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16 de Julho de 2020

Honorários Advocatícios são devidos apenas àº


Advogadaºdo Reclamante

Advogado de reclamada pode receber honorários se ganhar em


reconvenção

1. Devida a condenação de honorários advocatícios de


sucumbência instituída pela Lei nº 13.467/2017 na Ação Trabalhista,
ຠAdvogadaº do reclamante, a serem apurados em liquidação de
Sentença, no valor entre 5% a 15%, conforme legislação, art. 791 da
CLT sobre os pedidos vencidos.

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa


própria, serão devidos honorários de sucumbência,
fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o
máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que
resultar da liquidação da sentença, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a


Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver
assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria.

/
§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará
honorários de sucumbência recíproca, vedada a
compensação entre os honorários. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que


não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo,
créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações
decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em
julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar
que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão de gratuidade,
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
beneficiário.

§ 5o São devidos honorários de sucumbência na


reconvenção.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Aº ADVOGADAº DA


RECLAMADA

2. Indevida a condenação de honorários de sucumbência ao


reclamante na Ação Trabalhista, para aº Advogadaº da
reclamada, senão vejamos(*1):

A) PARA A PARTE VENCIDA

3. A reforma Trabalhista, que acrescentou o art. 791-A à CLT, para


instituir honorários de sucumbência nas ações trabalhistas,
determinou a seguinte regra, que:

“serão devidos pela parte vencida, ao advogado da parte


vencedora, ainda que esteja atuando em causa própria”;
/
4. Isto porque a sucumbência é o princípio pelo qual a parte
perdedora no processo é obrigada a arcar com os honorários do
advogado da parte vencedora, e a decisão condenará o vencido a
pagar ao vencedor os honorários advocatícios.

5. Assim, o art. 791 da CLT instituiu honorários à parte vencida, o que


significa dizer que, em regra (*2), deve honorários advocatícios o
empregador, ao Advogado do empregado, por ter dado causa a ação.

6. Isso significa dizer que cabem honorários advocatícios a “quem


vence a ação trabalhista, e no caso, em regra, ao empregado, o
autor da Ação Trabalhista, e quem pode vencer;

7. Ainda que o empregado, o único que poderá ser a parte vencedora na


Ação Trabalhista, perca, não significa que a empresa reclamada seja
vencedora (*3).

8. A exceção a esta regra, está amparada no § 5º do art. 791 da CLT,


qual seja, o empregado poderá ser a parte vencida, e sucumbente,
quando a empresa for vencedora, o que ocorre no caso de
procedência da reconvenção(*4);

§ 5o São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

9. Assim, resta claro, que os HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA NA


JUSTIÇA DO TRABALHO (*5) só são devidos à parte AUTORA!

10. Portanto, a “priori”, indevidos honorários ao Advogado da


reclamada, salvo no caso de, como parte autora, sair vitoriosa em
eventual reconvenção, podendo assim, cobrar da parte vencida, neste
caso o reclamante (*6), a sucumbência. Este inclusive é o caso de
sucumbência recíproca, disciplinada no § 3º do art. 791 da CLT,
onde a reciprocidade ocorre, e não se confunde nem pode ser
compensada.

/
11. Portanto, só poderá ser arbitrado honorários aº Advogadaº da
reclamada, se a reclamada atuar como autora e sair vencedora,
podendo, no caso de reconvenção, procedência de impugnação do
valor da causa; injusta oposição do reclamante a consignação
em pagamento, assim como quando comprovada a litigância de
má fé daº empregadaº.

B) PARA A PARTE QUE TEM DIREITO A VERBAS A SEREM


LIQUIDADAS

12. Considerar que os honorários advocatícios a ser pagos pelo


reclamante são devidos levando-se em conta a improcedência
dos pedidos não coaduna com o próprio artigo 791 da CLT.

13. Ora, o artigo é claro e determina que os honorários advocatícios


terão por base o valor que resultar da liquidação da sentença,
do proveito econômico obtido(*7);

14. Novamente, em regra, só o autor da Ação Trabalhista, o


empregado, é quem tem direito a verbas a serem liquidadas. e
do proveito econômico (*8).

