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Ao acompanhar o encontro # futuro na cultura2 durante duas tardes assisti variados painéis,
conversei com pessoas imbuídas em transformar o mundo a partir de ações afirmativas de
identidade e mudanças de atitude. No quesito tecnologia, experimentei as vertigens e as
maravilhas da “realidade virtual”. E muito mais.
Soube que a fala de abertura de Marcelo Tass criou um ambiente muito estimulante com seus
relatos sobre inovação tecnológica e mudanças comportamentais, pontuadas por fatos de sua
própria trajetória. Assisti a pequenos colóquios em que artistas e ativistas contavam sobre
desafios e suas lutas pessoais e conquistas alcançadas por meio de coletivos e redes solidárias
transformadoras.
1. Em uma das falas no auditório sobre Educação e Futuro, um dos participantes, todos
muito solidários e sinceros, pois parece ser essa a ética da nova economia, trouxe a
notícia de que em recente colóquio de cientistas reunidos no Silicon Valley na
Califórnia, Estados Unidos, onde ele esteve há pouco tempo, previu que até 2035 se
dará a conexão de circuitos telemáticos e eletrônicos com o córtex cerebral. A seguir,
comentou com alguns dados positivos, que até lá mudanças significativas continuarão
a impactar o modo de produção e de vida em todo o mundo com uma nova abertura
de oportunidades para todos. O consenso nessa mesa firmou-se sobre a importância
de uma nova cultura educacional para o país.
NOTA: O número de computadores por aluno na rede pública brasileira vem progredindo
desde 2008, quando havia um computador para cada 96 matriculados, somente 27,7% das
escolas tinham acesso à internet e, entre estas, apenas 17,7% contavam com banda larga.
Hoje, apesar da melhora, as taxas ainda estão longe do ideal: 48% das unidades públicas ainda
não têm computadores para uso discente; 50,3% têm acesso à internet e há um computador
para cada 34 alunos. “(Todos pela Educação, 2017)
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Texto-relato, como dito, impressionista. Uma impressão de “dúvida” àquilo que se quer alvissareiro.
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10 e 11 de agosto de 2018. Memorial da América Latina-SP. Importante iniciativa da Secretaria Estadual de
Cultura.
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NOTA: O total de pessoas encarceradas no Brasil chegou a 726.712 em junho de 2016. Cerca
de 40% dos presos são provisórios, ou seja, ainda não têm condenação judicial. Mais da
metade dessa população é de jovens de 18 a 29 anos e 64% são negros. É a terceira maior
população carcerária do mundo. Os dados são do Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias, divulgado em dezembro de 2017, pelo Departamento Penitenciário Nacional,
do Ministério da Justiça.
3. Na roda dos roqueiros dos anos 80, todos lamentavam com vigor a falta de prestígio,
de palcos, de apoio, pareciam cansados demais para agitar o rock'n'roll futurista. Já os
artistas étnicos, e também os artesãos que criam a partir da reciclagem de lixo e
material descartável demonstravam à frente de pequenas bancas, obras, suas técnicas
e peças mais originais que podiam fazer com o rejeito industrial. O entusiasmo que
aparentavam talvez fosse fruto da oportunidade de estar em evidência muito mais do
que as condições reais de suas vidas.
NOTA: Em São Paulo, uma parcela das 13,2 milhões de pessoas que estão desempregadas no
país, segundo os últimos dados do IBGE, pode ser vista circulando diariamente ao longo de
quatro ruas localizadas no bairro da Lapa, na zona oeste da capital paulista que concentram
cerca de 20 agências de empregos para quem busca uma reinserção no mercado de trabalho.
NOTA: O maior deslocamento forçado de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial exprime
uma complexidade de fatores estruturantes que têm como base a lógica capitalista
desproporcional ao desenvolvimento humano, que se dispersa pelo mundo. Como afirma a
escritora e jornalista canadense Naomi Klein “[...] a crise de refugiados, as medidas de
austeridade na Grécia e “a degradação do sistema planetário do qual toda a vida depende”
estão todos interligados. “As mesmas forças, a mesma lógica, estão por trás de todos esses
atentados contra a vida” [...] é uma “ideologia tóxica do fundamentalismo de mercado”.
