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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ESTUDO DE CASO NO GERENCIAMENTO DA QUALIDADE DE ENERGIA


ELÉTRICA EM CABINES PRIMARIAS, ATENDIDAS ATÉ 13.8 KV NAS ARÉAS DE
CONCESSÃO DA LIGHT

Jeferson Costa Bragança

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/2018
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ESTUDO DE CASO NO GERENCIAMENTO DA QUALIDADE DE ENERGIA


ELÉTRICA EM CABINES PRIMARIAS, ATENDIDAS ATÉ 13.8 KV NAS AREAS DE
CONCESSÃO DA LIGHT

Jeferson Costa Bragança

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de


Engenharia Elétrica do Centro Universitário
Augusto Motta (UNISUAM), como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Elétrica.

Orientador: André Luís da Silva Pinheiro

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/2018
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ESTUDO DE CASO NO GERENCIAMENTO DA QUALIDADE DE ENERGIA


ELÉTRICA EM CABINES PRIMARIAS, ATENDIDAS ATÉ 13.8 KV NAS AREAS DE
CONCESSÃO DA LIGHT

Jeferson Costa Bragança

APROVADO EM: _________________________

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________
André Luís da Silva Pinheiro, D.Sc. - Orientador

_______________________________________
Nelson Damieri Gomes, M.Sc.

_______________________________________
Antônio José Dias da Silva, M.Sc.

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/2018
DEDICATÓRIA

A minha esposa Elisa Bragança e aos meus filhos Ághata, William e Esther, em
especial pelo apoio, incentivo e entenderem a necessidade das vezes que foi preciso me
ausentar, vocês são a razão de tudo, benção na minha vida, também aos meus pais Levindo e
Juciara.
AGRADECIMENTOS

A gratidão sempre nos leva a lembrar o quanto as pessoas são importantes ao longo da
caminhada.
Foram tantas as dificuldades, que não é mais possível enumera-las, diversos motivos
para desistir, mas, quando olhava para o alto e para a minha família, vinha a força necessária
para continuar firme avançando.
Agradeço primeiramente a Deus, aquele que é e sempre há de ser o Senhor, o centro
de tudo.
Aos meus pais Levindo e Juciara, que conduziram a formação do meu caráter e no
apoio em todos os momentos.
Aos meus irmãos Daniel com a sua maravilhosa família e o meu irmão José, eles estão
sempre por perto.
Aos meus filhos Ághata, William, Esther e minha esposa Elisa, vocês sempre foram a
motivação de todas as noites sem dormir para estudar e tornar isso possível.
Aos meus avos Sergio Ferreira e Nilza (In Memoriam) pelos conselhos e incentivos.
Ao meu Tio Fabio, que sempre estar por perto acompanhando.
Aos meus sogros Gilberto e Joseli pelo apoio extraordinário.
Aos mais chegados Antônio Figueira, Victor Rinaldi, Ronaldo Viana, Péricles Gomes,
André Madeira e Luiz Claudio Rego pelo apoio de sempre, pelas palavras nos momentos de
desanimo e pelos conselhos.
Aos meus orientadores Prof. Mestre Roberto da Silva, Prof. Pós Dr. Gladson Fontes e
Prof. Dr. André Pinheiro, pela atenção, todas as cobranças e paciência em lidar, tudo para que
o trabalho ficasse o melhor possível.
Agradeço também a instituição UNISUAM, que através do seu corpo docente, tive a
oportunidade de adquirir aprendizado, com alguns professores que marcaram, citarei alguns:
José Tadeu, Franco Fattorillo, Almir Leite, Gladson Fontes, Geraldo Motta, André Pinheiro,
Antônio José Dias, Roberto da Silva, Luiz André Subtil, Claudio Vidal, Gilbert Santos, Josiel,
Júlio Gutierrez, José Raed, Elizandra Elias, Flavia e Everton Bispo.
Aos colegas que lembrarei por resto da vida: Victor Hugo Rinaldi, Antônio Figueira,
Luiz Claudio Rego Campos, Ronaldo Viana, Alexandre dos Santos, Jorge Gomes, Bruno
Barreto, Leonardo Tadeu, Tiago Mineiro, Victor Loubach, Rafael Mendes, Raphael Martins,
Marcos Melo, Priscila Pereira, Renato Pedra, Denílson Gaudard, Mávio Torres, Alexandre
Junior, Jorge Armando, Thais Moura, Tais Regina, Thiago Araújo, Renato Botelho, Rafael
Botelho, Luiz Maciel, Luana Andrade, Max Rueb, Elvis Amâncio, Jefferson Góes, Ricardo
Dias, Wallace, Faim José, Jonas, Jonison Andrade, Taynara Abreu, Gedilson marques,
Douglas Sales, Domingos e Silvana.
EPÍGRAFE
“O dado mais importante que separa o ser humano de todos os seus irmãos e primos da
escala filogenética é o conhecimento, só o conhecimento liberta o homem, só através do
conhecimento o homem é livre e em sendo livre ele pode aspirar uma condição melhor de
vida para ele e todos os seus semelhantes. Só consigo entender uma sociedade na qual o
conhecimento seja a razão de ser precípua que o governo dá para a formação do cidadão.
Minha mensagem é positiva, é de que o homem tem de saber, conhecer e em conhecendo ele é
livre.”
(Dr° Enéias Ferreira Carneiro Rio Branco, 5 de novembro de 1938 – Rio de Janeiro, 6
de maio de 2007).
BRAGANÇA, Jeferson Costa. Estudo de Caso no Gerenciamento da Qualidade de
Energia elétrica em Cabines Primarias, atendidas até 13.8kV nas Áreas de concessão da
light. 2018. 107p Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Elétrica) –
Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, 2018.

RESUMO
Qualidade da Energia em estações consumidoras, é um tema que vem apresentando
crescente importância entre todos os níveis de consumidores de eletricidade. Cada vez mais,
equipamentos sensíveis e cargas não-lineares vêm compartilhando os mesmos circuitos e
instalações elétricas, causando sucessivos transtornos aos seus usuários.
Este trabalho visa fornecer uma visão geral sobre a Qualidade da Energia de uma
estação consumidora e o seu impacto nos dias atuais, com um estudo de caso no Centro de
Convenções. De um modo claro e objetivo, são apresentados os principais fenômenos
eletromagnéticos, suas origens e efeitos sobre outras cargas. Os principais índices de
qualidade das normas internacionais, em especial do IEEE, são citados e comentados. Ao
final, o estudo de caso dá um sentido prático ao trabalho.

Palavras-chave: Qualidade de Energia. Distúrbios de energia. Compensação. Filtros. Banco


de Capacitores.
BRAGANÇA, Jeferson Costa. Case Study in the Management of Electric Power Quality
in Primary Cabins, serviced up to 13.8kV in Light concession areas. 2018. 107p.
Monograph (Graduation in Electrical Engineering) – Centro Universitário Augusto Motta, Rio
de Janeiro, 2018.

ABSTRACT
The Quality of Energy in consumer stations is an issue that is showing increasing
importance among all levels of consumers of electricity. Increasingly, sensitive equipment
and non-linear loads have been sharing the same circuits and electrical installations, causing
successive disruptions to their users. This paper aims to provide an overview of the Energy
Quality of a consumer station and its impact in the present day, with a case study at the
Convention Center. In a clear and objective way, the main electromagnetic phenomena, their
origins and effects on other charges are presented. The main quality indices of international
standards, especially the IEEE, are cited and commented. In the end, the case study gives a
practical sense to the

Keywords: Energy Quality. Energy Disturbances. Compensation. Filter. Capacitor Bank.


LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Sistema simplificada de geração, distribuição e transmissão de energia
elétrica........................................................................................................................... 10
Figura 2 - Esquema Básico de um Transformador de Potencial .................................. 11
Figura 3 - Esquema Básico de um TC .......................................................................... 12
Figura 4 - Curva da Corrente do Transformador .......................................................... 13
Figura 5 - Subestação Interna (Cabine Primaria 13,8 kV)............................................ 16
Figura 6 - Circulação por um lado, de acordo com a Tabela 1 ..................................... 17
Figura 7 - Circulação por mais de um lado, de acordo com a Tabela 1 ....................... 17
Figura 8 - Sistema de Aterramento (Detalhes da malha) .............................................. 23
Figura 9 - Sistema de Aterramento (Detalhes frontal) .................................................. 24
Figura 10 - Zonas de Proteção e seus dispositivos ....................................................... 27
Figura 11 - Valor RMS e forma de onda de um afundamento de tensão ..................... 36
Figura 12 - Valor RMS e forma de onda de um inchamento de tensão........................ 37
Figura 13 - Forma de onda de um transiente impulsivo ............................................... 38
Figura 14 - Valor RMS e forma de onda da interrupção .............................................. 39
Figura 15 - Forma de onda e espectro da distorção harmônica .................................... 41
Figura 16 - Desbalanceamento das tensões .................................................................. 42
Figura 17 - Entalhamento (notch) na tensão ................................................................. 43
Figura 18 - Soldagem a arco com elevadas correntes................................................... 46
Figura 19 - Microcircuitos altamente sensíveis ............................................................ 48
Figura 20 - Filtro de linha passivo ................................................................................ 52
Figura 21 - Transformador de isolação ......................................................................... 53
Figura 22 – Triângulo de Potências .............................................................................. 58
Figura 23 – Tetraedro de Potências .............................................................................. 60
Figura 24 – Limites de Visibilidade e irritação do efeito flicker .................................. 68
Figura 25 – Redução da ampacidade X demanda para diferentes seções ..................... 73
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Valores dos espaçamentos para instalações internas ................................... 18
Tabela 2 - Valores dos espaçamentos para instalações externas .................................. 19
Tabela 3 - Distâncias mínimas em função da tensão nominal da instalação ................ 20
Tabela 4 - Dimensões de barramento ........................................................................... 21
Tabela 5 – Base de limites das harmônicas individuais ............................................... 66
LISTA DE EQUAÇÕES
(1) Tensão Elétrica........................................................................................................ 55
(2) Corente Elétrica ...................................................................................................... 55
(3) Divisão da Potencia Instantânea ............................................................................. 55
(4) Valor Médio ............................................................................................................ 56
(5) Potência Reativa...................................................................................................... 56
(6) Potência Ativa ......................................................................................................... 56
(7) Potência Instantânea................................................................................................ 56
(8) Potência Complexa ................................................................................................. 57
(9) Magnitude da Potência ............................................................................................ 57
(10) Defasagem Angular .............................................................................................. 57
(11) Série de Fourier ..................................................................................................... 58
(12) Valor Eficaz .......................................................................................................... 59
(13) Produtos das Frequências ...................................................................................... 59
(14) Efeitos dos Calculos .............................................................................................. 59
(15) Efeito dos Calculos 1 ............................................................................................ 59
(16) Produto dos Valores Eficazes ............................................................................... 59
(17) Potência Reativa por Convenção .......................................................................... 60
(18) Efeito dos calculos 2 ............................................................................................. 60
(19) Definição do FP .................................................................................................... 61
(20) Grau de defasagem ................................................................................................ 62
(21) FP Cargas não-lineares ......................................................................................... 62
(22) DHI ....................................................................................................................... 62
(23) THD ...................................................................................................................... 63
(24) TDD ...................................................................................................................... 63
(25) Tensão Harmônica no PCC ................................................................................... 65
(26) Curto Circuito ....................................................................................................... 65
(27) DHI da Tensão ...................................................................................................... 65
(28) DHI da Tensão 1 ................................................................................................... 65
(29) Profundidade e aréa dos Entalhamentos ............................................................... 67
(30) Intervalo de Comutação ........................................................................................ 67
(31) Aréa do Notch em Volt ......................................................................................... 67
(32) Fator K .................................................................................................................. 69
(33) Ampacidade do Cabo na presença de Harmônica ................................................. 71
(34) Harmônico a Harmônico ....................................................................................... 72
(35) Resistência na Frequência ..................................................................................... 72
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


CA - Corrente Alternada
CC - Corrente Contínua
ELETROBRÁS - Centrais Elétricas Brasileiras S.A
FEM - Força eletromotriz
EP - Eletrônica de Potência
QEE - Qualidade da Energia Elétrica
FP - Fator de Potência
DHTv - Distorção Harmônica Total de Tensão
DHTi - Distorção Harmônica Total de Corrente
DTD - Distorção Total de Demanda
FHL - Fator de Perdas Harmônicas
ONS - Operador Nacional do Sistema
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
PRODIST - Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica
IEEE - Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrôn
LISTA DE SÍMBOLOS

Π – Pi, Proporção numérica definida pela relação entre o perímetro de uma circunferência e o
seu diâmetro
 - Ângulo entre corrente e tensão que determina o fator de potência do circuito.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ......................................................................1
1.2 - DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ...............................................................................2
1.3. HIPÓTESE....................................................................................................................3
1.4. OBJETIVO ...................................................................................................................3
1.5. MOTIVAÇÃO..............................................................................................................4
1.6. TRABALHOS RELACIONADOS E CONTEXTUALIZAÇÃO.........................4
1.7. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ........................................................................5
1.8. METODOLOGIA ........................................................................................................6
1.9. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO .................................................................................6
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................. 8
2.1 ENERGIA ELÉTRICA COMERCIAL .....................................................................8
2.2. DEFINIÇÃO DE CABINE PRIMARIA ..................................................................9
2.3 PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UMA CABINE PRIMARIA E SUAS
FUNÇÕES ......................................................................................................................... 10
2.4 QUANTO AO TIPO CONSTRUTIVO E PROTEÇÃO DE UMA CABINE
PRIMARIA ....................................................................................................................... 15
2.5 PROTEÇÃO DA CABINE PRIMARIA ................................................................ 24
2.6 ELETRÔNICA DE POTÊNCIA ............................................................................. 28
2.7 QUALIDADE DA ENERGIA ................................................................................. 30
2.8 ENERGIA CUSTOMIZADA .................................................................................. 31
3. FENÔMENOS DA QUALIDADE DA ENERGIA ................................................. 34
3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS FENÔMENOS.............................................................. 34
3.2 CAUSAS DOS FENÔMENOS................................................................................ 44
3.3 CHAVES DE TRANSFERÊNCIA ......................................................................... 51
4. ÍNDICES DE QUALIDADE .................................................................................... 54
4.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 54
4. 2 FATOR DE POTÊNCIA (PF) E FATOR DE POTÊNCIA DESLOCADO
(DPF) .................................................................................................................................. 55
4.3 ÍNDICES E LIMITES DE DISTORÇÃO HARMÔNICA .................................. 62
4.4 PROFUNDIDADE E ÁREA DO ENTALHAMENTO (NOTCH) .................... 66
4.5 FLUTUAÇÃO DE TENSÃO (FLICKER)............................................................. 67
4.6 FATOR K OU FATOR DE RENDIMENTO DOS TRANSFORMADORES
(KF) .................................................................................................................................... 68
4.7 FATOR DE CRISTA (CF) ....................................................................................... 70
4.8 INTERRUPÇÕES, AFUNDAMENTOS (SAGS) E INCHAMENTOS
(SWELLS) DE TENSÃO ................................................................................................ 70
4.9 FATOR DE REDIMENSIONAMENTO DE CABOS (HDF) ............................ 71
5. ESTUDO DO CASO ................................................................................................ 74
5.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 74
5.2 LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS EXISTENTES ................................ 75
5.3 LOCAIS DE MEDIÇÃO E MONITORAMENTO ............................................ 75
5.4 ANALISADOR DA QUALIDADE DA ENERGIA ............................................ 76
5.5 ENTREVISTAS ...................................................................................................... 77
5.6 ANÁLISES GRÁFICAS ........................................................................................ 79
5.7 DIFICULDADES....................................................................................................... 93
5.8 SOLUÇÕES PROPOSTAS ...................................................................................... 94
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 97
ANEXO ...................................................................................................................... 100
1. INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

O termo qualidade de energia elétrica, vem ganhando força e já virou um jargão em


todos os setores elétricos, de uns anos para cá, é muito usado para expressar as mais diversas
características da energia elétrica que é entregue pelas concessionárias aos consumidores do
país. Essa medida diz respeito às características da continuidade do suprimento e das
conformidades com alguns parâmetros considerados indesejáveis para as operações seguras,
tanto dos sistemas supridores como das cargas elétricas. (MARTINHO, 2009) as
‘reformulação que o próprio setor elétrico vem experimentando, na implementação de um
mercado. Consumidor, em que o produto que será comercializado é a própria energia elétrica.
A emissão de laudos de energia elétrica é hoje a ferramenta mais importante e
confiável na análise das diversas falhas causadas pela baixa qualidade nas instalações
elétricas, o distúrbio de energia produz resultados indesejáveis para as cabines primarias, que
afetam o fornecimento de todos os equipamentos por elas alimentados. Os distúrbios elétricos
são eventos que podem ser medidos e registrados por instrumentos utilizados para monitorar
sistemas elétricos e, emitir laudos de análise de energia elétrica. (ANEEL RESOLUÇÃO -
456, 2000) os analisadores de energia elétrica certificados pela ANNEEL, tem como
diferencial a capacidade de ler os parâmetros possíveis de análise como: Tensão de serviço
por fase; Valor máximo da tensão; Distorção harmônica em tensão por fase;
Desbalanceamento da tensão; Correntes de serviços por fase; Valor máximo da corrente;
Distorção harmônica em correntes por fase; Desbalanceamento das correntes; Potência ativa
por fase; Potência ativa total; Potência aparente por fase; Potência aparente total; Fator de
potência trifásico; Fator de potência por fase; Frequência.
(B. D. BONATTO, 2001), menciona que, a eletrônica de potência é responsável pelo
processamento e controle do fluxo da energia, fornecendo tensões e correntes otimizadas para
as cargas. Recentemente, esta área do conhecimento experimentou um grande
desenvolvimento devido a vários fatores, principalmente o advento do tiristor na década de
60. Avanços na microeletrônica levaram ao desenvolvimento do controle baseado em
circuitos integrados e processados de sinais digitais. Além disso, avanços na tecnologia de
fabricação de semicondutores tornaram possíveis uma melhoria significativa na capacidade de
condução de corrente, tensão e na velocidade de chaveamento.

1
1.2 - DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Desde a década de 20, já havia preocupações com as definições de potencias em


condições não senoidais. A expansão da eletrônica de potência associada pela crescente
aplicação de equipamentos baseados nessa tecnologia ocorreu simultaneamente ao
crescimento da indústria do silício e da aplicação dos CI’s, microprocessadores e eletrônica
fina utilizados nos mais variados processos. (B. D. BONATTO, 2001) Esse exemplo de
crescimento de tecnologias diferentes foi acompanhando mais tarde pelo crescimento dos
problemas operacionais, que em seguida foram identificados como sendo relacionados com a
energia, o aumento nas taxas de falhas dos processos industriais identificou a energia como
sua maior causa. Uma carga é dita não linear quando distorce a forma de onda de corrente
mesmo quando alimentada com uma forma de onda de tensão senoidal.
Um baixo fator de potência também caracteriza uma pobre qualidade da energia da
instalação, pois a circulação de uma potência reativa causa perdas por efeito joule nos
condutores e transformadores, como também, a potência reativa ocupa espaço da seção do
condutor reduzindo a capacidade de transferir potência ativa. (ANEEL) A parte reativa da
corrente elétrica, mesmo não sendo, de um certo ponto de vista, utilizada pelo usuário final,
acaba gerando custos de transmissão de uma corrente puramente ativa, a qual seria totalmente
utilizada, e isso inclui, por exemplo, dimensionamento de transformadores, bitolas de fiação,
disjuntores, contatores, entre outros, gerando custos para a concessionaria, que apenas produz
energia ativa, e pode ter que transmitir uma energia maior do que realmente produz, gerando
custos de transmissão mais elevados. Além destes, a energia reativa diminui a qualidade da
energia fornecida pelas cabines primarias aos equipamentos, gerando quedas de tensão muito
mais elevadas (MARTINHO, 2009).
Não apenas a concessionaria é responsável pela qualidade da energia, também o
usuário pode poluir o sistema elétrico com a injeção de harmônicos de corrente. Cargas não
lineares, como conversores de frequência para acionamento de motores, UPS, computadores,
entre outras cargas, geram correntes distorcidas que podem promover a distorção da onda
tensão, espraiando o problema da qualidade para toda a instalação (B. D. BONATTO, 2001).
Essas correntes distorcidas ao circularem pela impedância do sistema, que é constituída pela
impedância da fonte mais impedância da fiação e transformadores, provocam a distorção da
onda de tensão. Essa é a origem dos harmônicos de tensão, pois a concessionária produz, na
geração, uma onda senoidal pura de tensão. (ANEEL)

2
1.3. HIPÓTESE

Tendo em vista o problema citado no item 1.2, pretende-se elaborar um material


informativo de cunho técnico-cientifico que abranja todos os conceitos relacionados a
qualidade de energia elétrica em cabines primarias atendidas até 13.8kv, nas áreas de
concessão da concessionaria light, desenvolvendo um material de fácil compreensão e que
possa ser divulgado para sanar várias dúvidas envolvendo o assunto (LIGHT, 2012). Dessa
forma difundindo a informação para as cabines primárias atendidas até 13.8kv possam ser
melhor utilizadas, realizando uma avaliação nos vários tipos de distúrbios na energia elétrica
fornecida pelas cabines primarias, como também, alguns tipos de dispositivos para a correção
desses distúrbios. Os dispositivos encontrados no mercado são aplicados aos principais
problemas, e encontrar o casamento correto entre o dispositivo e o problema faz parte de um
processo de análise e solução, sendo assim, o uso de compensação de reativos unido a filtros
de ruídos, filtros de harmônicos e regulador de tensão, mostra-se muito importante pelos
aspectos de melhora na qualidade de energia fornecida aos equipamentos (NBR14039, 2003).