15. Assim, só poderá ser arbitrado honorários ao advogado da


reclamada, se resultar em proveito econômico advindo da vitória em
reconvenção, nos termos do § 5º do art. 791 da CLT, ou da consignação
em pagamento, impugnação ao valor da causa, e declaração de má-fé.

16. Até o § 2º o art. 791 da CLT, foi mantida a coerência e respeito aos
princípios constitucionais, pois os honorários devidos pela parte
vencida, retrata o pagamento de honorários advocatícios pelo réu da
ação, qual seja, aquele que não cumpriu sua obrigação, no caso a
empresa, ou mesmo o empregado, quando da reconvenção.

17. Assim deve ser entendida a sucumbência recíproca do § 3º do


art. 791 da CLT, nos casos em que houve na resposta do réu, motivo
ensejador da procedência parcial, qual seja, reconvenção, ou mesmo
/
litigância de má fé com proveito econômico à reclamada, autora
da oposição a ação trabalhista;

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará


honorários de sucumbência recíproca, vedada a
compensação entre os honorários.

C) DA SUCUMBÊNCIA DO PEDIDO NA PROCEDÊNCIA


PARCIAL

18. Imputar honorários de sucumbência reciproca ao reclamante na


hipótese de procedência parcial trata-se de afronta a princípios
sociais constitucionalmente protegidos, pois penaliza a parte
mais frágil, o empregado(*9).

19. Isto porque entender devido honorários para o reclamante


suportar, baseados nos pedidos parciais ou improcedentes, modifica
tudo na relação já tão desigual;

20. É absurdo entender ser devidos honorários advocatícios incidentes


sobre verbas julgadas parcialmente, ou mesmo totalmente
improcedentes, por falta de prova, como por exemplo horas extras e
dano moral, e tantas outras.

21. Isto porque referido entendimento é uma afronta ao princípio


da Isonomia das partes, sendo que tratamento isonômico significa
tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata
medida de suas desigualdades, em outras palavras, partindo da
lição de Aristóteles, ao tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais, aplicar-se-á Justiça à todos.

22. Independente de poder pagar honorários, a relação trabalhista, por


sí só denota a desigualdade entre as partes, já que um é o empregado,
que possui direitos, e o outro é o empregador, que deve respeitar os
direitos e cumprir suas obrigações com os empregados.

/
23. Ora, o empregado ao buscar a Justiça para questionar seus direitos,
muitas vezes, já sofre retaliações, sendo a condenação de
honorários uma forma de impedir o acesso à Justiça, o que é
incabível na relação de emprego.

24. Note-se que a crueldade de referida norma retrata bem o período


negro que forças das trevas reinavam plenas no Executivo e Legislativo
por ocasião da Reforma Trabalhista.

25. A Constituição Federal em seus art. 5º, 6º e 7ª cuidou com zelo


especial do empregado, exatamente para cumprir com seu intuito
principal de proteger a dignidade da pessoa humana, os valores
sociais do trabalho, objetivando erradicar a pobreza e reduzir
as desigualdades sociais, levando em conta que o empregador é a
parte mais forte da relação, e a única que pode deixar de cumprir suas
obrigações com o empregado, tanto, que fez constar, como Cláusulas
Pétreas, os direitos trabalhistas e sociais.

26. Pede vênia para transcrever a verdadeira obra de arte jurídica que é
a Constituição Federal de 1988, que hoje, passados mais de 30 anos, é
orgulho e ferramenta a favor da democracia, protegendo a sociedade de
gananciosos e ditadores, que sempre rondam, com sua sede de poder!

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa


do Brasil:

/
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça a direito;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e


aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e


gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros


que visem à melhoria de sua condição social:

I- relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou


sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
indenização compensatória, dentre outros direitos;

XXIX- ação, quanto aos créditos resultantes das relações


de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho;

/
D) DA SUCUMBÊNCIA DO PEDIDO NA PROCEDÊNCIA
PARCIAL

27. No que tange à sucumbência recíproca, é mister deixar claro que a


sucumbência se refere ao pedido e não ao valor do pedido,
por conta da distinção entre sucumbência formal e material, para fins
de aferição do interesse recursal e, consequentemente, a própria
existência da chamada sucumbência recíproca.

28. Nesta direção a SÚMULA 326 do STJ:

Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante


inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.

