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I - IDENTIFICAÇÃO DO ESTÁGIO
( ) Individual ( X ) Grupal
NOME RGM
1. Juliana Bauer Fonseca 644495
2.
Iniciei as atividades em 08/05/2009, data em que fui até a unidade e apresentei a proposta do
estágio ao gerente.
Cheguei na loja por volta de 15h40, mas tive que aguardar o gerente finalizar um atendimento
para que pudesse conversar sobre a proposta do estágio.
Nesse mesmo encontro ele me apresentou os vendedores. Todos estavam presente na minha
visita. São eles:
Leandro – gerente / projetista – há um ano e oito meses na rede (formado em Decoração pela
Belas Artes);
Guilherme – projetista / vendedor – há um ano e três meses na rede (formado em Design de
Interiores pela Uniban);
Carolina – vendedora – há três meses na rede (sem formação técnica / superior);
Vagner – vendedor – há um ano e um mês na rede (sem formação técnica / superior);
Daiana – vendedora – há um mês na rede (estudante do primeiro semestre de Design te
Interiores na Uniban).
Na conversa que tive com eles, fui informada que todos com exceção da Daiana vieram de outras
unidades.
Por se tratar de comércio, a todo momento a conversa era interrompida por clientes que
entravam na loja ou ligações referentes a projetos, orçamentos, etc.
Esse encontro foi provavelmente o mais produtivo, pois foi quando conversei com cada
funcionário isoladamente, tentando levantar as informações sobre as maiores queixas e pontos
positivos da empresa.
De acordo com eles, num geral é interessante trabalhar lá, porém a compra da Criare pela Sidlar
tem causado desconforto geral.
Ausência de benefícios (não há vale transporte, vale refeição, assistência médica ou qualquer
outro tipo de ajuda de custo);
Pressão do novo dono da empresa (vendedores ficam assustados e initimidados com a presença
constante do presidente);
Desentendimento entre a equipe (com relação a vendas e clientes).
Com conversas grupais, os vendedores comentaram que fazem bastante treinamento, porém em
seus certificados nem sempre consta o número de horas ou a data do evento. Também falaram
sobre a ausência do RH. Não conhecem ninguém e não sabem de outras atividades relacionadas
a essa área que não seja Administração de Pessoal. Foi falado por um deles do novo esquema
de folga (3 dias seguidos), que antes não existia.
Estive lá para colher mais algumas informações e levar direto pra supervisão, mas com o
movimento da loja e as conversas extensas com os participantes, acabei ficando até o
encerramento do expediente.
O gerente me explicou no que consiste suas atividades. Disse que a cobrança é muito alta sobre
a venda da loja e que a parte mais crítica é o trabalho que eles chamam de “boy”, que é a
burocracia que envolve todo sistema da unidade. É ele quem leva pessoalmente os documentos
na matriz, localizada no Parque São Lucas e lida diretamente com o administrativo da Sidlar.
Segundo ele, não há muitas vantagens em se ocupar esse cargo porque não se pode vender,
apenas auxiliar os vendedores para que fechem o maior número de projetos possíveis. A
cobrança é muito grande vinda da supervisão e ele freqüentemente é chamado a atenção para a
postura e comportamentos da equipe.
Ele comentou que é terminantemente proibido enviar projetos por e-mail, pois isso facilitaria o
cliente a buscar o melhor preço com base num trabalho feito por um dos vendedores. Todos os
e-mails enviados são lidos pela central antes de serem entregues ao destino, para se certificar
que não há nem projetos, nem assuntos particulares sendo tratados por esse meio.
Conversei também com a Daiana, que era nova na empresa. Ela demonstrava grande
descontentamento com as políticas e o trabalho em si. Alegou que não sabia por quanto tempo
aguentaria permanecer trabalhando na rede.
Presenciei diversos atendimentos pessoais e via telefone. Todos são muito educados e
prestativos. Demonstram grandes conhecimentos e segurança sobre o que falam. Muitas vezes
repetem diversas vezes a informação para se assegurar que estão falando a mesma língua que o
cliente.
Nesse dia, também assisti uma leve discussão sobre uma venda “barrada”, que é como eles
chamam quando dois vendedores atendem o mesmo cliente. Houve desentendimento entre eles
e o que finalizou a venda se recusou por fim, a dividir a comissão com o primeiro que havia
atendido, provocando um mal estar que para minha surpresa, durou até que um novo cliente
entrou.
A postura de todos é elegante. Não há risadas altas ou clima de descontração excessivo. Todos
permanecem contidos, sempre se ajeitando em suas cadeiras e falando em tom de voz
adequado. As roupas sempre estão impecáveis e o linguajar utilizado também é compatível com
o público que frequenta a loja. Se um está atendendo, o outro procura dar suporte e ser gentil,
oferecendo café aos clientes e agilizando o lado burocrático quando necessário.
Pude observar bastante nesse encontro, pois como freqüentemente era necessário interromper a
conversa, permanecia olhando cada um deles. Foi nesse dia, inclusive, que eu me questionei
sobre as queixas versus comportamento, pois embora cada um tivesse relatado diversas
dificuldades, todos trabalhavam de forma bastante profissional, sem demonstrar qualquer tipo de
má vontade seja com o colega, seja com o cliente.
Ao final do expediente, tive dúvidas sobre como trabalhar num cenário assim, pois há a
dificuldade em poder reunir toda equipe para alguma atividade e também para um contexto como
o varejo, um único trabalho não seria eficaz por muito tempo. Levei essa questão à supervisão.