(Pensamento expresso pela autora em uma palestra no Festival of Dangerous Ideas, na
Austrália em 2015. Disponível em: http://ecowatch.com/2015/09/08/naomi-klein-climate-
refugees/
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planejar o espaço público para a comunidade. Este é um projeto desenvolvido pela
União dos Moradores Favela Jardim Colombo e apoiado pelo São Paulo Media Lab.
6. Em meio à rotina caótica das grandes cidades, refletir sobre novos rumos para o
desenvolvimento urbano passa a ser uma prioridade. A ideia do [ + ] Lambecidade é
contar a história dos bairros da cidade de São Paulo por meio de cartazes serigráficos
(ou impressos em offset) com o objetivo de sensibilizar as pessoas para o
conhecimento, a preservação e a valorização do patrimônio histórico, artístico e
cultural da cidade. Aliada à arte, esta discussão ganha em criatividade e leveza. É nesse
contexto que nasceu o [ + ] Lambecidade, projeto criado pelo designer gráfico Daniel
Varella através do 334, coletivo de artistas e profissionais que têm em comum a
vontade de pensar e transformar a cidade de São Paulo de forma criativa e
colaborativa.
7. No centro da cidade de São Paulo – exatamente na rua do Ouvidor, número 63 – está
um centro cultural artístico, onde residem artistas de diferentes origens, culturas e
estilos. Em cada um dos 13 andares da Ocupa Ouvidor 63, pequenos espaços mostram
pinturas, esculturas, colagens e cortinas de Cd’s atraem quem sobe pela escada. Mas o
prédio também respira política. Os residentes da ocupação possuem seus próprios
ateliês, galerias, exposições e até oficinas, mas também são responsáveis pela
manutenção do prédio, pelas reuniões e pelo diálogo com todos que habitam aquele
espaço. Atualmente, a ocupação enfrenta um processo na defensoria pública. Erica,
conta numa roda que é uma das responsáveis pelo Brechó 63, que como o nome já
diz, se trata de um brechó dentro da ocupação, com roupas que são produzidas a
partir de materiais descartados por grandes empresas na rua, e comercializados por
um preço simbólico. Assim como Erica Karabina, todos os artistas que ali residem
podem perder aquele espaço, ou, se conseguirem o apoio da Prefeitura, podem
transformar a ocupação num centro cultural artístico reconhecido pelo poder público.
Por se tratar de uma ocupação, o governo, obviamente, não fornece nenhum apoio
para a revitalização do prédio, ou seja, tudo funciona por colaborações (tanto dos
residentes, quanto das pessoas que se solidarizam com a causa). A artista nos conta
que não pretende passar uma vida inteira na Ocupa, e que ela está ali apenas de
passagem, numa fase de aprendizado, luta e experiência. Além de Erica, existem mais
de 100 artistas que residem na ocupação com a finalidade de expor seus trabalhos,
aprender e conhecer novas perspectivas do mundo artístico. E se for colocar na conta
a quantidade de pessoas que já passaram por ali, o número ultrapassa os 2.000.
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NOTA: O trabalho, para alguns foi facilitado em novíssimas profissões ligadas à comunicação, à
informação e à tecnologia. Para outros, se tornou escasso e impossibilitado. A falta de
emprego é um dos problemas mais flagelantes, e talvez o desencadeador principal dos demais
problemas, que só piorou nos últimos tempos, pois, está ligado diretamente à ascensão
tecnológica e à escassez de oportunidades. O ciclo de implantação de novas tecnologias é cada
vez mais acelerado, com mudanças importantes em curto espaço de tempo.
Enfim...
De sociedade industrial passou-se rapidamente para era da tecnologia e mais rápido ainda já
estamos na chamada “era digital”. O surgimento da sociedade digital se dá numa sociedade
desigual, em que o consumo é um dos baluartes do sistema. A continuidade do método facilita
a que grandes corporações sejam titulares, gerenciem e monopolizem a produção e
distribuição dos diversos aparatos tecnológicos essenciais à vida social, cultural e econômica
dessa sociedade. A revolução tecnológica, com base na informação transformou o pensar, o
produzir, o negociar, o comunicar, viver, morrer, fazer guerra e fazer amor.
Nessa trajetória tecnológica tão aclamada, Carlos Vogt (UNICAMP) chamou a atenção para os
riscos inerentes à desigualdade irresoluta, com a noção de Cacofonia Social: “com a
globalização, dá-se aos pobres a exclusão, acima dos médios a inclusão e destes – se ricos – a
reclusão”.