29. Ainda o julgado no REsp de n. 431.230-PR, Min. Barros Monteiro,


a afirmar que:

“A despeito de haver a autora pleiteado a indenização no importe


correspondente a cinqüenta vezes o valor do título (à época, R$
541.286,00 – quinhentos e quarenta e um mil, duzentos e oitenta e seis
reais), induvidoso é, como acentuou o julgado recorrido, que saiu ela
vencedora na postulação principal. É o que releva para a definição
dos ônus sucumbenciais, uma vez que, do contrário, a prevalecer o
entendimento da recorrente, a parte que saiu ganhadora na lide
ainda terá de pagar honorários advocatícios ao litigante adversário.”

30. Isso porque, os valores indicados na inicial, tem caráter meramente


estimativo (*10) e, não pode ser tomado como pedido certo para
efeito de fixação de sucumbência recíproca, na hipótese de a
ação vir a ser julgada procedente em montante inferior ao assinalado
na peça inicial. Saliente-se que os valores devem ser apurados em
regular execução, não podendo a r decisão limitar ao valor ora
estimado, e consequentemente não podendo gerar sucumbência
ao reclamante, se parcial.

E) DA SUCUMBÊNCIA DO PEDIDO NA IMPROCEDÊNCIA


/
31. A DD. Desembargadora Ivani Contini Bramante, nos presenteia
com seus ensinamentos, aduzindo quanto ao aspecto material, que a
Lei 13.467/17, no art. 791-A,CLT, não acolheu o princípio da
causalidade ampla prevista no CPC, ao revés, adotando o princípio da
sucumbência estrita, atípica, mitigada, ou creditícia (*11).

32. Pelo princípio da sucumbência adotado pela Lei 13.467/17, e


incidência apenas sobre o valor que resultar da liquidação da sentença,
do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa, nos leva a conclusão que não são
devidos os honorários advocatícios, na Justiça do Trabalho, nas
hipóteses de improcedência, desistência, renúncia, extinção
sem mérito e arquivamento da ação.

33. Referida regra advém da inteligência literal do artigo 791-A, CLT,


combinado com a interpretação histórica e sistemática com os artigos
14 e 16 da Lei 5584/70 e 11 da Lei 1060/50, pois não se aplicam de
forma subsidiária ou supletiva as regras sobre honorários advocatícios
do CPC, diante da regulamentação própria e da incompatibilidade
normativa e principiológica com o processo do trabalho.

34. Assim, ou entenda-se a sucumbência recíproca, restritiva aos casos


de resposta do réu, que o empregador saia vitorioso, e mesmo nos
casos que o reclamante tenha sido condenado a litigância de má-fé, ou
diante da inconstitucionalidade do § 3º do art. 791, da CLT, declare
afronta ao princípio da isonomia e ao livre acesso da justiça,
afastando, ao que se requer, a sucumbência do reclamante, com base
na parcial procedência, ou improcedência de pedidos.

F) DA INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA QUE


PENHORA CRÉDITOS ALIMENTÍCIOS

35. Ainda, não merece prosperar a condenação de Honorários


advocatícios ao beneficiário da Justiça Gratuita, uma vez que o § 4ª do
art. 791 é inconstitucional e fere profundamente os princípios de
direitos sociais, já que não concede benefício da justiça
/
gratuita, quanto aos honorários, apenas suspende a exigibilidade
pelo prazo de 2 anos, e apenas àqueles que não tenham créditos
capazes de suportar a despesa, obtido em juízo na ação trabalhista
que ingressou, ou mesmo em outra!

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que


não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de
sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao
trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

36. Ou criou-se um paradoxo, qual seja, todos os empregados que


ingressem em juízo para questionar seus direitos, caso não os prove,
acabam por dever honorários advocatícios para a parte contrária (12*).

37. Isto modifica tudo na relação já tão desigual, pois retira


do reclamante o direito a crédito trabalhista alimentar de
determinada verba, por não ter provado fazer jus a outra.

38. O DD. Des. Jorge Souto maior nos ensina:

Não é possível que, sob o pretexto de remunerar o trabalho do


advogado da reclamada, geralmente uma empresa, o juiz fixe um valor
que anule o proveito econômico obtido pelo reclamante no
mesmo processo ou até mesmo que remunere o advogado da
reclamada em montante superior àquele devido ao advogado do
reclamante.