Conversei com o Leandro a fim de saber se era possível essa atividade e expliquei os objetivos e
informei que não só os dados colhidos nos questionários, mas também todas as entrevistas e
conversas casuais eram confidenciais. Isso o tranquilizou e permitiu que eu trabalhasse com
esse instrumento.
Como não é possível parar todos de uma única vez, fui chamando um a um para uma mesa
disposta nos fundos da loja e entreguei o questionário, dando a seguinte instrução: responda
todas as perguntas da forma mais sincera possível, sem se preocupar com o impacto que a
resposta pode causar. As informações são confidenciais e nem seu colega nem o seu superior
terão acesso às mesmas. Fica a seu critério comentar com eles sobre suas respostas.
Não houve dúvida por parte de nenhum deles e foi possível que todos respondessem sem
interrupção. Alguns demoraram muito pra formular as respostas, especialmente o gerente que
verbalizou ter medo de “dar um tiro no próprio pé” sendo tão sincero quanto pedi.
Entreguei e recolhi os questionários no mesmo dia, porém no sábado seguinte meu carro foi
furtado em frente à faculdade e todos os documentos de estágio, cadernos, anotações e outros
itens pessoais foram levados juntos sem que eu tivesse digitado e salvo. Os dados a seguir
foram feitos a partir da minha leitura assim que fui recolhendo as folhas.
Leandro, o gerente, diz que pretende ficar na empresa por no máximo mais um ano e que depois
pensa em trabalhar fora do país. Seu irmão já mora na Austrália há quase dois anos e ele pensa
em trabalhar como chef com ele lá, embora não saiba nada sobre gastronomia;
Guilherme quer trabalhar com restauração de carros antigos (mecânica / funilaria) e tem
reservado seu dinheiro pra montar uma oficina, que segundo ele, já está bem estruturada;
Daiana está cursando o primeiro semestre de Design de Interiores mas têm dúvidas sobre o
futuro profissional. Diz que seu sonho era ser arquiteta, porém não pôde arcar com o valor do
curso;
Carol não fez nenhum curso superior e diz que no momento pretende se dedicar a aprender os
programas que utilizam-se nas lojas de móveis, pois se perder o emprego numa rede, pode
facilmente se recolocar em outra. Antes disso trabalhava com o pai numa loja de materiais de
construção.
Vagner diz que se sente realizado no seu trabalho, pois antes vivia de “bicos” e a atual função o
proporciona um certo status e também estabilidade. Disse que finalmente pôde ter um carro novo
e que embora seja penoso trabalhar de segunda a segunda, pra uma pessoa sem nenhuma
formação universitária, ele se considera alguém com sorte.
Soube depois que a Daiana havia se desligado da empresa por iniciativa própria.
Estive lá apenas para fazer um fechamento e agradecer aos participantes pela colaboração. O
clima na loja estava tenso, pois o presidente havia estado lá na véspera e foi dito anteriormente,
deixou todo mundo nervoso e apreensivo. Tive a oportunidade de perguntar se haviam gostado
de conversar com alguém que não é do meio deles e apenas o Guilherme não se manifestou. Os
demais comentaram sobre o questionário que tinham respondido, dizendo que entre si, tinham
compartilhado o receio de parecerem ser pouco ambiciosos ou ambiciosos demais. Eu expliquei
que o questionário tinha sido para provocar um questionamento próprio sobre a visão do futuro e
não para que eu avaliasse o que estava “certo” ou “errado”. Mais uma vez o Vagner reforçou a
questão de ter se descoberto um grande vendedor e que não pretendia retornar aos estudos
enquanto aquela atividade proporcionasse prazer a ele.
Agradeci e finalizei minhas visitas à loja, reforçando mais uma vez que tudo que foi tratado
comigo lá era estritamente confidencial e seria utilizado apenas como material de estudo.
“A insegurança com relação ao mercado de trabalho contribui para o stress dos colaboradores,
fazendo com que muitos permaneçam em suas atividades embora não se sintam realizados.”
(GIL, 2006)
Essa observação foi feita durante o estágio realizado na loja, na qual os vendedores e o próprio
gerente se mostram desmotivados e com planos profissionais diferentes das funções que
exercem hoje.
Também foi verificada a baixa qualidade de vida, já que todos sem exceção trabalham aos finais
de semana, feriados, muitas vezes numa carga horária de 12 horas. “Desde a Revolução
Industrial, quando as oficinas artesãs foram extintas, foi percebido a necessidade da separação
entre trabalho e casa, de forma que o indivíduo pudesse ter sua vida separada em duas
vertentes: vida pessoal e vida profissional” (REVISTA EXAME, 2000).
“No passado, acreditava-se que a motivação era uma força externa (professor, gestor), porém
hoje, sabe-se que a motivação tem sempre origem numa necessidade. Assim, cada um de nós
dispõe de motivações próprias geradas por necessidades distintas e não se pode, a rigor, afirmar
que uma pessoa seja capaz de motivar a outra” (GIL, 2006).
Essa teoria se reforça com o trabalho realizado na loja, no qual foi constatado que embora os
colaboradores tenham planos direcionados a outro segmento que não o comércio moveleiro,
todos trabalham em sintonia, tentando se ajudar e com uma motivação própria.
VI – TÉCNICAS EMPREGADAS:
Entrevistas abertas;
Observações;
Questionários;
Pesquisas na internet.
X – ANEXOS
Boletim de Ocorrência do furto do meu carro no qual se encontrava meus cadernos, anotações e
questionários.
OBSERVAÇÕES:
Todos meus questionários e fichas de estágio foram furtados junto com meu carro. As fichas eu
refiz, mas os questionários, segundo a Prof. Nilva, não seria adequado aplicar novamente e num
espaço tão curto de tempo.