Вы находитесь на странице: 1из 69

Introdução aos Aminoácidos

Essenciais........5
Aminoácidos cada vez mais
estudados.........6
Desmistificando o ganho de massa magra
como estética e sim como saúde.........7
Referências Bibliográficas.........13
Intestino como responsável p ela
nossa saúde........15
Não somos o que ingerimos, somos o que
absorvemos.........16
Processo de digestão e absorção,
qual a melhor fonte de aminoácidos
Impacto da bariátrica na vida do essenciais?.........19
paciente........23 Referências Bibliográficas.........22
Dificuldade de absorção de
nutrientes.........28
Doenças relacionadas à
bariátrica.........29
Perda de massa magra em
bariátricos.........30
Dietas Hipocalóricas e
Referências Bibliográficas.........31 Hipoproteicas........33
Importância de um emagrecimento
saudável para manter o peso.........34
Perda de massa magra no processo de
emagrecimento.........36
Envelhecimento – Importância da Estratégias para evitar a perda de massa
massa magra........44 magra.........37
Envelhecimento celular, descompensação Jejum intermitente.........40
metabólica e inflamação, sedentarismo ou Referências Bibliográficas.........42
incapacidade física – Fatores que
deterioram a massa muscular.........45
SARCOPENIA – Perda de: massa
muscular, força muscular e/ou
desempenho funcional.........48
Comorbidades Relacionadas à Aminoácidos para potencializar o
Sarcopenia.........50 desempenho de atletas........60
CAQUEXIA.........50 Importancia da Performance de
atletas.........61
FRAGILIDADE.........50
Fadiga muscular e seu impacto na
OBESIDADE SARCOPÊNICA.........50
fisiologia dos atletas.........61
Osteossarcopenia - Impacto da perda
Influencia da suplementacao com
muscular na integridade.........51
amioacidos em atletas.........62
Pouca Oferta de Aminoácidos Essenciais
Funcionalidade dos aminoacidos em
Provenientes Da Alimentação.........51
disbiose de atletas.........67
Proteína X Aminoácidos Essenciais –
Referências Bibliográficas.........68
Como Potencializar o Tecido
Muscular.........52
Referências Bibliográficas.........56
FIGURAS

Figura 1 Figura 11
Os 20 aminoácidos presentes na natureza Exemplos dos efeitos do jejum intermitente em
responsáveis pela formação das proteínas de todos diferentes sistemas orgânicos p. 41
os organismos vivos. Destes, 8 são considerados
Figura 12
essenciais e 12 não essenciais. p. 09
Músculo esquelético como órgão secretor. p. 47
Figura 2
Figura 13
Turnover de proteínas relacionando as trocas
Força muscular e o curso da vida. Para prevenir ou
existentes entre as proteínas corporais e o pool de
retardar o desenvolvimento da sarcopenia, maximize o
aminoácidos livres. p. 09
músculo na juventude e na idade adulta, mantenha o
Figura 3 músculo na meia-idade e minimize a perda na terceira
Aplicação da teoria do barril para avaliar o aporte idade. p. 48
dietético de aminoácidos. A nutrição fica limitada pelo
Figura 14
fornecimento do nutriente mais escasso, no exemplo; a
O exercício físico e a restrição calórica exercem efeitos
lisina (aminoácido limitante). p. 10
tróficos / protetores nos músculos esqueléticos por
Figura 4 vários mecanismos. p. 49
Sinalização envolvida na síntese proteica mediada
Figura 15
pelos aminoácidos (representados pela leucina),
Imagens representativas de RM da coxa operada
insulina, fator de crescimento semelhante à insulina
na linha de base (pré-cirurgia), 2 semanas após e 6
(IGF-1) e exercício de força. p. 11
semanas após a artroplastia para os grupos placebo e
Figura 5 aqueles que ingeriam os aminoácidos essenciais. As
Catabolismo das proteínas no trato gastrointestinal p. 19 imagens do placebo são de uma mulher de 71 anos e as
imagens do EAA são de uma mulher de 74 anos. p. 54
Figura 6
Alteração média da linha de base dos aminoácidos Figura 16
plasmático após a alimentação de proteínas inteiras Fisiologia da fadiga muscular p. 61
(queijo, cottage) ou uma quantidade equivalente de
Figura 17
uma mistura de aminoácidos livres com composição
Relação entre o catabolismo de aminoácidos de cadeia
de aminoácidos (...) em voluntários saudáveis em
ramificada (ACR) e a síntese de alanina e de glutamina
jejum p. 20
no tecido muscular. p. 63
Figura 7
Figura 18
Proposta de diafonia entre disfunção mitocondrial e
Catabolismo da Treonina p. 64
inflamação na perda de massa muscular. p. 21
Figura 19
Figura 8
Relação entre a sobrecarga do exercício e a qualidade
Diferentes técnicas de cirurgia bariátrica. p. 26
do sono. p. 65
Figura 9
Figura 20
Técnicas de cirurgia bariátrica mais realizadas. p. 27
Vias de metabolização do triptofano. Na via da
Figura 10 serotonina, o triptofano é convertido em serotonina e
Ciclo vicioso subjacente ao ganho de peso (efeito ioiô): melatonina. Na via da quinurenina, o triptofano gera a
Possível impacto de uma dieta de restrição calórica quinurenina e derivados como a NAD+ (nicotinamida
sobre o humor e, portanto, desejo por carboidratos adenina dinucleotídeo). Parte do triptofano ingerido
levando ao excesso de peso, mediado pela modulação na dieta serve ainda como fonte para a síntese de
do metabolismo do triptofano e resposta da leptina melanina e também como substrato para a síntese
(aminoácido e hormônio sacietógenos). p. 34 proteica. p. 66

MONOGRAFIA AMINNU | 3
GRÁFICOS

Gráfico 1 Gráfico 7
Ganho líquido de proteína de 42% e 49% maior após a Alterações no peso corporal de indivíduos com
ingestão da mistura de aminoácidos essenciais (EAA) sobrepeso e obesidade submetidos a dietas com
em comparação com a mistura de aminoácidos totais alto teor de proteína, alto teor de carboidrato e grupo
semelhante ao Whey Protein (TAA), em pacientes controle (sem intervenção). A perda de peso foi muito
idosos saudáveis e com DPOC, respectivamente. p. 06 superior no grupo que fez dieta com alto teor de
proteína. p. 37
Gráfico 2
Síntese de proteínas musculares (PS), quebra Gráfico 8
de proteínas (PB) e balanço líquido de proteínas Taxa sintética fracionária (FSR) da proteína muscular
musculares (NB) após exercício resistido durante durante a fase de recuperação do exercício de
o consumo de solução de Placebo (PLA), 40 g de resistência com ingestão de carboidratos (CHO),
Aminoácidos Mistos (MAA) e 40 g de Aminoácidos carboidratos + proteínas (CHO+PRO) e carboidratos +
Essenciais (EAA). p. 07 proteínas + leucina (CHO + PRO + Leucina). p. 38
Gráfico 3 Gráfico 9
Projeção da obesidade (IMC ≥ 30kg/m2 ) em adultos À esquerda, resultados da síntese de proteínas
(≥ 18 anos) nas 26 capitais e no Distrito Federal, 2006 a musculares. A ingestão da bebida de aminoácidos foi
2022. p. 24 ingerida 1 h (A) e 3 h (B) após o exercício. *Diferença
estatística dos valores de placebo e pré-consumo: P
Gráfico 4
< 0,05. À direita, quebra de proteínas musculares. A
Cenário da cirurgia bariátrica no Brasil. p. 25
bebida de aminoácidos foi ingerida 1 h (A) e 3 h (B)
Gráfico 5 após o exercício. Não houve diferenças significativas (p
Prevalência dos pacientes com intolerância alimentar > 0,05). p. 39
de acordo com o tempo de pós-operatório e alimentos
Gráfico 10
relatados. A carne foi o alimento menos tolerado pelos
Atrofia muscular - Valores brutos da linha de base para
pacientes pós-bariátricos. p. 29
quadríceps e isquiotibiais e perda de músculo adutor
Gráfico 6 entre os grupos p. 53
Concentrações de aminoácidos antes e após dietas
Gráfico 11
hipocalóricas de duas semanas em 38 indivíduos com
Ganho líquido de proteína após a ingestão de
sobrepeso. Os baixos níveis de triptofano encontrados
aminoácidos essenciais p. 55
após intervenções dietéticas relacionam-se com
as altas taxas de recaídas de acompanhamento do
tratamento. p. 35

TABELAS

Tabela 1 Tabela 2
Comparação entre o percentual de NNU do suplemento A função e sinalização dos aminoácidos na inflamação
de aminoácidos essenciais e diferentes tipos de intestinal p. 18
alimentos. p. 12

MONOGRAFIA AMINNU | 4
Introdução aos Aminoácidos Essenciais Aminoácidos são as menores partículas que formam
A inovação diz respeito ao desenvolvimento as proteínas, ou seja, não precisam ser quebradas pelo
de novas soluções que atendam aos mercados ou ge- nosso organismo para sua absorção. Após agrupados,
rem valor para a sociedade. De modo geral, a inovação constroem tecidos conjuntivos e estruturais. São essen-
pode ser entendida como a busca de novidade de valor ciais para produção de mais de 50 mil proteínas e mais
agregado por meio de novos produtos ou serviços. No de 15 mil enzimas. Influenciam o humor, a concentração,
contexto da inovação, o conceito de produto tem sido a atenção e o sono. O uso de aminoácidos essenciais
entendido como um conjunto de atributos tangíveis e (EAAs) vem sendo amplamente estudado e diversos
intangíveis que possa ser consumido por um mercado, estudos apontam que os EAAs são os responsáveis
suprindo necessidades e desejos. Cerca de 20 mil pro- isolados pela indução do anabolismo muscular, poten-
dutos nos mais diversos segmentos são lançados anu- cializando o ganho de massa magra. (WOLFE, 2002; PA-
almente na América Latina, porém 50% deles deixam de DDON-JONES, 2006; LUCÀ-MORETTI, 2003).
existir no ano seguinte, a explicação para esse fenômeno JONKER, et al. avaliou através de um estudo
é simples: os produtos lançados não atendem aos reais duplo cego, randomizado e cruzado a eficácia da su-
desejos e necessidades dos consumidores. plementação de aminoácidos essenciais no estímulo ao
Desenvolver e lançar novos produtos consiste anabolismo das proteínas líquidas de todo o corpo entre
em um conjunto de atividades que busca atender às pacientes idosos com DPOC (Doença pulmonar obstru-
necessidades do mercado consumidor, respeitando as tiva crônica) e idosos saudáveis, onde idosos saudáveis
restrições tecnológicas que viabilizam o projeto, consi- que fizeram uso somente de EAAs enriquecidos com
derando suas estratégias competitivas, para chegar às leucina ganharam 42% mais massa magra que quan-
especificações do produto e do processo de produção, do ingerido um suplemento contendo uma mistura de
para que seja produzido adequadamente. Portanto, é aminoácidos totais (semelhante ao Whey Protein). Para
imprescindível que o processo de desenvolvimento e pacientes doentes, o ganho chegou a ser 49% maior
lançamento de novos produtos seja embasado em ci- (gráfico 1).
ência, para que a real necessidade do consumidor seja
atendida por meio de um produto final que seja seguro,
eficaz e com máxima qualidade.

Aminoácidos cada vez mais estudados


Nos últimos anos tem sido demonstrado por
meio de diversos estudos e pesquisas a importância
dos aminoácidos para o bom funcionamento do corpo
humano (BORSHEIM, E., et al., 2008; HOWATSON G, et
al., 2012; KATSANOS, MADURA, ROUST, 2015). Nosso
organismo em busca de sua homeostase realiza fun-
ções vitais que devem estar em constante renovação.
Proteínas novas são criadas através do processo cha-
mado Síntese Proteica, que acontece mediante a união
de uma série determinada de aminoácidos, unidos en-
tre si por ligações peptídicas. Muito além de músculos,
as proteínas desempenham inúmeras funções, como a
Gráfico 1 - Ganho líquido de proteína de 42% e 49%
estruturação de tecidos, regulação da atividade de ór- maior após a ingestão da mistura de aminoácidos
gãos endócrinos, atuação nos sistemas de defesa do essenciais (EAA) em comparação com a mistura
organismo, participação dos processos de formação de de aminoácidos totais semelhante ao Whey Protein
(TAA), em pacientes idosos saudáveis e com DPOC,
enzimas, formação da estrutura sanguínea e construção
respectivamente.
muscular.
A produção de proteínas é mais eficiente quan-
Adaptado de JONKER, et al. 2017.
do ofertado todos os substratos para que ela ocorra.

MONOGRAFIA AMINNU | 6
Quando o estudo é feito em crianças, o ganho
também é maior somente com o uso de EAAs. Os resul-
tados do estudo de JONKER, et al. demonstram que o
uso isolado de aminoácidos essenciais com proporção
adequada estimula o ganho de massa magra não so-
mente para pacientes com doenças crônicas, mas para
pessoas saudáveis como um todo (JONKER, et al. 2017).
O aumento da disponibilidade de aminoácidos
para a síntese proteica é o principal mecanismo para o
aumento do anabolismo de proteínas musculares e isto
é observado quando indivíduos consomem aminoá-
cidos. Estudos indicam que os aminoácidos, sozinhos,
estimulam a síntese muscular proteica em pacientes
idosos, entretanto, alguns estudos demonstram que a
suplementação nutricional mista pode falhar no aumen-
to da massa muscular, uma vez que a resposta muscular Gráfico 2 - Síntese de proteínas musculares (PS),
quebra de proteínas (PB) e balanço líquido de prote-
ao anabolismo proteico pela hiperaminoacidemia com
ínas musculares (NB) após exercício resistido duran-
hiperinsulinemia endógena pode ficar desequilibrada te o consumo de solução de Placebo (PLA), 40 g de
(YANAI, 2015). Aminoácidos Mistos (MAA) e 40 g de Aminoácidos
Existem evidências de que a ingestão de ami- Essenciais (EAA).

noácidos essenciais orais resulta em uma mudança da


degradação de proteínas musculares para a síntese de Adaptado de TIPTON, et al. 1999.
proteínas musculares após exercícios de resistência, se-
melhantes aos observados quando os aminoácidos são porção equimolar, quando tomado como um único e
infundidos via endovenosa. TIPTON et al, examinaram total substituto de proteínas da dieta, atingiu um NNU
a resposta da síntese líquida de proteínas musculares corporal de 99%. Isso significa que 99% dos aminoá-
após um período de exercícios de resistência seguido cidos constituintes do suplemento de EAA seguiram
por ingestão de aminoácidos. Neste estudo controlado, a via anabólica, atuando como precursores da síntese
foi avaliada a resposta em homens e mulheres após in- proteica do corpo. Em comparação, as proteínas alimen-
gestão de um composto misto de aminoácidos (MAA), tares fornecem apenas entre 16% e 48% de NNU. Isso
uma solução de aminoácidos essenciais (EAA) e uma demonstra que os aminoácidos essenciais são mais efi-
solução de placebo (PLA). cazes que as proteínas da dieta. Os resultados do estudo
As concentrações arteriais de aminoácidos au- também mostraram que 1% dos aminoácidos constituin-
mentaram aproximadamente 150 - 640% acima da linha tes do suplemento seguiram a via catabólica, liberando
de base durante a ingestão de MAA e EAA. O balanço assim apenas 1% de catabólitos e energia de nitrogênio.
líquido de proteínas musculares aumentou significativa- Em comparação, as proteínas alimentares liberam entre
mente de negativo, durante a ingestão do Placebo, a po- 52% e 84% de catabólitos de nitrogênio e energia. Isso
sitivo durante a ingestão de MAA e EAA. Como o saldo demonstra que o suplemento de aminoácidos essen-
líquido foi semelhante para MAA e EAA, não demonstra ciais é mais seguro que as proteínas da dieta e fornece
ser necessário incluir aminoácidos não essenciais em a menor quantidade de calorias em comparação com
uma formulação projetada para provocar uma resposta qualquer proteína proveniente da alimentação.
anabólica do músculo após o exercício. Além disso, con-
forme demonstrado no gráfico 2, os EAA sozinhos redu- Desmistificando o ganho de massa magra
zem mais o catabolismo proteico se comparado ao com- como estética e sim como saúde
posto misto de aminoácidos (Manninen, et al., 2002). A composição corporal pode ser dividida em
Como veremos mais adiante, os resultados do massa óssea, massa gorda e massa magra. A massa
estudo multicêntrico de LUCÀ-MORETTI, mostraram muscular magra geralmente contribui com cerca de
que um suplemento de aminoácidos essenciais em pro- 50% do peso corporal total em adultos jovens, mas di-

MONOGRAFIA AMINNU | 7
minui com a idade em cerca de 25% do peso corporal plo, o fortalecimento dos ossos, melhora da imunidade,
total entre 75 e 80 anos e a área do músculo vasto late- prevenção da resistência à insulina e auxílio no com-
ral (quadríceps) diminui em até 40% entre as idades de bate a diversas doenças como a osteoporose e osteo-
20 e 80 anos (KALYANI, CORRIERE, FERRUCCI, 2014). artrite. Além de suas principais tarefas de manutenção
Como resultado da perda de músculo esquelético, esti- da postura, respiração e locomoção, o músculo esque-
ma-se que, após os 50 anos, ocorra uma redução de 4% lético também representa uma importante reserva de
na taxa metabólica basal a cada década (CHAU, et al., nutrientes e um excelente regulador metabólico (WOL-
2008). FE, 2006; MCLEOD, BREEN, HAMILTON, 2016). Quan-
A massa magra representa os músculos consti- to mais músculos tivermos, melhor será o nosso enve-
tuintes de nosso corpo e manter bons valores é impor- lhecimento, principalmente porque é nessa idade que
tante não apenas para conquistar uma aparência defini- se acentua a perda de massa magra e massa óssea, e
da. A força corporal depende diretamente disso, ou seja, para que tenhamos uma longevidade saudável, com in-
a facilidade com que as atividades do dia a dia são re- dependência e funcionalidade, é muito importante que
alizadas depende diretamente da quantidade de tecido desde a juventude sejam adotadas medidas que contri-
muscular magro. Uma pessoa com uma boa quantidade buam para a manutenção da integridade muscular.
de massa magra nas pernas, por exemplo, sofrerá lesões Por definição, tem-se que os aminoácidos são
mais dificilmente do que uma pessoa com menos massa compostos orgânicos formados por um grupo amino
magra. Por isso, ela influencia diretamente a resistência (—NH3) associado a um grupo carboxila (—COOH). A
dos músculos frente a impactos e outros movimentos. A principal função dos aminoácidos é atuar como subu-
postura e os problemas na coluna vertebral também são nidades de estruturação de moléculas proteicas. A pro-
diretamente afetados pela quantidade de massa magra teína é o principal componente estrutural e funcional
que o corpo possui. Além disso, o ganho de massa ma- de todas as células do organismo. Enzimas, anticorpos,
gra é um aliado para a perda de gordura, pois acelera o transportadores de membrana, moléculas de transpor-
metabolismo, aumentando o gasto energético. te do sangue, matrizes intracelulares, cabelo, unhas,
Estima-se que a força muscular reduz, aproxi- albumina de soro, queratina e colágeno, assim como
madamente, 15% entre a sexta e sétima décadas de vida muitos hormônios reguladores dos processos fisiológi-
e 30% após este período. O avanço pode se dar até o cos, são todas moléculas proteicas. Assim, uma oferta
momento em que o indivíduo fique impossibilitado de adequada de aminoácidos no organismo é essencial
realizar atividades comuns da vida diária, tais como ta- para manter não apenas sua integridade, mas também
refas domésticas: levantar-se da cadeira, subir escadas, a função celular, para saúde e reprodução. Além de
varrer o chão ou tomar banho, contribuindo expressiva- atuar como subunidades estruturadoras das proteínas,
mente para o desenvolvimento da fragilidade e diminui- os próprios aminoácidos também atuam como pre-
ção funcional na idade avançada. A inabilidade física é a cursores de coenzimas, hormônios, ácidos nucleicos e
maior causa de utilização de atendimento domiciliar e outras moléculas essenciais para o funcionamento do
hospitalização em idosos, com custo aproximado de 50 organismo (MARCHINI, et al, 2016).
bilhões por ano e sarcopenia de 18 bilhões de dólares Todas as proteínas de todos os organismos vi-
por ano, nos Estados Unidos. No Brasil, as mortes e in- vos são formadas por uma combinação variada de 20
ternações hospitalares de pessoas com mais de 60 anos, tipos diferentes de aminoácidos (Fig. 1). Dependendo da
por causas externas, realizadas pelo Sistema Público de capacidade de o organismo humano sintetizar endoge-
Saúde, mostram que as quedas representam 15,2% das namente a quantidade de aminoácidos suficiente para
mortes, ocupando 3º lugar na mortalidade. Quando ob- suprir as necessidades metabólicas, tem-se a sua classi-
servada morbidade, as quedas ocupam o primeiro lugar ficação em aminoácidos essenciais e não essenciais. Os
entre as internações. Em 2000, 48.940 pessoas (56,1%) aminoácidos essenciais são nutrientes indispensáveis à
foram hospitalizadas devido às quedas entre a popula- vida humana, uma vez que não podem ser sintetizados
ção com 60 anos ou mais (ORSATTI, 2011). pelo organismo. O organismo humano é incapaz de sin-
A construção da massa magra traz inúmeros tetizar cerca de metade dos 20 aminoácidos comuns e
benefícios para a nossa saúde a longo prazo, que vão por este motivo devem ser obtidos através da ingestão
muito além dos benefícios estéticos, como por exem- de alimentos ou suplementos (MARCHINI, et al, 2016).

MONOGRAFIA AMINNU | 8
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) mas literaturas consideram 9 aminoácidos essenciais,
e à Academia Nacional Americana de Ciências (NAS), por considerarem a Histidina como um deles, porém ela
oito aminoácidos são considerados essenciais para a é considerada um aminoácido condicionalmente essen-
nutrição humana: Leucina, Valina, Isoleucina, Lisina, cial, uma vez na infância o corpo não consegue sinteti-
Fenilalanina, Treonina, Metionina, Triptofano. Algu- zá-lo (ZENG, 2010).

OS 20 AMINOÁCIDOS QUE COMPÕEM AS PROTEÍNAS

8 Aminoácidos Essenciais 12 Aminoácidos Não Essenciais


• Leucina • Fenilalanina • Glicina • Tirosina
• Valina • Lisina • Asparagina • Serina
• Isoleucina • Treonina • Cisteina • Glutamina
• Metionina • Triptofano • Alanina • Prolina
• Ácido Glutâmico • Arginina
• Histidina • Ácido Aspártico

São aqueles que nosso organismo não consegue São aqueles que nosso organismo consegue produzir
produzir e, portanto, necessitamos obtê-los a partir dos aminoácidos essenciais e de outras
através da ingestão de alimentos. substâncias.

Figura 1 - Os 20 aminoácidos presentes na natureza responsáveis pela formação das proteínas de todos os organismos
vivos. Destes, 8 são considerados essenciais e 12 não essenciais.

Considerando que os aminoácidos essenciais guns outros sintomas clínicos (IOM, 2005).
não são sintetizados pelo organismo, muitas vezes são A manutenção da massa e da função do tecido
eles que limitam, de alguma forma, a síntese de pro- magro dependem da reconstrução contínua de proteí-
teínas, músculos e tecidos. Sendo assim, para garantir nas. Na Figura 2, as setas indicam os processos contí-
um padrão saudável e adequado de síntese proteica, nuos de degradação e síntese de proteínas, assim como
faz-se necessário um consumo dietético satisfatório ou outras vias envolvendo o pool de aminoácidos livres, tais
até aumentado de aminoácidos essenciais. A ausência como: obtenção dos aminoácidos, seja a partir da dieta,
ou a ingestão inadequada de qualquer um dos amino- suplementação ou da síntese endógena de aminoácidos
ácidos essenciais leva a um balanço de nitrogênio ne- não essenciais, e perda por excreção, oxidação ou pela
gativo, podendo acarretar perda de peso, crescimento conversão a outros metabólitos não proteicos (MAR-
prejudicado (principalmente em crianças) e ainda al- CHINI JS, et al, 2016).

Consumo Síntese endógena


dietético (Dispensável)

Turnover
de proteínas

AMINOÁCIDOS PROTEÍNAS
LI VRES CORPORAIS

Síntese Perdas protéicas

Excreção Oxidação Vias Pele


não-protéicas Cabelo
Fezes

Figura 2 - Turnover de proteínas relacionando as trocas existentes entre as proteínas corporais e o pool de aminoácidos livres.

MONOGRAFIA AMINNU | 9
De maneira geral, os aminoácidos absorvi- Conforme figura 3, ilustrando um barril com
dos pelo organismo são utilizados para reconstitui- água, cada ripa do barril representaria um tipo de ami-
ção das suas próprias proteínas, sendo, portanto, noácido, sendo o comprimento das ripas representantes
imprescindível o fornecimento de quantidade sufi- das quantidades individuais de cada aminoácido. Por-
ciente e balanceada dos diferentes tipos de aminoá- tanto, a capacidade do barril fica limitada pela ripa mais
cidos essenciais. A partir de uma dieta desequilibra- curta, assim como a síntese proteica e o crescimento fi-
da, existe o risco de alguns aminoácidos necessários cam limitados pelos aminoácidos menos disponíveis. Por
para a síntese proteica estarem em quantidades in- outro lado, os aminoácidos em excesso, corresponden-
suficientes, enquanto outros aminoácidos aparece- tes às ripas acima do nível de água, não serão utilizados
rem em excesso, seguindo para sua excreção sem para a síntese de proteínas, seguindo para excreção ou
mesmo terem sido utilizados ou, alternativamente, vias alternativas para produção de energia. O nitrogênio
sendo desviados para o provimento de energia. Da consumido como fonte de energia é usualmente excre-
mesma forma, quando determinados aminoácidos tado como amônia. Quando a dieta ou o suplemento é
são consumidos em quantidade excessiva, existe a deficiente em, pelo menos, um aminoácido, o corpo não
possibilidade que seja suprimida a absorção ou a consegue utilizar com eficiência todos os aminoácidos
utilização de outros aminoácidos, agravando ainda disponíveis no pool. No exemplo ilustrado pela figura 3,
mais o quadro de desequilíbrio no pool de aminoáci- apenas com a adição de lisina foi possível garantir um
dos livres (IOM, 2005). aproveitamento mais eficiente dos aminoácidos.

