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Nascido na cidade de São Paulo, é contador formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo e
mestre profissional em Controladoria pela mesma universidade.
Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e grande porte como contador em áreas de Custos e
Orçamentos e foi consultor em sistemas de controladoria da desenvolvedora alemã SAP.
É também autor de materiais para ensino a distância, redige livros didáticos e atividades de apoio educacional e
instrucional, elabora avaliações e grava aulas em estúdio audiovisual, além de ser radialista e apresentador de televisão
com DRT.
148, p. il.
U502.90 – 19
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Sueli Brianezi Carvalho
Andréia Andrade
Sumário
Contabilidade
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 CAMPO DE ATUAÇÃO DA CONTABILIDADE.............................................................................................11
1.1 Esquentando os motores.....................................................................................................................11
1.2 Conceitos de contabilidade............................................................................................................... 13
1.3 A contabilidade como sistema de informação e controle.................................................... 16
2 GRUPOS DE INTERESSE NA INFORMAÇÃO CONTÁBIL...................................................................... 17
2.1 A contabilidade e as finanças empresariais................................................................................ 17
2.2 A contabilidade, a economia e o direito ..................................................................................... 20
3 O BALANÇO PATRIMONIAL........................................................................................................................... 22
3.1 Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido............................................................................................... 22
3.2 Princípios básicos de origens e aplicações de recursos......................................................... 28
3.3 Conceitos de Conta.............................................................................................................................. 33
4 BALANÇOS SUCESSIVOS: CONCEITUAÇÃO E PRÁTICA...................................................................... 34
4.1 Operações envolvendo contas de ativo, passivo e patrimônio líquido........................... 35
Unidade II
5 MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS....................................................................................................... 55
5.1 Mecanismo de débito e crédito ...................................................................................................... 55
5.2 Registros Contábeis: livro diário e livro-razão.......................................................................... 61
5.2.1 O balancete de verificação................................................................................................................... 65
6 VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ...................................................................................................71
6.1 Despesas, receitas e resultado...........................................................................................................71
6.2 Apuração do resultado e transferência para o patrimônio líquido ................................. 79
6.3 Registros das operações contábeis – regime de caixa e regime de competência.................87
6.3.1 Ajustes contábeis conforme regime de competência............................................................... 88
Unidade III
7 INTRODUÇÃO À ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL...........................................................103
7.1 Ativo Circulante................................................................................................................................... 112
7.2 Ativo não circulante........................................................................................................................... 114
7.3 Passivo Circulante............................................................................................................................... 115
7.4 Passivo não circulante....................................................................................................................... 116
7.5 Patrimônio líquido.............................................................................................................................. 117
8 INTRODUÇÃO À ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO..........122
8.1 Receitas brutas.....................................................................................................................................126
8.2 Receitas líquidas..................................................................................................................................126
8.3 Lucro bruto............................................................................................................................................127
8.4 Receitas (despesas) operacionais .................................................................................................127
8.5 Resultado antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre
o lucro líquido..............................................................................................................................................128
8.6 Resultado líquido do exercício.......................................................................................................128
APRESENTAÇÃO
Este livro-texto propõe-se a atingir o objetivo da disciplina Contabilidade, tomando como base seu
Plano de Ensino, que é “contribuir para o desenvolvimento das competências requeridas dos alunos,
para que possam exercer o papel de contadores e de administradores, conforme definidas no Projeto
Pedagógico do Curso/PPC, em consonância com as diretrizes Curriculares Nacionais para Graduação em
Ciências Contábeis – Resolução CNE/CES nº 10/2004 e de Administração – Resolução CNE/CES nº 4/2005.
Mais especificamente, o objetivo traçado para esta disciplina é proporcionar meios ao aluno para
que conheça como são elaboradas ou “produzidas” as demonstrações financeiras e as inter-relações
e interdependências dos seus componentes, ou seja, “saber utilizar as Demonstrações Financeiras ou
Contábeis como fonte de informações de natureza econômica, financeira e patrimonial para tomada de
decisões nos processos de controle e planejamento das operações”.
É importante que antes de convidar o aluno para aprender como fazer uma leitura das demonstrações
financeiras/contábeis1, pois este é um conhecimento indispensável para a tomada de decisões no
campo das finanças empresariais, ele conheça o processo ou “a aventura” necessária para obter uma
demonstração financeira/contábil, sendo esse esforço também um auxílio para que o aluno compreenda
as informações que esses informes objetivo transmitir para a sociedade. Quanto melhor o conhecimento
em Contabilidade, melhor a compreensão das demonstrações financeiras/contábeis.
Não se trata de um livro “introdutório”, no sentido de trazer apenas uma leve e simplificada
amostra do que seja contabilidade. Muito menos existe a preocupação de esgotar o assunto e discutir
temas avançados ou casos extraordinários e complexos. Então, este livro-texto traz noções que serão
imprescindíveis para as outras disciplinas, que acrescentarão conhecimentos mais avançados em um
ambiente multidisciplinar. O Método das Partidas Dobradas, por exemplo, é imprescindível para todo o
curso. Normalmente, os professores de disciplinas mais avançadas irão considerar que o aluno já tem
conhecimento suficiente para aplicá-lo.
É importante também comentar que muitos dos termos que serão introduzidos facilitarão a
compreensão do aluno para seu desenvolvimento em disciplinas de outras áreas da Administração.
Por exemplo, o aluno que conhecer o conceito (ou a “conta contábil”) de “capital social” irá facilmente
compreender o que é uma “ação” na Bolsa de Valores. E, se esse mesmo aluno conhecer o conceito
contábil de “resultado”, terá melhores condições para entender o que é uma debênture. Ambos os
exemplos pensando-se na disciplina de Mercado de Capitais.
Para tal, elaborou-se um texto com a intenção de ter fácil compreensão, com muita teoria e prática.
1
Na legislação brasileira, em muitos momentos, os termos “demonstrações financeiras” e “demonstrações contábeis”
aparecem como sinônimos, embora tecnicamente existam demonstrações emanadas da contabilidade e de outros trabalhos
administrativos. Para este livro-texto, demonstrações financeiras/contábeis significam o conjunto de demonstrações
obrigatórias definidas nas Leis nº 6.404/1976 e 11.638/07 (de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade).
7
O conteúdo a ser abordado aplica-se, sem distinção, a empresas de qualquer porte e/ou ramo, e
atualmente com as normas internacionais de contabilidade em praticamente todos os países do planeta.
Neste livro-texto, houve uma preocupação em mesclar exemplos de instituições de pequeno, médio e
grande porte. Além disso, analisamos o empreendedorismo, tema fundamental para o contador.
INTRODUÇÃO
Acredito que a primeira pergunta que você deve estar fazendo não seja: “Para que estudar
contabilidade?”. Considero que, por ter escolhido um curso de Administração ou Ciências Contábeis,
você já saiba que esta é uma disciplina muito importante para a sua vida acadêmica e profissional. Você
demonstra vocação para esse tema. Imagino que a sua dúvida inicial então deva ser: “Como começar a
estudar contabilidade?”. E, talvez, se vale a pena estudar contabilidade, principalmente se você ainda não
tiver consolidado a sua vontade de ser um administrador ou contador.
Como iremos estudar a seguir, há muitos interessados na contabilidade, dada a sua importância.
Porém, nem todos veem importância na contabilidade. Imagino inclusive que muitos de seus amigos
e/ou colegas tenham criticado a sua escolha de ser um administrador e/ou um contador. E é fácil de
entender por que isso está acontecendo. No Brasil, a contabilidade estava sendo preparada, na maioria
dos casos, apenas para fins tributários. Os contadores eram vistos como uma espécie de braço do
governo, mais uma obrigação em meio a um mar de burocracia.
Essa situação era um pouco melhor no exterior, onde a profissão contava com certo glamour. Nos
Estados Unidos, por exemplo, a profissão contábil era fortemente associada ao mercado de capitais.
Mas com o avanço das telecomunicações e da tecnologia da informação, muitos perguntavam se a
contabilidade ainda teria relevância no mundo atual. Para complicar as coisas, surgiram grandes
escândalos contábeis, e os usuários da contabilidade fizeram muitas críticas sobre os seus procedimentos.
Uma mesma empresa poderia dar lucro em um país e prejuízo em outro, mudando‑se apenas as regras
contábeis.
8
Nos últimos anos, os contadores entenderam que normas fortes e com validade em todo
o planeta deveriam ser implantadas. Surgiu então um esforço de harmonização contábil
internacional exigindo que, mais do que “preparadores de números”, os contadores forneçam
dados qualitativos e interpretem os negócios. Mais do que isso, além de relatar o que ocorreu
no passado, os contadores precisam relatar o que poderá ocorrer no futuro, antecipando‑se
a mudanças. Esse movimento de harmonização contábil internacional é certamente um dos
grandes projetos da humanidade. Poucas vezes uma profissão conduziu um projeto de magnitude
como esse.
Tudo isso significa que, ao escolher estudar Administração e/ou Ciências Contábeis, você certamente
optou por uma das profissões mais relevantes da atualidade; desde já, entenda que você não é um(a)
aluno(a) que está apenas recebendo conhecimento, você é um agente de mudança porque também fará
parte desse grande esforço de harmonização contábil internacional.
Nesta disciplina você estará sendo preparado para a ação, ou seja, terá contato com uma base de
conhecimento imprescindível. Ao final deste estudo, espera‑se que você tenha formado habilidades para
conhecer a contabilidade e agir em ambiente profissional.
Todo e qualquer lugar pode ser um ambiente perfeito para estudar. Mas, para estudar da melhor
forma possível, cada um tem suas individualidades e manias. Há pessoas que conseguem absorver bem
um assunto a partir de uma simples leitura. Outros não têm muita paciência para ler e preferem fazer
exercícios. Há ainda os que têm predileção por livros coloridos, preenchidos com gráficos, elementos
visuais e resumos, ou aqueles que não gostam de teorias acadêmicas e dão preferência a livros que
ilustrem exemplos práticos e, assim, retratem o cotidiano empresarial. Desse modo, quando este trabalho
foi elaborado, pensou‑se em mesclar estratégias de ensino para que ele se tornasse interessante. No
entanto, o que viria a ser um conteúdo interessante? O que seria um conteúdo chato? Essas respostas
dependem de sua postura como aluno. Por isso, a recomendação é: aproveite este livro‑texto com olhos
interessados.
É claro que você é livre para estudar da maneira que achar melhor e que acreditar ser
mais eficiente. Porém, nesse sentido, sugere‑se que, antes de qualquer atitude, seu estudo
seja iniciado pela bibliografia. Verifique livros, artigos e referências que foram utilizados na
elaboração deste livro‑texto. Em seguida, percorra as unidades, sempre fazendo as atividades
propostas.
Como estudante de educação a distância, você é um autodidata, o que significa que precisa
de disciplina e muita motivação. Contabilidade é uma disciplina que exige concentração e
assiduidade, justamente o que no mundo atual é muito difícil! Para tornar seu estudo mais
eficiente, recomendo reservar algumas horas do seu tempo exclusivamente para estudar
contabilidade, não se dedicando ao mesmo tempo a mais nada (evite atender ao telefone,
receber mensagens, conversar com os amigos nas redes sociais da internet, deixar a TV ligada
em um noticiário, estar próximo a crianças ou animais e a outras distrações).
9
Para tornar seu estudo mais agradável e prazeroso, escute música clássica! Isso mesmo,
estudos internacionais têm mostrado que ela é excelente para o estudo. Ou escolha músicas
de que você goste, não necessariamente as clássicas, mas evite as que distraiam em demasia,
como o heavy metal .
Observação
Interaja sempre com os tutores, com seus colegas e com o professor nos
fóruns. Além disso, contribua com pesquisas, curiosidades e observações.
Neste livro-texto, abordaremos os aspectos básicos da contabilidade, incluindo seu histórico e grupos
de interesse das informações contábeis. Estudaremos transações que envolvem contas patrimoniais:
ativo, passivo e patrimônio líquido e a constituição do Balanço Patrimonial. Veremos o Método das
Partidas Dobradas, conhecido popularmente como débito e crédito, e também as variações do patrimônio
líquido (despesas, receitas e resultado). Por fim, estudaremos a estrutura (grupos e subgrupos) do Balanço
Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE).
Para cada uma das unidades, há perguntas para aguçar sua curiosidade. Essas perguntas estão
dispostas na seguinte figura:
Qual é a
dinâmica da
O que é contabilidade?
contabilidade?
Como os fatos
são registrados na
contabilidade?
Como interpretar
as demonstrações
financeiras/contábeis?
Vamos lá!
10
CONTABILIDADE
Unidade I
1 CAMPO DE ATUAÇÃO DA CONTABILIDADE
O que é
contabilidade?
Figura 2
Antes de responder a essa pergunta, é muito importante entender quais são as necessidades do
atual ambiente de negócios. Para isso, trago um caso pioneiro de uma empresa que está oferecendo
uma solução para a implantação dos veículos elétricos e que é um exemplo “à flor da pele” de
empreendedorismo:
O texto a seguir foi baseado no impressionante relato de Senor e Singer (2011), e a intenção
em trazer esse relato é provocá‑lo. Assim como fazemos um “aquecimento” antes de iniciar
exercícios físicos, trata‑se de uma preparação muito útil para absorver melhor os conteúdos
teóricos que nos aguardam. Há muitos anos o mundo discute a possibilidade de utilizar novas
e modernas tecnologias para substituir a dependência do petróleo que, em alguns países, é
absoluta. Atualmente, há várias tecnologias com esse objetivo, desde os combustíveis verdes
(sendo o Brasil uma referência nesse tipo de combustível, com o pioneiro programa Proálcool)
até o carro elétrico, tido por muitos como uma ótima (ou, talvez, a melhor) solução.
Porém, ocorre que a tecnologia do carro elétrico ainda é incipiente. Muitos carros
elétricos atuais são híbridos, ou seja, mistos entre as tecnologias antigas e as novas, mas
isso não resolve o problema. Os cientistas afirmam que baterias são a melhor forma de
armazenar energia, mas elas precisam de tempo para reabastecimento. Nesse sentido, o carro
a gasolina ainda é imbatível. Enquanto um carro elétrico precisa de muitas horas para ser
11
Unidade I
Ainda mais ousado do que isso, inspirado no procedimento já praticado pelas operadoras de telefonia
celular, veículos poderiam ser disponibilizados de graça aos clientes, desde que eles assinassem um
pacote de serviços. Ou seja, em vez de o cliente comprar um carro, compraria um plano de quilômetros
e receberia um carro novo.
Saiba mais
A ambiciosa ideia de Shai Agassi, que foi apoiada por ninguém menos que o estadista Shimon
Peres e, posteriormente, pelo executivo brasileiro Carlos Ghosn, é carregada de expectativas e
riscos altíssimos. Observe que um alto executivo da indústria automobilística demoliu a ideia,
recomendando veementemente que fosse abandonada. Certamente, não se trata de uma maldade
ou mesmo de um jogo de interesses; esse executivo está apoiado em dados e pesquisas que indicam
que não é um empreendimento que deve receber esforços. Porém, a ideia de tirar do papel o sonho
dos carros elétricos foi adotada por esses homens, que não são apenas ambiciosos, mas acima de
tudo teimosos.
12
CONTABILIDADE
• Qual deve ser a postura de um empreendedor como Shai Agassi ou Carlos Ghosn? Entusiasmada
ou conservadora?
• Que estrutura um administrador e um contador devem proporcionar para que possam atender às
necessidades de informação dos sócios da empresa, dos outros gestores e dos usuários externos?