1.4. OBJETIVO

Conhecer e apresentar os conceitos referente aos estudos de distúrbios de energia


elétrica em cabines primarias atendidas até 13.8kv em áreas de concessão da Light e detalha-
los de forma que haja o entendimento de como proporcionar soluções práticas e de fácil
aplicação para resolver os possíveis problemas e melhorar a qualidade da energia aos
equipamentos que são abastecidos por essas cabines primarias, (ANEEL) monitorando as
principais necessidades da cabine primaria e se beneficiando do principal diferencial de um
analisador de energia, de analisar os parâmetros de energia e assim, apontar um estudo
especifico de compensação de reativos para reduzir as perdas e filtros ativos para controle de
harmônicos, tornando assim o conhecimento de todos que tenha a oportunidade de ter acesso
a este trabalho voltado para a qualidade de energia em cabines primarias de MT. (LIGHT,
2012).

3
1.5. MOTIVAÇÃO

Devido a ampla aplicabilidade prática do estudo em industrias e comércio de grande


porte, além da possível aplicação de um dos métodos para o aumento da qualidade de energia
fornecida aos equipamentos a consumidores residenciais em um futuro próximo. (ANEEL) A
escassez de conhecimento nessa área, a possibilidade do convívio com grande parte dos
fenômenos associados aos problemas de qualidade da energia relacionados e diversos níveis
de consumidores em desacordo com as normas vigentes foram as razoes pelas quais esse
estudo mostra-se importante pelos aspectos da disseminação do conceito de qualidade da
energia e relevância em contribuir com os conceitos em cabines primarias atendidas até
13.8kv em área de concessão da light. (MARTINHO, 2009).

1.6. TRABALHOS RELACIONADOS E CONTEXTUALIZAÇÃO

Segundo (MARTINHO, 2009), concluiu que os fenômenos de distúrbios de energia


elétrica, por serem contínuos podem causar diversos problemas, tanto aos consumidores
quanto as concessionárias de energia, pois seus efeitos são indesejáveis ao sistema elétrico.
Analisando o PRODIST Modulo 8, existem valores que são aceitáveis de algumas distorções,
ou seja, o sistema elétrico convive com essas distorções desde que esses estejam controlados.
Para que os níveis de distorções se mantenham dentro da tolerância estabelecida em norma,
existem formas para diminuir seus efeitos, tais como compensação de reativos, filtros
passivos, ativos e de dissintonia. Contudo, para que o sistema torne cada vez mais eficiente
deve ser realizado um estudo minucioso dos efeitos que esses distúrbios causam, e assim
definir qual seria a melhor solução e localização especifica a se aplicar.
De acordo com (B. D. BONATTO, 2001), os fenômenos da Qualidade da Energia
Elétrica são decorrentes à operação dos Sistemas Elétricos de Potência (SEP) e afetam todos
os níveis de consumidores com diversos tipos de efeito, como interrupção de fornecimento,
aquecimento, dentre outros. O comportamento dos distúrbios de corrente é mais imprevisível
do que aquele observado para as tensões, o mesmo também aborda que o fator de potência
está correlacionado com a corrente alternada, sendo a indutância magnética das máquinas
eletromotrizes que armazenam uma grande quantidade de energia no seu campo,
consequentemente causam desequilíbrio no fluxo de corrente elétrica.

4
Outra analise, (MASCARENHAS e NUNES, 2005) aborda a eficiência energética nas
instalações elétricas com uma visão de inúmeras formas de ter o uso sustentável dessa, que
aumenta substancialmente a demanda de consumo em paralelo com o custo agregado, nos
obrigando a usar maneiras eficazes de forma a atenuar esses valores e até mesmo colaborar no
âmbito ambiental. O mesmo também descreve o custo das ultrapassagens de demanda e
cobrança de valores adicionais na fatura de energia quando o consumidor não se preocupa
com as alterações do fator de potência, que pode ser demonstrado na implantação de análise
da energia com equipamentos que acompanham as variações no decorrer das entradas de
cargas mais relevantes.

1.7. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

A energia elétrica e considerada como um bem básico para a integração do ser


humano ao desenvolvimento e nos últimos anos, em função do desenvolvimento
econômico no estado do Rio de Janeiro, verificou-se a necessidade da concessionaria
expandir o fornecimento de energia elétrica, o que provocou, consequentemente a
necessidade de cada consumidor atendido nas áreas de concessão da light, monitorar as
suas respectivas cabines primarias de media tensão, e com isso, apontando eventuais
medidas para ajustar as falhas, reduzindo as perdas de energia e aumentar a qualidade do
abastecimento. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)
A justificativa para a escolha da temática e realização desse estudo se baseia na
necessidade de se estudar os efeitos dessas novas cargas, nesses consumidores e a
possibilidade de estarem em desacordo com as normas vigentes, propondo algumas
soluções como forma de conferir maior qualidade no abastecimento de energia pelas
cabines primarias. Ressalta-se, portanto, a relevância que o estudo tem, tanto nas esferas
acadêmicas, quanto aos aspectos na atuação no campo, propondo diagnósticos e soluções
para distúrbios de energia elétrica em cabines primarias atendidas até 13.8kv, em função
da possibilidade de conferir a consumidores de médio e grande porte, maior qualidade de
energia aos equipamentos abastecidos pela subestação e maior nível de confiabilidade na
distribuição de energia feita pelas cabines primarias atendidas até 13.8kv. (LIGHT, 2012)

5
1.8. METODOLOGIA

O presente trabalho será norteado com acervos bibliográficos e embasamento teórico


necessário para melhorar o entendimento do tema proposto, desenvolvendo um estudo dos
fenômenos associados aos problemas de qualidade de energia nas cabines primarias de media
tensão, como também suas causas, consequências e soluções nos serviços de gerenciamento
da qualidade da energia elétrica executados pela concessionaria ou por consumidores que
possam vir a ter uma cabine primaria atendida até 13.8kv. (ANEEL RESOLUÇÃO - 456,
2000) Com base nesses dados serão apresentados, bem como fontes dos distúrbios,
equipamentos e ferramental para que os diagnósticos e soluções sejam executados com
qualidade e segurança, através do referencial bibliográfico, assim como um estudo de caso,
onde é realizado um projeto de redimensionamento do transformador, proporcionando um
aumento na qualidade da energia entregue pela cabine primaria, para um consumidor atendido
na área de concessão da light. (NBR14039, 2003)

1.9. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

Para melhorar a apresentação, optou-se por subdividir o trabalho em capítulos. O


capitulo 1 inicialmente, tem-se a introdução da pesquisa, com breve contextualização,
definição do problema e da hipótese primaria do estudo, a ser confirmada ou refutada com a
realização da pesquisa, identificação dos objetos do estudo (geral e específicos), bem como da
metodologia a ser utilizada para a sua elaboração. Também se apresenta a justificativa para a
escolha da temática, destacando a sua relevância para os diversos seguimentos, bem como
identifica a estruturação de apresentação dos resultados da pesquisa. (LIGHT, 2012)
O capitulo 2 tratará sobre a fundamentação teórica, pretende-se inicialmente, relatar
um breve histórico sobre os conceitos de eletrônica de potência, qualidade da energia, energia
customizada e as cabines primarias nas áreas de concessão da light, identificando os tipos de
cabines primarias existentes para distribuição de energia elétrica. Propõe-se, ainda abordar
aspectos referentes a construção e manutenção de cabines primarias, bem como relacionar os
equipamentos e ferramentas especiais utilizadas nas cabines primarias atendidas até 13.8kv.
(NBR14039, 2003)
Por fim, considerando os aspectos delineados ao longo do estudo, objetiva-se
identificar os fatores determinantes a serem considerados na tomada de decisão sobre os
distúrbios de energia elétrica, os diagnósticos e soluções para os distúrbios de energia nas
6
cabines primarias atendidas até 13.8kv nos capítulos 3, e 4. Finalizando o trabalho, no
capitulo 5, será apresentado um estudo de caso, onde é realizado um projeto de compensação
de reativos na cabine primaria de um centro de convenções, mostrando-se como foram
levantadas as cargas e como foram escolhidos os locais de medição e monitoramento,
indicando a confirmação ou não da hipótese primaria formulada. (LEÃO, 2013)

7
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ENERGIA ELÉTRICA COMERCIAL

A energia elétrica é considerada um bem extremamente básico para a integração de


quaisquer estabelecimentos ao desenvolvimento, ou seja é um bem básico para a integração
do próprio ser humano ao desenvolvimento. A economia de qualquer cidade não pode se
desenvolver completamente se não possuir fonte de energia garantida e de um custo acessível
e aceitável. O acesso à energia elétrica é a porta de acesso aos serviços essenciais e ao
aumento da qualidade de vida. (MASCARENHAS e NUNES, 2005)
Um sistema de energia elétrica compreende três subsistemas: geração, transmissão e
distribuição. As fontes de energia para o subsistema de geração são provenientes do
combustível fóssil (Carvão, óleo, e gás natural), nuclear ou hidrelétricas. A energia gerada e
transferida da fonte para a carga (usuários consumidores) através dos sistemas de transmissão
e distribuição. Para atingir os usuários esta energia percorre, geralmente, grandes distancias,
sendo transformada em subestações.
A transmissão é associada ao transporte de grande quantidade de energia em longas
distancias. É caracterizada por linhas de transmissão em torres e condutores de grande
capacidade, desde o ponto de geração até os centros de consumo de energia elétrica. Nestes
centros, entra em ação o sistema de distribuição de energia. A distribuição é encarregado de
rebaixar a energia da transmissão para o consumidor individualizado (industrial, comercial ou
residencial). (ANEEL RESOLUÇÃO - 456, 2000)
Analisando o sistema como um todo verifica-se que o processo está sujeito a diversos
fatores que podem afetar sua qualidade. A quantidade de falhas provocadas por condições
climáticas (raio, vento, inundação, etc.) e por acidentes, é substancial. A própria operação
normal do sistema gera interferências de natureza elétrica como um subproduto capaz de
degradar a energia elétrica.
O sistema é projetado para limitar e filtrar as interferências e, normalmente, a energia
distribuída ao consumidor atende aos padrões estabelecidos de qualidade. A quantidade e
intensidade dos problemas provenientes do sistema elétrico variam em função das condições
climáticas, localização geográfica, estrutura operacional da concessionaria e requerimento da
carga (demanda). (LEÃO, 2013)

8
As concessionárias de energia elétrica devem fornecer aos consumidores uma energia
que apresente, no mínimo, os seguintes quesitos de qualidade:
 Continuidade de serviço – limita a duração e a frequência das interrupções.
 Duração equivalente por consumidor – exprime o espaço de tempo que, em
média, cada consumidor do conjunto considerado ficou privado do
fornecimento de energia elétrica, no período considerado.
 Frequência equivalente de interrupção por consumidor – exprime o número de
interrupções que, em média, cada consumidor do conjunto considerado sofre.
No outro lado da questão, as estatísticas demonstram que a maior parte dos problemas
na energia elétrica do consumidor está restrita ao seu próprio local, sendo de natureza interna
e não em função do fornecimento. Atualmente, muitas empresas de energia elétrica estão
implementando programas de qualidade que comtemplam soluções e ajuda para os problemas
elétricos de seus consumidores. (PRODIST 8 (QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA))
No enfoque especifico do usuário, a qualidade da energia elétrica recebida depende
quase exclusivamente do subsistema de distribuição. Todos os procedimentos para a
instalação do dispositivos elétricos do consumidor são regidos por normas técnicas.
Após atendidas todas as especificações, podemos aplicar conhecimentos e tecnologias
para melhorar a energia elétrica de consumo, comercial ou de geração própria, na ocorrência
de problemas ou degradação da qualidade.

2.2. DEFINIÇÃO DE CABINE PRIMARIA

Conforme material da concessionaria de energia elétrica (LIGHT, 2012), Cabine


Primaria é um conjunto de dispositivos na planta elétrica de uma instalação de um grande
prédio ou indústria que tem a responsabilidade de fazer a transformação da energia que vem
da concessionária, que está em alta voltagem para que possa ser aproveitada para o
abastecimento de energia elétrica aos consumidores. Após sua geração, ela é transmitida por
grandes linhas de transmissão que podem atravessar o pais até chegar no consumidor.
A rede elétrica que chega as empresas geralmente já transformada em baixa tensão. A
concessionaria de energia (Light, Enel, etc.) fica com a responsabilidade em “transformar”,
essa energia de alta tensão dos fios para a energia mais usual (110V, 220V ou a gosto do
cliente). Em termos gerais, as subestações podem ser classificadas como:

9
 Subestação central de transmissão
 Subestação receptora de transmissão
 Subestação de subtransmissão
 Subestação de consumidor
A Figura 1 mostra, esquematicamente, a posição de cada tipo de subestação desde a
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.

Figura 1 - Sistema simplificada de geração, distribuição e transmissão de energia elétrica

Fonte: (MAMEDE, 2017)

2.3 PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UMA CABINE PRIMARIA E SUAS FUNÇÕES

Existem diversos elementos que compõem uma subestação distribuidora convencional,


porém neste trabalho serão elucidados os principais equipamentos a fim de nortear o leitor
sobre seu funcionamento e facilitar a compreensão dos próximos capítulos.

2.3.1 Transformadores

Em uma Subestação Distribuidora Convencional existem equipamentos responsáveis


por fazer a transformação de tensão e corrente para diversos tipos de aplicações. O principal
transformador é o de força, sendo este utilizado para baixar a faixa de tensão da rede de
transmissão para valores de distribuição primária onde são classificados de acordo com seu

10
tipo de isolamento, podendo ser secos que utilizam o ar como isolante, a óleo mineral, ou a
líquidos isolantes sintéticos pouco inflamáveis (silicone). (LIGHT, 2012)
Outros transformadores utilizados são os “transformadores de instrumentos (TI)” que
tem como objetivo reduzir os níveis de tensão e corrente para valores proporcionais ao
circuito de força (alta tensão) para alimentar instrumentos de controle, medição e proteção.
(NBR14039, 2003)
A Figura 2 é o “transformador de potencial (TP)”, que tem o objetivo de reduzir a
tensão para alimentar equipamentos de medição, controle e proteção, onde seu enrolamento
primário é ligado em paralelo a um circuito de força, barramentos ou cabos e seu enrolamento
secundário alimenta bobinas de potencial de instrumentos elétricos com tensão nominal de
115 V padronizadas pela ABNT NBR 6855/2009. (SILVA, 2014)

Figura 2 - Esquema Básico de um Transformador de Potencial

Fonte (MAMEDE, 2017)

A Figura 3 é o “transformador de corrente (TC)”, que reduz a corrente nominal do


circuito para alimentar instrumentos de controle, medição e proteção, onde seu enrolamento
primário é ligado em série a um circuito elétrico e por trabalhar em geral com alta tensão
possui poucas espiras com condutores de grande seção reta e seu enrolamento secundário
11
alimenta bobinas de instrumentos elétricos com corrente padronizada em 5A conforme ABNT
NBR 6856. (PESTANA, 2007)

Figura 3 - Esquema Básico de um TC

Fonte: (MAMEDE, 2017)

O enrolamento primário, possui ligação em série a um circuito elétrico e o secundário


se limita a alimentar bobinas de corrente dos dispositivos da cabine primaria.
Os principais objetivos desse equipamento, podem-se citar, a alimentação dos sistemas
de medição e proteção da cabine primaria, com valores proporcionais, porém que respeitem os
limites de isolamento dos equipamentos, e compatibilizar segurança e isolamento entre o
circuito de alta tensão, que estão sendo medidos e os instrumentos da cabine primaria.
Apresentam impedância, vista pelo lado primário (lado ligado em série com o circuito de alta
tensão) desprezível, se comparada com o lado que está instalado, mesmo que se leve em
consideração a carga que se liga ao seu secundário. A Figura 4 mostra as curvas típicas de
saturação dos TC’s de proteção e medição. (NBR14039, 2003)

12
Figura 4 - Curva da Corrente do Transformador

Fonte: (NBR14039, 2003)

2.3.2 Barramento

Existem vários tipos de arranjos para subestações de distribuição em que se utilizam


barramentos nos padrões de entrada para alimentação dos transformadores de força,
disjuntores, chaves seccionadoras e outros equipamentos destinados à proteção e medição. O
ambiente de estudo deste trabalho está na parte de média tensão onde há um barramento com
arranjo simples responsável pela alimentação dos cubículos blindados que fazem a proteção
dos circuitos de subtransmissão e/ ou de distribuição primária. (Recon - MT Até classe 36,2
KV , Março 2016)
Os barramentos para alimentação de cubículos de média tensão do trabalho
apresentado denominados como barramento geral são de cobre eletrolítico com formatos
retangulares de cantos arredondados. Estes barramentos têm isolamento com material
termocontrátil e são identificados a cada segmento com fita colorida em forma de anilha,
sendo as partes que não possuem isolamentos pintados nas cores de acordo com identificação
a abaixo (Padrão Light, Parque Industrial):
 Fase A - na cor BRANCA
 Fase B - na cor VERMELHA
 Fase C - na cor AZUL

13
A passagem dos barramentos entre os cubículos do conjunto blindado são utilizadas
buchas de passagem para suporte destes barramentos. Os isoladores utilizados nos
barramentos, para média tensão, são em resina epóxi ou porcelana. (PESTANA, 2007)

2.3.3 Disjuntores

Os Disjuntores são os mais complexos e eficientes aparelhos de manobras e proteção


do sistema elétrico, são utilizados para abertura em carga atuando em altas correntes de curto-
circuito e sobrecarga de forma automática ou manual (SILVA, 2014).
Um dos fatores que classificam os disjuntores é quanto à forma de isolamento, onde há
diversos tipos, como por exemplo, os disjuntores isolados a óleo, ar comprimido, gás SF6 e a
vácuo. Os disjuntores a vácuo funcionam com uma câmara que possui um cilindro cerâmico
que fornece resistência mecânica, fechada por placas de uma liga metálica (níquel, ferro e
cobalto). Uma das placas possui um contato fixo e a outra um contato móvel presa a um fole
metálico onde duas blindagens metálicas envolvem o fole e o conjunto de contatos. Ao serem
afastados os contatos gera-se o arco elétrico que se mantém pelas partículas metálicas
desprendidas dos próprios contatos, e conforme se dispersam e extinguem o arco. Como os
disjuntores a vácuo não necessitam de líquidos ou gases possuem uma vantagem de poder
fazer operações rápidas com religamentos automáticos e até mesmo múltiplos além de
oferecerem baixa manutenção. (NBR IEC 62271-100.)
Outro fator que classifica um disjuntor é quanto ao sistema de acionamento de
abertura e fechamento, pois necessitam de uma grande energia armazenada e ao serem
liberadas proporcionem um rápido acionamento dos contatos do disjuntor com o objetivo de
evitar ou diminuir o arco voltaico formado durante as operações. Geralmente os acionamentos
podem ser pelos sistemas de solenóide, hidráulico, a ar comprimido ou a mola. Este último é o
sistema de acionamento que compõe os disjuntores inseridos nesta pesquisa (NBR14039,
2003).
Cada cubículo possui compartimentos específicos que propiciam a montagem dos
equipamentos de acordo com a necessidade e padrão, podendo ser alterado o projeto inicial de
acordo com o cliente.