39. Desta forma, cria ainda uma possibilidade totalmente descabida,


qual seja, a penhorabilidade de créditos trabalhistas, que são
alimentos, e restam impenhoráveis!

/
40. Ao declarar neste § ser o autor da ação trabalhista parte que possa
ser “vencida”, na Ação Trabalhista, equiparou o “mísero” ao dono
de empresa, porém isto não é real, e está em dissonância ao princípio
da isonomia.

41. E mais, criou a possibilidade do Patrono da reclamada,


contrariando a legislação pátria vigente, penhorar valores alimentares
obtidos em juízo, e mesmo em outro processo, penhorando dos
créditos alimentícios, despesas judiciais (*13).

42. Ora, a garantia constitucional da assistência judiciária gratuita,


disposta no artigo 5ª da CF/88, abrange todas as despesas
processuais do beneficiário considerado economicamente
hipossuficiente (*14). Nesse rol de despesas do processo estão incluídos
não só as custas, como os honorários advocatícios de sucumbência e
também os honorários periciais.

G) DA INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA QUE


IMPEDE O LIVRE ACESSO A JUSTIÇA

43. Assim, os § 3º e 4º do art. 791 da CLT, obstaculizam o direito


do empregado de questionar e pleitear por seus direitos em Juízo;

44. Não pode a lei, contrariando princípios constitucionais, criar


mecanismos que impeçam o empregado de questionar em juízo direitos
que dependam de perícia, ou mesmo testemunhas, sob pena de ser
penalizado com honorários, caso não seja feita a prova. Ora, a
inconstitucionalidade se evidencia por restringir o direito
fundamental de acesso à Justiça aos jurisdicionados,
sobretudo diante do caráter alimentar do crédito trabalhista.

45. O DD. Des. Jorge Souto maior nos ensina:

/
“Uma condenação que não respeita esses limites terá o
propósito indisfarçável de punir o reclamante e de
afrontar o direito fundamental de acesso à justiça,
conferido a todo e qualquer cidadão. A garantia do acesso à justiça
está fixada no inciso XXXV, do art. 5º da CF com os seguintes
dizeres: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito”. E se a lei não pode criar obstáculos ao acesso
à justiça, por certo não poderá fazê-lo o juiz, ainda mais por meio
de decisão sem suporte legal e sem oferecer, sequer, parâmetros de
ponderação e de razoabilidade.

Bem se vê, portanto, que o texto expresso do art. 791-A da CLT,


trazido pela Lei n. 13.467/17, não embasa as condenações de
reclamantes ao pagamento de honorários advocatícios em valores
que anulam o benefício econômico obtido pelo trabalhador e que
vislumbram, na verdade, punir economicamente o reclamante
para, com isso, criar um obstáculo generalizado ao acesso à
Justiça, reduzindo, de maneira artificial e estimulante do
desrespeito aos direitos trabalhistas, a quantidade de processos
distribuídos na Justiça.”

46. Constituição Federal, no art. 5º, incisos XXXV e LXXIV, assim


como o art. 98 do CPC asseguram a todos o acesso à justiça, o que
implica o reconhecimento de que o beneficiário não dispõe de
recursos para pagar custas e despesas processuais sem prejuízo de
seu sustento e de sua família, na linha do art. 14, § 1º, da Lei
5.584/1970.

47. Essa determinação baseia-se nas garantias constitucionais de


acesso à Jurisdição, necessário à proteção da dignidade humana (art.
1º, III, e 5º, LXXIV da CF). Deferida a justiça gratuita, esta deve
contemplar o a totalidade das despesas processuais, tais como
custas, honorários periciais e sucumbenciais, e nunca retirar de seus
direitos consagrados, verba honorária (*15).

/
48. Sobre o assunto, o artigo 98, § 1º do CPC/2015 é expresso em
isentar o beneficiário da justiça gratuita de toda e qualquer despesa
processual, não se justificando, portanto, que o artigo da CLT importe
em condição mais gravosa ao empregado do que ao litigante da Justiça
comum, ainda mais quando considerada a condição desigual da
relação jurídica processual trabalhista(*16).