Saiba mais
Agora que já estamos devidamente “aquecidos”, vamos iniciar o nosso estudo teórico sobre a
contabilidade.
A contabilidade é a ciência que desenvolveu uma metodologia que capta, registra, acumula, resume
e analisa todos os fatos econômicos e financeiros que ocorrem em uma entidade.
13
Unidade I
Que tal observar a definição de contabilidade de outro professor, por exemplo, um professor de
origem norte‑americana? O professor Michael P. Griffin (2012, p. 3‑4), que é vice‑reitor da Charlton
Business School da Massachusetts University, em Dartmouth, ensina que:
Na introdução do seu livro, o professor Griffin (2012, p. 11) ensina ainda que a contabilidade “é
a linguagem dos negócios”, sendo que exatamente a mesma frase é utilizada pelo professor Niyama
(2005), da Universidade de Brasília, um dos maiores especialistas em contabilidade internacional
no Brasil.
Observação
Em ambos, podemos ver que a contabilidade tem um campo de atuação muito amplo, podendo
ser utilizada em diversos tipos de entes, ou melhor, “entidades”. Por entidade compreendemos desde as
pessoas físicas até as instituições de Direito Público, como Estados, Municípios e União, passando por
instituições privadas, com ou sem fins lucrativos, como é o caso das fundações.
14
CONTABILIDADE
Observação
As transações ou operações que ocorrem em uma entidade são, dentre outros exemplos, compras,
vendas, pagamentos e recebimentos. Imagine uma loja de sapatos. Durante um dia rotineiro de trabalho,
essa loja certamente venderá alguns pares de sapatos, gerando a necessidade de repor os estoques. Para
isso, o gerente da loja irá emitir um pedido de compras. Quando as mercadorias chegarem e as prateleiras
forem reabastecidas, o fornecedor dos sapatos e o transportador deverão ser pagos, e os clientes terão
de pagar pelos sapatos que compraram. Para que essa loja possa funcionar adequadamente, precisará
estar limpa, iluminada e bem-decorada – significando gastos que igualmente precisam ser pagos.
Cada um dos gastos, compras e vendas recebe a denominação, no jargão contábil, de transação ou
operação contábil. Esses eventos, em geral, estão associados a documentos comprobatórios, como a
nota fiscal, a fatura, a duplicata, a nota promissória e o recibo. Captação, registro, acúmulo e resumo
das transações da entidade geram as demonstrações contábeis, das quais o nosso curso se ocupará com
o balanço patrimonial e com a demonstração de resultado do exercício.
Lembrete
Nessas duas definições de contabilidade é possível observar ainda que o processo contábil não existe
apenas para acumular dados, mas também para formar e analisar informações. Basicamente, as funções
da contabilidade são dispostas na seguinte figura:
Contabilidade
Função econômica e
Função administrativa financeira
Prestar informações
15
Unidade I
Captar, acumular e
resumir transações
Tomada de decisão
O trabalho na contabilidade se inicia, conforme estudamos nesta unidade, com a captação dos
fenômenos que afetam a situação patrimonial da entidade. Para isso, costuma‑se sintetizar todo esse
trabalho em algumas atividades básicas, como captar, acumular e resumir transações.
Imagine a seguinte situação: em uma empresa que produz pranchas de surfe, o proprietário
fixou uma meta de produção para o diretor industrial e metas de vendas para os vendedores.
Durante o mês, o contador capta dados, acumula‑os e os resume, apresentando demonstrativos.
Ao receber esses demonstrativos, o proprietário (usuário interno) interpreta que o diretor industrial
teria alcançado a meta, mas não os vendedores, o que teria gerado estoques acima do previsto.
Assim, uma das decisões que podem ser tomadas é a de produzir menor quantidade de pranchas
e, talvez, de valor mais elevado.
Ainda nesse mesmo exemplo, imagine que um gerente de banco (usuário externo) observe nos
demonstrativos que o proprietário da empresa teria vendido uma maior quantidade de pranchas
16
CONTABILIDADE
a prazo. O gerente poderá, então, oferecer um serviço de cobrança mais adequado ou evitar
conceder um empréstimo a essa empresa, de acordo com as políticas do banco.
Lembrete
Vimos que Griffin (2012) citou a importância da contabilidade para as finanças empresariais
de uma forma geral. Mais especificamente, Griffin (2012, p. 137) comenta que “a contabilidade
é a matéria‑prima da análise financeira”. Não sem razão, uma vez que os dados contábeis são
fundamentais para que os analistas financeiros possam analisar os dados das empresas e tomar
decisões.
Para Matarazzo (2003), as demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa,
de acordo com regras contábeis. A análise de balanço transforma esses dados em informações e será
tanto mais eficiente quanto melhores informações produzir.
A maior parte dos autores ligados à área financeira costuma dizer que o processo de análise
de balanços se inicia logo após o processo contábil. Esses processos são descritos nas figuras a
seguir:
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Unidade I
Processo contábil
Fatos
Compras Pagamentos
Vendas Recebimentos
Escrituração
Diário Razão Livros fiscais
Apuração do resultado
Lucro ou prejuízo
Demonstrações contábeis
Balanço patrimonial
Demonstração do resultado do exercício
Demonstração do fluxo de caixa
Demonstração do valor adicionado
Notas explicativas
Figura 5
Análise de balanço
Exame e padronização
Balanço patrimonial Demonstração do resultado do exercício
Índices-padrão
Cálculos e comparação
Relatório de análise
Elaboração do relatório de forma clara para determinado usuário
Figura 6
18
CONTABILIDADE
Por conta das necessidades dos analistas, era comum até alguns anos atrás a solicitação de relatórios
ad hoc para as empresas, o que de certa forma gerava problemas de confiabilidade nas próprias
demonstrações financeiras e criava mais trabalho para os contadores.
Observação
Nesse sentido, a IASB e o CPC no Pronunciamento Conceitual Básico orientam os contadores a não
mais preparar relatórios ad hoc, elaborando de forma mais atenta as próprias demonstrações financeiras
como o balanço patrimonial. Esse aspecto é muito importante para conferir maior credibilidade para o
trabalho contábil em geral.
• investidores;
• outros credores.
A seguir, citações literais do CPC (retiradas do Pronunciamento Conceitual Básico) a respeito disso:
Lembrete
Saiba mais
A contabilidade possui uma ampla gama de usuários, dentro e fora da empresa contabilizada.
Alguns autores, como Santos (2005), para fins de estudo e organização, costumam separar os
usuários da contabilidade em dois tipos:
• os usuários internos;
• os usuários externos.
Externamente, organizações e indivíduos procuram ter uma avaliação acerca da empresa, ainda que
não tenham acesso direto à sua rotina diária. Vejamos alguns usuários e sua relação com a contabilidade:
• Usuários internos:
— Gestores financeiros: analisam, por meio da contabilidade, a posição financeira expressa por
dinheiro e direitos a receber, bem como as obrigações a serem saldadas com esses recursos.
— Gestores de produção: analisam a relação entre despesas e receitas, bem como os níveis de
estoques.
20
CONTABILIDADE
— Gestores em geral: qualquer um que precise entender e analisar a história da empresa expressa
em unidades monetárias.
— Sócios: querem saber de seus haveres, do lucro a que fazem jus e do real desempenho da
empresa. Usam a contabilidade para cobrar resultados dos administradores.
• Usuários externos:
— Fornecedores: utilizam, dentre outros recursos, a contabilidade, para avaliar se o cliente terá
capacidade de pagar pelos produtos comprados a prazo.
Há ainda grupos de interesse diversos, como o governo, que usa largamente as informações contábeis
para fins de arrecadação e fiscalização de impostos, e para a formação de políticas econômicas, a partir
dos dados que as demonstrações financeiras oferecem.
Podemos citar muitos outros interessados, como funcionários, órgãos de classes, pessoas e diversas
instituições, como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o CRC (Conselho Regional de Contabilidade),
empresas concorrentes, jornalistas em busca de informações para suas matérias e muito mais.
21
Unidade I
3 O BALANÇO PATRIMONIAL
Qual é a dinâmica
de contabilidade?
Figura 7
A seguir, estudaremos o patrimônio empresarial, assunto que é descrito em muitos livros como
“estática patrimonial” e que representa o “balanço patrimonial”, uma das demonstrações financeiras que
as empresas apresentam frequentemente ao mercado.
O balanço patrimonial apresenta, do seu lado esquerdo, o ativo, ou seja, os bens e direitos da empresa;
e, do lado direito, o passivo, que são as obrigações com terceiros em geral, como fornecedores, banqueiros
e funcionários, o patrimônio líquido, e as obrigações com terceiros específicos, nas sociedades limitadas
representados pelos quotistas, e, nas sociedades anônimas, representados pelos acionistas.
No Brasil, a estrutura de um balanço patrimonial é definida na Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades
Anônimas), que foi posteriormente modificada pelas Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09, reconhecendo no
22
CONTABILIDADE
Quadro 1
Balanço patrimonial
Passivo
Ativo
Patrimônio líquido
Os bens materiais, corpóreos ou tangíveis são objetos que a empresa tem para uso (armários,
prateleiras, computadores, máquinas, automóveis, vitrines etc.), troca (mercadorias e dinheiro) ou
consumo (como materiais de limpeza, de expediente e de embalagem).
Observação
23
Unidade I
Já os bens imateriais, incorpóreos ou intangíveis correspondem àqueles que, por sua natureza, não
se consegue tocar. Os bens imateriais são cada vez mais importantes no patrimônio de uma empresa,
muitas vezes, assumindo valores maiores do que os dos bens físicos dos quais a empresa dispõe.
Saiba mais
Os direitos são todos os valores que a empresa tem para receber de terceiros.
24
CONTABILIDADE
O passivo significa as obrigações exigíveis da empresa, ou seja, as dívidas que serão cobradas, conforme
a data de seu vencimento. Conhecido como dívidas com terceiros em geral ou, ainda, passivo exigível.
Observação
O patrimônio líquido é considerado o capital próprio da empresa, enquanto
o ativo são as aplicações tanto do capital próprio como do capital de terceiros.
Muitas vezes, costumamos confundir a figura do proprietário (ou dos proprietários), como se ele e
a empresa fossem a mesma coisa. Por mais que um negócio seja profundamente vinculado a alguém, a
empresa tem uma personalidade jurídica, e a pessoa física tem outra completamente diferente. Assim, a
empresa “deve” recursos ao proprietário – daí dizermos que o patrimônio líquido é uma obrigação para
“terceiros em específico”.
abertura, prometer que irá depositar nela determinada quantia de dinheiro ou bens e direitos. A esse
ato dá‑se o nome de subscrição de capital, representada pela promessa de investimento feita
pelos sócios na conta capital a integralizar. Trata‑se de um direito da empresa perante os sócios,
e devido a isso se coloca a conta no ativo. O investimento ou o capital inicial dos proprietários é
representado pela conta capital social, vista no patrimônio líquido.
Quadro 7
Balanço patrimonial
Ativo Passivo
Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 30.000,00
Banco R$15.000,00 Impostos a pagar R$ 15.000,00
Duplicatas a receber R$ 20.000,00 Salários a pagar R$ 10.000,00
Imóveis R$ 200.000,00 Empréstimos R$ 150.000,00
Veículos R$ 30.000,00
Total R$ 205.000,00
Patrimônio líquido
Capital social R$ 60.000,00
Reservas de lucros R$ 5.000,00
Total do ativo R$ 270.000,00 Total passivo + PL R$ 270.000,00
Podemos observar:
26
CONTABILIDADE
Capital de terceiros
Capital próprio
Figura 8
O patrimônio bruto ou capital à disposição da empresa é o total dos bens + direitos, isto é,
o ativo.
Iudícibus et al. (2010, p. 20) descrevem ainda uma situação mais restrita, que às vezes ocorre em
uma empresa, que é o passivo suplantar o ativo, ou o que se chama de Patrimônio Líquido Negativo e
que é conhecido popularmente como “passivo a descoberto”. Em uma situação desse tipo, a fórmula da
Equação Fundamental do Patrimônio fica:
Vamos estudar a partir de agora os principais usos da contabilidade. Já vimos nas próprias definições
de contabilidade que se trata de um conhecimento de aplicação ampla.
27
Unidade I
Todos os recursos obtidos por uma empresa passam pelo passivo ou pelo patrimônio líquido. Os
recursos são originados nos valores investidos pelos sócios ou nos valores a pagar para terceiros. O
ativo, por sua vez, evidencia todas as aplicações dos recursos obtidos em dinheiro, estoques, veículos e
máquinas, dentre outros. Todo bem ou direito (isto é, o ativo da empresa) tem uma origem, que pode ser
de terceiros ou sócios. Por meio desses conceitos, podemos entender que o total de aplicações (ativo)
será sempre igual ao total de origens (passivo + patrimônio líquido).
Por meio do balanço patrimonial a seguir, demonstram‑se o total de bens e os direitos e obrigações
da empresa:
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 10.000,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 34.200,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de Total R$ 888.000,00
informática R$ 48.400,00
Patrimônio líquido
Imóveis R$ 341.200,00
Marca R$ 460.000,00 Capital social R$ 200.000,00
Total PL R$ 200.000,00
Total geral R$ 1.088.000,00 Total geral R$ 1.088.000,00
que a empresa tiver, melhor. Mas há casos em que o endividamento pode ser benéfico para a
empresa, alavancando as operações. Todos esses aspectos são possíveis de analisar por meio do
balanço patrimonial.
Exemplo de aplicação
29
Unidade I
Imposto de renda e
contribuição social diferidos 17.c 8.629 8.629 71.981 71.246
Imobilizado disponível para venda 9.b - - 40.585 50.427
Depósitos judiciais 18 78.053 78.109 101.431 102.011
Outros créditos e valores a receber 2.056 2.056 16.018 7.650
------------- ------------- ------------- -------------
189.772 211.975 319.836 343.188
Investimentos em controladas 8 897.311 952.689 - -
Investimentos em coligadas 8 56.229 71.400 56.229 71.400
Outros investimentos 4.634 4.710 7.675 5.257
Imobilizado 9.a 9.394 16 1.094.518 1.116.801
Intangível 10 2 2 114.015 113.888
------------- ------------- ------------- -------------
Total do ativo não circulante 1.157.342 1.240.792 1.592.273 1.650.534
------------- ------------- ------------- -------------
Total dos ativos 1.181.918 1.310.251 3.110.364 3.371.430
======== ======== ======== ========
Saiba mais
<http://www.mzweb.com.br/coteminas/web/download_arquivos.
asp?id_arquivo=79794FCA-609E-4C06-B94E-A0DCE4F04536>.
Observe que os ativos da Cia. Coteminas somaram três bilhões, cento e dez milhões de reais em 2012,
e um pouco mais do que isso em 2011: três bilhões, trezentos e setenta e um milhões de reais. Muito,
não é mesmo? Todo esse dinheiro está à disposição dessa empresa, seja pagando contas e salários, seja
na forma de máquinas, equipamentos e investimentos em outras empresas.
Como veremos posteriormente com mais detalhes, de todo esse dinheiro, a Coteminas tinha, “no
cofre”, ou seja, à disposição “para gastar” ou para “giro de caixa”, cento e quarenta e seis milhões de reais
(observe a conta contábil “caixa e equivalentes de caixa”).
30
CONTABILIDADE
Observação
Mas... e de onde veio todo esse dinheiro? Para responder a essa pergunta, precisamos buscar o
passivo da Coteminas, que será demonstrado a seguir:
31
Unidade I
32
CONTABILIDADE
Essa distribuição de capitais também é denominada nas finanças como estrutura de capital e é
um aspecto muito observado pelos analistas financeiros, que, não raramente, consideram o fato de a
empresa ter mais capital próprio do que de terceiros, algo confortável, embora nem sempre isso seja
uma realidade.
