de cada obra musical.
30
MINSKER (discípula de Shmidt-Shklowskaya, ex-aluna de Felix Blumenfeld). Para a
realização de tal desiderato, os movimentos corporais devem estar perfeitamente
coordenados e ajustados.
1 Cf. SCHICK, Robert D. The Vengerova System of piano playing. University Park: The
Pennsylvania State University Press, 1982, p. 23.
31
A definição de lançamento para LEIMER-GIESEKING (1951) consiste em uma
força muscular apta a colocar em movimento o peso da mão, braço ou antebraço.
Logo, significa lançar os dedos a partir das articulações que se mantém firmes,
executando-se o movimento com força e energia.
32
e vigorosa” (Kaemper, 1968, p. 80).
33
da liberação total do peso do braço. No caso de a queda ser retardada (controlada)
ou acelerada (quando os dedos já se encontrarem ao nível do teclado próximos à
sua superfície), a ação muscular será a força motriz que colocará em movimento as
alavancas ósseas, porém sempre favorecida pela colaboração do peso do braço.
Por sua vez, OTTO ORTMANN (1929) acrescenta que na queda controlada,
há uma contração parcial dos músculos que levantam o braço contra a ação da lei
da gravidade retardando a queda do braço. Tal contração não significa rigidez sendo
apenas um estado de relaxamento parcial. Já na queda favorecida, os músculos se
contraem a fim de acelerar a descida do braço e lançam o braço, reforçados pela lei da
gravidade. Essa aceleração proveniente da contração parcial dos músculos do braço
faz o braço descer mais rapidamente do que apenas com a ação da lei da gravidade
na queda-livre. Porém, mais uma vez, não significam crispação senão um relaxamento
parcial.
Vale ressaltar, a esse respeito, o destaque feito por NEUHAUS (1973) sobre
a importante função do dedilhado em ajudar na geração da impulsão lançando a
mão sobre as teclas a fim de produzir o som imaginado pelo pianista. Na verdade, o
impulso conduzido pelo bom dedilhado faz com que a mão funcione como uma mola
elástica2.
Assim:
2 Contudo, queremos advertir que não estamos afirmando que ao tocar deve-se “jogar a
mão” de qualquer maneira, até porque semelhante ato poderia ocasionar um toque violentamente
ruidoso e brutalmente estrepitoso. Pelo contrário, deve-se lançá-la com critério e parcimônia,
sempre com vistas a produzir fielmente o tipo de sonoridade demandada pelo compositor em sua
obra. Portanto, aqui é necessário agir com sobriedade, consciência e cuidado focando sempre a
expressividade característica adotada pela peça musical. Significa que não deve haver qualquer
brutalidade (a menos que a obra de arte exija do intérprete um caráter ou estilo mais “selvagem”).
34
Gravidade + Aceleração (Relaxamento Parcial) = Impulso (Lançamento ou
Élan)
Portanto, o gesto lançado (impulso) não pode ser efetuado sem algum
grau mínimo de contração muscular, que deve ser conservado, frise-se, realmente ao
mínimo indispensável para colocar a massa corporal em movimento e dar vida à mão
(diferentemente da queda-livre, na qual a mão cai ou tomba naturalmente em estado
de inércia agindo tão somente sob a ação da lei física da gravidade).
Todavia, vale lembrar que, para KAEMPER (1968), a queda-livre não precisa
ser necessariamente do alto num amplo movimento de alto a baixo (modo de ataque
percussivo), mas também próximo ao teclado, sem impacto (ataque “de perto” 3).
3 Novamente um termo muito utilizado pelos principais professores de piano, daí a referên-
cia ter sido feita com uso das aspas.
35
a partir da ponta dos dedos. A construção de nossa mão, do ponto
de vista de sua utilização ao piano, é a ideal. De fato, isto é inútil
de discutir. Todos sabem o que é a mão e o que ela significa para o
ser humano. Eu não falo nada mais do que questionar o porquê de
alguns pianistas não tirarem partido de suas mãos4 (Neuhaus, 1973,
pp. 98 e 99, tradução nossa, grifo nosso).
Segundo GÁT (1980), a função dos dedos consiste não apenas no toque
ativo (percussivo ou articulado), mas também na transmissão da força do braço às
teclas. O peso avança a partir do ombro na direção das teclas passando pelos dedos.
4 Ce que l’on a coutume d’appeler abusivement “force des doigts” est en realité stabilité des
doigts et de la main, capables de supporter n’importe quelle charge. Tout pysiologue vous dira que
la force des doigts, au sense propre, est infime em comparaison de celle que déploie quand il le faut
un pianiste (…) les doigts cessent d’être des entités indépendants pour se transformer em solides
appuits capables de suporter n’importe quel poids. Ils sont des colonnes, ou plutôt des arcs sous
la voûte de la main. Em principle, la voûte peut supporter le poids de tout notre corps. Et tout ce
poids, cet énorme fardeau, la colonnade des doigts doit pouvoir les supporter et les contenir! C’est
là la vocation principale des doigts! Malheureusement il existe aujoud’hui encore des pianistes (des
dames surtout) qui ignorent ce que son poids, pression, élan, et jouent “dans tous les cas de figure”
du bout des doigts. La construction de notre main, du point de vue de son utilisation au piano, est
idéale. A vrai dire, il est même vain d’en discuter. Chacun sait ce que’est la main et ce que’elle signifie
pour l’homme. Je n’en parle que parce que certains joueurs de piano ne s’en accommodent pas).
5 Concorde o ensinamento de FRITZ (1998), constitui uma pedagogia pianística surgida na
36
conforme depreendemos da ensinança de JÓZSEF GÁT (1980) segunda a qual
“como deve haver uma interrelação muito próxima entre imaginação musical e ação
muscular, é um pré-requisito para a boa técnica que a variação dos movimentos
siga exatamente as mudanças do conteúdo musical” 6 (Gát, 1980, p. 79). Como dizia,
conforme frisa a tradição, o antigo e legendário mestre russo KONSTANTIN IGUMNOV
(um dos patriarcas da Escola Russa de Piano): “É da ideia musical que nascem os
movimentos necessários à sua execução”.
37
de partida), se perfazem semicírculos por cima da mão (ascendentes) ou por baixo
da mão (descendentes), se completam um círculo inteiro, se são elipses, pontos de
apoio, etc. Recomendamos que os gestos sejam “sentidos” (sensação neuromuscular)
a partir dos ombros e conduzidos (guiados, liderados, direcionados) pelo cotovelo.
7 É importante frisar que neste trabalho não temos a pretensão de analisar os aspectos
interpretativos que conduzem à formação do impulso como energia musical (quais sejam: harmonia,
melodia, ritmo, fraseologia, acentos métricos, pulsação, alturas, texturas, tessituras, timbres, toques,
atmosferas, conteúdo narrativo, clareza, padrões típicos de desenhos, estrutura musical e forma,
agógica, dinâmica, etc.), posto que não constituem o núcleo temático de nossa tese. Restringiremos
o debate à importância da análise de tais fatores para a execução pianística, bem como à sua
influência na formatação da Imaginação Musical. A abordagem de tais assuntos exigiria por si só
uma dissertação inteiramente nova e completa.
8 Daí dizerem alguns professores que uma interpretação possui nervo ou temperamento
(qualidade resultante da velocidade do ataque em sua energia). Com efeito, tal qualidade advém do
38
Portanto, daí nascem e brotam (ou melhor, são gerados e construídos) os
gestos musicais.
Dessa forma:
39
energética condizente com o denominado impulso musica; o qual, viabilizado pela
motivação resultante do impulso criativo, acarretará a realização de uma Ação Musical
consentânea com os fins expressivos plasmados no Texto Musical pelo compositor da
obra musical.
Referências
LEIMER, Karl. Piano technique. New York: Dover Publications Inc., 1972.
MATTHAY, Tobias. The visible and invisible in piano technique. London: Oxford
University Press, 1932.
______. The act of touch in all its diversity. New York: Longmans, Green and
Co., 1919.
40
SCHICK, Robert D. The Vengerova System of piano playing. University Park:
The Pennsylvania State University Press, 1982.
SCHUBERT, Kurt. Die Technik des Klavierpiels aus dem Gerste des musikalischen
Kunstwerkes. Berlin-Leipzig: Goeschen, 1931.
41
CORALITO: EXPERIÊNCIAS
COM O CANTO CORAL
INFANTIL NA FACULDADE DE
MÚSICA DO ESPÍRITO SANTO
FAMES - sandrabberto@hotmail.com
2
Resumo Abstract
Esse trabalho tem como objetivo This paper aims to share experiences
compartilhar experiências vivenciadas of the children’s choir-including
nas aulas de canto coral infantil - Coralito children from level I, II and III enrolled
da Faculdade de Música do Espírito in music course for children, at Espírito
Santo, com as crianças dos níveis I, II e Santo Conservatory of Music. A
III do Curso de Musicalização Infantil. phenomenological character survey was
Realizou-se uma pesquisa com caráter conducted and the participants were
fenomenológico e como método de observed as a data-collect method. The
coleta de dados adotou-se a observação paper presents some aspects not only
participante. O texto apresenta o trabalho of music learning but also the stages
realizado com os grupos, destacando of human development based on the
alguns aspectos da aprendizagem studies of Wallon, Vygotsky and Piaget.
musical ao mesmo tempo em que Besides that, a brief summary of activities
ocorre o desenvolvimento humano and methods adopted in the singing
na perspectiva de Wallon, Vygotsky e classes and the teaching-learning process
Piaget, e um breve relato de atividades e are presented.
ações adotadas durante os processos de
ensino-aprendizagem do canto coletivo
infantil. Keywords: Children’s Choir. Musical
Awareness. Socialization.
