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ADVOGADOS NÃO

CCP alerta DEVEM TER


para “rutura LIGAÇÃO AO
PODER POLÍTICO
social” em Administradores da
sociedade Morais
Portugal E14 Leitão defendem
que a advocacia
deve estar distante
do poder político e
não fazer lóbi.
Jogos
Alertam também de mesa
para os riscos
do dumping nacionais
no sector E36 a crescer E35

Expresso

ECONOMIA 2093
8 de dezembro de 2012
www.expresso.pt

Governo pode poupar Recessão


mantém
banca
Como a
Google não
paga impostos
¤500 milhões por ano sob pressão em Portugal

em tecnologia Encurralada entre a


crise e o malparado,
a banca, apesar de estar
capitalizada, está longe
de estar a salvo
Gigante tecnológico
fatura serviços de
publicidade através de
empresas estrangeiras,
como a Google Ireland
Financiamento à economia e A Google faturou cerca de
e aumento das imparidades ¤40 milhões em 2011 e pa-
de crédito mantém-se no cen- gou ¤57,7 mil de IRC. Recur-
> Estudo de José Tribolet em quatro ministérios mostra milhões de tro das preocupações. Orça-
mento recessivo pode agra-
so a empresas estrangeiras,
instaladas em geografias
desperdício > Professor do Técnico diz que fornecedores do Estado agiram var a situação. Plano de capi-
talização do Banif arrasta-se
com uma tributação mais fa-
vorável, permite evitar taxas
como intermediários de droga > Despesa cresceu 75% em seis anos E10 há cinco meses. E12 de imposto em Portugal. E8

ÁRABES INTERESSADOS EM VÁRIAS EMPRESAS PORTUGUESAS DO AGROALIMENTAR

SUCESSO Investidores do Qa-


Últimas
tar e o Governo de Abu Dhabi
querem comprar empresas
portuguesas do sector agroali- Economia cai 3,5% O an-
mentar. É o caso da Nutri- damento da economia portu-
green, empresa de Torres No- guesa no terceiro trimestre
vas, que na semana passada ar- foi pior do que tinha sido
rebatou o primeiro prémio de avançado na estimativa rápi-
excelência e inovação num dos da do Instituto Nacional de
salões internacionais mais im- Estatística. O Produto Inter-
portantes do sector que se rea- no Bruto caiu 3,5% em ter-
lizou naquele território dos mos homólogos (e não 3,4%)
Emirados Árabes Unidos. Em e 0,9% face aos três meses an-
15 prémios de excelência em teriores (e não 0,8%). A redu-
disputa, por mais de 800 empre- ção menos acentuada das im-
sas de 50 países, Portugal arre- portações e o abrandamento
cadou quatro. A notoriedade das exportações explica a de-
foi de tal ordem que o azeite terioração da economia face
com lascas de folha de ouro fei- ao segundo trimestre.
to no Fundão (na foto) já foi exi-
bido em horário nobre na televi- Selassie na Ordem Abebe
são nacional dos Emirados. Selassie, representante do
FOTO NUNO BOTELHO E20 FMI na troika que superin-
tende o apoio financeiro a
Portugal, é o orador da confe-
rência a realizar na próxima
quarta-feira, dia 12, às 9h30
na Ordem dos Economistas.

Primus Inter Pares arran-


ca Abriram as inscrições pa-
ra a 10ª edição do prémio Pri-
mus Inter Pares, uma iniciati-
va do Expresso e Banco San-
tander Totta, com o apoio do
grupo Egor. Podem concor-
rer finalistas de gestão, eco-
nomia e engenharia. A com-
petição oferece MBA em ins-
PORTUGAL VENDE
LUXO NO BRASIL Neste
Vinci quer a FINCOR NO TOPO
DA CORRETAGEM?
Há mais LOGOPLASTE CONTROI
FÁBRICA NO KANSAS
tituições como a IE, conside-
rada a melhor escola de negó-
fim de semana no Rio ANA para ser Comprada em 2009 ao 4 projetos Filipe de Botton está cios pelo “Financial Times”
(e não o IESE como por lapso
de Janeiro promotores
imobiliários tentam
atorglobalnos BPN, a Fincor tem dado
nas vistas. A CGD é um
para investir a construir a quinta
fábrica nos EUA, para
foi referido na página 24). As
candidaturas estão disponí-
atrair investimento E27 aeroportosE18 dos maiores clientes E26 no mar E16 a Procter & Gamble E23 veis em www.universia.pt. E24