Não deixe de observar ainda que os valores do ativo da Coteminas são idênticos aos valores
do passivo. Para o ano de 2012, tanto o ativo como o passivo estão [corretamente] com o valor
de R$ 3.110.364,00, ou seja, não há nem um real de diferença! Isso é a Equação Fundamental do
Patrimônio (Ativo + Passivo = Patrimônio Líquido).
Importante
O balanço patrimonial da Cia. Coteminas foi utilizado para fins estritamente pedagógicos, em
ambiente universitário. A escolha ou o uso dessa empresa não deve jamais ser interpretado como
sugestão do professor de consumo de produtos ou realização de investimentos.
Os valores constantes na contabilidade de uma empresa são dispostos em contas contábeis, ou seja,
a representação gráfica dos elementos patrimoniais (bens, direitos e obrigações), denominações que
resumem uma categoria de elementos patrimoniais ou ligados ao resultado. Por exemplo: imaginemos
que uma empresa tenha em seu patrimônio veículos para vendedores, motocicletas, lanchas para
transporte marítimo e caminhões para entregas aos clientes e para transporte de mercadorias em geral.
O contador pode sintetizar todos esses elementos em uma só categoria (conta contábil), denominada
Veículos ou Veículos Automotores.
Segundo Iudícibus et al. (2010, p. 38) “o importante é que em cada conta se mantenha o registro
da história da movimentação do componente do ativo, do passivo ou do patrimônio líquido a que se
refere” e “utilizam‑se contas separadas para representar cada tipo de elemento do Ativo, do Passivo e
do Patrimônio Líquido”.
As diversas contas contábeis de uma empresa são dispostas de forma agrupada e ordenada em um
plano de contas, um trabalho personalizado para cada empresa e definido pelo contador de acordo com
as especificidades do negócio.
Lembrete
33
Unidade I
Para a formulação de um plano de contas, cada contador seguia o seu bom senso e os usos e
costumes ao elaborar as denominações das contas contábeis. Mais recentemente, de acordo com
o Pronunciamento Conceitual Básico, entendeu‑se que os contadores devem também observar as
denominações que são utilizadas no ramo de negócios onde a empresa está presente e reproduzir
essas denominações no Plano de Contas. Assim, os usuários externos terão maior facilidade para
analisar dados de empresas de um mesmo ramo.
a) Contas patrimoniais
b) Contas de resultado
As contas patrimoniais expressam os elementos do balanço patrimonial, que são mantidos a cada
exercício social.
As contas de resultado representam as despesas e receitas e são zeradas e/ou anuladas a cada
exercício social, com a apuração do resultado do exercício.
Para bem entender a dinâmica contábil iremos agora acompanhar uma sequência de situações
(fatos contábeis) que acontecem em uma empresa fictícia, para fins de exemplo. A cada nova sequência,
iremos observar quais são as modificações nas demonstrações contábeis dessa empresa. Trata‑se de
uma técnica muito eficiente para estudar contabilidade.
No entanto, é importante esclarecer de antemão que essa rotina não é usual nos escritórios
contábeis. Normalmente, os fatos são registrados isoladamente, e o Balanço Patrimonial e a
DRE são apurados periodicamente. Essa apuração é chamada de “fechamento contábil” ou
“corte contábil”.
Lembrete
34
CONTABILIDADE
Saiba mais
b) imaginar que se trata de uma situação real, em que você precisa de fato apresentar uma solução;
Observação
Vamos lá:
Este é um processo de estudo que se baseia no fato de que, após a realização de uma operação,
é apurado um balanço patrimonial. Após outra operação, será feito um novo balanço patrimonial
partindo‑se do anterior, e assim sucessivamente.
Esse processo não é o usual nos escritórios contábeis, em que se apura periodicamente um balanço
patrimonial, e essa apuração é chamada de fechamento. Como normalmente são muitas operações, não
é possível apurar um balanço patrimonial após cada operação; no entanto, trata‑se de um poderoso
processo para se estudar contabilidade.
Uma orientação para estudar eficientemente contabilidade (neste exercício e em qualquer outro) é
imaginar que a situação proposta é real. Assim, resolva os exercícios passo a passo, como se estivesse
trabalhando de verdade.
35
Unidade I
1. Vários empresários fundam uma Sociedade Anônima denominada Alef, subscrevendo um capital
social de R$ 1.000,00.
Saiba mais
Abrir uma nova empresa é um dos atos mais importantes, devendo ser
devidamente registrado nos órgãos públicos do município, do estado e
do país.
Observação
5. Compra de prédio por R$ 10.000,00 para abrigar a sede da empresa, sendo R$ 500,00 à vista e o
restante a crédito.
1. Vários empresários fundam uma Sociedade Anônima denominada Alef, subscrevendo um capital
social de R$ 1.000,00.
A subscrição de capital representa a promessa do investimento feito pelos sócios e será representada
pela conta capital a integralizar. Isso é um direito da empresa perante os sócios, e devido a isso a
conta é colocada no ativo.
36
CONTABILIDADE
O investimento dos proprietários é representado pela conta capital social, a ser representada no
patrimônio líquido.
Quadro 12
Patrimônio líquido
Capital social R$ 1.000,00
Capital a integralizar R$ (1.000,00)
Ativo R$ 0,00 Passivo+PL R$ 0,00
Observa‑se que o capital da empresa foi integralizado na forma de espécie monetária. Devido ao
fato de a conta caixa ser um bem, e todo bem ser ativo, será zerada a conta capital a integralizar
e surgirá a conta caixa (um bem monetário – ativo).
Neste momento, elabora‑se o balanço patrimonial nº 1 por meio de seus dados. A integralização
significa que os sócios pagaram à empresa o que lhe deviam, desfazendo a conta capital a integralizar.
Como a integralização foi em dinheiro, a conta que representará será o caixa. Observa‑se que o
capital social continua sem modificações.
Quadro 13
Ativo Passivo
Caixa R$ 1.000,00
Patrimônio líquido
Capital social R$ 1.000,00
37
Unidade I
Quadro 14
Nesta operação, a empresa compra outro bem, gera um aumento de ativo (conta: veículos) e,
por ter sido a prazo, gera uma dívida no passivo (duplicatas a pagar). As demais contas não
se alteram.
Quadro 15
38
CONTABILIDADE
5. Compra de prédio por R$ 10.000,00 para abrigar a sede da empresa, sendo R$ 500,00 à vista e o
restante a crédito.
Nesta operação, a empresa ampliou seu ativo, por meio da compra de um imóvel, sendo pagos
R$ 500,00 à vista; o restante gera uma ampliação nas dívidas da empresa, e reduziu‑se a conta
caixa em R$ 500,00. Pelo pagamento da parte à vista, criam‑se a conta imóveis, no valor de
R$ 10.000,00, e, no passivo, a conta notas promissórias a pagar, para representar a parcela
de compra do imóvel feita a prazo. As demais contas não se alteram.
Quadro 16
3. Compra de peças para reparo, nas seguintes condições: R$ 1.000,00 à vista e R$ 2.000,00 a prazo.
39
Unidade I
Observa‑se que o capital da empresa foi integralizado na forma de espécie monetária, porque a
conta caixa é um bem, e todo bem é ativo (um bem monetário – ativo).
Neste momento inicial, elabora‑se o balanço patrimonial por meio dos dados do contrato social da
empresa. Como a integralização foi, no ato do início da empresa, em espécie monetária (isto é, em
dinheiro), a conta que representará será o caixa. Observa‑se que o capital social será demonstrado
pelo valor total que foi aplicado no ativo.
Quadro 17
Ativo Passivo
Caixa R$ 20.000,00
Patrimônio líquido
40
CONTABILIDADE
Quadro 18
Patrimônio líquido
3. Compra de peças para reparo, nas seguintes condições: R$ 1.000,00 à vista e R$ 2.000,00 a prazo.
Quadro 19
Ativo Passivo
Caixa R$ 15.000,00 Fornecedores R$ 2.000,00
Mercadorias R$ 3.000,00
Patrimônio líquido
Móveis e utensílios R$ 4.000,00 Capital social R$ 20.000,00
Partindo do balanço patrimonial anterior, teremos de representar agora a venda de peças para
reparos ao preço de custo. Isso diminuirá a conta peças para reparos no valor de R$ 1.000,00,
41
Unidade I
e surgirá uma nova conta no ativo – clientes –, que representa o valor a receber dos clientes,
R$ 1.000,00. Por esta venda ser ao preço de custo, não houve lucro nem prejuízo. As demais
contas do balanço patrimonial não se alteram.
Nesta operação, utiliza‑se uma nova conta contábil. O contador, no início das operações da
empresa, estabelece as principais contas contábeis da empresa no plano de contas, realizando um
estudo das prováveis operações em que a empresa irá se envolver.
Lembrete
Quadro 20
Clientes R$ 1.000,00
Mercadorias R$ 2.000,00
Patrimônio líquido
Capital social R$ 20.000,00
42
CONTABILIDADE
Quadro 21
Quadro 22
43
Unidade I
R$ 10.000,00, e gerando um aumento das obrigações da empresa para com terceiros, a conta nota
promissória a pagar no passivo no valor de R$ 10.000,00. As demais contas não se alteram.
Quadro 23
Quadro 24
Patrimônio líquido
Equipamentos R$ 4.000,00 Capital social R$ 30.000,00
Veículos R$ 1.200,00
44
CONTABILIDADE
Observação
Quadro 25
Ativo Passivo
Caixa R$ 19.200,00 Fornecedores R$ 1.000,00
Banco R$ 10.000,00 Duplicatas a pagar R$ 1.200 ,00
Clientes R$ 1.000,00 Nota promissória a pagar R$ 10.000,00
Peças para reparos R$ 6.800,00
Equipamentos R$ 4.000,00
Patrimônio líquido
Veículos R$ 1.200,00
Capital social R$ 30.000,00
Partindo do balanço patrimonial 9/10, teremos de representar agora o recebimento das vendas
do item 4. Como o recebimento foi feito por meio do cheque, irá aumentar a conta banco
no ativo e zerar a conta clientes. As demais contas do balanço patrimonial não se alteram.
45
Unidade I
Quadro 26
Saiba mais
O endereço é: <www.cpc.org.br>.
Exemplo de aplicação
A seguir, propõe-se uma atividade para trabalharmos alguns dos pontos que estudamos nesta
unidade:
Exercício:
46
CONTABILIDADE
Mallu Magalhães é uma cantora que começou sua carreira por meio da internet. Quando aconteceu
sua festa de debutante, Mallu pediu aos seus avós que dessem o valor que gastariam com a festa
de debutante e eventuais presentes em dinheiro. Com esse dinheiro, ela foi a um estúdio e gravou
algumas músicas, que foram postadas na internet, “para ver no que dava”. Por sorte, ou pelo fato de
pessoas que sabem reconhecer um talento iniciante terem ouvido suas músicas, Mallu teve a felicidade
de experimentar um crescimento meteórico em sua carreira. Hoje é uma artista que se apresenta
constantemente na MTV.
Com base nessa interessante história, proponho a você um exercício inspirado nesse caso da Mallu
Magalhães. Tente fazer esse exercício sem a ajuda de ninguém.
Outra dica: O lado do débito deve sempre bater com o lado do crédito. Se isso não ocorrer, estará
errado.
Vamos ao exercício:
Após obter um pequeno capital com seus pais, a roqueira Andressa Lee, fã incondicional de Rita Lee,
foi aconselhada a abrir uma empresa e tomou as primeiras decisões de sua carreira. Essas decisões foram
as seguintes:
1. Investimento inicial de capital no valor de R$ 40.000,00 em dinheiro, sendo que o valor total foi
depositado em conta‑corrente do Banco Exempel S.A.
3. Compra de uma máquina de costura (para ela mesma costurar seu figurino) por R$ 6.000,00.
Pagamento de R$ 3.000,00 à vista e R$ 3.000,00 a prazo.
4. Compra de um fusca conversível usado em bom estado e customizado com grafismos de rock.
Pagamento a prazo no valor de R$ 18.000,00.
7. Venda da guitarra adquirida na operação 2 a uma amiga. Transação feita a prazo e pelo mesmo
valor que foi adquirida.
Comentários
1. Investimento inicial de capital no valor de R$ 40.000,00 em dinheiro, sendo que o valor total foi
depositado em conta‑corrente do Banco Exempel S.A.
47
Unidade I
Quadro 27
Patrimônio líquido
Capital social R$ 40.000,00
Nessa primeira operação, que é o início da pequena empresa de Andressa Lee, abriu‑se o
capital social (patrimônio líquido) que, por sua vez, foi depositado em uma conta bancária no
ativo.
Quadro 28
Andressa Lee resolveu comprar uma guitarra, ou seja, um ativo para sua empresa. O contador então
abriu uma conta contábil denominada “instrumentos musicais”. Observe que, por causa do valor ter
saído da conta bancária, diminuiu‑se R$ 4.000,00 na conta bancos, e, ao todo a empresa continua a ter
R$ 40.000,00 em seu ativo.
3. Compra de uma máquina de costura (para ela mesma costurar seu figurino) por R$ 6.000,00.
Pagamento de R$ 3.000,00 à vista e R$ 3.000,00 a prazo.
48
CONTABILIDADE
Quadro 29
Agora, Andressa Lee resolveu comprar um outro bem que julga ser importante para o seu
trabalho: uma máquina de costura. O contador efetuou exatamente o mesmo procedimento que
fez na operação 2, mas como se trata de um bem com uma natureza diferente, o contador abriu
uma conta contábil denominada móveis e utensílios.
Observe, ainda, que parte dessa máquina foi comprada a prazo. Por isso, o contador abriu uma conta
contábil no lado direito do balanço patrimonial, no passivo, que representa essa dívida.
4. Compra de um fusca conversível usado em bom estado e customizado com grafismos de rock.
Pagamento a prazo no valor de R$ 18.000,00.
Quadro 30
Andressa Lee resolveu comprar um outro bem que julga ser importante para sua atividade, e
optou por uma compra a prazo. Observe que o valor na conta bancária continua intacto, e o que
houve foi um aumento na dívida. Numa situação dessas, a empresária está utilizando recursos
(dinheiro) de terceiros.
49
Unidade I
Quadro 31
Agora, Andressa Lee resolveu pagar uma das dívidas que contraiu nas operações anteriores.
Observe que diminuíram ao mesmo tempo os saldos das contas de fornecedores e de bancos
conta movimento.
Quadro 32
Andressa Lee, provavelmente pensando em obter dinheiro para realizar algum negócio,
decidiu contrair um empréstimo no banco. Observe que ela preferiu não utilizar o saldo que
tinha na conta de bancos conta movimento, porque sabe que irá utilizar o dinheiro para
outras finalidades. Assim, aumentou‑se o passivo e, com isso, o ativo (conta bancos conta
movimento).
50
CONTABILIDADE
7. Venda da guitarra adquirida na operação 2 a uma amiga. Transação feita a prazo e pelo mesmo
valor que foi adquirida.
Quadro 33
Nesta última operação do nosso exercício, ao que parece, Andressa Lee resolveu fazer um negócio
mais sentimental, sem a intenção de ganhar dinheiro. Vendeu a sua guitarra pink para uma amiga, mas
ainda não recebeu o dinheiro.
O contador então encerrou a conta de instrumentos musicais, porque a empresa deixou de ter uma
guitarra, e abriu uma conta de “direitos a receber”, ou seja, o valor que a empresa da Andressa Lee terá
a receber de sua amiga.