14
2.3.4 Seccionadores

Seccionadores: São dispositivos destinados a fechar, abrir ou transferir as ligações de


um circuito em que o meio isolante o ar. Essa operação prevista para acontecer após a
abertura do circuito por outro dispositivo, no caso um disjuntor. (MAMEDE, 2017) Tais
operações devem atender aos requisitos de manobra, que são:
• Na posição fechada não deve oferecer resistência corrente que circula (nominal ou
de defeito);
• Na posição aberta deve suportar com segurança as tensões que se estabelecem;
• Todas as partes que em qualquer condição de operação possam ficar em sobtensão,
devem ser isoladas (para terra e entre fases)
• Somente operam em circuitos sem passagem de corrente Os secionadores podem
interromper correntes pequenas, tais como: correntes de magnetização de transformadores, ou
correntes em vazio de linhas de transmissão. (LIGHT, 2012)

2.3.5 Para-raios

Os Para-raios é um equipamento de proteção que tem por finalidade limitar os valores


dos surtos de tensão transiente que, de outra forma, poderiam causar sérios danos aos
equipamentos elétricos. Para um dado valor de sobretensão, o para-raios, que antes
funcionava como isolador, passa a ser condutor e descarrega parte da corrente, reduzindo a
crista da onda a um valor que depende das características desse equipamento. A tensão
máxima, à frequência nominal do sistema a que o para-raios poderá ser submetida, sem que se
processe a descarga da corrente elétrica através do mesmo, é denominada de tensão disruptiva
à frequência nominal. (ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2008)

2.4 QUANTO AO TIPO CONSTRUTIVO E PROTEÇÃO DE UMA CABINE PRIMARIA

As subestações de construção em abrigada (interna), são aquelas cujos equipamentos


são instalados abrigados da chuva e dos raios solares. As cabines primarias, como o próprio
nome diz, são construídas em locais abrigados, os equipamentos são instalados no interior de
construções não estando sujeitos às intempéries. Os abrigos podem ser uma edificação ou uma
também é composta por diversos equipamentos, dentre eles se destacam os disjuntores,

15
chaves secionadoras, transformadores, relés, Controladores Lógicos Programáveis, Para-raios
e resistores de aterramento. (SILVA, 2014)
O Conjunto Blindado é parte importante em uma Subestação Distribuidora
Convencional, pois possuem cubículos revestidos por um invólucro metálico blindado de
média tensão, isolados a ar ou a gás, contendo disjuntor e demais equipamentos e
instrumentos associados de medição, proteção e controle, bem como montagem destes
dispositivos com as correspondentes interconexões, barramentos, acessórios e estruturas
utilizadas. Como por exemplo o mostrado na Figura 5 abaixo, que pertence a uma subestação
(cabine primaria) de um consumidor no Centro do Rio de Janeiro. (LIGHT, 2012)

Figura 5 - Subestação Interna (Cabine Primaria 13,8 kV)

Fonte: (LIGHT, Março 2016)

As distâncias mínimas de construção adotadas estão definidas nas Figura 5 e Figura 6


reproduzidas da NBR 14039. A Tabela 1 mostra o dimensionamento mínimo permitido pela
NBR 14039, que devem ser respeitados no projeto dos corredores de controle e manobra,
como podem ser vistos nas Figura 7 e Figura 8 para as subestações abrigadas.

16
Figura 6 - Circulação por um lado, de acordo com a Tabela 1

Fonte: (MAMEDE, 2017)

Figura 7 - Circulação por mais de um lado, de acordo com a Tabela 1

Fonte: (MAMEDE, 2017)

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Os valores das seções dos barramentos estão dados na Tabela 4, são referentes aos
barramentos primários calculados levando-se em consideração a capacidade nominal da
subestação.
Tabela 4 - Dimensões de barramento

Potência dos Barramento retangular Vergalhão de cobre


transformadores de cobre Seção Diâmetro
kVA Polegadas Mm mm² Mm
Até 70 1/2 x 1/8 12,70 x 3,175 25 5,6
De 701 a 2500 3/4 x 3/16 19,05 x 4,760 35 6,6

Fonte: (MAMEDE, 2017)

A análise para a igualdade de tensões e relação de transformação, já que o primário e o


secundário estão unidos, ambas as tensões devem ser iguais, caso contrário, um transformador
alimentaria o outro. Não apenas as relações de transformações sejam iguais, devem ser iguais
também as respectivas tensões, ou seja, se um transformador de 1000V:100V e outro de
100V:10V, as relações são as mesmas, mas não é possível ligar um primário de 1000V com
um de 100V. (SILVA, 2014)
Para que haja igualdade de desfasamento angular dos diagramas vetoriais do
secundário em relação ao primário, a condição fundamental é que nos terminais tenha o
mesmo potencial em todos os instantes. Se não se cumprir esta condição aparecem, logo em
vazio, elevadas correntes de circulação entre os transformadores. Não é conveniente que estas
correntes atinjam mais do que 10% das correntes nominais. (PESTANA, 2007)
E para que tenha igualdade de desfasamento de diagramas vetoriais (do secundário
para o primário), é necessário que tenha uma condição fundamental para que os
transformadores possam trabalhar em paralelo, que é os terminais em todos os instantes
encontrem o mesmo potencial. Assim um transformador pode ter ligação em Y/∆, Y/Y, ∆/∆,
Y/Z, etc. (SILVA, 2014)
Quando se trata de unidade de transformação para emergência, conforme a NDU-02
diz que o paralelismo entre geradores particulares e o sistema da Concessionária não é
permitido em nenhuma hipótese e sendo obrigatória a instalação de uma chave reversível para
impossibilitar o funcionamento em paralelo com o sistema da Concessionária. O neutro e o

21
aterramento do circuito alimentado pelo gerador devem ser independentes do neutro do
sistema da Concessionária. (LIGHT, Março 2016)

2.4.2 Ligações a Terra

Para que um sistema de aterramento seja de qualidade é necessário saber a localização


onde será construída a cabine primaria e fazer uma medição da resistividade do solo. (LIGHT,
2012)
Fundamentalmente, o sistema de aterramento tem três funções principais:
 Garantir uma baixa resistência de aterramento, com finalidade
de limitar as sobre tensões no sistema assegurando o funcionamento adequado
do sistema de proteção e restringir os potenciais de passos e toque na
instalação;
 Garantir a segurança das pessoas em relação a quaisquer tensões
que possam trazer perigos à vida, sendo de passo ou toque que possam
aparecer nas instalações;
 Garantir uma trajetória de escoamento para o fluxo de corrente
devido às descargas atmosféricas para a terra, através de um aproveitamento de
captores e cabos conectados no sistema de aterramento.
Para orientar o projetista, deve-se aterrar:
 Suportes metálicos destinados à fixação de isoladores e
aparelhos;
 Proteções metálicas, como telas, portas etc.;
 Carcaças dos transformadores;
 Carcaça dos geradores;
 Carcaça de transformadores de medida;
 Carcaça e volantes dos disjuntores de alta-tensão;
 Tampas metálicas das valas e eventuais tubulações metálicas;
 Neutro do transformador.

Como a subestação, (cabine primaria) é na região do Estado do Rio de Janeiro, a


concessionária que opera é a Light e conforme a Norma de (LIGHT, Março 2016), diz que o
sistema de aterramento para as subestações abrigadas deverá obedecer preferencialmente à

22
disposição e aos detalhes da Figura 7. Está subestação abrigada que será estudada ao longo do
projeto. Seguindo ainda a (Recon - MT Até classe 36,2 KV , Março 2016), todas as ligações
de condutores deverão ser feitas com conectores tipo solda exotérmica ou tipo terminal cabo-
barra GTDU (Grampo de Terra Duplo), sendo obrigatório o uso de massa calafetadora em
todas as conexões do aterramento. O valor da resistência de aterramento apresentada pela
malha de terra não deve ultrapassar 10Ω (Ohms), sendo ela medida em qualquer época do
ano. “Porém, a equipotencialização, as tensões de passo e de toque são mais importantes que
o valor da própria resistência de aterramento”. (MAMEDE, 2017)

Figura 8 - Sistema de Aterramento (Detalhes da malha)

23
Figura 9 - Sistema de Aterramento (Detalhes frontal)

Fonte (MAMEDE, 2017)

Caso seja necessário ampliar a malha de terra, as novas hastes serão colocadas
segundo disposição análoga mostrada neste desenho. A distância ente hastes será de 3 metros,
sendo elas sempre colocadas em caixas de alvenaria conforme o Detalhe “C” e as ferragens de
uso ao tempo deverão ser galvanizadas a fusão. Para toda subestação abrigada deve ser
utilizada solda exotérmica na conexão do cabo com a haste de aterramento.
A (Gerencia de Engenharia da Distribuição. Normas de Projeto para redes de
Distribuição até 13.8Kv, 2012) descreve também que, se o consumidor tiver geração própria,
o sistema de aterramento deverá ser independente ao da Concessionária. A interligação de
todo o circuito de aterramento e sua ligação ao neutro deverá ser feita com o cabo de cobre nu
de 50mm² e não deverá ter emendas no cabo de aterramento, ou seja, tem que ser contínuo.

2.5 PROTEÇÃO DA CABINE PRIMARIA

A proteção do sistema elétrico é uma das partes mais importantes em uma subestação
de distribuição, pois através de seus dispositivos e esquemas garante a proteção de
equipamentos e do sistema em si, onde através da seletividade e coordenação mantém a
qualidade do fornecimento de energia. (SILVA, 2014)

24
2.5.1 Relés e Funções

Os relés são dispositivos empregados na proteção de sistemas elétricos que oferecem


grandes possibilidades de proteção das mais diversas formas.
Cada relé de proteção possui uma ou mais características técnicas que o definem para
exercer as funções básicas, dentro dos esquemas exigidos pelos esquemas de proteção e
coordenação. Os relés têm evoluído com o passar dos tempos, acompanhando as necessidades
em que os equipamentos e o sistema elétrico têm conforme sua própria evolução. Os
primeiros relés foram os eletromecânicos de indução, que possuem bobinas, disco de indução,
molas, contatos fixos e móveis que os tornam grandes e robustos. No entanto oferecem fácil
manutenção. (Instalações de Média tensão de 1,0 a 36,2 kV, 2003)
O segundo relé é o eletrônico ou estático possuem circuitos integrados dedicados a
cada função com sinalização operacional feita através de LED´s, geralmente nas cores verde e
vermelha, instaladas na parte frontal dos relés. Embora possuam dimensões mais reduzidas
em relação aos eletromecânicos, não é padronizado, o que dificulta a substituição por
dispositivos de outros fabricantes e com relação à aplicabilidade ficaram similares aos
eletromecânicos, o que não trouxe grande inovação para os sistemas de proteção. (MAMEDE,
2017)
O terceiro e mais importante, por ser objeto deste trabalho é o relé digital, que
atualmente dominam o mercado. Os relés digitais são elementos fundamentais nos esquemas
de proteção, pois com a automação cada vez mais inserida aos sistemas elétricos de potência e
industriais são utilizados de forma constante nos esquemas de proteção, o que não seria
possível com os anteriores. Os relés digitais revolucionaram os esquemas de proteção por sua
ampla aplicabilidade, pois além de oferecerem funções de proteção propriamente ditas,
realizam funções de comunicação, controle, sinalização remota, medidas elétricas, acesso
remoto e outros. Estes relés funcionam com circuitos eletrônicos dotados de
microprocessadores de alta velocidade, onde tem instalados programas específicos que
processam as informações podendo hoje ter relés multifunções. (LIGHT, Março 2016)
As funções de manobras e proteção são caracterizadas por códigos numéricos que
identificam a função de cada relé e são padronizadas de forma universal pela “American
National Standards Institute (ANSI)” com a descrição da função de proteção e do código
numérico correspondente conforme as tabelas abaixo:

25
2.5.2 Seletividade e Coordenação

Todo sistema eletrico esta sujeito a distorções sejam pror motivos de circustâncias
ambientais, de manejo de equipamentos, falha humana ou de variabilidade no sistema. Essas
distorções, por sua vez, podem provocar na rede um curto circuito que deve ser eliminado de
tal forma que assegura a proteção das fontes de energia e de demais instrumentos instalados
no sistema elétrico, e com isso, eliminar possiveis danos aos mesmos e garantindo a
inatingibilidade das pessoas que trabalham no sistema (JOÃO MAMEDE FILHO, 2013).
Evidencia que elevadas correntes de curto circuito podem ocasionar danos mecânicos e
térmicos aos instrumentos.
Os prejuizos mecânicos podem ser alteração de condutores, enrolamentos de
transformadores, entre muitos. Já os prezuisos térmicos estão diretamente relacionados ao
ciclo em que a corrente de curto-circuito continua no sistema, em virtude sua integridade e ao
seu ciclo de duração. Ela pode avariar a isolação dos mais diferentes elementos do sistema. O
curto circuito pode tambem levar a quedas de tensão significativas em outros pontos do
sistema, podendo provocar o desligamento improprio de outros dispositivos. (SILVA, 2014)
Neste , a perspectiva de estudos de coordenação e seletividade de dispositivos de
proteção contra sobrecorrente é reduzir os impactos que os curtos-circuitos consegue
ocasionar no sistema elétrico. Isso é feito eliminando o curto circuito rapidamente por meio
do desligamento do menor número de dispositivos possíveis. Quando um sistema é apto a
detectar uma ação omissa e garantir que somente essas partes omisas sejam retiradas de
operação é denominado esse circuito como seletivo (MAMEDE, 2017).
Para assegurar que a omissão em determinado ponto seja detectada e que todos os
componentes do sistema estejam protegidos é necessario que os componentes desse estejam
em pelo menos uma área protegida, área essa em que o dispossitivo de proteção é responsável
em identificar e atuar em caso de falta. Essas áreas são definidas pelo posicionamento dos
componentes de proteção. (LIGHT, Março 2016)
A coordenação e seletividade da proteção no sistema de proteção de barramento tem
a finalidade de cada curto circuito seja sensibilizado e eliminado pelo seu relé associado ao
equipamento protegido. A seletividade da atuação dos dispositivos e de acordo com
prioridade de desligamento, ou seja o tempo que será calibrado para que a falta seja
eliminada. No nosso objeto de estudo que é a proteção de barramento de 13,8kV, uma falta
no alimentador associado a barra não pode desligar a barra e sim apenas esse circuito. Desta

26
forma um defeito no alimentador deve ser eliminado pelos dispositivos associados àquele
circuito. Contudo, um curto circuito na barra deve ser coordenado de forma a eliminar
instataneamente o defeito da barra, isolando o defeito. (NBR14039, 2003)

Figura 10 - Zonas de Proteção e seus dispositivos

Fonte (MAMEDE, 2017)

2.5.3 Esquemas de proteção de barras 13,8 kV

O primeiro esquema de proteção de barras que será apresentado é do tipo Terra


Isolada. Este esquema trata-se de um esquema antigo de proteção de barramento em conjunto
blindado. Para o seu funcionamento é fundamental que a blindada esteja ligada a “terra”
através de um único ponto, estando o restante do conjunto totalmente isolado. Desse modo,
“na ocorrência de um curto-circuito envolvendo o barramento e a “terra”, o único caminho
para a corrente de curto-circuito (Icc) percorrer é através do cabo de aterramento” (JOÃO
MAMEDE FILHO, 2013). Devido esta característica específica, para defeitos envolvendo o
barramento e a carcaça da blindada, um relé instalado no secundário do TC localizado no
cabo de aterramento da blindada será sensibilizado e em coordenação com outro que possui
duas bobinas, uma instalada no esquema de medição do disjuntor geral e a outra no TC do
cabo neutro do transformador de potência, fará com que o esquema desenergize o barramento.
Já no caso de um defeito externo, o relé não será sensibilizado e assim sendo, o esquema não
será acionado. (LIGHT, 2012)

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Também utilizado por muitas distribuidoras tem-se o esquema do tipo diferencial.
Como o próprio nome já diz, este tipo de proteção funciona por verificação das diferenças
entre o somatório das correntes que entram num barramento com as que saem do mesmo.
Neste caso, são instalados TC nos cubículos gerais de alimentação do barramento e em todos
os cubículos de saída. Estes transformadores de corrente informam para o relé diferencial as
correntes que entram no barramento e as correntes que saem deste, delimitando assim a área a
ser protegida. No caso de um defeito no barramento, ocorrerá uma diferença entre o valor da
corrente que entra no barramento e o somatório das correntes que saem do mesmo, fazendo
com que o esquema desenergize o barramento. Já quando o defeito é externo o esquema não
será acionado, pois não haverá desequilíbrio de corrente. Vale ressaltar que este tipo de
proteção apresenta uma blindada multi-aterrada, ou seja, há vários pontos de aterramento no
conjunto blindado. (PESTANA, 2007)
Pra finalizar, apresenta-se o esquema do tipo Bloqueio Reverso, também conhecido
como proteção de blindagem. Neste esquema do mesmo modo que a proteção diferencial há
vários pontos de aterramentos e tem como principal característica proteger o barramento para
defeitos que envolvam a “terra”. Aqui, um relé é conectado no neutro dos TCs de proteção
dos circuitos de saída e é ajustado de forma a impedir a atuação da proteção de bloqueio, no
caso de um defeito externo ao barramento. Quando o defeito ocorre entre o barramento e a
terra, este relé não é sensibilizado e consequentemente não ocorrerá o bloqueio do esquema
que através de outro relé de sobrecorrente instalado no neutro dos TCs localizados no
cubículo geral, proporcionará a desernegização do barramento. (SILVA, 2014)
Hoje, com o advento dos relés numéricos e com o avanço tecnológico na área de
telecomunicação, estes esquemas têm sido aprimorados, visando garantir uma maior
confiabilidade e seletividade. O foco deste trabalho será apresentar um modelo de proteção de
barramento já com o emprego das novas tecnologias e mostrar as melhorias trazidas pelo
novo esquema de proteção. (JOÃO MAMEDE FILHO, 2013)

2.6 ELETRÔNICA DE POTÊNCIA

De maneira geral, a Eletrônica de Potência é responsável pelo processamento e


controle do fluxo de energia, fornecendo tensões e correntes otimizadas para as cargas.
Recentemente, está área do conhecimento experimentou um grande desenvolvimento devido a
vários fatores, principalmente o advento do tiristor na década de 60. Avanços na

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microeletrônica levaram ao desenvolvimento do controle baseado em circuitos integrados e
processadores de sinais digitais. Além disso, avanços na tecnologia de fabricação de
semicondutores tornaram possíveis uma melhora significativa na capacidade de condução de
corrente, tensão e na velocidade de chaveamento. (B. D. BONATTO, 2001)
Ao mesmo tempo, o mercado de eletrônica de potência vivenciou uma expansão
notável. Estima-se que mais de 50% das cargas ligadas a rede elétrica dos países
desenvolvidos sejam supridos por meio de sistemas de eletrônica de potência, especialmente
naqueles países cujo custo da energia é relativamente alto. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)
Atualmente, a eletrônica de potência está presente nas mais diversas áreas de
atuação humana, como na medicina, nos transportes, nos escritórios e não somente na
eletricidade. Por trazer inúmeros benefícios, como conforto e eficiência, a gama de aplicações
não para de crescer. A seguir, são apresentados alguns exemplos de sua aplicação no
cotidiano e na modernização dos SE’s e dos processos industriais. (LEÃO, 2013)

2.6.1 Fonte CC chaveadas e no-breaks (UPS)

Utilização maciça dos computadores pessoais, equipamentos de comunicação e outros


dispositivos que requerem uma fonte CC regulada e, geralmente, fornecimento ininterrupto de
energia;

2.6.2 Conservação de energia

O aumento no custo da energia e a preocupação com o meio-ambiente tornaram a


conservação de energia uma prioridade. Entre inúmeras aplicações nessa área, pode-se citar o
uso de eletrônica de potência nos reatores eletrônicos das lâmpadas fluorescentes para
operação em elevadas frequências e maior e maior eficiência; (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)

2.6.3 Transportes

Os trens e outros veículos elétricos permitem um eficiente meio de transporte de


massa. Além disso, seu uso permite a redução da poluição causada por veículos a base
de combustíveis fosseis. Tais veículos elétricos possuem motores e baterias que
utilizam conversores baseados em eletrônica de potência; (MASCARENHAS e
NUNES, 2005)

29
2.6.4 Aplicações relacionadas ao sistema elétrico

Uma das aplicações está relacionada a interconexão de sistemas fotovoltaicos e


sistemas eólicos a rede elétrica, que é possível pelo uso da eletrônica de potência; (ANEEL
RESOLUÇÃO - 456, 2000)

2.6.5 Controle de processos e automação

O aumento pela melhora na demanda pela melhora na eficiência oferecida no


acionamento de bombas e compressores de velocidade variável, bem como a utilização de
robôs em fabricas automatizadas. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)

2.7 QUALIDADE DA ENERGIA

Desde a década de 20, já havia preocupações com as definições de potências em


condições não-senoidais.
A expansão da eletrônica de potência associada pela crescente aplicação de
equipamentos baseados nessa tecnologia ocorreu simultaneamente ao crescimento da indústria
do silício e da aplicação dos CI’s, microprocessadores e eletrônica fina utilizados nos mais
variados processos. Esse amplo crescimento dos problemas operacionais, que em seguida
foram identificados como sendo relacionados com a energia. (B. D. BONATTO, 2001)
O aumento nas taxas de falhas dos processos industriais identificou a energia como
sua maior causa. Os equipamentos baseados em microtecnologia queimavam ou funcionavam
inadequadamente causando grandes transtornos, quedas na eficiência e na qualidade dos
produtos. Alguma coisa que até então não era percebida estava afetando a qualidade da
energia utilizada nos processos.
A investigação desses problemas e a correlação com a qualidade da energia levou ao
aparecimento da ciência harmônica. O termo Qualidade da Energia refere-se, de um modo
geral, a uma grande variedade de fenômenos eletromagnéticos que caracterizam a tensão e a
corrente em um dado tempo e localização no sistema elétrico. (MARTINHO, 2009)
Com o surgimento dessa ciência, pode-se verificar que algumas cargas, como as
baseadas em eletrônica de potência, causavam distúrbios na rede elétrica que, em alguns
casos, era compartilhada com cargas sensíveis a esses fenômenos, como as micro processadas.