Palavras-chave: Canto Coral Infantil.
Sensibilização Musical. Socialização.
Introdução
44
ou em pequenos grupos. Aos poucos novos instrumentos foram incluídos: clarinete,
saxofone, trompete e flauta transversa.
45
Nível Disciplinas
Iniciação Musical
I Flauta Doce
Coralito/Percussão
Iniciação Musical
II Flauta Doce
Coralito/Percussão
Iniciação Musical
III Flauta Doce
Coralito/Percussão
Iniciação Musical
IV Instrumento Individual
Canto Coral
Iniciação Musical
V
Instrumento individual
Canto Coral
VI Prática de conjunto: instrumentos
Variados
46
programa aborda a técnica e canções com o intuito de oferecer meios para que as
crianças toquem um repertório interessante e adequado à sua idade. Para essas duas
disciplinas as aulas são realizadas em salas com uma média de 15 alunos.
Nossa experiência com esta disciplina desde 2007, atuando como regente,
preparadora vocal e pianista acompanhadora, possibilitou a implementação de
algumas práticas com o referido grupo, assunto que será apresentado no decorrer
deste trabalho.
Partindo dessa reflexão, as crianças iniciam os estudos por volta dos sete
anos - Nível I, permanecendo com o grupo durante três anos, seguindo para os níveis,
47
II e III do CMI. Esta pesquisa pretende apresentar o trabalho realizado com o grupo,
destacando alguns aspectos da aprendizagem musical, ao mesmo tempo em que
ocorre o desenvolvimento humano na perspectiva de Wallon11, Vygotsky e Piaget
em suas teorias psicogenéticas.
48
interpretar, desenvolvendo a comunicação e a inteligência cognitiva.
Wallon (2007) aponta que é “[...] inevitável que as influências afetivas que
rodeiam a criança desde o berço tenham sobre sua evolução mental uma ação
determinante” (WALLON, 2007, p.122). Observa-se que a afetividade, um dos temas
centrais em seus estudos, se faz presente no decorrer das aulas, estabelecendo
ligações com os demais ambientes que a criança convive, ou com momentos que
foram vivenciados anteriormente e armazenados em sua memória. Durante o estudo
da música, a criança expressa suas emoções e evoca cenas do seu cotidiano ao ouvir
e vivenciar novos ritmos e melodias. Nesse encontro dinâmico, passa a controlar suas
emoções e, ao mesmo tempo, entra em contato com novas percepções e sensações,
modificando a pessoa, surgindo gradativamente um novo eu.
49
a cada período, definiu e denominou esses processos em etapas.
Observa-se que nessa fase “o real e o fantástico não mais se misturarão em sua
percepção” (DAVIS; OLIVEIRA, 1994, p.43). No entanto, as crianças ainda continuam se
encantando com as histórias dos contos de fada, de fantasmas, de amor, da natureza,
amam ouví-las. Os temas das histórias ampliam suas possibilidades musicais, verbais
e culturais.
50
As aulas de canto coral
51
da respiração costo-diafragmático-abdominal12. Nesses momentos, para melhor
compreensão, associamos a respiração a movimentos com os braços e mãos, assim,
a atenção dos alunos se direciona ao gesto e a respiração acontece de forma natural
não preocupando-se exclusivamente como ato de respirar.
Outro exemplo, com a palavra bom. Traz o som para frente, auxiliando a
compreensão da ressonância do som vocal.
52
Fig. 4 - Exercício vocal elaborado pelas professoras para o grupo.
O tempo dedicado aos exercícios não pode ser muito longo para não cansar.
É melhor investir na qualidade do que na quantidade. As atividades citadas duram
aproximadamente 20 minutos, o que gera interesse e não causa cansaço nas crianças.
53
entre os participantes. O regente precisa ter amplo domínio do repertório, desenvolver
a comunicação por meio dos gestos das mãos e da face, acrescentar musicalidade aos
exercícios e às canções, estabelecendo um elo de liderança com o grupo.
O gesto é construtor e criador. Sua tarefa é a mesma das mãos do
instrumentista: descongela a partitura, traduz sonoridades e revela a
música concebida pelo compositor, intermediada pela interpretação
do regente. Sendo assim, o gesto tem o poder de transmutação, ao
transformar o grupo instrumental ou coral em mensageiro da Arte
(FONTERRADA, 1997, p.18).
As apresentações musicais
54
Referências
CHAN, Thelma; CRUZ Thelmo. Divertimentos de corpo e voz. São Paulo: VIA
CULTURA, 2001.
55
Intersaberes, 2012. (Série Educação Musical).
56
A prevenção de lesões
em músicos e a formação
musical: Proximidades e
distanciamentos
Bráulio Bosi1
Marina Medici Loureiro Subtil2
University of Missouri-Kansas City - brbosi@hotmail.com
1
UFES - marina.fisio@hotmail.com
2
Resumo Abstract
A pesquisa em saúde do músico vem tomando Research regarding health in the performing
frentes nacionais e internacionais no que se arts is growing nationally and internationally
refere às principais lesões físicas e alterações targeting physical injuries and psychological
psicológicas que acometem músicos de alterations that affect musicians with
diferentes formações instrumentais. O different instrumental backgrounds. Studies
estudo dos problemas ocupacionais que of occupational problems affecting musicians
acometem músicos desde à formação from early stages through their immersion
profissional ao ingresso no mercado de into the music business focus on detailed
trabalho tem como foco a análise detalhada analysis of the injuries, treatment methods,
dos acometimentos, as formas de tratamento and resources for prevention. The integration
e os recursos preventivos. A inserção de of disciplines that approach such issues have
disciplinas que tratem das temáticas acerca been acknowledged as enriching college
da saúde do músico tem sido consideradas music curricula by offering support to
como agregadoras nas grades disciplinares teachers and performers, as well as students in
do ensino superior em música, oferecendo an interdisciplinary perspective. The objective
suporte tanto a professores de instrumentos, of this article is to describe and analyze the
como também a alunos em uma perspectiva main injuries affecting the physical and
interdisciplinar. Sendo assim, o objetivo psychological health of musicians, and its
desse artigo é descrever e analisar com base relationships to the musical learning and
em estudos, os principais acometimentos da musical performance based on the data
saúde física e psicológica de músicos e suas published in the field of occupational health
relações com o aprendizado e o fazer musical, of this professional class.
baseando-se nos principais achados em
pesquisa da área de saúde ocupacional dessa
classe profissional. Keywords: Health. Musician. Higher
Education. Interdisciplinary.
Palavras-chave: Saúde. Músico. Ensino
Superior. Interdisciplinaridade.
Introdução
Uma vez que o abandono mesmo que momentâneo de uma profissão não
é algo viável, devemos considerar o problema de que certos tratamentos podem
requerer longos meses de repouso, sendo em alguns casos até mesmo irreversíveis.
Desta maneira, o mais recomendado ainda é antecipar-se ao problema através de
uma medicina preventiva, que na grande maioria das vezes começa com o professor
de música, já que estudos mostraram que professores de música que estudaram
sobre prevenções de lesões tendem a repassar esse conhecimento para seus alunos
(REDMOND; TLERNAN, 2001, p. 37). Entretanto, apesar de artigos científicos discutirem
a importância da interdisciplinaridade entre música e saúde há mais de duas décadas,
a maioria dos conservatórios e faculdades de música no Brasil ainda não oferecem
esse conhecimento em seus currículos, o que reflete no fato de nossos professores
ainda possuírem muitas deficiências no que diz respeito a evitar que seus alunos
desenvolvam tais tipos de problemas (SUBTIL & BONOMO, 2012).
58
formação no fazer musical. Nos tópicos seguintes deste artigo, esses problemas que
os músicos enfrentam serão analisados e relacionados à carreira do estudante e do
músico profissional, sendo divididos em três seções: as lesões músculo-esqueléticas;
as lesões auditivas; e as afecções de ordem psicológica.
As Lesões Músculo-esqueléticas
A autora Valerie Trollinger (2005, p. 43) vai além nessa discussão, e em seu
artigo faz uma comparação entre o professor de educação física com o professor de
música, alegando que o professor de música nada mais é do que um professor de
educação física para pequenos músculos. Trollinger levanta também a questão de
que jamais aceitaríamos professores de educação física que não entendam e não
levem em consideração o desenvolvimento e a anatomia de seus alunos, no entanto,
quando o assunto é educação musical, as pessoas não requerem o mesmo nível de
conhecimento dos instrutores.
59
do limite da tolerância biológica, tornando-se um grande problema para o músico
(FRY, 1986, p. 47).
60
Casos como esses mostram que o conhecimento de um profissional
especializado na saúde do músico ainda não chegou ao conhecimento de educadores
musicais, que é aquele que vai ensinar toda a técnica para o estudante de música,
inviabilizando assim a prevenção de lesões musculares que em grande parte
poderiam ser facilmente evitadas e que acabam encurtando muitas vezes a carreira
de músicos que poderiam estar em atividade até além dos sessenta anos (SUBTIL &
BONOMO, 2012).