O fundamental nesse exercício é entender que a empresa não é a Andressa Lee, pois tem uma
personalidade jurídica própria, apesar de ser administrada pela Srta. Andressa Lee. Neste momento,
podemos dizer que a empresa tem um patrimônio de R$ 89.500,00, sendo R$ 40.000,00 de capital
próprio e R$ 49.500,00 de capital de terceiros. Esse capital foi aplicado em recursos financeiros (dinheiro),
uma máquina de costura, um veículo e ainda há direitos a receber.
Resumo
51
Unidade I
52
CONTABILIDADE
Se você ainda não estiver confortável para responder, nem que seja
minimamente, a essa pergunta, não hesite em voltar e ler esta unidade
mais uma ou quantas vezes for necessário. E não tenha ansiedade; estudar
contabilidade é um caminhar, em que cada vez mais conhecimentos serão
agregados a essa base conceitual que acabamos de estudar.
Exercícios
Questão 1 (Enade 2009). Para o exercício da profissão contábil, é necessário observar o Código de
Ética, cujo objetivo é fixar a forma pela qual se devem conduzir os contabilistas.
A) Assinar os balanços de uma empresa, elaborados por profissional não habilitado, sem orientar,
sem supervisionar e sem fiscalizar sua preparação.
B) Emitir parecer favorável de auditoria a uma empresa, sem a realização de testes suficientes para
fundamentar a sua opinião.
C) Propor honorários aviltantes para clientes de outros escritórios, a fim de aumentar a receita
que recebe.
D) Publicar, no sítio do seu escritório de contabilidade, artigo técnico, sem citar a fonte consultada.
E) Renunciar às suas funções ao perceber a ocorrência de desconfiança por parte de seu cliente,
sem prejudicá-lo.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: os atos indicados nessa alternativa revelam atitude bastante negativa e não
profissional. Os demonstrativos podem apresentar uma série de impropriedades e, eventualmente,
fraudes e dados irregulares.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: trata-se de atitude que não vai ao encontro da boa conduta e do profissionalismo
exigidos em um processo de auditoria.
53
Unidade I
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: trata-se de um procedimento condenável. O escritório deve procurar obter meios que
permitam a realização de seus serviços de forma eficiente, com a redução de custos desnecessários,
por exemplo.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: essa prática é condenável e sujeita o profissional e a empresa a multas e penas judiciais.
E) Alternativa correta.
Justificativa: é o que deverá ocorrer se não for possível o cumprimento da tarefa sob sua
responsabilidade, de forma lícita e ética.
A) Permanente imobilizado.
B) Circulante.
C) Permanente diferido.
E) Permanente investimento.
54
CONTABILIDADE
Unidade II
5 MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS
Como os fatos
são registrados na
contabilidade?
Figura 11
Trata-se do Método das Partidas Dobradas, que foi compilado pelo frei Luca Bartolomeu de Pacioli,
um frade muito amigo do gênio Leonardo da Vinci que publicou o documento que seria a base da
moderna contabilidade.
Figura 12 – Frei Luca Pacioli discorre sobre a contabilidade de acordo com suas pesquisas
55
Unidade II
Saiba mais
Para saber um pouco mais sobre a obra de Luca Pacioli, acesse: <http://
www2.cfc.org.br/uparq/Livro_lucapacioli.pdf>.
Os contadores costumam registrar todas as operações que ocorrem em uma empresa nos livros
contábeis. Os mais conhecidos são: livro diário e livro-razão.
O livro diário, como o nome sugere, é um documento em que todas as transações são descritas
diariamente. O livro-razão é uma ferramenta auxiliar, que organiza o registro dos movimentos por
contas contábeis. No próximo tópico, estudaremos esses livros.
Observação
O Método das Partidas Dobradas destaca que em qualquer operação há um débito e um crédito de
igual valor, ou um débito (ou mais débitos) de valor idêntico a um crédito (ou mais créditos). Portanto,
não há débitos sem créditos correspondentes. É o que dizem Iudícibus et al. (2010 p. 43):
Então, além da Equação Fundamental do Patrimônio, temos esta outra máxima, expressa a seguir:
56
CONTABILIDADE
A cada lançamento contábil, a soma dos créditos deve ser igual à soma dos débitos e
vice‑versa.
• ler a transação;
• identificar as contas;
• classificar as contas identificadas;
• mecanismo de crédito e débito para A/P/PL;
• lançar as operações no livro diário e/ou no livro-razão.
Imaginemos que ocorreu uma transação contábil na empresa. Digamos que material que estava no
armazém, avaliado em R$ 25.000,00 e aguardando ser vendido para um cliente, foi finalmente vendido
em uma negociação na qual o vendedor Sr. Armando concedeu um prazo para o cliente efetuar o
pagamento em três meses, ou seja, 90 dias. O valor da operação foi de R$ 30.000,00.
Em primeiro lugar, é necessário observar o que ocorre. Podemos verificar por essa descrição diversas
informações, mas basicamente houve uma venda a prazo.
Mas o ativo também aumentou, uma vez que a empresa agora possui o direito de receber a dívida
do cliente em três meses.
Assim, devemos classificar as contas envolvidas nessa operação, que são: vendas, clientes e estoques.
Devemos decidir quais contas serão debitadas e creditadas e lançar essas operações nos livros da
empresa.
D – Clientes 30.000,00
C – Vendas 30.000,00
Venda efetuada ao nosso cliente, conforme NF. XXXX sendo concedido prazo para o pagamento.
57
Unidade II
Como decidir?
Os seguintes esquemas irão ajudá‑lo a entender o mecanismo de adição e subtração que o método
das partidas dobradas sugere. É muito importante que você não veja esses esquemas como regras que
deverão ser consultadas apenas quando for conveniente. Tente entender o porquê dessas regras e, em
um breve futuro, saberá como agir sem a necessidade dos esquemas.
É muito importante aqui que você veja as operações do ponto de vista da empresa. Digo isso porque
normalmente os alunos costumam confundir as adições de débito e crédito com os extratos bancários, em
que elas seriam “ao contrário”. Isso porque o extrato é a contabilidade do banco, e não a sua contabilidade.
Ativo Passivo
+ - - +
D C D C
Receita
- +
D C
Ou mais especificamente:
Debita‑se
Figura 15
Credita‑se
Figura 16
59
Unidade II
Credita‑se
Figura 17
Debita‑se
Figura 18
Credita‑se
Figura 19
Debita‑se
Figura 20
Debita‑se
Figura 21
60
CONTABILIDADE
Credita‑se
Figura 22
Lembrete
A cada lançamento contábil, a soma dos créditos deve ser igual à soma
dos débitos e vice‑versa.
Os contadores utilizam livros para o registro dos acontecimentos em uma entidade. O uso de livros
perde‑se na história, e, nos dias atuais, os livros contábeis continuam existindo, porém, na maioria dos
casos, em formato eletrônico. Esse formato, por sua vez, não alterou em nada os requisitos necessários
para um livro contábil.
São diversos os livros que um contador utiliza, mas, ao lado de livro de registro de caixa, livros fiscais,
estudaremos dois livros que são fundamentais na contabilidade:
• o livro diário;
• o livro-razão.
O livro diário, no sentido exato do significado, são anotações em que os contadores registram,
relatam todas as ações que ocorrem na empresa, os fatos contábeis. Esse registro, relato, denomina‑se
“partida de diário”, no qual se utiliza o método mundialmente adotado em todos os sistemas contábeis:
o Método das Partidas Dobradas.
61
Unidade II
• a data de operação;
O livro diário tem por objetivo ser um relato fidedigno dos fatos, de acordo com os registros do
contador. Esse relato é tão confiável que as autoridades públicas depositam imensa credibilidade nos
contadores e consideram que o livro tem validade legal/jurídica. É comumente requisitado por agentes
públicos, quando da necessidade de fiscalizações, podendo vir a constituir prova em tribunais (junto a
um parecer de perito contábil).
Observação
A figura a seguir é um modelo de partida de diário, em que são observados todos esses
aspectos:
Figura 23
Lembrete
62
CONTABILIDADE
Agora vamos apresentar dois exemplos de partidas de diário, partindo de situações reais muito
significativas para a história de algumas empresas e do Brasil.
A empresa Fazenda Francisco José de Carvalho Neto comprou um boi de altíssima qualidade para
melhoramento genético, importado da índia, o touro Karvadi.
25 de outubro de 1961.
a
Bancos conta movimento
Compra de touro para reprodução da Índia, da raça nelore, de nome Karvadi, conforme documento
XXXXXX. Valor $$$$$$$$$$$$.
25 de outubro de 1961.
Compra de touro para reprodução da Índia, da raça nelore, de nome Karvadi, conforme documento
XXXXXX.
Observe que tanto na versão clássica (a que tem um “a” sobrescrito ou “azinho”) como na versão
moderna, a conta a débito vem em primeiro lugar, ou seja, está antes do crédito.
Saiba mais
<http://www.folhadaregiao.com.br/Materia.php?id=94887>.
63
Unidade II
D – Máquinas e Equipamentos
Saiba mais
Importante
A citação das empresas Fazenda Francisco José de Carvalho Neto, Caterpillar e Andrade Gutierrez,
ou mesmo do touro Karvadi, foram realizadas para fins estritamente pedagógicos, em ambiente
universitário. A escolha ou o uso dessas empresas não deve jamais ser interpretado como sugestão do
professor de consumo de produtos ou realização de investimentos.
O livro-razão registra e sintetiza as operações contábeis por conta contábil. Abre‑se um razão para
cada conta contábil, com o intuito de controlar o movimento de cada conta contábil individualmente.
O livro-razão é expresso de forma didática por meio de razonetes, uma linha horizontal
dividida por uma linha vertical em forma de T. Nesse T, por convenção, os valores a débito são
sempre dispostos do lado esquerdo, e os valores a crédito são sempre dispostos do lado direito.
Quando da necessidade de somar os valores, os contadores traçam um risco, o que significa que há
uma soma.
64
CONTABILIDADE
xxxx yyyy
vvv c d vvv
O que faz essa convenção ser mantida é o fato de as demonstrações contábeis serem compreendidas
universalmente.
Na contabilidade, devemos fazer uma pausa na sequência dos lançamentos para poder averiguar
sua exatidão.
• identificação da entidade;
• abrangência;
65
Unidade II
Imóveis Veículos
R$ 4.000,00 R$ 2.000
R$ 20.000,00 R$ 3.000,00
Saldo R$ 24.000,00 Saldo R$ 5.000,00
Fornecedores Capital
R$ 1.500,00 R$ 7.000,00 R$ 30.000,00
R$ 1.000,00
R$ 8.000,00
Saldo R$ 6.500,00 Salários a pagar
R$ 4.000,00
(Apenas) os saldos desses razonetes são “transportados” para o balancete, como segue:
66
CONTABILIDADE
Exemplo de aplicação
Após obter um pequeno capital com seus pais, a roqueira Andressa Lee, fã incondicional de Rita Lee,
foi aconselhada a abrir uma empresa e tomou as primeiras decisões de sua carreira. Essas decisões foram
as seguintes:
1. Investimento inicial de capital no valor de R$ 40.000,00 em dinheiro, sendo que o valor total foi
depositado em conta‑corrente do Banco Exempel S.A.
3. Compra de uma máquina de costura (para ela mesma costurar seu figurino) por R$ 6.000,00.
Pagamento de R$ 3.000,00 à vista e R$ 3.000,00 a prazo.
4. Compra de um fusca conversível usado em bom estado e customizado com grafismos de rock.
Pagamento a prazo no valor de R$ 18.000,00.
7. Venda da guitarra adquirida na operação 2 a uma amiga. Transação feita a prazo e pelo mesmo
valor que foi adquirida.
Comentários
Histórico:
Quadro 37
67
Unidade II
Histórico:
Quadro 38
Histórico:
Compra de uma máquina de costura por R$ 6.000,00. Pagamento de R$ 3.000,00 à vista e R$ 3.000
a prazo.
Quadro 39
Observe que, nesse lançamento, há duas contas a crédito e uma conta a débito. Os lançamentos
compostos são permitidos legalmente e são os mais utilizados.
Histórico:
Quadro 40
D - Veículos R$ 18.000,00
C - Financiamentos R$ 18.000,00
68
CONTABILIDADE
Histórico:
Quadro 41
D - Fornecedores R$ 1.500,00
C - Bancos conta movimento R$ 1.500,00
Histórico:
Quadro 42
Histórico:
Venda da guitarra adquirida na operação 2 a prazo pelo mesmo valor que foi adquirida.
Quadro 43
69
Unidade II
Observação
Quadro 44
Nome da conta
Valor a débito Valor a crédito
nº da nº da
operação operação
R$ 0,00 R$ 0,00 Somatórios dos valores a débito e a crédito
R$ 0,00 Saldo da conta
Instrumentos musicais
2 R$ 4.000,00
R$ 4.000,00 7
R$ 4.000,00 R$ 4.000,00
0 0
70
CONTABILIDADE
R$ 1.500,00
Veículos Financiamentos
4 R$ 18.000,00 R$ 18.000,00 4
A seguir, apresentaremos um quadro com exemplos de receitas e outro com exemplos de despesas:
71
Unidade II
A diferença entre receitas e despesas gera o resultado do exercício no período analisado, indicando
o valor que a empresa faturou ou qual a quantia que está devendo.
Observação
Essa definição nos mostra com clareza que não é qualquer gasto que pode ser considerado despesa.
Despesa também não pode ser entendida como um ato de esbanjar dinheiro, ou utilizá‑lo de forma
aleatória. Despesa é um gasto fundamentado, planejado, que carrega consigo a intenção de gerar
vendas. Se isso não ocorrer, não se poderá considerar um gasto como despesa.
72
CONTABILIDADE
Da mesma forma que a despesa, receita não é qualquer venda realizada pela empresa. É a venda
dos produtos e/ou serviços que a empresa se propõe a disponibilizar para seus clientes. Por exemplo,
a venda de um veículo, totalmente à parte das atividades principais da empresa, não deve ser
considerada como receita.
Mas é com o pensamento de Eugen Schmalenbach (1955, p. 39), contábil, mas que leva em
consideração também aspectos econômicos, que o conceito de resultado fica muito claro:
73
Unidade II
+ Receitas
- Despesas
= Resultado
Lembrete
Não é desejável, por exemplo, que uma venda em que o valor já foi recebido no caixa, mas o serviço
ainda não foi prestado ou o produto ainda não foi entregue, seja considerado como uma receita.
74
CONTABILIDADE
Observação
Determinada empresa desenvolve jogos para computador. Em um mês, toda a equipe de programadores
se dedicou arduamente para desenvolver um novo produto, que foi comprado por R$ 100.000,00 por
uma grande editora, que vai distribuí‑lo aos seus assinantes.
Saiba mais
De jeito nenhum! Devemos considerar as despesas que essa equipe gerou para desenvolver esse
novo produto.
Supondo que essa organização tenha gasto R$ 70.000,00 com os salários da equipe, R$ 10.000,00
com energia elétrica, R$ 5.000,00 com impostos e R$ 5.000,00 com refeições e outras pequenas despesas
pessoais, todas consideradas despesas, teremos o seguinte:
Receitas: R$ 100.000,00
Despesas:
75
Unidade II
Lembrete
Comentamos no tópico 3.3: Conceitos de conta que existem dois tipos de contas contábeis: as
contas patrimoniais e as contas de resultado.