H) DAS DECISÕES

49. A DD. Juíza MARCELE CARINE DOS PRASERES SOARES da DD.


33ª Vara do Trabalho de São Paulo nos ensina, na sua brilhante
Sentença:

JUSTIÇA GRATUITA - Acolhe-se o pedido de justiça gratuita


formulado pela parte autora, pois atende aos requisitos legais do
artigo 790, § 3o, da CLT, eis que demonstrado nos autos que o
reclamante não possui condições econômicas para arcar com as
despesas processuais.

Faz-se necessária a garantia do direito fundamental


constitucional de acesso à justiça, ainda que a parte
eventualmente perceba salário superior a 40% do limite máximo
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, quando não
possua renda suficiente para demandar em juízo.

Aplicável ao caso o preceito do artigo 791-A, da CLT, introduzido


pela Lei 13.467/17.

Contudo, em interpretação ao parágrafo 4º do presente dispositivo


e verificando que a parte reclamante é beneficiária da justiça
gratuita, entende-se que somente lhe será demandado o
pagamento das custas e honorários de sucumbência
quando comprovada suas condições financeiras sem
prejuízo do próprio sustento.

/
Em interpretação constitucional do dispositivo, este não pode ser
aplicado de forma literal sendo imprescindível a análise dos
preceitos da isonomia processual, do amplo acesso à justiça e
gratuidade judiciária (art. 5º, caput, XXXV, LXXIV da CF88).

Condenar a parte autora, beneficiária da justiça gratuita,


ao pagamento de honorários com posterior compensação
das verbas trabalhistas advindas de outras demandas
trabalhistas, ofende o princípio da igualdade, tendo em
vista que o crédito trabalhista goza de privilégio em
relação aos honorários de sucumbência.

Ademais o mero fato de o trabalhador ter percebido crédito


trabalhista em ação judicial não elide, de forma genérica, a
situação de miserabilidade jurídica. Nessa linha, merece atenção o
entendimento exarado do Enunciado 100 da 2ª Jornada de Direito
Material e Processual do Trabalho:

"É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos


trabalhistas reconhecidos em juízo para o pagamento de
despesas do beneficiário da justiça gratuita com
honorários advocatícios ou periciais (artigos 791-A, § 4º, e
790-B, § 4º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017),
por ferir os direitos fundamentais à assistência judiciária gratuita
e integral, prestada pelo Estado e à proteção do salário (arts. 5º,
LXXIV, e 7º, X, da Constituição Federal)".

/
Ademais, com supedâneo na garantia constitucional da assistência
judiciária gratuita, disposta no artigo 5ª da CF88, tal instituto
abrange todas as despesas processuais do beneficiário considerado
economicamente hipossuficiente. Nesse rol de despesas do processo
estão incluídos não só as custas, como os honorários advocatícios
de sucumbência e também os honorários periciais. Sobre o assunto,
o artigo 98, § 1º do CPC/2015 é expresso em isentar o beneficiário
da justiça gratuita de toda e qualquer despesa processual, não se
justificando, portanto, que o artigo celetista acima mencionado
importe em condição mais gravosa ao empregado do que ao
litigante comum, ainda mais quando considerada a condição
desigual da relação jurídica processual do ramo trabalhista.

Portanto, a parte reclamante beneficiária da justiça gratuita está


isenta do pagamento de quaisquer despesas processuais.

Sentença da MM. 33ª Vara do Trabalho de São Paulo, TRIBUNAL


REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO, PROCESSO No.
1001034-48.2019.5.02.0033, data 20/09/2019.

50. O Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, na brilhante


relatoria do DD. Des. Sidnei Alves Teixeira, tem decidido indevidos
Honorários ao reclamante, pelos seguintes fundamentos:

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REFORMA


TRABALHISTA.LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA OU
PROVEITO ECONÔMICO.IMPOSSIBILIDADE. O art. 791-A,
da CLT é claro ao dispor que "ao advogado, ainda que atue em
causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados
entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa" (g.n.).

/
Deveras, a previsão legal é no sentido de que só incidem
honorários de sucumbência sobre um pedido que possa
ser liquidado e gerar proveito econômico. Assim, a
impossibilidade de mensuração do proveito econômico não equivale
a improcedência ou rejeição do pedido, seja de algum pedido ou de
toda a demanda. Na presente hipótese, a parte vencedora deixa de
ser condenada, sem que isso resulte para ela consequências na
esfera econômica. Cumpre observar, ainda, que quando o
legislador quis tratar da improcedência, inseriu na lei a expressão
'não havendo condenação principal' como ocorre no inciso IIIdo
parágrafo 4º do artigo 85 do CPC, inexistindo tal previsão na
norma da CLT. Diante disso, a inovação legislativa atrelou a verba
ao proveito econômico obtido pela parte, tão somente. Recurso do
reclamante ao qual se dá parcial provimento.