Dieta desequilibrada Dieta adicionada com lisina

Excedente de
aminoácidos

Figura 3 - Aplicação da teoria do barril para avaliar o aporte dietético de aminoácidos. A nutrição fica limitada pelo
fornecimento do nutriente mais escasso, no exemplo, a lisina (aminoácido limitante).

Fonte: MARCHINI JS, et al, 2016

Portanto, se um determinado aminoácido obti- fornecendo a quantidade ideal de cada aminoácido es-
do por meio da alimentação estiver escasso, a eficiência sencial que nosso organismo precisa.
da alimentação fica limitada ao nível desse aminoácido Cada célula do organismo é capaz de sintetizar
insuficiente (fator limitante). O mesmo pode ser consi- um grande número de proteínas específicas a partir dos
derado para suplementos de aminoácidos essenciais aminoácidos, sejam essenciais ou não essenciais. As ca-
fabricados em proporções inadequadas dos componen- racterísticas e a especificidade de cada proteína sinteti-
tes. Portanto, para que tais riscos de desequilíbrio sejam zada pelo organismo são predeterminadas pelo código
evitados e a contínua síntese de proteínas do organis- genético presente nas moléculas de DNA, que funciona
mo seja garantida, a suplementação com aminoácidos como modelo para a síntese de várias formas de RNA
essenciais em proporção equimolar é muito importante, que, então, participam da síntese proteica propriamente

MONOGRAFIA AMINNU | 10
dita. No entanto, para que a síntese proteica ocorra, é de 70 kDA (p70S6k); a proteína 1 ligante do fator de ini-
preciso que todos os aminoácidos necessários estejam ciação eucariótico 4E (4E-BP1); e o fator de iniciação eu-
disponíveis, principalmente os aminoácidos essenciais, cariótico 4G (eIF4G) (Fig. 4).
que devem vir única e exclusivamente da dieta ou suple- Durante o período pós-prandial, os aminoáci-
mentação (MAHAN LK, ESCOTT-STUMP S, 1998). dos plasmáticos estimulam a síntese de proteína muscu-
Os aminoácidos exercem os seus efeitos na lar, fornecendo substratos a mesma, bem como ativando
fase de iniciação da tradução do RNA-mensageiro em o receptor do complexo 1 da via mTOR (mTORC1), que
proteína. O mecanismo pelo qual os aminoácidos es- inicia a tradução do mRNA. Quando ativado por ami-
timulam síntese de proteínas está relacionado ao fato noácidos, mTORC1 inicia uma série de processos que
do aumento da concentração intracelular dos mesmos aumentam a taxa de tradução / síntese de proteínas no
promoverem a ativação de uma proteína quinase deno- músculo esquelético (KATSANOS, MADURA, ROUST,
minada alvo da rapamicina em mamíferos (mammalian 2015). O mTOR desempenha um papel central na regu-
Target of Rapamycin - mTOR). O mTOR estimula a sín- lação de todos esses processos e, portanto, controla o
tese proteica principalmente por meio de três proteínas equilíbrio entre o anabolismo e o catabolismo em res-
regulatórias chaves: a proteína quinase ribossomal S6 posta às condições ambientais.
1
F-
IG

Leucina
IRS-1
a
lin
su
In

P13-K PKB mTOR AMPK

Exercício
de Força
p70 S6K 4E-BP1 elF4G

SÍNTESE PROTÉICA

mTOR: proteína quinase denominada alvo da rapamicina em mamíferos; p70S6k = proteína quinase ribossomal S6
de 70 kDA; eIF4G: fator de iniciação eucariótico 4G; 4E-BP1: inibidor do fator de iniciação da tradução proteica de-
nominada eIF4E; AMPK: proteína quinase ativada por adenosina monofosfato (AMP); PKB: proteína quinase B; IRS-1
substrato do receptor de insulina 1; PI3-K: fosfatidil-inositol-3-quinase). (→ indica ativação; y indica inibição). Adaptado
de ROGERO, 2008.

Figura 4 - Sinalização envolvida na síntese proteica mediada pelos aminoácidos (representados pela leucina), insulina,
fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1) e exercício de força.

MONOGRAFIA AMINNU | 11
Os aminoácidos essenciais plasmáticos, quan- gastrocnêmio e no fígado. Outro estudo, que avaliou o
do comparados aos não essenciais, são os principais efeito da suplementação crônica com leucina em ratos,
responsáveis pela estimulação da síntese proteica mus- verificou maior retenção de nitrogênio na carcaça des-
cular. A ingestão de aminoácidos em sua forma livre per- ses animais, após fase de recuperação nutricional de 60
mite a absorção do dobro de aminoácidos essenciais se dias com dieta rica em leucina, a qual foi antecedida de
comparado a uma proteína intacta, dado que a proteína outra fase de 60 dias de desnutrição proteica (LYNCH
intacta contém inevitavelmente até 50% de aminoácidos CJ, 2002). Porém, somente a Leucina não é capaz de re-
não essenciais. Note-se que, diferentemente dos ami- alizar síntese proteica, uma vez que o corpo precisa de
noácidos essenciais que precisam ser fornecidos atra- todos os aminoácidos essenciais para dar sequência à
vés da dieta, os não essenciais podem ser sintetizados síntese. O ideal seria um equilíbrio entre todos os ami-
no organismo e, portanto, participar diretamente como noácidos juntamente com a Leucina. Isso traria além do
substratos para síntese proteica sem a necessidade de estímulo, a síntese proteica completa.
ser obtida através da dieta. Ao mesmo tempo, a inges- Há diversos métodos para realizar a avaliação
tão de aminoácidos livres permite enriquecer a mistura nutricional de proteínas. Dentre esses métodos destaca-
de aminoácidos com leucina. Os aminoácidos em geral, -se o método que avalia a utilização líquida de nitrogênio
e particularmente leucina, são estímulos poderosos de (NNU - net nitrogen utilization). Como citado anterior-
mecanismos moleculares implicados na síntese de pro- mente, as proteínas obtidas pela alimentação fornecem
teínas musculares por ativar o mTOR e seus alvos en- entre 16 - 48% de NNU. Um suplemento de aminoáci-
volvidos no início da tradução do mRNA (KATSANOS, dos essenciais em proporção equimolar, apresenta um
MADURA, ROUST, 2015). perfil de aminoácidos que promove 99% de NNU, o que
Existem evidências in vitro e in vivo de que a leu- significa que 99% dos aminoácidos fornecidos atuam
cina é capaz de estimular a síntese proteica, por ativar, como precursores da síntese de proteínas (os “building
principalmente, o início do processo de tradução pro- blocks”). Este percentual de NNU é considerado o maior
teica. O efeito da suplementação crônica foi verificado encontrado em uma formulação com aminoácidos, bem
em um estudo realizado com ratos suplementados com como supera toda a forma de proteína ingerida pela die-
leucina durante 12 dias, no qual se observou aumento na ta (tabela 1) (LUCÀ-MORETTI, 2003).
taxa de síntese proteica no tecido adiposo, no músculo

NNU DOS DIFERENTES TIPOS DE ALIMENTOS

Suplemento de aminoácidos essenciais (Proporção equimolar) 99% DE NNU

Ovo inteiro 48% DE NNU

Peixe/carne/frango 28 - 36% DE NNU

Proteína da soja 17% DE NNU

Whey protein 16% DE NNU

Caseína 16% DE NNU

Leite 16% DE NNU

Tabela 1 - Comparação entre o percentual de NNU do suplemento de aminoácidos essenciais e


diferentes tipos de alimentos.

MONOGRAFIA AMINNU | 12
Outra vantagem do suplemento de aminoáci- que podem fornecer entre 52-84% destes (LUCÀ-MO-
dos essenciais é que 10 g do produto fornece a síntese RETTI, 2003).
proteica equivalente a 350 g de carne vermelha, peixe Diante de todos os estudos realizados e consi-
ou frango, mas seu valor calórico é muito baixo, espe- derando a importância dos aminoácidos, viu-se a rele-
cialmente recomendado para aqueles indivíduos que vância do desenvolvimento de uma forma de suplemen-
necessitam ganho de peso ou sua manutenção e ao tação livre, inovadora, que fosse capaz de disponibilizar
mesmo tempo desejam controlar a gordura corporal. estes aminoácidos sem a necessidade de digestão, po-
Além disso, sua absorção leva em torno de 23 minu- tencializando assim a ação da suplementação. O AMIN-
tos após a sua ingestão, sendo que para se digerir uma NU é um suplemento formado pela combinação dos 8
proteína obtida da alimentação levam-se cerca de 3 - 4 aminoácidos essenciais na forma livre com proporções
horas. O suplemento de aminoácidos essenciais induz adequadas para maximizar a síntese proteica no orga-
minimamente a estimulação das secreções intestinais, nismo. Após a ingestão são rapidamente utilizados, pois
uma vez que atuando completamente como uma pro- já se encontram em sua forma mais absorvível, assim,
teína dietética catabolizada, sendo absorvida sem a sendo utilizado em situações onde ocorra a necessida-
necessidade das peptidases prevenindo a sobrecarga de de aumento de síntese proteica. Os diferenciais do
das funções digestivas e sendo indicado para pacien- AMINNU são a baixa ingestão calórica, sem adição de
tes com desordens gastrintestinais, incluindo gastrec- açúcar ou adoçantes artificiais, absorção de 99% dos
tomia – sua liberação de catabólitos de nitrogênio é de aminoácidos e excelente palatabilidade, que torna o pro-
apenas 1%, diferentemente das proteínas dietéticas, cesso de síntese proteica muito mais fácil de acontecer.

Re f er ências Bibliográf icas : IOM. INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary References


Intakes for Energy, Carbohydrates, Fiber, Fat, Fatty
BORSHEIM, E., et al. Effect of amino acid supple- Acids, Cholesterol, Protein and Amino Acids. Food
mentation on muscle mass, strength and physical and Nutrition Board. Institute of Medicine of the Na-
function in elderly. Clinical nutrition, v. 27, n. 2, p. 189- tional Academies. pp. 589–738. 2005
195, 2008
JONKER R., et al. Effectiveness of essential amino
BORSHEIM, E., et al. Essential amino acids and mus- acid supplementation in stimulating whole body net
cle protein recovery from resistance exercise. Ameri- protein anabolism is comparable between COPD pa-
can Journal of Physiology-Endocrinology And Meta- tients and healthy older adults
bolism, v. 283, n. 4, p. E648-E657, 2002.
Metabolism: Clinical and Experimental, v. 69, p. 120–
CHAU D, CHO LM, JANI P, ST JEOR ST. Individua- 129, 2017.
lizing recommendations for weight management in
the elderly. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 11:27–31. KALYANI R. R., CORRIERE M., FERRUCCI L. Age-
2008 -related and disease-related muscle loss: the effect
of diabetes, obesity, and other diseases. Lancet Dia-
DOIG GS, et al. Intravenous amino acid therapy for betes Endocrinol. 2(10): 819–829, 2014.
kidney function in critically ill patients: a randomized
controlled trial. Intensive Care Med. 41(7):1197-208. LUCÀ-MORET TI M, et al. Comparative results be-
2015 tween two groups of track-and-field athletes with or
without the use of Master Amino acid Pattern as pro-
HOWATSON G, et al. Exercise-induced muscle da- tein substitute. Adv Ther. 20(4):195-202. 2003
mage is reduced in resistance-trained males by
branched chain amino acids: a randomized, dou- LUCÀ-MORET TI M, et al. Master Amino acid Pattern
ble-blind, placebo controlled study. J Int Soc Sports as sole and total substitute for dietary proteins du-
Nutr. 8;9(1):20. 2012 ring a weight loss diet to achieve the body ’s nitrogen

MONOGRAFIA AMINNU | 13
balance equilibrium. Adv Ther. 20(5):270-81. 2003 muscle protein synthesis in elderly humans following
isocaloric ingestion of amino acids or whey protein.
LUCÀ-MORET TI M. The discovery of the Master Experimental Gerontology, 41, 215–219. 2006
Amino acid Pattern. Ann R Acad Med Spain. 2:397-
416. 2014 ROGERO M. M., TIRAPEGUI J. Aspectos atuais so-
bre aminoácidos de cadeia ramificada e exercício
LYNCH CJ, et al. Leucine is a direct-acting nutrient físico. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences
signal that regulates protein synthesis in adipose tis- vol. 44, n. 4, 2008.
sue. Am J Physiol Endocrinol Metab. 283(3): 503-13.
2002 WOLFE R. R. Regulation of Muscle Protein by Ami-
no Acids. American Society for Nutritional Sciences,
MAHAN LK , ESCOT T-STUMP S. Proteínas. In: Krau- 0022-3166/02, 2002.
se: Alimentos, nutrição e dietoterapia. 9. ed. São Pau-
lo: Roca, pp. 63-76. 1998 WOLFE R. R. The underappreciated role of muscle
in health and disease. Am J Clin Nutr, 84:475–482,
MARCHINI JS, et al. Aminoácidos. São Paulo, Bra- 2006.
sil. ILSI International life Sciences Institute do Brasil.
2016. YANAI H. Nutrition for Sarcopenia. J Clin Med Res.
7(12):926-931, 2015.
MCLEOD M , . BREEN L ., HAMILTON D. L. Andrew
PhilLive strong and prosper: the importance of ske- YOSHIZAWA F. New therapeutic strategy for amino
letal muscle strength for healthy ageing. Biogeronto- acid medicine: notable functions of branched chain
logy, 17:497–510. 2016 amino acids as biological regulators. J Pharmacol
Sci. 118(2):149- 55, 2012.
ORSAT TI F. L . Muscle strength reduction is related
to muscle loss in women over the age of 40. Rev. ZENG H. Nutrition Optimization for Health and Lon-
bras. cineantropom. vol.13 no.1, 2011 gevity. iUniverse, Inc. 2010.

PADDON-JONES D., et al. Differential stimulation of

MONOGRAFIA AMINNU | 14
MONOGRAFIA AMINNU | 15
Intestino como responsável pela nossa bém sinalizam ao sistema imunológico inato por meio
saúde de receptores específicos que reconhecem e se ligam
O trato gastrointestinal é grande e complexo, ele a moléculas específicas associadas a bactérias, levan-
consiste em uma enorme área de superfície otimizada do à produção da resposta imune do hospedeiro, essa
para absorver eficientemente nutrientes, água e eletróli- correlação entre as células da microbiota e da muco-
tos, mantendo uma defesa eficaz contra toxinas intralu- sa intestinal (enterócitos, células dendríticas, linfócitos,
minais, antígenos e micro-organismos patógenos. Em macrófagos e células M) modula a produção de várias
especial a função do intestino está muito além do siste- citocinas e quimiocinas. Estes podem ser pró-inflamató-
ma digestivo, o intestino também serve como um órgão rios, como IL-1 e IL-8, ou anti-inflamatórios, como IL-10
endócrino, imunológico e neuronal, e é o maior órgão (BULL; PLUMMER, 2014; PICCA et al., 2018).
endócrino. Não distante, ele tem o papel de barreira que A disbiose refere-se a um desequilíbrio na
protege o hospedeiro da colonização por patógenos e abundância de espécies microbianas, que é comumente
a sua microbiota também participa do desenvolvimento ligada ao comprometimento da função da barreira in-
da homeostase do sistema imunológico do hospedeiro, testinal e células inflamatórias. O estresse oxidativo, a
70% das células imunológicas do corpo residem no teci- indução de bacteriófagos e a secreção de toxinas bacte-
do linfoide associado ao intestino (PICCA et al., 2018). rianas podem desencadear mudanças rápidas entre os
Existe uma comunicação bidirecional entre in- grupos microbianos intestinais, resultando em disbiose.
testino-cérebro envolvendo a microbiota e compreende O desequilíbrio causado pela disbiose é agravada por
vias neurais como e humoral no qual temos citocinas, outros distúrbios, como aumento da permeabilidade in-
hormônios e neuropeptídeos como moléculas sinaliza- testinal, a constipação intestinal ou diarreia e pode levar
doras como modelo de sistema humoral. Essa rede de a uma perda na capacidade moduladora imunológica
comunicação é chamada de “eixo microbiota-intestino- do trato gastrointestinal acarretando uma série de con-
-cérebro” e sinaliza a percepção gastrointestinal ao cé- sequências negativas ao organismo. Como exemplo o
rebro, que por sua vez elabora uma resposta no intesti- organismo pode passar a ter dificuldade em absorver e
no (CRYAN; O’MAHONY, 2011; MAYER, 2011) incluindo aproveitar as proteínas da alimentação. Em uma situa-
morfogênese de órgãos, desenvolvimento e maturação ção na qual há uma microbiota atípica ao intestino, a
do sistema imunológico e do trato gastrointestinal, vas- quebra dos peptídeos e reabsorção de toxinas do lúmen
cularização intestinal, regeneração de tecidos, carcino- intestinal ocorrem de maneira inadequada (BÄCKHED
gênese, metabolismo, formação da memória, excitação et al., 2012; BELIZÁRIO; FAINTUCH, 2018; HULLAR, A.J.
emocional, comportamento afetivo, tomada de decisão MEREDITH, FU, 2015).
intuitiva e uma série de doenças neurológicas (BERNT-
SON; SARTER; CACIOPPO, 2003; COLLINS; SURET- Não somos o que ingerimos, somos o que
TE; BERCIK, 2012; MAYER, 2011; SOMMER; BÄCKHED, absorvemos
2013). A proteína da dieta é um dos nutrientes mais
A microbiota intestinal humana é uma comuni- essenciais para a produção de hormônios e enzimas,
dade complexa e é composta por cerca de 1014 micro-or- visão e reparo celular. A microbiota intestinal desempe-
ganismos (a maioria bactérias, mas também vírus, fun- nha uma função crucial no número total de aminoácidos
gos e protozoários) e o metagenoma supera o genoma disponibilizado e sobre a sua absorção que corresponde
humano mais de cem vezes. Ela desempenha um papel ao perfil de aminoácidos e suas características compo-
na imunidade, na inflamação e proliferação celular, na sicionais individuais (LIN et al., 2017; ZHAO et al., 2018).
digestão e metabolismo, sintetiza a vitamina K e vitami- A microbiota intestinal atua como parte es-
nas do complexo B e é capaz de se comunicar não ape- sencial da reciclagem de proteínas e nitrogênio inge-
nas com o epitélio intestinal, mas também com órgãos ridos. As unidades proteicas não digeridas geralmente
e sistemas corporais distantes. (DORÉ et al., 2013; NEIS; são fermentados em vários metabólitos bacterianos ou
DEJONG; RENSEN, 2015). Muitas bactérias intestinais outros produtos finais, como ácidos graxos de cadeia
produzem compostos antimicrobianos e competem por curta, sulfato de hidrogênio e amônia. Esses metabó-
nutrientes e locais de fixação no revestimento intestinal, litos bacterianos estão envolvidos em várias funções
evitando assim a colonização por patógenos. Elas tam- fisiológicas e têm efeitos benéficos ou deletérios no

MONOGRAFIA AMINNU | 16
hospedeiro, essa relação irá depender de suas concen- pelo complexo multiproteína leucil-tRNA sintetase, que
trações. Em suma, se a proteína da dieta não é bem ativa o alvo mecanicista da rapamicina (mTOR) quinase.
digerida, a homeostase da microbiota intestinal pode A ativação de mTOR induzida por aminoácidos regula
ser interrompida, resultando em distúrbios intestinais e a síntese de proteínas, lipídios e nucleotídeos, além de
desperdício de recursos nitrogenados (LIN et al., 2017; inibir a autofagia. A autofagia regulada pela sinalização
ZHAO et al., 2018). mTOR é crucial para inibir a inflamação e manter a ho-
O destino metabólico dos aminoácidos de- meostase intestinal (BIFARI et al., 2017; HE et al., 2018).
pende da composição das populações bacterianas e Durante a fome, o metabolismo dos aminoácidos essen-
de sua localização no intestino. As bactérias primárias ciais é direcionado à oxidação para gerar ATP. Esse pro-
relacionadas ao metabolismo consistem em Klebsitella cesso é regulado pela ativação da quinase ativada por
spp., Escherichia coli, Streptococcus spp, Succinivibrio AMP (AMPK), um sensor mestre do balanço de energia
dextrinosolvens, Mitsuokella spp. E Anaerovibrio lipolyti- (BIFARI et al., 2017).
ca. Algumas dessas bactérias podem metabolizar dire- Os aminoácidos em si estimulam a secreção de
tamente aminoácidos e têm a capacidade de secretar insulina. Os aminoácidos de cadeia ramificada, especial-
várias proteases e peptidase (HULLAR, A.J. MEREDITH, mente Leucina, têm um efeito insulinogênico quando
FU, 2015; ZHAO et al., 2018). administrados em conjunto com uma solução de glico-
Para a lisina, por exemplo, ela é um aminoácido se, em comparação com a solução de glicose isolada.
que não está sujeito a transaminação e acredita-se que Os aminoácidos também estimulam a liberação do pep-
2 a 20% da lisina corporal total seja derivada de fontes tídeo 1 do tipo (GLP-1) e do polipeptídeo insulinotrópico
microbianas intestinais (intestino delgado e grosso) em dependente de glicose (GIP), que por sua vez aumentam
animais monogástricos, incluindo humanos adultos. Ve- a resposta anabólica promovendo a secreção de insuli-
rificou-se que o catabolismo da lisina na mucosa intes- na (MACDONALD et al., 2019).
tinal é quantitativamente maior do que a incorporação Os aminoácidos essenciais podem aumentar a
de lisina nas proteínas da mucosa. Além disso, para a expressão da β-defensina intestinal, que funciona como
leucina, a contribuição da síntese da microbiota intesti- uma substância antimicrobiana de amplo espectro (BI-
nal para a entrada total do corpo foi estimada em 20% FARI et al., 2017).
(NEIS; DEJONG; RENSEN, 2015; VAN DER WIELEN, NI- He e colaboradores reuniram diferentes estudos (Tabela
KKIE, PAUL J. MOUGHAN, 2017). 2) que demonstram a importância dos aminoácidos es-
Portanto é importante conhecer a fonte de senciais como moduladores nas doenças intestinais (HE
aminoácidos utilizada, pois ela pode representar uma et al., 2018):
abordagem estratégica para controlar o crescimento de • É relatado que fenilalanina possui efeitos benéficos no
espécies fermentadoras de aminoácidos e suas vias me- tratamento da DII, inibindo a produção de TNF- α e me-
tabólicas, as quais, por sua vez, podem ter um impacto lhorando as respostas imunes. Também é responsável
no metabolismo do hospedeiro (LIN et al., 2017). Dife- por regular e liberar hormônios intestinais, bem como a
rentes fontes alimentares de proteína geram diferentes tolerância à glicose;
perfis de qualidade, dependente principalmente da com- • A metionina é capaz de modular a imunidade, gerar
posição e da biodisponibilidade dos aminoácidos, ou glutationa para neutralizar o estresse oxidativo e inibe
seja, a capacidade do suplemento em fornecer um perfil o aumento da permeabilidade paracelular mediada por
adequado de aminoácidos essenciais indispensáveis à TNF- α;
dieta (VAN DER WIELEN, NIKKIE, PAUL J. MOUGHAN, • Treonina é um componente primário da IgA intestinal
2017). No intestino saudável, os aminoácidos essenciais e mucinas, assim, a sua desnutrição induz inflamação e
da dieta são absorvidos eficientemente por diferentes afeta as respostas imunes pela via NF- κB;
transportadores de aminoácidos nos enterócitos do • Os BCAAs aprimoram o sistema de defesa imune in-
jejuno proximal e várias funções são interdependentes testinal, melhorando a integridade morfológica e a pro-
da microbiota saudável e os aminoácidos essenciais na dução de imunoglobulina no intestino;
dieta. • Leucina aumenta a proliferação celular e as expres-
A nível molecular, foi demonstrado que a con- sões dos transportadores de aminoácidos pela ativação
centração intracelular de leucina pode ser detectada do mTOR;

MONOGRAFIA AMINNU | 17
• A isoleucina induz a expressão de β- defensinas via de sinalização ERK/MAPK.
receptores de acoplamento à proteína G (GPCRs) e vias

AMINOÁCIDOS FUNÇÃO VIAS DE SINALIZAÇÃO

↑ IL-22, barreira intestinal 5-HT, mTOR, AHR


Triptofano
↓ I1-1ß, I1-6, IL-8, TNF-ɑ, Th1 cells Card9, ACE2, CaSE, MAPK

↑ cisteína e GSH CaSR


Fenilalamina
↓ TNF-ɑ, IL-6, IL-8, estresse oxidativo

↑ integridade intestinal, Cisteína e GSH NF-κB


Metionina
↓ IL-1ß , TNF-ɑ, estresse oxidativo

↑ GSH, SOD, CAT CaSR, NF-κB


Lisina
↓ IL-1ß , IL-6, IL-17, TNF-ɑ, INF-y

NF-κB, mTOR, MAPK


Treonina ↑ MUC2, IgA, barreira intestinal

↑ Produção de imunoglobulina GCN2, CaSR


Valina
↓ TNF-ɑ, IL-6, INF-y, IL-1ß, e IL-17

↑ integridade intestinal mTOR, GCN2


Leucina
↓ inflamação intestinal NF-κB, MAPK

Isoleucina ↑ expressão of ß-defensinas GCN2, GPCRs, MAPK

As funções dos aminoácidos essenciais na inflamação intestinal dependem principalmente das vias de sinali-
zação NF-κB, iNOS, MAPK, ACE2, GCN2, CaSR e mTOR. AHR: receptor de aril hidrocarboneto; 5-HT: 5-hidro-
xitriptofano; Card 9: membro da família do domínio de recrutamento da caspase 9; mTOR: alvo mecanicista da
rapamicina; MUC2: mucina 2; MPO: mieloperoxidase; CaSR: receptor sensor de cálcio; MAPK: proteína quina-
se ativada por mitógeno; NF-κB: fator nuclear-kappa-B; ERO: esp’’écies reativas de oxigênio, GSH: glutationa;
iNOS: óxido nítrico sintase induzível; ACE2: enzima conversora de angiotensina 2; GPCRs: receptores acopla-
dos à proteína G; SOD: superóxido dismutase; CAT: catalase; GCN2: cinase não reprimida controlada geral.

