TRANSMISSÃO AW 55-50/AF 35 VEÍCULOS VOLVO, SAAB, SATURN, RENAULT, NISSAN ENTRE OUTROS
DIFERENÇAS ENTRE FABRICANTES (PARTE 1)
Conforme podemos ver, existe uma porção de transmissões
deste tipo nas ruas. É importante que entendamos o que é considerado condições de operação normal e o tipo de comportamento que não é normal para o veículo no qual estamos trabalhando. Nem todas as transmissões AW 55-50 possuem as mesmas características de operação. Como exemplo, a SATURN possui 8 modos de operação ou estratégias de mudança. São estes o modo NORMAL, modo PROTEÇÃO, modo FRIO, modo QUENTE, modo SUBIDA, modo DESCIDA, modo ALTITUDE e modo CONGESTIONAMENTO. Cada um destes modos possui estratégias de mudança diferentes. O cliente está acostumado com o modo NORMAL e pode ter conhecido o modo FRIO. Os outros modos não aparecem freqüentemente e se aparecerem poderão ser confundidos com algum tipo de problema.
Podemos ter algum cliente entrando em nossa oficina com um
SATURN e reclamando que seu veículo está saindo em 2ª marcha ou parece muito fraco na saída, apresentando falta de torque. O cliente pode dizer que este defeito aparece de vez em quando. Podemos gastar um montão de tempo tentando diagnosticar o que para o veículo é uma condição normal, se não entendemos que o computador está comandando as mudanças no modo CONGESTIONAMENTO.
Alguns modelos VOLVO e RENAULT possuem uma característica
de controle automático do NEUTRO. Isto acontece quando o
computador desaplica a embreagem C1 ao se parar o veículo
por mais de dois (2) segundos com o freio aplicado. Esta característica poderá nunca se sentida pelo cliente, mas com razoável freqüência acontece um tranco quando o cliente sai com o veículo parado e um tranco também em reduções quando a embreagem C1 desaplica. A VOLVO e a RENAULT possuem já uma atualização de software para eliminar estes problemas bem como a flutuação nas mudanças 2-3, trancos nas mudanças de garagem e reduções. Muitos fabricantes possuem também atualizações de software para estas transmissões. Verifique com a Concessionária local da marca as atualizações disponíveis para cada aplicação.
Assim como a maioria das transmissões mais novas,a
transmissão AW 55-50 se baseia na estratégia de adaptações para ajustar a sensibilidade das mudanças para cada marcha. Sempre que a transmissão for reformada ou substituída, o corpo de válvulas for substituído ou o TCM (Módulo de Controle da Transmissão) for substituído, os padrões adaptativos anteriores deverão ser apagados e reaprendidos. Se se deixar de realizar o procedimento de adaptação, isto poderá gerar reclamações quanto à sensibilidade de mudanças e trancos, bem como redução na vida útil da transmissão. Alguns veículos reaprendem muito devagar e deverão ser forçados a um reaprendizado mais rápido através do scanner. Não desejamos comprometer uma transmissão recém reformada pela demora no reaprendizado dela, não é verdade?
O desafio representado por termos vários fabricantes
utilizando a transmissão AW 55-50 é que precisamos estar cientes dos diferentes modos de operação de cada uma e das diferentes técnicas de reaprendizado delas. Ao entendermos o sistema operacional e procedimentos para cada veículo e sabendo quais boletins e atualizações estão disponíveis nos ajudarão a realizar o reparo correto da primeira vez e evitar gasto de tempo e mão de obra.
Na próxima matéria abordaremos os padrões adaptativos e
seus procedimentos de reaprendizado junto com alguns boletins que devemos estar cientes. Nesta presente matéria, vamos analisar os diferentes modos de operação dos fabricantes para esta transmissão. Conforme citado mais acima, a GM/SATURN incluiu mais sete modos de operação junto com o modo NORMAL, que veremos mais abaixo.
Modos de operação GM/SATURN
Modo PROTEÇÃO – Este modo é o modo emergência dos outros
veículos. Quando o modo PROTEÇÃO está aplicado, teremos a transmissão trabalhando em 5ª marcha. Quando a alavanca é selecionada na posição “1” ou “L” teremos 2ª marcha. Quando se desligar a chave de ignição, a transmissão voltará ao modo normal até que o código de falha seja armazenado novamente.
Modo FRIO – Quando a temperatura do liquido de
arrefecimento do motor estiver abaixo de 50 graus Celsius, as mudanças de marcha ocorrerão à uma velocidade mais alta.
