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A convivência na Escola, como em qualquer outra organização social demanda não so, o
conhecimento de um conjunto de documentos normativos, como também a sua aplicação
contextualizada, para isso tanto gestores e professores devem assumir desde logo uma postura
de aprendizagem colaborativa e por descoberta é mister no dia-a-dia da escola. Esta pesquisa
descritiva-explicativa quanto aos objectivos, pelo que traz uma reflexão em torno do nível dos
estudos normativos nas escolas, suas repercussões no actual contexto em que aos professores
(protagonistas da revolução social), são chamados, não apenas a transformar alunos em
ferramentas para o mercado, mas também transformando-os em sujeitos da História. Para
suportar as conclusões desta pesquisa quantitativa, inquirimos a uma amostra aleatória de 25
professores (5 gestores e 20 professores sem função de gestão) a nível de 11 escolas (onde a
experiencia destes varia de 2 a 14 anos). Assim sendo esta pesquisa do campo, com auxílio de
fontes bibliográficas, fazemos jus a cultura jurídica nas escolas, particularmente no Distrito de
Ile. Em função das constatações, podemos afirmar que, tem faltado alguma acção na direcção
dos estudos normativos a nível das escolas, minando a gestão democrática destas e implantando
um ambiente de acomodação, submissão e dominação.
INTRODUÇÃO
E como não podia deixar de ser, uma amostra de 25 professores (5 deles gestores de
escolas), vai dar substância as nossas conclusões, através de um breve inquérito
1
Licenciado em Ensino de Língua Portuguesa pela Universidade Católica de Moçambique/Centro de Ensino à
Distancia de Gurue.e Mestrando em Psicopedagogia
O professor que ensina as cegas, torna-se escravo no seu ofício!
Assim, muito para além dos gestores, que quase sempre pela sua posição política na
escola, enfrentam o dilema de impressionar àqueles que os confiaram, têm igualmente a
dura missão de disseminar 1º um ambiente onde os seus colaboradores podem construir
suas convicções num ambiente de liberdade (disposição dos mais variados instrumentos
legais) e 2º cabe a estes colaboradores (os professores), o espírito da convivência
jurídica, pelo que é esta que oferece o amparo legal de uma posição revolucionaria no
contexto educativo, e 3º envolver a comunidade a quem esta mesma escola deve servir.
A este respeito Boschetti (2016), salienta que a tendência de gestão democrática nas
escolas reveste-se da necessidade das transformações sociais, onde os seus gestores e
colaboradores (professores) não devem encarar como mero processo burocrático do
Estado, mas como uma conquista da comunidade, pelo que os primeiros devem agir e
procurar mudar as suas mentalidades e da dos demais.
A escola é o resultado da acção dos seus diferentes actores (gestores, professores, pais,
alunos, a comunidade), coabitantes de um mesmo ambiente social, onde entrecruzam
vários tipos de relacionamentos que transcendem o simples acto de ensinar (Novoa,
1992).
Esta dimensão pedagógica, alcança-se com professores preparados, não apenas a nível
técnico e profissional, como também científica, que o habilita de estimular as mentes
dos alunos com estabelecimento de pontes entre as condições reais do mundo e as
matérias pedagógicas nas suas aulas.
a) Leccionação
Desta forma a seu dispor, os professores para a leccionação contam com os programas
de ensino, que norteia os conteúdos programáticos (temáticas, objectivos, carga horária,
possíveis orientações pedagógicas), e um manancial de livros didácticos. Tudo isto por
si só, não basta para a satisfação da tripla responsabilidade: mediação dos conteúdos
b) Normalização
Com este acervo bibliográfico normativo, que a princípio devia estar nas escolas e
sempre a disposição dos professores, estaríamos sem dúvidas diante de uma classe
ciente da sua missão na escola e um colaborador activo na construção de um ambiente
democrático.
Essa democratização alcança-se sobretudo com uma liderança clarificada que o papel de
administrar a escola não cabe apenas a si, mas sim a todos (professores, funcionários,
alunos, pais/encarregados de educação), dando-lhes oportunidade de conhecerem os
dispositivos legais que guiam a sua vida profissional (Boschetti, 2016).
Espera-se que esta prática de convivência normativa nas escolas, vai ganhando corpo a
medida em que o Sector da Educação assume-se sindicalizado desde o seu 4º Congresso
3
Lie n.º 10/2017 de 1 de Agosto: Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
4
Decreto n.º 30/2001 de 15 de Outubro: Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Publica.
5
Decreto n.º 5/2018 de 26 de Fevereiro: Regulamento do Estatuto dos Funcionários e Agentes do Estado
O professor que ensina as cegas, torna-se escravo no seu ofício!
A Sindicalização da Educação
O novo desafio dos professores na actualidade não é apenas conhecer situação holística
da educação em Moçambique, é também estar dotado de ferramentas que o permitam
constatar as malévolas sociais, e agir como sujeito histórico.