Tabela 2 - A função e sinalização dos aminoácidos na inflamação intestinal

MONOGRAFIA AMINNU | 18
Processo de digestão e absorção, qual a A digestão das proteínas começa no estôma-
melhor fonte de aminoácidos essenciais? go, onde o pH baixo as desnatura, removendo sua es-
A digestão fisiológica e a absorção de nutrien- trutura secundária e expondo-as à clivagem pela pep-
tes no trato gastrointestinal requerem uma interação sina. A digestão de proteínas alimentares e endógenas
complexa entre as funções motora, secretora, digestiva e por pepsinas e proteases pancreáticas produz peque-
absorvente, vulnerável a uma infinidade de distúrbios em nos polipeptídeos e aminoácidos livres; estes são pos-
potencial que podem levar a síndromes globais ou espe- teriormente hidrolisados por peptidases de borda em
cíficas de má absorção (Fig. 5). Em uma situação ideal escova, por proteases e peptidases derivadas de hos-
o intestino delgado proximal absorve os nutrientes de pedeiros e bactérias, e em seguida são transportados
maneira extremamente eficiente: após a perfusão de para o enterócito. A absorção ocorre principalmente no
nutrientes no duodeno proximal a taxas pós-prandiais jejuno proximal, mas outras partes do intestino delgado
fisiológicas, até 80% dos triglicerídeos, 60% dos car- também têm capacidade de transporte significativa. O
boidratos e 50% das proteínas foram absorvidos an- transporte para os enterócitos ocorre pelos principais
tes de atingir o duodeno distal e os nutrientes que não transportadores ativos de aminoácidos neutros, dibási-
absorvidos, cerca de 10%, são fonte de energia para a cos e dicarboxílicos (MACDONALD et al., 2019) (KEL-
microbiota do cólon (KELLER; LAYER, 2014). LER; LAYER, 2014).

Figura 5 - Catabolismo das proteínas no trato gastrointestinal

Adaptado de ZHAO, J. et al.2018

MONOGRAFIA AMINNU | 19
O requerimento de nitrogênio da mucosa intes- os níveis plasmáticos de aminoácidos totais e essenciais
tinal é alto, devido a rápida renovação celular, produção são mais altos, atingem o pico mais rápido e diminuem
de proteínas secretoras e a tendência de usar aminoá- mais rapidamente (Fig. 6). Além da qualidade da prote-
cidos como fonte de energia. O destino metabólico de ína na dieta, ou seja, sua composição de aminoácidos e
uma fonte de nitrogênio ingerida depende também da cinética de digestão e absorção, também a quantidade
cinética da absorção de aminoácidos. A administração de proteína ingerida provavelmente modula as taxas de
de aminoácidos livres contorna a fase digestiva e o perfil síntese de proteína muscular pós-prandial (MACDO-
de absorção é diferente do das proteínas intactas, pois NALD et al., 2019).

Figura 6 - Alteração média da linha de base dos aminoácidos plasmático após a alimentação de proteínas inteiras
(queijo, cottage) ou uma quantidade equivalente de uma mistura de aminoácidos livres com composição de aminoáci-
dos (...) em voluntários saudáveis em jejum

Adaptado de MACDONALD et al (2019)

Os aminoácidos essenciais também podem a integridade do intestino e da microbiota natural, bem


modificar a abundância de metabólitos intestinais, aju- como, o fornecimento de aminoácidos para a realização
dam na regulação de processos inflamatórios, e são as- das sínteses proteicas necessária para homeostase ce-
sim fundamentais para a homeostase do organismo. Por lular e do músculo esquelético (Fig. 7).
outro lado, a disbiose intestinal altera as propriedades da Para que a síntese muscular aconteça, diversos
barreira intestinal e, portanto, pode reduzir a capacidade estímulos são necessários, mas é fundamental que o
do organismo em digerir proteínas complexas e indireta- corpo tenha aminoácidos livres disponíveis. A recons-
mente reduzir a quantidade de aminoácidos essenciais trução muscular só acontecerá a partir do momento em
disponíveis no organismo. A utilização dos aminoácidos que os nutrientes necessários estejam disponíveis e a
essenciais livres, já disponibilizados em menor fração, partir das proteínas, elas devem ser digeridas (no estô-
fornece os ativos que são necessários para restaurar mago), absorvidas (no intestino) e assim estar disponível

MONOGRAFIA AMINNU | 20
para o processo de síntese no músculo. O consumo de das. Os pacientes com disbiose estão inflamados e com
proteínas com alta digestibilidade ou uma dieta pobre a microbiota intestinal atípica, essas, por sua vez, podem
em proteínas resulta em menos proteína atingindo o có- consumir mais nutrientes da dieta para se proliferarem
lon, limitando a quantidade disponível para bactérias fer- prejudicando a homeostase. Por esses motivos citados,
mentadoras de proteínas. Observa-se que é um proces- muitas vezes, a biodisponibilidade de aminoácidos é
so interligado dentro do organismo, e pode-se concluir afetada e os pacientes não conseguem ganhar massa
que o paciente com disbiose não realiza essas etapas de magra ou passa por um processo de perdê-la rapida-
maneira eficiente e todas as demais funções dependen- mente (NI LOCHLAINN et al, 2018).
tes da disponibilização dos nutrientes serão prejudica-

Figura 7 - Proposta de diafonia entre disfunção mitocondrial e inflamação na perda de massa muscular.

Adaptado de PICCA et al (2018)

MONOGRAFIA AMINNU | 21
Re f er ências Bibliográf icas : HULLAR, A. J. MEREDITH, FU, C. B. Diet, the Gut
Microbiome, and Epigenetics Meredith. Cancer J, v.
BÄCKHED, F. et al. Defining a healthy human gut 20, n. 3, p. 170–175, 2015.
microbiome: Current concepts, future directions, and
clinical applications. Cell Host and Microbe, v. 12, n. KELLER, J.; LAYER, P. The pathophysiology of mala-
5, p. 611–622, 2012. bsorption. Viszeralmedizin: Gastrointestinal Medici-
ne and Surgery, v. 30, n. 3, p. 150–154, 2014.
BELIZÁRIO, J. E.; FAINTUCH, J. Microbiome and
Gut Dysbiosis. In: Experientia Supplementum. [s.l: LIN, R. et al. A review of the relationship between the
s.n.]. v. 109p. 459–476. gut microbiota and amino acid metabolism. Amino
Acids, v. 49, n. 12, p. 2083–2090, 2017.
BERNTSON, G. G.; SARTER, M.; CACIOPPO, J. T.
Ascending visceral regulation of cortical affective in- MACDONALD, A. et al. Optimising amino acid ab-
formation processing. European Journal of Neuros- sorption: essential to improve nitrogen balance and
cience, v. 18, n. 8, p. 2103–2109, 2003. metabolic control in phenylketonuria. Nutrition Rese-
arch Reviews, v. 32, n. 1, p. 70–78, 2019.
BIFARI, F. et al. Amino acid supplements and meta-
bolic health: a potential interplay between intestinal MAYER, E. A. Gut feelings: The emerging biology of
microbiota and systems control. Genes and Nutrition, gut-”brain communication. Nature Reviews Neuros-
v. 12, n. 1, p. 1–12, 2017. cience, v. 12, n. 8, p. 453–466, 2011.

BULL , M. J.; PLUMMER, N. T. Part 1: The Human Gut NEIS, E. P. J. G.; DEJONG, C. H. C.; RENSEN, S. S.
Microbiome in Health and Disease. Integrative medi- The role of microbial amino acid metabolism in host
cine (Encinitas, Calif.), v. 13, n. 6, p. 17–22, dez. 2014. metabolism. Nutrients, v. 7, n. 4, p. 2930–2946, 2015.

COLLINS, S. M.; SURET TE, M.; BERCIK , P. The PICCA, A. et al. Gut Dysbiosis and Muscle Aging: Se-
interplay between the intestinal microbiota and the arching for Novel Targets against Sarcopenia. Media-
brain. Nature Reviews Microbiology, v. 10, n. 11, p. tors of Inflammation, v. 2018, 2018.
735–742, 2012.
SOMMER, F.; BÄCKHED, F. The gut microbiota-
CRYAN, J. F.; O’ MAHONY, S. M. The microbiome- -masters of host development and physiology. Natu-
-gut-brain axis: From bowel to behavior. Neurogas- re Reviews Microbiology, v. 11, n. 4, p. 227–238, 2013.
troenterology and Motility, v. 23, n. 3, p. 187–192, 2011.
VAN DER WIELEN, NIKKIE, PAUL J. MOUGHAN,
DORÉ, J. et al. Hot topics in gut Microbiota. United M. M. Amino Acid Absorption in the Large Intestine
European Gastroenterology Journal, v. 1, n. 5, p. 311– of Humans and Porcine Models. The Journal of Nutri-
318, 2013. tion, v. 147, n. 8, p. 1493–1498, ago. 2017.

HE, F. et al. Functions and Signaling Pathways of ZHAO, J. et al. Dietary Protein and Gut Microbiota
Amino Acids in Intestinal Inflammation. BioMed Re- Composition and Function. Current Protein & Pepti-
search International, v. 2018, p. 1–13, 2018. de Science, v. 20, n. 2, p. 145–154, 2018.

MONOGRAFIA AMINNU | 22
MONOGRAFIA AMINNU | 23
Impacto da bariátrica na vida do paciente de atividade física e o uso de fármacos antiobesidade
Obesidade é o acúmulo excessivo de gordura no são os pilares principais do tratamento (PREVEDELLO,
tecido adiposo e, de forma ectópica, em outros órgãos, et al., 2009).
como fígado, como resultado de períodos crônicos de Segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de
balanço energético positivo, caracterizado por um apor- Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
te calórico maior que o gasto energético. A prevalência Telefônico (Vigitel), de 2018, do Ministério da Saúde, a
da obesidade tem aumentado de modo significativo nas obesidade afeta 18,8% dos brasileiros e mais da metade
últimas décadas, atingindo níveis de pandemia global, (55,7%) tem excesso de peso (BRASIL, 2019). As proje-
fato alarmante atribuído principalmente ao atual estilo ções do Ministério da Saúde e da Organização Mundial
de vida, caracterizado por comportamento sedentário e de Saúde para o Brasil indicam que a obesidade con-
hábitos alimentares não saudáveis. Grande preocupa- tinuará a subir (Gráfico 3) (OLIVEIRA. M. L., 2013). Os
ção para a saúde pública é o fato de que a obesidade hábitos de vida contemporânea favorecem o consumo
é frequentemente associada ao desenvolvimento de di- exagerado de alimentos de alto valor calórico, mas com
versas doenças crônicas, como diabetes tipo 2, doenças pobre qualidade nutricional. Essa ingestão excessiva
cardiovasculares, esteatose hepática e alguns tipos de também pode ser desencadeada por transtornos de
câncer (PREVEDELLO, et al., 2009). compulsão alimentar. As abordagens para controle do
Neste contexto, os pacientes com obesidade peso corporal adulto são diversas, mas todas culminam
grave devem ser encarados como pessoas que pos- no conceito fundamental de equilíbrio energético. Para
suem menos qualidade de vida e condições clínicas que manter o peso corporal, a ingestão calórica deve ser
podem levá-las à morte. Por estes motivos, são neces- equilibrada com o gasto diário de energia (MAGDALON,
sárias abordagens eficientes para promover significativa FESTUCCIA, 2005).
redução de peso. A orientação dietética, a programação

Gráfico 3 - Projeção da obesidade (IMC ≥ 30kg/m2 ) em adultos (≥ 18 anos) nas 26 capitais e no Distrito
Federal, 2006 a 2022.

Fonte: OLIVEIRA. M. L., 2013.

MONOGRAFIA AMINNU | 24
Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), contar o impacto na qualidade de vida, nas limitações de
pelo menos 15 mil casos de câncer por ano no Brasil po- mobilidade, nos distúrbios do sono e outras restrições
deriam ser evitados com a redução do peso e o combate que enfrentam as pessoas com graus elevados de obe-
à obesidade. Pesquisa feita na Universidade de Mon- sidade (SBCBM, 2019).
treal, Canadá e compartilhada pela Sociedade Brasi- Somos o segundo país com maior número de
leira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica apontou que cirurgias bariátricas, ficando atrás apenas dos Estados
obesos perdem até nove anos em sua expectativa de Unidos. Conforme demonstrado no gráfico 4, em todo
vida. Os riscos inerentes ao excesso de gordura estão o ano de 2018, foram realizadas 63.969 cirurgias bari-
demonstrados em vários estudos populacionais, entre átricas no Brasil, sendo 49.521 pela saúde suplementar
eles, um publicado na revista Lancet Endocrinology, em (planos de saúde), conforme dados da Agência Nacio-
junho de 2018, que avaliou as causas de mortalidade de nal de Saúde Suplementar (ANS), 11.402 cirurgias pelo
mais de 3,6 milhões de pessoas e sua associação com Sistema Único de Saúde (SUS) e 3.046 cirurgias par-
a obesidade. A pesquisa fortaleceu o conceito de que ticulares. Avaliando um período de oito anos, o núme-
quanto mais pesado, maiores são os riscos. Mostrou que ro de cirurgias bariátricas cresceu 84,73% entre 2011 e
para cada 5 pontos a mais no Índice de Massa Corporal 2018, segundo levantamento divulgado pela Sociedade
(IMC) acima do ideal, em torno de 25, o obeso apresenta Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
chances 20% maiores de morrer. Homens com obesida- Foram realizados no período aproximadamente, 424 mil
de mórbida (IMC>40) têm uma expectativa de vida nove cirurgias da obesidade no país (BRASIL, 2019; SBCBM,
anos menor do que aqueles com peso normal. Isso sem 2019).

Gráfico 4 - Cenário da cirurgia bariátrica no Brasil.

Fonte: SBCBM, 2019.

MONOGRAFIA AMINNU | 25
É fundamental que o paciente que deseja pas- morbidades, IMC entre 35 e 40 kg/m² (obesidade grau
sar por uma cirurgia bariátrica tenha acompanhamento II) na presença de comorbidades e IMC entre 30 e 35
de uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, kg/m² (obesidade grau I) na presença de comorbidades
nutricionista, endocrinologista, cardiologista, preparador que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por
físico, enfermeiro, fonoaudiólogo. O paciente precisa ter um médico especialista na respectiva área da doença
a consciência de que terá uma ferramenta que vai aju- (SBCBM, 2017).
dá-lo a emagrecer, mas ele deve ter sua participação, Existem vários tipos de cirurgia bariátrica dis-
seguindo todas as recomendações pós-cirúrgicas, in- poníveis para os pacientes obesos (Fig. 8). Atualmente,
cluindo o acompanhamento do endócrino para o resto a maior parte das cirurgias são feitas por laparoscopia,
da vida, para que não haja reganho de peso (BRASIL, minimamente invasiva. Existem 3 técnicas cirúrgicas di-
2019). ferentes: Restritivas, disabsortivas e mistas. As restritivas
A cirurgia bariátrica é indicada para obesos com possibilitam, mediante saciedade precoce favorecida
idade entre 18 e 65 anos, com IMC acima de 40 kg/m² pela redução da capacidade gástrica, a diminuição do
(obesidade grau III) independente de presença de co- volume de alimentos ingeridos.

1. Bypass Gástrico (gastroplastia com 2 . Sleeve ou manga


desvio intestinal em “ Y de Roux”) (Gastrectomia Vertical)

3. Duodenal Switch 4. Banda gástrica ajustável

Figura 8 - Diferentes técnicas de cirurgia bariátrica.

Adaptado de SBCBM, 2017.

MONOGRAFIA AMINNU | 26
As técnicas disabsortivas, mediante exclusão de A técnica de bypass gástrico é a técnica que foi
um segmento do intestino delgado, propõem a redução mais bem estudada e que há mais tempo é realizada.
da absorção de alimentos, e as mistas, por sua vez, as- Consiste na redução do tamanho do estômago, que terá
sociam uma restrição mecânica ao bolo alimentar a uma um volume de 30 a 50 ml e será ligado a um segmento
má absorção intestinal (SOUSA, 2013). do intestino delgado. A perda de peso é bastante sig-
Atualmente as duas técnicas mais utilizadas são nificativa (de 70% a 80% do peso inicial) e rápida, por-
Sleeve e Bypass gástrico (Fig. 9). A técnica de Sleeve ou que é um procedimento restritivo, ou seja, que limita a
manga é o método que retira parte do estômago sem quantidade de alimentos que são ingeridos e também
alterar o intestino. Comumente é recomendada para um procedimento disabsortivo, porque uma boa parte
pacientes que apresentem um quadro menos grave de do intestino não receberá os sucos digestivos e por isso
obesidade. O outro método é chamado de bypass gás- não participará da absorção dos alimentos. A cirurgia
trico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”. aumenta ainda a produção do hormônio da saciedade,
Ele representa 75% das cirurgias realizadas no Brasil, o GLP-1, o que diminui a vontade de comer, mas a re-
sendo mais praticado no sistema público. Nesse caso, dução da capacidade gástrica é a principal responsável
o estômago é reduzido com cortes ou grampos e é feita pelo emagrecimento. É bastante efetiva no controle das
uma alteração no intestino para reconectá-lo à parte do comorbidades, especialmente no controle do diabetes.
estômago que irá permanecer funcional. A costura do in- Nos casos de pacientes com doença do refluxo gastro-
testino que foi desviado fica com formato parecido com esofágico de difícil controle é a técnica de escolha (FU-
a letra Y, daí a origem do nome. Roux é o sobrenome do JIOKA, 2005; SBCBM, 2017).
cirurgião que criou a técnica (SBCBM, 2017).

Figura 9 - Técnicas de cirurgia bariátrica mais realizadas.

Adaptado de SBCBM, 2017.

MONOGRAFIA AMINNU | 27
Dificuldade de absorção de nutrientes só à exclusão do duodeno e jejuno como também ao
O aumento crescente no número de cirurgias contato limitado do alimento com a borda em escova.
bariátricas realizadas em todo o mundo, intensificou a A presença de intolerância alimentar e a não utilização
preocupação sobre os seus efeitos a longo prazo, princi- de polivitamínicos/minerais também contribuem nesse
palmente em relação às alterações dietéticas e nutricio- processo (BORDALO, MOURÃO, BRESSAN, 2011).
nais decorrentes. Isto porque a base para esta redução e A deficiência de vitamina B12 é uma das defici-
manutenção de peso é a restrição da ingestão alimentar ências mais frequentes observadas após o bypass gás-
e/ou má absorção de nutrientes, que pode proporcionar trico e pode ocorrer principalmente devido a diminuição
várias deficiências nutricionais, incluindo anemia, perda do fator intrínseco, produzido pelas células parietais,
de massa óssea, desnutrição proteica, neuropatias peri- necessário para absorção dessa vitamina. Se a vitami-
férica, danos visuais, encefalopatia de Wernicke e mal- na B12 não for suplementada, 30% dos pacientes não
formação fetal (BORDALO, MOURÃO, BRESSAN, 2011). conseguirão manter os níveis normais de B12 plasmá-
Tais alterações são comumente não diagnosti- tica. Alguns pacientes (até 10%) não respondem a altas
cadas e, portanto, não tratadas, podendo assim provocar doses de vitamina B12 sublingual ou oral e necessitam
consequências adversas à saúde e comprometendo a de injeções intramusculares mensais de vitamina B12
qualidade de vida desses pacientes. O perfil de vitami- (FUJIOKA, 2005).
nas e minerais depende da dieta, tabagismo, idade, sexo, A digestão de lipídios após o bypass gástrico
dentre outros fatores. Muitos indivíduos obesos apre- ocorre de forma mais lenta devido à ausência de contato
sentam baixas concentrações de vitamina B6, vitamina das gorduras com o duodeno o que prejudica a atuação
C, 25 hidroxivitamina D e vitamina E antes mesmo da re- da colecistoquinina (CCK), hormônio intestinal neces-
alização de cirurgias bariátricas. A associação entre bai- sário para a liberação das lipases biliares e pancreáti-
xas concentrações de micronutrientes no pré-operatório cas. Assim há produção limitada de enzimas lipolíticas
juntamente com as alterações anatômicas e fisiológicas e reduzida formação de micelas que pode resultar em
proporcionadas pelas técnicas cirúrgicas pode tornar esteatorréia e deficiência de vitaminas lipossolúveis (A,
o paciente muito vulnerável a desenvolver deficiências D, E, K). Ao contrário das deficiências de vitaminas hi-
grave de vitaminas e minerais (BORDALO, MOURÃO, drossolúveis (B12, B9, B6, B1, Vit C) que se manifestam
BRESSAN, 2011). rapidamente após a cirurgia, as deficiências de vitami-
A adequação de micronutrientes é importan- nas lipossolúveis se desenvolvem de forma mais lenta
te não só para a manutenção da saúde, mas também de acordo com a absorção progressiva de gorduras.
para obter o máximo sucesso na manutenção e perda Além das deficiências vitamínicas, também podem ocor-
de peso em longo prazo. Para isso é necessário o co- rer deficiências de minerais, como o ferro, selênio, zinco
nhecimento sobre as principais deficiências nutricionais e cobre (XANTHAKOS, INGE, 2006).
presentes nestes pacientes para que se possam desen- Em geral, as vitaminas A, D, E e K, serão defi-
volver protocolos de intervenção clínica e nutricional. Do cientes em dois terços desses pacientes em quatro anos
ponto de vista nutricional, os pacientes submetidos à ci- após a cirurgia. Até 50% terão hipocalcemia e todos es-
rurgia bariátrica deverão ser acompanhados pelo resto ses pacientes com baixos níveis de vitamina D apresen-
da vida, com o objetivo de receberem orientações espe- tarão hiperparatireoidismo secundário. Manifestações
cíficas para elaboração de uma dieta qualitativamente de todas as diferentes vitaminas lipossolúveis podem
adequada (AILLS L, 2008). ser vistas, variando de erupções cutâneas incomuns,
Quanto mais disabsortiva for a cirurgia, maior a osteomalácia e contusões fáceis. Outros problemas as-
chance de complicações nutricionais. Reposições vita- sociados a esse tipo de procedimento incluem queda de
mínicas são feitas após a cirurgia e mantidas por tempo cabelo grave, doença hepática (geralmente transitória),
indeterminado. As deficiências nutricionais após cirur- doença renal e odores corporais incomuns (FUJIOKA,
gia bariátrica ocorrem basicamente por: restrição da in- 2005; SLATER et al., 2004).
gestão alimentar e/ou redução das áreas de absorção A deficiência de proteína é a mais comumen-
dos nutrientes. Além disso, a diminuição no tempo de te relatada entre os macronutrientes. É principalmente
trânsito gastrointestinal também pode resultar em má observada após as técnicas cirúrgicas disabsortivas ou
absorção de vários micronutrientes relacionados não mistas. No entanto, tal deficiência não ocorre somente

MONOGRAFIA AMINNU | 28
devido ao componente mal-absortivo destas técnicas peso (FUJIOKA, 2005).
cirúrgicas. Pode estar associada também a outros com- Com o objetivo de verificar a presença de intole-
ponentes que levam a diminuição da ingestão alimentar rância alimentar em pacientes submetidos à cirurgia ba-
como a anorexia, vômitos persistentes, diarreia, intole- riátrica, foi realizado um estudo retrospectivo por QUA-
rância alimentar e etilismo ou à reduzida capacidade in- DROS et al., com 165 pacientes do serviço de nutrição do
dividual absortiva e adaptativa. A desnutrição proteica Nuctrom. Foi relatada a presença de intolerância alimen-
representa uma grave complicação metabólica observa- tar por 46,67% dos pacientes, sendo que esta ocorreu
da principalmente no pós-operatório tardio de cirurgia principalmente no primeiro ano de pós-operatório. Con-
bariátrica. É caracterizada pela presença de hipoalbumi- forme demonstrado no gráfico 5, a carne e o arroz foram
nemia, anemia, edema, astenia e alopecia (AILLS, et al., os alimentos menos tolerados durante todo o período de
2008). pós-operatório. A dificuldade dos pacientes em ingerir
carne, ou seja, proteína, pode dificultar a manutenção da
Doenças relacionadas à bariátrica massa magra. Os sintomas mais relatados foram: vômito
O acompanhamento do paciente bariátrico (7,88%), síndrome de dumping (4,85%), diarreia (4,24%)
pode ser convenientemente dividido em duas áreas: as e obstipação (2,42%). Não foi encontrada correlação en-
questões de complicações cirúrgicas e perda de peso tre a presença destes sintomas e a de acompanhamento
durante o primeiro ano e as questões nutricionais e me- nutricional (p < 0,05), entretanto, deve-se considerar a
tabólicas que surgem após o primeiro ano (HSU, et al., possibilidade de deficiências nutricionais decorrentes
1998). De acordo com estudo feito por FUJIOKA, em 18 a da intolerância alimentar e/ou dos sintomas relatados,
24 meses após a cirurgia bariátrica, quase todos os pa- caso não seja realizado um acompanhamento nutricio-
cientes declinaram a perda de peso e por consequência nal adequado (QUADROS, et al.,2007).
mantiveram ou passaram pelo período de reganho de

Gráfico 5 - Prevalência dos pacientes com intolerância alimentar de acordo com o tempo de pós-operatório e alimentos
relatados. A carne foi o alimento menos tolerado pelos pacientes pós-bariátricos.