Modo QUENTE – Quando a temperatura do fluido da transmissão
alcançar 140 graus Celsius, o computador aplicará a embreagem do conversor de torque à uma velocidade menor que a normal e elevará os pontos de mudança para uma velocidade mais alta. Quando a temperatura da transmissão cair abaixo de 130 graus Celsius, o modo NORMAL será selecionado novamente.
Modo DESCIDA – Quando o ângulo da borboleta do acelerador
for menor que 3% e a velocidade do veículo for aumentando, o computador acionará as mudanças numa velocidade mais alta par fornecer um freio motor mais eficiente.
Modo SUBIDA – Quando a carga do motor for alta e a
velocidade do veículo estiver diminuindo, o computador comandará mudanças mais altas.
Modo ALTITUDE – Quando a pressão barométrica for menor que
0,4 bar, o computador comandará mudanças de marcha mais altas.
Modo CONGESTIONAMENTO – Quando o veículo para e inicia seu
movimento com menos de 10% de abertura da borboleta do acelerador, o computador comandará a saída do veículo em 2ª marcha para aumentar a economia de combustível e reduzir a quantidade de mudanças de marcha. O modo normal será novamente aplicado quando a abertura da borboleta do acelerador for maior que 30% ou a velocidade do veículo for maior que 30 km/h.
Modos de operação VOLVO
Modo ECONOMIA – Este modo é utilizado pelo TCM sob
aceleração normal. O TCM utilizará os pontos de mudança mais reduzidos possíveis e aplicação do lock up visando maior economia. O TCM ajustará a pressão de linha para que ocorram mudanças suaves e aplicação normal das embreagens e freios.
Modo ESPORTIVO – O TCM muda do modo economia para o modo
esportivo se o pedal do acelerador for pressionado rapidamente e a velocidade do veículo for maior do que 50 km/h. No modo ESPORTIVO, os pontos de mudança são mais elevados para fornecer um desempenho melhor e as reduções ocorrerão à menores rotações do motor. Quando o pedal do acelerador for movido menos rapidamente, o TCM retomará o modo econômico automaticamente.
Modo EXTREMO – O modo extremo é outra maneira de se dizer
kick down ou redução forçada. O TCM seleciona a marcha mais baixa possível, para a velocidade do veículo, quando o acelerador é pisado até o assoalho.
Modo INVERNO – O modo inverno é selecionado utilizando-se o
botão “W” na parte superior do conjunto da alavanca seletora. Uma lâmpada de aviso no painel de instrumentos se acende quando o modo inverno for selecionado. Quando o modo inverno for ativado, a transmissão fará o veículo sair em 3ª marcha para oferecer tração em terreno escorregadio. Dependendo da seleção manual da marcha, as seguintes combinações de mudanças poderão ser obtidas:
D – A transmissão iniciará o movimento do veículo em
3ª marcha, mudando automaticamente entre 3ª, 4ª e 5ª marchas. 4 – A transmissão iniciará o movimento do veículo em 3ª marcha, mudando automaticamente para 4ª marcha mais cedo do que no modo econômico e na posição D. A 5ª marcha é desativada. 3 – A transmissão iniciará o movimento do veículo em 3ª marcha e não ocorrerão mudanças ascendentes e nem descendentes. L – A transmissão iniciará o movimento do veículo em 2ª marcha e não ocorrerão mudanças ascendentes e nem descendentes.
Com o acelerador totalmente aberto no modo inverno, a
transmissão utiliza todas as marchas para máximo desempenho.
Partida do catalisador – Esta função ajuda o motor a
alcançar a temperatura operacional por evitar a aplicação do lock up e retardando as mudanças 1-2 e 2-3 quando o motor estiver frio. Esta é uma função normal.
Lock-up controlado por temperatura – Se a temperatura da
transmissão subir excessivamente como resultado de uma carga imposta muito alta com condição de alta temperatura ambiente, a embreagem do conversor de torque é aplicada para reduzir o calor gerado pelo conversor de torque. Se a temperatura cair abaixo de 20º Celsius, a aplicação do lock up será inibida.
Patinação do lock-up – O modo patinação do lock up permite
uma aplicação mais suave do lock up enquanto reduz a vibração e ruído. O computador mantém uma patinação de 50 a 200 RPM na embreagem do conversor de torque em relação ao motor neste modo.
