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FACULDADE FASEAL CEDDU

PÓS GRADUAÇÃO EM ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO


(AEE)

CLAUDIANA ARAUJO DOS SANTOS OLIVEIRA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A EVASÃO: REFLEXÕES SOBRE OS


DESAFIOS DA EJA

ARACAJU
2019
2

CLAUDIANA ARAUJO DOS SANTOS OLIVEIRA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A EVASÃO: REFLEXÕES SOBRE OS


DESAFIOS DA EJA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito parcial para obtenção do título de Pós
Graduado em Metodologias do Ensino da História
da Faculdade de Ensino Regional Alternativa –
FERA.

Orientador:

ARACAJU
2019
3

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A EVASÃO: REFLEXÕES SOBRE OS


DESAFIOS DA EJA1

Claudiana Araujo dos Santos Oliveira2

RESUMO

Nas últimas décadas a educação brasileira vivencia um cenário de mudanças no âmbito


educacional criadas para reparar um déficit na qualidade do ensino público. Nesse cenário,
insere-se a Educação de Jovens e Adultos – EJA, modalidade educacional criada para atingir
essa parcela de pessoas que não acompanham o fluxo da educação regular. Contudo a EJA
sempre vem acompanhada de um grande agravo público: a evasão escolar. E é este ponto que
desparta interesse em entender por que há tanta desistência na EJA, e porque há esse
desinteresse, motivação e dificuldade na aprendizagem? Este artigo objetiva falar sobre a
evasão na EJA, com intuito de entender melhor quais são os principais pontos que colaboram
para este frequente fracasso na educação brasileira. A metodologia constituiu em uma
pesquisa bibliográfica fundamentada em teóricos como: Morim (2003), Freire (2008), Gadotti
(2006), dentre outros que abordam a Educação de Jovens e Adultos, a partir dos quais
possibilitam uma melhor visão sobre a evasão escolar. O artigo está composto de um breve
relato sobre o histórico da EJA no Brasil bem como a articulação entre o trabalho docente e a
atuação no trabalho pedagógico sobre as causas da evasão na EJA. Como conclusão observa-
se ao término do texto que as causas da evasão na EJA encontram-se na necessidade de mais
formação continuada de professores da EJA, ressignificação do currículo escolar, além das
questões sociais que levam esses jovens ao abandono escolar.

Palavra-chave: EJA. Evasão escolar. Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

O tema evasão escolar está presente em todas as escolas do Brasil, porém com muita
frequência na Educação de Jovens e Adultos - EJA. Esse conflito leva a questionar sobre
quais os fatores que contribuem para evasão desses alunos. O objetivo desta pesquisa é
mostrar as causas que levam o aluno da EJA a evadir-se da escola, podendo assim apontar
possíveis alternativas para amenizar a problemática e incentivar o educador a rever a
metodologia aplicada em sala de aula.
A evasão de jovens e adultos está dentre os temas mais debatidos da atualidade.
Requerendo medidas sérias para amenizar a problemática que está se alastrando cada vez mais

1
Artigo apresentado à Faculdade de Ensino Regional Alternativa – FERA.
2
Pós Graduanda do curso de Metodologias do Ensino da História à Faculdade de Ensino Regional Alternativa –
FERA. Email: araujoclaudiana259@gmail.com
4

no âmbito educacional em todo país. Esta demanda está presente nas políticas públicas, na
ação dos educadores, dos coordenadores pedagógicos e equipe gestora.
Sabe-se que as pessoas que passam por processos educativos escolares terão
melhores condições para exercer a sua cidadania e autonomia, podendo conquistar seu na
sociedade, tendo assim mais oportunidades de se firmar em uma profissão. Por isso que se
considera a educação como o pilar para transformar a vida das pessoas.
Porém, problemas socioeconômicos, falta de qualificação dos profissionais e
metodologias inadequadas são alguns dos principais desafios encontrados de um modo geral
no sistema educacional, e a evasão escolar é um deles.
A metodologia aplicada está fundamentada na pesquisa bibliográfica e nas obras dos
autores: Morim (2003), Freire (1989), Gadotti (2006), dentre outros, buscando de modo
contundente, entender melhor o tema em foco e apontar algumas questões que indiquem um
caminho para o combate da evasão na EJA. Dessa forma, todo o trabalho será pautado nas
reais necessidades do aluno, incorporando temas emergentes e contemporâneos nas áreas do
conhecimento, os principais referenciais que abordam a esta modalidade de ensino.