Adaptado de QUADROS et al, 2007.

MONOGRAFIA AMINNU | 29
O vômito quase sempre ocorre durante os pri- ria dos pacientes submetidos à intervenção de bypass
meiros meses após a cirurgia e é frequentemente des- gástrico tem entre 40 e 50 anos, um período na vida que
crito como “expelindo alimentos que estão presos”. Ge- coincide com o início de perda muscular acelerada as-
ralmente acontece de uma a três vezes por semana e sociada à idade (KATSANOS, MADURA, ROUST, 2015).
geralmente é devido a comer demais ou não mastigar A ingestão adequada de proteínas é uma reco-
adequadamente os alimentos. O vômito é bem tolerado mendação comum para pacientes submetidos ao des-
pela maioria dos pacientes, mas se o vômito se torna vio gástrico. Contudo, a diminuição da massa corporal
mais frequente, ocorrem baixos níveis de potássio e/ou magra em pacientes submetidos ao bypass gástrico é
baixos níveis de magnésio, exigindo substituição oral. observada apesar do aconselhamento alimentar para
Os pacientes precisam se ajustar à bolsa gástrica muito consumir quantidades adequadas de proteína. A inges-
menor que agora recebe comida do esôfago. A cirurgia tão de proteínas se torna particularmente importante em
bariátrica diminui a capacidade do estômago de que- pacientes submetidos a cirurgia bariátrica, ao considerar
brar os alimentos em pequenas partículas. (FUJIOKA, que nesses pacientes, as concentrações de aminoáci-
2005). dos plasmáticos diminuem após o desvio gástrico (TAM-
Um problema que frequentemente pode ocor- BOLI, 2010).
rer em pacientes pós-bariátricos é a desnutrição protei- Quando o déficit proteico ocorre na presença
ca, e caso ocorra é necessário observar a ingestão total de uma ingestão excessiva de calorias na forma de car-
de alimentos do paciente e avaliar se o paciente está boidratos, a hiperinsulinemia inibe a degradação de te-
atendendo às suas necessidades calóricas e proteicas. cido muscular e de tecido adiposo. Se os hormônios cor-
Os suplementos de proteína e aminoácidos são muito porais não se adaptarem à reserva proteica, há redução
úteis, sendo ideal ingerir suplementos ricos em aminoá- na síntese de albumina e imunidade corporal. Quando
cidos e com baixo teor de carboidratos (FUJIOKA, 2005). não diagnosticada, pode resultar em edema associado à
desnutrição proteica caracterizada pela perda de massa
Perda de massa magra em bariátricos magra, porém com inadequada perda de peso em fun-
A perda de músculo esquelético em pacientes ção do acúmulo de líquido extracelular. Embora a baixa
submetidos à cirurgia bariátrica é uma consistente ob- ingestão proteica possa se ajustar ao balanço nitrogena-
servação. O músculo esquelético contém a maior con- do negativo, quando essa baixa ingestão é prolongada a
centração de proteínas do corpo e perda de músculo deficiência torna-se inevitável sendo caracterizada pela
esquelético tem implicações importantes para a saúde. redução de proteínas hepáticas e sintomas caracterís-
O nível de proteína muscular requer um equilíbrio en- ticos como atrofia muscular, astenia e alopecia. Além
tre as taxas de síntese e degradação de proteínas. As disso, a desnutrição enérgico-proteica é comumente as-
evidências atuais sugerem que a taxa reduzida de sín- sociada à presença de anemia ferropriva, deficiência de
tese proteica está relacionada à perda de músculo após vitamina B12, ácido fólico e cobre; e a deficiência protei-
bypass gástrico. Isso não é surpreendente, devido a uma ca associa-se à deficiência de zinco, tiamina e vitamina
dieta hipocalórica pós-cirúrgico e, ao contrário de outros B6 (BORDALO, MOURÃO, BRESSAN, 2011).
macronutrientes, proteínas e aminoácidos não são ar- Apesar da ênfase no aumento do consumo de
mazenados no organismo. Além disso, com o tamanho proteínas, a ingestão recomendada de proteína não
reduzido do estômago, produzindo uma quantidade me- pode ser atendida por pacientes com até um ano após
nor de ácido clorídrico, o processo de desnaturação pro- o bypass gástrico e uma grande quantidade de tecido
teica fica muito comprometido (KATSANOS, MADURA, corporal magro é perdida. Como a quebra de proteínas
ROUST, 2015). musculares diminui após o bypass gástrico, abordagens
A perda de tecido corporal magro após cirur- que efetivamente estimulam a síntese de proteínas nos
gia bariátrica é uma preocupação clínica que recebeu músculos são de fundamental importância para manter
atenção apenas recentemente. Manter a massa magra o tecido muscular magro do corpo em pacientes bari-
enquanto diminui o tecido adiposo nos meses seguintes átricos. Após cirurgia, a diminuição nas concentrações
à cirurgia é particularmente importante para o pacien- plasmáticas de aminoácidos é observada especifica-
te que anseia em alcançar resultados bem-sucedidos a mente no pool de aminoácidos essenciais. Além disso, a
longo prazo. Também é importante observar que a maio- absorção de aminoácidos de cadeia ramificada (leucina,

MONOGRAFIA AMINNU | 30
isoleucina, valina) aparece reduzida após procedimen- dentro do músculo se comparada à ingestão de qual-
tos de bypass gástrico (KATSANOS, MADURA, ROUST, quer quantidade de aminoácidos na forma de proteína
2015). na dieta ou suplemento de proteína pelo paciente pós-
A mudança dos hábitos alimentares com au- -bariátrico. Suporte adicional para este argumento vem
mento da ingestão de aminoácidos essenciais fornece de descobertas que mostram que a ingestão de amino-
uma abordagem que pode potencialmente impedir a ácidos resulta em maior estimulação de síntese proteica
perda de massa magra corporal e, finalmente, alcan- muscular comparada à proteína intacta em indivíduos
çar um nível de saúde mais sustentado em pacientes mais velhos. Os aminoácidos podem ser consumidos na
submetidos à cirurgia bariátrica. Pacientes com bypass forma de suplementos entre as refeições ou substituir
gástrico perdem em média 17% de tecido magro dos suplementos de proteína, comumente usados por esses
membros durante o ano seguinte ao procedimento. Atu- pacientes. Uma estimulação tão eficiente da síntese de
almente, não há abordagens eficazes para evitar a perda proteínas musculares é particularmente importante du-
de massa magra após o desvio gástrico. Em pacientes rante o período inicial após o bypass gástrico, quando a
que apresentaram uma perda de peso muito grande, quantidade de alimentos que normalmente é consumida
uma cirurgia plástica para retirada do excesso de pele é muito pequena (KATSANOS, MADURA, ROUST, 2015).
é necessária. A mesma poderá ser feita quando a perda Do ponto de vista prático, os aminoácidos na
de peso estiver totalmente estabilizada, ou seja, depois sua forma livre podem ser ingeridos na forma de suple-
de aproximadamente dois anos (KATSANOS, MADURA, mento, na forma de pó para solução oral e devem fazer
ROUST, 2015). parte da dieta geral do paciente nos meses seguintes
Conforme já mencionado, a ingestão de ami- ao procedimento cirúrgico. O AMINNU é uma opção
noácidos essenciais tem um papel importante na re- ideal para os pacientes pós-bariátricos, sendo uma fon-
gulação da síntese de proteínas musculares, podendo te completa dos aminoácidos essenciais, na forma livre
potencialmente melhorar a perda de proteína muscular com proporção adequada para maximizar a síntese pro-
após a cirurgia bariátrica. Além disso, a ingestão de ami- teica no organismo, contribuindo para a perda de peso
noácidos essenciais fornece uma abordagem nutricional com preservação da massa magra. As linhas de evidên-
mais eficiente (ou seja, maior estimulação da síntese de cias fornecem forte apoio à ingestão diária de peque-
proteínas) para estimular a síntese proteica muscular, se nas quantidades de aminoácidos essenciais como uma
comparado à ingestão de proteína intacta no paciente estratégia nutricional potencial para melhorar a síntese
pós-bariátrico (KATSANOS, MADURA, ROUST, 2015). proteica muscular e reduzir a perda de massa magra em
Com base na discussão acima, uma abordagem pacientes com bypass gástrico (KATSANOS, MADURA,
nutricional que enfatize a ingestão de aminoácidos es- ROUST, 2015).
senciais, pode maximizar a resposta anabólica aguda

Re f er ências Bibliográf icas :


BRASIL. Agência Brasil. Disponível em: <http://
AILLS L, et al. ASMBS Allied Health Nutritional Gui- agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2019-09/
delines for the Surgical Weight Loss Patient. Surg numero-de-cirurgias-bariatricas-aumenta-8473-em-
Obes Relat Dis. 4(5 Suppl):S73-108, 2008 -sete-anos>. Acesso em: 06 de fev. de 2020.

AVINOAH E, OVNAT A, CHARUZI I: Nutritional sta- FANDIÑO J, et al. Cirurgia Bariátrica: aspectos clíni-
tus seven years after Roux-en-Y gastric bypass sur- co-cirúrgicos e psiquiátricos. R. Psiquiatr. RS, 26’ (1):
gery. Surgery 111:137– 142, 1992 47-51, jan./abr. 2004.

BORDALO L . A., MOURÃO D. M., BRESSAN J. Defi- FUJIOKA K. Follow-up of nutritional and metabo-
ciências nutricionais após cirurgia bariátrica por que lic problems after bariatric surgery. Diabetes Care.
ocorrem? Acta Med Port 24(S4): 1021-1028, 2011. 28:481-4, 2005.

MONOGRAFIA AMINNU | 31
HSU LK , ET AL. Nonsurgical factors that influence SBCBM. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica.
the outcome of bariatric surgery: a review. Psychos- 2017. Disponível em: < https://www.sbcbm.org.br/
som Med. 60:338-46, 1998. tecnicas-cirurgicas-bariatrica/>. Acesso em: 18 de
fev. de 2020.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary References In-
takes for Energy, Carbohydrates, Fiber, Fat, Fatty SBCBM. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica.
Acids, Cholesterol, Protein and Amino Acids. Food 2017. Disponível em: < https://www.sbcbm.org.br/
and Nutrition Board. Institute of Medicine of the Na- quem-pode-fazer/>. Acesso em: 27 de fev. de 2020.
tional Academies, pp. 589–738, 2005.
SBCBM. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica.
KATSANOS CS, MADURA II JA, ROUST LR, Es- 2019. Disponível em: < https://www.sbcbm.org.br/ci-
sential Amino Acid Ingestion as an Efficient Nutri- rurgia-bariatrica-cresce-8473-entre-2011-e-2018/>.
tional Strategy for the Preservation of Muscle Mass Acesso em: 27 de fev. de 2020.
following Gastric Bypass Surgery, Nutrition, doi:
10.1016/j.nut.2015.07.005, 2015. SBCBM. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica.
2019. Disponível em: < https://www.sbcbm.org.br/
LIDDLE RA, GOLDSTEIN RB, SAX TON J: Gallstone artigo-obesidade-cirurgia-bariatrica-e-desinforma-
formation during weight-reduction dieting. ArchIn- cao-um-risco-ser-superado/>. Acesso em: 27 de fev.
ternMed, 149:1750–1753, 1989. de 2020.

LOH Y, et al. Acute Wernicke’s encephalopathy SEGAL A, FANDIÑO J. Indicações e contra-indica-


following bariatric surgery: clinical course and MRI ções para realização das operações bariátricas. Rev
correlation. Obes Surg, 14(1):129- 132, 2004. Bras Psiq. 24:68-72, 2002.

MAGDALON J., FESTUCCIA W. T. Regulation of adi- SKROUBIS G, et al. Comparison of nutritional de-
posity by mTORC1. São Paulo. Einstein. 15(4):507-11, ficiencies after Roux-en-Y gastric bypass and af-
2017. ter biliopancreatic diversion with Roux-en-Y gastric
bypass. Obes Surg, 12(4):551-8, 2002.
MARCHINI JS, ET AL. Aminoácidos. São Paulo, Bra-
sil. ILSI International life Sciences Institute do Brasil. SLATER GH, et al: Serum fat-soluble vitamin defi-
2016. ciency and abnormal calcium metabolism after ma-
labsorptive bariatric surgery. J Gastrointest Surg,
OLIVEIRA, M. L. Estimativa dos custos da obesidade 8:48–55, 2004.
para o Sistema Único de Saúde do Brasil. 2013. xiv, 95
f., il. Tese (Doutorado em Nutrição Humana)—Univer- SOUSA, AFM. Cirurgia bariátrica. Aspectos clínico-
sidade de Brasília, Brasília, 2013. -cirúrgicos e cuidados nutricionais inerentes. Univer-
sidade Fernando Pessoa. Porto, 2013.
ORIA HE, MOOREHEAD MK. Bariatric analysis and
reporting outcome system (BAROS). Obes Surg. TAMBOLI RA, et al. Body composition and energy
8:487-99, 1998. metabolism following Roux-en-Y gastric bypass sur-
gery. Obesity (Silver Spring) 18:1718-24, 2010.
PONSKY TA, BRODY F, PUCCI E: Alterations in
gastrointestinal physiology after Roux-en-Y gastric VON MACH MA, et al: Changes in bone mineral con-
bypass. J Am Coll Surg, 201(1):125-13, 2005. tente after surgical treatment of morbid obesity. Me-
tabolism 53:918–921, 2004.
PREVEDELLO C, et al. Análise do impacto da cirur-
gia bariátrica em uma população do centro do estado WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical status:
do Rio Grande do Sul utilizando o método BAROS. the use and interpretation of anthropometry. Gene-
Arq Gastroenterol, 2009. bra: World Health Organization; 1995.

QUADROS MRR, et al. Intolerância alimentar no XANTHAKOS SA, INGE TH: Nutritional consequen-
pós-operatório de pacientes submetidos a cirurgia ces of bariatric surgery. Cur Opin Clin Nutr Metab
bariátrica. Rev Bras Nutr Clin. 22:15-9, 2007. Care, 9(4):489-496, 2006

MONOGRAFIA AMINNU | 32
MONOGRAFIA AMINNU | 33
Importância de um emagrecimento saudá- comida com mais facilidade. Com o tempo, porém, os
vel para manter o peso limites impostos por tais dietas extremas causam efeitos
Uma associação entre perturbação do humor, como depressão ou fadiga que tornam a dieta impossí-
incapacidade de perder ou parar de ganhar peso e um vel de sustentar. Por fim, os velhos hábitos alimentares
desejo por açúcares e carboidratos é manifestado por retornam, agora com a adição de efeitos emocionais de
muitas pessoas que estão acima do peso. Essa ten- não conseguir perder peso. Tal estado emocional leva
dência de usar alimentos ricos em carboidratos para se muitas pessoas a comerem mais do que comiam an-
sentir melhor é uma causa frequente de ganho de peso tes de iniciar a dieta, levando a recuperação rápida do
(efeito ioiô) (Fig. 10). As razões para o constante rega- peso. O efeito ioiô induzido pela dieta pode contribuir
nho de peso são complexas e variáveis, mas geralmente para desregulação do metabolismo e ter consequências
incluem aderir uma dieta hipocalórica muito restritiva. prejudiciais a longo prazo como a acumulação de tecido
No início, o indivíduo pode experimentar uma sensa- adiposo visceral (STRASSER, BERGER, FUCHS, 2015).
ção prazerosa pela perda inicial de peso e rejeição da

Figura 10 - Ciclo vicioso subjacente ao ganho de peso (efeito ioiô): Possível impacto de uma dieta de restrição calórica
sobre o humor e, portanto, desejo por carboidratos levando ao excesso de peso, mediado pela modulação do metabolis-
mo do triptofano e resposta da leptina (aminoácido e hormônio sacietógenos).

TRP: Triptofano; BMI: IMC. Adaptado de STRASSER, BERGER, FUCHS, 2015.

Na tentativa de emagrecer, mas sem a orien- A maioria das dietas para perda de peso falha
tação de um profissional capacitado, muitas pessoas em fornecer a recomendação diária de proteína devido
alteram sua ingestão alimentar de forma incorreta, o ao seguinte dilema científico: se a dieta fornecer a quan-
que pode prejudicar o desempenho físico e a saúde. A tidade recomendada de proteína, calorias indesejadas
redução do peso por desidratação ou perda de massa também poderão ser fornecidas, tornando a perda de
muscular não são interessantes. Para um emagrecimen- peso mínima ou mesmo ausente, especialmente entre
to real e sustentável é necessário que haja diminuição os indivíduos sedentários. Como resultado, a maioria
de gordura corporal, pelo balanço energético adequado das dietas para perda de peso, reduzindo a ingestão de
entre a ingestão de calorias e a prática de exercícios físi- calorias, também reduz a ingestão de proteínas, causan-
cos (DANNECKER et al,. 2013). do um balanço negativo de nitrogênio no corpo, o que

MONOGRAFIA AMINNU | 34
leva a uma redução de proteínas estruturais e funcionais, racterizando o efeito ioiô (LUCÀ-MORETTI, 2003).
como pele, músculos, tendões, ossos, órgãos, anticorpos O aminoácido triptofano, por ser precursor do
e certas enzimas e hormônios (LUCÀ-MORETTI, 2003). neurotransmissor serotonina e da melatonina, apresenta
Isso, por sua vez, pode causar anomalias físicas papel-chave na regulação da ingestão calórica. Estudos
e fisiológicas com risco de vida, como comprometimen- apontam que as concentrações plasmáticas de tripto-
to do sistema imunológico, aumentando assim o risco fano encontram-se diminuídas em obesos e, ainda, po-
de infecções, além de excesso de pele com alteração dem apresentar redução com dietas para perda de peso
da tonalidade e textura normal da mesma, causando es- (gráfico 6). Os baixos níveis de triptofano encontrados
trias e flacidez do tecido mamário, aumento da queda após intervenções dietéticas relacionam-se com as altas
de cabelo e desbotamento de cor, fragilidade das unhas, taxas de recaídas de acompanhamento do tratamento,
diminuição da força e resistência muscular que limita o devido ao fato de as concentrações de serotonina per-
desempenho físico, diminuição da densidade óssea au- manecerem baixas e, assim, estimular o apetite. Nesse
mentando o risco de fratura óssea, aumento da retenção contexto, a suplementação de triptofano (um dos oito
de água no compartimento intersticial, aumentando as- aminoácidos essenciais contidos no AMINNU), pode
sim o peso corporal e um aumento repentino de peso muito ser útil durante tratamento para obesidade e pro-
após a conclusão de uma dieta para perda de peso, ca- cessos de emagrecimento em geral (MARCHINI, 2003).

Gráfico 6 - Concentrações de aminoácidos antes e após dietas hipocalóricas de duas semanas em 38 indivíduos com
sobrepeso. Os baixos níveis de triptofano encontrados após intervenções dietéticas relacionam-se com as altas taxas de
recaídas de acompanhamento do tratamento.

LCD: low Kcal diet; VLCD: very low Kcal diet. Adaptado de STRASSER, BERGER, FUCHS, 2015.

MONOGRAFIA AMINNU | 35
A perda de peso desejável é o resultado da má- rol total, enquanto a perda> 10% do peso corporal total
xima redução de gordura corporal e de mínima perda melhora os biomarcadores mencionados anteriormente,
de massa magra (emagrecimento anabólico), represen- além de reduzir os níveis de colesterol LDL (BROWN et
tando sucesso na manutenção do peso perdido, poucos al., 2016).
riscos de desnutrição e de complicações médicas. Die- No entanto, lutar pela perda de peso como a
tas hipocalóricas são efetivas para a perda de peso e de meta principal sem integrar adequadamente o conceito
gordura, porém podem causar perda de massa magra total de composição corporal na equação é uma abor-
e consequentemente redução nas taxas metabólicas. O dagem desequilibrada que pode levar a resultados ne-
treinamento físico isolado, sem controle alimentar, pode gativos não intencionais. Isso ocorre porque a perda de
gerar apenas modesta perda de peso (FRANCISCHINI, peso não é estritamente relacionada à perda de tecido
2001). adiposo, mas, naturalmente, também haverá perda de
Uma dieta com perda de peso, para ser segura massa muscular e óssea se a nutrição adequada e as
e eficaz, deve reduzir a quantidade de nutrientes não es- atividades físicas não forem incluídas com intencionali-
senciais, obter o balanço energético negativo necessário dade na abordagem de perda de peso.
para induzir o catabolismo do tecido adiposo e fornecer A perda de peso, sem o foco apropriado na ma-
as quantidades necessárias de nutrientes essenciais, nutenção de uma massa corporal magra saudável, pode
como aminoácidos essenciais (AMINNU), vitaminas, mi- resultar em menor massa muscular e, consequentemen-
nerais, oligoelementos e ácidos graxos essenciais, para te, redução da força muscular. Com o tempo, a massa
garantir uma vida saudável e produtiva (LUCÀ-MORET- e a força muscular reduzidas mostraram ser preditores
TI, 2003). de mobilidade reduzida, velocidade de caminhada mais
Alcançar e manter um peso saudável é uma lenta, risco de incapacidade a longo prazo e taxas mais
meta prudente associada a ganhos significativos de baixas de sobrevivência. É fundamental, então, que um
saúde. A ressalva é que a perda de peso pode ocorrer programa saudável de perda de peso inclua métodos
de várias maneiras, tanto saudáveis quanto insalubres. que visem manter um nível saudável de massa e força
É menos importante o valor quantitativo registrado na muscular para cada indivíduo. A atividade física regular
balança e muito mais relevante as mudanças gerais e moderada a vigorosa e um regime de exercícios que in-
estratégicas na composição corporal e na saúde como cluem treinamento de força ajudam a manter e até me-
um todo. A literatura atual tem indicado que a perda de lhorar a massa muscular e a força, estimulando a síntese
peso saudável deve incluir um programa dietético e de de proteínas musculares no corpo (WEISS et al., 2017).
exercícios estruturado e individualizado, completo com As estratégias de emagrecimento mais descri-
componentes aeróbicos e de treinamento de força e um tas são: dietas, exercícios físicos, fármacos, cirurgias e
consumo de proteínas diário superior ao de carboidratos terapias comportamentais. Tratamentos convencionais,
e gorduras. Programas que incluam ambos os aspectos como a restrição energética e o exercício físico, têm sido
(exercício e nutrição), juntamente com a suplementação os mais utilizados e recomendados para perda de peso.
de aminoácidos essenciais (AMINNU), favorecerão a A restrição energética geralmente tem destaque nos
preservação da massa muscular saudável, força muscu- programas de emagrecimento, por proporcionar maior
lar e densidade mineral óssea, que juntos estimulam a redução de peso, sendo, muitas vezes, utilizada como
mobilidade a longo prazo, o bem-estar e a sobrevivência. única estratégia. Todavia, a redução de peso e gordu-
ra corporal alcançada por meio da restrição energética
Perda de massa magra no processo de quase sempre é acompanhada pela diminuição da mas-
emagrecimento sa corporal magra (GARROW, 1995).
A perda de peso leva a inúmeros benefícios à Pode-se dizer que uma dieta visando emagre-
saúde de indivíduos com obesidade ou excesso de peso, cimento é bem-sucedida quando se consegue diminuir
incluindo índices glicêmicos e saúde cardiovascular me- a porcentagem de gordura corporal sem perder grandes
lhorados, além de inflamação reduzida e menor risco quantidades de massa muscular. Portanto, a manuten-
de mortalidade por todas as causas. De fato, a perda de ção ou até mesmo o ganho de massa muscular durante
peso modesta (5 -10% do peso corporal) demonstrou uma dieta hipocalórica é uma das prioridades. Normal-
melhorar a glicemia de jejum, triglicerídeos e coleste- mente o que se observa é que quando muito peso é per-

MONOGRAFIA AMINNU | 36
dido, ocorre perda de gordura, mas também houve mui- mos polímeros, ou seja, proteínas. Atualmente existem
ta perda muscular. O resultado final deste quadro será evidências de que dietas com maior proporção de pro-
de flacidez e perda do tônus muscular. Assim, isso expli- teína promovem maior perda de peso, maior redução de
ca porque algumas pessoas, mesmo perdendo quanti- gordura corporal e diminuem a perda de massa magra
dade de peso considerável não ficam com os músculos durante o emagrecimento, quando comparadas a die-
aparentes e definidos como gostariam. Ficam com um tas com menos proteína e de mesmo valor energético
aspecto magro, mas sem contornos musculares (GAR- (LAYMAN, 2005).
ROW, 1995). A manutenção de níveis saudáveis de massa
muscular é muito influenciada por informações nutri-
Estratégias para evitar a perda de massa cionais em programas de perda de peso com restrição
magra calórica. Vários estudos confirmaram achados de que
Em se tratando de processos de emagrecimen- indivíduos com sobrepeso ou obesidade perdem menos
to anabólico, no qual o objetivo é a redução de peso sem massa muscular com programas hipocalóricos de per-
perda de massa magra, é fundamental que haja a cons- da de peso, que incluem exercícios e dieta mais rica em
trução de moléculas estruturais e funcionais, por meio proteínas do que o grupo controle.
de monômeros, que são os aminoácidos, para construir-

Gráfico 7 - Alterações no peso corporal de indivíduos com sobrepeso e obesidade submetidos a dietas com alto teor de
proteína, alto teor de carboidrato e grupo controle (sem intervenção). A perda de peso foi muito superior no grupo que
fez dieta com alto teor de proteína.