As Lesões Auditivas
61
causa inferior, porém real. Os valores de decibéis produzidos por uma orquestra
frequentemente ultrapassam os níveis seguros de ruído, e em testes realizados
com músicos, os violinistas e violistas apresentaram, por exemplo, uma tendência a
ter uma perda auditiva maior no ouvido esquerdo do que no direito (WOOLFORD;
CARTERETTE; MORGAN, 1988, p. 272-4).
62
ligado a fatores psicológicos e ao estresse da profissão. Como Fry (1987, p. 38), Cahn
(1954, p. 25) e Sternbach (2008, p. 42-4) mencionam, a pressão e o estresse que músicos
sofrem no ambiente de trabalho, nas instituições, e muitas vezes deles mesmos
pela perfeição é um fato. No que diz respeito ao ambiente de trabalho, músicos de
orquestras e estudantes demonstraram em pesquisa que os fatores de instabilidade
da profissão, horários irregulares, competições e traições entre colegas de trabalho,
baixa remuneração, distância da família, pressões para serem sociáveis, monotonia de
ensaios e viagens, lhes causam uma significativa preocupação e estresse (STEPTOE,
1989, p. 7-8).
63
situação no palco e não conseguindo tocar sequer os primeiros compassos de uma
peça, mesmo após centenas de horas de preparação.
64
nas coisas positivas que ele fez, especialmente se o professor pedir para que ele traga
para as aulas anotações das coisas que ocorreram bem durante suas horas de prática.
Como muitos dos autores até aqui mencionados sugerem, para colocar
uma saúde preventiva em prática a fim de preservar a saúde de músicos e estudantes,
o professor, por estar em contato direto e ser a maior fonte de referência do músico,
deve estar o mais preparado possível para treinar seu aluno de maneira saudável,
estar apto a antecipar possíveis problemas e a orientar o estudante na busca pelo
profissional correto em caso de lesões. Porém, apesar da importância da presença de
uma disciplina que aborde a saúde do músico ser clara pelo grande cenário de lesões
ocorrentes em músicos, as instituições que oferecem essa interdisciplinaridade entre
música e medicina ainda são exceção.
A disciplina sobre a saúde do músico, para que seja efetiva e cubra todas as
necessidades dos futuros performers e professores, deve contemplar os três grupos de
lesões abordados neste artigo: músculo-esqueléticas, auditivas e psicológicas, o que
pode sugerir uma dificuldade para a implantação no currículo dos cursos de música
no Brasil, já que muitas vezes não será viável encontrar um profissional com múltiplas
especialidades. Na formulação dessa disciplina, também deve ser considerado que,
apesar da igual importância de entendimento dos três grupos, o número de tópicos
a se cobrir são diferentes.
65
funcionamento dos músculos e articulações, que seria o caso de um fisioterapeuta,
por exemplo. Para a cobertura dos grupos de ordens auditivas e psicológicas, uma
solução viável seria adotar o modelo de estudantes assistentes que os Estados Unidos
utilizam, onde utilizam alunos bolsistas como professores assistentes, mantendo o
custo do programa baixo e oferecendo as diversidades e especialidades que os
cursos precisam. No caso, estudantes bolsistas das áreas de otorrinolaringologia e
psicologia, por exemplo, trabalhariam em parceria com o instrutor da disciplina e
seriam utilizados quando necessários para dar aulas, ministrar palestras e apresentar
trabalhos, permitindo assim um alcance praticamente completo das necessidades do
músico nessa área.
Conclusão
Referências
ALBERGE, Dalya. (2012). John Williams says guitar maestro Andrés Segovia
bullied students and stifled their creativity. Disponível em: <http://www.theguardian.com/
66
music/2012/oct/14/john-williams-accuses-segovia-snob>. Acesso em: 15 jan. 2014.
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67
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SEATON, Anthony; MANN, Arnold; HUTSON, Michael; TYRER, S. P.; JAMES, I. M.;
WYNN PARRY, C. B. Repetitive strain injury. British Medical Journal, v. 308, n. 6923, p. 269-
270, jan. 1994.
SLOMKA, Jacquelyn. Playing with Propranolol. The Hastings Center Report, v. 22,
n. 4, p.13-17, jul. 1992.
68
Análise harmônica na
música popular
Resumo Abstract
Elementos essenciais
Cifra
70
Tonalidade
Algarismos romanos
Dominante Primário
É o acorde do tipo maior com sétima menor, construído sobre o quinto grau
da escala. Prepara o acorde do primeiro grau. Seu símbolo é: V7.
Dominante secundário
Definição:
Comentários:
71
músico a fazer uso de outras tensões disponíveis para o mesmo e condizentes com o
acorde de resolução, criando uma harmonia personalizada, se desejado.
Dominante Substituto
Definição:
Comentários:
O seu uso cria uma espécie de harmonia simétrica que pode ser também
72
paralela, já que os acordes caminham em intervalos simétricos e as vozes podem
caminhar paralelamente nas transições entre os mesmos.
Definição:
Comentários:
Retorno harmônico
Acordes de empréstimo
73
Elementos acessórios
Forma
Análise melódica
Motivos rítmicos
John Mehegan
74
Fig.1- Tradução livre: M – acorde maior; X – acorde dominante; m – acorde menor; acorde meio-
diminuto; o – acorde diminuto.
75
Fig.3- Tradução livre: suspensão. Os acordes dominantes e os menores são ocasionalmente suspensos
para propósitos de ajustamento melódico ou suspense harmônico. As suspensões são facilmente
feitas e afetam os acordes dominantes e os menores como se segue: acorde= X, suspensão= terça
aumentada, símbolo= V#3 (fig.3); acorde= m, suspensão= sétima aumentada, símbolo= II##7 (fig.4);
acorde= m, suspensão= sétima maior, símbolo= II#7 (fig.5).
Fig.4- Análise melódica indicando a que grau da escala pertence cada nota da melodia.
(MEHEGAN, John. Jazz Improvisation, vol.1. Pgs. 18; 45; 24; 27)
Mark Levine
76
paralelismo, simetria e improvisação. Também trata de forma muito inteligente a
análise melódica do improviso, com riqueza de exemplos e comentários.
77
tom, estruturando um efeito de vai e vem.(...)
Wilson Curia
Nelson Faria
78
(FARIA, Nelson. Acordes, arpejos e escalas. Pg. 82)
Conclusão
Referências
LEVINE, Mark. The Jazz Theory Book. Ca, USA: Sher Music, 1995.
79
LEVINE, Mark. The jazz piano book. Ca, USA: She Music,
80
BLOQUEIOS NA
PERFORMANCE MUSICAL
Resumo Abstract
A falta de controle sobre o comumente The lack of control over the so called
chamado nervosismo, pode ocasionar nervousness may cause difficulties
dificuldades na performance musical. in the musical performance. Studies
Os estudiosos nessa área têm about this subject have considered
considerado que aspectos psicológicos that psychological aspects and specific
e técnicas específicas também devam techniques may also be worked by
ser trabalhadas por nós professores us, teachers, with them (students), so
com eles, para que atendamos mais that we might be able to attend our
eficientemente nossos performeres. performers with efficency.We wish them
Desejamos que os mesmos possam to achieve some mastery and posture
alcançar um considerável domínio when facing the audience. Some of our
e estética ao se depararem com seu students do a great job in the classroom,
público. Alguns de nossos alunos but as they face the audience, are at
chegam a fazer ótimo trabalho em sala auditions and tests, they show insecurity.
de aula, mas ao se depararem com provas When difficulty comes up, it is up to the
e apresentações públicas apresentam teacher to be attentive enough, so it may
dúvidas e insegurança. Quando a disappear or at least diminishes. But this
dificuldade aparece, cabe ao professor will only be possible if we, educators,
dar a devida atenção a ela para que a have experience and if we are sure of
mesma desapareça ou diminua. Mas, what we intend to teach. Music is also a
isso só será possível, evidentemente, se means of communication.
nós, educadores, tivermos segurança e
experiência do que estamos dispostos
a ensinar. A música também é uma Keywords: mastery, efficiently; public
linguagem. presentations; have proof; language;
82
Estou plenamente convencido de que é de importância decisiva, para
a sobrevivência do espírito europeu, saber viver com a nossa cultura.
Para tal, no que concerne à música, coloco duas condições: * Primeira:
os músicos precisam ser formados através de novos métodos que
correspondam àqueles de duzentos anos atrás. A música em nossas
escolas não é ensinada como uma língua, mas somente como uma
técnica de prática musical; o esqueleto tecnocrático, sem vida. *
Segunda: a formação geral deveria ser repensada e receber o lugar
que merece. Assim, iremos perceber as grandes obras do passado
por um novo prisma: aquele da diversidade que nos mobiliza e
nos transformam e que também nos prepara para absorver o novo
(HARNONCOURT, 1984, p. 16).
83
nos escravos delas!’ [Palavras do escritor da época Érico Veríssimo]
(SILVA, 2001, p. 178).
Segundo Harnoncourt (1984, p. 15) [...] “ainda hoje, músicos são educados
para a música européia, no mundo inteiro...” Ainda ressaltando, a questão é que
acompanhamos as evoluções tecnológicas, o progresso nas áreas médicas bem como
nas questões educacionais, dentre outras, como já citado inicialmente. Inclusive
a cultura, bem como saúde e educação, dentre outros aspectos, está incluída nas
políticas públicas de caráter social (SHIROMA ET AL, 2004).