As seguintes condições deverão ser alcançadas para que este
modo seja ativado:
A alavanca seletora deverá estar nas posições D, 4 ou
3. A transmissão deverá estar em 3ª, 4ª ou 5ª marchas. A rotação de entrada da transmissão deverá ser de 1.100 RPM ou mais alta e a abertura da borboleta do acelerador deverá ser de 35% ou menor. O liquido de arrefecimento do motor deverá atingir certa temperatura.
A temperatura do fluido da transmissão deverá ser de
no mínimo 40º Celsius, mas não exceder 120º Celsius.
Nota: As propriedades de atrito deste fluido de transmissão
são diferentes de outros fluidos no mercado devido ao grande percentual de patinação do conversor de torque. Se o fluido recomendado pela VOLVO não for utilizado, isto gerará danos à transmissão e o armazenamento de códigos de falhas.
Modo SUBIDA – Para reduzir a quantidade de mudanças, o TCM
pode mudar o padrão de mudanças levemente quando o veiculo está subindo uma ladeira ou uma serra.
Controle do Neutro – (Esta função não está disponível em
todos os modelos). O controle do neutro é assim chamado quando ocorre a desaplicação a embreagem de marchas à frente pelo TCM (C1), quando o veículo para com o freio aplicado. Isto reduz a carga do motor, reduzindo assim a vibração do motor e melhorando a economia de combustível e reduzindo emissões. Quando o pedal do freio é liberado a embreagem de marchas à frente é novamente aplicada. As seguintes condições devem ser atingidas antes que o controle do neutro seja permitido:
A alavanca seletora de marchas deverá estar em D, 4 ou
3. O controle do neutro não funcionará no modo inverno ou quando a função Geartronic é selecionada. A temperatura do fluido da transmissão deverá estar acima de 10º Celsius. A posição do acelerador deverá ser menor do que 3%. O pedal do freio deverá estar pressionado. A velocidade do veículo deverá ser de zero km/h. A rotação do motor deverá ser menor do que 1.500 RPM. Existe uma demora de 2 segundos na aplicação do controle do neutro uma vez que o veículo tenha parado na posição D e uma demora de 5 segundos quando a alavanca for mudada de N para D.
Mudanças utilizando o Geartronic
Quando a alavanca seletora for movida para a posição
Geartronic, a transmissão permanecerá hidraulicamente na posição “D”. Quando a alavanca for movida para as posições (+) ou (-), o seletor de marchas envia um sinal ao TCM para
mudar a marcha para cima ou para baixo. O módulo de
informação do motorista muda o símbolo no painel de instrumentos de “D” para a posição que estiver sendo utilizada no momento. Um sinal é enviado ao módulo seletor para acender a letra “M” e desligar os outros LEDs no console de mudanças. O TCM determina se a mudança pode ser realizada e ativa os solenóides correspondentes à marcha comandada. O TCM ignorará a ordem do motorista sob determinadas circunstâncias. Durante a direção do veículo com Geartronic, acontece o seguinte:
Somente 1ª, 2ª ou 3ª marchas poderão ser selecionadas
com o veículo parado. A transmissão não executará uma mudança ascendente para a 4ª marcha até que uma velocidade de pelo menos 30 km/h seja atingida. A transmissão não mudará para 5ª marcha até que uma velocidade de pelo menos 40 km/h seja atingida. As reduções automáticas ocorrerão abaixo de certas velocidades se o motorista esquecer de reduzir manualmente as marchas. Uma mudança manual ascendente será necessária se a marcha tiver sido reduzida automaticamente pelo TCM. A função kick down não estará disponível no modo Geartronic. O TCM não permitirá que a transmissão seja reduzida manualmente se a rotação do motor exceder 6.000 RPM. Se a temperatura da transmissão estiver muito alta, o TCM selecionará a marcha correta de maneira que o lock up possa ser utilizado. A embreagem do conversor de torque (lock-up) somente será possível em 3ª, 4ª e 5ª marchas.
Modos de operação NISSAN
Modo DESCIDA – O TCM detecta uma descida quando a
velocidade do veículo aumenta com o acelerador totalmente fechado. Durante o modo descida, o TCM muda os pontos de mudança para uma ação do freio motor mais efetiva.
Modo SUBIDA – O TCM detecta uma subida quando a carga do
motor é alta e a velocidade do veículo diminui. O modo subida eleva os pontos normais de mudanças para evitar trocas de marcha constantes.