Adaptado de SKOV AR, 1999.

MONOGRAFIA AMINNU | 37
A maior redução de peso ocasionada com dieta aminoácidos em sua forma livre (gráfico 8) (KOOPMAN
rica em proteína foi verificada em um estudo de SKOV et al., 2005).
(gráfico 7), realizado com 65 indivíduos obesos, no qual Parte dos benefícios promovidos pela dieta com
os indivíduos foram divididos em dois grupos: o primei- maior proporção de proteína na composição corporal
ro submetido à dieta com maior proporção de proteí- pode ser atribuída à maior ingestão de aminoácidos de
na (25% do valor energético) e o segundo submetido à cadeia ramificada (BCAA), leucina, isoleucina e valina.
dieta convencional (12% de proteína). Os dois grupos Estes aminoácidos são considerados essenciais e fazem
também foram orientados a consumir uma quantidade parte da composição do AMINNU, nas proporções ide-
determinada de gordura. A maior redução de peso pro- ais de que nosso corpo precisa. Existem evidências de
movida pela dieta rica em proteína foi atribuída ao maior que os aminoácidos ramificados desempenham papel
efeito deste nutriente na saciedade. Outro mecanismo fundamental na regulação de processos anabólicos en-
proposto para explicar o efeito da dieta rica em proteína volvendo proteínas, modulando tanto a síntese quanto
na redução de peso é o relacionado ao maior efeito des- a degradação deste componente corporal. (LAYMAN,
sa dieta na termogênese (SKOV, 1999; HALTON, 2004). 2003; TOM; NAIR, 2006). A suplementação com amino-
Para evitar a perda de massa magra durante o ácidos ramificados, ingeridos antes ou imediatamente
emagrecimento, é importante que haja predomínio da após o exercício, pode estimular a síntese proteica e di-
síntese proteica. O exercício de resistência é um potente minuir danos ao tecido muscular. Estudos indicam que
estímulo para o anabolismo muscular, proporcionando a ingestão desses aminoácidos estimula a liberação de
maior síntese em comparação com a degradação pro- hormônios, como testosterona, crescimento (GH), insuli-
teica. Porém, para que o anabolismo aconteça é fun- na, resultando em estímulo à síntese proteica (MARCHI-
damental a ingestão de proteínas e principalmente de NI, 2003).

Gráfico 8 - Taxa sintética fracionária (FSR) da proteína muscular durante a fase de recuperação do exercício de resis-
tência com ingestão de carboidratos (CHO), carboidratos + proteínas (CHO+PRO) e carboidratos + proteínas + leucina
(CHO + PRO + Leucina).

Fonte: KOOPMAN et al., 2005.

Em um estudo de Rasmussen et al., os sujeitos o que proporcionou o anabolismo muscular durante a


realizaram duas sessões de exercícios de resistência e recuperação (gráfico 9) (RASMUSSEN, 2000).
consumiram um suplemento contendo aminoácidos es- O jejum intermitente é uma excelente estratégia
senciais e sacarose, uma e três horas após o final do de emagrecimento com manutenção da massa magra.
esforço. Os pesquisadores observaram que a taxa de A prática de exercícios físicos é liberada durante o jejum,
proteólise não foi alterada, mas sim a taxa de síntese, mas para períodos prolongados (acima de 16h) deve ser

MONOGRAFIA AMINNU | 38
feita com cautela, avaliando se o organismo está bem o percentual de gordura, mas favorece o ganho de mas-
adaptado ao exercício em jejum. Os benefícios são a sa magra, pois há produção de GH (hormônio do cresci-
melhoria da composição corporal: o jejum não só reduz mento), beneficiando a hipertrofia muscular.

Gráfico 9 - Gráfico 3: À esquerda, resultados da síntese de proteínas musculares. A ingestão da bebida de aminoácidos
foi ingerida 1 h (A) e 3 h (B) após o exercício. *Diferença estatística dos valores de placebo e pré-consumo: P < 0,05. À
direita, quebra de proteínas musculares. A bebida de aminoácidos foi ingerida 1 h (A) e 3 h (B) após o exercício. Não
houve diferenças significativas (p > 0,05).

Fonte: RASMUSSEN, 2000.

Os resultados de um estudo multicêntrico de nitrogênio e evitando também os problemas comumen-


LUCÀ-MORETTI, et al., 2003, mostraram que, ao admi- te associados às dietas de perda de peso, como fome,
nistrar 10 g um composto de aminoácidos essenciais fraqueza, dor de cabeça causada por cetose, constipa-
como substituto das proteínas da dieta, uma vez por dia, ção ou diminuição da libido. O uso do suplemento de
a 114 participantes com excesso de peso submetidos ao aminoácidos essenciais, em conjunto com as atividades
American Nutrition Clinics / Overweight Management do ANC/OMP, permitiu uma perda de peso média de 1,4
Program (ANC/OMP), o balanço de nitrogênio dos par- kg por semana (LUCÀ-MORETTI, 2003).
ticipantes foi mantido em equilíbrio com praticamente A segurança e a eficácia nutricional do suple-
nenhuma caloria, preservando as proteínas estruturais mento de aminoácidos essenciais, um substituto protei-
e funcionais do corpo, eliminando a retenção excessiva co da dieta, foram confirmadas pelos resultados de um
de água do compartimento intersticial e impedindo o re- estudo clínico comparativo, duplo-cego, da utilização
pentino aumento de peso após a conclusão do estudo, líquida de nitrogênio (NNU). Os resultados do estudo
comumente conhecido como efeito ioiô. Os resultados mostraram que os participantes, enquanto tomavam
do estudo mostraram que a ingestão do suplemento de o suplemento de aminoácidos como um único e total
aminoácidos, em conjunto com o programa de ema- substituto de proteínas da dieta, atingiram um NNU cor-
grecimento, provou ser seguro e eficaz, impedindo os poral de 99%. Isso significa que 99% dos aminoácidos
efeitos adversos associados a um balanço negativo de constituintes do suplemento seguiram a via anabólica,

MONOGRAFIA AMINNU | 39
atuando como precursores da síntese proteica do cor- O suplemento de aminoácidos essenciais (AMINNU),
po. Em comparação, as proteínas alimentares fornecem quando administrado em substituição às proteínas da
apenas entre 16% e 48% de NNU. Isso demonstra que os dieta também pode contribuir com a melhora da função
aminoácidos essenciais são mais eficazes que as proteí- renal e hepática, uma vez que a sobrecarga de estresse
nas da dieta. Isso foi confirmado pela observação de que nestes órgãos é reduzida.
o balanço de nitrogênio de cada participante foi mantido Já está elucidado que o tecido adiposo bran-
em equilíbrio, ingerindo apenas 400 mg/kg do suple- co secreta múltiplos peptídeos bioativos, denominados
mento de aminoácidos por dia, que forneceu menos de adipocinas (proteínas sintetizadas e secretadas pelo
2 kcal/d (1 g do suplemento = 0,04 kcal), demonstrando tecido adiposo). Descobertas de pesquisas recentes
assim que o equilíbrio de nitrogênio do corpo poderia demonstram que há relação entre obesidade e adipo-
ser alcançado, pela primeira vez, essencialmente sem cinas inflamatórias, demonstrando que a obesidade é
calorias. Os resultados do estudo também mostraram caracterizada por uma inflamação crônica. Dentre todas
que 1% dos aminoácidos constituintes do suplemento as adipocinas, sem dúvida, a IL-6, o TNF-a, a leptina e
seguiram a via catabólica, liberando assim apenas 1% adiponectina vêm recebendo atenção especial da litera-
de catabólitos e energia de nitrogênio. Em comparação, tura especializada. A resposta inflamatória da obesidade
as proteínas alimentares liberam entre 52% e 84% de promove o aumento da síntese de diversas adipocinas
catabólitos de nitrogênio e energia. Isso demonstra que com ação pró-inflamatória e, por outro, a redução da
o suplemento de aminoácidos essenciais é mais seguro concentração plasmática de adiponectina, que apresen-
que as proteínas da dieta e fornece a menor quantidade ta ação anti-inflamatória (PRADO, 2009). Uma vez que
de calorias em comparação com qualquer proteína da a obesidade é considerada uma doença inflamatória e
dieta (LUCÀ-MORETTI, 2003). as proteínas, principalmente de origem animal, podem
Posteriormente, os resultados comparativos agravar esse quadro, a suplementação com AMINNU se
do estudo mostraram que os participantes, tomando o torna uma ótima estratégia para fornecimento de todos
suplemento de aminoácidos como substituto da pro- os aminoácidos essenciais necessários para a síntese
teína da dieta e realizando atividade física, experimen- proteica, contribuindo para o emagrecimento sem perda
taram aumento da massa muscular, força e resistência de massa magra.
corporal, diminuição da gordura corporal, aumento da
taxa metabólica basal, melhora no desempenho dos Jejum intermitente
músculos não predominantes em comparação com os O termo jejum intermitente consiste em uma
músculos predominantes, e melhor depuração muscular privação voluntária de comidas e de bebidas, pela qual
e hematológica do lactato, permitindo melhor desempe- o indivíduo permanece por longo período de tempo sem
nho muscular e recuperação muscular mais rápida após nenhuma ou baixa ingestão de nutrientes e outro perío-
a atividade física (LUCÀ-MORETTI, 2003). do com o consumo normal de alimentos. Vários benefí-
Em indivíduos adultos saudáveis, uma refeição cios à saúde já foram mostrados através da restrição ali-
com alto teor de proteínas é conhecida por aumentar mentar, incluindo o aumento da sensibilidade à insulina,
a taxa de filtração glomerular mediada pelo aumento resistência ao estresse, redução da morbidade e aumen-
global no fluxo sanguíneo renal resultante da dilatação to da longevidade, já o jejum intermitente vem mostran-
arteriolar aferente. Entretanto, pacientes com doenças do efeitos benéficos que atingiram ou excederam os da
renais crônicas podem progredir para estágios avança- restrição calórica (MATTSON; LONGO; HARVIE, 2017).
dos da doença mais rapidamente se eles consumirem É comum a maioria dos seres humanos passar
dieta de alto valor proteico por um período de tempo por um período de jejum noturno, já o de maior dura-
prolongado, entretanto, quando modelos animais são ção é praticado por diversos motivos, seja ele cultural,
estudados, observa-se que a infusão de aminoácidos religioso ou em relação à saúde. O jejum intermitente,
em curto prazo pode proteger os rins do insulto agudo embora tenha surgido recentemente como mais uma
isquêmico (DOIG, 2015). Para pacientes com problemas estratégia nutricional de restrição calórica, é uma prática
renais e hepáticos, os quais devem adotar uma dieta hi- milenar que vem ganhando mais popularidade entre lei-
poproteica, as “escórias nitrogenadas” seguem o ciclo gos, pesquisadores e profissionais da área da saúde nos
da ureia, causando sobrecarga para estes pacientes. dias atuais (SILVA, 2019).

MONOGRAFIA AMINNU | 40
Os jejuns tiveram início com os muçulmanos, consistem na avaliação do efeito de períodos alternados
no período do ramadã, que consiste na permanência de de privação alimentar e realimentação ad libitum (dieta
jejum durante todo o dia, sendo permitido alimentar-se livre), de geralmente 12 a 24 horas, ou seja, é um méto-
apenas depois que o sol se punha até o amanhecer. Nor- do de emagrecimento que tem como objetivo intercalar
malmente, são feitas duas refeições por dia, sem qual- períodos de jejum com períodos de alimentação. A meta
quer restrição de alimentos na dieta, permanecendo cer- é fazer com que o corpo utilize os estoques de gordura
ca de 9 a 12 horas em jejum, a depender da época e da e, dessa forma, resulte em uma maior perda de massa
localização geográfica onde se encontra o país (SALEH gorda. Os momentos em que a alimentação é permitida
et al., 2005). O corpo provavelmente não recorrerá à pro- são chamados de janelas de alimentação. Fora delas, a
teína para obter energia. Isso acontece quando ele entra pessoa pode consumir líquidos que não possuam ca-
em modo inanição e usa músculos para gerar energia, lorias, como água, chás e café sem açúcar e adoçantes
em casos de jejum prolongado e contínuo, durante mui- (CARLSON et al., 2007).
tos dias e semanas. Como o ramadã só ocorre do nascer Conforme ilustrado na figura 11, os benefícios do
ao pôr do sol, há oportunidades o suficiente para nos jejum intermitente estão relacionados à manutenção e
reabastecermos com alimentos e fluidos provedores de perda de peso, redução de colesterol e triglicerídeos, di-
energia. Isso preserva os músculos, mas ajuda na perda minuição de marcadores inflamatórios e de cardioprote-
de peso. ção, sensibilidade à insulina. De modo geral, o jejum in-
Evidências de que o aumento da frequência termitente demonstra ser uma estratégia nutricional que
alimentar não é determinante para o sucesso da dieta, pode ser utilizada para melhorar o quadro de resistência
e que menos refeições diárias também podem resultar à insulina, diminuição de marcadores inflamatórios e
em efeitos metabólicos favoráveis ao emagrecimento perda de peso mantendo a massa magra (MATTSON;
vem se intensificando. Os estudos de jejum intermitente LONGO; HARVIE, 2017).

Synaptic plasticity
Enhanced cognition
Enhanced neurogenesis
Reduced inflammation
Enhanced autophagy
Increased
parasympathetic tone

Reduced: glucose, insulin, leptin,


total cholesterol, CRP, TNFa, IL-6, Decreased resting heart rate
markers of oxidative stress, IGF-1 Increased heart rate variability
Decreased blood pressure
Increased: 3OHB, adiponectin

Increased insulin sensitivity


Ketone body production

Increased insulin sensitivity


Enhanced autophagy

Fatty acid mobilization


Reduced inflammation

3OHB: 3-hidroxibutirato; PCR: proteína C reativa; IGF-1: fator de crescimento semelhante à insulina 1; IL-6: inter-
leucina 6; TNF: fator de necrose tumoral.

Figura 11 - Exemplos dos efeitos do jejum intermitente em diferentes sistemas orgânicos

Fonte: MATTSON; LONGO; HARVIE, 2017.

MONOGRAFIA AMINNU | 41
VARADAY et al., (2013) realizaram um estudo uma perda de peso rápida. Um dos grandes desafios se-
com trinta e dois indivíduos com o índice de massa cor- ria a fome elevada durante a restrição, sendo recomen-
poral (IMC) entre 20 - 29,9kg/m2, com o objetivo de ava- dado o consumo de proteína para ajudar na saciedade e
liar os benefícios de perda de peso e cardioproteção na na manutenção da massa magra durante o déficit caló-
prática do jejum de dias alternados. O grupo de estudo rico. O jejum intermitente em longo prazo parece contri-
foi submetido ao uso de dietas alternadas entre dieta li- buir para a manutenção e o controle de peso em alguns
vre e restrição de 25% do valor energético total nos dias fenótipos (JOHNSTONE, 2014).
de jejum e grupo controle que foi orientado a manter a Modelos animais e testes realizados em huma-
alimentação habitual, durante 12 semanas. Os resulta- nos sugerem que o jejum intermitente pode ter efeitos
dos encontrados sugerem que o jejum em dias alterna- benéficos sobre o peso, composição corporal, biomar-
dos foi efetivo para redução de peso e cardioproteção cadores e envelhecimento. No nível celular, o jejum in-
em adultos com peso normal e sobrepeso, pois houve termitente também pode aumentar a resistência contra
redução do peso corporal e da massa gorda, sendo que o estresse oxidativo, diminuir a inflamação, e promover a
a massa magra não diminuiu em relação ao grupo con- longevidade. (STOCKMAN, et al., 2018). É muito impor-
trole (VARADAY et al., 2013). tante selecionar bem os alimentos que serão utilizados
Ainda sobre o mesmo estudo, os autores VA- na quebra do jejum, sendo fundamental uma alimenta-
RADAY et al., verificaram que a concentração de triacil- ção equilibrada, contendo carboidratos e vitaminas na
gliceróis diminuiu, não houve alterações nas concentra- proporção certa, rica em gorduras boas, aminoácidos e
ções de colesterol LDL, lipoproteínas de alta densidade proteínas. O AMINNU pode ser um poderoso aliado na
(HDL), homocisteína e resistina. Sendo observado, tam- quebra do jejum intermitente, fornecendo os aminoáci-
bém, diminuição na proteína C reativa (PCR), na pressão dos essenciais para a recuperação da energia corporal e
arterial sistólica e diastólica, aumento na adiponectina para a síntese proteica, tão importante para a manuten-
plasmática e redução na leptina, em comparação ao ção da homeostase corporal.
grupo controle. Mostrando que o jejum pode ser indica- Mediante o exposto, podemos dizer que uma
do, também, para pacientes eutróficos e sobrepeso com boa estratégia para processos de emagrecimento com
o intuito de uma possível melhora do perfil cardiovascu- redução de gordura e preservação da massa magra é
lar e perda de massa gorda com preservação de massa a prática do jejum intermitente concomitante com uma
muscular (VARADAY et al., 2013). dieta equilibrada, consumindo alimentos saudáveis com
JOHNSTONE (2014), com objetivo de avaliar se baixo índice glicêmico e com predominância de proteí-
o jejum é uma abordagem segura e eficaz ou apenas nas, prática regular de exercícios físicos, especialmente
mais uma dieta da moda, realizou uma revisão sistemá- exercícios de força e resistência, e suplementação com
tica, com intuito de avaliar os possíveis benefícios do je- aminoácidos essenciais (AMINNU) que irão estimular
jum na perda de peso em curto prazo e na manutenção a síntese proteica e contribuirão para a manutenção e
em longo prazo. Os resultados encontrados sugerem ganho de massa magra (MATTSON; LONGO; HARVIE,
que o jejum pode ser uma estratégia útil para alcançar 2017; KOOPMAN et al., 2005; LUCÀ-MORETTI, 2003).

Re f er ências Bibliográf icas : DOIG GS, et al. Intravenous amino acid therapy for
kidney function in critically ill patients: a randomized
CARLSON, O. et al. Impact of reduced meal frequen- controlled trial. Intensive Care Med. Jul;41(7):1197-
cy without caloric restriction on glucose regulation 208, 2015.
in healthy, normal weight middle-aged men and wo-
men. Metabolism, v. 56, n. 12, p. 1729-34, 2007. FRANCISCHI R. P., PEREIRA L . O., JUNIOR A. H.
L. Exercício, comportamento alimentar e obesidade:
DANNECKER, E. A. et al. The effect of fasting on in- revisão dos efeitos sobre a composição corporal e
dicators of muscle damage. Experimental Gerontolo- parâmetros metabólicos. Rev. paul. Educ. Fís., 15(2):
gy, v. 48, n. 10, p. 1101-1106, 2013. 117-40, 2001.

MONOGRAFIA AMINNU | 42
GARROW JS, SUMMERBELL CD. Meta-analysis: ef- MARCHINI JS, ET AL. Aminoácidos. São Paulo, Bra-
fect of exercise, with or without dieting, on the body sil. ILSI International life Sciences Institute do Brasil.
composition of overweight subjects. Eur J Clin Nutr. 2016.
49(1):1-10, 1995.
MAT TSON, M. P., LONGO, V. D., HARVIE, M. Im-
HALTON TL , HU FB. The effects of high protein diets pact of intermittent fasting on health and disease
on thermogenesis, satiety and weight loss: a critical processes. Ageing Research Reviews, v. 39, p. 4658,
review. J Am Coll Nutr. 23:373-85, 2004. oct. 2017.

INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary References In- RASMUSSEN BB, et al. An oral essential amino acid
takes for Energy, Carbohydrates, Fiber, Fat, Fatty carbohydrate supplement enhances muscle protein
Acids, Cholesterol, Protein and Amino Acids. Food anabolism after resistance exercise. J Appl Physiol,
and Nutrition Board. Institute of Medicine of the Na- 88:386-92, 2000.
tional Academies, pp. 589–738,2005.
SKOV AR, et al. Randomized trial on protein vs car-
JOHNSTONE, Alexandra. Fasting for weight loss: an bohydrate in ad libitum fat reduced diet for the treat-
effective strategy or latest dieting trend. International ment of obesity. Int J Obes, 23(5):558-36, 1999.
Journal of Obesity, v. 38, n. 5, p. 727-733, 2014.
STOCKMAN, M. C. et al. Intermittent fasting: is the
KATSANOS CS, MADURA II JA, ROUST LR, Es- wait worth the weight?. Current Obesity Reports, v. 7,
sential Amino Acid Ingestion as an Efficient Nutri- n. 2, p. 172–185, 2018.
tional Strategy for the Preservation of Muscle Mass
following Gastric Bypass Surgery, Nutrition, doi: STRASSER B, BERGER K , FUCHS D. Effects of a
10.1016/j.nut.2015.07.005, 2015. caloric restriction weight loss diet on tryptophan me-
tabolism and inflammatory biomarkers in overweight
KOOPMAN, R.; et al. Combined ingestion of protein adults. European journal of nutrition, 54:101-107, 2015.
and free leucine with carbohydrate increases pos-
texercise muscle protein synthesis in vivo in male TOM A, NAIR KS. Assessment of branched-chain
subjects. Am. J. Physiol. Endocrinol. Metab., v.288, amino acid status and potential for biomarkers. J
n.4, p.E645-E653, 2005. Nutr, 136(1 Suppl):324-30, 2006.

LAYMAN DK, et al. Dietary protein and exercise have VARADAY, Krista A. et al. Alternate day fasting for
additive effects on body composition during weight weight loss in normal weight and overweight sub-
loss in adult women. J Nutr, 135(8): 1903-10, 2005. jects: a randomized controlled trial. Nutrition Jour-
nal,v. 12, n.1, p.146, nov. 2013.
LAYMAN DK. The role of leucine in weight loss diets
and glucose homeostasis. The Journal of nutrition, BROWN J et al. Effects on cardiovascular risk factors
133:261S-267S, 2003. of weight losses limited to 5–10 %. Transl Behav Med,
6 (3): 339–346, 2016.
LAYMAN KL. The role of leucine in weight loss diets
and glucose homeostasis. J Nutr, 133(1): 261-7, 2003. WEISS E et al. Effects of weight loss on lean mass,
strength, bone, and aerobic capacity. Med Sci Sports
LUCÀ-MORET TI M, et al. Master Amino acid Pattern Exerc, 49 (1): 206-217, 2017.
as sole and total substitute for dietary proteins du-
ring a weight loss diet to achieve the body ’s nitrogen
balance equilibrium. Adv Ther. 20(5):270-81, 2003.