30
O crescimento de ambas tecnologias, de certa maneira incompatíveis eletricamente, levou a
um maio interesse no estudo dessa ciência.
Atualmente, a qualidade da energia já e um tema amplamente utilizado nos cursos de
eletricidade apesar de ser um pouco estudado no nível de graduação acadêmica. Além disso,
as normas brasileiras e os órgãos reguladores ainda não se adaptaram à nova realidade, de
modo que as concessionárias de energia, de forma geral, pouco ou nada fizeram para resolver
tais problemas em suas redes. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)
Entretanto, pela sua crescente importância, a disponibilidade de equipamentos e
serviços de melhorias na qualidade da energia tem surgido no mercado. Estes buscam atender,
principalmente, consumidores industriais e alguns comerciais, oferecendo monitoramento,
gerenciamento e soluções para os problemas de qualidade da energia. (ANEEL)
De fato, esses monitoramentos e gerenciamentos são altamente eficientes: não
somente prover informações sobre a qualidade da energia e as possíveis causas dos distúrbios
no sistema elétrico como também são capazes de identificar condições atípicas do sistema
antes que causem falhas, operações inadequadas e até mesmo queima de equipamentos.
(MASCARENHAS e NUNES, 2005)
Portanto, a Qualidade da Energia tem um impacto significativo nos dias atuais. Com o
intuito de reduzir os crescentes transtornos causados pela introdução na rede de cargas não-
lineares e outros fatores que possam prejudicar o bom funcionamento de cargas conectadas a
rede, sua importância só tende a aumentar. (ANEEL)

2.8 ENERGIA CUSTOMIZADA

A era da industrialização foi marcante no decorrer do século XX. Uma grande


revolução no processo de produção e fabricação permitiu sucessivos desenvolvimentos e
inovações tecnológicas, que continuam até os dias atuais.
Os gastos com pesquisa e desenvolvimento se tornaram prioritários para qualquer
ramo e setor de produção, não importasse o quão simples fosse o produto. A melhoria dos
equipamentos e dos processos possibilitou uma redução de custos com empregados, energia e
ineficiência. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)
Essa efetiva redução dos custos e o aumento da eficiência ficaram marcantes nas
últimas décadas do século XX. A automação dos processos industriais aliada ao
desenvolvimento dos sistemas de controle virou palavra de ordem para o aumento da

31
competitividade e sobrevivência das organizações. Controles microprocessadores geraram um
significativo ganho de escala na produção, aumentando o volume, lucros e participações de
mercado.
Entretanto, toda revolução tecnológica traz novas soluções e também novos problemas
em função das cargas baseadas em controles micro processados e a operação normal do
sistema elétrico de potência tem sido fonte de problemas da área da Qualidade da Energia
tanto para consumidores como para as concessionárias de energia. (ALVAREZ e SAIDEL,
1998)
Uma das alternativas para solução dessa incompatibilidade é a dessensibilização dos
processos industriais. Porém, segundo os próprios fabricantes, isto nem sempre é viável, uma
vez que a qualidade do produto final seria afetada e, além disso, implicaria em elevados
custos adicionais para modificar o projeto de máquinas e equipamentos inerentes aos
processos. (MARTINHO, 2009)
Outra alternativa é a aplicação de modernas tecnologias baseadas em eletrônica de
potência que são capazes de minimizar os impactos causados por fenômenos eletromagnéticos
e melhorar a qualidade da energia que a Cabine Primaria entrega. Essas tecnologias são
comumente chamadas de condicionadores de energia. Apesar de muitas vezes seus custos
serem proibitivos, há uma tendência no mercado de novos dispositivos com capacidade de
condicionamento e custos mais atrativos. (B. D. BONATTO, 2001)
Em alguns sistemas de transmissão é possível encontrar tecnologias como o Facts
(Flexible AC Transmission Systems). Esses equipamentos são aplicações de eletrônica de
potência para otimizar a transmissão de energia elétrica, aumentando a capacidade de
transmissão de potência, amortecendo oscilações dinâmicas e diversas outras afinidades.
De maneira semelhante, poder-se-ia implementar um sistema de distribuição que,
utilizando novas tecnologias para condicionamento da energia, para que possa permitir o
fornecimento de energia elétrica de qualidade diferenciada. A energia customizada geraria
uma oportunidade estratégica de inovação tecnológica no mercado de energia elétrica
brasileiro. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)
Os médios e grandes consumidores de energia que necessitem de condicionamento na
energia elétrica fornecida, e cujas perdas associadas aos problemas de qualidade na tensão que
justifique, tecnicamente e economicamente o investimento. Os potenciais beneficiários da
energia customizada. Certamente, não hesitariam em pagar uma tarifa mais elevada a fim de
ter uma energia mais confiável para suas atividades fins. (MAMEDE, 2017)
32
Num futuro próximo, de livre competição entre concessionarias de diversas partes do
pais e de liberdade tarifarias, certamente a tarifa não e o único diferencial na escola
clientes/usuários de energia elétrica. A qualidade do serviço prestado assim como a qualidade
da energia fornecida terá um grande peso nas decisões dos consumidores, uma vez que as
cargas comerciais e industriais estão se tornando cada vez mais sensíveis a esses fatores.
Num mesmo cenário, seria possível a aplicação de tarifas diferenciais, de acordo com
o serviço e a qualidade da energia solicitada pelo usuário. Dependendo da sensibilidade dos
equipamentos e do produto final com relação a energia, o cliente contraria uma energia com
certas características, pagando uma tarifa especifica para esse contrato. (MASCARENHAS e
NUNES, 2005)
Muitos estudos já existem nessa área. Grandes investimentos estão sendo realizados no
desenvolvimento de tecnologias que possibilitam esses serviços. Muito em breve, comprar
planos de energia de acordo com a sua qualidade será como tão fácil e normal como ter um
plano de celular. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)
Com crescimento da utilização de equipamentos eletrônicos que causam distúrbios
eletromagnéticos ou que são sensíveis a esses fenômenos, vem aumentando o interesse na
qualidade da energia elétrica nos últimos anos. De fato, se não fossem as catastróficas
consequências nos processos industriais e comerciais decorrentes desses distúrbios, esse
assunto não teria tanta relevância como vem adquirindo atualmente. (LEÃO, 2013)
Juntamente com o aumento nos problemas operacionais tem sido realizados grandes
esforços para se classificar esses fenômenos. Uma das principais razões para o
desenvolvimento de diferentes categorias de fenômeno é que existem diferentes modos de se
resolver problemas de qualidade da energia. Assim, a solução escolhida é mais pontual no
problema e, por sua vez, mais eficaz. (MARTINHO, 2009)
Entretanto, simplesmente identificar o problema não é suficiente para saná-lo. Muitas
vezes, é preciso atuar diretamente nas suas causas, que variam desde condições transitórias
como partida de motores e chaveamentos, a condições pertinentes como as cargas não-
lineares. Identificar as causas de um determinado fenômeno pode implicar desde um simples
remanejamento de cargas até uma solução técnica-economicamente melhor. (FILHO, 2017)

33
3. FENÔMENOS DA QUALIDADE DA ENERGIA

O termo “qualidade da energia” vem se tornando parte do vocabulário de um número


cada vez maior de consumidores comerciais e industriais. Anteriormente, os equipamentos
eram mais simples e, consequentemente, robustos e insensíveis ás pequenas perturbações no
fornecimento. Flutuações de tensão na rede pública não eram sequer notadas. (ALVAREZ e
SAIDEL, 1998)
Com o crescimento da utilização de equipamentos eletrônicos que causam distúrbios
eletromagnéticos ou que são sensíveis a esses fenômenos, vem aumentando o interesse na
qualidade da energia nos últimos anos. De fato, se não fossem as catastróficas consequências
nos processos industriais e comerciais decorrentes desses distúrbios, esse assunto não teria
tanta relevância como vem adquirindo atualmente.
Juntamente com o aumento nos problemas operacionais, tem sido realizados grandes
esforços para se classificar esses fenômenos. Uma das principais razões para o
desenvolvimento de diferentes categorias de fenômenos é que existem diferentes modos de se
resolver problemas de qualidade de energia. Assim, a solução escolhida é mais pontual no
problema e, por sua vez, mais eficaz. (ARAUJO, 2005)
Entretanto, simplesmente identificar o problema não é suficiente para sana-lo. Muitas
vezes, é preciso atuar diretamente nas suas causas, que variam desde condições transitórias
como partida de motores e chaveamentos, a condições permanentes como as cargas não-
lineares. Identificar as causas de um determinado fenômeno pode implicar desde um simples
remanejamento de cargas até uma solução técnica-economicamente melhor.

3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS FENÔMENOS

Com o intuito de facilitar a identificação das possíveis causas de determinado


problema e mitigar seus efeitos, os fenômenos eletromagnéticos são divididos em categorias
em função do seu tipo de regime:
 Distúrbios de regime permanente
Os principais atributos usados para defini-los são a amplitude, frequência,
espectro, modulação, profundidade e área do notch (entalhamento) e
impedância da fonte. (ARAUJO, 2005)

34
 Distúrbios de regime transitório
São todos os fenômenos eletromagnéticos de duração limitada. São medidos
mediante uma anormalidade na tensão, na corrente ou na frequência. Os
principais atributos de um distúrbio transitório são a taxa de subida, amplitude,
duração, espectro, frequência, taxa de ocorrência, energia potencial e
impedância da fonte. (GOMES, 1985)

3.1.1 Fenômenos transitórios

Entre os transitórios, a duração do fenômeno ainda é subdividida em intervalos de


tempo de modo a melhor caracterizar suas causas e consequências. Via de regra, eles são
divididos em instantâneos, momentâneos e temporários, com durações de 0,5 a 30 ciclos a 3
segundos e 3 segundos a 1 minuto, respectivamente. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)
Há vários tipos de distúrbios transitórios, que são classificados e definidos de acordo
com seus atributos.

3.1.2. Afundamento de tensão (voltage sag)

É uma redução de 0,1 a 0,9 p.u. no valor RMS da tensão ou da corrente com uma
duração de 0,5 ciclo a um minuto. Também conhecido voltage dip, pode ser associado a uma
falta do sistema, partida de grande motor, chaveamento de uma carga significativa ou
aumento na demanda de carga.
Uma típica falta num alimentador de cabine primaria causará uma queda de tensão nos
barramentos da mesma, afetando todos os demais alimentadores até a falta ser extinta. Na
Figura 11, mostra que o tempo típico de extinção varia de 3 a 30 ciclos, dependendo da
magnitude da corrente de falta e da sensibilidade da proteção. (LEÃO, 2013)

35
Figura 11 - Valor RMS e forma de onda de um afundamento de tensão

Fonte: (MARTINHO, 2009)

Outras causas típicas são as grandes variações de cargas e a partida de grandes


motores. Um grande motor de indução poderá drenar de 5 a 10 vezes sua corrente nominal
durante a partida. As correntes de surto, associadas a impedância dos alimentadores, causarão
quedas de tensão nos mesmos que poderão ser significativas, dependendo das condições do
sistema.
A duração típica dos afundamentos varia de 2ms (1/8 de ciclo) até alguns minutos.
Entretanto, sobretensões com durações menores que ½ ciclo não podem ser caracterizadas
efetivamente como uma mudança no valor RMS da fundamental. Por outro lado, sobretensões
maiores que 1 minuto podem ser controladas por equipamento reguladores de tensão podem
ser causadas por uma variedade de fatores além das faltas. (B. D. BONATTO, 2001)

3.2.3. Inchamento da tensão (voltage swell)

É um aumento de 1,1 a 1,8 p.u. no valor RMS da tensão com uma duração de 0,5 ciclo
a um minuto. Dentre as principais causas desse tipo de fenômeno, pode-se citar faltas do
sistema, desconexão de grandes cargas e conexão de bancos de capacitores.

36
Assim como no caso dos sags, os swells também são geralmente associados ás faltas
do sistema, porem são menos comuns. Na Figura 12 esse distúrbio ocorre quando há uma falta
fase-terra, resultante numa elevação temporária nas outras fases. (LEÃO, 2013)

Figura 12 - Valor RMS e forma de onda de um inchamento de tensão

Fonte: (MARTINHO, 2009)

Os swells são caracterizados pela sua magnitude e duração, que ocorrem em função da
localização da falta, impedância do sistema e aterramento. Num sistema com aterramento
deficiente, a tensão de fase pode ser de 1.73 p.u. nas demais fases durante uma falta fase-terra.

3.1.4. Transiente

É um fenômeno indesejado e momentâneo na forma de onda da tensão ou da corrente,


que ocorre na mudança de um estado estacionário para outro estado estacionário. Os
transientes, também chamados de surtos, se dividem em 2 categorias de acordo com a forma
de onda do transiente da corrente ou tensão: os impulsivos e os oscilatórios. (ARAUJO, 2005)
A Figura 13, um transiente impulsivo é uma repentina variação no regime permanente
da tensão, da corrente ou de ambos, que é unidirecional na polaridade (negativa ou positiva).
São normalmente caracterizados pelos seus tempos de subida e descida, mas, podem ser

37
descritos pelo seu conteúdo espectral. A principal causa desse tipo de fenômeno são os raios.
Devido as altas frequências envolvidas, eles são rapidamente atenuados pela componente
resistiva do circuito, não se propagando para muito além da sua fonte.

Figura 13 - Forma de onda de um transiente impulsivo

Fonte: (MARTINHO, 2009)

Um transiente oscilatório, por sua vez, consiste de uma tensão ou corrente cujo valor
instantâneo muda de polaridade rapidamente. É descrito pelo seu conteúdo espectral,
magnitude e duração. O conteúdo espectral é dividido em 3 subclasses de acordo com os tipos
comuns desse tipo de fenômeno: alta, média e baixa frequência. (ARAUJO, 2005)
Os transientes oscilatórios cujo principal conteúdo espectral é maior que 500kHz e
possui uma duração da ordem de microssegundos são enquadrados na subclasse de alta
frequência. Esses transientes são quase sempre causados por algum tipo de chaveamento,
como uma resposta natural ao transiente impulsivo. (BRASIL GOV, 2017)
Quando a frequência principal é de 5 a 500 kHz e a duração é da ordem de algumas
dezenas de microssegundos, o transiente é classificado como de media frequência. Quando
um banco de capacitores é energizado próximo, eletricamente, a outro banco em serviço, ele
vê uma baixa impedância entre os mesmos, devida apenas a indutância do barramento que os
conecta. Deste modo, cria-se uma corrente de transiente oscilatório da ordem de algumas
dezenas de kHz entre bancos.
38
A última subclasse corresponde aos fenômenos com frequência menores que 5 kHz e
duração da ordem de milissegundos. Essa categoria é frequentemente encontrada nos sistemas
de transmissão e distribuição, sendo causada por diferentes eventos dentre os quais o
chaveamento de bancos de capacitores. Os valores mais comuns ocorrem entre 300 e 900 Hz
e a magnitude pode alcançar 2,0 p.u. com duração de 0,5 a 3 ciclos. (FILHO, 2015)

3.1.5. Interrupção

É definida como uma redução na tensão fornecida para um valor menor que 0,1 p.u.
por um período de tempo de até 1 minuto. Resultam das faltas do sistema, falhas de
equipamentos ou falhas de controle. Na Figura 14, mostra a duração da interrupção devida a
falta na rede, é determinada pelos dispositivos de proteção e pelo evento causador da falta.
Religadores instantâneos limitarão a interrupção devida a uma falta não-permanente a menos
de 30 ciclos. Religadores com atraso provocarão interrupções momentâneas ou temporárias,
dependendo do tipo. Geralmente, as interrupções devidas as faltas são precedidas por um
afundamento de tensão. Isso se deve a força contra-eletromotriz dos motores de indução
presentes no circuito interrompido. (ARAUJO, 2005)

Figura 14 - Valor RMS e forma de onda da interrupção

Fonte: (MARTINHO, 2009)

39
As interrupções, além de serem eventos do campo da qualidade da energia,
compreendem um dos parâmetros da qualidade do serviço prestado.

3.1.6. Fenômenos de regime permanente

Do mesmo modo, os fenômenos de regime permanente são classificados e definidos


mediantes os tributos especificados:

3.1.7. Harmônicas

São tensões ou correntes senoidais cujas frequências são múltiplos inteiros da


frequência fundamental, isto é, da frequência de operação do sistema, no caso 60 Hz. Quando
combinadas com a frequência fundamental, produzem distorções da forma de onda.
A distorção harmônica é devida a existência de cargas e dispositivos não-lineares no
sistema. Esses dispositivos podem ser modelados como fontes que injetam correntes
harmônicas no sistema. A distorção da tensão é o resultado da passagem dessas correntes
pelas impedâncias do sistema, causando queda de tensão não linear.
Os níveis de distorção harmônica podem ser caracterizados pelo espectro da forma de
onda, com magnitudes e ângulos de fase de cada componente harmônico. É bastante comum
ser usado uma quantidade denominada distorção harmônica total, que é uma medida da
magnitude da distorção harmônica. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)

40
Figura 15 - Forma de onda e espectro da distorção harmônica

Fonte: (LEÃO, 2013)


Todavia, essa quantidade fica distorcida quando há um baixo nível de carregamento.
Deste modo, foi implantada uma nova quantidade, a distorção demandada total. Esse termo é
o mesmo que a distorção harmônica total, exceto pelo fato de ser expresso em função da
corrente nominal ao invés da fundamental. Esses e outros índices serão vistos mais
detalhadamente no próximo capitulo. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)

3.1.8. Desbalanceamento

E definido como a razão entre a componente da sequência negativa ou zero e a


componente da sequência positiva. As tensões de sequência zero ou negativa geralmente
resultam do desbalanceamento das cargas de um sistema, causando fluxos de correntes de
sequência zero ou negativa. O desbalanceamento pode ser calculado como o maior desvio de
tensão ou corrente da média das 3 fases, dividido pela média de tensão ou corrente das 3
fases, em porcentagem. (ANEEL RESOLUÇÃO - 456, 2000)

41
Figura 16 - Desbalanceamento das tensões

Fonte: (LEÃO, 2013)

A principal causa do desbalanceamento de tensão é o desbalanceamento das cargas


monofásicas em sistemas trifásicos, que pode ser de até 2%. Entretanto, desbalanceamentos
severos, maiores que 5%, podem ser causados por problemas específicos em uma das fases.