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02 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

ALTOS Índice Gaspar


António
“Efeito grego” desaparece e o gato dá pequena queda
Guterres
Ex-primeiro
ministro A probabilidade de o país regressar aos soberana por Atenas prosseguiu até próximo ano, acima de €124mil da França recomendando que o
mercados sofreu uma ligeira descida de ontem ao final da tarde, mas os milhões. As expectativas de que o novo governo de Lisboa não o exigisse, por
75,2% para 74,4%. A possibilidade investidores começaram a ficar pacote para a Grécia, com alterações agora, atitude que foi seguida
mantém-se, mas sofreu um pequeno nervosos com outros problemas em comissões, juros e prazos, oficialmente pelo governo português,
É comum ouvir dizer que a respon- percalço. O “efeito grego” que, na políticos que poderão brotar na Itália beneficiasse rapidamente, por apesar de posição distinta do
sabilidade pelo estado a que Portu- semana passada, tinha permitido ao e mesmo em Portugal e começaram arrastamento, Portugal ficaram Presidente Cavaco Silva e do líder
gal chegou é de todos os portugue- Índice Gaspar saltitar, desapareceu. a fazer contas às necessidades de afetadas com as declarações dos do CDS e ministro dos Negócios
ses, uma afirmação que desrespon- A operação de recompra da dívida investimento que Espanha vai ter no ministros das Finanças da Alemanha e Estrangeiros, Paulo Portas.
sabiliza quem teve nas mãos o po-
der de gerir o país. Daí que seja in-
teressante ver um antigo primeiro-
-ministro assumir que teve culpas
evidentes no cartório, tal como
aconteceu esta semana com Antó-
nio Guterres. Seria bom que outros
viessem rapidamente a terreiro fa-
zer o mesmo.

Amândio
Santos
Presidente da Derovo
e da Portugal Foods

A promoção que a Portugal


Foods tem vindo a fazer do sec-
tor agroalimentar português vai
dando os seus frutos, mostrando
o que de qualidade se faz no país.
A participação, na semana passa-
da, no salão internacional da ali-
mentação, no Abu Dhabi, correu
bem e levou mesmo a algumas
ofertas de compra de empresas METODOLOGIA O índice é medido entre 0 e 100 e pretende avaliar a capacidade de acesso de Portugal aos mercados. Valores abaixo de 50 representam um mercado
portuguesas por parte de empre- fechado, entre 50 e 70 um acesso muito difícil e só acima deste valor se torna possível. Tem duas componentes: uma nacional calculada a partir de indicadores como os
sários árabes. juros, os spreads ou o investimento estrangeiro, e uma externa com base no índice dos CDS da Europa Ocidental. Para mais detalhes ver www.expresso.pt/indicegaspar