BREVE HISTÓRICO DA EJA NO BRASIL

A história da EJA no Brasil é muito recente, embora tenha surgido desde o período
Colonial, as iniciativas governamentais no sentido de oferecer educação para os jovens e
adultos são recentes. No Brasil Colônia, a referência à população adulta era apenas para a
doutrina religiosa, abrangendo um caráter, exclusivamente religioso e pouco educacional.
Segundo Cunha (2009), “durante muito tempo, as escolas noturnas eram a única forma de
educação de adultos praticada no país”.
Do final da década de 50 a início da década de 60 surgiu uma intensa mobilização da
sociedade civil em torno das reformas de base. (CNER) - Campanha Nacional da Educação e
Serviço Social Rural; (MEB) - Movimento de Educação de Base; (CNB) - Conselho Nacional
dos Bispos no Brasil; (MCP) - Movimento de Cultura Popular e o (MOBRAL) - Movimento
Brasileiro de Alfabetização o qual começou nos estados de Recife, Paraíba e Sergipe. O
Mobral tinha três características básicas: independência institucional e financeira face aos
sistemas regulares de ensino e aos demais programas de educação de adultos; articulada de
uma organização operacional descentralizada (MORAIS, 2013).
5

Na década de 1970, houve inserção do ensino supletivo no sistema regular de ensino.


Os Centros de Estudos Supletivos completavam a atuação do Mobral, estendendo a
escolaridade além das primeiras séries.
Em 1985, o Mobral foi extinto e substituído pela Fundação Educar. A nova fundação
deveria fomentar programas destinados àqueles que não tiveram acesso à escola ou que dela
fora excluídos. A fundação era vinculada ao MEC e atuava com o apoio financeiro das
prefeituras municipais ou de associações da sociedade civil (MORAIS, 2013).
Em 1991, o MEC passou a enfocar as carências do ensino fundamental como
propiciadoras das altas taxas de analfabetismo. A extinção da Fundação Educar configura-se
um processo de transferência das obrigações com a Educação supletiva que era do governo
federal passando para os estados e municípios.
Em 1996, é aprovada a LDB. 9.394/96 na qual existem dois artigos tratando da EJA,
Por fim, em 2000, foram aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de
Jovens e Adultos. Contribuindo para mudança das iniciativas públicas dessa modalidade de
ensino que tinha como principal referência Paulo Freire com suas teorias e um novo
paradigma pedagógico. De acordo com a nova LDB 9.394/96.

No Artigo 3º - a igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, o


pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, a garantia de padrão de
qualidade, a valorização da experiência extra-escolar e a vinculação entre a
educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

O conceito de educação de adultos vai se movendo na direção de Educação Popular na


medida em que a realidade começa a fazer algumas exigências à sensibilidade e a
competência científica dos educadores e das educadoras. Não é possível a educadoras e
educadores pensar apenas os procedimentos didáticos, e os conteúdos a serem ensinados
serem totalmente estranhos àquela cotidianidade. A educação de adultos, virando Educação
Popular, tornou-se mais abrangente (ARROYO, 2005).
De acordo com Gadotti (2006), educadores e grupos populares descobriram que
Educação Popular é sobretudo o processo permanente de refletir a militância; refletir portanto
a sua capacidade de mobilizar em direção a objetivos próprios. Crianças e adultos se
envolvem em processos educativos de alfabetização com palavras pertencentes à sua
existência, palavras gravadas do mundo. Palavras e termos.
Assim compreendida e posta em prática, a Educação Popular pode ser socialmente
percebida como facilitadora da compreensão científica que grupos e movimentos podem e
devem ser acerca de suas exigências, esta é uma das tarefas fundamentais da educação
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popular de corte progressista, a de inserir os grupos populares no movimento de superação do