Modo CONTROLE A QUENTE – Quando a temperatura da
transmissão sobe muito (nenhuma especificação de
temperatura é dada pela NISSAN), o TCM muda os pontos de
mudança para reduzir a temperatura da transmissão.
Modo MANUAL – Quando a alavanca seletora de marchas é
movida para a posição de mudança manual, o motorista pode manualmente acionar as mudanças ascendentes e descendentes da transmissão. O TCM irá automaticamente reduzir a transmissão se a velocidade do veículo cair abaixo de certo valor para evitar danos à transmissão. O TCM controlará também a operação a embreagem do conversor de torque durante todo o tempo.
Modos de operação SAAB
Programa de mudanças manuais – A mudança manual poderá ser
obtida movendo-se a alavanca seletora de marchas para a posição “M”. O motorista pode então controlar as mudanças ascendentes e descendentes utilizando os botões + e – no volante da direção. O TCM ignorará os controles manuais se a rotação do motor se elevar muito e a mudança ascendente ainda não tiver sido comandada pelo motorista, ou o motorista se esquecer de comandar uma redução quando a velocidade do veículo cair abaixo de um ponto predeterminado para uma marcha em particular. O motorista poderá comandar a saída do veículo em a, 2ª e 3ª marchas somente. A utilização do programa de mudanças manual poderá ser utilizada também com o controlador de velocidade de cruzeiro acionado.
Programa de temperatura 1 – O programa de temperatura 1 é
ativado quando a temperatura do fluido da transmissão supera 125º Celsius. A embreagem do lock up é ativada em 3ª e 4ª marchas sem patinação do conversor e as mudanças são comandadas à uma velocidade mais alta para ajudar a arrefecer o fluido da transmissão. Quando a temperatura o fluido da transmissão cair abaixo de 120º Celsius, o programa de temperatura 1 será desativado. O programa de temperatura 1 não será ativado quando a transmissão estiver no modo Emergência.
Programa de temperatura 2 – O programa de temperatura 2 é
ativado quando a temperatura do fluido da transmissão superar 135º Celsius. Este programa força os pontos das mudanças ascendentes ainda mais para cima e a aplicação da embreagem do conversor de torque ocorre mais freqüentemente que no programa de temperatura 1. A embreagem do lock up é aplicada sem o modo patinação durante este programa. O
programa de temperatura 2 será desativado quando a
temperatura do fluido da transmissão cair abaixo de 127º Celsius e retornará ao programa de temperatura 1.
Se a temperatura do fluido da transmissão subir acima de
155º Celsius por mais do que 2 segundos, o código P0218 será armazenado, a temperatura será gravada, a luz “CHECK GEARBOX” NÃO acenderá, porém o TCM enviará uma mensagem de “SUPER AQUECIMENTO DA TRANSMISSÃO” que será mostrada no display PID do painel do veículo. O torque do motor será reduzido para um máximo de 200 Nm para proteger a transmissão.
Programa especial de mudança de marchas – Um programa
especial de mudança de marchas será automaticamente se uma carga alta for detectada. As mudanças ascendentes e mudanças descendentes ocorrerão à uma rotação mais alta do motor para evitar superaquecimento do fluido da transmissão. Exemplos da aplicação deste programa:
Subindo longas ladeiras ou puxando reboques.
O programa especial de mudanças de marchas não será acionado em velocidades acima de 150 km/h.
Programa DPS – Um sistema de proteção do diferencial ou DPS
reduz o torque do motor durante patinação extrema das rodas de tração. O DPS somente será ativado em velocidades menores do que 80 km/h. O torque máximo aplicado à rodas será de 150 Nm durante a ativação do programa DPS.
Programa de inibição da Ré – Existe uma característica de
inibição da ré que acionará o solenóide S1, liberando o freio B3, se o TCM detectar que o veículo está se movendo a 7 km/h ou mais rápido. Conseqüentemente, a marcha à ré será inibida.
O conhecimento destes modos de condução dos veículos que
utilizam a transmissão AW 55-50 facilitará o entendimento do funcionamento destes veículos e evitará que eles sejam confundidos com algum defeito eventual relatado pelo cliente. Considere estes modos de condução cuidadosamente durante o diagnóstico, assim como considerar o procedimento de reaprendizado da transmissão após um reparo. Na próxima matéria técnica consideraremos estes procedimentos.
Redação: APTTA Brasil – Associação de Profissionais Técnicos em Trans. Aut