Todos nós sabemos como se aprende uma língua estrangeira; [...]
Precisamos então, tal como se aprende os vocábulos, a gramática e
a pronúncia de uma língua estrangeira, na música, aprender a sua
articulação, a harmonia e os princípios que regem as cesuras e os
acentos. Mesmo que nos utilizemos destes princípios na execução
musical, isto não quer dizer que já estamos fazendo música de fato;
é antes como se soletrássemos os sons em vez de tocá-los. Talvez se
soletre bem e até com graça, mas música, só a estaremos realmente
produzindo a partir do momento em que não pensarmos mais na
gramática e nos vocábulos, quando não mais necessitarmos, mas
pudermos simplesmente falar. É preciso que ela se torne a nossa
língua própria e natural. É este o objetivo (HARNONCOURT, 1984, p.
50 grifo nosso).
84
na música, em exemplos que vão desde o princípio da “secunda
practica” elaborados por Monteverdi para escapar de regras de
condição melódica e harmonia, cristalizadas no conservadorismo
vocalizado por Artusi, ao erro musicológico de François Fétis ao
corrigir e publicar a introdução do Quarteto Dissonante de Mozart
sem suas harmonias ásperas. [...] (BORÉM, 2007, grifo nosso).
85
Infelizmente a abordagem de elementos básicos na gramática musical,
algumas vezes não são devidamente trabalhados e estudados. Naturalmente na
concepção do estudo inicial e básico tais questões correrão o risco de não serem
aprendidas e sim decoradas. Isso significa que quando aparecer um “tempo verbal
sem ser o presente do indicativo”, parafraseando, não se saberá para onde ir se foi
estudado apenas este.
Há partituras italianas cujas linhas para as vozes instrumentais
são deixadas vazias; o executante tem, nestas, a possibilidade de
completar a partitura orquestral nas passagens em questão. Isto
não era feito normalmente pelo compositor, mas considerado como
parte da própria execução. Obra e execução eram consideradas duas
coisas claramente separadas. (id.,1984, p. 47).
1.3. OBJETIVOS
86
de conhecimento e práticas musicais tem contribuído para uma
melhoria do nível do ensino musical e instrumental, mas não tão
fartamente que demandas complexas e específicas como aquelas
relacionadas às dinâmicas psicológicas presentes na performance
musical estejam sendo devidamente atendidas. [...] O trabalho
didático das Oficinas de Performance [...] busca o conhecimento da
interação dos processos psicológicos motores envolvidos na prática
da performance musical, além de pesquisar técnicas e recursos
aplicáveis em contextos pedagógicos para prevenir ou amenizar
problemas, em melhorar a qualidade das performances musicais de
alunos e músicos profissionais. (MORAES, 2007, grifo nosso).
87
surpresas; ele quer surpreender e chocar.
Esta ‘autenticidade’, muitas vezes citada, me parece o maior inimigo
de uma interpretação honesta, pois ela, em vez de procurar reviver
o que está por trás da partitura, faz soar apenas o que está escrito.
A escrita musical não pode, como tal, reviver uma obra musical,
mas unicamente fornecer alguns pontos de referência para que
isto aconteça. Autêntico, no puro sentido da palavra, é aquele
que reconhece nas notas o pensamento do compositor e assim as
reproduz. (id., 1984, p. 62 e 63,grifo nosso).
Uma música, para atingir o seu objetivo principal, deve “mexer” com o
ouvinte, seja num momento de calma ou de euforia, independentemente dele ser
um músico ou não.
No método francês, tratava-se de integrar a música ao processo
político feral, através de uma minuciosa uniformização dos estilos
musicais. O princípio teórico era o seguinte: a música deve ser
suficientemente simples, para que possa ser por todos compreendida
(contudo, a palavra “compreender” perde aqui o seu sentido próprio);
ela deve tocar, excitar, adormecer[...] Seja a pessoa culta ou não; ela
deve ser uma “língua” que todos entendam sem precisar aprendê-la.
(HARNONCOURT, 1984, p. 29, grifo nosso).
88
A questão em curso é que nem toda pessoa tem uma concentração ou
paciência para ficar filosofando em cima de determinada área do conhecimento. Há
um pensamento geral da classe de Filósofos que inevitavelmente vive explorando e
comentando sobre matérias diversas. De acordo com Alpheu Tersariol no Pequeno
Dicionário Brasileiro, filosofar é “discorrer sobre filosofia ou qualquer matéria cientifica;
argumentar ou discutir com sutileza”. E Filosofia é a “ciência geral dos princípios
e causas, ou sistemas de noções gerais sobre o conjunto das coisas; esforço para
generalizar, aprofundar, refletir e explicar; força moral e elevação de espírito com que
o homem se coloca acima dos preconceitos; sabedoria”. É claro que a arte está por aí
para sair da mesmice, do estático, do tédio. Se for complexa ou não, isso não é o mais
importante, mas sim o aspecto da renovação do instante ou do espaço.
Gostaria [...] De alertar os músicos dizendo-lhes que não
superestimassem a sua compreensão da música histórica. Somente
enxergando o sentido que se encontra por trás dos antigos
escritos e tratados, é que poderemos concluir alguma coisa sobre a
interpretação musical. (id., 1984, p. 40, grifo nosso).
2. METODOLOGIA
89
processo de enriquecimento da performance de nossos alunos e colegas de profissão.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1. INTRODUÇÃO
Há algumas décadas atrás, a maioria das pessoas tinha que esperar eventos
específicos, como concertos e festas, para ouvirem música.
Da Idade Média à Revolução Francesa, a música sempre foi um dos
pilares de nossa cultura, de nossa vida. Compreendê-la, fazia parte da
cultura geral. Hoje, no entanto, ela se tornou um simples fundamento
que permite preencher noites vazias com idas a concertos ou óperas,
organizar festividades públicas ou, quando ficamos em casa, com a
ajuda dos aparelhos de som, espantar ou enriquecer o silêncio criado
pela solidão [...] Ouvimos atualmente muito mais música do que
antes – quase ininterruptamente – mas esta, na prática representa
bem pouco possuindo não mais que uma mera função decorativa [...]
Rejeitamos a intensidade da vida em troca da sedução enganadora
do conforto. (HARNONCOURT, 1984, p.13, grifo nosso).
90
geração, de pai para filho, sem registro dos compositores como já citado; aprendemos
a cantá-las na rodinha de amigos da escola. Exemplos: “Ciranda, Cirandinha”, “Marcha
Soldado”. Já a música popular é mais presente na televisão nos canais mais assistidos
pela massa da população, na mídia. Exemplos: “Detalhes,” cantada por Roberto Carlos,
“É o amor”, cantada pelos irmãos Zezé di Camargo e Luciano. Essa música chamada
“séria”, citada na referência acima, é considerada a tal música européia ensinada em
todo o mundo, também chamada música erudita. Embora tenhamos a mesma em
nosso país, raramente ou poucas vezes é apresentada ao público em contrapartida com
a música popular. Toca-se e estuda-se músicas de compositores como Bach, Mozart e
Beethoven, dentre outros. Exemplos de músicas desses compositores: Jesus, Alegria
dos Homens, Pequena Serenata e a Nona Sinfonia, respectivamente compostas pelos
autores citados acima. Compositores brasileiros como Villa-Lobos e Carlos Gomes não
ficam atrás em comparação com aqueles estrangeiros. Suas obras como “O Trenzinho
Caipira” e “ O Guarani” estão em grande destaque e reconhecimento na tal ramificação
da “música séria”.
Dizia: “Empreguei a música folclórica para formar a minha
personalidade musical, mas não tenho a pretensão de trabalhar com
o folclore como um especialista no gênero. Sou demasiadamente
individualista para fazê-lo. Assimilei simplesmente a música folclórica
forjando para mim o estilo próprio e espero que assim, essa música
constitua a melhor parte de minha obra”. (SILVA, 2001, p.67, grifo
nosso).
91
polêmica.
3.2. DESENVOLVIMENTO
Vivemos numa fase aonde a música que se gosta de ouvir é muito pessoal.
Uma mesma música pode ser maravilhosa para alguns e horrorosa para outros. Como
diz o ditado popular: “gosto não se discute”.
Explica-se aos ouvintes que não é preciso saber música para
compreendê-la – basta que a julguem bela. Desse modo, cada um
sente-se com o direito e capaz de opinar sobre o valor e a execução
de música – um ponto de vista que possivelmente se aplica à
música pós – revolução, mas que de forma alguma vale para aquela
composta nos períodos anteriores. (HARNONCOURT, 1984, p. 15).
92
seu trabalho Américas e ele, o bailado Amazonas. [...] Mas a música
de Villa-Lobos, como a dos demais vanguardistas, nem sempre era
aceita. Em cada audição o imprevisto era a nota. Em 1930, Villa,
apesar de famoso nos meios artísticos, sua música era sempre um
desafio àquelas platéias conservadoras. Certa vez, num concerto em
que o violinista Raskin tocava com Villa-Lobos a Sonata Fantástica,
o Cisne Negro e a Lenda do Caboclo, a sala veio abaixo! Mais que um
sucesso, um verdadeiro triunfo! O público de pé, não cessava de
aplaudir o talentoso compositor. O reverso foi um bom quarto de
hora de vaias e tremendos assobios provocados pela execução de
um de seus maravilhosos Choros. (id., p. 98 e 99).