Honorários advocatícios. Verba de natureza alimentar-


Insurge-se o reclamante contra a decisão de origem que o condenou
ao pagamento de honorários advocatícios. Afirma que tal
condenação não deve prevalecer, pois há evidente impossibilidade
de se aplicar a sucumbência no presente caso ante a total falta de
amparo legal, haja vista que não há que falar em "liquidação da
sentença" ou "proveito econômico obtido", como aponta a CLT.

/
De fato, o art. 791-A, da CLT é claro ao dispor que "ao advogado,
ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o
máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da
liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa"(g.n.).
Deveras, a previsão legal é no sentido de que só incidem
honorários de sucumbência sobre um pedido que possa
ser liquidado e gerar proveito econômico. Assim, a
impossibilidade de mensuração do proveito econômico não equivale
a improcedência ou rejeição do pedido, seja de algum pedido
ou de toda a demanda. Na presente hipótese, a parte vencedora
deixa de ser condenada, sem que isso resulte para ela
consequências na esfera econômica. Cumpre observar, ainda, que
quando o legislador quis tratar da improcedência, inseriu na lei a
expressão 'não havendo condenação principal' como ocorre no
inciso IIIdo parágrafo 4º do artigo 85 do CPC, inexistindo tal
previsão na norma da CLT. Diante disso, a inovação legislativa
atrelou a verba ao proveito econômico obtido pela parte, tão
somente. Assim, restringindo-se ao explicitamente prescrito no
dispositivo legal, indevida a condenação em honorários
advocatícios. Reformo.

PROCESSO TRT/SP DA 2ª REGIÃO Nº 1001388-


27.2018.5.02.0383, RECURSO ORDINÁRIO EM RITO
SUMARÍSSIMO - 17ª TURMA, ORIGEM: 3ª VT DE OSASCO-
RELATOR: SIDNEI ALVES TEIXEIRA, data 02/10/2019.

I) CONCLUSÃO

51. Portanto, requer a condenação da reclamada, ao pagamento de


honorários advocatícios aº Patronaº do reclamante, nas verbas
vencidas, a serem arbitradas em regular execução.

/
52. Requer ainda seja declarado indevida a condenação de
honorários sucumbenciais ao reclamante na Ação Trabalhista,
para aº Advogadaº da reclamada, conforme fundamentado.

(H.A*1) Compreensão diversa além de ferir direitos constitucionais


e sociais, gera bizarras situações, já que a própria reclamada pode
acabar sendo executada por seu próprio Patrono, que para receber
os seus honorários de sucumbência sobre as verbas devidas ao
reclamante.

(H.A-*2) Assim, em regra, o empregador deve honorários


advocatícios, quando sucumbente, pelo fato de não ter pago os
direitos do empregado, ou não ter cumprido suas obrigações
trabalhistas, tendo o empregado que ingressar em juízo para
questionar seus direitos.

(H.A-*3) O empregado autor na ação trabalhista é sempre a parte


vencedora, a parte que é vencida é sempre a empresa! O pedido ser
improcedente não significa que o reclamante foi vencido, e sim que
ele apenas não ganhou. Por outro lado, a empresa não venceu, ela
apenas não foi vencida.

(H.A-*4) Entende que poderá ser aplicada a sucumbência no caso


de procedência de impugnação do valor da causa; injusta oposição
do reclamante a consignação em pagamento, assim como quando
comprovada a litigância de má fé do empregado. Aliás, cumpre
lembrar que sempre houve a possibilidade de honorários
advocatícios de sucumbência para o empregado pagar aº
Advogadaº da reclamada por litigância de má fé, quando do pleito
pelo reclamante de verbas indubitavelmente pagas.

(H.A-*5) É exatamente no caso onde a Defesa, assume a posição de


autora, que poderá haver sucumbência, e nunca, como no cível,
apurados pela parte que restou improcedente. A empresa
reclamada só poderá ser vencedora quando estiver como autora.