Estudamos neste tópico que as contas de resultado durante o processo de fechamento contábil têm
os seus saldos zerados com o auxílio de uma conta temporária, a conta ARE – Apuração de Resultado
do Exercício. Por sua vez, o saldo dessa conta ARE é transferido para o balanço patrimonial, no grupo
do Patrimônio Líquido.
P
(+) Receita
(-) Despesas A
PL
(=) Lucro / Prejuízo do exercício Capital
Lucro / Prejuízo
Figura 26
Uma única conta passa então a demonstrar o resultado do período, lucro ou prejuízo. Essa é a
consequência de todo o processo de apuração de resultado que gera, de fato, um novo patrimônio para
a empresa (lucro ou prejuízo).
Antes da introdução, no Brasil, das Normas Internacionais de Contabilidade, o lucro poderia ser expresso
em uma conta de lucros acumulados. Agora, entende‑se que os lucros não devem ser acumulados, devem
ser ou distribuídos ou destinados a reservas. Já o prejuízo, esse sim, pode ser acumulado, porque se entende
que nos períodos subsequentes a empresa poderá se esforçar para eliminar o prejuízo acumulado com
resultados positivos.
76
CONTABILIDADE
Exemplo de aplicação
77
Unidade II
Observe que, na elaboração da DRE, o contador responsável, o Sr. Nourival C. Pedroso Júnior, primeiro
demonstra todas as vendas que foram realizadas e depois vai descontando o Custo dos Produtos Vendidos
e as despesas, até chegar a um resultado, que, nesses dois períodos de 2012 e 2011, não foi favorável;
eles apuraram prejuízo.
78
CONTABILIDADE
É comum uma empresa apurar prejuízo em suas operações, especialmente, em períodos muito difíceis
para a economia do país, em que a conjuntura pode não favorecer a empresa. Mas essa situação não
pode se manter por muito tempo; a administração da empresa deve agir para solucionar os problemas.
Daí a importância da contabilidade, ainda mais ressaltada nessas situações!
Importante
O balanço patrimonial da Cia. Coteminas foi utilizado para fins estritamente pedagógicos, em
ambiente universitário. A escolha ou o uso dessa empresa não deve jamais ser interpretado como
sugestão do professor de consumo de produtos ou realização de investimentos.
Já estudamos que a apuração do resultado é uma fórmula matemática que leva em conta as receitas
no período sobre o qual as despesas são descontadas, e que, mais do que uma fórmula matemática
simples, é um trabalho por ora complexo, porque é necessário atender ao princípio da competência,
constituindo uma atividade que avalia o sucesso do trabalho humano.
Na contabilidade, no entanto, faz‑se necessário, a cada apuração de resultado, zerar o saldo das
contas contábeis que envolvem tal resultado, transferindo esses saldos para uma conta contábil em
específico, a chamada ARE – Apuração do Resultado do Exercício –, e, posteriormente, para a conta de
reservas de lucros e/ou prejuízos acumulados.
Imaginemos que Afonso, um inventivo criador de equipamentos eletrônicos, tenha resolvido criar
um rádio de papelão, que foi muito bem-aceito pelo mercado porque foi associado com uma imagem
ecologicamente correta.
Vendas........................................100.000,00
Despesas com vendas.............10.000,00
Despesas gerais........................ 40.000,00
No livro diário:
D – Caixa...................................100.000,00
C – Vendas................................100.000,00
79
Unidade II
Quando aconteceu o fechamento contábil mensal, o resultado do exercício foi apurado com o
seguinte lançamento, utilizando‑se a conta ARE.
D – Vendas.....................................100.000,00
C – Despesas com vendas.......... 10.000,00
C – Despesas gerais......................40.000,00
C – ARE............................................100.000,00
D – ARE.............................................. 10.000,00
D – ARE..............................................40.000,00
ARE
10.000 100.000
40.000
50.000
O saldo final na conta ARE é “transportado” para a conta reservas de lucros, com o seguinte
lançamento contábil:
Reservas de lucros
80
CONTABILIDADE
D – ARE........................................50.000,00
C – Reservas de Lucros..........50.000,00
Saiba mais
Exemplo de Aplicação
A seguir, demonstra-se um exercício analítico passo a passo, com as etapas de apuração do ARE:
Este exercício é inspirado na cantora norte-americana Katy Perry, Em 2011, a cantora Katy Perry
realizou uma turnê internacional com o nome de The California Dreams Tour 2011 (Giro de 2011 dos sonhos
californianos), começando por Portugal e passando por países como Brasil, Itália, Suíça, Alemanha, França,
Bélgica, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Escócia, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Estados Unidos e Canadá.
81
Unidade II
A parte brasileira da turnê foi um sucesso, e, quase um ano depois, Perry voltou ao país para divulgar
um novo filme e declarou que os fãs brasileiros tiveram “um papel muito importante” em sua vida, após
receber um pedido de divórcio do comediante Russell Brand. A mensagem chegou momentos antes do
início do show, no dia 25/09/11, e Perry, mesmo sentindo profunda tristeza, subiu no palco. A alegria
contagiante dos brasileiros lhe deu forças para continuar o seu trabalho, fato que a cantora jamais irá
esquecer. Mais do que uma simples história ligada ao universo da música e das artes, o Brasil está se
tornando um importante polo cultural internacional, um setor da economia com muitas oportunidades
de negócios e que oferece muitos empregos.
Ann Arbor, uma cantora inglesa americana de Michigan, muito querida em todo o mundo, sempre
teve vontade de visitar o ensolarado Brasil e fazer um show por aqui. Mais do que um capricho,
conquistar os fãs brasileiros era uma meta pessoal. E o Brasil está em evidência na mídia porque sediará
importantes eventos. É importante estar em um lugar assim.
Pediu então à sua produção que providenciasse o que fosse necessário para organizar esse show,
que, evidentemente, deveria dar lucro. A produção de Ann Arbor pesquisou toda a legislação brasileira e
entrou em contato com empresas com experiência na realização de eventos no Brasil.
Uma das recomendações que foram repassadas pela assessoria jurídica foi a de que um procurador
(um representante legal) de Ann Arbor abrisse uma empresa no Brasil para facilitar todos os trâmites
burocráticos e pagamentos de serviços.
Além disso, a assessoria brasileira recomendou a contratação de um bom profissional para cuidar
dessa empresa.
Escolheram você!
Abriu-se então a empresa Ann Arbor Brasil Ltda., devidamente registrada na Jucesp (a Junta Comercial
do Estado de São Paulo). Por meio de transferência bancária do Banco inglês HSBB em Los Angeles, Ann
Arbor abriu a empresa com o capital de R$ 200.000,00.
Após essa primeira providência, você contratou a empresa Manga e Mel Produções Artísticas Ltda.,
que cuidou de todos os aspectos logísticos do show, o qual custou ao todo R$ 12.000.000,00. A Manga
e Mel Produções Artísticas Ltda. cobrou pela prestação de serviços R$ 400.000,00. Tomou também as
seguintes providências:
1) A casa de shows Chácara do Cavalo cobrou pelo aluguel do espaço a quantia de R$ 2.000.000,00.
2) A São Luis Costuras Ltda. cobrou pela confecção das roupas para o show a quantia de
R$ 650.000,00.
3) Uma empresa especializada em vendas de ingressos cobrou a quantia de R$ 300.000 pela prestação
de serviço de venda de ingressos.
82
CONTABILIDADE
Abertura da empresa Ann Arbor Ltda., com capital de R$ 200.000,00 conforme registro XXXX
na Junta Comercial do Estado de São Paulo. O valor foi depositado na agência X do Banco HSBB
em São Paulo.
D – Bancos.........................200.000,00
C – Capital Social............200.000,00
Após essa primeira operação, você contratou uma empresa para vender os ingressos. Após efetuadas
as vendas, essa empresa depositou na conta bancária o valor de R$ 42.000.000,00. A conta bancos é
considerada na contabilidade uma conta patrimonial, enquanto que a conta vendas é considerada uma
conta de resultado.
D – Bancos...................42.000.000,00
C – Vendas....................42.000.000,00
Após as vendas, você tomou as providências necessárias para a realização do show, ou seja,
pagou todas as despesas. Essas despesas são consideradas contas de resultado e diminuíram o
saldo que a empresa tinha na conta de bancos, uma conta patrimonial. Você fez o seguinte
registro no livro diário da empresa:
83
Unidade II
Observe que o seu balanço não está com o valor do Ativo igual ao valor do Passivo. Isso é porque
você ainda não fez a apuração do resultado do exercício!
Despesas com Aluguéis (Conta de Resultado) Despesas com Acessórios para Show
(Conta de Resultado)
2.000.000,00 650.000,00
84
CONTABILIDADE
Para apurar o resultado do exercício na contabilidade, você terá de criar mais uma conta, chamada
ARE (Apuração do Resultado do Exercício), em que você terá de “transportar” todos os saldos das contas
de resultado (apenas as contas de resultado!).
D – Vendas.......................................................................................42.000.000,00
C – Despesas com logística.......................................................12.000.000,00
C – Despesas com prestação de serviços artísticos...............400.000,00
C – Despesas com aluguéis......................................................... 2.000.000,00
C – Despesas com acessórios para show...................................650.000,00
C – Despesas com vendas................................................................300.000,00
C –Despesas administrativas.............................................................70.000,00
C – ARE – Apuração do Resultado do Exercício........26.580.000,00
Após esses lançamentos, os razonetes ficaram assim: você zerou o saldo de todas as contas de
resultado (menos o da conta ARE), mas manteve o saldo de todas as contas patrimoniais. O resultado do
período ficou então disposto na conta de ARE – Apuração do Resultado do Exercício.
Mas o Balanço Patrimonial continua com uma diferença entre o saldo do Ativo e o do Passivo, veja!
85
Unidade II
Ativo Passivo
Bancos 26.780.000,00
Patrimônio líquido
Capital social 200.000,00
Total do Ativo 26.780.000,00 Total do Passivo e PL 200.000,00
Para fechar o balanço corretamente, você também terá de zerar o saldo da conta ARE, que é a única
conta de resultado ainda com saldo, e transferir esse saldo para a conta reservas de lucros, que é uma
conta patrimonial.
No livro diário:
Transferência do saldo da conta ARE – Apuração do Resultado do Exercício para as reservas de lucro,
no balanço patrimonial
86
CONTABILIDADE
Agora, você já tem condições de apurar o balanço patrimonial desse período (exercício contábil):
Pronto!
Parabéns. Agora você finalizou o seu trabalho e pode enviar esse balanço patrimonial para a Ann
Arbor, nos EUA.
Conforme ela havia determinado e todos trabalharam para tal, o show no Brasil deu um bom
lucro!
• regime de caixa: o resultado é apurado quando as receitas são recebidas e quando as despesas
são pagas;
• regime de competência: o resultado é apurado quando as vendas são feitas pela empresa,
independentemente de quando serão pagas, e quando as despesas são incorridas, ou seja, quando
a empresa usa bens e serviços em suas atividades, independentemente de quando foram ou serão
pagas.
Para a correta aplicação do regime de competência, faz‑se necessário realizar ajustes na contabilidade,
o que você irá estudar no próximo subtópico.
87
Unidade II
Algumas transações têm sua liquidação financeira, pagamento ou recebimento em prazos diferentes
de seu efeito sobre o resultado. Receitas e despesas devem corresponder ao mesmo período, ou seja, as
receitas devem ser comparadas com as despesas incorridas no mesmo período.
Receitas antecipadas são valores que a empresa recebeu previamente para poder entregar um produto
ou serviço em tempo hábil. Isso gera uma obrigação à instituição, e, caso esta não seja cumprida, ela
terá de devolver o dinheiro ao seu cliente.
Quadro 46
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 10.000,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 34.200,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de Total R$ 888.000,00
informática R$ 48.400,00
Imóveis R$ 341.200,00
Marca R$ 460.000,00 Patrimônio líquido
Capital social R$ 200.000,00
Total do PL R$ 200.000,00
Momento 1
Por meio do balanço patrimonial citado, demonstraremos a contabilização de uma antecipação das
receitas de serviços da empresa no valor de R$ 30.000,00, recebida em cheque.
88
CONTABILIDADE
Quadro 47
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 10.000,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 64.200,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00 Receita antecipada R$ 30.000,00
Equipamentos de Total R$ 918.000,00
informática R$ 48.400,00
Imóveis R$ 341.200,00
Patrimônio líquido
Marca R$ 460.000,00
Capital social R$ 200.000,00
Total do PL R$ 200.000,00
Total geral R$ 1.118.000,00 Total geral R$ 1.118.000,00
Podemos observar que a conta banco teve um aumento de R$ 30.000,00 no ativo; em contrapartida,
gerou uma obrigação no passivo, receita antecipada, no valor de R$ 30.000,00, pois a empresa terá uma
obrigação de entregar o serviço ou devolver o dinheiro ao seu cliente. As demais contas não tiveram
modificação.
Momento 2
Neste momento, a empresa entrega o serviço finalizado para o cliente; a nota fiscal foi feita no valor
de R$ 50.000,00, e a instituição recebe essa diferença em espécie monetária.
Quadro 48
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 30.000,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 64.200,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de
informática R$ 48.400,00 Total R$ 888.000,00
Imóveis R$ 341.200,00
Marca R$ 460.000,00
Patrimônio líquido
Capital social R$ 200.000,00
Lucros R$ 50.000,00
Total do PL R$ 250.000,00
89
Unidade II
Saiba mais
A conta de lucros ainda depende de apuração. Até 2007, os lucros das empresas podiam ser
“acumulados”, portanto, utilizava‑se muito o termo “lucros acumulados”.
Observação
Momento 1
O gerente de uma empresa fará uma viagem para os Estados Unidos, mas, como os voos estão
lotados, ele preferiu comprar a passagem com dois meses de antecedência. Ela custa R$ 2.600,00 e será
paga em duas vezes. Veja o balanço a seguir:
90
CONTABILIDADE
Quadro 49
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 30.000,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de
informática R$ 48.400,00 Total R$ 888.000,00
Imóveis R$ 341.200,00
Marca R$ 460.000,00
Despesas antecipadas R$ 1.300,00 Patrimônio líquido
Capital social R$ 200.000,00
Lucros R$ 50.000,00
Total do PL R$ 250.000,00
Total geral R$ 1.138.000,00 Total geral R$ 1.138.000,00
Nesta primeira parcela da passagem, reduziu‑se o valor de R$ 1.300,00 do banco, porque a empresa
está pagando em cheque; então, surge a conta despesas antecipadas, com o valor de R$ 1.300,00,
demonstrando que a instituição tem o direito de receber a passagem em tempo hábil ou receber o
dinheiro que já pagou.
Momento 2
Quadro 50
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de
informática R$ 48.400,00 Total R$ 888.000,00
Imóveis R$ 341.200,00 Patrimônio líquido
Marca R$ 460.000,00
Capital social R$ 200.000,00
Despesas antecipadas R$ 2.600,00
Lucros R$ 50.000,00
Total do PL R$ 250.000,00
Total geral R$ 1.138.000,00 Total geral R$ 1.138.000,00
Podemos perceber que o balanço patrimonial do Momento 2 foi feito com os dados do Momento 1.
O fato de a empresa estar pagando mais uma parcela da passagem em dinheiro reduz o caixa em
R$ 1.300,00 e aumenta a conta despesas antecipadas no mesmo valor. Observa‑se que as demais
contas não se modificam.
91
Unidade II
Momento 3
Neste momento, o gerente viajará para os Estados Unidos, isto é, fará o uso da passagem.