saber de senso comum pelo conhecimento mais crítico, mas além do "penso que é," em torno
do mundo e de si no mundo e com ele. Este movimento de superação do senso comum
implica uma diferente compreensão da História, implica entendê-la e vivê-la, sobretudo vive-
la, como tempo de possibilidade, o que significa a recusa a qualquer explicação determinista
(GADOTTI, 2006).
Educação Popular contribui ainda para que a compreensão geral do ser humano em
torno de si como ser social seja menos monolítico e mais pluralista, seja menos uni
direcionada e mais aberta à discussão democrata de pressuposições básicas de existência. Não
se pode medir a qualidade da educação de adultos pelos palmos de saberes sistematizado que
foram assimilados pelos alunos. Ela deve ser medida pela possibilidade que os dominadores
tiveram de manifestar seu ponto de vista e pela solidariedade que tiver criado entre eles. Daí a
importância da organização coletiva, é preciso criar o interesse e o entusiasmo pela
participação. O educador popular é um animador cultural, um articulador, um organizador,
um intelectual (GADOTTI, 2006).
Alfabetizar, conforme a leitura atual, não é uma coisa intrinsecamente neutra ou boa,
depende do contexto. A alfabetização na cidade e no campo tem consequências diferentes
para os alfabetizandos, a alfabetização por si só não liberta. É um fato somado a outros
fatores, e o alfabetizando que aprende a ler e escrever, mas não tem como exercitar-se na
leitura e na escrita, regride no analfabetismo.
Para Freire, (1989) a educação tem caráter permanente, não há. seres educados e não
educados. Estamos todos nos educandos, existem graus de educação, mas estes não são
absolutos. O homem, ser inacabado, incompleto, não sabe de maneira absoluta, somente Deus
sabe de maneira absoluta. Por isso, não podemos nos colocar na posição do ser superior que
ensina um grupo de ignorantes, mas sim na posição humilde daquele que comunica um saber
relativo a outros que possuem outro saber relativo. É preciso saber reconhecer quando os
educadores sabem mais e fazer com que eles também saibam com humildade.
Segundo Freire (1989), quando o homem compreende sua realidade, pode levantar
hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim pode transformá-la e,
com seu trabalho, pode criar um mundo próprio: seu eu e suas circunstâncias.
Nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre o homem e de uma
análise sobre suas condições culturais. Não há solução fora das sociedades humanas e não há
homens isolados, o homem é um ser de raízes-espaço-temporais, a instrumentação da
educação - algo mais que a simples preparação de quadros técnicos para responder às
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necessidades de desenvolvimento de uma área, depende da harmonia que se consiga entre a