/
(H.A-*6) De fato, na regra, a única parte que pode ser vencida é a
empresa, motivo pelo qual só ela pode ser condenada aos
honorários advocatícios, salvo, quando a reclamada é a autora,
(nas reconvenções, impugnação ao valor da causa, consignação de
pagamento e comprovada litigância de má-fé do reclamante), aí
sim será cabível falar sobre arbitramento de honorários ao Patrono
da reclamada, sendo inclusive coerente inclusive a ressalva do
artigo, qual seja nos casos de “não ser possível mensurá-lo”.

(H.A-*7) Esclareça-se que só o reclamante, na ação trabalhista, é


quem terá valor a receber, valor para resultar em liquidação da
sentença, valor que signifique proveito econômico, só o reclamante
poderá obter algo, um valor ou uma obrigação a ser cumprida pela
empresa, sendo óbvio, até aqui também, que a lei regulamentou os
honorários advocatícios devido pela reclamada, quando restar
vencida.

(H.A-*8) Para receber honorários de sucumbência do reclamante, a


reclamada tem que vencer, e não deixar de perder.

(H.A-*9) Compreensão diversa fere direitos constitucionais do livre


acesso à Justiça, e a dignidade do trabalhador, que não pode ser, já
que nossaConstituição Federall prioriza os direitos sociais.

(H.A-*10) Se o juiz fixar indenização inferior ao pedido da inicial,


não haverá responsabilidade pelo indenizado a pagar honorários
ao adverso ou partilhar custas e despesas, em proporção, haja vista
não ter sofrido qualquer derrota neste ponto. Não obstante a nova
legislação indicar a necessidade de a petição inicial trabalhista
trazer o pedido certo, o quantum indicado em nada modifica a
questão de que “não há sucumbência” no caso de condenação em
montante inferior ao pedido lançado na inicial, pois trata-se tão
somente a sucumbência formal-processual e não material-
processual.
/
(H.A-*11) A Lei 13.467/17 não alterou o princípio da sucumbência
mitigada que enseja a aplicação dos honorários advocatícios no
processo do trabalho e, que sempre se distanciou do processo civil,
ao contrário, manteve o tradicional modelo que condiciona sua
incidência ao fato de ser a parte credora de determinado valor
reconhecido judicialmente.

(HA-*12) Veja, o § 4º é inconstitucional, punindo até o beneficiário


da justiça gratuita, pessoa simples, que não pode arcar com os
custos de um processo, e que muitas vezes conta com prova de
testemunhas que temem a retaliação de comparecer a Justiça.

(H.A-*13) Condenar a parte autora, beneficiária da justiça


gratuita, ao pagamento de honorários com posterior compensação
das verbas trabalhistas advindas de outras demandas trabalhistas,
ofende o princípio da igualdade, tendo em vista que o crédito
trabalhista goza de privilégio em relação aos honorários de
sucumbência.

(H.A-*14) A suspensão da exigibilidade do recebimento dos direitos


alimentares do beneficiário da justiça gratuita, e a imposição da
espera de 2 anos para que o reclamante usufrua de seu crédito
alimentício, para aguardar que o advogado da reclamada, possa
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão de gratuidade é tão absurda que
causa espécie.

(H.A*15) O direito ao acesso à Justiça não pode ser obstaculizado,


assim como não pode as verbas de naturezas alimentares serem
desviadas para pagamento de honorários advocatícios ao patrono
da reclamada.

/
(H.A-*16) A Justiça do trabalho não se presta a ser um ringue, um
braço de ferro, onde sobrevive o mais forte, sendo a Justiça que se
presta a proteger o trabalhador de quem contrata e explora o
serviço braçal ou intelectual humano, ou seja, quem precisa ser
protegido na relação de emprego. Absurda a hipótese de se
considerar os créditos trabalhistas auferidos em outra demanda
trabalhista, seja utilizado para o pagamento de honorários
periciais e sucumbenciais, pois tais créditos possuem inegável
caráter alimentício. A gratuidade na Justiça do Trabalho viabiliza
ao trabalhador, que carece de recursos próprios para enfrentar os
riscos naturais da demanda.

Disponível em: https://cintiadinapoli.jusbrasil.com.br/artigos/773907962/honorarios-


advocaticios-sao-devidos-apenas-a-advogada-do-reclamante

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