Quadro 51
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 228.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 332.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 122.000,00
Máquinas R$ 78.000,00 Financiamento R$ 206.000,00
Veículos R$ 42.000,00
Equipamentos de
informática R$ 48.400,00 Total R$ 888.000,00
Imóveis R$ 341.200,00 Patrimônio líquido
Marca R$ 460.000,00
Capital social R$ 200.000,00
Despesas antecipadas R$ 2.600,00
Lucros R$ 50.000,00
Total do PL R$ 250.000,00
Total geral R$ 1.138.000,00 Total geral R$ 1.138.000,00
Agora, notamos que o gerente já está utilizando a passagem, isto é, a empresa não terá mais o
direito de receber o dinheiro de volta, pois estará fazendo o uso efetivo da passagem; isso zera a
conta despesas antecipadas e reduz o patrimônio líquido por meio da conta lucros (é apenas neste
momento que ocorre a despesa).
Lembrete
Para exemplificar depreciação, o melhor é citar um veículo, que, a cada período decorrido, tem
seu valor reduzido em 20%, ao longo de cinco períodos consecutivos. Há o reconhecimento da
perda de valor do ativo e da despesa de depreciação na DRE.
Observação
92
CONTABILIDADE
Momento 0
Quadro 52
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 42.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 19.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 41.800,00
Veículos R$ 42.000,00
Total R$ 102.800,00
Patrimônio líquido
Capital social R$ 105.000,00
Total do PL R$ 105.000,00
Momento 1
Quadro 53
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 42.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 19.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 41.800,00
Veículos R$ 42.000,00
Depreciação acumulada (R$ 8.400,00)
Total R$ 102.800,00
Patrimônio líquido
Capital social R$ 105.000,00
Prejuízo (R$ 8.400,00)
Total do PL R$ 96.600,00
No primeiro ano, a empresa teve um desgaste do veículo, o que gera uma depreciação acumulada de
R$ 8.400,00, causando uma redução no patrimônio líquido por meio da conta lucros (prejuízos). Então,
ocorrem o consumo e a despesa do veículo, e essa despesa diminui os lucros (resultados).
93
Unidade II
Momento 2
Quadro 54
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 42.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 19.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 41.800,00
Veículos R$ 42.000,00
Depreciação acumulada (R$ 16.800,00) Total R$ 102.800,00
Patrimônio líquido
Capital social R$ 105.000,00
Prejuízo (R$ 16.800,00)
Total do PL
No segundo ano de uso do veículo, ele tem seu valor reduzido em mais 20%, isto é, R$ 8.400,00 na
depreciação acumulada, gerando uma despesa, no período, de R$ 8.400,00; como toda despesa reduz a
conta lucros, o novo valor da conta prejuízos é de R$ 16.400,00.
Momento 3
Quadro 55
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 42.000,00
Banco R$ 62.900,00 Salários a pagar R$ 19.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 41.800,00
Veículos R$ 42.000,00
Depreciação acumulada (R$ 42.000,00) Total R$ 102.800,00
Patrimônio líquido
Capital social R$ 105.000,00
Prejuízo (R$ 42.000,00)
Total do PL R$ 63.000,00
Neste momento, a empresa já utilizou o veículo por cinco anos, que equivale ao período de término
da depreciação. O automóvel está totalmente depreciado. Partindo do balanço anterior, o prejuízo
aumentou para R$ 42.000,00.
94
CONTABILIDADE
Momento 4
Agora a empresa vende o veículo já depreciado por R$ 24.000,00, por meio de um cheque.
Quadro 56
Ativo Passivo
Dinheiro em caixa R$ 28.700,00 Fornecedores R$ 42.000,00
Banco R$ 86.900,00 Salários a pagar R$ 19.000,00
Duplicatas a receber R$ 74.200,00 Impostos a recolher R$ 41.800,00
Total R$ 102.800,00
Patrimônio líquido
Capital social R$ 105.000,00
Prejuízo (R$ 18.000,00)
Total do PL R$ 87.000,00
Podemos observar que, devido ao fato de o veículo não ter valor real (valor do veículo com o
desconto da depreciação), o valor integral da venda é considerado lucro, o que aumentou a conta banco
em R$ 24.000,00 e gerou um aumento, no prejuízo, de R$ 18.000,00.
Vamos agora realizar um exercício, com os mesmos dados que vimos anteriormente:
1‑ Subscrição e integralização por três sócios no valor de R$ 1.000,00 para constituição de empresa.
Quadro 57
95
Unidade II
Quadro 58
Quadro 59
Quadro 60
Quadro 61
96
CONTABILIDADE
Quadro 62
Quadro 63
Quadro 64
Quadro 65
10‑ Venda de 50% do total de bens existentes, exceto caixa, pelo valor de R$ 150,00. Valores recebidos
em cheque.
97
Unidade II
Quadro 66
Móveis e Material
Identificação da conta Baixa de bens utensílios limpeza
10 Aumento / Diminuição + - -
Débito / Crédito D C C
10 Aumento / Diminuição + +
Débito / Crédito D C
11‑ Pagamento, por meio de cheque, da folha de pagamento do mês, no valor de R$ 10,00.
Quadro 67
11 Aumento / Diminuição + -
Débito / Crédito D C
98
CONTABILIDADE
Resumo
99
Unidade II
Exercícios
A Norma Contábil que determina a inclusão das receitas e despesas na apuração do resultado do
período a que pertencerem, de forma simultânea, quando se correlacionarem, independentemente de
ter havido recebimento, no caso de receita, ou pagamento, no caso de despesa, está contida no Princípio
Fundamental de Contabilidade da:
A) Competência.
B) Continuidade.
C) Oportunidade.
D) Tempestividade.
E) Uniformidade.
A) Alternativa correta.
100
CONTABILIDADE
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: o princípio da oportunidade considera que os valores devem ser contabilizados nos
momentos em que ocorrem os eventos ou fatos econômicos.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Questão 2 (Enade 2006). Considere, no quadro a seguir, os saldos finais das contas patrimoniais da
Cia. Colibri em 31/12/2005.
Quadro 68
Caixa R$ 1.000,00
Capital social R$ 1.000,00
Contas a pagar até 90 dias R$ 1.000,00
Contas a receber até 360 dias R$ 2.000,00
Depreciação acumulada R$ 500,00
Financiamentos a longo prazo R$ 1.200,00
Imobilizado R$ 2.000,00
Lucro acumulado R$ 700,00
Provisão para crédito de R$ 300,00
liquidação duvidosa
Salários a pagar R$ 300,00
A) R$ 2.800,00 e R$ 3.600,00.
101
Unidade II
B) R$ 4.200,00 e R$ 1.700,00.
C) R$ 4.200,00 e R$ 2.800,00.
D) R$ 4.300,00 e R$ 1.200,00.
E) R$ 5.000,00 e R$ 1.000,00.
102
CONTABILIDADE
Unidade III
7 INTRODUÇÃO À ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL
Como interpretar
as demonstrações
financeiras/contábeis?
Figura 25
Em uma matéria assinada pelas agências Infomoney e Reuters (2014), veiculada no dia 13/2/2014,
os jornalistas redigiram a seguinte manchete:
Nessa mesma matéria, dizem o seguinte sobre as demonstrações financeiras/contábeis que foram
divulgadas pelas empresas:
103
Unidade III
Saiba mais
<http://dinheiro.br.msn.com/mercado/bb-tem-maior-lucro-da-
hist%C3%B3ria-braskem-reverte-preju%C3%ADzo-de-2012-confira-
mais-balan%C3%A7os>.
Lembrete
Esses usuários não são prioritários nem devem ser privilegiados pelos
contadores, mas todo contador deve considerar as necessidades desses
usuários em específico com atenção.
No caso desse trabalho jornalístico, para uma grande parcela da população, saber que a Braskem
conseguiu reverter um prejuízo de 2012 pode ser algo completamente sem sentido, inócuo. O tipo de
notícia que se lê em um jornal apenas por distração ou para fazer o tempo passar. No entanto, para
um executivo de uma empresa que compra matérias-primas da Braskem, essa é uma informação muito
relevante, porque indica ou é um dos indicativos de que a empresa provavelmente continuará a fornecer
essas matérias-primas sem sobressaltos. Para o presidente do sindicato dos químicos de uma cidade
em que a Braskem mantenha uma planta industrial, essa também é uma informação importante, uma
104
CONTABILIDADE
vez que saberá decidir qual posicionamento o sindicato poderá ter nas próximas negociações com
a empresa. Um ambientalista que acompanhe o mercado de produtos químicos também verá muita
importância nessa notícia.
Observação
Mas imaginemos que você seja um investidor da Braskem e, apenas para colocarmos um pouco mais
de apreensão nessa nossa imaginação, que tenha R$ 80.000,00 investidos em ações dessa empresa, o
que é uma boa parte das suas economias. Saber que a Braskem conseguiu reverter um prejuízo, com
absoluta certeza, deixa-o mais tranquilo. É bem capaz que um investidor, ao ter lido essa matéria, tenha
suspirado.
Por isso, existe uma série de detalhes conceituais e signos, ou seja, significados nas
demonstrações que iremos estudar a seguir. Não raramente, muitos alunos se sentem
desconfortáveis com a estrutura conceitual das demonstrações financeiras/contábeis, porque, a
priori, parece ser algo muito engessado! Não é possível criar ou “personalizar” quase nada, “tem
de ser desse jeito”! Mas, estudando essa estrutura, vamos perceber como é bem-organizada e,
incrivelmente, consegue traçar uma comunicação eficiente com as pessoas. É muito inteligente
a estrutura de um balanço patrimonial e da DRE! Não é que as demonstrações financeiras e
contábeis sejam “engessadas”, trata-se de um esforço de todos os contadores do planeta para
comunicar informações de qualidade.
Se formos analisar outra forma de comunicação, um telejornal, por exemplo, veremos que também
há uma forma rígida ou, como muitos dizem, “engessada” de comunicar notícias com eficiência.
105
Unidade III
Figura 26 – Coletânea de imagens públicas de telejornais ao redor do planeta: Jornal Nacional da TV Globo Brasil, CNN
e Bloomberg dos EUA, BBC de Londres, RAI da Itália, Al Jazeera do Oriente Médio.
Um telejornal é a fonte de informação da maioria das pessoas. Muitas não têm mais o hábito de
ler jornais ou mesmo notícias na internet, hábito esse considerado “trabalhoso” ou “chato”. As pessoas
ficam à frente da televisão e recebem passivamente as notícias do dia e as análises que os jornalistas
costumam fazer. Raramente checam essas informações ou buscam ler as fontes para ter sua própria
análise e opinião sobre os fatos. Por exemplo, no caso de um telejornal (ou programa de televisão de
qualquer formato), abordando a vida e a obra de um autor de romances desconhecido, muitos terão
uma opinião sobre esse autor sem nunca ter lido uma só obra dele.
O fato é que os telejornais são uma excelente fonte de informações e têm como grande vantagem
a agilidade na cobertura dos fatos, que em alguns casos podem ser narrados e analisados ao mesmo
tempo que ocorrem. É aí que está o motivo que justamente atrai tanto: os telejornais têm movimento,
emoção! E justamente aí está um grande problema do jornalismo: a espontaneidade e o imediatismo
das informações.
Machado (2000), por exemplo, cita uma notícia fictícia que em um jornal impresso seria apresentada
ao leitor da seguinte forma:
106
CONTABILIDADE
Segundo Machado (2000 p.103), esse relato no jornal seria “seco, impessoal, e aparentemente sem
marcas de enunciação”, ou seja, aparentemente ninguém está falando, ou “alguém qualquer” da redação.
Essa mesma notícia, segundo Machado (2000), quando tratada em um telejornal na televisão, teria
vários enunciadores, jornalistas comentando o caso, traria a entrevista de testemunhas no local, das
vítimas, dos médicos e enfermeiros que estariam atendendo as vítimas, das autoridades de trânsito,
de eventuais especialistas que seriam chamados para comentar o caso e dar opiniões. Ou seja, o
telespectador teria um panorama dos fatos e sentiria a emoção das pessoas.
Assim, segundo Machado (2000 p. 104), “o telejornal é, antes de mais nada, o lugar onde se dão
atos de enunciação a respeito de eventos. Sujeitos falantes diversos que se sucedem, revezam-se,
contrapõem-se uns aos outros, praticando atos de fala que se colocam nitidamente como o seu discurso
com relação aos fatos”.
Desse modo, em quem confiar, quem estaria apresentando os fatos com a maior clareza
ou credibilidade? Fiske (1987 apud Machado, 2000, p. 104) diz, então, que: “O telejornal é uma
montagem de vozes, muitas delas contraditórias, e sua estrutura narrativa não é suficientemente
poderosa para ditar a qual voz nós devemos prestar mais atenção, ou qual delas deve ser usada
como moldura para, através dela, entender o resto”.
O telejornal, dessa forma, é uma excelente e rápida fonte de informações e análises; porém, tem
limitações como essa. Sua narrativa é muito rápida, e muitas vezes não é possível checar a clareza, a
exatidão das informações antes que as notícias sejam levadas aos telespectadores. Não são raros os
casos em que uma notícia veiculada em um telejornal mais confundiu do que esclareceu, ou mais
atrapalhou do que ajudou.
Nesse sentido, uma demonstração financeira/contábil tem a mesma característica que pode ser
atribuída a uma notícia de jornal: é seca e impessoal. Ambas, porém, possuem uma marca de enunciação.
Mas, aos olhos de muitos, a demonstração contábil é uma tabela com números que surgiu “de algum
lugar”, apesar de tecnicamente ter sido elaborada pelo contador responsável pela empresa.
Mas não é isso! Quando um usuário da contabilidade analisa uma demonstração financeira/contábil, a
última coisa que espera é que existam situações de dúvida. O que ele precisa é ter informações confiáveis,
claras, exatas. Por isso, desenvolveu-se uma estrutura para que ele tenha informações com qualidade. Uma
demonstração financeira/contábil é preparada com o intuito de esclarecer, levar segurança, ser uma fonte
absolutamente confiável para a tomada de decisões e que se esgota por si só, não necessita de pesquisas
adicionais. Então, apesar de ter um aspecto seco, frio, passa a ser quente, amigável, segura. Padovese (2003
p. 83) resume essa característica da seguinte forma:
107
Unidade III
Mas nem sempre foi assim! Antes da entrada das Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil,
Lauretti (2003) resumiu alguns aspectos negativos que deveriam (e devem) ser evitados nos relatórios
anuais. São os seguintes:
Senhores acionistas,
A Administração
Observação
Entramos, então, no estudo da estrutura do Balanço e da DRE. Antes de as analisarmos, convido você
a observar como era a estrutura dos balanços patrimoniais conforme a Lei nº 6.404/76; portanto, antes
da entrada das IFRS no Brasil.
Conteúdo do Balanço
Ativo Passivo
Obrigações
Ativo circulante Passivo circulante
Ativo realizável em longo prazo Passivo exigível em longo prazo
Bens e direitos
Patrimônio
- Ativo diferido
líquido
- Reservas de capital
- Reservas de reavaliação
- Reservas de lucro
- Lucros (ou prejuízos) acumulados
A estrutura anterior a 2007 continha, por exemplo, o Ativo Diferido, que eram as despesas pré-
-operacionais quando da abertura de um novo negócio. Os contadores brasileiros entendiam que
todas as despesas necessárias para a abertura de um novo empreendimento deveriam ser consideradas
como um ativo, que iria sendo amortizado com o tempo. Esse procedimento seria correto, porque, de
fato, muitas despesas ocorrem quando da abertura de uma empresa e, por lógica, irão influenciar seus
primeiros anos de vida. Ocorre que os contadores de outros países não entendiam dessa forma. Despesas
pré-operacionais devem ser consideradas despesas mesmo, jamais as consideravam como ativo.
