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PPGHIS – Teoria e Metodologia da História

Rebecca M Q Ribeiro – 18/0133535

KRACAUER, S. – Historia. Las últimas cosas antes de las últimas. Buenos Aires: Las
Cuarenta, 2010.

Kracauer se preocupa em desmontar algumas das concepções que eram tidas


como “obviedades” da história. A exemplo do capítulo 3, em que o autor discute
questões sobre a relação historiador e presente. De certo, não é possível conceber um
historiador destacado do seu tempo, sem ser influenciado pelo presente. Mas é
interessante que Kracauer procura defender que essa relação na verdade é menos
influente do que aparenta.

Acredito que em muitas discussões do campo historiográfico, até o presente,


ainda procuram destacar o caráter ‘subjetivo’ que está presente em todas as reflexões
dos historiadores. Entretanto, parece que Kracauer havia feito um movimento contrário
em seu texto. Argumentando que essa subjetividade ligada ao contexto do historiador é
menos presente do que se imagina. Ou, pelo menos a partir da leitura do terceiro
capítulo, que ela deve ser um aspecto menos relevante na condição de historiador.

É interessante analisar de que forma Kracauer argumenta que o ponto de partida


do historiador pode ser o interesse pelas questões do passado em si, e não
necessariamente refletir de que forma o presente está sempre imbricado nas questões
propostas pelo historiador. Não entendo que seja o objetivo de Kracauer negar
completamente a presença do presente na interpretação do historiador ou nas suas
concepções de passado, mas é interessante poder tencionar essa relação. Partir do
princípio que o presente não exerce essa influência onerosa que algumas leituras podem
fazer parecer.

Outra discussão que Kracauer se propõe a contribuir é a questão do tempo e,


nesse sentido, ele engrossa o coro de autores que procuram desconstruir esse caráter
‘cronológico’ que o tempo histórico veio a adquirir. O argumento posto é de que isso é
prejudicial a interpretação pois coloca a história também numa perspectiva linear, e
acaba por levar os historiadores a pensarem em termos de causalidade entre
acontecimentos é reiterado em outras leituras. A consequência dessa visão é,
inevitavelmente, a concepção de progresso na linearidade da história. E essa concepção
acaba sendo prejudicial em muitos sentidos, principalmente em termos de ‘avanços’ e
‘retrocessos’, como se pudesse medir períodos históricos a partir desses termos, como se
houvesse comparação entre momentos e como se eles ‘evoluíssem’ quanto mais se
avançasse na régua do tempo.

Finalmente, o capítulo 8 reagrupa as ideias dos capítulos anteriores e propõe


algumas mudanças de concepções no campo da história. Além disso, Kracauer força um
diálogo entre história e filosofia – que ele descreve como disciplinas que criaram uma
oposição entre si. Ao buscar alguns argumentos filosóficos para questões históricas,
Kracauer acaba por retomar esse historiador apagado frente às fontes que ele havia
discutido anteriormente em seu livro.

Kracauer retoma a questão temporal, a questão do lugar do historiador perante o


fazer história, a discussão geral-particular. Todas essas questões se fazem presentes na
tentativa do autor de “reabilitar os modos de pensar dos historiadores”. Acredito ser
interessante a tentativa de Kracauer de propor uma ampliação das formas de pensar na
história. Justamente por ver que essas questões citadas acima acabaram gerando
premissas inócuas na história, o autor acaba por sugerir uma ampliação das
possibilidades de pensar – algo que ele enxerga que foi solapado pela imposição da
subjetividade do presente e do tempo histórico cronológico.

Ainda que não contribua diretamente para uma forma de ‘fazer história’
propriamente dita, é interessante pensar de que maneira as reflexões de Kracauer atuam
na contramão do estabelecimento das ciências sociais. Enquanto a história enquanto
disciplina tenta acomodar um conjunto de regras que a pareçam legitimar, Kracauer
argumenta que justamente essas regras são aquilo que acabam afastando o ‘fazer
história’ de uma possibilidade de reflexão filosófica, de contribuição metodológica das
ciências humanas – como, por exemplo, a antropologia. Por mais que o autor argumente
em termos de possibilidades de contornar esses ‘problemas’ enxergados por ele, ele
reconhece que o mais importante é manter o caráter do não-conhecido, do inominável,
das possibilidades que são como 'sonhos'. Entendendo Kracauer como um estudioso do
cinema, e pensando em sua tese sobre o expressionismo alemão e a influência na cultura
alemã, é interessante pensar na presença da defesa das interpretações que vão além do
presente do historiador, das hipóteses que são descabidas e baseadas como que em
contemplações e não ideias rígidas. Acredito que o cinema expressionista continua por
influenciar a percepção de mundo de Kracauer, interferindo na importância que as
reflexões filosóficas e os sentimentos profundos podem vir a ter na escrita da história.

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