vocação ontológica deste "ser situado e temperalizado", e as condições especiais desta
temperalidade e desta situacionalidade (FREIRE, 1989).
O homem é o ser sujeito e não objeto, pois quanto mais for levado a refletir sobre sua
situacionalidade, sobre seu enraizamento espaço-temporal, mais "emergirá" dela
conscientemente "carregado" de compromisso com sua realidade, da qual, porque é sujeito,
não deve ser simples expectador, mas deve intervir cada vez mais.
Freire (1989) estava convencido da capacidade inata das pessoas, pois já fizeram
experiências nos domínios visual e auditivo enquanto elas aprenderam a ler e escrever.
Contudo, ainda assim faltava o estímulo com que Freire poderia evocar o interesse pelas
palavras e sílabas em pessoas analfabetas. Faltava a "consciência" dos termos individuais
A metodologia usada no processo da EJA é baseada no método Paulo Freire,
conhecido nacionalmente e em alguns países, e que recebe o seu próprio nome, que é o
Método Paulo Freire. Baseado no todo para chegar à letra, e também nas experiências da vida
cotidiana dos alunos. Segundo a linha do educador Paulo Freire (1921-1997), o projeto
alfabetizar com base em termos geradores, fazendo a ligação dos conteúdos escolares com a
vida dos estudantes, um grande desafio para professores e jovens e adultos é acabar com a
estranheza que a escola causa a muitos, logo no primeiro dia de aula.
Por isso, a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro
como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto,
somente ajustado pelo educador. Essa é a razão pela qual procura-se um método que fosse
capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador e que identificasse o
conteúdo da aprendizagem com o processo de aprendizagem. Por sua razão, não se acredita
nas cartilhas que pretendem fazer instrumento também do educando e também do educador
como processo de aprendizagem, pretendendo fazer uma montagem de sinalização gráfica
como uma doação e que reduzem o analfabeto mais a condição de objeto de alfabetização do
que de sujeito da mesma.
De acordo com Fuck (2009), acreditar na capacidade de aprender de cada um
constitui-se fator preponderante para o resgate da autoconfiança, indispensável na
aprendizagem, porém desacreditada e marginalizada, ao longo de praticamente todas as suas
experiências, junto à sociedade letrada.
A Educação de Jovens e Adultos deve ser sempre uma educação multicultural, uma
educação que desenvolva o conhecimento e a integração da diversidade cultural, como afirma
Gadotti (2006), uma educação para a compreensão mútua, contra a exclusão por motivos de
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raça, sexo, cultura ou outras formas de discriminação e, para isso, o educador deve conhecer
bem como o próprio meio do educando, pois somente conhecendo a realidade desses jovens e
adultos é que haverá uma educação de qualidade. Considerando a própria realidade dos
educandos, o educador conseguirá promover a motivação necessária à aprendizagem,
despertando nelas interesses e entusiasmos, oferecendo-lhes um maior campo para o
atingimento do conhecimento.
O jovem e o adulto querem ver a aplicação imediata do que estão aprendendo e, ao
mesmo tempo precisam ser estimulados para resgatarem a sua autoestima, pois sua
“ignorância” lhes trará ansiedade, angústia e “complexo de inferioridade”. Esses jovens e
adultos são tão capazes quanto uma criança, exigindo somente mais técnica e metodologia
eficientes para esse tipo de modalidade. Esta é a razão pela qual busca-se um método que
fosse capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador, e que
identificasse, como claramente observou um jovem sociólogo brasileiro (Celso Beisiegel), o
conteúdo da aprendizagem com o processo de aprendizagem.
Hoje, como ontem, as posições de Paulo Freire com respeito à busca de novas práticas
educativas ganham força e nos levam a refletir: alfabetização é a aquisição da língua escrita,
por um processo de construção do conhecimento, que se dá num contexto discursivo de
interlocução e interação através do desvelamento crítico da realidade, como uma das
condições necessárias ao exercício da plena cidadania exercer seus direitos e deveres frente a
sociedade global.
De acordo com Ferreiro (2007), o papel do educador é mediar a aprendizagem,
priorizando nesse processo, a bagagem de conhecimentos trazida por seus alunos, ajudando-os
a transpor esse conhecimento para o “reconhecimento letrado”. A escrita não é um objeto
cultural, resultado do esforço coletivo da humanidade.
A incorporação dos códigos relativos à leitura e à escrita por parte dos alfabetizados e
letrados, tornando-os quase que "naturais", e o caráter comum da linguagem oral, obscurece o
quanto o acesso a estes bens representa um meio e instrumento de poder. Quem se vê privado
deles ou assume este ponto de vista pode aquilatar a perda que deles advém e as
consequências materiais e simbólicas decorrentes da negação deste direito fundamental face,
inclusive, a novas formas de estratificação social (SOARES, 2010).
A Educação de Jovens e Adultos deve ser vista como uma oportunidade concreta de
presença dessas pessoas na escola e uma alternativa viável em função das especificidades
socioculturais destes segmentos para os quais se espera uma efetiva atuação das políticas
sociais. É por isso que a EJA necessita ser pensada como um modelo pedagógico próprio a
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fim de criar situações pedagógicas e satisfazer necessidades de aprendizagem de jovens e