3.1.9. Flutuações de tensão (flicker)

São variações sistemáticas da forma de tensão ou uma serie de variações na tensão, no


qual a magnitude normalmente está entre 0,95 e 1,05 p.u. Qualquer carga que apresente
variações significativas de corrente, especialmente da sua componente reativa, pode causar
flutuações de tensão. (ANEEL)
Esse fenômeno resulta, principalmente, da variação da carga. Se essa variação ocorrer
numa frequência na qual o olho humano é suscetível e se a queda resultante no sistema for
grande o suficiente, uma modulação na intensidade de luz de lâmpadas incandescentes ou
fluorescentes poderá ser preenchida. A esse fenômeno visual da cintilação da luz da-sé o
nome de flicker, que também é erroneamente atribuído ao fenômeno eletromagnético.
Nos sistemas elétricos modernos, entretanto, podem existir outros aparatos como
computadores, instrumentação e equipamentos de comunicação que sofrem efeitos danosos

42
mediante esse problema, mesmo não havendo flicker (efeito visual) nas lâmpadas
incandescentes. (ANEEL RESOLUÇÃO - 456, 2000)
Os fornos a arco constituem uma das principais fontes desse tipo de fenômeno nos
sistemas de transmissão e distribuição.

3.1.10. Entalhamento da tensão (notching)

E um distúrbio periódico da tensão causado pela operação normal de um aparelho


baseado em eletrônica de potência, quando a corrente é comutada de uma fase para outra. Tal
fenômeno representa um caso especial entre os transientes e os harmônicos. Apesar de ser um
fenômeno periódico, as componentes de frequências associadas possuem valores elevados e
não são caracterizadas normalmente pelos aparelhos que realizam analise de energia. (B. D.
BONATTO, 2001)

Figura 17 - Entalhamento (notch) na tensão

Fonte: (MARTINHO, 2009)

A causa mais comum desse tipo de fenômeno são os conversores trifásicos que
produzem corrente contínua. A Figura 17 mostra os entalhamentos (notches) ocorrem no
intervalo de comutação de uma fase para outra. Nesse momento, há um rápido curto-circuito
entre as fases comutadas que é limitado apenas pela impedância da fonte e do circuito
monitorado.
43
3.1.11. Sobretensão

É um aumento no valor RMS da tensão em relação a nominal por um período maior


que 1 minuto. Valores típicos são de 1,1 e 1,2 p.u. Há inúmeras causas para esse fenômeno,
dentre as quais desconexão de grandes cargas, energização de um banco de capacitores, má
regulação ou controle da tensão, setagem incorreta do tap de transformadores, etc. (SILVA,
2014)

3.1.12. Subtensão

É uma redução no valor RMS da tensão em relação ao nominal por um período maior
que 1 minuto. Valores típicos são de 0,8 e 0,9 p.u. As principais causas são duais as da
sobretensao, como conexão de grandes cargas, desernegização de bancos de capacitores, má
regulação ou controle da tensão, circuitos sobrecarregados, etc.

3.1.13. Interrupção mantida

É a redução completa da tensão fornecida (menor que 0,1 p.u.) em 1 ou mais fases por
um período maior que 1 minuto. Esse tipo de interrupção é, geralmente, de natureza
permanente, exigindo intervenção humana para solução do problema e restabelecimento do
serviço.

3.2 CAUSAS DOS FENÔMENOS

A importância de se determinar os causadores de um problema eletromagnético reside


na implementação de medidas mitigadoras. Uma vez monitorado e identificado o distúrbio
responsável por determinado problema, a identificação das prováveis causas desse distúrbio é
o segundo passo a ser dado para sanar a ocorrência.

3.2.1 Aparelhos baseados em Eletrônica de Potencia

Esses tipos de aparelhos são cargas não-lineares e injetam harmônicas na rede, criando
distorções harmônicas na tensão. Os problemas mais comuns são causados por reatores
eletrônicos de lâmpadas fluorescentes compactas e pelos acionamentos de motores com
velocidade variável (ASD), responsáveis por grande parte do terceiro e do quinto harmônicos
na rede, respectivamente.
44
3.2.2 Equipamentos de Escritório e TI

As fontes dos equipamentos de TI são chaveadas, responsáveis pelo aumento


vertiginoso no nível de 3º, 5º e 7º harmônicos nos últimos anos. Pesquisas recentes mostraram
que o uso de fontes chaveadas para fins de iluminação e equipamentos de escritório pode
representar mais de 50% da carga de edifícios modernos. Como a corrente de 3º harmônico é
de sequência zero, a mesma se soma no neutro de um sistema trifásico equilibrado, podendo
alcançar até duas vezes a corrente nominal de fase. Em vista disso, vários edifícios vem
adotando condutores de neutro superdimensionados.

3.2.3 Aparelhos com funcionamento a arco

Fornos elétricos, soldas elétricas e lâmpadas de descarga são exemplos típicos de


aparelhos com funcionamento a arco. Tais aparelhos são fortemente não-lineares. A forma de
onda de suas correntes é caracterizada por uma elevada corrente de arco limitada apenas pela
impedância da própria rede.
Grandes fornos a arco presentes na siderurgia necessitam de correntes da ordem de
dezenas de milhares de amperes, enquanto que as soldas elétricas drenam correntes de ordem
de centenas de amperes lâmpadas de descarga consomem apenas frações de ampere,
individualmente. Porém, quando se considera a presença de dezenas ou centenas dessas
lâmpadas em cargas residenciais ou comerciais, essas frações se somam causando impactos
significativos.

45
Figura 18 - Soldagem a arco com elevadas correntes

Fonte: (LEÃO, 2013)

Como observado na Figura 18 os aparelhos a arco são fontes de distorçoes


harmônicas. Entretanto, seus efeitos são dificeis de serem mitigados já que o balanceamento
com outros aparelhos nem sempre sera eficaz para obtenção do equilibrio entre as fases, pois
tais aparelhos são operados em varios modos. Alem disso, são fontes comuns de transientes
na rede, devido ao chaveamento intermitente, e de flicker, em virtude da flutuação de tensão
causada pelas elevadas correntes não-senoidais. (ARAUJO, 2005)

3.2.4 Chaveamento de cargas e bancos de capacitores / reatores

O chaveamento de cargas pesadas ou de banco de capacitores ou reatores na rede é


uma fonte comum de transientes, que podem afetar o funcionamento de tensão, mas possuem
pouca energia devido a curta duração da ordem de milissegundos.
Outros fenômenos causados frequentemente pelo chaveamento são os afundamentos
(voltage sags) e os inchamentos (voltage swell) de tensão.

3.2.5 Partida de grandes motores

Um dos problemas mais comuns na rede é a partida de grandes motores. Como se


sabe, as maquinas de indução possuem uma natureza dinamica e drenam corrente de acordo
com seu modo de operação. No momento de partida, devido a inexistencia da força
46
eletromotriz gerada pela rotação do motor, a tensão fornecida é submetida diretamente a
resistência do enrolamento, que é baixa, resultando numa elevada corrente. Após ser atingida
a velocidade nominal, a tensão sobre o enrolamento é reduzida em virtude da força
eletromotriz gerada pela rotação. Como consequência, a corrente reduz até atingir de 5 a 10
vezes a corrente nominal. Como os condutores não são dimensionados para essa corrente, há
uma elevada que de tensão nesse momento, o funcionamento de tensão. (BIM, 2014)
O problema se torna critico nos grandes motores que, devido a sua inécia, levam um
tempo maior para atingir seu ponto de operação. Existem diferentes técnicas para reduzir os
efeitos oriundos da partida desses motores como o acionamento por chave estrela-triangulo,
capacitores de partida, resistência demarradora, autotransformadores e, mais modernamente,
softstarters e inversores de frequencia.

3.2.6 Geração distribuida

Por geração distribida compreende-se aquela produzida por pequenos produtores


independentes e autoprodutores. Com o incentivo, desenvolvimento e a redução dos custos de
novas tecnologias, incluindo as alternativas, há um aumento continuo desse tipo de geração.
Apesar de ainda não haver um consenso sobre os efeitos do crescimento da geração
distribuida na rede publica, se piora ou melhora a qualidade da energia, pode-se dizer que há
tanto vantagens como desvantagens na sua larga aplicação.
Já existem estudos demonstrando o aumento da distorção harmonica na tensão em
sistemas fotovoltaicos conectados a rede. Este, por sua vez, esta relacionado ao emprego de
inversores de frequencia que realizam o acoplamento. (GOMES, 1985)
Uma elevada quantidade de geração distribuida no nivel de subestação e a jusante leva
a um aumento no nivel de curto-circuito dos alimentadores e barramentos. Esta é uma das
maiores preocupações quando o assunto é geração di3.3.7 Descargas atmosféricas e fatores
ambientais
Os raios são uma causa comum de transientes nas redes de transmissão e distribuição,
levando, muitas vezes, a interrupção no fornecimento. Raios não precisam necessariamente
atingir a rede para gerar transientes. Basta que atinjam um ponto proximo ao condutor para
induzirem impulsos na linha. O potencial da terra pode ser elevado pela queda de um raio
proximo, criando uma corrente de neutro que flui para terra num potencial remoto. Isto pode
ter efeito destrutivo em equipamentos mais sensiveis.

47
 Mal funcionamento ou desligamento de equipamentos;
 Redução na qualidade dos processos e dos produtos, consequentemente;
 Interrupção de processos;
 Corrupção e perda de dados;
 Redução da vida útil;
 Danos e quima de aparelhos;
 Aquecimento dos motores;
 Aquecimento nos transformadores e nos circuitos (ressonãncia);
 Abertura indesejada dos disjuntores.

Qualquer aparelho baseado em microeletronica que dependa de memoria volátil para


armazenamento da informação é uma vitima em potencial dos fenômenos da qualidade da
energia. Além disso, a sensibilidade dos microcircuitos que operam em niveis de ultra baixa
tensão e correntes de mili ou microamperes é tamanha, que um transiente de pequena
magnitude é capaz de danificar os componentes.

Figura 19 - Microcircuitos altamente sensíveis

Fonte: (B. D. BONATTO, 2001)


A automação industrial possibilitou uma significante melhora no controle dos
processos, aumentando a qualidade dos mesmos e dos produtos fabricados. Geralmente, os

48
problemas de energia não afetam diretamente os equipamentos controlados, pois estes são
mais robustos e indiferentes aos disturbios mais comuns. Entretanto, o controle automatizado
é fortemente suscetivel a esses tipos de problemas, podendo ocasionar redução na qualidade
dos processos e dos produtos, mal funcionamento ou desligamento indesejado de
equipamentos e, consequentemente, interrupção do processo. Todas essas consequencias tem
os seus custos, seja do produto descartado, do concerto do equipamento danificado ou do
tempo despendido para reiniciar todo o processo. (LATHI, 1979)
Além disso, na era da informação o correto processamento e interpretação dos dados é
de fundamental importancia para geração de uma informação confiavel. Por outro lado, a
sensibilidade dos equipamentos de TI para com os fenomenos eletromagneticos pode ser
refletida na produção dos dados e geração de informação a partir deles. Se os dados forem
corrompidos ou perdidos durante a transmissão ou o processamento, a confiabilidade da
informação será diretamente afetada, podendo até mesmo ocasionar erros de decisões.
Mesmo os equipamentos mais robustos não estão imunes a esses tipos de problemas.
O principio de funcionamento dos motores de indução é o campo girante criado pela
sequencia positiva das 3 fases convenientemente arranjadas. A influencia das harmonicas é
percebida diretamente no torque da maquina, que se torna pulsante. As harmonicas de
sequencia negativa, como a 5ª, criam um campo girante no sentido contrario da fundamental,
ocasionando uma redução do torque e aquecimento nos enrolamentos. Já as harmonicas de
sequencia zero, como a 3ª, não realizam torque da vida útil das maquinas, podendo, inclusive,
queima-las. As vezes, o proprio consumidor final é responsável pela deterioração da
qualidade do seu suprimento.
Enquanto não se definem as responsabilidades, cada parte deve fazer o possivel para
minimizar os transtornos subsequentes da energia. Para isso, uma grande variedade de
soluções para esses tipos de problemas se encontra disponivel, tanto para os fornecedores da
energia, as concessionarias, quanto para os clientes, consumidores comerciais e industriais.
Como via de regra, a principal solução é melhorar a qualidade de energia de acordo
com as necessidades do equipamento ou carga que a consome.

49
3.2.7 Aterramento

Uma das principais causas de problemas na qualidade da energia se deve as praticas de


aterramento. O aterramento elétrico é sempre um ponto sensível de uma instalação elétrica.
Com o tempo, ele vai se deteriorando e a resistência de aterramento tende a aumentar,
ultrapassando os valores maximos permitidos. Esse tipo de problema é relativamente comum
em instalações mais antigas. A verificação dos esquemas de aterramento, bem como do
proprio aterramento, deve ser sempre a primeira medida na investigação da causa do
problema. (MAMEDE, 2017)

3.2.8 No-breaks (UPS)

Para o suprimento de cargas criticas como computadores usados para controle de


processos importantes, equipamentos médicos, cargas essenciais ou semelhantes, pode ser
necessária a utilização de UPS ( Uninterruptible Power Supply ), também conhecidos como
no-breaks. Esses provêem proteção contra interrupções (momentâneas, temporarias ou
mantidas), afundamentos (voltage sags) e inchamentos (voltage swells) de tensão, transientes
e outros tipos de distúrbios, de acordo com o fabricante. Permitem, também, a regulação da
tensão em caso de sobre ou subtensões. (ARAUJO, 2005)
Um UPS é composto basicamente de um retificador. Bateria, inversor e filtro. Há
varios tipos de arranjos com esses elementos e cada um representa um tipo de UPS.
O mais popular disponivel atualmente é o Standby UPS. Além dos elementos basicos
de uma fonte ininterrupta, possui chaves estaticas de transferência. No modo normal de
operação, a carga critica é diretamente alimentada pela rede. No evento de um distúrbio na
rede, as chaves estáticas automaticamente transferem a carga para o UPS. A carga passa,
então, a ser alimentada pela bateria via inversor, garantindo a continuidade do suprimento.
Nesse tipo de UPS, o inversor deve operar em sincronismo com a frequência da rede, a fim de
garantir uma transição suave da alimentação.
Outro tipo de UPS é o online. Este é configurado de tal forma que a carga é sempre
alimentada pelo UPS. No modo normal de operação, a energia no inversor é provida pelo
retificador. Na ocorrência de um distúrbio, a energia provem da bateria. Neste caso, a carga se
encontra sempre isolada da rede. Apesar de mais confiável, esse tipo ainda é muito caro e
implica maiores peras operacionais. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)

50
3.2.9 Geração local ou particular

O uso da geração particular, como geradores a disel, não so é uma boa solução,
dependendo da essencialidade da carga, como muitas vezes é um requisito obrigatório para
determinados estabelecimentos, como os hospitalares. Esse tipo de geração pode funcionar em
standby ou continuamente, de acordo com a carga que se quer proteger. Apezar de não ser,
talvez, a solução mais econômica, a necessidade de se manter determinada carga em contínua
alimentação e livre de problemas de qualidade da energia compensa o investimento e os
custos operacionais. Além disso, outros tipos de geração como microturbinas, celulas-
combustiveis e paineis solares têm uma perspectiva de crescimento de consumo muito grande.
(ANEEL RESOLUÇÃO - 456, 2000)

3.3 CHAVES DE TRANSFERÊNCIA

Uma maneira eficaz de aumentar a continuidade e a confiabilidade de determinada


instalação é por meio do uso de chaves de transferência. Essas chaves são usadas para
transferir a conexão de uma fonte (rede, alimentador, geração) para outra. Quando da
ocorrência de distúrbios em uma fonte, a chave automaticamente transfere a carga para a outra
fonte, reduzindo a possibilidade de interrupção do serviço.

3.3.1 Disjuntores estáticos (Static Breaker)

Esses equipamentos são equivalentes aos disjuntores tradicionais, porém são baseados
em eletrônica de potência. A diferença na operação está no tempo de atuação, que é da ordem
de subciclos nos disjuntores estáticos. Deste modo, esse tipo de proteção permitirá a isolação
de cargas geradoras de distúrbios no menor intervalo de tempo possível, aumentando a
qualidade da energia fornecida as cargas proxímas. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998)

3.3.2 Filtros ativos e passivos

Filtros, de maneira geral, são todos os equipamentos cujo propósito é reduzir as


correntes e/ou tensões harmônicas presentes no sistema elétrico ou em parte dele.
Como na Figura 20, ss filtros mais comuns são os passivos. Consistem de uma
combinação de capacitores, indutores e resistores selecionados de tal modo a criar a trajetória
de mínima (ou máxima) impedância para uma ou mais frequencias. De acordo com o modo de

51
filtragem das frequencias, os filtros passivos podem ser passa-baixa, passa-alta, sintonizado,
série, paralelo, etc.

Figura 20 - Filtro de linha passivo

Fonte: (B. D. BONATTO, 2001)

Além dos passivos, há um outro filtro que vem sendo estudado por um longo tempo: o
ativo. A filosofia desse tipo de filtro é atuar ativamente na forma de onda da corrente e/ou
tensão, de modo a fazer uma compensação destrutiva ou consrutiva para eliminar harmônicas,
desbalanços e compensar potência reativa. Graças ao desenvolvimento da tecnologia da
eletrônica de potência e dos dispositivos semicondutores, esse tipo de filtro é considerado
extremamente promissor em grande escala. No Japão, por exemplo, já foram comissionados
centenas de filtros ativos paralelos, na ordem de dezenas de KVA’s.

3.3.3 Sistemas de acumulação de energia

Todo sistema de acumulação de energia elétrica possui os elementos basicos: interface


com o sistema elético, sistema de condicionamento da energia, controle de carga/descarga, e
o meio de armazenagem de energia propriamente dito. Cada meio tem caracteristicas próprias
como densidade de energia, tempo de carga/descarga, efeito de repetidos carregamentos na
performance e na vida útil, custos, necessidades de manutenção, etc. Essas caracteristicas são
usadas para se definir qual o melhor meio de armazenagem para cada aplicação. Os meios
atualmente disponiveis são supercondutores magnéticos, baterias avançadas, capacitores e
ultra-capacitores, pêndulos (flywheel), etc. (B. D. BONATTO, 2001)

52
3.3.4. Transformadores isolantes

Os transformadores isoladores são transformadores que normalmente possuem uma


taxa de transformação de 1.1 e cujo núcleo está fortemente magnetizado, proximo a saturação
sob condições normais de operação. Por causa disso, uma variação na tensão do primario tem
seu efeito bastante reduzido na tensão do secundario. Com isso, os transformadores isoladores
são capazes de atenuar ou até mesmo atingir distúrbios eletromagneticos como transientes,
sags e swells no secundário, protegendo a carga crítica. (ARAUJO, 2005)

Figura 21 - Transformador de isolação

Fonte: (ARAUJO, 2005)

53
4. ÍNDICES DE QUALIDADE

4.1 INTRODUÇÃO

No capitulo anterior foram levantados diversos tipos e categorias de fenômenos


eletromagneticos, suas principais causas, efeitos nos equipamentos e possiveis soluções.
Como explicado, a qualidade da energia compreende um universo amplo e heterogêneo, onde
os tipos de fenômenos, suas amplitudes, os equipamentos afetados e as respectivas soluções
compreendem um grande conjunto de soluçõe possíeis, de acordo com cada caso.
Em virtude dessa liberdade de escolha e da falta de parâmetros que permitissem uma
melhor análise dos problemas de qualidade de enrgia, agências e institutos de padronização
internacionais criaram uma série de normas e recomendações práticas para o crescimento
número de individuos e organizações que convivem com esses problemas (ALVAREZ e
SAIDEL, 1998).
Uma das principais consequencias dessas normas e recomendações foi a criação de
indices para avaliação da qualidade da energia. A análise qualitativa propiciou o
desenvolvimento de soluções corretamente dimensionadas para o problema, reduzindo custos
e aumentando a eficiência.
Nesse capitulo serão vistos diversos indices encontrados em normas, especificações de
equipamentos e aparelhos de medição e/ou monitoramento. Será feita uma explicação sucinta
abordando o conceito de cada indice e a formula para calcula-lo.
Os principais assuntos foram reservados para uma rápida revisão de conceitos. Tal
abordagem se fez necessaria em vista da massificação de conceitos da eletricidade linear que
não valem para o caso de carga não-Linear. Para estas, novos conceitos e índices precisam ser
criados de mono a modelar e retratar melhor a realidade (FILHO, 2015).

