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AULA 11 – INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO DE SANTO

AGOSTINHO – VISÃO DE MUNDO


Laudáte Dóminum omnes gentes: laudáte eum omnes pópuli: quoniam
confirmáta est super nos misericórdia eius; et véritas Dómini manet in
aetérnum.
Glória Patri, et Fílio, et Spirítui Sancto. Sicut erat in princípio, et
nunc, et semper, et in sáecula saeculórum.
Ámen.

1. O universo

Ao tratar deste assunto, Santo Agostinho parte da certeza de que Deus é o único Criador
de todas as coisas. Para tanto, ele tem especial atenção ao livro do Gênesis e escreve
comentários sobre ele. Esta preocupação com a criação possui alguns motivos, como, por
exemplo, o fato de os maniqueus terem uma leitura própria do Livro Sagrado e procurarem
mostrar que a maneira da Igreja de interpretá-Lo estaria errada, e, no fundo, o próprio texto
teria problemas.
Evidentemente, Agostinho tentar mostrar o contrário. O Gênesis, de fato, corretamente
analisado, diz que o mundo é uma realidade criada. E se é uma realidade criada por um Deus
que é o Sumo Bem, há algumas implicações que no pensamento do Santo de Hipona serão
muito fortes.
Deus, de fato, é Aquele que cria o Céu e a terra, que para o Santo, representariam a
totalidade da criação, sendo tanto coisas corpóreas quanto as espirituais. E se o Criador, de fato,
é sumamente Bom, todo a Sua criação é necessariamente boa. Não existe, portanto, nada que
seja intrinsecamente mal, isto é, simplesmente por existirem, as coisas são boas.

2. O Criador e as coisas criadas

Ao olhar para a realidade, percebe-se que necessariamente há um Criador e que as coisas


criadas não têm em si mesmas a sua razão de ser. Quando o Gênesis diz que Deus criou o Céu,
a terra, os animais etc., para Agostinho, isto é um fato inquestionável, pois tudo o que existe foi
criado. E se, de fato, as coisas foram criadas, é porque foram feitas por alguém, isto é, não
possuem em si mesmas as causas de si próprias, mas foram chamadas à existência por um outro
Ser. E se esse Ser é Deus, que é o princípio de todas as coisas e o Sumo Bem, então essas
criaturas são também portadoras de bondade e de beleza.
Outra grande característica a ser considerada, além disso do fato da Criação ter sido feita
por Deus, é a mutabilidade que permeia a realidade criada. E esta, com todas as suas limitações,
mostra que as criaturas não possuem a razão de ser em si mesmas. A própria realidade criatural,
pois, aponta para a existência do Criador: a bondade e a beleza que são vistas nas criaturas não
vêm delas mesmas.
No Livro X das Confissões, Agostinho olha para o mundo e interroga as coisas, ato este
fundamental, pois pressupõe a postura investigativa e de análise. Não se pode apenas
contemplar a beleza das criaturas, mas é necessário interrogar sobre esta estrutura e sobre o
fundamento desta beleza. E, ao fazer isto, na medida em que o homem apreende as criaturas,
não só pelos sentidos, mas pelo intelecto, percebe que elas não são o que ele realmente procura,
e isto é dito para Agostinho por elas mesmas, que o direcionam para o próprio Criador: o
fundamento último, e a causa da bondade e beleza delas são estão nelas mesmas, justamente
por causa da mutabilidade inserida na natureza de cada uma.
Portanto, o mundo e as coisas que existem não são obra do acaso, mas de Deus, que por
amor chamou todas as coisas à existência. A criação em geral, desta maneira, é expressão da
Sabedoria de Deus. Mas, ao mesmo tempo, o ato de criar é exclusivo de Deus, porque pressupõe
a passagem do não-ser ao ser, ou seja, chamar à existência algo que nunca existiu, que é a
demonstração do poder onipotente do Criador. Nenhum homem ou anjo, tem, evidentemente,
condições de fazer isso, senão somente o Deus Todo-poderoso, Sábio e Bondoso.
Se é assim, o mundo não é eterno, ou seja, não existiu desde todo o sempre. Quando
colocavam tal questão, muito comum ao Santo, surgia outra: o que Deus fazia antes de criar o
Céu e a terra? Sabe-se que Agostinho dava duas respostas: na primeira, diz que alguns dizem
que Deus estava preparando o inferno para quem faz esse tipo de pergunta; na segunda, diz que
essa pergunta não tem sentido, pois estaria introduzindo na realidade divina duas categorias
profundamente temporais, o antes e o depois. A pergunta, portanto, não tem resposta porque
carece de sentido e de fundamento. Deus simplesmente é o que Ele É desde todo o sempre, isto
é, Eterno, e a realidade criada, por outro lado, é temporal.
Sendo assim, Deus criou livremente porque quis, por amor e por bondade. E não só criou
todas as coisas corpóreas e espirituais, mas o próprio tempo, que também é uma criatura: Deus
criou o tempo e, concomitantemente, todas as outras coisas. É por isso que, além da
mutabilidade, outra grande característica da criatura é também a temporalidade.
Deus criou sem a ajuda de nada. Ele, de fato, sendo Todo-poderoso, não precisou de
nenhum auxílio, isto é, a Trindade Santa, não necessitou de nenhum suporte para criar todas as
coisas. Pode-se perguntar como Ele fez isso: como Ele chamou todas as coisas à existência?
Para responder isso, verifica-se mais uma vez a tradição platônica e a adaptação feita por
Agostinho: Deus criou todas as coisas, sendo um Ser Eterno, Infinito, Pleno, sem mudança e
temporalidade, Ilimitado, Imutável, segundo as razões eternas que estariam na Sua mente.
Nesta, encontra-se, pois, o que Santo chama de ideias ou formas.
Estas, evidentemente, são o próprio Deus, o que difere do platonismo, que concebia o
mundo inteligível, sendo o divino outra coisa. A partir das razões eternas, portanto, Deus criou
todas as coisas que existem, corporais e espirituais, e chamou à existência cada criatura em sua
particularidade.
E isto pressupõe uma maneira muito peculiar de interpretar o livro do Gênesis. Para
combater os maniqueus e mostrar que a doutrina deles estava equivocada, por exemplo, levanta-
se Santo Agostinho para extirpar o erro deles, como a ideia de que a origem do mal estava na
matéria: se assim fosse, ou Deus seria mal ou não teria criado a matéria, mas apenas realidades
espirituais. Agostinho, pois, contrapõe-se a esta perspectiva maniqueísta, assim como também
à ideia de que poderia existir um Deus bom e outro mal.
Portanto, na sua leitura da narrativa da Criação, aparece nela o fato de que todo o mundo
criado teria sido criado por Deus simultaneamente. Para explicitar um pouco mais as
dificuldades que surgiram em torno desta interpretação, o Santo cria a teoria das razões
seminais, pois desde a Antiguidade já o questionavam dizendo que se Deus criou todas as coisas
ao mesmo tempo, tudo teria que ter aparecido no mesmo instante.
Agostinho diz que não. A sua teoria sobre a criação simultânea e instantânea de todas as
coisas não implica no estado de organização das coisas no mesmo momento, pois ele faz uma
fundamental distinção: uma coisa é criar, que é fazer a passagem do não-ser ao ser, que é quando
Deus cria a matéria a partir do nada; e outra é a formação, que é a forma dada à matéria criada.
Por isso, segundo o autor, dizer que Deus criou todas as coisas simultaneamente não significa
que Ele manifestou a plenitude das formas no mesmo instante. A formação, pois, deve ser vista,
segundo Agostinho, como um processo sucessivo, assim como aparece no Livro do Gênesis.
Sendo assim, Deus teria realizado uma dupla ação – criação e formação – e para explicá-
la, o Santo aprofunda a teoria das razões seminais. Qual seria a natureza destas?