adultos (SHEIBEL, 2006).
Esta função reparadora da EJA se articula com o pleito postulado por inúmeras
pessoas que não tiveram uma adequada correlação idade/ano escolar em seu itinerário
educacional e nem a possibilidade de prosseguimento de estudos. Neste momento a igualdade
perante a lei, ponto de chegada da função reparadora, torna-se um novo ponto de partida para
a igualdade de oportunidades.
Esta tarefa de propiciar a todos a atualização de conhecimentos por toda a vida é a
função permanente da EJA que pode se chamar de qualificadora. Mais do que uma função, ela
é o próprio sentido da EJA. Ela tem como base o caráter incompleto do ser humano cujo
potencial de desenvolvimento e de adequação pode se atualizar em quadros escolares ou não
escolares. Mais do que nunca, ela é um apelo para a educação permanente e criação de uma
sociedade educada para o universalismo, a solidariedade, a igualdade e a diversidade.
A EJA proporciona também a conquista de conhecimentos até então obstaculizados
por uma sociedade onde o imperativo do sobreviver comprime os espaços da estética, da
igualdade e da liberdade. Esta compressão, por outro lado, também tem gerado, pelo
desemprego ou pelo avanço tecnológico nos processos produtivos, um tempo liberado.
Este tempo se configura como um desafio a ser preenchido não só por iniciativas
individuais, mas também por programas de políticas públicas. Muitos jovens ainda não
empregados, desempregados, empregados em ocupações precárias e vacilantes, podem
encontrar nos espaços e tempos da EJA, seja nas funções de reparação e de equalização, seja
na função qualificadora, um lugar de melhor capacitação para o mundo do trabalho e para a
atribuição de significados às experiências socioculturais trazidas por eles.

ARTICULAÇÃO ENTRE O TRABALHO DOCENTE E A APRENDIZAGEM

Discutir os saberes de uma prática educativa, crítica e/ou progressista, através dos
conteúdos programáticos obrigatórios auxilia os docentes, de maneira lúcida, sendo preciso
que o formando entenda-se como sujeito, também construtor do saber, pois ensinar não
significa apenas transmissão de conhecimentos, mas munir o educando de possibilidades para
o desenvolvimento de sua própria produção.
Segundo Gadotti (2006), a solução dos problemas educacionais não reside
exclusivamente na escola. A história tem mostrado que nenhum país do mundo
contemporâneo alcançou níveis elevados de alfabetização sem que suas populações tenham
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conquistado, simultaneamente melhorias substanciais nas suas condições de vida e uma


distribuição de renda muito mais equitativa.
Articular o trabalho docente não é algo fácil, mas é preciso saber mediar na
perspectiva de contribuir para a transformação do fazer pedagógico, considerando o
conhecimento, as experiências, os interesses e a forma de trabalhar que os professores já
adotam. Para tanto, é preciso levantar as dificuldades mais comuns que têm enfrentado em
sala de aula com seus alunos. A partir daí elencar as dificuldades de uma forma lógica,
coerente e depois planejar quais as melhores estratégias pedagógicas para auxiliar no processo
de aprendizagem do aluno.
Neste sentido, cabe ao mesmo organizar e coordenar as situações de aprendizagens,
adaptando suas ações às características dos alunos, para desenvolver suas capacidades e
habilidades intelectuais. Freire (2003, p.23) ensina que “Não há docência sem discência, as
duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à
condição de objetos, um do outro”. Cabe ao professor buscar metodologias diferenciadas para
atender às necessidades desta modalidade no sentido de dinamizar mais as aulas, encontrando
meios mais eficazes, na construção de conhecimentos. Nessas discussões, dar-se ênfase a
metodologias capazes de envolver os alunos, num prazeroso trabalho pedagógico, com o olhar
para a interdisciplinaridade dos conteúdos, proporcionando ao aluno a capacidade e a
curiosidade de entender a origem das coisas, tendo uma visão ampla do mundo.
A metodologia em torno de um trabalho organizado através de projetos, estudos de
campo, pesquisa de acontecimentos auaís entre outros, possibilitam ao aluno maior
envolvimento nas atividades propostas, contribuindo para o seu crescimento intelectual,
tornando um cidadão mais participativo e dinâmico. Esse trabalho avança de forma gradativa,
com resultados positivos pois cabe ao educador a responsabilidade de inserir-se no processo.
Desta forma os conhecimentos serão expandidos e melhor entendidos no contexto global.
Portanto, a escola não é o único lugar onde o aluno adquire conhecimento. Gadotti (2006,
p.298) diz que “A maior parte da aprendizagem ocorre casualmente e, mesmo, a maior parte
da aprendizagem intencional não é resultado de uma instrução programada. (...) A escola é
ineficiente no ensino das habilidades, principalmente porque é curricular”.
É fato, que cada aluno tem suas peculiaridades no tocante a aprendizagem, e quando
se refere aos alunos da EJA, tal é nosso espanto em depararmos com aquele aluno rico em
conhecimento. Para Morim (2003, p. 57) “O ser humano é um ser ao mesmo tempo
singular e múltiplo”. Dissemos que “todo ser humano, tal como ponto de um holograma, traz
em si o cosmo”.
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Para que todos tenham oportunidades de se alfabetizarem é fundamental levar em