54
4. 2 FATOR DE POTÊNCIA (PF) E FATOR DE POTÊNCIA DESLOCADO (DPF)

4.2.1 Revisão de conceitos

Antes de começar o assunto referente aos indices padronizad.os e limites impostos pelas
normas, é conveniente fazer uma revisão de importantes conceitos da eletricidade que, apesar
de inerentes ao conhecimento de qualquer engenheiro eletricista, são comumente deturpados e
usados equivocadamente (MARTINHO, 2009).
Um deles é relativo á abstração matematica da potência elétrica. A potência instantânea,
como se sabe, é o produto escalar da tensão e da corrente instantâneaa. Se tanto a forma de
onda da tensão quanto a da corrente forem senoidais, na equação (1) a potência instantânea
também terá uma forma senoidal, porém com um nível DC. Considere, inicialmente, um
sistema monifásico.

Sejam:

v  2V sin t (1)

i  2 I sin t    (2)

Então:

p  v  i  VI cos   1  cos 2t   VI sin   sin 2t , (3)

onde 𝜔 é a frequência da rede, ∅ é o ângulo de defasagem entre tensão e corrente (se o


circuito não for puramente resistivo) e V e I são os valores eficazes (RMS) da tensão e
corrente, respectivamente.
A partir da equação acima, pecebe-se que a potência instantânea pode ser dividida em
duas componentes. (MAMEDE, 2017)A primeira, referente a primeira parcela, possui valor
média igual a 𝑉𝐼 cos ∅ e possui uma parte alternada com frequencia igual a duas vezes a da
linha. Tal componente nunca se torna negativa e, por isso, é unidirecional. A segunda
componente, por sua vez, possui uma natureza alternada com frequência igual ao dobro da
linha, com valor médio nulo e valor de pico igual a 𝑉𝐼 cos ∅.

55
Ao valor médio da primeira componente e, por conseguinte, da potência instantânea da-
se o nome de potência ativa (P), pois a mesma é unidirecional e responsavél pela realização de
trabalho:

p  VI cos  (4)

Por convenção, ao valor de pico da segunda componente dá-se o nome de potência


reativa (Q). Esta possui valor médio igual a zero, não realizando trabalho:

Q  VI sin  (5)

Em consequência, a potência instantânea pode ser escrita como:

p  P1  cos  2t   Q sin 2t (6)

Como citado anteriormente, é fácil notar que seu valor médio é a potência ativa (5).

Se for considerar um sistema trifásico balanceado com fases a, b, e c e cargas lineares, a


potência instantânea é dada por 𝑃3∅ = 𝑝𝑎 + 𝑝𝑏 + 𝑝𝑐. Como as potencias instantâneas de
cada fase estão defasadas entre si de 120º, as componentes oscilantes das mesmas são
canceladas, restando apenas o valor médio de cada uma:

 3  Pa  Pb  Pc  3P  P3 (7)

Ou seja, a potência instantânea trifásica é constante e igual ao seu valor médio. (ARAUJO,
2005) Como a potência reativa (5) existe em cada fase do sistema trifásico equilibrado, a
mesma é dada como o triplo da potência reativa por fase. Cabe ressaltar que isso é apenas
uma convenção, uma vez que na soma das potencias instantâneas por fase os termos se
cancelam e a soma é nula.
Por meio dessa abstração, é possível visualizar na linha em fluxo continuo de duas
potencias distintas: a ativa e a reativa. A primeira é unidirecional e é a componente da
potência real que de fato realiza trabalho solicitado. (ALVAREZ e SAIDEL, 1998) A segunda
é criada por uma característica intrínseca do sistema, a presença das cargas indutivas e/ou
capacitivas. Apesar de não realizar trabalho, precisa ser trocada a fim de manter os níveis de
tensão e a estabilidade do sistema.
56
As duas potencias descritas são relacionadas pela potência complexa (S), que é
definida como:
S  VI   P  jQ, (8)

e a magnitude dessa potencia, denominada potencia aparente ou real, é:


N  S  VI (9)

O significado físico de P, Q e N deve ser entendido. (MAMEDE, 2017) De fato, a


potência aparente é que realmente circula na linha e deve sempre ser considerada nos
dimensionamentos dos cabos, barramentos, geradores, transformadores e demais
equipamentos e materiais elétricos. O custo da maioria dos equipamentos elétricos aumenta
com N = VI, já que o nível de isolação elétrica e o tamanho do núcleo magnetizado dependem
de V e o tamanho da seção nominal do condutor depende de I. A potência ativa, como
explicado anteriormente, representa o trabalho útil mais as perdas ôhmicas nas linhas e
equipamentos. A potência reativa só existira se houver cargas reativas, isto é, indutores ou
capacitores.
Baseado no exposto, outra quantidade denominada fator de potência (PF, do inglês) é
definida, sendo uma medida do quão efetivo a carga drena a potência real:

P VI cos  (10)
PF    cos 
N VI

Quanto maior a defasagem angular entre tensão e corrente, tanto menor será o fator
de potencia, isto é, a potencia ativa em relação a aparente. (MARTINHO, 2009) Se a
defasagem for nula, o fator de potencia será 1 e toda potencia consumida pela carga será ativa.
Idealmente, o fator de potencia deveria ser unitario, ou seja, Q deveria ser nulo de modo que
toda potencia transmitida fosse usada para o trabalho e a corrente consumida possuísse um
valor minimo, reduzindo perdas na linha e no equipamento elétrico.

57
Figura 22 – Triângulo de Potências

Fonte: (LEÃO, 2013)

4.2.2 Uma definição de potencias em sistemas não senoidais

Como mencionado no capítulo anterior, as harmônicas são fenômenos


eletromagnéticos presentes na maioria das instalações elétricas, sejam elas residenciais,
comerciais ou industriais. A presença de um número cada vez maior de equipamentos que
utilizam fontes chaveadas e outros dispositivos baseados em eletrônica de potência determina
o aumento do conteúdo harmônico e a preocupação crescente nessa área (B. D. BONATTO,
2001).
A corrente de linha drenada por uma carga não-linear possui uma forma não-senoidal.
E isso, é perceptível uma distorção harmônica significante. Essa corrente distorcida é capaz de
causar distorções na forma de onda da tensão fornecida, mediante a impedância da linha e /ou
condições de ressonância. Entretanto, geralmente a distorção na tensão da rede é pequena,
podendo ser considerada insignificante para o bem da simplificação dos cálculos
(MARTINHO, 2009).
Assumindo que a tensão da rede é puramente senoidal com frequência fundamental
igual à da rede, poderá ser representada da mesma forma que anteriormente (1). A corrente de
linha, por sua vez, é uma soma de suas componentes da série de Fourier,

i s  i1   i, (11)
h 1

58
Onde 𝑖1 é a componente fundamental (frequência da rede) e 𝑖ℎ é a componente da ℎ
frequência harmônica (𝜔ℎ = ℎ. 𝜔1).
O valor eficaz da corrente é dado por:

T (12)
1 1 2
i s t dt.
T1 0
Is 

Fazendo-se uma substituição de 𝑖𝑠 pelas suas componentes e cancelando as integrais dos


produtos cruzados das frequencias, obtém-se:

 2 
1/ 2 (13)
I s   I 1   I h2   I  I  I  ....
1
2 2
2
2
3
 h 1 

Para efeito dos cálculos, a corrente de linha será representada como:

 (14)
i s   2  I h  sin ht   
h 1

A potencia instantanea de uma carga não-linear suprida por uma tensão senoidal é obtida por:

 (15)
p  v  i s  VI 1 cos 1 1  cos 2t   VI 1 sin 1 sin 2t   2VI h sin t sin ht   h .
h2

Por analogia ao caso anterior (carga linear), o valor médio da potencia ativa é 𝑉𝐼 𝑐𝑜𝑠∅ .
Convenientemente, a potencia reativa é dada por 𝑉𝐼 𝑠𝑒𝑛∅ . É interressante notar que as
potencias ativa e reativa dependem apenas da componente fundamental da corrente. A
potencia, por definição, é o produto dos valores eficazes da tensão e da corrente:

N  VI s  V I 12  I 22  I 32  ...
(16)

59
Do mesmo modo que a potência reativa, surge agora, por convenção, uma nova
potência em função apenas das componentes harmônicas da corrente: a potência harmônica
(H). Seu valor é dado pela seguinte expressão:

H  V I 22  I 32  I 42  .... (17)

Se elevarmos a potência aparente (16) ao quadrado, é possível relacionarmos a mesma


as três potencias estudadas:

   
N 2  V 2 I s2  V 2 I 12  I 22  I 32  ...  V 2 I 12  V 2 I 22  I 32  ... (18)

N 2  V 2 I 12 sin 1t  V 2 I 12 cos 1t  V 2 I 22  I 32  ... 
N  P Q H
2 2 2 2

A partir da equação (18), uma figura muito interessante e pouco conhecida nessa área
da eletricidade aparente. A exemplo do triangulo de potencias na Figura 23 para as cargas
lineares, o tetraedro de potencias se apresenta como um útil e eficaz para análise das potencias
em cargas não-lineares.
Figura 23 – Tetraedro de Potências

Fonte: (LEÃO, 2013)

60
Algumas conclusões importantes podem ser obtidas por meio dessa ferramenta:

1. P e Q são dependentes apenas da componente fundamental da corrente;


2. H é dependente das componentes apenas da componente fundamental da corrente;
3. A componente de potência dada por 𝑉𝐼𝑠𝑖𝑛 ∅. 𝑠𝑖𝑛2𝜔𝑡 = 𝑄𝑠𝑖𝑛 2𝜔𝑡 = 𝑄𝑠𝑖𝑛 2𝜔𝑡 tem
valor médio nulo e pode ser eliminada utilizando um capacitor ou indutor
convencionalmente escolhido. A conexão do componente indutivo em paralelo com a
carga permite a geração de uma corrente na frequência ꞷ da rede, capaz de gerar ou
absorver a potência reativa demandada pela carga; e
4. A potência harmônica (H), por sua vez, não pode ser eliminada utilizando-se
simplesmente indutores ou capacitores, pois é constituída por correntes de diferentes
frequências que não a da rede. A eliminação dessa potência depende de filtros
especialmente para as frequências harmônicas (SILVA, 2014).
A partir da definição de fator de potência, podemos calcula-lo para o caso de cargas não-
lineares:

P VI 1 cos 1 I 1 (19)
PF    . cos 1 .
N VI s Is

Esse resultado é particularmente interessante. Percebe-se que no caso da presença de


cargas não-lineares, o fator não depende apenas do ângulo de defasagem entre a tensão e a
corrente fundamental, mas, também do nível de distorção da corrente. Quanto maior for a
distorção, maior será o valor da corrente em relação a sua fundamental, reduzindo o fator de
potência.
Esse resultado é facilmente percebido utilizando-se o tetraedro de potencias. Nele, é
possível observar que a presença da componente harmônica eleva a potência real. Como a
potência ativa não e alterada, a efetividade com que a carga drena potência é reduzida,
refletindo no seu fator de potência mais baixo (SILVA, 2014).
O que muitos confundem com o fator de potência é denominado fator de potência
deslocado (DPF, da sigla em inglês). O DPF é o grau de defasagem entre a tensão e a corrente
fundamental, isto é,

61
DPF  cos 1 . (20)

Assim, a expressão do PF para cargas não-lineares pode ser escrita como:

I1 (21)
PF  DPF
Is

Note-se que para cargas não-lineares, o PF se confunde com o DPF, pois a corrente
total é igual a fundamental (MARTINHO, 2009).
Uma consequência direta desse problema é a má interpretação dos fatores. O baixo
fator de potência é, na maioria das vezes, relacionado ao suporte de reativos, ou seja, a
defasagem angular. Entretanto, o que vem ocorrendo nos últimos anos é o crescimento de
cargas não-lineares, aumentando a distorção da corrente. O que é interpretado como um
problema de reativos, na realidade pode ser problema de harmônicos. Nesse caso, a
implementação de bancos capacitores ou reatores não teria efeito significativo na elevação do
fator de potência.

4.3 ÍNDICES E LIMITES DE DISTORÇÃO HARMÔNICA

A fim de quantificar o nível de distorção de determinados equipamentos e estabelecer


normas e limites de distorção harmônica, foram definidos alguns índices (MARTINHO,
2009).

4.3.1 DHI (Distorção Harmônica Individual)

Esse índice mostra a influência de determinado harmônico na forma de onda da


tensão ou da corrente. É a razão entre o valor eficaz do harmônico e o valor da
fundamental da grandeza medida:

Gh (22)
DHI G  ,
G1

Onde G é a grandeza (V ou I)

62
4.3.2 THD (Total Harmonic Distortion)

Este índice mostra a quantidade de distorção total na forma de onda da corrente ou da


tensão. Seu valor é obtido pela razão entre o valor do conteúdo harmônico e o valor eficaz da
fundamental da grandeza medida (G = V ou I):

(23)
G dis
G
h 1
2
h
G s2  G12
THDG    .
G1 G1 G1

O THD é um índice muito utilizado em Qualidade da Energia. (LEÃO, 2013) Também


chamado de Fator de distorção (DF, do inglês), é geralmente expresso em termos de
porcentagem da grandeza fundamental. Muitos equipamentos hoje em dia já apresentam em
suas informações de placa a quantidade de THD produzida e outros, a quantidade tolerada.

4.3.3 TDD (Total Demand Distortion)

O THD nem sempre é um índice confiável. Dependendo das condições, a


informação pode ficar distorcida, não refletindo fielmente a realidade. Esses casos ocorrem
em momentos de baixa demanda, quanto a distorção harmônica da corrente aumenta
relativamente a corrente fundamental, isto é, o THD aumenta. Apesar disso, em valores
absolutos não significa que a situação piorou, pois a corrente de distorção não ficou maior
(LEÃO, 2013).
A fim de evitar interpretações equivocadas, muitas vezes é utilizado o índice
chamado distorção total da demanda, TDD. Similar ao THD, o TDD é utilizado apenas para
corrente e é obtido pela razão do valor eficaz do conteúdo harmônico da corrente e o valor
eficaz da corrente nominal da instalação na frequência fundamental.

(24)
I dis
I
h 1
2
h
I s2  I 12
TDD I   
In In In

63
4.3.4 Limites de distorção harmônica

Devido à proliferação de equipamentos baseados em eletrônica de potência conectados


à rede elétrica, várias agências internacionais adotaram limites na injeção de correntes
harmônicas por parte dos consumidores, buscando melhorar a qualidade da energia. Como
consequência, vários padrões e normas foram estabelecidos para limitar magnitudes das
distorções harmônicas de corrente e de tensão nas várias frequências harmônicas
(MASCARENHAS e NUNES, 2005).
Dentre as várias normas e as agências que as preparam, podem-se citar algumas como:
EM 50 006 da CENELEC, IEC 555-3 da IEC e IEEE Std. 519-1992 do IEEE.
A norma adotada para esse trabalho é a 519-1992 do IEEE: “Recomendações práticas
e necessárias para controle de harmônicas em sistemas elétricos de potência”. Tal norma
especifica tanto os requisitos para os consumidores quanto para os concessores da energia a
fim de manter bons níveis de qualidade da energia (B. D. BONATTO, 2001).
O ideal seria que houvesse um controle de harmônicas de tal modo que os efeitos
causados por cargas injetoras de harmônicas na rede fossem nulos em todo o sistema elétrico.
Como isto não é possível, os fatores econômicos e o controle de harmônicos devem ser
balanceados de maneira que seus efeitos sejam reduzidos no circuito.
O objetivo da norma do IEEE é limitar o valor de certos índices de harmônicos no
ponto de acoplamento comum (PCC, do inglês), no ponto de medição ou no ponto de
acoplamento de cargas lineares e não-lineares de uma instalação (LEÃO, 2013).
Como se sabe, a distorção harmônica da tensão é uma função da distorção harmônica
total da corrente e da impedância do sistema em cada frequência harmônica. A impedância é
uma característica do sistema. A distorção harmônica depende do número de consumidores
individuais injetando harmônica na rede e do porte de cada um. Assim, uma maneira coerente
de se limitar as harmônicas para cada consumidor individualmente é classificando os limites
de acordo com o tamanho do consumidor. Grandes consumidores devem ter limites mais
rígidos uma vez que são responsáveis por uma porção maior da carga total do sistema.
Como dito anteriormente, o objetivo de se limitar as harmônicas no PCC é limitar as
distorções harmônicas de tensão individual (DHI) e total (THD) a 3% e 5%, respectivamente.
Na pratica, a impedância do sistema é fortemente indutiva (Ls). A tensão harmônica no PCC
originada por uma corrente de ℎ harmônico é:

64
Vh  hLs I h (25)

A indutância do sistema é geralmente representada pela corrente de curto-circuito (𝐼 )


no PCC. No modelo monofásico equivalente, 𝐼 vai ser a corrente de falta por fase fornecida
pela fonte no momento de um curto-circuito trifásico-terra:

Vs (26)
I cc 
Ls

Nesse modelo. 𝑉 representa o valor eficaz da tensão AC da fonte. Um grande valor de


𝐼 representa uma grande capacidade do sistema no PCC. Da união das duas equações, a
distorção harmônica individual da tensão pode ser expressa como:

Vh I (27)
DHI Vh   100  h h  100
Vs I cc

I h / I1 (28)
DHI Vh  h  100
I cc / I 1

A última equação é repleta de informações. 𝐼 /𝐼 representa a capacidade do sistema


com respeito a demanda da carga na frequência fundamental. 𝐼 /𝐼 representa a distorção
harmônica individual da corrente. A equação mostra que para um valor aceitável de distorção
da tensão, a distorção da corrente pode ser maior quanto maior for a capacidade do sistema.
Além disso, por causa da impedância do sistema fortemente indutiva, a distorção harmônica
da tensão é proporcional a ordem da harmônica (ℎ). Assim, o máximo valor de distorção
harmônica individual da corrente decresce com o aumento da ordem ℎ. O THD da tensão é
calculado de maneira similar (LEÃO, 2013).
A diversidade das correntes harmônicas injetadas na rede por diferentes consumidores
é levada em consideração no desenvolvimento dos limites. Tal diversidade se deve aos
diferentes conteúdos harmônicos injetados, aos diferentes ângulos de fase de cada harmônica
separadamente e perfis de injeção ao longo do tempo. Deste modo, os limites de distorção da
tensão causada por consumidores individuais serão dados de acordo com a tabela abaixo, que
leva em conta essa diversidade de acordo com a impedância de curto-circuito dos sistemas:

65
L1  e (29)
Vn    e 
L1  I 2

Onde 𝑉 é a profundidade do notch em volts, 𝜌 é a profundidade do notch em relação a


tensão de linha instantânea em porcentagem, e é a tensão de linha instantânea e 𝐿 𝑒 𝐿 são as
reatâncias indutivas o sistema e entre a carga e o conversor, respectivamente.
Sendo o intervalo de comutação (𝑡 ) em 𝜇𝑠 dado por:

2 L1  L2 I d (30)
tn  ,
e

Onde 𝜔 é a frequência da linha e 𝐼 é a corrente DC do conversor. Então, a área do


notch em 𝑣𝑜𝑙𝑡. 𝜇𝑠 é fornecida pela seguinte equação:

An  Vn  t n  2L1 I d . (31)

Percebe-se que a área é proporcional a corrente DC no conversor e a reatância entre o


conversor e a carga. Quanto maior esta for em relação a reatância do sistema, menor será a
profundidade do notch (𝜌) e tanto menor será a influência deste sobre outras cargas (519-
IEEE, 2014).