93
a qual a música tocada na verdade não possuía importância alguma.
(Ocasionalmente encontramos certos reflexos desta concepção nos
musicólogos atuais). O prático, ao contrário, não possuía qualquer
conhecimento teórico a respeito de música, mas sabia tocá-la. Sua
compreensão musical era instintiva; mesmo que ele nada pudesse
explicar teoricamente, mesmo que não conhecesse as relações
históricas, estava preparado para fazer a música que fosse necessária.
Como ilustração, tomemos um exemplo de linguagem: o lingüista
conhece e compreende a construção e a história da língua. O homem
de rua, o contemporâneo, não tem idéia deste tipo de coisa, e mesmo
assim fala bem esta língua e a domina convincentemente, já que
é a linguagem de sua época. Tal é a situação dos instrumentistas e
cantores durante mil anos de história ocidental; eles não sabem, mas
podem e compreendem sem saber. Havia ainda o “músico completo”,o
que era tanto teórico quanto prático. Este conhecia e entendia a
teoria, mas não a considerava como uma coisa isolada e dissociada
de uma prática auto-suficiente; ele podia compor e executar música,
no sentido de que conhecia e compreendia todas as relações. Era
mais conceituado do que o teórico e o prático, pois dominava todas
as formas dos conhecimentos e saber. Mas quem seria essa figura,
atualmente? O compositor de hoje é certamente um músico nesse
último sentido que descrevemos. Ele possui o saber teórico, conhece
as possibilidades práticas; mas falta-lhe o contato vivo com o ouvinte,
com as pessoas que têm uma imperiosa necessidade de sua música.
Sem dúvida alguma, ele carece daquele desejo vivo de uma música
nova, daquela que é precisamente feita para satisfazer esse reclamo.
Já o prático, o instrumentista, é em principio tão ignorante como
o era há vários séculos. A ele, interessa principalmente a execução,
a perfeição técnica, a ovação num concerto ou o sucesso. Não cria
música, simplesmente a toca. Como não há mais uma unidade entre
sua época e a música que toca, falta-lhe o conhecimento natural
sobre esta música, ao contrário dos músicos das épocas anteriores
que só tocavam obras de seus contemporâneos. (HARNONCOURT,
1984, p.26 e 27, grifo nosso).
94
III) Instrumentistas e cantores: classe inferior, ignorante; (BORÉM,
2007).
95
esse tipo de paradigma”.(informação verbal em aula dada por DE OLIVEIRA MARLENE.,
A Construção do Conhecimento,ES: 2005).Muitos desafiaram os métodos tradicionais.
3.3. CONCLUSÃO
96
ter mais de uma hora de duração, pois contará uma história com a participação de
solistas cantores num plano especial, orquestra e até côro. Há peças para diferentes
formações bem como para instrumentos específicos ou determinadas vozes.
Villa-Lobos aproveitou muito da convivência com os “chorões”.
Aquelas músicas que iriam se refletir, mais tarde, em suas
composições, em criações mais elaboradas, com um sabor todo
novo e bem brasileiro. As músicas que começa a compor partem do
coração de seu povo, afastando-se dos padrões rançosos dos modelos
europeus [...] Em 1906 matriculou-se na cadeira de harmonia, de
Frederico Nascimento, no Instituto Nacional de Música. Não gostou
da rigidez e nem do convencionalismo do ensino e abandonou as
aulas do instituto. Procurou o maestro Francisco Braga, por quem
tinha grande admiração, mas também não se adaptou ao ensino
do maestro. Teve aulas com Breno Niendemberg, iniciando-se nos
segredos da composição. Tempos depois o Dr. Leão Veloso lhe trazia,
da Europa um curso de composição de Vincent D’Indy. Estava feito o
seu aprendizado (SILVA, 2001, p.58, grifo nosso).
97
o novo. (id., 1984, p. 13,grifo nosso).
4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
98
em confronto. (SHIROMA ET AL, 2004, p. 8 e 9, grifo nosso)
Essa situação social é algo complexo, pois sempre há aquele grupo que leva
a sério esse tipo de atividade fazendo de tudo para que ela realmente exista, e outro
grupo que apenas aproveita a posição que ocupa para desviar os recursos impedindo
que reais necessidades sejam supridas. Com relação a esse tipo de atividade no
Brasil não basta apenas criticar esse ou aquele partido, esse ou aquele presidente,
dizer que “as coisas são assim mesmo” e assim por diante. Braços cruzados e infinitas
reclamações e críticas não mudarão a vida de crianças e cidadãos que precisam
receber os frutos das políticas públicas de caráter social! Se há apoio de governos de
acordo com o que mandam as leis, então que se trabalhe seriamente para atender
a população. Mas se não há, “mãos à obra”; há empresas privadas que investem em
projetos apresentados e patrocinam atividades que são organizadas em prol de ajudar
os menos favorecidos. Há também políticos que fazem jus a suas responsabilidades,
mesmo que em certos momentos seja necessário procurá-los. Encontrando-os,
devemos levar até os mesmos as “questões” ou projetos, idéias apresentando tudo de
forma educada, respeitosa e otimista. As mudanças só acontecem mediante a ação.
Eu confesso que não me deixo dominar pela meticulosidade. Quando
estou trabalhando não me importo que as crianças entrem pela
casa, liguem o rádio, cantem ou dancem[...] Eu tenho uma grande
fé nas crianças. Acho que delas tudo se pode esperar. Por isso é tão
essencial educá-las. É preciso dar-lhes uma educação primária com
senso estético, como iniciação para uma futura vida artística. Temos
mais necessidade de professores de senso estético do que de escolas
ou cursos de humanidades. A minha receita é o canto orfeônico. Mas
o meu canto orfeônico deveria na realidade chamar-se ‘educação
social pela música’ (SILVA, 2001, p. 123).
99
1930, esse espírito salvacionista, adaptado às condições postas
pelo primeiro governo Vargas, enfatiza a importância da ‘criação’de
cidadãos e de reprodução / modernização das ‘elites’, acrescida da
consciência cada vez mais explícita da função da escola no trato da
‘questão social’ (SHIROMA ET AL, 2004, p.17, grifo nosso).
100
avançando nos estudos de música. É necessário que nas universidades, os estudos
ali apresentados, sejam afins com esta era de atualização e globalização; que não
sejam apenas “status” para quando uma pessoa receber um diploma, mas que sejam
bem empregados com propriedade e atendendo às expectativas dos que estão nas
escolas para receberem informações de qualidade.
A arte da música na universidade é a arte do diálogo entre o ensino,
pesquisa e extensão, diálogo nas esquinas onde a performance,
composição, história e educação musical se encontram. Diálogo
onde criaturas tornam-se criadores. Diálogo entre pares. (BORÉM,
2007, grifo nosso).
101
REFERÊNCIAS
102
Educação musical
coletiva com
instrumentos de banda -
EMUCIB
Resumo Abstract
O trabalho inicia-se com uma breve The work begins with a brief discussion
discussão sobre o ensino coletivo de of the collective teaching music and the
música e o surgimento dos métodos appearance of “Da Capo” and “Da Capo
“Da Capo” e “Da Capo Criatividade” e os Criatividade” methods and the reasons
motivos pelos quais foram desenvolvidos. for which they were developed. Then
Em seguida, descreve a primeira parte describes the first part of the course
do curso “Educação Musical Coletiva “Musical Collective Education with Band
com Instrumentos de Banda”, onde Instruments”, where the initial processes
foram discutidos os processos iniciais for the formation of a group of wind and
para formação de um grupo de sopros e percussion were discussed.
percussão.
O curso foi introduzido com uma palestra sobre suas pesquisas e análises
104
na área da educação musical, sobretudo a ECIM (Educação coletiva com instrumentos
musicais) e EMuCIM (Educação musical coletiva com instrumentos musicais),
pesquisas que levaram o palestrante a desenvolver os métodos de ensino coletivo Da
Capo e Da Capo Criatividade, ambos baseados nos conceitos filosóficos atuais para
educação musical coletiva. Em seguida foram abordados aspectos didáticos inerentes
ao processo de formação inicial de um grupo de sopros e percussão e, posteriormente,
formou-se um grupo musical com os participantes do curso o qual serviu de base
para a aplicação da metodologia proposta no método Da Capo Criatividade.
Sugestões ao regente
105
Definição dos instrumentos para cada aluno
Durante o curso o Prof. Dr. Joel Barbosa sugeriu alguns passos de como
definir o instrumento de cada aluno:
106
Iniciando os estudos
O primeiro som emitido por um aluno pode não coincidir com as primeiras
notas utilizadas no método, pois ele emitirá a nota que se sentir mais confortável,
sendo isto mais frequente nos instrumentos do naipe de metais. Contudo, como a
continuidade dos exercícios e com o estímulo do professor, é natural emitir a primeira
nota a ser estudada no método.
107
2. Altura - É necessário que o professor confira a digitação observando
se a nota executada corresponde à esperada e é de suma importância
que o professor cante a nota em conjunto com os alunos antes de
cada exercício. Para que os trompistas tenham um referencial sonoro,
aconselha-se posicioná-los próximo ao naipe de saxofones alto, pois
as primeiras lições do método são similares para ambos. Geralmente
os alunos apresentam dificuldades em manter a afinação devido à
embocadura que ainda está em formação.