MONOGRAFIA AMINNU | 43
MONOGRAFIA AMINNU | 44
A importância da saúde muscular no pro- dos nos quais dentre os idosos assistidos houveram 132
cesso de envelhecer (15,7%) óbitos entre os 839 participantes neste período
Os maiores inimigos da vida independente são de estudo.
as deficiências cognitivas atribuídas as demências e a Cerca de 40% das mortes foram ocasionadas por doen-
perda de massa magra prejudicial às funções muscula- ças cardiovasculares, diretamente ligadas à insuficiência
res. O músculo esquelético é bastante suscetível à se- cardíaca. A doença cardíaca é uma doença crônica e por
nescência, a perda de neurônios motores ocasiona redu- consequência é uma inflamação para o organismo, essa
ção do recrutamento e limitação do seu funcionamento. perda de homeostasia é prejudicial não só ao coração.
A diminuição da massa muscular não é prejudicial ape- Desmembrando o estudo, para a população
nas para a parte motora, mas causa o aparecimento e/ masculina os dados mostram que os participantes fa-
ou progressão de doenças que são dependentes da sua lecidos eram mais velhos, menos ativos fisicamente e
integridade para evitá-las ou minimizá-las, como a oste- mais frequentemente diabéticos, apresentavam maior
oporose, a resistência à insulina, a obesidade e a osteo- prevalência de perda muscular, e menor taxa de gordura
artrite, reduzindo a qualidade de vida e aumentando o corporal.
risco de morte. Um impacto de grande importância são Um dado notório é a presença de baixa massa
os efeitos agudos da atrofia muscular por falta de uso, muscular, aproximadamente 11 vezes e 14 vezes maior
como é o caso do sedentarismo, o pouco fornecimen- nos pacientes com morte por causas multifatoriais e
to de nutrientes (má alimentação ou digestão, mudança nas mortes por problema cardiovascular, respectiva-
no paladar), o repouso prolongado e a redução de ativi- mente, para o índice de massa gorda eles apresenta-
dades físicas podem promover um processo de enve- vam metade do valor observado nos homens que so-
lhecimento precoce ao músculo e consequentemente a breviveram.
outras funções no corpo. Na comunidade feminina a condição das pa-
cientes que faleceram também era de mulheres mais
Envelhecimento – Importância da massa velhas, menos ativas, eram em maior taxa diabéticas e
magra hipertensas, o índice de massa magra era menor, mas ao
Em um modelo compartimentado, a compo- contrário dos homens elas apresentaram maior taxa de
sição corporal pode ser dividida aproximadamente em gordura corporal. Para as mulheres participantes do es-
massa óssea, massa gorda e massa magra. Diversas tudo constatou-se que o risco de mortalidade foi qua-
são as alterações que advêm com o envelhecimento e se 63 vezes maior para as mulheres com pouca massa
as mais evidentes acontecem nas dimensões corporais. muscular, mas não necessariamente fisicamente ma-
Pode-se citar a redução e as modificações nas fibras gra. A perda de músculo é um fator importante observa-
musculares e/ou o aumento da gordura corporal, dimi- do em estudos de índice de mortalidade em homens e
nuição da massa óssea, além da redução concomitante mulheres e ocorre mais frequente em mulheres podendo
do conteúdo de água (DE SANTANA et al., 2019). ser justificado pelo fato do peso (quantidade de massa
O músculo esquelético é responsável pela mo- gordurosa) mascarar a falta muscular e aumentar outras
tricidade e é um participante fundamental na captação complicações (DE SANTANA et al., 2019; TOURNADRE,
de glicose, armazenamento de glicogênio, oxidação lipí- Anne et al, 2019).Diante disso é um consenso que a
dica, liberação de aminoácidos e produção de energia. saúde muscular é fundamental para a longevidade com
Além disso, o músculo está indiretamente envolvido na qualidade de vida.
resposta imune, pois serve como um reservatório de
aminoácidos que estão rapidamente disponíveis para Envelhecimento celular, descompensação
as células imunocompetentes. Os mecanismos respon- metabólica e inflamação, sedentarismo ou
incapacidade física – Fatores que deterio-
sáveis pela sarcopenia são complexos e interdependen-
ram a massa muscular
tes.
Além de ocasionada pelo processo de envelhe-
Um estudo publicado em 2019 e acompanhado
cimento normal a perda muscular pode ser proveniente
por 4 anos com idosos matriculados no Estudo São Pau-
e/ou acelerada por doenças metabólicas, ou doenças
lo de Envelhecimento e Saúde (SPAH), uma pesquisa de
crônicas.
prevalência de fraturas osteoporóticas, apresentou da-

MONOGRAFIA AMINNU | 45
Os diabéticos têm dificuldade em realizar tarefas físicas YAMADA et al., 2017) Portanto, a incapacidade de ativar
de rotina, as limitações de mobilidade dos membros in- a sinalização mTORC1 e o início da tradução pode ser
feriores são particularmente evidentes. O diabetes e a um mecanismo subjacente à resistência anabólica das
resistência à insulina são mais comuns em idosos do proteínas musculares do envelhecimento (MORO et al.,
que em indivíduos mais jovens e estão associados à fra- 2018).
gilidade, uma condição geriátrica de vulnerabilidade fi- A inatividade é outro fator de perda precedida
siológica aos estressores, associada a resultados adver- por fraqueza muscular e que por si só leva à perda mus-
sos, como incapacidade e mortalidade. A insulina é um cular em qualquer idade, mas é agravada no envelheci-
poderoso sinal anabólico e estimula substancialmente mento com a perda muscular já observada fisiologica-
a síntese de proteínas musculares em jovens, mas não mente, e isso gera um ciclo vicioso que culminará em
em idosos. A cascata fisiológica saudável de sinalização quedas, perda da independência e até mesmo morte.
intracelular de insulina ativa a via mTOR que controla a Durante o envelhecimento ocorre a diminuição de cé-
autofagia e a síntese proteica. (KALYANI; CORRIERE; lulas-tronco (células satélites), disfunção mitocondrial
FERRUCCI, 2014). (as mitocôndrias são mais abundantes, mas com fun-
Um equilíbrio entre síntese e degradação de ção reduzida), aumento do estresse oxidativo, declínio
proteínas é vital para manter a massa muscular. Para na renovação das proteínas e desregulação hormonal.
crescer e se dividir, as células devem aumentar a pro- As células satélites são as responsáveis por re-
dução de proteínas, lipídios e nucleotídeos, e o balanço parar o músculo a sua diminuição explica a dificuldade
é feito pelas vias catabólicas como a autofagia, promo- de recuperação do idoso quando acontece uma lesão
vendo a renovação celular. Os músculos das pesso- muscular, geralmente essa recuperação é lenta e incom-
as idosas sofrem níveis mais baixos de autofagia, um pleta. Além disso, o músculo é um órgão secretor de ci-
processo que, em condições saudáveis, recicla proteí- tocinas e peptídeos nele produzidos, chamados de mio-
nas, organelas usadas e danificadas e outras estruturas cinas (Fig.12). O músculo esquelético é um tecido capaz
celulares (JOANISSE et al., 2016). A via de sinalização de alterar o tipo e a quantidade de proteína sintetizada
alvo da rapamicina (mTOR – mechanistic target of ra- em resposta ao exercício regular, as mioquinas produ-
pamycin) é composta por uma proteína, serina/treonina zidas exercem efeitos endócrinos específicos nele e em
quinase, responsável por regular o crescimento celular órgãos distantes, incluindo o complexo músculo-fígado
(negativo e positivo), integrar os sinais de citocina (eixo e músculo-adiposo.
insulina/IGF-1), controlar funções efetoras no sistema A miostatina (GDF-8) foi a primeira mioquina a
imunológico (via PI3K-AKT em células B), pelo estado ser descrita e possui ação nas próprias células esque-
de oxirredução e por conseguinte o seu funcionamento léticas, seu aumento limita o crescimento celular e ela
é fundamental no processo de envelhecimento. O com- é controlada pela folistatina. O aumento dos níveis de
plexo mTOR é formado por duas subunidades o mTOR 1 interleucina 6 (IL-6) na circulação ocorre durante o exer-
indicado com mediadora regulação do crescimento ce- cício sem qualquer sinal de dano muscular, e esses são
lular e o mTOR2, que por sua vez, parece estar envolvido acentuadamente aumentados quando os níveis intra-
na organização espacial do citoesqueleto e é insensível musculares de glicogênio são baixos, o que sugere que
à rapamicina (SAXTON; SABATINI, 2017; TOURNADRE o IL-6 funciona como um sensor de energia. A remo-
et al., 2019). ção da IL-6 pelo fígado pode constituir um mecanismo
O mTORC1 atua regulando a eficiência da tra- que limita os efeitos metabólicos negativos dos níveis
dução do RNA mensageiro e a sua capacidade (nº de cronicamente elevados de IL-6 circulante (PEDERSEN;
ribossomos), consequentemente a síntese proteica. Em FEBBRAIO, 2012; SILVA; MACEDO, 2011). Outro fato é a
relação ao metabolismo da glicose, ele favorece a glicó- expressão da IL-6 ser mais proeminente em fibras tipo
lise ao invés da fosforilação oxidativa. A sinalização do I em comparação com as fibras do tipo II, logo níveis
mTORC1 é ativada por estímulos mecânicos diversos e altos de IL-6 na circulação podem indicar maior estado
o corpo converte sinais mecânicos em sinalizações bio- de perda muscular (LI et al., 2019).
químicas e também é responsivo a presença de aminoá-
cidos, a falta deles no organismo reduz a sinalização do
mTORC1 (SAXTON; SABATINI, 2017; WEI; ZHENG, 2011;

MONOGRAFIA AMINNU | 46
LIF, IL-4, IL-6, IL-7 e IL-15 promovem hipertrofia muscular. A miostatina inibe a hipertrofia muscular e o exercício pro-
voca a liberação de um inibidor da miostatina, a folistatina, do fígado. O BDNF e a IL-6 estão envolvidos na oxidação da
gordura mediada pela AMPK e a IL-6 melhora a captação de glicose estimulada por insulina. A IL ‑ 6 parece ter efeitos
sistêmicos no fígado e tecido adiposo e aumenta a secreção de insulina por meio da regulação positiva do GLP ‑ 1.

Figura 12 - Músculo esquelético como órgão secretor.

Adaptado de (LI et al., 2019)

E isso por que toda perda de hemóstase entre aumento das fibras musculares, inclusive após o exer-
síntese e quebra resulta em aumento da fatigabilidade cício. Mas os níveis de IGF-1 também diminuem com a
muscular e diminuição da geração de força e nessa con- idade, assim como a expressão de seus receptores de
dição o organismo desenvolve maneiras de contornar os superfície celular. Na resistência à insulina, a sinaliza-
acontecimentos, como por exemplo: A perda da capa- ção de insulina ou IGF-1 é suprimida, levando à regula-
cidade motora colabora para a atrofia das fibras tipo II, ção negativa e diminuição da síntese proteica. Quando
ocorre a denervação e transferência de funcionalidade equilibrado o IGF-1 ainda em condições normais, pre-
e isso faz com que fibras musculares tipo II tornem-se venção, maior à resistência à sarcopenia relacionada à
fibras do tipo I. Essas fibras são altamente resistentes à idade, retardando a perda de massa muscular (BIAN et
fadiga e são capazes de metabolizar a gordura para gas- al., 2017; PEDERSEN; FEBBRAIO, 2012). Essa e outras
to de energia, todavia, a importância das fibras do tipo II miocinas produzidas pelo músculo esquelético depen-
está na capacidade de execução de movimentos rápidos dem da contração; acrescentando mais um ponto ao
(subir e descer escadas) além da eficiência de recupe- ciclo vicioso, no qual inatividade física provavelmente
ração à posição após perda do equilíbrio. (MASTAGLIA, leva a uma resposta secretora ineficiente, o que poderia
2016) fornecer um mecanismo potencial para os malefícios do
Uma miocina importante e sinalizadora para o comportamento sedentário e muitas doenças crônicas
desenvolvimento muscular é o fator de crescimento se- limitantes. (PEDERSEN; FEBBRAIO, 2012),
melhante à insulina 1 (IGF-1), ele pode desencadear o

MONOGRAFIA AMINNU | 47
SARCOPENIA – Perda de: massa muscular, copenia. Agora no início de 2018, esse Grupo de Traba-
força muscular e/ou desempenho lho se reuniu novamente (EWGSOP2) para atualizar as
funcional caracterizações originais. A sarcopenia há muito tempo
A perda de massa e função do músculo esque- está associada ao envelhecimento e idosos, mas agora é
lético é denominada sarcopenia. Sarcopenia foi um ter- reconhecido que o desenvolvimento da sarcopenia pode
mo aplicado por Irwin Rosenberg em 1989 para definir a ser desencadeado em outras condições. Hoje, a sarco-
perda de massa muscular que ocorreria com o avanço penia é formalmente reconhecida como uma doença
da idade (MORLEY, 2012; ROSENBERG, 1989). Esse ter- muscular com um código de diagnóstico da CID-10-MC
mo não tinha sido cunhado antes porque a redução pro- (CAO; MORLEY, 2016) e o Guideline internacional para
gressiva de massa muscular era considerada inerente à rastreio, diagnóstico e tratamento da sarcopenia (ICFSR)
fisiologia do envelhecimento (Fig.13). recomenda que a sarcopenia seja rastreada pela SAR-
Em 2010, o Grupo de Trabalho Europeu sobre C-F (questionário que visa identificar indivíduos com
Sarcopenia em Pessoas Idosas (EWGSOP - European risco aumentado para sarcopenia) e diagnosticada por
Working Group on Sarcopenia in Older People) publicou baixa força muscular, baixa quantidade e/ou qualidade
uma definição de sarcopenia que visava promover avan- muscular e baixo desempenho físico (CRUZ-JENTOFT
ços na identificação e atendimento de pessoas com sar- et al.,2019; DENT et al., 2018).

Figura 13 - Força muscular e o curso da vida. Para prevenir ou retardar o desenvolvimento da sarcopenia, maximize o
músculo na juventude e na idade adulta, mantenha o músculo na meia-idade e minimize a perda na terceira idade.

Adaptado de Cruz-Jentoft, A. J. et al.2019

Estima-se ao redor do mundo a prevalência um estudo com pacientes idosos hospitalizados na cida-
em ambos os sexos está em torno de 10% (SHAFIEE et de de Salvador (BA, Brasil) estimou uma prevalência de
al., 2017) sugerindo que 5 a 13% das pessoas com ida- 21% no grupo. (MARTINEZ et al., 2015), Em outra comu-
des entre 60 e 70 anos e 11 a 50% das pessoas em seus nidade baiana, avaliando idosas residentes na comuni-
80 anos têm sarcopenia, (VON HAEHLING; MORLEY; dade o estudo apresentou uma prevalência de 17,8% de
ANKER, 2010). A prevalência de sarcopenia é de 14 a sarcopenia (DUTRA et al., 2015). Em idosos no estado de
33% na população de cuidados de longa duração (CRU- São Paulo a prevalência foi de 15,4% (ALEXANDRE et al.,
Z-JENTOFT et al., 2014) e a massa muscular magra de- 2012). Na região Sul, a prevalência encontrada em ido-
clina a uma taxa de aproximadamente 1% a 2% ao ano sos residentes na comunidade na cidade de Pelotas no
nas pernas e perda de força a 1,5 a 5% após os 50 anos Rio Grande do Sul foi de 13,9% (BARBOSA-SILVA et al.,
de idade (KELLER; ENGELHARDT, 2013; MORLEY, 2001; 2016). Outro estudo na região Sul, em um município da
VON HAEHLING; MORLEY; ANKER, 2010). No Brasil região metropolitana de Porto Alegre (cidade de Nova

MONOGRAFIA AMINNU | 48
Santa Rita) a prevalência encontrada foi 17,1% (FILIPPIN Sabendo que o músculo é um órgão contrátil
et al., 2017). biomecânico que interage com todo organismo e é es-
A EWGSOP2 divide a sarcopenia em classifica- sencial para a homeostase metabólica, podemos levantar
ções, descentralizando o envelhecimento e facilitando alguns motivos pelos quais o paciente pode desenvolver
o entendimento quanto a outros fatores desencadea- a sarcopenia. Diante de todos os relatos os mecanismos
dores da doença. A sarcopenia é considerada ‘primária’ mais comumente descritos que desencadeiam a sarco-
ou relacionada à idade é quando nenhuma outra causa penia são a falta de atividade muscular ou física e remo-
específica é evidenciada. A sarcopenia é considerada delação baixa das unidades motoras; desproporção en-
‘secundária’ quando fatores causais além do envelheci- tre síntese de proteínas e regeneração, com resistência
mento são evidentes, como, por exemplo, uma doença pós-prandial ao anabolismo; desequilíbrio de hormônios
sistêmica, especialmente uma que pode invocar pro- e citocinas, envolvendo hormônios sexuais, vitamina D,
cessos inflamatórios ou falência de órgãos. A inativida- hormônio do crescimento (GH), IGF-1 e cortisol; a pre-
de física também contribui para o desenvolvimento da sença de miostatina e citocinas pró-inflamatórias (TNF
sarcopenia, seja devido a um estilo de vida sedentário, e IL-6); estresse oxidativo e disfunção mitocondrial, com
a imobilidade ou incapacidade relacionada à doença. acúmulo de espécies reativas de oxigênio (Fig. 14)(BIAN
(CRUZ-JENTOFT et al., 2019). et al., 2017; CRUZ-JENTOFT et al., 2019).

Figura 14 - O exercício físico e a restrição calórica exercem efeitos tróficos / protetores nos músculos esqueléticos por
vários mecanismos.

Adaptado de RIUZZI et al., 2018

MONOGRAFIA AMINNU | 49
Comorbidades Relacionadas à Sarcopenia (perda de massa corporal e massa muscular ou aumento
Além das consequências inerentes a sarcope- da adiposidade), elevação dos níveis de citocinas infla-
nia, ela se desdobra na prática clínica em diversos vie- matórias, doenças crônicas relacionadas a diminuição
ses: ela aumenta o risco de quedas e fraturas, prejudica na capacidade de absorver os nutrientes, disbioses, ca-
a capacidade de realizar atividades da vida diária; está quexia, deficiência de vitamina D, medicamentos (ano-
associada a doença cardíaca, osteoporose; leva a dis- rexígenos, corticoides), entre outros fatores (MORLEY,
túrbios da mobilidade; e todos esses fatores contribuem 2012; MORLEY; ANKER; VON HAEHLING, 2014).
para a redução da qualidade de vida, perda da indepen-
dência ou necessidade de cuidados a longo prazo (CRU- Obesidade sarcopênica
Z-JENTOFT et al., 2014, 2019) Sabe-se que alguns pacientes apresentam a
perda progressiva de músculo e força com a idade e em
Caquexia muitas vezes coincidente com o aumento da adiposida-
A caquexia é outra comorbidade associada a de, e esse aumento acentuado no tecido adiposo visce-
promoção da sarcopenia e é caracterizada como uma ral pode ocorrer independentemente das alterações no
síndrome do complexo multifatorial no qual é evidencia- peso corporal total. A essa condição no qual o paciente
do uma grave perda de peso corporal (superior a 5% do apresenta-se obeso e sarcopênico entende-se por obe-
peso corporal em 12 meses ou menos), perda de massa sidade sarcopênica (LEVINE; CRIMMINS, 2012; TYRO-
muscular e gordurosa e aumento do catabolismo pro- VOLAS et al., 2016). A sarcopenia induz um declínio na
teico(MOLFINO et al., 2016). Os fatores que contribuem taxa metabólica basal, reduz a intensidade e a duração
para a caquexia é a redução ou perda do desejo de co- da atividade física, o que poderia aumentar o risco de
mer, e alterações metabólicas, como aumento do estado obesidade, mas os estudos tendem a acreditar que a
inflamatório, metabolismo de proteínas e lipídios e au- obesidade exacerba a sarcopenia pois, a inflamação
mento da proteólise muscular. A diminuição da massa presente no obeso atinge os músculos provoca também
magra, perda da capacidade de realizar atividades e por um aumento da infiltração de gordura e diminui a função
estar associado a condições como desnutrição energéti- física (KALINKOVICH; LIVSHITS, 2017; TIAN; XU, 2016).
co-proteica a caquexia pode evoluir concomitante a sar- Na falta de exercícios os músculos esqueléticos em
copenia(BYRNE et al., 2019; MOLFINO et al., 2016; VON contração liberam menos mioquinas e menor serão os
HAEHLING et al., 2019). efeitos endócrinos exercidos na gordura visceral (KIM;
CHOI, 2013).
Fragilidade A renovação de proteínas musculares se corre-
Outra condição de comorbidade é a incapaci- laciona negativamente com o tecido adiposo. O acúmulo
dade de desenvolver força muscular adequada ser uma de lipídeos no músculo esquelético promove resistência
das causas da fragilidade física. Nesta situação a sar- insulínica e resistência muscular ao anabolismo, o ex-
copenia contribui para o desenvolvimento da fragilidade cesso de adiposidade promove inflamação sistêmica e
física. A fragilidade representa um conceito muito amplo, disfunção metabólica. A resistência à insulina relaciona-
é uma síndrome geriátrica multidimensional que se ca- da à obesidade pode prejudicar o efeito anabólico da
racteriza pelo declínio em vários sistemas ou funções do insulina para suprimir a quebra de proteínas e estimu-
corpo, com patogênese envolvendo dimensões físicas e lar a síntese muscular resultando em uma diminuição
sociais. A sarcopenia se sobrepõe, os pacientes frágeis progressiva da massa muscular esquelética. (LEVINE;
apresentam em geral perda de peso não intencional, fra- CRIMMINS, 2012; TARDIF et al., 2014).
queza, exaustão e velocidade lenta da marcha com inca- Em um estudo desenvolvido por Zhou e colaboradores
pacidade (CRUZ-JENTOFT et al., 2019; DENT; KOWAL; (ZHOU et al., 2018) com um total de 48 participantes do
HOOGENDIJK, 2016; MORLEY, 2012). sexo masculino com obesidade sarcopênica (> 60 anos)
A fisiopatologia da sarcopenia é multifatorial, vá- observou-se que a suplementação com aminoácidos
rios processos contribuem para o seu desenvolvimento: essenciais oral diminuiu significativamente a massa gor-
Sedentarismo, longa permanência imobilizado, ingestão da e aumentou a massa muscular. Demonstram também
inadequada de micronutrientes, alterações endócrinas e que a associação a eletro-acupuntura melhorou ainda
hormonais, mudanças severas na composição corporal mais a resistência física dos pacientes.

MONOGRAFIA AMINNU | 50
Osteossarcopenia - Impacto da perda uma fratura de quadril têm uma taxa de mortalidade três
muscular na integridade vezes maior que a população em geral, em parte devido
Existe uma forte correlação entre perda muscu- a complicações enfrentadas após a fratura (ORMSBEE
lar e perda óssea. O músculo e o osso são o conjunto et al., 2014). Outro estudo realizado com 316 adultos
responsável pelos movimentos corporais e essa perda chineses com idade ≥65 anos constatou que 10,4% dos
concomitante aumenta mais o risco de fratura. homens e 15,1% das mulheres eram osteossarcopênicos,
Osteopenia/osteoporose é um distúrbio esquelético ca- com chances de fragilidade significativamente maiores
racterizado por comprometimento da força óssea, levan- quando comparado aqueles com osteoporose ou sarco-
do ao aumento do risco de fraturas (ORMSBEE et al., penia isoladamente (WANG et al., 2015).
2014).
O termo “osteossarcopenia”, foi proposto para Pouca Oferta de Aminoácidos Essenciais
representar um subconjunto frágil da população com Provenientes Da Alimentação
osteoporose e sarcopenia concomitantes (BINKLEY; Embora a ingestão intacta de proteínas seja o
BUEHRING, 2009). Esses pacientes têm um risco signi- meio mais comum de contato com os aminoácidos, ela
ficativamente maior de quedas, fraturas e têm uma taxa é um meio caloricamente ineficiente de fornecer ami-
de mortalidade significativamente maior que os pacien- noácidos essenciais e isso porque eles representam
tes osteoporóticos ou sarcopênicos isolados (PAINTIN; 40 a 45% do conteúdo total de aminoácidos na maioria
COOPER; DENNISON, 2018). das proteínas de alta qualidade (FERRANDO; TIPTON;
Osso e músculo não apenas interagem mecanicamente, WOLFE, 2010).
mas também se comunicam bioquimicamente por meio O perfil essencial dos aminoácidos, a digestibili-
de mecanismos parácrinos e endócrinos complexos, dade e a biodisponibilidade de aminoácidos das proteínas
a fim de manter a homeostase dos músculos e ossos. são determinantes críticos de seu potencial e qualidade
Tem-se que osteocalcina subcarboxilada circulante au- anabólica e algumas alterações na alimentação são ob-
menta a liberação de insulina e diminui a resistência à servadas no envelhecimento, normalmente ocorrem uma
insulina, levando ao aumento do crescimento muscular. redução da percepção alimentar olfativa, gustativa e/ou
Além das mioquinas, os ossos também liberam várias visual, levando a uma diminuição do apetite, uma menor
substâncias circulantes, por exemplo, a prostaglandina diversidade na composição da refeição e nas escolhas ali-
E2 e a osteocalcina, que fornecem uma comunicação mentares. Além disso o idoso pode apresentar anorexia,
estreita entre regulação funcional dos músculos e ossos má absorção, acesso limitado a alimentos saudáveis e
(MORLEY, 2017). limitações por outras condições (físicas e neurológicas)
O hormônio do crescimento/fator de cresci- (CLAESSON et al., 2012; RÉMOND et al., 2015).
mento semelhante à insulina-1 (GH/IGF-1), hormônios Os processos mecânicos e químicos da diges-
sexuais gonadais e vitamina D também estão diretamen- tão começa na boca, durante a mastigação. O alimento
te relacionados à condição saudável do complexo osso- é decomposto mecanicamente em pedaços menores,
-músculo (PAINTIN; COOPER; DENNISON, 2018). Outro auxiliado pela saliva que lubrifica e umedece, além de
fator associado à perda estrutural e independentemente conter enzimas, que seguem secretadas até o duodeno
do processo de envelhecimento, é o crescimento do te- e realizam o processo que digestão química seguida
cido adiposo, esse promove um aumento nas citocinas pela digestão microbiana no intestino posterior (RÉ-
pró-inflamatórias, além de alguns distúrbios hormonais MOND et al., 2015).
que levam à perda de tecido muscular e ósseo (ORMS- Os idosos tendem a ter falhas dentárias difi-
BEE et al., 2014). cultando o processo de maceração dos alimento e
A osteossarcopenia também está associada a um au- deficiência crítica de salivas e isso faz com que eles
mento significativo da mortalidade: um estudo recente escolham alimentos fáceis de macerar, especialmente
de 324 pacientes coreanos idosos com fratura de quadril aqueles menos fibrosos e ricos em gordura e carboi-
encontrou uma taxa de mortalidade em 1 ano de 15,1% dratos (RÉMOND et al., 2015; SMITH et al., 2013). Um
nos pacientes osteossarcopênicos, mais que a dos que estudo desenvolvido por (SMITH et al., 2013)Smith et al.,
eram apenas osteoporóticos (5,1%) ou sarcopênicos (2013) mostrou um declínio significativo (-50%) da saliva
(10,3%) (YOO et al., 2018). De fato, aqueles que sofrem em idosos.

