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Campinas
2016
1. Apresentação.
O interesse pela aquisição da linguagem surge, anterior ao ingresso à universidade, com o
nascimento de meu primeiro filho em 2010, que também marcou a escolha pelo curso de
bacharelado em Linguística. Egresso da faculdade de licenciatura em Letras, onde me
dedicava ao estudo da literatura brasileira, mantinha a paixão pelo mistério primordial de
como se formou as línguas naturais na humanidade. Dentro do curso de Linguística em 2011,
com a disciplina de Aquisição ministrada pela professora Dra. Rosa Attié Figueira iniciei o
entendimento sobre o processo de entrada na Linguagem pela criança. A primeira pesquisa de
iniciação científica recaiu sobre o caso histórico do menino lobo Victor de Aveyron e o estudo
do cientista Jean Itard. Foi um primeiro contato com a filosofia da linguagem em Rosseau e os
Iluministas franceses. Depois, ao entrar em contato com o corpus do CEDAE voltei-me a
atenção para o fenômeno da emergência da sintaxe, com surgimento do enunciado de dois
vocábulos na fala da criança. Mas uma pessagem atribulada de ordem particular, encheu de
percalços meu caminho dentro do curso, marcado pela decontinuidade no apronfundamento
do fazer científico. Contudo, ao retomar meu original interesse de pesquisa retomo a fala da
criança para observar um fenômeno basilar na construção da percepção da realidade. A noção
de agente na gramática de uma língua é aquele ente que executa a ação expressa pelo verbo
causativo (verbos de ação), ele pode é conhecido por ser o sujeito gramatical nas vozes ativa e
reflexiva. Seu uso aparece na fala desde cedo, mas quando começa ganhar contornos de um
elemento sintático com reconhecimento de sua propriedade de ação e vontade no mundo?
Seria a posição das palavras no contrataste de dois vocábulos um primeiro traço sintático?
Quando começa a distinção entre N e V? A posição do agente é só utilizada para entidade
animada?
2. Objeto
Dados da fala da criança que apresentam a mudança no uso dos elementos argumentais numa
oração causativa N-V-N, observando o efeito de sentido atribuído pelo adulto sobre o
entendimento das posições de agente causador e o elemento paciente causado nas estruturas
causativas até a criança demonstrar fixação e restrição dos elementos. Ao focar na emergência
da sintaxe, concentramos nossos estudos em dados entrre o Estágio I e Estágio II, que abrange
dados por volta de 1;9 até 4 anos. O primeiro estágio, conhecido como a fase de dois
vocábulos, é a entrada no “período sintático” (Bowerman, 1975, apud. De Lemos, 1984), em
que se sobressai o processo “indeterminação semântica” (De Lemos, 1984) com uso de
formas não analisadas e a posição discursiva da criança como interpretada e o adulto como
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intérprete dos primeiros enunciados dentro das relações dinâmicas do contexto dialógico num
espaço perceptual imediato. O segundo estágio é plurivocabular, marcado por processos
reorganizacionais (Figueira, 2006), uso de mecanismos gramaticais que marcam contrastes
semânticos e sintáticos como flexões verbais, palavras de relação e posição sintática. Esses
períodos iniciais encontram resistência de análise sintática por ser necessário considerar a
indeterminação sintático-semântica na produção da criança nas expressões de causa e efeito.
Dois dados são paradigmáticos dessa dificuldade: “mommy sock” (Bloom, 1970, apud Castro
e Figueira, 2006, p.79) e “Bebel bain. Mamãe bain” (Figueira, 2006), como já discutidos na
literatura da área, esses enunciados revelaram sua potencial de interpretação em múltiplos
sentidos que só puderam ser descritos com a força do contexto e explicados pela atuação do
adulto da interação e do investigador ao apontar nessas estruturas típicas do estágio I de dois
vocábulos as diversas direcionalidades argumentativas que elas continham e a fortuna
semântica que a criança consegue expressar com tão pouco recurso.
Por isso proponho investigar dentro do corpus de sujeitos J e A - membros da mesma família
de classe média, dados coletados longitudinalmente em abiente natural - que estão dispostos
no acervo do CEDAE-IEL, para ampliar o entendimento das combinações de vocábulos que
envolvem relações de agentividade e causalidade em estruturas do estágio I: N+V, V+N e
N+N. Esse recorte pretende contribuir para entender, no nível das marcas apreensíveis no
enunciado, as noções de agentividade e causalidade que formam subsistemas importantes para
A análise dados linguísticos será fundamental para compreender aspectos linguísticos e
cognitivos sobre agentividade na formação de esquemas interativos de causalidade,
considerando a linguagem como um objeto externo operável no mundo pela criança.
3. Justificativa
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vamos nos valer de cuidado para não sobrepor categorias gramaticais estabilizadas da língua
alvo do adulto.