108
os alunos poderão realizá-los tão somente através da leitura. Entretanto, conforme
elucidado pelo palestrante, a capacidade de execução dos alunos vai muito além do
que eles aprenderam sobre notação musical. Por conseguinte, é possível diversificar
os ritmos da percussão, alternando entre a leitura e a execução intuitiva. Para auxiliar
esta prática, ao final do livro do regente (vol.1, p. 119 a 122), e de percussão (vol.1, p.
50 a 53), há exemplos de células básicas de diferentes ritmos brasileiros. Joel ressalta
que, se possível, disponha-se dessas células rítmicas para fazer exercícios com todos
os alunos da banda, usando as mãos ou revezando-os na percussão. Conhecer as
acentuações de cada ritmo contribui no processo de interpretação musical (BARBOSA,
2015).
109
escolhido. Após as apresentações, principalmente a primeira, é oportuno e relevante
que se realize uma avaliação junto aos alunos: o que eles acharam da apresentação,
como se sentiram e o que pode melhorar.
Conclusão
Referências
110
o ensino individual e/ou coletivo de instrumentos de banda: Regência, Vol. 1,
Keyboard Editora, 2010.
111
DIÁLOGO ARTÍSTICO:
Influências temáticas
entre som e imagem na
indissociável relação
de saberes no campo das
artes
FAMES - michele.musica@gmail.com
2
Resumo Abstract
Este artigo apresenta um estudo qualitativo, This article presents a qualitative study,
averiguando diferentes manifestações artísticas, investigating different artistic expressions, relations
relações e influências que envolvem artistas que and influences which involve artists who use
se utilizaram do som e da imagem no processo sound and image in the creative process. In a short
criativo. Num breve percurso histórico, foi possível historical path, it was possible to observe different
averiguar as experiências heterogêneas que experiences that were used as references to this
serviram de parâmetros na pesquisa, levando em research, considering the practices that standardize
consideração as condicionantes que padronizam and come from traditional practice of teaching
e emergem do tradicional ensino e aprendizagem music. In the music function, we can explore its
de música. Na função da música, podemos explorar essence in the inseparable relationship with other
sua essência na indissociável relação com outros artists and its works. On one side we have Jose
artistas e suas obras. De um lado temos Kandinsky, de Alencar, Marc Chagall, Viktor Hartmann; on the
José de Alencar, Marc Chagall, Viktor Hartmann; other side, Schoenberg, Carlos Gomes, Mozart and
por outro Schoenberg, Carlos Gomes, Mozart e Mussovisky. Besides, the literary research in the
Mussovisky. Ademais, a pesquisa literária na área field of Education, Arts and Music contributed to
de educação, arte e música contribuíram para um a meaningful dialogue between sound and image.
diálogo significativo entre som e imagem. Com This way, we see the importance of proposing
isso, percebemos a importância de propormos themes which makes Music talk with other kinds of
temáticas dialogando a música com outros knowledge, contributing in the process of teaching
saberes, contribuindo no processo de ensino e the contentes that entirely form the field of arts.
aprendizagem dos conteúdos que integralmente
compõem o campo das artes.
Keywords: Arts and music. Sound and Image. Tea-
Palavras-chave: Arte e música. Som e imagem. ching Process.
Processo de ensino.
Introdução
114
Gomes (2003), adverte que:
Analogamente pode pressentir-se a presença das sinestesias16
internas através do ouvido: o timbre do trompete é semelhante
a um desenho melodicamente activo, à sua tonalidade maior; o
timbre do violoncelo é semelhante a um ritmo lento, a uma melodia
melancólica, etc (GOMES, 2003, p.60).
115
dodecafonismo18. Sem a pretensão de elevar as artes visuais em detrimento aos feitos
da música, o artista plástico acreditava que as cores, as formas e as linhas, poderiam
evocar sons (GOMES, 2003, p.57). Apresentamos a seguir, algumas associações que,
de certa forma, trazem sinestesia entre o audiovisual e auditivo baseado nos aspectos
indissociáveis no universo das artes.
SOM IMAGEM
Dinâmica do som Dinâmica do gesto (profundidade do movimento e à
alteração do brilho)
Desenvolvimento Dinâmica da plástica, do quadro
melódico
Ritmo musical Velocidade de movimento e de transformação das
imagens visuais
Desenvolvimento do Desenvolvimento da cor nas artes plásticas
timbre
Mudança de tonalidade Desenvolvimento cromático da globalidade do quadro
ou dos planos de cor (durante a politonalidade)
Mudança de modos Mudança da luminosidade do quadro por (maior,
menor) inteiro
Fig. 1 (GOMES, 2003, p.59-60).
18 Técnica de composição no emprego de doze sons com o principio da não repetição das
notas musicais entre si (Schoenberg, 2004).
116
Obra Na Música No Romance
O Guarani Carlos Gomes José de Alencar
Fig. 2: Informações no anexo.
117
São múltiplas e factíveis as possibilidades, tanto para o compositor
musical quanto para os artistas em geral, que tem a disposição os recursos viáveis à
contextualização de suas criações. Consideremos “Área de Influência” (grifo nosso),
um fator inspirador para temáticas substanciais como o ‘cinema’. Nesse ambiente, a
função “coadjuvante” da música foi analisada por Miranda (2001), ao observar que:
Se na maior parte da produção cinematográfica o espectador nem
sempre dirige a sua atenção para a música, isto parece ter uma razão:
a história narrada de prevalecer. A música, dentro do ponto de vista,
geralmente é usada como um elemento que reforça o conteúdo da
imagem [...] lá está cumprindo o seu papel, sem jamais perturbar o
fluxo da narrativa (MIRANDA, 2001, p. 554).
19 Termo usado na Teoria do Cinema para se referir a todos os elementos que compõe o
universo ficcional proposto por um filme (MIRANDA, 2001, p. 554).
118
Conclusão
Referências
119
da produção artística, 2003. Disponível em: <http://www.arte.com.pt/text/filipag/
musicakandinsky.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2016.
120
set. 2011 – Curitiba (PR): DeArtes, 2011. Disponível em: < http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/
index.php/musica/article/view/27495>. Acesso em 18 de abr. 2016.
TAGG, Philip. Analysing Popular Music: theory, method and practice. Popular
Music, 2, p. 37-69, 1982.
Anexo
Edgar Hilaire Germain de Gas21, popularmente conhecido apenas por Edgar Degas, foi um
importante pintor, escultor e gravurista francês. Nasceu em 19 de julho de 1834 em Paris e faleceu,
na mesma cidade, em 27 de setembro de 1917. Fez parte do movimento artístico conhecido como
impressionismo, Realismo e do Renascimento italiano. Bailarinas - possuía uma verdadeira fixação
por bailarinas: “As pessoas me chamam de pintor das bailarinas”. Das suas 2000 obras, mais da
metade de seus óleos, pastéis e esculturas retratam as jovens bailarinas do corpo de ballet da Ópera
de Paris.
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo22 , mais conhecido como Di Cavalcanti, foi
um importante pintor, caricaturista e ilustrador brasileiro da arte moderna. Nasceu na cidade do
Rio de Janeiro, em 6 de setembro 1897. Samba - Abordou temas tipicamente brasileiros como, por
exemplo, o samba. O cenário geográfico brasileiro também foi muito retratado em suas obras como,
121
por exemplo, as praias. Desde as cores que utilizava às formas, tudo é expressão da cultura brasileira
que se aflora na sua época.
Hector Julio Páride Bernabó23, conhecido popularmente e artisticamente como Carybé, foi um
importante artista plástico (pintor, gravador, escultor, ceramista, ilustrador e desenhista) argentino,
naturalizado brasileiro. Nasceu na cidade argentina de Lanús em 7 de fevereiro de 1911 e faleceu
em Salvador (Bahia) em 2 de outubro de 1997. Berimbaus – Carybé foi tocador de pandeiro e de
berimbau, mergulhou na arte de fazer a cultura baiana singular. Reconhecia as diferenças entre os
centros de capoeira e percebia as diferenças estéticas entre os estilos de capoeira Angola e Regional.
Heitor dos Prazeres24 (1898-1966) foi um dos principais pintores do Brasil a retratar o universo do
samba e todo o ambiente do carnaval, com as mulatas e passistas. Sua obra pode ser conceituada
como arte naif, ou ingênua, caracterizada pela produção de autodidatas sem educação formal
no campo das artes. Roda de Samba - Em suas telas aparecem cenas do cotidiano carioca: as
favelas, as brigas de malandros, a roda de samba, as mulatas e outras trivialidades que, juntas, dão
autenticidade e expressão à cidade do Rio de Janeiro.
Henri Émile Benoît Matisse 25 foi um importante desenhista, escultor e pintor francês. Nasceu em
31 de dezembro de 1869 na cidade francesa de Le Cateau-Cambrésis e faleceu em 3 de novembro
de 1954 na cidade de Nice (sul da França). Foi um dos principais representantes do movimento
artístico conhecido como Fauvismo. La Danza (A Dança) - É uma pintura a óleo sobre tela, que
mede 260 cm de altura por 389 cm de largura, criada em 1910. Está exposta no Museu Hermitage
de São Petersburgo, na Rússia. É reconhecida como um ponto-chave da carreira de Matisse e
no desenvolvimento da pintura moderna, refletindo a incipiente fascinação do pintor pela arte
primitiva.