E, num esforço de convergência, os contadores brasileiros resolveram não mais praticar a amortização
dos gastos pré-operacionais; portanto, esse grupo foi extinto!
Saiba mais
<http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Enfoque/article/
viewFile/15233/9055>.
109
Unidade III
Com a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade, o conteúdo do balanço passou a ser o
seguinte:
Conteúdo do Balanço
Ativo Passivo
Obrigações
Ativo circulante Passivo circulante
Ativo não circulante, Passivo não circulante
dividido em:
direitos
Bens e
Patrimônio
- Reservas de capital
líquido
- Ativo imobilizado
- Reservas de avaliação patrimonial
- Ativo intangível
- Reservas de lucro
- Lucros (ou prejuízos) acumulados
Lembrete
Observe que não há mais o ativo diferido, mas agora temos o ativo intangível, um assunto
complexo e que trazia muitas dificuldades aos contadores pela dificuldade em definir um ativo
intangível (marcas, conceitos, processos, licenças, valorização do ponto de venda), ou seja, ativos
que não têm forma física, mas têm muito valor na atual sociedade. Há empresas que mantêm
ativos intangíveis muito relevantes, que anteriormente eram completamente ignorados pelos
contadores.
Note ainda que a estrutura de um balanço nas IFRS é muito simples de entender: ativo circulante
e não circulante, e passivo circulante, não circulante e patrimônio líquido. Muito simples e rápido de
entender, sem assuntos difíceis!
Mas não foram apenas essas as modificações que ocorreram na estrutura das demonstrações
financeiras/contábeis. Os contadores entenderam que, de um ponto de vista quantitativo, ou seja, de
mostrar os números, os usuários da contabilidade estavam recebendo um bom trabalho. O problema era
que não havia informações sobre as operações e as atividades da empresa.
110
CONTABILIDADE
Observação
Valor preditivo
Relevância
Valor confirmatório
Fundamentais Completa
Neutra
Representação
Características fidedigna
qualitativas Livre de erro material
Comparabilidade
De melhorias Verificabilidade
Tempestividade
Compreensibilidade
Saiba mais
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>.
111
Unidade III
O CPC Conceitual Básico (2014) e o CPC 26 (2014, p. 23) consideram que “os elementos diretamente
relacionados com a mensuração da posição patrimonial e financeira são os ativos, os passivos e o
patrimônio líquido”. Dessa forma, define-se Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido da seguinte forma:
(c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou
Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulantes (NBC,
2014, p. 515).
É muito comum no Brasil, por exemplo, as usinas de álcool e açúcar acompanharem o período da
safra da cana de açúcar; por isso, todo o calendário, inclusive o de divulgação de balanços patrimoniais,
segue o ciclo operacional. Normalmente, as usinas apresentam balanços anuais no mês de abril.
Direitos
São contas dedutoras, redutoras dos direitos. Por exemplo, temos a Estimativa para Crédito de
Liquidação Duvidosa (ECLD), a antiga Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa.
Outros direitos
São direitos oriundos de outras transações que não representam o objeto principal da empresa,
mas são aguardados em uma empresa, inerentes a suas atividades: Por exemplo: títulos a receber;
adiantamento a funcionários; impostos a recuperar.
Estoques
São bens ou mercadorias comprados de terceiros ou fabricados pela própria empresa que têm como
objetivo a venda ou utilização própria.
113
Unidade III
Despesas antecipadas
São situações que surgem em decorrência da correta aplicação dos princípios contábeis quando a
empresa adianta valores a terceiros. O artigo 179 da Lei nº 6.404/76 refere-se a “aplicações de recursos
em despesas do exercício seguinte”.
Deve-se também observar o conceito de curto prazo. Entende-se que no curto prazo são classificados
todos os bens e direitos (ativos) realizáveis em moeda ou nela conversíveis, até o término do exercício
social seguinte.
O ativo não circulante são todos os outros itens que podem ser classificados como ativos, mas que
não obedecem aos critérios para o ativo circulante. Incluem-se, no longo prazo, todos os bens e direitos
(ativos) realizáveis em moeda ou nela conversíveis, após o término do exercício social seguinte, assim
como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas,
diretores e acionistas.
Nesse grupo, são classificadas contas independentes do prazo de vencimento, como empréstimos a
coligadas; a diretores; a acionistas e a outras contas, como cauções contratuais; debêntures; empréstimos
compulsórios; depósitos judiciais.
• Investimentos
São classificáveis nesse grupo os bens não destinados à manutenção das atividades da empresa,
como: obras de arte; imóveis para alugar; terrenos para utilização futura.
Ainda classificáveis nesse grupo, temos as participações no capital de outras empresas em caráter
permanente, como: ações de coligadas; ações de controladas; participações em outras empresas.
• Imobilizado
Podemos, então, ter nesse grupo do ativo permanente: imóveis; veículos; máquinas; equipamentos;
móveis e utensílios; depreciação acumulada; conta redutora; terrenos; obras em andamento.
• Intangível
É uma das grandes novidades das Normas Internacionais. Conforme o inciso VI do artigo 179
da Lei nº 11.638/07, são classificados “no intangível” os direitos que tenham por objeto bens
incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive,
o fundo de comércio adquirido.
a) Direitos: fundo de comércio (ponto comercial) adquirido; concessões obtidas; software; marcas;
patentes adquiridas; amortização acumulada, conta redutora.
b) Recursos naturais: gastos na aquisição dos direitos de exploração de minas e jazidas; exaustão
acumulada, conta redutora
(c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço;
ou
Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes (NBC,
2014, p. 516).
115
Unidade III
O passivo circulante, por sua vez, pode ser dividido em sete grupos:
c) Obrigações trabalhistas: salários a pagar, encargos sociais a pagar; encargos sociais a recolher.
d) Obrigações fiscais: ICMS a recolher; IPI a recolher; ISS a recolher; imposto de renda a recolher;
imposto de renda a pagar; ICMS a pagar; IPI a pagar; ISS a pagar etc.
f) Provisões: provisão para 13o salário; provisão para férias; provisão para imposto de renda; provisão
para contingências; provisão para contribuição social sobre o lucro.
g) Outras obrigações: adiantamento de clientes; aluguéis a pagar; multas a pagar; contas a pagar
No passivo não circulante, são classificadas como de longo prazo todas as obrigações para com
terceiros em geral (passivos), exigíveis, com vencimento após o término do exercício social seguinte, ou
em prazo superior ao ciclo operacional da empresa.
No passivo não circulante, classificam-se ainda como resultados de exercícios futuros contas
representativas de receitas futuras, diminuídas dos custos e das despesas a elas correspondentes.
Teremos, então, como contas típicas desse grupo, por exemplo: receitas recebidas antecipadamente ( - )
encargos a vencer sobre receitas antecipadas.
Há, ainda, uma situação que é muito restrita, difícil, mas que pode ocorrer: surgirem resultados
de exercícios futuros, deles devendo constar apenas valores recebidos e que não serão, em hipótese
alguma, devolvidos pela empresa, nem representam obrigações quaisquer de sua parte de entregar bens
ou prestar serviços.
Outro aspecto a ser observado é que esses recebimentos devem referir-se a operações que afetarão
o patrimônio nos exercícios seguintes após transitarem pelo resultado.
116
CONTABILIDADE
O patrimônio líquido (PL), seguindo a Fórmula Fundamental do Patrimônio, é o que sobra entre o
ativo e o passivo. A seguir, a definição do CPC Conceitual Básico (2014, parte 4.20):
4.20. Embora o patrimônio líquido seja definido no item 4.4 como algo
residual, ele pode ter subclassificações no balanço patrimonial. Por exemplo,
na sociedade por ações, recursos aportados pelos sócios, reservas resultantes
de retenções de lucros e reservas representando ajustes para manutenção do
capital podem ser demonstrados separadamente. Tais classificações podem
ser relevantes para a tomada de decisão dos usuários das demonstrações
contábeis quando indicarem restrições legais ou de outra natureza sobre a
capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de outra forma os seus
recursos patrimoniais. Podem também refletir o fato de que determinadas
partes com direitos de propriedade sobre a entidade têm direitos diferentes
com relação ao recebimento de dividendos ou ao reembolso de capital (NBC,
2014, p. 26).
Fazem parte do PL também as reservas, e constituí-las é uma obrigação definida pelo estatuto da
empresa ou pelas leis.
Lembrete
O PL é dividido em:
• Capital social
Investimento feito pelos proprietários (acionistas/cotistas) na empresa. Compreende a parte do
patrimônio líquido formada pelas ações subscritas na Constituição ou pelo aumento do capital
de uma empresa. Pode ser separado em Capital a Realizar, ou seja, ainda não integralizado, e
Capital Realizado, em que o valor do capital foi colocado à disposição da empresa.
• Reservas de capital
São recursos entregues à empresa para suas operações, de acordo com os interesses dos
proprietários e/ou de terceiros.
• Reservas de lucros
São compostas por contas que fazem parte do patrimônio líquido e que têm origem no lucro
líquido da empresa. Constituem uma das partes de lucro líquido, quando de sua distribuição.
Algumas reservas são obrigatórias por lei, outras são facultativas ou fazem parte do estatuto;
portanto, tornam-se obrigatórias.
• Ações em tesouraria
São as ações da empresa adquiridas pela própria empresa. Constituem uma conta devedora,
retificadora de patrimônio líquido. Algumas empresas decidem, em determinado momento,
comprar suas próprias ações, por conta de uma decisão ou adequação a uma nova realidade. Um
exemplo disso é quando os sócios não querem que alguns acionistas comprem ações em demasia.
• Prejuízos acumulados
Exemplo de Aplicação
Que tal analisarmos juntos o balanço de uma empresa que vem apresentando bons rendimentos nos
últimos anos? E o de uma empresa do terceiro setor? Vamos analisar o Balanço Patrimonial da Embraer
do ano de 2012 e o da AACD, também de 2012.
118
CONTABILIDADE
119
Unidade III
Ativo
Circulante
Caixa e equivalentes de caixa – recursos sem 7.716 5.384
restrições (Nota 6)
Títulos e valores mobiliários – recursos sem 72.663 74.110
restrições (Nota 7)
Contas a receber (Nota 8) 28.464 30.442
Estoques (Nota 9) 8.147 6.357
Adiantamentos diversos 1.789 3.884
118.779 120.177
120
CONTABILIDADE
Não circulante
Outros créditos a receber 266
Depósitos judiciais 84 27
Imobilizado – sem restrições (Nota 10) 77.909 55.448
Intangível (Nota 11) 1.548 4.256
Ações recebidas em doações 340 255
80.147 59.986
Total do ativo 198.926 180.163
Saiba mais
<http://aacd.org.br/relatorio/relatorio2012/RelatoriodeAtividades-
financas.pdf>.
121
Unidade III
Ao observar esses dois balanços patrimoniais, de empresas que estão em setores da economia e da
sociedade completamente diferentes, um de uma grande empresa aeroespacial que visa ao lucro, e o
outro de uma empresa do terceiro setor, de assistência social, você consegue notar alguma semelhança?
Veja que ambos trazem uma estrutura muito simples. No ativo, há dois grandes grupos, ativo
circulante e não circulante. E, no passivo, temos o passivo circulante, o passivo não circulante e o
patrimônio líquido.
Claro que é possível observar que a Embraer é uma empresa mais complexa, com operações
mais diversificadas, o que é possível notar pelos nomes das contas contábeis. Mas veja que estamos
comparando aqui empresas extremamente diferentes e que conseguimos observá-las e analisá-las de
maneira idêntica, por meio da Estrutura dos Balanços. Quem tiver a oportunidade de visitar fisicamente
a Embraer vai se sentir “uma formiguinha” em meio a galpões enormes e máquinas gigantescas. Mas
quem for à AACD também não ficará atrás! Vai ver um trabalho frenético, com centenas de pacientes
e visitantes entrando e saindo a todo o momento, em hospitais e instalações enormes! Em ambas as
empresas nos perguntamos: como é possível administrar isso tudo?
Já foi dito que os balanços patrimoniais são um relatório – à semelhança de uma notícia de jornal
impresso – seco, impessoal e aparentemente sem marca de enunciação. Você concorda com isso?
Assim como realizamos para os Balanços Patrimoniais uma comparação com a estrutura antiga
da DRE, conforme a Lei nº 6.404/76, e comparamos com a estrutura atual, de acordo com as Leis
nº 11.638/07 e nº 11.941/09, ou seja, as Normas Internacionais de Contabilidade, realizaremos o
mesmo comparativo para a Demonstração do Resultado.
122
CONTABILIDADE
= Receita líquida
(‑) Custo dos produtos e serviços vendidos
= Lucro bruto
(‑) Despesas de vendas
(‑) Despesas financeiras
(+) Receitas financeiras
(‑) Despesas administrativas
(‑) Outras despesas operacionais
(+) Outras receitas operacionais
= Lucro operacional
= Lucro antes do Imposto de Renda
(‑) Provisão para Imposto de Renda
(‑) Participações e contribuições
= Lucro líquido do exercício
Lucro por ação
Essa estrutura é descrita na Lei nº 6.404/76 da seguinte forma:
123
Unidade III
Hoje, existem despesas de operações contínuas e descontinuadas, no caso de uma empresa necessitar
lançar valores de operações que não estão mais “em produção”.
Quadro 73
Ainda o artigo 187, agora no item VI, tinha e passa a ter a seguinte redação:
Quadro 74
(a) receitas;
Soma de todas as vendas realizadas pela empresa num determinado período. Desde que os produtos
ou serviços tenham sido transferidos ou prestados, a receita bruta é a somatória das vendas feitas tanto
à vista como a prazo, e no mercado interno ou externo.
A partir do saldo da Receita Bruta, descontam-se as chamadas deduções de vendas, que são
basicamente de três tipos:
• Devolução e abatimento
Quando uma empresa, por conta de algum motivo ou problema, como entrega de quantidade a
maior ou a não visita dos entregadores, se vê obrigada a recepcionar novamente os produtos que
havia vendido e baixar o valor da venda.
• Desconto comercial
O desconto comercial ocorre quando a empresa decide praticar uma tabela de preços, mas por
razões comerciais não pode alterá-la e prefere conceder desconto a alguns clientes.
126
CONTABILIDADE
• despesas de vendas;
• despesas financeiras;
• receitas financeiras;
• despesas gerais/administrativas.
Essa conta representa o resultado que irá incidir o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o lucro
líquido, tributo devido ao Governo Federal pelas empresas que estão sujeitas ao recolhimento do Imposto de
Renda com base no lucro real. Observe que essa tributação tem uma natureza de distribuição de lucros.
Após todos esses cálculos e a tributação devida à autoridade tributária, obtém-se o resultado que
será deliberado e, caso decidido nesse sentido, distribuído aos acionistas ou sócios.
Interessante observar que todo esse cálculo não é fácil, muito menos perceptível aos gerentes e
empresários; por isso, é imprescindível conhecer todo esse processo para saber de fato o resultado líquido.
Depois de conhecer a estrutura da DRE, que tal analisarmos juntos o balanço de uma empresa que vem
apresentando bons rendimentos nos últimos anos? Foi escolhida para análise a DRE da Embraer do ano de 2012.
Custo dos
produtos e serviços (7.742.608) (6.642.803) (6.635.392) (9.248.569) (7.638.825) (7.582.662)
vendidos
LUCRO BRUTO 2.487.653 1.823.750 1.495.001 2.953.146 2.219.230 1.797.963
RECEITAS
(DESPESAS)
OPERACIONAIS
128
CONTABILIDADE
Observe que, na DRE, a Embraer não publicou as vendas brutas, já começou com as receitas líquidas.