Este agir não pode em momento algum, ser confundido como uma posição reaccionária
do professor diante do status quo opressor que se busca manter a nível da gestão de
algumas escolas, mas antes sim, uma atitude revolucionaria deste na busca permanente
pelo domínio, técnico, normativo e científico do seu exercício profissional, que
demanda sempre a formação de gerações.
Se então temos o professor imerso na acomodação, aquele que devia ser o líder
revolucionário no meio em que se encontra, precisaríamos de uma outra instancia que
intermediasse o seu despertar de conscientização humanizadora (que logicamente, não
viria apenas do Governo), mas também de uma ONP/SNPM 9 verdadeiramente
sindicalizada, comprometida com a dignidade profissional e social do professor,
conscientização e liberdade académica.
6
Regulamento Interno da Escola
7
Plano Curricular do Ensino Básico
8
Regulamento Geral de avaliação
9
Organização Nacional dos Professores/Sindicato Nacional dos Professores Moçambicanos
O professor que ensina as cegas, torna-se escravo no seu ofício!
“ (…) o professor primário é investido duma expectativa de poder social e cultural que
objectivamente não possui (
10
Zona de Influencia Pedagógica
O professor que ensina as cegas, torna-se escravo no seu ofício!
16 0.75
14
0.6 0.6
12
10 0.5 0.5 0.5
O cenário acima descrito, é referido por Gadotti (1988) citado em Boschetti (2016),
como sendo próprio do sistema gestão escolar fechado, estático e estreito condenado ao
consenso, a adaptação, a ordem e a hierarquia, o que contrasta com o ideal
contemporâneo de uma gestão escolar dinâmica, que presa a contradição, a mudança, o
conflito e a autonomia. O outro facto não menos importante, tinha que ver com a
dificuldade de preenchimento pontual dos inquiridos, notando-se
remarcações/prolongamentos ou até consultas externas para o preenchimento do
mesmo, reflectindo fraca convivência com as normas/leis que regulam a sua vida
profissional.
1 1
0.8 0.8 0.8
5 0.4 0.4 5
4 4 4
0.2 0.2 0.2 0 2 2 0.2
1 1 1 1
Um sinal animador pode-se ter, com o facto das relações liderança e colaboradores ser
classificada como sendo boa em 80%, pelo que um dos elementos para a gestão
democrática descrito por Luck (2009) citado em Boschetti (2016), um ambiente onde
todos os colaboradores (professores e outros funcionários) estejam engajados nas suas
responsabilidades.
Esta realidade, tem sido fomentada pelas interpretações inflamadas do n.º 1 do artigo 20
os gestores de escola são nomeados em comissão de serviço a título de confiança,
banalizando sobremaneira o ideal de gestão democrática, que muito exige dos seus
titulares mudança de mentalidade e acções imparciais, abertas e envolventes (Boschetti,
2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o século XVI com o advento da Escola, pelas mãos da Burguesia, esta sempre
esteve a serviço das classes sociais dominantes (as que governam), perpetuando o status
quo da dominação (desigualdades socioeconómicas entre os homens). Apesar das
mudanças sociais e do papel da escola, ainda subsiste o velho problema da opressão.
Embora muito tenha sido feito até ao presente século (cartas, convenções, leis, e outras
acções normativas), que procuram implantar uma educação inclusiva e de qualidade nas
escolas públicas, ainda a muita que se faça tanto da formação qualitativa dos
professores, disposição de condições condignas de aprendizagem e uma liderança
escolar dinâmica, progressista e visionaria.
A Sindicalização da ONP, deve ser vista como uma mais-valia na acessória jurídica da
vida dos professores e não só, na promoção de simpósios em matéria normativa diversa
a nível das ZIPs. A Repartição da Função Publica, dos Governos Distritais, deve
O professor que ensina as cegas, torna-se escravo no seu ofício!
A mudança de mentalidade deve não somente chegar aos gestores de escola, mas a
todos os intervenientes no processo educativo (professores, funcionários, pais e alunos),
sem dúvida com elevada dose aos professores, a quem lhes foi incumbida a missão de
mediação, conscientização e mudanças comportamentais dos seus alunos e da sociedade
em geral.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Bueno, A.M. de Oliveira & Pereira, E.K. Onofre (2013). Educação, Escola e
Didáctica: uma análise dos conceitos das alunas do curso de pedagogia do 3º
ano. II Jornada de Didáctica, Universidade Estadual de Londrina, Brasil.
2. Boschetti, V. R. (2016). Gestão escolar democrática: desafios e perspectivas.
Universidade de Sorocaba Revista n.º1, vol.10, Brasil. Disponível em
http://dx.doi.org/10.5902/2318133822257. Acesso 10 de Novembro 2019.
3. Freire, Paulo (1987). Pedagogia do oprimido. (17ª ed.), São Paulo: Editora Paz e
Terra S/A.
4. MINED (1998). Estudo sobre o estatuto do professor do ensino primário em
Moçambique. Maputo.
5. MINEDH (2017). Estudo holístico da situação do professor em Moçambique.
Maputo.
6. -------- (S/D). A escola como objecto de estudo. Disponível em PUC-Rio-
Certificação digital n.º 0710362/CA.