José de Alencar26 nasceu no Ceará, região nordeste do Brasil, no ano de 1829. Antes de iniciar sua
vida literária, atuou como advogado, jornalista, deputado e ministro da justiça. O Guarani - Seu
romance “O Guarani” serviu de inspiração ao músico Carlos Gomes, que compôs a ópera O Guarani.
Foi escolhido por Machado de Assis, para patrono da Cadeira nº 23, da Academia Brasileira de Letras.
Marc Chagall27 - foi pintor, ceramista e gravurista surrealista judeu russo-francês. Nasceu em
1887 e faleceu no ano de 1985. Influenciado tanto pelo Fauvismo quanto pelo Cubismo, Chagall
desenvolveu um estilo pessoal em que a imaginação dá autonomia aos objetos e personagens da
realidade, libertos da lei da gravidade e do tempo-passado. Suas telas são evocações de lembranças
de sua terra natal, personagens familiares. A Flauta Mágica – no âmbito visual, foi elaborada como
pano de cena com 23 metros, pintado por Marc Chagall para o espetáculo “A Flauta Mágica” da
versão original do compositor musical Mozart.
Pierre Auguste Renoir28 foi um importante artista plástico francês. Fez parte do impressionismo
e destacou-se por suas lindas pinturas. Nasceu em 25 de fevereiro de 1841, na cidade francesa de
Limoges. Morreu em 3 de dezembro de 1919 em Cagnes-sur-Mer (cidade no sudoeste da França).
122
Mulher que toca um violão – estilo impressionista, realizada no ano de 1896-1897. Sua dimensão
é 54,6 x 65,8 cm, feita a óleo e lona.
Viktor Hartmann29 – era um arquiteto, artista e cenógrafo que conheceu Mussorgsky através do
crítico de Vladimir Stasov em 1870. Na idade de 39 em 1873, Hartmann morreu de um aneurisma,
e Stasov ajudou a organizar uma exposição de mais de 400 obras de Hartmann no Academia de
Belas Artes em São Petersburgo, Rússia, em fevereiro e Março de 1874. Infelizmente a maioria das
fotos da exposição Hartmann hoje estão perdidas. Quadros de uma Exposição30 - obra musical
em 10 movimentos por compositor russo Modest Mussorgsky , que foi inspirado por uma visita a
uma exposição de arte. Cada um dos movimentos representa um dos desenhos ou obras de arte em
exposição. Embora originalmente composta em 1874 para o solo de piano , Pictures tornou-se mais
conhecido em forma de orquestra, nomeadamente no que providenciado pelo compositor francês
Maurice Ravel em 1922.
Pesquisa Complementar31
• Período Gótico - Época em que os vitrais das catedrais ganhavam aspectos muito mais
exuberantes (século XII) era acompanhado pela polifonia típica da música ocidental com
Léonin (1150-1210) e de Pérotin (1160-1230).
• Período Barroco - Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610) pinta em 1600 uma série
de murais para a Igreja de São Luís dos Franceses em Roma, entre espaços claros e espaços
escuros. Este dramatismo é pensado também pelo contemporâneo Claudio Monteverdi (1567-
1563), com a ópera Orfeo de 1607.
• Período Clássico – Jacques-Louis David (1748-1825) que nos mesmos anos de suas pinturas
mais geométricas, Mozart (1756-1791) escrevia, na mesma cidade de Paris, as suas sonatas para
piano de cunho mais simétrico. A comparação entre a Sonata em dó maior IK 330 de Mozart e
a tela “O juramento dos Horácios” de David.
• Período Romântico - Géricault (1791- 1824) e Delacroix (1798-1863) encontram um
paralelo evidente nas obras grandes e eloquentes de Héctor Berlioz (1803-1869). Temos o
impressionismo de Claude Monet (1840-1926) que encontra uma ressonância na arte do
compositor Claude Debussy (18621918).
• Século XX as colagens musicais de Stravinsky (1882-1971) em seu Ballet Petruschka (1911) são
contemporâneas pelos pintores Picasso (1881-1973) e Braque (1882-1963), e no final do século
é o minimalismo musical com a pintura hiperrealista. Heitor Villa Lobos (1887-1959) dedicou
seu Choro Nº 3 “Pica pau” de 1925 para a pintora Tarsila do Amaral (1886-1973). A melodia
indígena da obra com provável relação ao quadro Abaporu. A obra musical “Descobrimento
do Brasil” de Villa Lobos ser contemporâneos dos murais de Portinari (19031962) pintou na
Biblioteca do Congresso em Washington em 1941.
123
RESENHA DE LIVRO:
BREGMAN, Albert
Stanley. Auditory scene
analysis: the perceptual
organization of sound.
Cambridge: The MIT Press,
1990
Patrick do Val
FAMES - patrick_do_val@yahoo.com.br
Resumo Abstract
Esta resenha pretende mostrar um panorama This review aims to show an outlook of the
do livro Auditory scene analysis: the book “Auditory scene analysis: the perceptual
perceptual organization of sound, de Albert organization of sound”, by Albert Stanley
Stanley Bregman, uma obra de grande Bregman, a work of great importance
relevância na área de cognição musical. Entre in the music cognition area. Among the
os temas abordados, compondo o campo da topics covered, which make up the field
análise de cena auditiva, são apresentados: o of auditory scene analysis, are presented
conceito de fluxos auditivos, uma teoria da the concept of audio streams; a theory of
dissonância, preceitos de organização dos dissonance; organizational precepts of the
sons no âmbito da ecologia da percepção, sounds within the perception of ecology;
a noção de imagem auditiva, o princípio da the concept of auditory image; the principle
alocação exclusiva como um paralelo sonoro of exclusive allocation as a sound parallel
das descobertas da Gestalt no campo das of Gestalt discoveries in the visual images
imagens visuais, uma concepção de textura field; a conception of musical texture; and
musical e a apresentação da ideia de quimera presentation of auditory chimera idea. It
auditiva. Concluiu-se que a obra, enquanto concludes that the work, as a single and
um quadro teórico único e visionário das visionary theoretical framework of hearing
ciências da audição em seu tempo, faz-se uma sciences of his time, is a very important
leitura de grande relevância para interessados piece of reading for those interested in
em compreender a percepção do som com understanding the perception of sound with
aplicações na área musical. applications in music.
Palavras-chave: análise de cena auditiva,
fluxos auditivos, ecologia da percepção, Keywords: auditory scene analysis, audio
alocação exclusiva, textura musical, quimera streams, ecology of perception, exclusive
auditiva. allocation, musical texture, auditory chimera.
Albert Stanley Bregman, conhecido como Al Bregman, é um professor
e pesquisador canadense dedicado à psicologia experimental, ciência cognitiva
e psicologia Gestalt, principalmente na relação entre a organização do som e a
percepção auditiva. Ele é considerado o pai da Análise de Cena Auditiva.
Em seu livro de 1990, cujo título pode ser traduzido como “Análise de cena
auditiva: a organização da percepção sonora”, o autor debruça-se sobre os princípios
de organização dos sons no âmbito da ecologia da percepção. Ele diferencia os
conceitos de som e de fluxos auditivos, faz um paralelo entre análise da cena nos
campos visual e auditivo, expõe diversas experiências de escuta, descreve sua noção
de imagem auditiva, propõe os conceitos de alocação exclusiva, textura musical e
quimera auditiva, entre outros. Em seu quinto capítulo, ele discute as implicações
musicais de sua teoria. Sua escrita é bastante clara, embora densa, e com farta
quantidade de ilustrações e descrições de experimentos de laboratório.
126
autor: a segmentação, a integração e a segregação. Falando do primeiro tópico,
segmentação, pode-se dizer que um segmento é uma das partes que compõem um
fluxo auditivo. Vamos a alguns exemplos: na linguagem, o significado se dá através
de palavras, mas as crianças pequenas não são capazes de entender e separar os
consecutivos segmentos de sons de uma expressão, a menos que se insira um silêncio
entre cada palavra. Esse é um problema de segmentação que, ao longo do processo
de aprendizagem, em geral, resolve-se naturalmente. Além disso, ao longo da
aquisição da linguagem, faz-se necessário aprender a encadear em uma certa ordem
cada uma das palavras que compõem o discurso, o que equivale a dispor em uma
determinada sucessão de segmentos linguísticos. Ao longo de sua obra, Bregman
descreve diversos experimentos sonoros, que se valem da segmentação de fluxos
para demonstrar diferentes problemas de percepção auditiva. O autor demonstra
que o aumento da velocidade de apresentação de diversos segmentos sonoros
tende a piorar a integração do fluxo de destino pela percepção sonora, dado que o
reconhecimento de um padrão conhecido ou previsto pode ser perdido. Isso leva a
agrupamentos equivocados, o que pode causar no ouvinte a sensação de ouvir sons
que de fato não existem, mas que são somente o resultado de combinações erradas
dos componentes originais.
127
A segregação primitiva é automática, inata e fruto da evolução das
espécies. Nesse processo, os animais adquirem uma capacidade geral, involuntária,
para segregar sons. Os fluxos são espontaneamente analisados de acordo com suas
correlações e as frequências são atribuídas a um ou outro fluxo auditivo.
128
escalas, modos, tonalidades e outros dispositivos desenvolvidos sócio-historicamente
no campo da música.