consideração essas diferentes das realidades, Paulo Freire (1989, p.78 ) afirma em sua obra: A
pedagogia do Oprimido “que não há nada melhor para o desenvolvimento dos alunos, que o
respeito aos conhecimentos com os quais o aluno já chega ao adentrar a escola”.
Neste sentido, sugere-se conhecer a família do aluno, organizar palestras de
conscientização sobre os problemas enfrentados no contexto escolar; buscar ajuda psicológica
para os educando que necessitam de cuidados especiais com comportamentos inadequados;
bom relacionamento entre alunos e professores; desenvolver programa sócio - culturais, na
área do esporte, da música, da dança, do teatro e na qualificação dos professores dentro de
suas respectivas áreas.
A formação continuada dos docentes é um importante caminho para levá-lo à
reflexões constantes dos sucessos e insucessos de sua prática desenvolvendo projetos que
necessitem uma visão mais ampliada dos professores, ou seja, mobilizando o quadro a fim de
buscar melhorias na qualidade do ensino atribuído (BARCELOS, 2009).

A EVASÃO ESCOLAR NO BRASIL

No Brasil, a evasão escolar é um grande desafio para as escolas, pais e o sistema


educacional. Segundo os dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio
Teixeira) de cada cem alunos que ingressaram nas 1ª séries, cinco concluem o ensino
fundamental, ou seja, apenas 5 terminam a 8ª série (IBGE, 2007).
Em 2007, 4,8% dos alunos matriculados no Ensino Fundamental (1ª a 8ª séries/ 1º ao
9º ano) abandonaram a escola. Embora o índice pareça pequeno, corresponde a quase um
milhão e meio de alunos. No mesmo ano, 13,2% dos alunos que cursavam o Ensino Médio
abandonaram a escola, o que corresponde a pouco mais de um milhão de alunos. Muitos
desses alunos retornarão à escola, mas em uma incomoda condição de defasagem idade/série,
o que pode causar conflitos e possivelmente nova evasão.
As causas da evasão escolar são várias: condições socioeconômicas, culturais,
geográficas ou mesmo questões referentes aos encaminhamentos didáticos-pedagógicos e a
baixa qualidade do ensino das escolas. Os resultados implicam em perceber que os caminhos
da EJA ainda não cumpriram o seu devido papel de levar esses jovens à aprendizagem.
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Assim, refletindo um pouco mais sobre as causas da evasão na EJA é possível observar que
mesmo diante da sua relevância em dá uma oportunidade importante àqueles que não
puderam acompanhar o fluxo da educação regular, a EJA continua sendo o “calcanhar de
Aquiles” dos governantes. E a escola sente de perto os reflexos das suas fragilidades, quando
inicia uma turma com sua lotação máxima, e conclui o período letivo com menos de 30% dos
alunos.
Alguns motivos são apontados para justificar o que leva um jovem a evadir-se da
escola. Para se conhecer melhor esta realidade, é preciso saber: Por que os jovens de15 a 17
anos estão na EJA? Conhecer os motivos que fazem com que os adolescentes estudem na
Educação de Jovens e Adultos é muito importante. A presença de adolescentes na Educação
de Jovens e Adultos do Ensino Fundamental é preocupante, quase 20% dos matriculados têm
de 15 a 17 anos. O número de alunos dessa faixa etária na modalidade não tem sofrido
grandes variações nos últimos anos apesar da queda no total de matrículas (28,6%). Dados da
Ação Educativa com base nos Censos Escolares indicam que, em 2004, eram 558 mil
estudantes e, em 2.010, 565 mil.
O cenário tem chamado atenção dos especialistas da área. Por que esses
adolescentes estão freqüentando a modalidade, em vez de estar na Educação Básica regular?
Alguns extrapolam os muros da escola enquanto os outros têm a ver diretamente com a
qualidade da educação, ou seja, envolvem a Ministério da Educação (MEC), Secretaria
Municipal e Estadual, gestores e é claro, os professores que lecionam na modalidade. Três
grandes questões sociais fazem com que, todos os anos, muita gente desista de estudar ou
então deixe a sala de aula temporariamente, assim elencada:
Vulnerabilidade - Muitos estudantes enfrentam problemas com a pobreza extrema, o
uso de drogas, a exploração juvenil e a violência. “A instabilidade na vida deles não permite
que tenham a educação como prioridade o que os leva à abandonar a escola diversas vezes.
Quando voltam anos depois, só resta a EJA”, diz Maria Clara Di Pierro, docente da Faculdade
de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Trabalho – A necessidade de compor a renda familiar faz com que muitos alunos
deixem o Ensino Fundamental regular antes de concluí-lo. Os estudantes jovens de 15 a 17
anos no Ensino Fundamental, publicado este ano na série “Cadernos de Reflexões, do MEC”,
revela que 29% desse público que está matriculado do 1º ao 9° ano já exerçam alguma
atividade renumerada, sendo que 71% ganham menos de um salário mínimo: A dificuldade de
conciliar os estudos com o trabalho faz com que saiam do ensino regular para as turmas da
EJA, sobretudo no período noturno, por ser a única opção.
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Gravidez Precoce – A chegada do primeiro filho ainda na adolescência afasta muitos


