Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
DOS CÃES:
OS SINAIS DE CALMA
TURID RUGAAS
Traduzido por:
Alexandra Costa de Souza
Este livro é a tradução da obra
On Talking Terms With Dogs: Calm Signals
Autora Turid Rugaas
ISBN: 978-84-937456-6-0
Depósito Legal: C 2410-2011
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, texto
ou ilustrações, e não pode ser transmitida por meios eletrónicos, nem mecânicos, sem
a autorização, por escrito, da autora, à exceção de breves transcrições para comentar
a obra.
A minha eterna gratidão e amor para VESLA,
por ter iniciado tudo isto, por ser ela mesma.
Índice
Epílogo .................................................................................... 61
Bibliografia .............................................................................. 62
Agradecimentos . ..................................................................... 63
9
Apresentação
(edição espanhola)
A história de Vesla
O enorme Pastor de Brie fez um violento ataque a rosnar e a ladrar.
Dirigiu-se a toda a velocidade para a pequena Elkhound, que parou, ficou
imóvel e voltou a cabeça para o lado. O cão parou, perplexo, desconcer-
tado, apenas a poucos passos da Elkhound, como se não soubesse o que
fazer. Então procurou numa direção e noutra uma atividade alternativa,
farejando ligeiramente o chão, distraidamente e, finalmente, voltou ao
ponto de partida.
Obrigada Vesla por tudo aquilo que me ensinaste. Mudaste a minha vida.
13
Pedi a Turid que o escrevesse, mas como muitos dos entusiastas dos cães,
ela estava demasiado ocupada, dedicando-se ao tema, para escrever sobre
o assunto. Os capítulos que seguidamente apresentamos representam
uma tradução direta dos conceitos, em norueguês, de Turid. Os termos e
as expressões foram mantidas, sem tentar alterar a sintaxe para acomodar
as regras gramaticais. Esta é uma decisão intencional da minha parte, com
a aprovação de Turid. Frequentemente, quando tentamos expressarmo-
-nos numa língua diferente da nossa, constatamos que não existe uma
palavra adequada para a ideia que desejamos transmitir. Libertemo-nos da
linguagem estabelecida e das barreiras impostas pelo idioma.
Terry Ryan
1 «Frying pan» (frigideira): no original, para fazer referência à utilização do castigo e da força
utilizados nalgumas técnicas de treino tradicionais.
2 «Contact training»: o treino realizado recorrendo ao reforço positivo, ao treino positivo.
17
Capítulo I
Os sinais de calma
A apólice de seguro de vida
Nas obras sobre o comportamento dos lobos encontramos a sua lingua-
gem, as suas expressões corporais definidas como sinais para apaziguar
os ânimos («cutoff»1), pois os investigadores constatavam como estes eram
utilizados para mitigar ou impedir a agressão dos outros lobos. Estes si-
nais foram descritos, em diversas ocasiões, ao longo dos anos e são bem
conhecidos. As mesmas pessoas que observaram e descreveram estes
sinais parecem considerar que os cães são desprovidos desta capacidade
de apaziguar a agressão dos seus pares (Michael Fox: Behaviour of wol-
ves, dogs and related Canis) e estão verdadeiramente enganados! Os cães
possuem as mesmas capacidades e as mesmas regras sociais que os lobos
para evitar conflitos. É possível que seja difícil às pessoas aperceberem-se
disto, porque, nos lobos, o comportamento é muito mais intenso, dadas
as características do seu habitat e as suas condições de vida. Os cães, que
são lobos domesticados, são mais subtis e delicados nas suas expressões
e utilizam, por assim dizer, «uma letra mais pequena». Normalmente, os
cães não correm o mesmo perigo que os lobos, por isso não precisam de
falar entre si com letra maiúscula (para engrandecer os seus gestos).
A resolução de conflitos
Os cães que têm a possibilidade de desenvolver competências de comuni-
cação com os outros cães e que por esta razão não tenham ainda perdido
estes sinais, comunicarão entre eles e nunca terão conflitos ou disputas
com outros cães. Os lobos e os cães tentam evitar confrontos. São animais
que resolvem disputas. Somos nós, os humanos, que, normalmente, cria-
mos os conflitos com os nossos cães.
Assim, deveriam observar os sinais de calma, quais são, como são utiliza-
dos e aprender a entender melhor o vosso cão para que possam ser um
melhor líder para ele, e tudo isto vos ajudará no treino e no adestramento.
Aposto que esta nova competência enriquecerá a vossa vida tal como
enriqueceu a minha.
Quando Vesla, a cadela vadia (tenho de dizer já que o seu nome significa
“A Pequenita”) me ensinou que era possível aprender a linguagem, quis
saber se outras pessoas poderiam ajudar os cães a melhorar a sua lingua-
gem e como é que isto funcionaria.
Com o meu colega, Ståle Ødegaard, comecei um projecto que levou ano
e meio a ser concluído. Durante este período de tempo treinámos cães, ob-
servámo-los, tirámos fotografias, fizemos diapositivos, vídeos e guardámos
uma grande quantidade de informação e de conhecimentos (aprendemos
muito). Quando terminou este período sentia-me confiante que entendia
como funcionavam. O que tinha reunido deu-me forças para trabalhar
com convicção e foi então que iniciei o trabalho de reabilitação dos cães.
ainda meio a dormir e dizes ao teu cão que te deixe em paz com um tom
de voz um pouco irritado. O cão vira a cabeça para o lado contrário do
sítio onde te encontras e lambe o nariz, num movimento rápido. Terminas
a tua higiene pessoal e acabas de te vestir e encaminhas-te para a porta.
O cão está feliz por ir à rua e está agitado e excitado à tua volta. Dás-lhe a
ordem: Senta. O tom de voz em que lhe dás a ordem faz com que o teu
cão boceje antes de se sentar. Saem para a rua, o cão puxa um pouco a
trela e tu dás um puxão (corrigindo-o), então o cão volta-se e dá-te as cos-
tas e põe o nariz no chão. No parque vais soltá-lo durante uns minutos e
olhas para o relógio. Está na hora de irem embora. Começas a chamá-lo.
Imaginem, apenas por um momento, que podiam viajar pelo mundo fora
e onde quer que fossem podiam falar, comunicar, na vossa própria língua,
porque todos os outros a falavam (a mesma língua universal). Seria extra-
ordinário, maravilhoso. Estive nos EUA, no Japão, em Inglaterra e noutros
países e pude constatá-lo, com os meus próprios olhos. Os cães falam a
mesma linguagem no mundo inteiro.
Os cães e os lobos têm um instinto muito forte para evitar conflitos, para
comunicarem e cooperarem.