129
sétima maior é percebido dissonante depende de quão integradas estão, cada uma
das duas notas, às suas respectivas vozes horizontais. A dissonância potencial de notas
não cordais é controlável ao propiciar um bom fluxo para ambas, ou seja, de uma boa
condução das vozes. Na prática, isso significa que a maioria das notas não cordais (as
antecedentes e as consequentes) mantêm uma estreita proximidade com as notas
do acorde. Notas de passagem, tons vizinhos, suspensões e antecipações estão em
conformidade com essas condições de fluxo, já apojaturas e escapadas estão menos,
segundo o raciocínio do autor. Historicamente, o aumento da dissonância musical se
dá muito mais pelo enfraquecimento da fluidez horizontal do que pelo aumento de
dissonâncias verticais.
130
A Banda de música: uma
reflexão sobre sua
história e princípios
educacionais
Resumo Abstract
Neste trabalho, buscaremos apresentar a In this work, we will seek to present the
importância das bandas de música para importance of music bands to society and
a sociedade e para o meio acadêmico. Ao academy. Tracing its historical context
traçarmos seu contexto histórico a partir da from the Brazil’s colonization, we seek to
colonização do Brasil, procuraremos entender understand the diverse uses of the bands
as variadas utilizações das bandas e sua and their importance in the student’s music
importância na aprendizagem musical dos learning through the band masters. And
alunos através dos mestres de banda. E por finally, a reflection on the methodology of
fim, uma reflexão sobre a metodologia do collective teaching in a band.
ensino coletivo em banda.
132
da mão de obra nos engenhos, mas evitava o gasto com músicos profissionais, como
descreve Binder
Entre os gastos inevitáveis estavam a compra e a manutenção de
instrumentos, fardamento e acessórios musicais - palhetas e bocais
- além do pagamento de um mestre para ensinar, arranjar e ensaiar
a música. Por um lado, o uso de escravos dispensava gastos com
a contratação de músicos profissionais, porém gerava perdas na
produtividade das fazendas, na medida em que desviava braços das
tarefas agrícolas (BINDER, 2006, p.67).
Chegada de D. João VI
32 Um flautim, uma requinta, três clarinetes (dois primeiros e um segundo), duas trompas, um
133
vida profissional, com remuneração e sem gastos com suas fardas
Pela primeira vez, os músicos militares eram remunerados pela sua
carreira de músicos. “(...) foi determinado aos músicos, que tivessem
praça assente nos regimentos, que vencessem 200 réis e o mestre 300
réis diários, com direito a pão, etapa e fardamento, (...) e quanto aos
instrumentos, tinham de os entregar quando findassem os contratos
(Russo apud Lapa, 1941:8-9).
clarim, um trombone ou serpente, um fagote, uma caixa de rufo e um bumbo, com 12 integrantes
ao total (BINDER, 2006).
134
O mestre educador
33 O mestre é um modelo (tem que ser) de músico e amigo, animador cultural e cidadão
engajado. Sua vida é um exemplo para os mais jovens. E o exemplo é sua principal ferramenta como
educador. (HIGINO apud BENEDITO, 2009, P. 45).
135
Preservação e contribuição
Estas questões são reforçadas com Alves quando aponta como a banda é
vista pela sociedade “é importante salientar que a banda de música sempre foi vista
no Brasil como uma atividade musical de entretenimento do povo” (LÉLIO, 2010 p.
15). Assim ficando a cargo de seus integrantes o investimento para sua sobrevivência.
As bandas de música civis são consideradas, pela maioria de seus
integrantes, como uma extensão familiar. Estes demonstram
verdadeira paixão, dedicando-se arduamente à manutenção destas
instituições, que são exemplos de luta e amor à música.(BENEDITO,
2009, p. 43)
136
Assim acreditamos que parcerias entre estados e municípios poderiam
colaborar para a preservação destes grupos. Relevante observar que estes
instrumentos passam por desgaste natural com o passar dos tempos. Dessa forma,
distribuições de quites de manutenções, cursos de capacitação para mestres e alunos,
auxiliariam incontestavelmente no cotidiano das corporações.
Ensino coletivo
137
despertar o interesse dos alunos através do ensino coletivo dividindo em três fases,
onde um professor pode lecionar uma classe com trinta alunos.
De um modo geral, na primeira fase o aluno exercita os princípios
básicos de produção de som,... trabalha um repertório fácil e aprende
divisões musicais simples. Na segunda fase ele aprende notas dos
outros registros, trabalha um repertório mais difícil,... E na terceira fase
há uma complementação do trabalho das fases anteriores, porem
concentrando-se em um repert6rio de formas, estilos e gêneros
mais variados, ritmicamente mais complexos, e mais exigentes das
habilidades de se tocar em conjunto (BARBOSA, 1996, p. 40).
O ensino coletivo faz com que o aluno se sinta parte de um grupo, no qual,
os que apresentam dificuldade de aprendizagem não se sintam excluídos e gerando
uma competição saudável para o desenvolvimento (BARBOSA, 1996).
Conclusão
Este breve estudo nos faz refletir como as bandas de música, sejam elas civis
ou militares, são importantes e fazem parte da história da sociedade. Estes grupos
que tanto fazem pelo ensino da música merecem e devem ser tratados como um
patrimônio. Em muito contribuem as bandas na formação social dos jovens que nela
participam ou participaram. Muitos, que nela produziram suas primeiras notas, se
tornaram profissionais e guardam com carinho e boas recordações a convivência
vivida. Sabemos das dificuldades que muitas bandas sofrem por conta do descaso
e desrespeito. Acreditamos que com a lei federal nº 11.769, de 18 de agosto de
2008, que passou a ser aplicada a partir de 2011, esta realidade possa mudar. Isso
também se confirma através de trabalhos acadêmicos e propostas de ensino que vem
sendo produzido nos últimos anos. Dessa forma esperamos que este breve estudo
possa auxiliar e instigar não só pesquisador, mas também os amantes desta arte
138
musical a compreender sua origem e ações que vêem sendo tomadas para o não
desaparecimento destes grupos.
Bibliografia
BENEDITO, Celso José Rodrigues. Tem gato na tuba, com trato do mestre.
Educação de fato e com tato nas bandas de música. A prática musical como fator
de mobilidade e inclusão social. Salvador. 2005
139
SILVA, Lélio Eduardo Alves. Musicalização através da Banda de Música
Escolar: uma proposta de metodologia de ensaio fundamentada na análise do
desenvolvimento musical dos seus integrantes e na observação da atuação dos
“mestres de banda”. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação Centro de
Letras e Artes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO. Rio de
Janeiro. 2010.
140
Errata da Revista A Tempo nº7 – 2015/2
Na página 76, primeiro parágrafo, onde está escrito “xxxxx”, leia-se “alunos da FAMES”.
Na página 83, abaixo do nome da autora do artigo, onde está escrito “Universidade
estadual paulista”, leia-se “UFSCar”.
141
Informações para publicação
1 - Os artigos e ensaios devem ter uma extensão entre 3.000 e 6.000 palavras
e as resenhas entre 2.000 a 4.000 palavras.
3.2 - O trabalho para submissão não deve conter nenhuma referência a sua
autoria, estas devem vir sinalizadas como XXXXX e, em caso de aprovação, o trabalho
retornará ao autor para que sejam inseridas tais informações.
142
por qualquer alteração sugerida. O conteúdo do material enviado é de inteira
responsabilidade do autor.
c) Citações: no corpo do texto, serão de até 03 linhas, entre aspas duplas. Fonte:
Times New Roman corpo 12. Quando as citações forem maiores do que 03 linhas, devem
ser destacadas fora do corpo do texto. Fonte: Times New Roman, corpo 10, em espaço
simples, com recuo de 4cm à esquerda. Todas as referências das citações ou menções a
outros textos (tanto nas incluídas no corpo do texto, como as que devem aparecer em
destaque) deverão ser indicadas, após a citação, com as seguintes informações, entre
parênteses: sobrenome do autor em caixa alta, vírgula, ano da publicação, abreviatura
de página e o número desta.
143
Informações para publicação
1 - Os artigos e ensaios devem ter uma extensão entre 3.000 e 6.000 palavras
e as resenhas entre 2.000 a 4.000 palavras.
3.2 - O trabalho para submissão não deve conter nenhuma referência a sua
autoria, estas devem vir sinalizadas como XXXXX e, em caso de aprovação, o trabalho
retornará ao autor para que sejam inseridas tais informações.
144
por qualquer alteração sugerida. O conteúdo do material enviado é de inteira
responsabilidade do autor.
c) Citações: no corpo do texto, serão de até 03 linhas, entre aspas duplas. Fonte:
Times New Roman corpo 12. Quando as citações forem maiores do que 03 linhas, devem
ser destacadas fora do corpo do texto. Fonte: Times New Roman, corpo 10, em espaço
simples, com recuo de 4cm à esquerda. Todas as referências das citações ou menções a
outros textos (tanto nas incluídas no corpo do texto, como as que devem aparecer em
destaque) deverão ser indicadas, após a citação, com as seguintes informações, entre
parênteses: sobrenome do autor em caixa alta, vírgula, ano da publicação, abreviatura
de página e o número desta.
145
somente as obras consultadas diretamente nas Referências.
Exemplos de referências:
Artigo de periódico:
Livros:
GREEN, Barry. The inner game of music. New York: Doubleday, 1986.
Capítulos de livros:
DUARTE, Mônica de Almeida. Por uma análise retórica dos sentidos da música
na escola. 2004. 265 f. Tese (Doutorado em Educação Escolar) – Faculdade de Educação
Escolar) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.
146
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