da sala de aula, principalmente as meninas, que param de estudar para cuidar dos bebês e,
quando conseguem, retornam à escola tempos depois para a EJA. Assim, não estudam com
colegas bem mais novas e concluem o curso em um tempo menor.
Dentre outros motivos alegados pelos pais ou responsáveis para a evasão escolar dos
alunos também estão: escola distante de casa falta de transporte escolar, não ter um adulto que
as leve até a escola, doenças, falta de interesse e dificuldades de aprendizagem.
Cabe lembrar que a legislação brasileira, o ensino fundamental é obrigatório para as
crianças e adolescentes, sendo responsabilidade das famílias e do Estado garantir a eles uma
educação integral.
Segundo a LDB - 9.394/96 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o
número elevado de faltas sem justificativa e a evasão escolar ferem os direitos das crianças e
dos adolescentes. Nesse sentido, cabe a instituição escolar valer-se de todos os recursos dos
quais disponha, para garantir a permanência dos alunos na escola.
A referida Lei prevê ainda que, esgotados os recursos da escola, a mesma deve
informar ao Conselho Tutelar do município sobre os casos de faltas excessivas não
justificadas e de evasão escolar, para que o mesmo tome as medidas cabíveis.
A evasão escolar é um dos problemas enfrentados no sistema educacional brasileiro.
Torna-se mais grave na Educação de Jovens e Adultos, uma premissa da nova lei que têm por
principal objetivo a inclusão social por meio do processo de escolarização daqueles que não
tiveram oportunidade de ingressar/concluir os estudos no tempo regular. De acordo com a
LDB,

No artigo. “37, inciso I, A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que
não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na
idade própria”. Artigo 38 -Os sistemas de ensino mantêm cursos e exames
supletivos que compreenderam a base nacional comum do currículo, habilitando ao
prosseguimento de estudo em caráter regular. (LDBEN: 9.394/96).

Além disso, esse sistema de ensino assegura aos jovens e adultos, que não puderam
concluir os estudos em idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, levando em
conta as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
cursos e exames.
Essa modalidade de ensino além de oportunizar a instrução para jovens e adultos por
vários motivos, também possibilita o resgate da autoestima em uma nova perspectiva de vida
e inclusão social. Pois, a premissa do ensino em qualquer de suas modalidades é a construção
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do conhecimento, de competências e habilidades que são imprescindíveis ao desenvolvimento


integral dos alunos.
Contudo, a EJA tem um diferencial de lidar com alunos que passaram de um modo
ou de outro, por um processo de exclusão no contexto escolar. Seja por terem sido convidados
a retirar-se da escola, seja pela desmotivação que a escola gerou nesse aluno, ou por terem
abandonado para trabalhar e contribuir com alguma renda no grupo familiar.
Segundo Gadotti diz que,