“No caso das primeiras produções de um-dois vocábulos, vale
lembrar que o risco de projetar sobre a fala da criança uma intenção
semântica é tomá-la como instanciação de um conhecimento mais
complexo.” (Figueira, 2006, p.113)
Essas definições gramaticais podem ser questionadas e reavaliadas seguindo suas filiações
epistemológicas com objetivo de ampliar as possibiliades de abordagem e seleção de
fenômenos ao mesmo tempo em que ajude a refinar seus alcances de análise e aplicação
metodológica. Acreditamos que as discussões ajudem na divulgação científica do campo de
Aquisição assim como salientar a importância das investigações de estágios primários do
desenvolvimento infantil. Por focalizar a relação da criança com a linguagem na sua
passagem de “interpretada" (indeterminação semântica) à "intérprete" (determinação do
agente causativo na própria fala).
Nos dados representativos apresentados acima (“mommy sock” e “Bebel bain. Mamãe bain”)
podemos perceber a posição do adulto na condição de interpretação baseado na rotina. O
adulto toma a fala da criança e lhe põe uma direção, atribui papéis sintático-semanticos como
nomes e verbos. A criança produz tensão com o uso limitado da língua, uma mesma estrutura
pode ser a meia da mãe (posse) e também um pedido para a mãe calçar as meias nela. E
noutro os nomes que aparecem seriam agente ou experenciador? Bebel dá banho? (agente
causaitvo) ou Mamãe toma banho? (sem agência). Falta o verbo para definir os papéis
semânticos dados aos nomes? No primeiro momento na produção da criança interpretada, sua
condição produz “leituras múltiplas" (Figueira, 2006, p.112). Na fase de 2 vocábulos , o
adulto confere estrutura gramatical e semântica ao enunciado faltante de elementos em suas
posições canônicas.
3. Objetivos.
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No contexto da pesquisa monográfica, revisão conceitual das noções de agentividade e
causatividade, principalmente no trabalho investigativo de Figueira (1985), com o intuito de
ampliar futuramente os estudos nos atos de fala que incide na intencionalidade de tomar a
ação por parte da criança.
4. Hipótese.
Comprovar a eficácia das estratégias linguísticas que as crianças adotam nas instâncias de
agentividade e os papéis semânticos que o adulto atribui destacando marcas de compreensão
que contribuem na apreensão do objeto-linguagem e sua percepção categorial frente a
indeterminação semântica.
A passagem entre o estágio I-II marca uma mudança de aquisição na organização cumulativa
de complexidade e crescente domínio qualitativo sobre os níveis semânticos, pragmáticos e
sintáticos.
Partindo de Elliot (1982) que faz um levantamento dos estudos naturalistas e experimentais
em Aquisição, podemos perceber a multiplicidade de termos para se referir ao período de
dois vocábulos como “fala primitiva”, “rudimentar”, “maximização”, “imitação seletiva”,
etc; tentaremos refazer um percurso dentro de um momento rico na exploração do tema nos
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A mudança é um momento tido como central para a teoria sócio-interacionista em aquisição da linguagem.
(Castro e Figueira, 2006, p.80)
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anos 70 e 80. Para tal, nos apropriaremos das considerações de De Lemos (1978, 1982, 1986
e 2002) para rastrearmos a fundamentação sócio-interacionista que propõe a análise
qualitativa de recortes das relações de agentividade e causalidade. Os trabalhos de Figueira
(1985, 1994) nos permitirá entender os processos de organização do subsistema de
causatividade.
A. Releituras de textos bases e fichamento. Escolha dos dados dentro das transcrições
fotocopiadas de J (2;4) e de A (3;3.27) dentro da delimitação do objeto: emergência
da sintaxe: indeterminação semântica, agentividade e causatividade. Explorar
procedimentos de análise e metodologia. Levantamento de bibliografia adicional .
B. Pesquisa no arquivo do CEDAE para ouvir áudio e ler novas transcrições dos sujeitos
selecionados. Analisar comparativamente os recortes dos objetos de análise para
levantamento quantitativo. Levantamento bibliográfico e leitura de textos.
C. Leitura, análise e escrita da Monografia.
D. Redação final, organização dos anexos e Revisão.
E. Revisão e entrega da Monografia.
1ºSemestre de 2017
A
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B
C
8. Estrutura do projeto
Introdução.
Este capítulo será dividido em duas seções. Na primeira haverá o mapeamento das noções
de Agente-Ação nos campos da Linguística sócio-interacional que funde a concepção de
língua como objeto da realidade e com valor de eficácia cognitiva. No segundo, estudo do
processo de causatividade linguística no trabalho de Figueira (1985) sobre a aquisição do
subsistema de causatividade: agente-ação-objeto e o entendimento da importância das
expressões desviantes.
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quantitativamente, em quadros, a divisão de fenômenos das posições de agente nas estruturas
causativas. No seguinte, a análise qualitativa pretende singularizar o dado na situação
dialógica e localizar as categorias no contexto para identificar variabilidade e a mudança.
Bibliografia preliminar.
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_______________________. (1986). A sintaxe no espelho. in Cadernos de Estudos
Linguísticos, 10, Campinas: IEL/Unicamp, p.5-15.
LEMOS, M. T. Guimarães de (2002). A língua que me falta: uma análise dos estudos em
aquisição de linguagem. Campinas: Mercado das Letras.