MONOGRAFIA AMINNU | 51
A composição da microbiota de idosos se cor- é considerada o regulador do anabolismo das proteínas
relaciona significativamente com medidas de fragilida- musculares, isso pela sua capacidade de ativar mTOR.
de, comorbidade, estado nutricional e marcadores de Vários estudos mostraram que a mistura de amino-
inflamação, uma biodiversidade reduzida da microbiota ácidos essenciais com maior proporção de leucina
intestinal são frequentemente observadas em idosos, aumenta a síntese de proteínas e em maior extensão
no qual ocorre um declínio progressivo da respos- do que outras formas de proteína (LANDI et al., 2016;
ta imune da mucosa no intestino. Uma característica MORO et al., 2018).
do processo de envelhecimento é a imunosenescên- Um estudo randomizado desenvolvido por
cia, evidenciada por inflamação persistente mediada AQUILANI e colaboradores (2019) trabalhou com oi-
por NF-kB e perda de células T. Dada importância da tenta e três idosos que passaram por cirurgia de fra-
microbiota sabe-se que sua integridade está relacio- tura de quadril (20 ± 11 dias após trauma agudo) para
nada aos hábitos alimentares e sugere que a ingestão receber apenas a reabilitação (reabilitação; n  = 27),
adequada de nutrientes pode promover um envelheci- reabilitação + placebo (PR; n  = 28) ou reabilitação +
mento mais saudável (CLAESSON et al., 2012; MAN; aminoácidos essenciais ( ER 8 g/dia; n  = 28).
GICHEVA; NICOLETTI, 2014). O estudo mostra que a suplementação pode
A cinética de absorção e a composição de aumentar a taxa de recuperação da marcha em indiví-
aminoácidos são fatores importantes que devem ser duos que passaram por cirurgias de fratura no quadril.
considerados, pois a rapidez de absorção dos ami- Eles observaram que a suplementação com EAAs não
noácidos pelo intestino influencia a taxa de síntese apenas aprimorou os resultados da reabilitação, mas
proteica pós-prandial a quebra e a deposição de pro- também aumentou o número de indivíduos atingindo
teínas nos músculos (LANDI et al., 2016). Está bem es- um ganho de mais 50 metros.
tabelecido que o metabolismo proteico pós-absortivo Outro dado observado foi que os aminoácidos essen-
no músculo esquelético envelhecido não é normal. ciais exercem atividade anabólica para reparo dos teci-
Portanto, mesmo que comam muita proteína, os ido- dos. De fato, a cicatrização de feridas em todas as suas
sos geralmente não conseguem manter a massa mus- fases requer disponibilidade de aminoácidos essenciais
cular, pois não conseguem transformar proteínas em para a síntese de novo de uma enorme quantidade de
músculo rápido ou de maneira eficiente para acompa- proteínas e peptídeos, por exemplo o ß-hidroxi-ßmetil-
nhar a taxa natural de degradação do tecido.(MORO butirato (HMB), um metabólito da leucina que é eficaz
et al., 2018; WALL; DIRKS; VAN LOON, 2013) Essa res- na síntese de proteínas musculares e na prevenção da
posta atenuada da síntese de proteínas musculares degradação de proteínas, que por consequência acele-
à ingestão de proteínas e aminoácidos em idosos é ra a recuperação da ferida. Além disso, os aminoácidos
denominada resistência anabólica, que causa massa podem atenuar a dor muscular, um fator importante
muscular esquelética e sarcopenia em idosos. que interrompe a fisioterapia (AQUILANI et al., 2019).
Outro ensaio clínico randomizado, duplo-cego,
Proteína X Aminoácidos Essenciais – controlado por placebo, com 28 idosos submetidos a
Como Potencializar o Tecido Muscular artroplastia total de joelho conduzido por DREYER e
Embora o envelhecimento tenha um impacto colaboradores (2013) no qual os pacientes foram ran-
significativo no músculo esquelético, o músculo man- domizados para ingerir 20 g de aminoácidos essenciais
tém sua plasticidade e continua a se remodelar rapi- (n = 16) ou placebo (n = 12) duas vezes ao dia entre as
damente em resposta a estímulos como atividade fí- refeições durante 1 semana antes e 2 semanas após a
sica ao longo da vida. De uma maneira geral, todos os artroplastia. Os resultados mostram menos atrofia nos
quadros têm em comum essa necessidade de recupe- pacientes que ingeriam aminoácidos essenciais com-
ração e manutenção da massa muscular e para isso, parado ao placebo 6 semanas após a operação.
uma ingestão adequada de aminoácidos (LEITE et al., O tratamento com EAA atenuou a atrofia do quadrí-
2012). Os aminoácidos essenciais são o principal estí- ceps operada por 4,6 vezes x placebo em 2 semanas
mulo nutricional para a síntese de proteínas. A leucina após a operação como demonstrado no gráfico 10.

MONOGRAFIA AMINNU | 52
O tratamento com EAA atenuou a atrofia do quadríceps operada (ATJ) por 4,6 vezes versus placebo 2 semanas após a
operação. Os EAAs também mitigaram a atrofia do quadríceps e isquiotibiais operados e atrofia do músculo adutor em 3
vezes (quadríceps) e 2,2 vezes (isquiotibiais e adutores) após 6 semanas de pós-operatório e 3 e 4 vezes no quadríceps
e isquiotibiais e adutores, respectivamente, em coxa não operada.

Gráfico 10 - Atrofia muscular - Valores brutos da linha de base para quadríceps e isquiotibiais e perda de músculo adutor
entre os grupos.

Adaptado de Dreyer et.al 2013.

Os EAAs também atenuaram a atrofia do quadríceps e res) 6 semanas após a operação e 3 e 4 vezes nos qua-
isquiotibiais operados e a atrofia do músculo adutor em dríceps e isquiotibiais e adutores, respectivamente, na
3 vezes (quadríceps) e 2,2 vezes (isquiotibiais e aduto- coxa não operada (Fig. 15).

MONOGRAFIA AMINNU | 53
PLACEBO EAA
Pre TKA
2 wk after
6 wk after

Figura 15 - Imagens representativas de RM da coxa da coxa operada na linha de base (pré-cirurgia), 2 semanas após e 6
semanas após a artroplastia para os grupos placebo e aqueles que ingeriam os aminoácidos essenciais. As imagens do
placebo são de uma mulher de 71 anos e as imagens do EAA são de uma mulher de 74 anos.

Adaptado de Dreyer et.al 2013

MONOGRAFIA AMINNU | 54
Outro estudo, randomizado e duplo-cego, exa- ± 2 anos) se uma mistura de aminoácidos essenciais
minaram em 23 pacientes com doença pulmonar obs- com uma alta proporção de leucina estimulou o ganho
trutiva crônica (DPOC) moderada a muito grave (idade: líquido de proteína quando comparado a uma mistura
65 ± 2 anos) e 19 indivíduos saudáveis (idade: 64 anos de proteínas presentes no de soro de leite.

Média (± SE) ( A ) da concentração plasmática de EAA após a ingestão das misturas de 14 g de TAA) e EAA em controles
saudáveis (n = 19) ( B ) concentração plasmática de EAA após a ingestão das 7 g de misturas de TAA e EAA em pacientes
com DPOC (n = 23) ( C ) concentração plasmática de LEU após a ingestão de 14 g de misturas TAA e EAA em controles
saudáveis (n = 19) ( D ) concentração plasmática de LEU após a ingestão de 7 g de misturas TAA e EAA em pacientes com
DPOC (n = 23 ) TAA mixture: Mistura total de aminoácidos (mistura balanceada de EAA e não EAA). EAA mixture: Mistura
essencial de aminoácidos (mistura equilibrada de EAA e LEU adicional). EAA: aminoácido essencial. LEU: leucina.

Gráfico 11 - Ganho líquido de proteína após a ingestão de aminoácidos essenciais.

Adaptado de JONKER et al., 2017

MONOGRAFIA AMINNU | 55
Os resultados mostraram um ganho líquido de onina, l-fenilalanina, l-metionina, e l-triptofano) restaura
proteína de 42% maior em controles saudáveis e 49% a função muscular esquelética e o desempenho físico;
maior em pacientes com DPOC após a ingestão dos contribui para a independência física e melhora a eficá-
aminoácidos essenciais quando comparado a mistu- cia da reabilitação e a sua disponibilidade reduz o des-
ra no soro do leite. Conclui-se que em pacientes com perdício muscular após um acometimento que compro-
DPOC, da mesma forma que em idosos saudáveis, os meta o músculo esquelético.
suplementos de aminoácidos essenciais livre estimu- O AMINNU é um suplemento que apresenta os aminoá-
lam o anabolismo de proteínas do corpo inteiro mais do cidos essenciais com a proporção que disponibiliza me-
que os suplementos de aminoácidos na composição de lhor utilização do nitrogênio NNU. Isto significa que, 99%
proteínas completas (Gráfico 11) (JONKER et al., 2017). dos aminoácidos constituintes dessa mistura seguiram a
Diante dos fatos fisiológicos e dos estudo clí- via anabólica de metabolismo, agindo como precursor
nicos apresentados conclui-se que os aminoácidos es- na síntese de proteínas no organismo. Além disso, asso-
senciais são uma fonte fácil e rica para a manutenção da ciado ao fato que os aminoácidos essenciais possuem
homeostase bem como prevenção para o declínio fisio- um sabor característico, o desenvolvimento do AMINNU
lógico proporcionado pelo envelhecimento. foi pensado também para atender a melhor palatabilida-
A suplementação nutricional com aminoácidos de, mas sem adição de açúcar e ser um produto vegano,
essenciais (L-leucina, l-lisina, l-isoleucina, l-valina, l-tre- sem glúten, sem sódio e com baixo índice glicêmico.

Re f er ências Bibliográf icas :

ALE XANDRE, T. S. et al. Accuracy of Timed Up and BYRNE, C. A. et al. Expression of genes in the skele-
Go Test for screening risk of falls among community- tal muscle of individuals with cachexia/sarcopenia: A
-dwelling elderly. Brazilian Journal of Physical Thera- systematic review. PLoS ONE, v. 14, n. 9, p. 1–19, 2019.
py, v. 16, n. 5, p. 381–388, 2012.
CAO, L .; MORLEY, J. E. Sarcopenia Is Recognized as
AQUILANI, R. et al. Supplemented amino acids may an Independent Condition by an International Clas-
enhance the walking recovery of elderly subjects af- sification of Disease, Tenth Revision, Clinical Modi-
ter hip fracture surgery. Aging Clinical and Experi- fication (ICD-10-CM) Code. Journal of the American
mental Research, v. 31, n. 1, p. 157–160, 2019. Medical Directors Association, v. 17, n. 8, p. 675–677,
2016.
BARBOSA-SILVA, T. G. et al. Prevalence of sarcope-
nia among community-dwelling elderly of a medium- CLAESSON, M. J. et al. Gut microbiota composition
-sized South American city: Results of the COMO correlates with diet and health in the elderly. Nature,
VAI? Study. Journal of Cachexia, Sarcopenia and v. 488, n. 7410, p. 178–184, 2012.
Muscle, v. 7, n. 2, p. 136–143, 2016.
CRUZ-JENTOF T, A. J. et al. Prevalence of and inter-
BIAN, A. L. et al. A study on relationship between ventions for sarcopenia in ageing adults: A systema-
elderly sarcopenia and inflammatory factors IL-6 and tic review. Report of the International Sarcopenia Ini-
TNF-α. European Journal of Medical Research, v. 22, tiative (EWGSOP and IWGS). Age and Ageing, v. 43,
n. 1, p. 4–11, 2017. n. 6, p. 48–759, 2014.

BINKLEY, N.; BUEHRING, B. Beyond FRAX®: It’s CRUZ-JENTOF T, A. J. et al. Sarcopenia: Revised Eu-
Time to Consider “Sarco-Osteopenia”. Journal of Cli- ropean consensus on definition and diagnosis. Age
nical Densitometry, v. 12, n. 4, p. 413–416, 2009. and Ageing, v. 48, n. 1, p. 16–31, 2019.

MONOGRAFIA AMINNU | 56
DE SANTANA, F. M. et al. Association of Appendicu- KALYANI, R. R.; CORRIERE, M.; FERRUCCI, L. Age-
lar Lean Mass, and Subcutaneous and Visceral Adi- -related and disease-related muscle loss: the effect
pose Tissue With Mortality in Older Brazilians: The of diabetes, obesity, and other diseases. The Lancet
São Paulo Ageing & Health Study. Journal of Bone Diabetes & Endocrinology, v. 2, n. 10, p. 819–829, out.
and Mineral Research, v. 34, n. 7, p. 1264–1274, 2019. 2014.

DENT, E. et al. International Clinical Practice Guide- KELLER, K .; ENGELHARDT, M. Strength and mus-
lines for Sarcopenia (ICFSR): Screening, Diagnosis cle mass loss with aging process. Age and strength
and Management. Journal of Nutrition, Health and loss. Muscles, Ligaments and Tendons Journal, v. 3, n.
Aging, v. 22, n. 10, p. 1148–1161, 2018. 4, p. 346–350, 2013.

DENT, E.; KOWAL , P.; HOOGENDIJK , E. O. Frailty KIM, T. N.; CHOI, K . M. Sarcopenia : Definition , Epi-
measurement in research and clinical practice: A re- demiology , and Pathophysiology. p. 1–10, 2013.
view. European Journal of Internal Medicine, v. 31, p.
3–10, 2016. LANDI, F. et al. Protein intake and muscle health in
old age: From biological plausibility to clinical evi-
DREYER, H. C. et al. Essential amino acid supple- dence. Nutrients, v. 8, n. 5, p. 1–12, 2016.
mentation in patients following total knee arthro-
plasty. Journal of Clinical Investigation, v. 123, n. 11, p. LEITE, L . E. DE A. et al. Envelhecimento, estresse
4654–4666, 2013. oxidativo e sarcopenia: uma abordagem sistêmica.
Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 15, n.
DUTRA, T. et al. Prevalência e fatores associados a 2, p. 365–380, 2012.
sarcopenia em mulheres idosas residentes em co-
munidade. Revista Brasileira de Cineantropometria LEVINE, M. E.; CRIMMINS, E. M. The Impact of In-
e Desempenho Humano, v. 17, n. 4, p. 460–471, 2015. sulin Resistance and Inflammation on the Associa-
tion Between Sarcopenic Obesity and Physical Func-
FERRANDO, A. A.; TIPTON, K . D.; WOLFE, R. R. tioning. Obesity, v. 20, n. 10, p. 2101–2106, 7 out. 2012.
Essential amino acids for muscle protein accretion.
Strength and Conditioning Journal, v. 32, n. 1, p. 87– LI, C. WEI et al. Circulating factors associated with
92, 2010. sarcopenia during ageing and after intensive lifesty-
le intervention. Journal of Cachexia, Sarcopenia and
FILIPPIN, L. I. et al. Timed Up and Go test as a sar- Muscle, v. 10, n. 3, p. 586–600, 2019.
copenia screening tool in home-dwelling elderly per-
sons. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. MAN, A. L .; GICHEVA, N.; NICOLET TI, C. The im-
20, n. 4, p. 556–561, 2017. pact of ageing on the intestinal epithelial barrier and
immune system. Cellular Immunology, v. 289, n. 1–2,
JOANISSE, S. et al. Skeletal Muscle Regeneration, p. 112–118, 2014.
Repair and Remodelling in Aging: The Importance of
Muscle Stem Cells and Vascularization. Gerontology, MARTINEZ, B. P. et al. Frequency of sarcopenia and
v. 63, n. 1, p. 91–100, 2016. associated factors among hospitalized elderly pa-
tients Pathophysiology of musculoskeletal disorders.
JONKER, R. et al. Effectiveness of essential amino BMC Musculoskeletal Disorders, v. 16, n. 1, p. 1–7, 2015.
acid supplementation in stimulating whole body net
protein anabolism is comparable between COPD pa- MASTAGLIA, S. Osteosarcopenia: un factor de ries-
tients and healthy older adults. Metabolism: Clinical go para fracturas osteoporoticas. Acta bioquímica
and Experimental, v. 69, p. 120–129, 2017. clínica latinoamericana, v. 50, n. 3, p. 357–365, 2016.

KALINKOVICH, A.; LIVSHITS, G. Sarcopenic obe- MOLFINO, A. et al. Novel therapeutic options for ca-
sity or obese sarcopenia: A cross talk between chexia and sarcopenia. Expert Opinion on Biological
age-associated adipose tissue and skeletal muscle Therapy, v. 16, n. 10, p. 1239–1244, 2016.
inflammation as a main mechanism of the pathoge-
MORLEY, J. E. Anorexia, sarcopenia, and aging. Nu-
nesis. Ageing Research Reviews, v. 35, p. 200–221,
trition, v. 17, n. 7–8, p. 660–663, jul. 2001.
2017.

MONOGRAFIA AMINNU | 57
MORLEY, J. E. Sarcopenia in the elderly. Family Prac- world: A systematic review and meta- analysis of
tice, v. 29, n. SUPPL. 1, p. 44–48, 2012. general population studies. Journal of Diabetes and
Metabolic Disorders, v. 16, n. 1, p. 1–10, 2017.
MORLEY, J. E. Hormones and Sarcopenia. Current
Pharmaceutical Design, v. 23, n. 30, p. 4484–4492, SILVA, F. O. C. DA ; MACEDO, D. V. Exercício físico,
2017. processo inflamatório e adaptação: uma visão geral.
Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempe-
MORLEY, J. E.; ANKER, S. D.; VON HAEHLING, S. nho Humano, v. 13, n. 4, p. 320–328, 4 ago. 2011.
Prevalence, incidence, and clinical impact of sarco-
penia: facts, numbers, and epidemiology—update SMITH, C. H. et al. Effect of aging on stimulated sali-
2014. Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, v. vary flow in adults. Journal of the American Geriatrics
5, n. 4, p. 253–259, 2014. Society, v. 61, n. 5, p. 805–808, 2013.

MORO, T. et al. Muscle protein anabolic resistance to TARDIF, N. et al. Muscle ectopic fat deposition con-
essential amino acids does not occur in healthy ol- tributes to anabolic resistance in obese sarcopenic
der adults before or after resistance exercise training. old rats through eIF2α activation. Aging Cell, v. 13, n.
Journal of Nutrition, v. 148, n. 6, p. 900–909, 2018. 6, p. 1001–1011, 2014.

ORMSBEE, M. J. et al. Osteosarcopenic obesity: the TIAN, S.; XU, Y. Association of sarcopenic obesity
role of bone, muscle, and fat on health. Journal of Ca- with the risk of all-cause mortality: A meta-analysis
chexia, Sarcopenia and Muscle, v. 5, n. 3, p. 183–192, of prospective cohort studies. Geriatrics and Geron-
2014. tology International, v. 16, n. 2, p. 155–166, 2016.

PAINTIN, J.; COOPER, C.; DENNISON, E. Osteosar- TOURNADRE, A. et al. Sarcopenia. Joint Bone Spine,
copenia. British Journal of Hospital Medicine, v. 79, n. v. 86, n. 3, p. 309–314, 2019.
5, p. 253–258, 2 maio 2018.
T YROVOLAS, S. et al. Factors associated with skele-
PEDERSEN, B. K .; FEBBRAIO, M. A. Muscles, exer- tal muscle mass, sarcopenia, and sarcopenic obesi-
cise and obesity: Skeletal muscle as a secretory or- ty in older adults: a multi-continent study. Journal of
gan. Nature Reviews Endocrinology, v. 8, n. 8, p. 457– Cachexia, Sarcopenia and Muscle, n. October 2015,
465, 2012. p. 312–321, 2016.

RÉMOND, D. et al. Understanding the gastrointes- VON HAEHLING, S. et al. Ethical guidelines for pu-
tinal tract of the elderly to develop dietary solutions blishing in the Journal of Cachexia, Sarcopenia and
that prevent malnutrition. Oncotarget, v. 6, n. 16, p. Muscle: update 2019. Journal of Cachexia, Sarcope-
13858–13898, 2015. nia and Muscle, v. 10, n. 5, p. 1143–1145, 2019.

RIUZZI, F. et al. Cellular and molecular mechanis- VON HAEHLING, S.; MORLEY, J. E.; ANKER, S. D.
ms of sarcopenia: the S100B perspective. Journal of An overview of sarcopenia: Facts and numbers on
Cachexia, Sarcopenia and Muscle, v. 9, n. 7, p. 1255– prevalence and clinical impact. Journal of Cachexia,
1268, 2018. Sarcopenia and Muscle, v. 1, n. 2, p. 129–133, 2010.

ROSENBERG, I. H. Summary comments: : epidemio- WALL , B. T.; DIRKS, M. L .; VAN LOON, L . J. C. Ske-
logical and methodological problems in determining letal muscle atrophy during short-term disuse: Impli-
nutricional status of older persons. The American cations for age-related sarcopenia. Ageing Research
Journal of Clinical Nutrition, v. 50, n. 5, p. 1231–1233, Reviews, v. 12, n. 4, p. 898–906, 2013.
1 nov. 1989.
WANG, Y. J. et al. Sarco-osteoporosis: Prevalence
SAX TON, R. A.; SABATINI, D. M. mTOR Signaling in and association with frailty in Chinese community-
Growth, Metabolism and Disease. Cell, v. 168, n. 6, p. -dwelling older adults. International Journal of Endo-
960–976, 2017. crinology, v. 2015, 2015.

SHAFIEE, G. et al. Prevalence of sarcopenia in the WEI, Y.; ZHENG, X . F. S. Nutritional Control of Cell

MONOGRAFIA AMINNU | 58
Growth via TOR Signaling in Budding Yeast. In: [s.l: YOO, J. IL et al. Osteosarcopenia in patients with hip
s.n.]. p. 307–319. fracture is related with high mortality. Journal of Ko-
rean Medical Science, v. 33, n. 4, p. 1–9, 2018.
YAMADA, A. K . et al. Treinamento De Força/Sobre-
carga Mecânica E Sinalização Do Complexo 1 Do ZHOU, X . et al. The Effects of Electrical Acupuncture
Alvo Da Rapamicina Em Mamíferos Na Hipertrofia and Essential Amino Acid Supplementation on Sar-
Muscular Em Diferentes Modelos Experimentais: copenic Obesity in Male Older Adults: A Randomized
Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Ciência e Control Study. Obesity Facts, v. 11, n. 4, p. 327–334,
Movimento, v. 25, n. 1, p. 168–182, 2017. 2018.

MONOGRAFIA AMINNU | 59
MONOGRAFIA AMINNU | 60
AMINOÁCIDOS PARA POTENCIALIZAR Fadiga muscular e seu impacto na fisiolo-
O DESEMPENHO DE ATLETAS gia dos atletas
A capacidade de manter um alto nível de ativi-
Importância da Performance de atletas dade física, com fadiga muscular e recuperação adequa-
Atletas passam grande parte de suas vidas
das, depende da capacidade de integração de diferentes
exercendo e praticando suas atividades. Jogadores
sistemas fisiológicos (respiratório, circulatório, muscular,
de basquete, por exemplo, ficam durante horas do dia
endócrino) e da capacidade das células musculares es-
aperfeiçoando arremessos, assim como os patinadores,
pecíficas de gerar ATP de modo aeróbio. No trabalho
trabalham otimizando agilidade e equilíbrio. Na maioria
mecânico de contração muscular, que ocorre em ativi-
das vezes, todos têm um objetivo em mente, que quase
dades de performance, a energia necessária para fos-
sempre está relacionado com a conquista da vaga olím-
forilar o ADP em ATP é proporcionado pela degradação
pica. E como chegar lá? A rotina de treinamento de um
aeróbia de carboidratos, gorduras e proteínas. Caso não
atleta olímpico deve incluir dieta e hidratação adequa-
se consiga um ritmo estável entre a fosforilação oxidativa
dos, sono saudável, processo de recuperação muscular,
e as necessidades energéticas da atividade, desenvol-
preparação mental e aquecimento (HORTA et.al., 2020)
ve-se um desequilíbrio anaeróbio-aeróbio, acumula-se
Quando falamos em esporte de alta performan-
ácido láctico, a acidez nos tecidos aumenta e sobrevém
ce e nutrição para atletas de elite a nutrição funciona
rapidamente a fadiga (BROWN et al., 2016). O acúmu-
desta forma: Comida de verdade e suplementação ali-
lo de lactato durante o exercício intenso e prolongado
mentar adequada. A alimentação saudável, inclui car-
ocasiona no músculo uma diminuição do pH, fato asso-
boidratos simples e proteínas, e em muitas vezes não
ciado com à inibição da enzima PFK (fosfofrutoquinase),
é suficiente para demanda de reposição necessária. As
e redução na glicólise. Nesse mecanismo de inibição
proteínas, extremamente essenciais à fisiologia huma-
da glicólise, pelo decréscimo do pH, previne-se a aci-
na, são formadas por 20 tipos de aminoácidos como já
dez dentro da célula, que pode ser letal para a mesma
vimos anteriormente. Os aminoácidos essenciais, ad-
ou contribuir com o processo de fadiga precoce. O au-
quiridos apenas pela alimentação e suplementação não
mento na concentração de íons hidrogênio, posterior à
podem jamais serem esquecidos, pois servem de base e
atividades intensas também pode trabalhar interferindo
substrato para saúde física e mental dos atletas. A qua-
diretamente no processo de contração, ou no proces-
lidade proteica dos alimentos, ao contrário do que se
so acoplado de excitação e contração (CHAVES et. al,
pensa, não se mede pela porcentagem de proteína deste
2019). Nesses casos, a avaliação do lactato plasmático, é
alimento e sim pela quantidade, qualidade e disposição
uma das ferramentas utilizadas para avaliar a transição
dos aminoácidos na cadeia proteica (BROSNAN et.al,
do trabalho aeróbio para o anaeróbio, e a percepção da
2006)
fadiga (BROWN et al., 2016).