4.5 FLUTUAÇÃO DE TENSÃO (FLICKER)

O flicker, como foi visto no capítulo anterior, é o visual resultante da flutuação da


magnitude da tensão. Para fins de simplicidade, o fenômeno da flutuação da tensão em si será
referenciado como ficker.
A medição do flicker é compreendida pela magnitude da variação da tensão e a
frequência dessa variação. A intensidade do flicker, isto é, a magnitude da variação da tensão,
é determinada pela impedância do sistema e pelas necessidades de potência de pico na carga.
A frequência pode ser única, porem o mais comum é ocorrer em uma banda de frequências.
As fontes desses fenômenos são variações significativas da carga, podendo ser aleatórias

67
(motores de elevadores), aproximadamente periódicas (soldas manuais) ou periódicas (soldas
automáticas) (B. D. BONATTO, 2001).
Frequentemente, o grau de suscetibilidade dos equipamentos não é determinável de
forma precisa. Os limites de flicker Figura 24 são oriundos de estudos empíricos de várias
fontes distintas. A curva abaixo serve apenas de guia para planejamento da instalação.

Figura 24 – Limites de Visibilidade e irritação do efeito flicker

Fonte: (519-IEEE, 2014)

4.6 FATOR K OU FATOR DE RENDIMENTO DOS TRANSFORMADORES (KF)

Nos transformadores, a distorção harmônica causa aumento das perdas por efeito
joule, correntes parasitas e fluxo de dispersão, causando um aquecimento adicional no cobre e
no ferro capaz de levar a uma aceleração no desgaste da isolação e na redução da vida útil do
transformador (MARTINHO, 2009).
Fabricantes de equipamentos e pesquisadores já haviam percebido que harmônicas de
elevadas frequências causavam elevado aquecimento adicional por correntes parasitas em
aparelhos com núcleo de ferro, como motores e transformadores. Estudos preliminares
mostravam que essas correntes parasitas eram proporcionais ao quarado da frequência. Como

68
resultado de uma crescente necessidade de maiores estudos sobre as perdas causadas por
harmônicas, instituições como IEEE e ANSI publicam normas e recomendações praticas para
redimensionar transformadores sob condições de correntes não-senoidais oriundas de cargas
não-lineares (SILVA, 2014).
O resultado desses estudos foi a criação do índice chamado fator K (KF, do inglês) ou
fator de rendimento de transformadores. Transformadores que alimentarão cargas não-lineares
deverão ser sobredimencionados por esse fator. Já que estão em funcionamento e superam
esse tipo de carga, deverão ser subdimensionados por esse fator (LEÃO, 2013).
O fator K é um fator de proporcionalidade aplicado as perdas parasitas, que
representam o efetivo aquecimento causado pelas harmônicas. Tal fator é obtido pela razão
entre as perdas parasitas causadas pelas harmônicas e as perdas causadas apenas pela
fundamental, resultando em:

 h  I  h
2 (32)
KF  h
,
I h
2
h

Onde ℎ é a ordem da frequência harmônica e 𝐼 é a corrente harmônica de ordem ℎ

O fator K é uma unidade de medida padrão para descrever os efeitos de aquecimento


em transformadores que alimentam cargas não-lineares. Vários fabricantes tem utilizado esse
padrão para especificar transformadores designados para operar com correntes harmônicas.
Esses transformadores não são meramente redimensionados, mas, possuem construção e
características diferentes dos demais com o propósito de alimentar determinada carga, na
presença de harmônicas, sem exceder seu limite de temperatura (MASCARENHAS e
NUNES, 2005).
Deste modo, a medição e o conhecimento do fator K de determinada instalação é de
suma importância para especificar um transformador que supra cargas não-lineares sem risco
de sobreaquecimento.

69
4.7 FATOR DE CRISTA (CF)

O fator de crista é um índice muito utilizado em equipamentos de medição e/ou


monitoração modernos cujo princípio é o RMS verdadeiro, isto é, que levem em consideração
a presença de harmônicas (9).
Como o próprio nome adianta, o fator de crista representa a razão entre a tensão
instantânea da crista da forma de onda e o seu valor eficaz. Como se sabe, no caso da onda ser
perfeitamente senoidal esse fator será igual a 1,41, uma vez que o valor de pico da onda
senoidal é igual a 1,41 (√2) vezes o seu valor médio quadrático, ou valor eficaz
(MARTINHO, 2009).
Na presença de cargas não-lineares, a forma de onda da corrente fica distorcida. Nesse
casa, o fator de crista será, provavelmente, diferente de 1,41, podendo ser maior ou menor,
conforme o conteúdo harmônico, o grau de defasagem e a magnitude de cada harmônica.
Na literatura, não há limite para o fator de crista. O engenheiro ou o pesquisador deve
usar o bom senso para avaliar se determinado valor é prejudicial ou não as instalações e aos
equipamentos. De fato, alguns fabricantes já apresentam nas especificações de seus
equipamentos tolerâncias para esse fator.

4.8 INTERRUPÇÕES, AFUNDAMENTOS (SAGS) E INCHAMENTOS (SWELLS) DE


TENSÃO

Os efeitos dos distúrbios da rede elétrica nos equipamentos sensíveis dependem de


uma série de fatores: 1) o tipo e a magnitude dos fenômenos eletromagnéticos, 2) o tipo de
equipamento e quão bem é projetado e dimensionado e 3) se algum equipamento de
condicionamento de energia é usado como interface (SILVA, 2014).
No caso de uma interrupção temporária, o efeito dependerá de sua duração e da
tolerância do equipamento. Um computador pessoal, por exemplo, pode ter sua fonte
especificada para que no advento de uma interrupção de 100ms, mantenha os níveis nominais
de tensão sem que o computador sinta seu efeito. Se a interrupção for mais longa, depois de
100ms um sinal logico e enviado a CPU (processador), disponibilizando um tempo adicional
de 50ms para que se faça o back up das informações existentes. Depois disso, a tensão de
saída da fonte decresce rapidamente (JOÃO MAMEDE FILHO, 2013).

70
Se o distúrbio for um afundamento ou inchamento de tensão, além da duração do
evento, o efeito dependera também da sua magnitude em função do valor nominal.

4.9 FATOR DE REDIMENSIONAMENTO DE CABOS (HDF)

A significativa presença de cargas não-lineares nas redes, acendeu a luz amarela


quanto a operação satisfatória dos cabos de potência já instalados. Em algumas instalações
cuja demanda está próxima da nominal, os cabos possuem temperaturas maiores que a
dimensionada para aquela mesma carga, principalmente com relação aos neutros de sistemas
em Y.
Esse sobreaquecimento, devido ao aumento das perdas ôhmicas causadas pelas
harmônicas, reduz a vida útil dos cabos e, em situações críticas, pode romper a isolação e
causar curto-circuito. Além disso, em condições de ressonância os cabos podem ser
submetidos a tensão e efeito corona que podem causar falha no dielétrico (ARAUJO, 2005).
O aumento nas perdas ôhmicas se deve, basicamente, a dois fatores: 1) aumento nas
componentes harmônicas da corrente; 2) aumento na resistência do condutor relacionado a
frequência da corrente. Esse último é devido a dois fenômenos conhecidos como efeito skin e
efeito proximidade, que variam em função da frequência, da seção do condutor e do fator de
espaçamento.
Como resultado desses fatores, a resistência equivalente dos condutores submetidos a
cargas não-lineares, isto é, uma média ponderada das resistências em diferentes frequências,
pode se elevar sensivelmente se elevadas harmônicas fluírem no cabo. Deste modo,
juntamente com o aumento do valor RMS da corrente, as perdas ôhmicas são amplificadas em
relação as condições nominais de dimensionamento (B. D. BONATTO, 2001).
Com base nesse problema, foi desenvolvido um método de se calcular a ampacidade
de um cabo na presença de harmônicas, ou redimensionar um cabo já existente. Assim com o
KF foi definido para redimensionar cabos de potência, isto e, reduzir sua ampacidade:

1 (33)
HDF 
 n

1   ( h2   h ) 
 h2 

71
Nessa expressão, 𝛼 é o conteúdo harmônico devido a cada harmônica de ordem ℎ
com relação a corrente nominal em p.u., isto é, algo entre DHI e a TDD:

Ih (34)
h 
In

Já o fator 𝛽 é a resistência AC do condutor normalizada em cada ordem ℎ, isto é, a


razão entre a resistência do condutor na ℎ frequência harmônica e a resistência na frequência
fundamental:

Rh (35)
h 
R1

Um dos problemas dessa formula e a obtenção dos dados para calculá-la, uma vez que
os cabos são específicos e raramente os fabricantes fornecem curvas de valores de resistência
em diferentes frequências, se não as fundamentais da maioria dos sistemas elétricos de
potência: 50 e 60 Hz (ALVAREZ e SAIDEL, 1998).
Entretanto, o efeito de aquecimento nos cabos por parte de harmônicas não é um
problema de grande preocupação, segundo a própria norma (NBR 5410, Instalações Elétricas
de baixa tensão, 2008) além dos cabos já possuírem uma margem de segurança para
sobredimensionamentos, a redução na ampacidade não é tão significativa, conforme é
percebido na Figura 25 abaixo:

72
Figura 25 – Redução da ampacidade X demanda para diferentes seções

Fonte: (519-IEEE, 2014)

73
5. ESTUDO DO CASO

5.1 INTRODUÇÃO

A principal finalidade do trabalho, como é explicitado nos seus objetivos, é o estudo


de caso no Centro de Convenções. Todo esforço de pesquisa, medições, monitoramento,
cálculos e propostas de soluções foi com o intuito de analisar e, se possível, melhorar a
qualidade da energia dentro da instituição.
Para tal, pesquisou-se inúmeros artigos e recomendações práticas para interpretação e
análise das medições e monitoramentos da qualidade de energia. Estudos de casos em prédios
comerciais, plantas industriais e instalações acadêmicas foram utilizados como exemplo para
otimizar o trabalho (ANEEL).
A escolha dos locais de medição e das cargas analisadas envolveu critérios técnico-
econômicos. Os pontos onde cargas não-lineares poderiam afetar outras cargas foram
identificados e analisados. As cargas que pudessem ser mais suscetíveis aos distúrbios
eletromagnéticos foram selecionadas de acordo com o custo e a respectiva importância.
O sentido prático do trabalho só se fez presente graças ao analisador da qualidade da
energia. Nenhum outro equipamento na instituição reúne todas as funcionalidades necessárias
à análise da energia. Apesar de algumas limitações, muito do que foi amplamente difundido
na teoria pôde ser confirmado e averiguado por meio desse equipamento que atende
perfeitamente aos anseios acadêmicos (ANEEL RESOLUÇÃO - 456, 2000).
Utilizando-se o analisador, foram obtidos inúmeros gráficos dos mais diversos
parâmetros de qualidade fornecidos pelo equipamento. Pela análise dos mesmos, foi possível
observar o comportamento das cargas selecionadas, identificando as prováveis causas de
alguns distúrbios. Além disso, alguns parâmetros puderam ser comparados com os limites das
normas internacionais. A extrapolação destes é um motivo pelo qual se deve propor uma
solução adequada.
Nos casos abaixo, pelo fato do analisador ser monofásico não foi possível obter dados
das 3 fases de um equipamento trifásico e dos alimentadores. Em vista disso, será tido como
uma premissa que o que valer parra uma fase vale para as outras e os equipamentos são todos
balanceados.

74
5.2 LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS EXISTENTES

Uma das primeiras atividades no trabalho de estudo de caso foi o levantamento dos
problemas de energia elétrica nas instalações do Centro de Convenções. Com ajuda da equipe
de eletricistas da Empresa JAWE Serviços e Assistência Técnica - ME foram levantados os
seguintes problemas: queima de fontes, queima de lâmpadas fluorescentes, oscilação de
tensão (flicker), sobretensão e aterramento pouco eficaz (ALVAREZ e SAIDEL, 1998).
Entretanto, a maioria desses problemas, senão todos, tem um caráter aleatório, isto é,
não possui uma certa frequência de ocorrências ou, se possui, são períodos de tempo muito
longos e imprecisos. Obviamente, isso dificulta o processo de monitoramento, uma vez que se
necessitaria de um período de tempo com pelo menos o dobro do período de ocorrência do
problema para se obter uma análise confiável, permitindo a correta interpretação dos dados.
Além disso, nem sempre os dados, melhor dizendo reclamações, passados a Prefeitura
são completamente confiáveis. Muitas vezes é percebido um certo alarmismo com a
finalidade de obter prioridades, em detrimento de outros assuntos, e rápida solução para o
problema.

5.3 LOCAIS DE MEDIÇÃO E MONITORAMENTO

Em virtude do grande número de instalações e cargas para se analisar, foram


escolhidas três áreas estratégicas para medição e monitoramento da qualidade da energia: as
cargas sensíveis, as cargas suspeitas de degradação da qualidade da energia e os pontos de
acoplamento comum (PCC).
Entre as inúmeras cargas sensíveis presentes no Instituto, foram selecionadas algumas,
obedecendo-se os critérios de valor dos equipamentos e dos prejuízos causados pela
interrupção do seu funcionamento: Laboratório de Microscopia Eletrônica, Laboratório de
Ressonância Magnética e Divisão de Telemática (NBR14039, 2003).
Em alguns casos, foram analisados também algumas cargas não-lineares que poderiam
causar problemas para outras cargas mais sensíveis. As cargas escolhidas foram a sala de
professores da SE/3 e a Divisão de Telemática, que apesar de ser uma carga sensível é
também uma fonte de distúrbios eletromagnéticos na rede.
Por pontos de acoplamento comum se entende o local físico de conexão de
determinada carga com a rede pública, entre carga não-linear e carga linear, quadros de

75
distribuição, etc. No caso, foram escolhidos o secundário do transformados da subestação 1
(SE1) e os quadros de distribuição das cargas sensíveis e não-lineares (LIGHT, Março 2016).

5.4 ANALISADOR DA QUALIDADE DA ENERGIA

Este trabalho não seria possível sem o analisador da qualidade de energia FLUKE
43B. Adquirido recentemente pelo Laboratório de Máquinas Elétricas, esse equipamento é
uma excelente ferramenta para o estudo da qualidade da energia e investigação de problemas
com cargas monofásicas de baixa tensão. Deste modo, atende em grande parte as necessidades
do presente (ARAUJO, 2005).

5.4.1 Funcionalidades

O Fluke 43B é um equipamento versátil e possui várias funcionalidades úteis na


medição e monitoramento dos fenômenos eletromagnéticos da rede (GOMES, 1985).
 Possui funções de analisador, osciloscópio, espectrômetro e multímetro;
 Mede e mostra formas de onda da tensão, corrente e potência instantâneas;
 Mede frequência, RMS verdadeiro, fator de crista (CF) e fator K (KF);
 Mede e mostra potência aparente, ativa e reativa em 1 ou 3 fases (balanceadas);
 Calcula o fator de potência (PF) e o fator de potência deslocado (DPF) para 1 ou
3 fases (balanceadas);
 Fornece análise do espectro de frequência da tensão, corrente e potência,
mostrando distorção harmônica total (THD), distorção harmônica individual (DHI), ângulo de
fase e magnitude de cada harmônico.
 Registra afundamentos (sags) e inchamentos (swells) de tensão, transientes (até
40) e correntes de partida;
 Registra 2 parâmetros por até 16 dias (240 plots ao longo do tempo de registro);
 20 posições de memória para armazenamento de dados; e
 Software para análise de dados.

5.4.2 Limitações

Mesmo com todas as funcionalidades citadas acima, o equipamento possui limitações


que tornaram o trabalho de monitoramento um pouco mais longo e difícil:

76
 Como só registra 2 parâmetros simultaneamente, o tempo despendido para se
analisar mais parâmetros de um mesmo ponto de monitoramento é muito maior;
 Nem sempre é possível analisar 2 parâmetros de interesse. Alguns deles não
podem ser registrados simultaneamente. Isto dificulta o trabalho de correlação entre diferentes
fenômenos;
 A característica monofásica do equipamento não permite que se faça uma análise
precisa de uma instalação.
 Não é possível realizar monitoramento de espectro sem a conexão com um
computador;
Apesar disso, os resultados obtidos foram satisfatórios, como será observado mais
adiante.

5.5 ENTREVISTAS

Determinar um problema de qualidade da energia não é uma tarefa fácil. Antes de


tudo, é necessário fazer uma entrevista com o cliente/usuário da carga afetada. Muitas vezes
os problemas são clínicos e os sintomas que descrevem um mesmo tipo são semelhantes. Por
isso, a entrevista inicial é de fundamental importância para se poupar tempo e esforços (519-
IEEE, 2014).
Com base em outros estudos e artigos, foi montada uma entrevista que deveria ser
preenchida pelos usuários dos equipamentos sensíveis, composta de 8 questões:

1) Quais são os tipos de problemas?


2) Quando eles ocorrem?
3) Com que frequência?
4) Existe ar-condicionado no mesmo quadro do equipamento sensível?
5) Algum problema com o processamento de dados? Erros?
6) Algum tipo de dano ao equipamento?
7) Existe no-break (UPS) protegendo o equipamento?
8) Existe um gerador próprio?

77
5.6 ANÁLISES GRÁFICAS

Ao longo do desenvolvimento do trabalho, foram realizados monitoramentos e


medições nos diversos pontos especificados acima. Foram feitas medições de transientes,
harmônicas, formas de onda, espectros e movimentos de alguns índices de qualidade. Alguns
resultados são surpreendentes, conforme será visto adiante:

5.6.1 Sala dos professores (SE/3)

Antes de a sala ser escolhida, já se ouviam várias reclamações da qualidade da energia


na mesma. Poucos circuitos alimentam muitas cargas, como computadores e iluminação.
Equipamentos como enceradeiras causam distúrbios significativos nos circuitos, exigindo o
trabalho incessante dos estabilizadores de tensão (ARAUJO, 2005).
Por conta disso, algumas medições no quadro de distribuição da sala foram feitas,
comparando-as com as das cargas que alimentavam, principalmente computadores. O que se
verificou foi a sobreposição de formas de onda causando uma elevada distorção, conforme a
Figura 26:

79
Figura 26 – Forma de onda da tensão e da corrente de um computador

Figura 27 – Espectro de frequência da corrente de um computador

80
Os computadores convencionais possuem fontes reguladas que fornecem tensões
apropriadas para seus circuitos eletrônicos. Essas fontes possuem uma ponte retificadora e
raramente possuem filtros apropriados (MASCARENHAS e NUNES, 2005).
Como se pode ver pelas figuras, a forma de onda da corrente é altamente distorcida,
com níveis de harmônicos bem acima do recomendado pelas normas. Entretanto, por se tratar
de uma carga de baixa potência a distorção não chega a ser relevante.
Esse cenário muda na presença de muitas cargas não-lineares. Seus efeitos, algumas
vezes, são cumulativos e podem criar problemas para outras cargas no PCC.

Figura 28 – Forma de onda da tensão e corrente na fase R da sala da administração

81
Figura 29 – Espectro de frequência da corrente na fase R da sala da administração

Nas Figura 26,Figura 27 e Figura 28anteriores ficam nítidos os efeitos cumulativos


dos computadores na fase R do quadro de distribuição da sala. Pelo gráfico da forma de onda,
percebe-se que as correntes dos computadores são somadas algebricamente. Já o conteúdo
harmônico deve ser o mesmo, como é confirmado pela comparação entre os gráficos do
espectro (ALVAREZ e SAIDEL, 1998).
A elevada distorção da corrente (THD = 64%) ocasionada principalmente pelos
harmônicos de 3ª (DHI = 60%) e 5ª ordens (DHI = 20%) se refletem no fator de crista (CF =
2,05) e fator K (KF = 4,5) elevados. Nesse caso, tanto a corrente quanto a potência são
maiores e causam significativa influência sobre a tensão (THD = 6,4%).