3. Razões seminais

Para Agostinho, falar em razões seminais seria falar sobre os elementos constitutivos
primitivos do mundo, como se fossem forças ou energias dadas por Deus no início da Criação,
a fim de que se realizasse o que Ele, de fato, pensou, produziu e chamou à existência, que
poderia ser naquele determinado momento ou em outro, de uma maneira ou de outra. Deus,
pois, é o Criador de todas as coisas, criadas ao mesmo tempo, mas isto não significa que elas
apareceram no mesmo instante e da mesma forma, e não nega que elas possam se desenvolver.
Além disso, o Santo mostra que a dimensão teleológica também está presente: as coisas
buscam determinado fim, que é Deus. O Criador, pois, é o princípio de todas as coisas, mas
também a causa final de tudo – Alfa e Ômega; é de onde tudo vem, e para onde tudo volta. É
por isso que será encontrado no pensamento agostiniano um otimismo metafísico muito grande,
pois olhar para a realidade criada e dizer que ela existe, já implica dizer que ela é bela e boa.
Tudo o que existe, pelo simples fato de existir, é bom e belo porque Deus, sendo Criador de
todas as coisas, fez tudo com medida, modo, forma e com ordem.
Se existem grandes bens dentre os bens criados, ou seja, se existem graus de perfeição, é
porque, a partir destes predicados ou atributos metafísicos, que são constitutivos, pois todos os
seres têm modo, forma e ordem, alguns possuem um grau de excelência maior. E os bens que
são considerados inferiores são assim não porque não possuem forma, ordem e medida, mas
porque possuem estes atributos metafísicos em um grau menor. E Deus, pois, é a suprema
medida – suprema forma, unidade, ordem – que é o fundamento último de todas as coisas.
Considerando isso, como, de fato, existe um vínculo entre o Criador e a criatura, a estrutura
e o modo de ser desta última – que não explica a si mesma – remete ao Primeiro. Sendo assim,
a visão maniqueísta, que mostra que o corpo está ligado à corrupção e que a matéria é a origem
do mal foi rejeitada por Santo Agostinho, que diz que tudo o que Deus criou é bom e belo
porque participa do próprio Ser de Deus e é sustentado por Ele. É por isto que quando se
interroga as criaturas, elas, de certa maneira, apontam para o fundamento último do próprio ser,
que é Deus.

4. Desfecho

Esta, pois, é a visão de mundo de Agostinho. Na próxima exposição será apresentado como
o Santo enxerga o ser humano, uma criatura peculiar e a mais nobre de todas as outras.
Quem é Deus?
Perguntei-o à terra e disse-me: “Eu não sou”. E tudo o que nela
existe me respondeu o mesmo. Interroguei o mar, os abismos e os
répteis animados e vivos, responderam-me: “Não somos o teu Deus;
busca-o acima de nós”. Perguntei aos ventos que sopram; e o ar, com
os seus habitantes, respondeu-me: “Anaximenes está enganado; eu
não sou o seu Deus”. Interroguei o céu, o sol, a lua, as estrelas e
disseram-me: “Nós também não somos o Deu que procuras”. Disse a
todos os seres que me rodeiam as portas da carne: “Já que não sois o
meu Deus, falai-me do meu Deus, dizei-me ao menos, alguma coisa
d’Ele”. E exclamaram com alarido: “Foi Ele quem nos criou”.
Santo Agostinho (Confissões)

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