Figura 16 - Fisiologia da fadiga muscular

Fonte: Adaptado de BROWN et al., 1992

MONOGRAFIA AMINNU | 61
A amônia, produzida pelas reações celulares isoleucina, valina, aspartato, glutamato e asparagina), e o
durante o exercício, vem sendo associada tanto com a nível dos aminoácidos de cadeia ramificada na corrente
fadiga central, quanto a periférica. Entre os fatores que sanguínea pós-competições, reduz cerca de 20%, de-
influenciam a taxa de produção de amônia no músculo, vido ao seu consumo intramuscular (WAGENMAKERS,
durante o exercício podemos citar a composição relativa 2008). Em indivíduos adultos, os aminoácidos de cadeia
das fibras musculares; a intensidade e duração do exer- ramificadas são relevantes para a manutenção da pro-
cício (CHAVES et. al, 2019). teína corporal além de serem fonte de nitrogênio para
a síntese de alanina e glutamina. Os tecidos muscula-
Influência da suplementação com aminoá- res são formados por duas proteínas principais, actina e
cidos em atletas miosina. Os mais relevantes componentes destas duas
Segundo as investigações concentradas no proteínas são os ACR´s, devido às suas estruturas mo-
efeito do exercício, cada vez mais renova-se o interesse leculares. Eles correspondem a cerca de 35% dos ami-
na tendência de que o exercício intenso, não somente noácidos essenciais em proteínas musculares e, uma
em atletas, afeta o metabolismo de proteínas e aminoá- vez que a massa muscular de humanos é de cerca de
cidos, e que esses contribuem, com parcela significativa 40-45% da massa corporal total, verifica-se que grande
no rendimento de exercícios prolongados e performan- quantidade de ACR está presente em proteínas muscu-
ce, sendo essencial uma reposição ideal dessas substân- lares (MARCHINI et al., 1998). A suplementação com os
cias a fim de fornecer ao fisiológico substrato suficiente, mesmos aumenta a disponibilidade destes aminoáci-
reduzindo a perda de massa, aumentando performance dos, poupando o tecido muscular da degradação cata-
e reduzindo o processo de fadiga (LUCÀ-MORETTI et bólica, devido a intensidade do esforço físico e diminuin-
al., 2003) do a perda do tecido muscular. A leucina tem também a
LUCÀ-MORETTI et al. realizaram um estudo clí- propriedade de ativar o mecanismo de síntese proteica,
nico randomizado, duplo cego, comparativo entre dois promovendo o aumento da massa muscular. Além disso,
grupos com 10 participantes cada, constituídos todos de ACR apresentam potenciais efeitos terapêuticos, uma
atletas amadores e profissionais bem treinados e bem vez que além de atenuar a perda de massa magra du-
nutridos. O estudo foi conduzido por 28 dias e os grupos rante a redução de massa corporal, atuam em relação
dos participantes foram divididos entre um grupo que à fadiga central, favorecem a secreção de insulina, me-
tomou diariamente um suplemento de aminoácidos es- lhoram a imunocompetência, diminuem o grau de lesão
senciais como um substituto das proteínas da dieta e o muscular induzido pelo exercício físico e aumentam a
outro grupo que continuou fazendo uso de outros tipos performance dos indivíduos (SHIMOMURA et al., 2006).
de suplementos. Os resultados mostraram que os atletas A SÍNDROME DE OVERTRAINING tem sido um
utilizando o suplemento de aminoácidos e realizando ati- fenômeno cada vez mais observado entre atletas de eli-
vidade física, tiveram aumento da massa muscular, força te, sendo caracterizada por um excesso de treinamen-
e resistência do corpo; diminuição da gordura corporal; to capaz de promover diferentes sintomas indesejáveis,
aumento da taxa de metabolismo basal; maior melhora sendo a diminuição de desempenho o principal deles.
no desempenho dos músculos não prevalecentes em Inúmeros estudiosos têm se dedicado exaustivamente
comparação aos predominantes e melhor depuração a elucidar os mecanismos responsáveis pelo desenvol-
muscular e hematológica do lactato, que permite melhor vimento dessa síndrome para que medidas preventivas
desempenho e recuperação muscular mais rápida após possam ser elaboradas, afinal, a recuperação de um
a atividade física. Concluiu-se que o uso do suplemento atleta acometido por essa síndrome pode demorar cer-
de aminoácidos essenciais como substituto proteico da ca de seis meses, o que pode encerrar, precocemente,
dieta em conjunto com a atividade física pode fornecer carreiras consideradas promissoras (WAGENMAKERS,
uma maneira segura e sem precedentes de otimizar a 2008).
síntese proteica do corpo, melhorando assim as caracte- Acredita-se que a gênese da síndrome de over-
rísticas antropométricas e o desempenho físico e fisioló- training esteja diretamente relacionada com uma estra-
gico (LUCÀ-MORETTI, 2003). tégia de treinamento largamente utilizada pela grande
O músculo esquelético humano possui capa- maioria dos treinadores, denominada “teoria da super-
cidade de oxidar ao menos seis aminoácidos (leucina, compensação”, que se fundamenta no princípio da so-

MONOGRAFIA AMINNU | 62
brecarga progressiva. Essa teoria afirma que as reservas observada em atividades físicas prolongadas seria res-
energéticas gastas durante o processo de contração ponsável pela supressão da resposta imune associada
muscular são refeitas ou repostas apenas no período ao aumento da taxa de infecções observadas na síndro-
de recuperação, ou seja, de descanso. Essa reposição, me de overtraining. Desse modo, a disponibilidade de
por sua vez, não é feita em proporção igual à condição glutamina para as células do sistema imunológico tem
anterior ao exercício, mas acima dessa condição, o que sido alvo de inúmeros estudos envolvendo atletas em
caracteriza o processo de supercompensação. Neste períodos de treinamento intenso e competições. A bai-
processo, utiliza-se a estratégia de reduzir os períodos xa de glutamina pode ser controlada através da inges-
de recuperação entre uma sessão de treinamento e ou- tão de aminoácidos essenciais, já que no metabolismo
tra, a fim de se atingir o período de supercompensação dos mesmos ocorre transaminação pelas isoenzimas
apenas em momentos específicos, como no final de uma ATACR. A partir da reação catalisada pela ATACR, os
temporada de treinamento ou previamente a um evento ACR são convertidos nos seus respectivos cetoácidos.
competitivo específico. Contudo, a interrupção anteci- Concomitantemente, verifica-se que na reação cata-
pada dos períodos de recuperação, aliada ao aumento lisada pela ATACR há a conversão de α-cetoglutarato
progressivo do volume ou da intensidade de treinamen- – aceptor de nitrogênio oriundo dos ACR – em gluta-
to, torna a rotina do atleta cada vez mais extenuante. mato. A partir do glutamato pode ocorrer a síntese de
Essa “exaustão”; temporária induzida pelo excesso de outros aminoácidos, dentre eles a glutamina. Dados
treinamento tem sido denominada overreaching, uma epidemiológicos e experimentais sugerem que o exercí-
condição facilmente recuperada em curto prazo (WA- cio moderado aumenta a imunocompetência, enquanto
GENMAKERS, 2008). que durante o treinamento intenso e após um evento
É importante ressaltar que a síndrome de over- competitivo ocorre aumento da incidência de infecções
training pode acometer tanto atletas engajados em exer- do trato respiratório superior (ITRS) em atletas. Uma vez
cícios de endurance quanto aqueles envolvidos em pro- que o exercício prolongado e intenso causa diminuição
gramas de treinamentos de força e velocidade. Embora das concentrações plasmática e muscular de glutamina,
ambos os quadros sejam considerados overtraining, esse fato pode repercutir sobre a imunocompetência do
acredita-se que os mecanismos responsáveis pelo de- atleta (BROWN, et al., 2016).
senvolvimento dessa síndrome em atividades aeróbias e Nesse contexto, alguns estudos têm avaliado a
anaeróbias sejam distintos (BROWN, et al., 2016). efetividade da suplementação com ACR para manter a
Segundo a teoria proposta por Eric Newshol- concentração plasmática de glutamina e modificar a res-
me, a reduzida concentração plasmática de glutamina posta imune frente ao exercício de endurance exaustivo.

ACR ɑ-Cetoglutarato Alanina

ATACR AAT

Cetoácido de
Glutamato Piruvato
cadeia ramificada
ATP
NH3

GS
ATACR= aminotransferase de aminoácidos
de cadeia ramificada; AAT= alanina
aminotransferase; GS= enzima glutamina
sintetase. Fonte: ROGERO, 2008. Glutamina

Figura 17 - Relação entre o catabolismo de aminoácidos de cadeia ramificada (ACR) e a síntese de alanina e de glutamina
no tecido muscular.

Fonte: Adaptado Rogero, et al., 2015

MONOGRAFIA AMINNU | 63
A suplementação com L-Lisina, outro dos ami- direcionamento fisiológico passivo (WEISS et al., 2017).
noácidos essenciais, trabalha na imunidade dos atletas A falta de aminoácidos pode incluir níveis mais
já que é uma substância necessária à formação de anti- altos de estresse e ansiedade. Em uma publicação do
corpos e produção de hormônios e enzimas. Sua suple- Proceedings of the National Academy of Sciences, cien-
mentação pode ajudar o trato gastrointestinal a absorver tistas reportaram que ao suplementar dietas de atletas
mais cálcio, além de diminuir a quantidade do mineral com base de cereais com a L-lisina, reduz-se os níveis
que é eliminada pela urina. Embora não se saiba se isso de estresse e ansiedade crônicos. Portanto, se há uma
ajuda a reduzir a ocorrência de osteoporose, sabe-se falta de aminoácidos na sua dieta, a suplementação ade-
que a suplementação conjunta de lisina, arginina e tre- quada pode ajudar a melhorar sua saúde mental (WEISS
onina, ajuda a estimular o crescimento de novas células et al., 2017).
ósseas. Esses aminoácidos ainda possuem capacida- A treonina participa em muitas funções que en-
de de biossíntese na formação de colágeno e elastina, volvem a glicina e é importante para o crescimento mus-
melhorando as possíveis dores de atletas e mantendo a cular, essencial aos atletas em eventos pós-provas. O
saúde das cartilagens e tendões, além de ser fator fun- metabolismo de treonina é realizado pelas enzimas tre-
damental para aumento de massa magra. É essencial onina desidratase (classificação da enzima: 4.2.1.16), tre-
que esta produção de colágeno seja provinda de ami- onina desidrogenase (classificação da enzima: 1.1.1.103) e
noácidos, visto que o próprio colágeno não possui um treonina aldolase (classificação da enzima: 4.1.2.5).

Treonina Desidratase
CH3CHCHCOOH

NAD
NH2
L-Treonina
ɑ - Cetobutirato + NH4 2 - Amino - 3 - oxobutirato

Propionil - coA Treonina Aldolase

2 - Amino - 3 -
Aminoacetona oxobutirato -
coA ligase
Glicina + acetaldeído

Piruvato

Acetil-coA + Glicina

Figura 18 - Catabolismo da Treonina.

Fonte: DAVIS; AUSTIC, 1982b.

O esqueleto de carbono proveniente da L-treo- tese de enzimas digestivas e proteínas do sistema imu-
nina pela ação da treonina desidratase pode ser utiliza- ne, e promover um melhor funcionamento do fígado,
do como fonte energética ou para produção de glicose, prevenindo assim a acumulação de gorduras. Ela é o
atuando como fonte energética; e a glicina obtida pela aminoácido em maior concentração na mucina (mucosa
ação da treonina desidrogenase e pela treonina aldolase intestinal) e nos anticorpos, sendo que sua deficiência
será utilizada para as necessidades metabólicas, como pode comprometer o funcionamento do sistema diges-
síntese de proteína, serina, ácido úrico, sais biliares e tivo e imunológico e reduzir sua disponibilidade para
glutationa (ROSSONI, et. al., 2008). síntese de proteína muscular. Além disso, esse aminoá-
A treonina também tem funcionalidade na sín- cido facilita a absorção de outros nutrientes, a mantem o

MONOGRAFIA AMINNU | 64
equilíbrio líquido de nitrogênio, ajuda a proteger contra do entre a fadiga induzida pelo exercício e a qualidade
as infecções intestinais, e está implicada no transporte do sono. Portanto, é possível dizer que o exercício em
do fosfato e também na formação de colágeno e elasti- demasia, assim como um sono de má qualidade (quer
na, como citado anteriormente (VEEN C, 2016). seja por perturbação pelo exercício, quer seja por ou-
Um sono de boa qualidade é fundamental para tros distúrbios), pode prejudicar o rendimento durante
a restauração física e mental. No caso dos exercícios, os treinamentos ou mesmo durante provas importantes
entretanto, existe uma relação em forma de “U” inverti- (VEEN C, 2016).
QUALIDADE DO SONO

SOBRECARGA DO EXERCÍCIO

Figura 19 - Relação entre a sobrecarga do exercício e a qualidade do sono

Fonte: MARTINS; MELLO; TUFIK, 2001.

Um fator muito importante em relação ao atleta de síntese proteica pós-exercício, facilitando a resposta
é a saúde do sono, já que esse é o alimento do anabo- adaptativa do músculo ao treinamento físico (MELLO,
lismo e atividade muscular. Em um estudo realizado por 2015).
pesquisadores do Centro Médico da Universidade de O uso de aminoácidos essenciais é crucial nes-
Maastricht, nos Países Baixos, ficou constatado que ter se processo de sono reparador e anti- catabólico, como
um boa noite de sono pode contribuir para o aumento por exemplo, pelo fato do L- triptofano se converter em
de massa muscular, evitando em potência o catabolismo serotonina e melatonina em sua via de hidroxilação. Na
(LEBLHUBER, 2015). verdade, o triptofano é substrato para a produção de di-
Durante o sono muitos hormônios, principal- versas moléculas neuroativas com atividades biológicas,
mente hGH e a leptina, são liberados para fazer toda a como a serotonina (5-HT), a melatonina, a 3-hidroxiqui-
parte de regeneração tecidual, oxigenação sanguínea nurenina (3-HK), o ácido quinolínico (AQ), ácido quinu-
e restabelecimento da homeostase. Dormir mal pode rênico (QUINA), dentre outros. As duas principais vias de
afetar a produção hormonal e consequentemente o de- metabolização do triptofano conhecidas são a da 5-HTP
sempenho físico e mental. A ingestão de aminoácidos e da quinurenina (QUIN). Em torno de 95% do triptofano
anterior ao sono estimula a síntese proteica muscular e obtido da dieta é metabolizado pela via da QUIN, e cerca
inibe taxas de degradação proteica, além de melhorar de apenas 1% do TRP é convertido em 5-HTP no sistema
a recuperação pós-exercício e a hipertrofia do múscu- nervoso central (SNC), enquanto o restante é direciona-
lo esquelético. Portanto, a ingestão deles é amplamente do à síntese de proteínas e de melanina (LEBLHUBER,
indicada como uma estratégia para aumentar as taxas 2015).

MONOGRAFIA AMINNU | 65
Melatonina

Serotonina

Via da Serotonina

Melanina TRIPTOFANO Síntese proteica

Via da quinurenina

Quinurenina

NAD*

Figura 20 - Vias de metabolização do triptofano. Na via da serotonina, o triptofano é convertido em serotonina e melato-
nina. Na via da quinurenina, o triptofano gera a quinurenina e derivados como a NAD+ (nicotinamida adenina dinucleotí-
deo). Parte do triptofano ingerido na dieta serve ainda como fonte para a síntese de melanina e também como substrato
para a síntese proteica.

Fonte: CARVALHO et al., 2017.

Embora os estudos sobre o metabólitos do trip- bilidade à dor e capaz de proporcionar indução do sono,
tofano sejam, em geral, centralizados na via da 5-HT, de- já que esta pode ser convertida em melatonina (hormô-
vido à sua importância como neurotransmissor , as vias nio) através das enzimas N-Acetiltransferase e acetilse-
de metabolização do TRP já foram associadas a doen- rotonina O-metiltransferase. Além disso, esse aminoáci-
ças infecciosas como a imunodeficiência viral humana do é responsável pela síntese de vitamina B3 (niacina),
(HIV) (FAVRE, et.aL, 2010), na depressão (VEEN, et.aL, que transforma carboidratos, proteínas e gorduras em
2016), em doenças autoimunes como o lupus (LI Y, et.aL, energia, essencial para produção hormonal, mostrando
2015), e em inflamações diversas (WANG Q, 2016). Nos propriedades de estimulação da secreção de insulina e
últimos anos, a via das QUINs e do metabolismo do TRP hormônio do crescimento, essenciais a atletas (TIMO-
vêm ganhado destaque como um importante regulador -IARIA, 2010).
da produção de agentes neuroprotetores (como o áci- Levando em consideração as duas vias do trip-
do quinurênico, o ácido picolínico e o cofator NAD+ ) e tofano, relaciona-se sua utilização não somente ao sono
neurotóxicos (como o AQ e a 3-HK). O equilíbrio entre reparador e bem-estar do atleta mas, também como ex-
a produção destes metabólitos é controlado pela indo- celente antioxidante já que a via QUIN tem como síntese
lamina-2,3-dioxigenase (IDO) e sinais moleculares tais final o NADH. O NADH proporciona ao atleta melhoria
como interferon alfa (IFN-α) responsáveis por ativar o da síndroma de fadiga crónica, através do restabeleci-
metabolismo das QUINs em oposição às vias alternati- mento das reservas de ATP, aliviando os sintomas de
vas para a produção de 5-HT e melatonina. fadiga. Além disso, essa produção de NADH, provinda
O triptofano é capaz de gerar neurotransmissor dos aminoácidos, colabora na prevenção da inibição da
de ação relaxante e com capacidade de reduzir a sensi- hormona sexual testosterona e contribui para o reforço

MONOGRAFIA AMINNU | 66
de imunidade do atleta, através da reposição do oxigênio nal, na sua atividade metabólica e na sua distribuição lo-
despendido pelos macrófagos (MELLO, 2015). cal. O fenômeno acontece quando existe um predomínio
O NADH formado pela hidroxilação do triptofa- de microrganismos maléficos em relação aos benéficos
no pode ser visto como fator antioxidante celular, cau- à nossa espécie. A microbiota encontra-se em declínio,
sada por atividade físicas de alta performance, inclusive então as bactérias prejudiciais começam a se proliferar.
da dopamina provocada essencialmente pelo envelheci- A permeabilidade seletiva quando está inadequada, ab-
mento do cérebro. O Estresse oxidativo envolve aumen- sorve mais toxinas. As bactérias benéficas, em minoria
to na formação de ânion superóxido (O2 •-), peróxido de e fragilizadas, não conseguem mais desempenhar sua
hidrogênio (H2O2) e radical hidroxil (HO• ), dentre ou- importante função de defesa, deixando nosso corpo in-
tros, genericamente denominados de espécies reativas defeso (HE, et al., 2018).
de O2 (EROs), em detrimento das defesas antioxidan- A prática de exercícios físicos reduz o tempo de
tes químicas e enzimáticas disponíveis. Existem evidên- trânsito intestinal e diminui o contato de bactérias pato-
cias de que o óxido nítrico (NO· ) e derivados oxidantes gênicas com a camada mucosa gastrointestinal. Exercí-
(espécies reativas de nitrogênio, ERNs) são elevados cios de intensidade leve a moderada são benéficos ao
no organismo durante o exercício físico. Pode-se dizer, nosso organismo, protegendo o intestino contra obs-
portanto, que a atividade física intensa pode aumentar tipações, por exemplo. Já o exercício extenuante pode
a formação intracelular de ERO´s e promover estresse provocar alterações como, azia, náuseas, dores abdomi-
oxidativo. Estudos sobre estresse oxidativo realizados nais, vômitos, diarreias e sangramento gastrointestinal.
com animais experimentais e seres humanos demons- Os atletas de alto desempenho são os mais propícios a
traram que o aumento na atividade metabólica favore- apresentar distúrbios gastrointestinais ocorrem em exer-
ce a ocorrência de lesões oxidativas em biomoléculas. cícios vigorosos. A permeabilidade intestinal fica altera-
Como o treinamento esportivo e a competição elevam da, levando a absorção de toxinas (HE, et al., 2018).
acentuadamente a atividade metabólica celular, essas O motivo seria a produção excessiva de espé-
lesões podem assumir dimensões ainda maiores nessas cies reativas de oxigênio, que já citamos anteriormente,
condições (MELLO, 2015). causada pelo metabolismo aeróbico intenso, já que o
Os aminoácidos essenciais são tidos como fer- exercício extenuante provocaria lesões nos enterócitos,
ramenta essencial no que diz respeito à saúde gastroin- afetando a integridade da mucosa. Durante a atividade
testinal dos atletas. A microbiota intestinal é essencial física intensa há um aumento de 10 a 20 vezes do con-
à nossa vida. Complexo de diferentes espécies de mi- sumo total de oxigênio, além de um aumento de 100 a
crorganismos presentes no trato digestivo, com funções 200 vezes da captação de oxigênio pelo tecido muscu-
de: Recuperar energia através da fermentação de car- lar, o que favorece maior produção dos radicais livres.
boidratos; manter o sistema imunológico saudável, sem Dessa forma, exercícios extenuantes reduzem o fluxo
bactérias patogênicas e prejudiciais; regular o intestino; sanguíneo na região gastrointestinal, perdendo assim,
estimular o crescimento celular e ajudar na sua prote- a microbiota protetora. A isquemia da mucosa é capaz
ção; sintetizar vitamina B, vitamina K e ácidos biliares; de esgotar o ATP das células, gerar morte celular e sua
ajudar na digestão, melhorando a absorção dos nutrien- consequente inflamação. Tal isquemia, por consequên-
tes; prevenir infecções; equilibrar o pH intestinal; reduzir cia, libera ferro, que pode agravar a lesão do tecido. É
diarreias, obstinação e gases intestinais; eliminar toxinas necessário neutralizar a ação dos radicais livres para as
(MELLO, 2015). consequências não serem mais sérias (HE, et al., 2018).
Os aminoácidos de cadeia ramificada e o L-trip-
Funcionalidade dos aminoácidos em dis- tofano merecem destaque em relação à disbiose intesti-
biose de atletas nal, como citado no capítulo de Disbiose. Os aminoáci-
Quando há um desequilíbrio, entre essa relação dos irão aumentar a integridade intestinal e modulam a
mutualística, ocorre a disbiose que corresponde a mu- inflamação por aumentar a expressão de β-defensinas,
danças quantitativas e qualitativas na microbiota intesti- diminuição TNF-alfa e L-6 (HE, et aL, 2018).

MONOGRAFIA AMINNU | 67
Re f er ências Bibliográf icas : nético para deposição de carne, na fase de termina-
ção. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., Belo Horizonte , v.
HORTA, Thiago Andrade Goulart et al . Training load 60, n. 4, p. 884-889, Aug. 2008 .
impact on recovery status in professional volleyball
athletes. Rev Bras Med Esporte, São Paulo , v. 26, n. VEEN C., et al. Tryptophan pathway alterations in
2, p. 158-161, Apr. 2020 . the postpartum period and in acute postpartum psy-
chosis and depression. Journal of affective disorders.
BROSNAN, J. T.; BROSNAN, M.E. Branched-chain 189:298-305, 2016.
amino acids: enzyme and substrate regulation. J.
Nutr., v.136, p.207S-211S, 2006. LEBLHUBER F., et al. Elevated fecal calprotectin in
patients with Alzheimer ’s dementia indicates leaky
BROWN J., et al. Effects on cardiovascular risk fac- gut. J Neural Transm (Vienna), 2015.
tors of weight losses limited to 5–10 %. Transl Behav
Med. 6 (3): 339–346, 2016. MELLO M.T., et al. Sleep patterns and sleep-related
complaints of Brazilian interstate bus drivers. Braz J
CHAVES, Sandro Nobre et al . Fatigue and muscle Med Biol, Res 33:71-7, 2015.
function in prostate cancer survivors receiving diffe-
rent treatment regimens. Rev Bras Med Esporte, São FAVRE D. et al. Tryptophan catabolism by indolea-
Paulo , v. 25, n. 6, p. 498-502, Dec. 2019 . mine 2,3-dioxygenase 1 alters the balance of TH17 to
regulatory T cells in HIV disease. Science translatio-
LUCÀ-MORET TI M, et al. Comparative results be- nal medicine. 2(32):32ra6, 2010.
tween two groups of track-and-field athletes with or
without the use of Master Amino acid Pattern as pro- LI Y., et al. Behavioral deficits are accompanied by
tein substitute. Adv Ther. 20(4):195-202. 2003 immunological and neurochemical changes in a
mouse model for neuropsychiatric lupus (NP-S-
WAGENMAKERS, A. J. Muscle amino acid metabo- LE). International journal of molecular sciences.
lism at rest and during exercise: role in human phy- 16(7):15150-71, 2015.
siology and metabolism. Exerc. Sport Sci. Rev., v.26,
n. p.287-314, 2008. WANG Q., et al. Deregulated tryptophan-kynurenine
pathway is linked to inflammation, oxidative stress,
MARCHINI, J. S., et al. Métodos atuais de investi- and immune activation pathway in cardiovascular di-
gação do metabolismo proteico: Aspectos básicos e seases. Frontiers in bioscience (Landmark edition),
estudos experimentais e clínicos. Medicina, v.31, n.1, 20:1116, 2015.
p.22-30, 1998.
TIMO-IARIA C. Evolução histórica do estudo do
SHIMOMURA, Y., HARRIS, R. A. Metabolism and sono. In: Tufik S. Sono: aspectos básicos. São Paulo:
physiological function of branched-chain amino Instituto do Sono-Unifesp, 1-25, 2010.
acids: discussion of session 1. J. Nutr., v.136, n. p.232S-
-233S, 2006. HE, F. et al. Functions and Signaling Pathways of
Amino Acids in Intestinal Inflammation. BioMed Re-
WEISS E,. et al. Effects of weight loss on lean mass, search International, v. 2018, p. 1–13, 2018.
strength, bone, and aerobic capacity. Med Sci Sports
Exerc. 49 (1): 206-217, 2017. ROGERO, Marcelo Macedo; TIRAPEGUI, Julio. As-
pectos atuais sobre aminoácidos de cadeia ramifi-
ROSSONI, M.C. et al . Níveis de treonina digestível cada e exercício físico. Rev. Bras. Cienc. Farm., São
para suínos machos castrados, de alto potencial ge- Paulo , v. 44, n. 4, p. 563-575, dez, 2008 .

MONOGRAFIA AMINNU | 68
MONOGRAFIA AMINNU | 69

Вам также может понравиться