5.6.2 Divisão de Telemática (DT)

Um dos principais motivos por que a Divisão de Telemática foi escolhida entre as
cargas mais sensíveis refere-se à importância de seu serviço e aos prejuízos causados pelo seu
desligamento. Na DT se localiza o servidor do IME. Sem ele, todos os serviços de Internet,
intranet (Intraime) e e-mails seriam paralisados, causando grandes transtornos aos seus
usuários.

82
Além disso, devido ao grande número de fontes chaveadas e outros equipamentos
(como no-breaks) que fazem a interface dos computadores com a rede elétrica, a DT é
também uma carga poluidora da energia, injetando elevados níveis de correntes harmônicas e
criando uma significativa distorção na forma de onda da tensão (B. D. BONATTO, 2001).
A seguir, são apresentadas algumas medições da forma de onda da tensão e da
corrente de algumas fases do quadro de distribuição da DT e de uma sala específica.

Figura 30 – Forma de onda da tensão e corrente na fase S geral da DT

Na Figura 30 acima, fase S, a forma de onda da corrente é bastante similar à vista na


sala da administração, acusando a presença de computadores, como era de se esperar. Na fase
R, há uma superposição de cargas diferentes, possivelmente computadores e iluminação a
base de reatores eletrônicos.

83
Figura 31– Formas de onda da tensão e corrente na fase R geral da DT

A forma de onda da corrente na figura abaixo é no mínimo surpreendente. Como os


circuitos não estavam rotulados, não foi possível identificar a sala e, consequentemente, a
carga responsável por tamanho distúrbio na corrente.

84
Figura 32– Formas de onda da tensão e corrente em sala da DT

Apesar de a distorção harmônica (THD = 54,8%) nesta sala da DT ser menor que na
sala dos professores, os efeitos na rede e sobre outros equipamentos podem ser
consideravelmente mais destrutivos. A razão disso é a presença de harmônicos de altas
ordens, como se pode perceber pelo gráfico do espectro. As elevadas frequências, como a 17ª
harmônica (DHI = 4,2%), podem causar ressonâncias e aquecimentos em equipamentos com
núcleos de ferro. O elevado fator K (KF = 8,1) demonstra isso (LEÃO, 2013).

85
Figura 33 – Espectro de frequência da corrente em sala da DT

No gráfico do espectro de frequência da tensão Figura 33 nessa mesma sala, a elevada


magnitude da 7ª harmônica (DHI = 5,7%) é, possivelmente, ocasionada por efeito
ressonância.

86
Figura 34 - Espectro de frequência da tensão em sala DT

5.6.3 Laboratório de Microscopia Eletrônica (LME)

No LME se encontram um dos equipamentos mais caros do dessa sala: o microscópio


eletrônico de varredura (MEV) e o microscópio eletrônico de transmissão (MET). Ambos os
equipamentos são de mais alta tecnologia e o custo estimado de cada um se encontra na casa
das centenas de milhares de dólares.
Não obstante o preço, os circuitos eletrônicos integrados são muito sensíveis a
perturbações da rede, podendo comprometer e corromper dados de análise. Em vista disso, o
LME foi selecionado para ser analisado (ALVAREZ e SAIDEL, 1998).
Infelizmente, no período escolhido para monitoramento o microscópio estava em
manutenção, permanecendo assim até o fim do tempo hábil desse trabalho. Apesar de não
configurar as condições normais de operação, o gráfico abaixo apresenta o modo de operação
em standby do aparelho para manter o vácuo necessário ao seu funcionamento:

87
Figura 35 – Monitoramento da tensão de fase e da corrente do MET

Os picos de corrente ocorrem a cada 10 horas. O nível de tensão permaneceu dentro da


norma.

5.6.4 Laboratório de Ressonância Magnética (LRM)

A última carga sensível a ser analisada foi o LRM. Nesse laboratório se encontra um
aparelho de ressonância magnética rodeado de mística. Há uma ordem expressa ao oficial-de-
dia que em caso de interrupção no fornecimento, os responsáveis pelo laboratório deverão ser
imediatamente informados.
A exemplo dos microscópios eletrônicos, não se sabe muita coisa, se é que se sabe
algo, sobre a qualidade da energia desses equipamentos. Muitos mitos existem sobre as
características da energia deles, particularmente quando não estão operando adequadamente.
Por serem equipamentos específicos, não é comum encontrar uma literatura que comente as
suas características (MARTINHO, 2009).
Apenas para efeito de análise, foram realizadas medições da forma de onda da tensão e
corrente e do espectro de frequência da corrente. Como se pode observar, a corrente é bastante
distorcida e possui uma elevada crista (CF = 2,31).

88
Figura 36 – Tensão e corrente do aparelho de ressonância magnética

Figura 37– Espectro de frequência da corrente do aparelho de ressonância

89
5.6.5 Subestação 1 (SE1)

A qualidade de energia fornecida não é degradada apenas pelas cargas que a


consomem dentro de uma instalação. A rede é distribuída e alimenta inúmeras outras cargas,
lineares ou não. Por isso, algumas vezes é possível que a tensão fornecida já apresente
distorções, independente da instalação já estar conectada à rede (MAMEDE, 2017).
A escolha da SE1 como ponto de medição teve como objetivo tentar analisar a
qualidade da energia fornecida pela concessionária e, também, verificar se o Centro de
Convenções Sul américa se encontra dentro das especificações das normas internacionais para
limitar a quantidade de distorções injetadas na rede. O ideal seria a tensão fornecida sem a
presença da carga para estimar a qualidade da energia suprida pela concessionária. Entretanto,
realizar uma parada programada não é simples. Envolve muitos transtornos aos seus usuários
e nem todas as cargas podem ficar desenergizadas por um período de tempo suficiente para a
análise (62271-100.).
Como o intuito era verificar a relação da tensão de suprimento com a carga, foram
realizadas medições das distorções harmônicas totais da tensão e a da corrente. Uma
correlação entre ambas mostraria que a tensão fornecida poderia ser significantemente
influenciada pela não-linearidade da carga, podendo até ultrapassar os limites recomendados.

Figura 38 – Valor eficaz e THD da tensão de linha na SE1

90
O comportamento da corrente é descrito pelos gráficos do THD e do KF. O período de
tempo é de apenas 1 dia, por motivos que serão explicados mais adiante. Apesar da elevada
variação, o THD tem seus maiores valores médios no período noturno. A média ao longo do
dia está por volta de 12%, atingindo picos de 18,5% e vales de 3,1%. Já o KF é relativamente
constante em torno de 1,3, algumas vezes atingindo picos de 2,3.
Ao longo dos vários monitoramentos realizados, foram tirados alguns “retratos” do
espectro da corrente. Em média, o espectro registrado é representado pela figura abaixo:

Figura 40 – Espectro de frequência da corrente na SE1

De acordo com a norma 519-1992 do IEEE, os níveis do THD da corrente estão pouco
acima do limite para o porte da instalação. Enquanto o THD e o DHI de 3ª ordem medidos são
de 12% e 10%, respectivamente, conforme pode ser visto pela Tabela 8 abaixo, o THD
máximo recomendado é de 8% e o DHI, 7%.

92
5.8 SOLUÇÕES PROPOSTAS

O último objetivo e o principal deles é elaborar soluções e procedimentos simples para


redução dos problemas da qualidade da energia no Centro de Convenções Sul América.
Ao longo do trabalho, percebi que algumas atitudes com relação as cargas sensíveis já
haviam sido tomadas, como a dedicação de um alimentador especifico para essa carga. Como
pode ser constatado, a forma de onda da tensão possuía pouca ou nenhuma distorção
considerável, garantindo uma qualidade da tensão fornecida (LIGHT, Março 2016).
Entretanto, isso nem sempre ocorria com relação as cargas causadoras de degradação
na rede. É até compreensível visto que alguns equipamentos só podem ser identificados como
tal se analisada a forma de onda de sua corrente, algo só é possível com um osciloscópio ou
analisador de qualidade de energia.
Como foi visto, a distorção harmônica da tensão está dentro do limite de qualidade
recomendado pelo IEEE. Entretanto, a distorção da tensão está fora, podendo causar
transtornos a médio ou longo prazos em usuários que compartilham o alimentador primário da
concessionaria de energia local (519-IEEE, 2014).
Portanto, se fosse economicamente viável, o ideal seria introduzir filtros nas cargas
que mais causam distorções ou no secundário dos transformadores da subestação. Entre outras
vantagens, injetaria menos harmônicas na rede, reduziria o aquecimento nos transformadores
e aumentaria o fator de potência, melhorando a qualidade da energia de uma maneira geral.
Geralmente, a maioria dos problemas de qualidade da energia tem suas causas e
consequências dentro da própria instalação afetada. Deste modo, foram feitas medições ao
longo das instalações do Centro de convenções, para identificar pontos de elevada distorção
ocasionados provavelmente por efeito de ressonância. Variando-se a posição de bancos de
capacitores ou da carga afetada resolveria o problema.
No anexo desse trabalho são encontradas memorias de cálculos da potência harmônica
consumida pela instalação, sua influência sobre o fator de potência, redimensionamento de
transformadores e os benefícios das medidas mitigadoras.

94
6. CONCLUSÃO

Quando consultei alguns orientadores sobre o assunto Qualidade da Energia, me foi


sugerido um trabalho de Gerenciamento da Qualidade de energia em cabines primarias, meu
primeiro pensamento foi sobre a quantidade de informação necessária para se fazer um
Projeto final de Curso. A princípio, não achava que seria suficiente para fazer um projeto do
nível que se esperava no final da graduação. Meu receio era fazer um trabalho de 15 folhas
ou, uma bíblia de vazio teórico.
Após iniciar-me na pesquisa bibliográfica, percebi que nunca estive tão enganado. O
universo de informações e a profundidade do assunto era tamanha que num certo momento
temi por não ter escolhido um assunto mais especifico. Seria muita prepotência ou
ingenuidade da minha parte querer condensar um conhecimento tão vasto num simples
trabalho.
Cheguei à conclusão que não deveria temer nem por um extremo nem pelo outro. O
tema que foi escolhido, de fato, era incrivelmente amplo. Porém, por outro lado, pouco se
conhece dele e qualquer contribuição, mesmo que superficial para alguns estudiosos, é
perfeitamente válida. O objetivo do trabalho não é se aprofundar em cada assunto, mas
pincelar os aspectos teóricos e práticos que pudessem ser aplicados no estudo de caso
proposto.
Face aos objetivos a que se propôs o presente trabalho de conclusão de curso, realizou-
se um levantamento bibliográfico de publicações técnicas e cientificas sobre o gerenciamento
de qualidade de energia elétrica, eletrônica de potência e estudos anteriores, de modo a
acumular conhecimento que pudessem subsidiar as investigações e pesquisas dirigidas ao
tema central do projeto.
Num certo momento, foi dispensado um período de tempo para o analisador de
qualidade de energia, em seguida, no decorrer do desenvolvimento desse trabalho, muito do
que foi exaustivamente estudado na teoria pode ser comprovado na pratica com a medição.
Raramente foi observa uma forma de onda senoidal perfeita, seja de tensão ou corrente. Na
maioria dos casos, a distorção era tamanha que parecia incrível como certas coisas poderiam
funcionar naquelas condições.
Uma grande lição tirada desse trabalho foi que estamos mais imersos em problemas de
qualidade da energia do que jamais suporia. Acredito que se numa instalação de um centro de
convenções é possível atingir esses níveis de qualidade, a situação em setores comerciais e
95
industriais possa estar próxima a um nível crítico. E se para nós, estudiosos e profissionais de
eletricidade, esse assunto é visto com certa surpresa, o que dirão os leigos e usuários comuns
de energia.
Sem dúvida, esse tema ainda será muito debatido e estudado e promete se estabelecer
definitivamente nos assuntos de graduação, visto que em pouco tempo grande parte dos
problemas enfrentados pelos engenheiros eletricistas poderá ser um problema de qualidade da
energia.

96
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WEG, 2. DT-3 Características e Especificação de Motores de Corrente Contínua e
Conversores CA/CC. [S.l.].

99
ANEXO

A seguir são apresentadas as memorias de cálculo utilizadas para calcular a potência


harmônica, fator de potência, dimensionamento de transformadores na presença de
harmônicas e os efeitos da adoção dessas medidas na melhoria da qualidade da energia.

Adaptação ás normas internacionais


Como citado nesse trabalho, as instalações do centro de convenções não estão imunes
a presença das harmônicas. Para os cálculos a seguir, serão utilizados os dados reais coletados
pelo analisador de qualidade de energia.

FIG. A. 1 – Espectro de frequência da corrente no secundário do Trafo da SE1

A figura a cima representa o espectro de frequência da corrente de linha no secundário


do transformador da subestação 1 (SE1), de 300 kVA. Percebe-se as principais harmônicas
são a 3ª (12,6 %) e a 5ª (4,2 %). A partir da fundamental, determina-se a magnitude dessas
harmônicas: 29,6ª e 9,9ª, respectivamente. O THD é então calculado por meio de (23)

100
I
h 1
2
h
29,6 2  9,9 2
THD1    13,28%
I1 235

Conforme pode ser visto na legenda da figura, este valor de THD está de acordo.
Entretanto, ainda não é possível comparar com os limites de distorções recomendados pela
Std. 519-1992 do IEEE. Estes levam em consideração a TDD, isto é, a corrente de distorção
em relação a corrente de máxima demanda. No caso, a pior situação quando a máxima
demanda é a corrente nominal, que pode ser calculada por:

N 300 KVA
I 1n    787 A
3  VL 3  220V

, onde N é a potência nominal do transformador da SE1 e 𝑉 é a tensão nominal do


secundário. Com base na corrente nominal, pode-se calcular o TDD (24):

I
h 1
h
29,9 2  9,9 2
TDD1    4,0%
I 1n 787

, e também as distorções individuais:

29,6
DHI I 3   3,8%
787

9,9
DHI I 5   1,3%
787

Percebe-se que os valores calculados são sensivelmente menores que os computados.


De acordo com as normas é necessário calcular a corrente de curto-circuito da
instalação a fim de se identificar os limites permitidos pela norma aplicada. Um modo

101
Esta decisão é considerada conservadora, já que a norma recomenda se utilizar a corrente de
máxima demanda. Uma corrente maior significa limites mais rigorosos. A segunda ressalva é
em relação à corrente 𝐼 calculada. Como explicado, a mesma foi calculada por um método
simplificado, por meio de uma aproximação considerada válida. Entretanto, a impedância
total é no mínimo igual à do transformador, isto é, a corrente de curto-circuito poderá ter um
valor menor ou igual ao considerado. Um valor menor significa uma menor capacidade do
sistema e uma razão R menor, que se traduz por limites mais rigorosos.

Potência Harmônica, PF e PDF

Toda corrente extra demanda uma certa potência extra. Dependendo do nível de
distorção, uma potência não-ativa considerável pode estar sendo consumida, reduzindo de
maneira significativa o fator de potência da instalação. No caso das harmônicas, essa demanda
recebe o nome de potência harmônica (H). Com base no espectro de frequência médio
medido, pode-se estimar o valor médio dessa potência Erro! Fonte de referência não
encontrada.):

H  V I 32  I 52  ...  127  29,6 2  9,9 2


H  4000VAR

O resultado acima mostra que uma potência extra de 4 kVAr por fase é demandada
pela instalação em função das harmônicas. A potência ativa por fase é uma função somente da
corrente fundamental medida (5):

Q  VI 1 sen1  127  235  sen21


Q  10695VAR

A potência reativa juntamente com a potência harmônica são geralmente in desejadas,


pois não realizam trabalho e contribuem para o sobredimensionamento de cabos, barramentos
e equipamentos elétricos. Apesar disso, potência harmônica pode ser reduzida
103
consideravelmente por meio de filtros sintonizados nas frequências harmônicas e/ou filtros
passa-altas.
Na ausência de filtros e outros aparatos que reduzam o seu efeito, a potência
harmônica contribui para uma reação do fator de potência Erro! Fonte de referência não
encontrada.):

P VI 1 cos 1 235
PF    cos 21 
N VI 237
PF  0,926

Para efeito de comparação, calculou-se também o DPF Erro! Fonte de referência não
encontrada.):

DPF  cos 1  cos 21


DPF  0,934

Percebe-se por meio dos dois fatores que houve uma ligeira redução do fator de
potência da instalação em função das harmônicas. Essa diferença foi praticamente
inexpressiva em virtude do pequeno conteúdo harmônico presente na corrente e, por
conseguinte, no baixo THD.

Cálculo de redimensionamento do transformador

As harmônicas podem causar aquecimento em equipamentos e condutores,


especialmente quando da ocorrência de ressonância. Entretanto, nos transformadores esse
fenômeno é mais crítico. Além do aquecimento no cobre por efeito joule, há maior fluxo de
dispersão e aquecimento por correntes parasitas. No caso de transformadores a seco, essas
correntes são a principal causa de sobreaquecimento, pois as perdas são proporcionais ao
quadrado da amplitude e da frequência.
Como os cálculos para redimensionamento de transformadores a óleo necessitam de
muitos dados e parâmetros específicos do transformador em questão, optou-se por fazê-los
104
com base nos transformadores a seco. Apesar da tentativa de contato com o fabricante do
transformador, não foi possível coletar todos os dados necessários ao cálculo.
Segundo a norma Std. C57.110-1998 do IEE [7], algumas hipóteses conservadoras
deverão ser consideradas na ausência de informações suficientes ao cálculo:
1) É assunto que 67% das perdas por dispersão total são oriundas das correntes
parasitas;
2) As perdas ôhmicas são uniformes no enrolamento;
3) As perdas por correntes parasitas correspondem a 40% no enrolamento
primário (AT) e 60% no secundário (BT) de transformadores cuja corrente
nominal máxima é menor ou igual a 100 A;
4) As perdas por dispersão podem ser obtidas pela subtração das perdas ôhmicas
das perdas em carga;
5) As perdas por correntes parasitas são assumidas como não-uniformes ao longo
dos enrolamentos. A maior densidade de perdas ocorre na região de maior
aquecimento, onde seu valor máximo é assumido como 400% do valor médio
no enrolamento.

Alguns dados utilizados foram obtidos de outros transformadores a fim de elucidar a


execução dos cálculos. O transformador em questão possui a seguinte especificação: trifásico,
300kVA, 13,8 kV – 220 V, X% = 3,72%. A resistência por fase no primário é de 23,6 e a
resistência no secundário é de 0,006 . As perdas em carga somam 11600W.
A perda por dispersão total² (Ptsl-r) é calculada segundo a hipótese 4):


PTSL  R  PLL  R  k  R1 I 12  R2 I 22 

PTSL  R  11600  1,5  23,6  12,5 2  0,006  787 2 
PTSL  R  494,5W

, onde 𝑃 é a perda em carga, k é um fator de correção para transformadores


trifásicos e Ri e Ii são resistência e a corrente no enrolamento i.

As perdas por correntes parasitas (PEC-R) são obtidas segundo a hipótese 1):

105
Na região de máxima perda por correntes parasitas, a densidade de perdas causadas
pelas correntes harmônicas é dada por:
PLL ( pu )  I ( pu ) 2  1  KF  PEC  R ( pu ) 
PLL ( pu )  1,01764  1  1,166  0,143
PLL ( pu )  1,187 pu

A partir desse valor, é possível, enfim, calcular a máxima corrente admissível de modo que o
transformador não aqueça demasiadamente em função das cargas não-lineares:

PLL  R ( pu )
I MAX ( pu ) 
1  KF  PEC  R ( pu )
1  PEC  R ( pu )
I MAX ( pu ) 
1  KF  PEC  R ( pu )
1  0,143
I MAX ( pu ) 
1  1,166  0,143
I MAX ( pu )  0,9897 pu

Este resultado mostra que a capacidade do transformador, mediante uma corrente não-
senoidal com o conteúdo harmônico especificado pela tabela anterior, será de 98,97% da sua
capacidade nominal. A nova corrente nominal é obtida por:

I MAX  I 2  I MAX ( pu )
I MAX  787  0,9897
I MAX  778,9 A

107

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