[...] o jovem e adulto analfabeto é fundamentalmente um trabalhador, mesmo


estando em condição de subemprego ou mesmo desempregado, deve-se levar em
conta a diversidade deste grupo social [...] requer pluralismo, tolerância e
solidariedade em sua promoção na oportunidade de espaço e na alocação de
recursos. Esta população chega a escola com um saber próprio elaborado a partir de
suas relações sociais e seus mecanismos de sobrevivência GADOTTI e ROMÃO
(2006, p.120)

Essa situação faz toda a diferença, uma vez que a escola tem disponibilizado meios
necessários para inserir essa clientela; que na maioria das vezes, chegam desesperançosos,
com déficit de aprendizagem, dificuldades para acompanhamento dos conhecimentos
ministrados. Dessa forma, a EJA assume uma responsabilidade muito grande dentro do
contexto social brasileiro, pois sua missão e incentivar esses alunos a retornar ao convívio
escolar. De acordo com Soares (2010),

[...] os Fóruns são movimentos que articulam instituições, socializam iniciativas,


intervêm na elaboração de políticas e ações da área do EJA e ocorrem num
movimento nacional, com o objetivo de interlocução com organismos
governamentais para intervir na elaboração de políticas públicas (SOARES, 2010,
p.56).

É necessário destacar que o trabalho deve acontecer com a colaboração de todos,


assim o coordenador pedagógico deve estar preparado para mudanças e sempre pronto para
motivar a sua equipe. O trabalho em equipe é fonte inesgotável de superação e valorização do
profissional. No pensar de Soares (2006, p.36) “Para que haja resultado positivo, é preciso
que os envolvidos na prática de ensino aprendizagem entendam a própria complexidade que
esse processo do alfabetismo nos remete”. Portanto, ensinar não é transferir conhecimentos,
conteúdos ou formar, é ação pela qual um sujeito criador dar forma, estilo ou alma a um corpo
indeciso e acomodado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Neste trabalho buscou-se refletir sobre os desafios frente à evasão escolar na EJA.
Analisando questões emblemáticas no processo educativo, tais como: os desafios da atuação
pedagógica docente, a situação do contexto político e social como elementos influenciados da
grande margem de jovens e adultos não alfabetizados, e a formação continuada dos
professores.
A Educação de Jovens e Adultos é um direito importante e valioso que leva uma nova
oportunidade a todos àqueles que não conseguiram acompanhar o fluxo do ensino regular. Por
isso, nesta pesquisa resolveu-se tratar desse tema é que de suma relevância, por representar
uma fragilidade do sistema educacional que acaba refletindo a sua ineficácia, deixando à
margem muitos brasileiros.
A falta de formação continuada aos docentes e a prática pedagógica em sala de aula
aponta para uma das questões emergenciais a serem tratadas pelas políticas públicas
direcionadas à EJA.
Deste modo, enfatiza-se através desta pesquisa a necessidade de mudanças tanto no
currículo, na qualificação do docente e de políticas públicas que visem sanar as dificuldades
encontradas nas salas de aulas da EJA, a fim de promover uma educação mais eficaz, que
consiga levar estes jovens e adultos ao processo de aprendizagem.
Sabe-se que melhorar a educação desta modalidade é um processo complexo e de difícil
execução, mas é preciso rever todo o sistema educacional, observar o porquê destes jovens
optarem por desistir e evadir-se da escola, conhecendo melhor os contextos sociais que fazem
com que o abandono escolar seja uma opção mais atrativa.
Por isso, é importante deixar uma reflexão sobre a EJA, ressaltando que os índices de
evasão nesta modalidade de ensino não apontam somente para um possível fracasso nesta
etapa de escolarização, mas mostra o acúmulo de tantos outros fracassos que o ensino regular
vem tendo com esses alunos, a ponto de necessitar corrigir seus erros depois. Portanto, é
preciso que a sociedade, gestores públicos e educadores dialoguem mais sobre os seus erros, e
possam, juntos, evidenciar onde exatamente a educação deve ser melhorada.
Em suma, a evasão escolar na EJA representa um fato persistente que apontam para
falhas nas políticas públicas da educação, como também apresentam o retrato de uma nação
que não consegue garantir um dos principais direitos sociais mais importantes ao cidadão:
uma educação de qualidade.

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