Logo após, observe que o custo dos produtos e serviços vendidos da Embraer é bem alto.
Lembrando que estamos analisando as colunas do consolidado, em 2012, 76% das receitas líquidas
foram usadas para cobrir gastos de fabricação das aeronaves. A mesma tendência pode ser observada
em 2011 e 2010.
129
Unidade III
Figura 28
Depois de apurar os custos e o lucro bruto, o contador da Embraer subtraiu as despesas, conforme
podemos ver aqui neste recorte:
Figura 29
No entanto, observe o que ocorreu nos anos anteriores. No ano de 2011, a Embraer também deu
lucro, mas despencou em relação a 2012. E em relação a 2010 também.
Você deve estar pensando... O que aconteceu em 2011 para o lucro cair tanto?
O fato é que essa situação provocou mudanças na estratégia da empresa, conforme foi noticiado na
imprensa especializada.
130
CONTABILIDADE
Saiba mais
Acesse:<http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Visao/
noticia/2012/10/para-onde-voa-embraer.html>.
Veja como você consegue observar toda essa situação refletida nas demonstrações financeiras/contábeis
da empresa. De certa forma, as demonstrações financeiras são o espelho, o resumo de toda a organização.
Finalizando essa análise, observe que o lucro da Embraer foi quase todo distribuído aos acionistas:
Mas... Você deve estar pensando: e como seria analisar uma empresa de um setor que não visasse ao
lucro, como é o caso da Embraer? Que tal analisarmos a demonstração de resultado da AACD?
Quadro 76
Receitas operacionais
Receitas com atividades de saúde (Nota 17)
Atividades hospitalares
Convênios 121.969 123.839
Particular 3.106 2.638
131
Unidade III
Despesas operacionais
Despesas com atividades de saúde (Nota 22)
Despesa com pessoal 16.787 13.847
Despesa com material 72.069 80.675
Despesas administrativas e gerais 24.883 19.948
Despesas financeiras e bancárias 1.482 1.451
115.221 115.921
132
CONTABILIDADE
Outras despesas
Gratuidades concedidas (Nota 26) 90.846 74.251
Voluntariado (Nota 23) 2.218 1.678
Ganho ou perda no imobilizado 970 1.067
94.034 76.996
Total das despesas 328.404 291.168
Superávit do exercício 4.475 27.884
Sim, existem algumas diferenças entre a DRE da Embraer e a da AACD. A Embraer é uma empresa
bem mais complexa, com diversas operações. Já a AACD é uma entidade mais simples, arrecada doações
e receitas de serviços hospitalares e as utiliza em suas atividades.
Observe que, neste caso, o contador da AACD preferiu dar maior evidenciação para as receitas e
despesas, explicando as origens e classificando os tipos de despesas:
Figura 30
Observe também que a AACD conseguiu obter uma receita equilibrada entre os dois anos de 2011 e
2012, e também consumiu o dinheiro da mesma forma. Entende-se que, para uma entidade como essa,
é muito importante estabilizar sua arrecadação, para cumprir sua missão com mais efetividade.
Então, perceba como é possível obter diversas informações a partir da leitura e da interpretação das
demonstrações contábeis/financeiras.
Observação
Importante
Exemplo de aplicação
A seguir, convido-o a praticar tudo o que aprendeu até agora. É fácil! Você analisará uma situação e
montará um balanço patrimonial e uma DRE.
No pequeno e tosco aldeamento de Hoogervorst, ao sul do território hoje conhecido como a França,
dois meninos aprenderam o ofício da marcenaria artística.
Hoogervorst era uma das vilas mais pobres e tristes de toda a região. A população vivia em um
estado miserável, sem nenhum conforto. As doenças e pragas pairavam sobre o lugar. As condições de
higiene eram lastimáveis e seus habitantes viviam à margem do intenso desenvolvimento que a França
de Luís XIV, o próspero e déspota Rei-Sol, oferecia a seus súditos.
Esses dois meninos tornaram-se homens e, ao que diziam, excelentes entalhadores. Eram dos poucos
na região que conheciam a arte da marchetaria! Seus pais também eram conhecidos como exímios
artistas da madeira; porém, eram desvalorizados e vendiam seus móveis a preços irrisórios a alguns
poucos clientes aproveitadores. Não sabiam fazer contas e não tinham nenhuma ambição maior.
Ainda jovens, Aaron e Pierre, até então amigos inseparáveis, apaixonaram-se ardentemente pela mesma
mulher: a doce e bela Annelise, a única filha do dono da padaria. A disputa entre os dois desencadeou
tristeza, rancor e discórdia por todo o aldeamento. Prevendo que uma tragédia ocorreria, Annelise fugiu
de casa e nunca mais foi vista. Alguns dizem que não aguentou a tão imprudente aventura e morreu nas
agruras da floresta. Outros disseram que ela estaria bem de saúde aos cuidados de familiares em Paris.
O fato é que a comunidade de Hoogervorst não suportava a aridez e a falta de compostura dos
dois marceneiros. Beberrões, malcheirosos, arrogantes e maltrapilhos, Aaron e Pierre não podiam se
encontrar porque surgia uma violenta e animalesca briga. A doce e bela Annelise tinha razão. Estava
perto o dia em que os dois artistas iriam se matar ou acabar mortos...
Certo dia, acompanhado de seus soldados, o Rei Luís XIV visitou Hoogervorst. Conforme contam
os historiadores, ele estava a caminho do castelo de uma de suas amantes. Seus conselheiros haviam
comentado que no tosco aldeamento viviam dois marceneiros muito talentosos. Essa informação
despertou o interesse do Rei-Sol, que amava as artes e usava uma boa (muitos diziam irresponsável)
parcela do tesouro da França e de Navarra em obras artísticas.
Ao encontrar Aaron, maravilhou-se por uma linda mesa! Tão bem envernizada que ofuscava
os olhos. Ramos de flores vermelhas em marchetaria decoravam as bordas. O Rei, então, decidiu
comprar a linda mesa! Posteriormente, conheceu Pierre e adorou os entalhes perfeitos em uma
cadeira. Começou ali um relacionamento que fez o tosco e subdesenvolvido aldeamento se tornar
uma próspera localidade. O Rei ordenou que os dois produzissem todos os móveis do castelo de sua
134
CONTABILIDADE
amante preferida, e que seriam remunerados de acordo com a beleza e a qualidade de cada peça.
Quanto mais bela, mais ganhariam.
Após essa visita, em vez de brigar como dois homens irracionais, Aaron e Pierre começaram a travar
uma rancorosa disputa comercial. Ambos disputavam quem ganharia mais a cada peça produzida.
Essa disputa ajudou a desenvolver o aldeamento de Hoogervorst, uma vez que passaram a comprar
regularmente os bens disponibilizados pelos comerciantes. Os dois se casaram, mas logo ficaram viúvos.
Apesar do gosto pela disputa com sabor de vingança, eram dois homens amargurados.
Hoogervorst ficava em um ex-reino de um rei com família de origem holandesa. Há muitos anos,
o Rei Marinus Gervorst, acuado pelas bem-equipadas tropas de Luís XIV, resolveu entregar o território
para a coroa francesa, e, em troca, todo o dinheiro do reino continuou a ser de sua propriedade. Recebeu
o título de conde de Hoogervorst e tornou-se banqueiro.
Numa manhã fria de novembro, para espanto de todos, Annelise apeou de uma carroça em um lindo
vestido azul... (SARAMELLI, 2012).
O seu trabalho:
Você será o contador de um dos marceneiros de Hoogervorst. Escolha com quem quer trabalhar:
Aaron ou Pierre.
Primeiro passo
Aaron possui uma marcenaria com o capital de 200 francos (a herança que seu pai lhe deixou), um
ativo com caixa no valor de 10 francos, máquinas e equipamentos no valor de 600 francos e obrigações
com o conde Marinus no valor de 410 francos.
Pierre possui uma marcenaria com o capital de 500 francos (a herança que seu pai lhe deixou), um
ativo com caixa no valor de 50 francos, máquinas e equipamentos no valor de 800 francos e obrigações
com o conde Marinus no valor de 350 francos.
Segundo passo
O Rei Sol encomendou, para cada um dos marceneiros, um jogo de móveis para o Castelo de Versalhes,
no valor de 2 mil francos (para cada jogo!). Ao contrário dos móveis que costumam fabricar, magníficos,
mas destinados a castelos secundários, esses precisarão superar a expectativa mais rigorosa do Rei, ter
beleza inigualável, capaz de surpreender e deixar de queixo caído o mais exigente dos críticos.
Lembre-se de que Luís XIV ficou conhecido pela célebre frase: “Eu quase que esperei!”.
135
Unidade III
Para produzir essas peças de qualidade tão superior, será necessário adquirir dois novos bens e
realizar cinco despesas que serão importantes para a empresa de Aaron e/ou Pierre.
Esses bens e essas despesas terão de ser comprados no próprio aldeamento de Hoogervorst.
Você terá de fazer os lançamentos contábeis no diário, tanto de despesa como de receita, da seguinte
forma:
Data Localidade
Apure o balanço patrimonial e a DRE da empresa do marceneiro que você decidir trabalhar.
Importante
Como já comentado, escolha se será contador(a) de Aaron ou de Pierre. Valorize com entusiasmo e
grandiosidade o seu trabalho. Bom humor é sempre bem-vindo! Você pode, por exemplo, comprar uma
máquina de corte de madeira a laser, para dar um acabamento mais preciso, não precisa verificar se
existiam máquinas a laser naquela época! O que a sua criatividade indicar.
Atenção
Neste exercício, não serão usadas técnicas de contabilidade de custos, que serão aprendidas em
outra disciplina.
Mensagem
Caso você esteja tendo dificuldades para realizar este exercício, não desista! Procure seu tutor, você
conseguirá! E, ao final do trabalho, vá à plataforma e veja a resposta que o professor preparou e a
conclusão da história dos marceneiros de Hoogervorst e Annelise.
Bom trabalho!
Bon travail et d’étude!
O conto é fictício, foi produzido pelo Prof. Me. Alexandre Saramelli para uso exclusivo em ambiente
acadêmico.
Hans Hoogervorst é o atual chairman da Iasb, que assumiu esse importante cargo em substituição
ao Sr. David Tweedie. O uso de seu sobrenome neste exercício representa uma homenagem e um voto
de boa sorte à frente da Iasb.
136
CONTABILIDADE
Resumo
Imagine agora que você seja o contador de uma empresa e que, após
todo um exaustivo trabalho, tenha observado na DRE que essa empresa
obteve um lucro. Ao transmitir essa informação para os gestores e colegas
de trabalho, certamente você irá ouvir comemorações, manifestações de
alegria, as pessoas irão ficar contentes e quem sabe até preparar uma festa!
Mas e se você tiver apurado um prejuízo? Certamente ao transmitir essa
informação você irá levar tristeza, desapontamento, rancores, lamentações,
cobranças... Ou seja, mais do que um procedimento simples e relativamente
fácil, uma Demonstração de Resultado do Exercício é uma medição de
desempenho do sucesso, do esforço, do carinho e da dedicação que seres
humanos deram a um propósito em comum.
Tenho certeza de que grande parte das suas dúvidas sobre contabilidade
neste momento ainda não foram satisfeitas. Digo até que, talvez, este
livro‑texto, em vez de tirar dúvidas, criou muitas outras. Muitas dessas
novas dúvidas serão respondidas ao longo do curso. O que importa agora
é que você tenha conseguido substituir dúvidas mais simples por dúvidas
mais sofisticadas.
Parabéns!
Exercícios
Questão 1 (Enade 2009). A Cia. Incertos e Associados, empresa de consultoria jurídica, iniciou suas
atividades em 30/11/X8, com um capital social de R$ 100.000,00, totalmente integralizado, parte em
dinheiro, R$ 60.000,00, e parte em móveis e utensílios, R$ 40.000,00. Até o final do exercício de X8,
ocorreram os seguintes fatos contábeis:
137
Unidade III
Quadro 77
Com base nessas informações, o valor do ativo da Cia. Incertos e Associados, em 31/12/X8, é de:
A) R$ 271.000,00.
B) R$ 262.000,00.
C) R$ 253.000,00.
D) R$ 251.000,00.
E) R$ 217.000,00.
Resolução do exercício
Quadro 78
Ativo Passivo
Conta R$ Conta R$
Bancos 60.000 Capital social 100.000
Móveis e utensílios 40.000
Total 100.000 Total 100.000
Os saldos dessas contas foram obtidos com base nos razonetes que seguem.
138
CONTABILIDADE
(1) Realização do capital social, dividido em dinheiro (60%) e móveis e utensílios (40%).
40.000 (SI)
Investimentos em ações
0.000 (9)
139
Unidade III
Quadro 79
Foram excluídos os saldos das contas de resultados (despesas antecipadas de aluguel e despesas
com salários) que, posteriormente, afetarão o patrimônio da empresa. Materiais de consumo foram
considerados como item de estoque e, como tal, integrantes do ativo.
Observação
A provisão, seguindo a nova legislação, precisa ter como característica valor ou prazo incerto, o que
não é o caso de salários a pagar (daí a retirada do nome provisão de conta).
Questão 2 (Enade 2006). A Estelar Aérea S.A., uma das mais importantes empresas na vida empresarial
recente do Brasil, viveu, durante o ano de 2006, um processo de insolvência, como se pode observar
pelos seguintes grupos de contas em seu Balanço de 31 de dezembro de 2005:
140
CONTABILIDADE
Em R$ milhões
Ativo Circulante.....................................1.310
Realizável a Longo Prazo......................788
Ativo Permanente....................................238
Passivo Circulante..................................2.111
Exigível a Longo Prazo...................... 8.146
O Patrimônio Líquido da Estelar Aérea S.A., em 31 de dezembro de 2005, em R$ milhões, era de:
A) 12.593.
B) 7.921.
C) 2.336.
D) -2.336.
E) -7.921.
141
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 12
A SCUOLA DI SCIENZA E TECNICA. Sezione – “C”: gli strumenti scientifici della Scuola Media “Luca
Pacioli”. [s.d.]. Disponível em: <http://www.centrostudimariopancrazi.it/pdf/Scienza%20e%20
tecnica/5%20-%2079-108.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2014. p. 80.
Figura 33
MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. São Paulo:
Atlas, 2013. p. 16.
REFERÊNCIAS
Textuais
BB tem maior lucro da história, Braskem reverte prejuízo de 2012; confira mais balanços. InfoMoney,
São Paulo, 13 fev. 2014. Disponível em: <http://dinheiro.br.msn.com/mercado/bb-tem-maior-lucro-da-
hist%C3%B3ria-braskem-reverte-preju%C3%ADzo-de-2012-confira-mais-balan%C3%A7os>. Acesso
em: 15 abr. 2014.
BRASIL. Lei nº 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 18 jul. 2012.
___. Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994. Transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(CADE) em Autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica e
dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8884.htm>. Acesso
em: 17 jul. 2012.
___. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de
15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades
de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007‑2010/2007/lei/l11638.htm>.
Acesso em: 18 jul. 2012.
___. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao
parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que específica.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007‑2010/2009/lei/l11941.htm>.
Acesso em: 14 jul. 2012.
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Sites
<http://www.abragames.org/>
<http://www.abve.org.br/>.
<http://www.cpc.org.br/pdf/CPC04_R1.pdf>
Exercícios
145
146
147
148
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000