José Ferreira
Machado Portugal mais Carlos Oliveira formaliza no Japão primeira 30 personalidades
Diretor da Nova
School of Business
austero também foi pedra para uma cidade inteligente em Lisboa discutem o futuro
and Economics menos transparente na SIC Notícias
A Universidade Nova entrou na lis-
ta das 30 melhores escolas de negó- 1 Dinamarca Primeiro, os japoneses convidaram Japão, uma economia madura e 12-12-12. A curiosa combinação
cios da Europa, elaborada pelo jor- 1 Finlândia António Costa, o presidente da tecnologicamente muito avançada. O numérica desta data foi a escolhida
nal “Financial Times”, estando na 1 Nova Zelândia Câmara de Lisboa, para observar no contrato vale dois milhões de euros e pela SIC Notícias para a realização
29ª posição. É um sinal de que as 4 Suécia Japão o que era uma “cidade foi subscrito por quatro grandes da mesa-redonda Fala Futuro 3.0.
escolas de negócios em Portugal es- 5 Singapura inteligente”. Depois, eles próprios empresas japonesas (NTT Data, NTT Uma iniciativa organizada pelo
tão a fazer boa figura lá fora, já que 6 Suíça vieram a Lisboa e assinaram uma Docomo, Mitsubishi Heavy Industries “Falar Global”, programa de ciência
também a Católica Lisbon School 7 Austrália Carta de Intenções com o Governo. e Joint Research Institute). O estudo e tecnologia da SIC Notícias e que
of Economics e a Porto Business 7 Noruega Tornaram a vir e realizou-se um estará pronto em março e vai contar repete o modelo de debate já posto
School (32ª e 55ª posições, respeti- 9 Canadá seminário com empresários sobre as com a participação de empresas em prática noutras datas com
vamente), fazem parte da lista. 9 Holanda possibilidades do negócio. Agora, foi portuguesas, algumas das quais simbologia associada ao mundo
33 Portugal a vez do secretário de Estado da acompanharam os secretários de digital: 10-10-10 e 11-11-11. Tal como
Inovação, Carlos Oliveira, e da Estado nesta visita. Ao Expresso, nas edições anteriores, o fórum Fala
Isabel Num ano, Portugal desceu uma Energia, Artur Trindade, irem ao Carlos Oliveira disse que o próximo Futuro vai levar ao Pavilhão do
Jonet posição na lista dos 176 países que Japão. Na quarta-feira, o primeiro passo é a constituição de um Conhecimento, em Lisboa,
Presidente compõem o Índice de Perceção de deles assinou em Tóquio com os “consórcio informal” destas 30 personalidades portuguesas
do Banco Corrupção 2012, da Transparency responsáveis da NEDO, a agência empresas, que possam depois de diferentes áreas de atividade
Alimentar International. Mas numa década governamental japonesa para as trabalhar no projeto e potenciar que vão ser confrontadas com
perdeu dez lugares face aos países Novas Energias, o contrato para o a participação de outras, mais 30 perguntas relacionados com
que se colocam nos primeiros lançamento do concurso para a pequenas, numa área onde Portugal temas como emprego e segurança
Apesar de alguns apelos absurdos lugares do ranking, considerados os realização do estudo de viabilidade tem competências reconhecidas. social, empreendedorismo e
ao boicote às campanhas do Ban- mais transparentes: caiu do 23º de uma “cidade inteligente” em Depois do desastre nuclear de educação, sustentabilidade, ciências
co Alimentar Contra a Fome, na patamar para o atual 33º, numa Lisboa. Trata-se de implantar na Fukushima, o Japão está a investir e tecnologia. O programa “Falar
sequência de declarações recen- lista que aponta o Afeganistão, capital um conjunto de tecnologias fortemente nas energias alternativas, Global” dedicado ao Fala Futuro
tes proferidas pela sua presiden- Coreia do Norte e Somália como os de ponta nas áreas da mobilidade e sendo hoje um enorme estaleiro 3.0 será emitido na SIC Notícias
te, Isabel Jonet, os portugueses países mais corruptos do mundo. eficiência energética, uma ideia que nesse campo, com projetos de a 15 de dezembro e repetido
voltaram a contribuir em massa Entre os 27 da UE, Portugal fica na Costa acarinha e o Governo vê com centenas de milhões de euros. O no dia seguinte. Os vídeos ficarão
para esta instituição, com um vo- 15ª posição, à frente de Malta, bons olhos pelas possibilidades de problema é entrar. O contrato agora disponíveis em
lume de alimentos idêntico ao de Grécia, Itália e os países de Leste. cooperação e negócio que abre com o assinado é uma primeira porta. www.falarglobal.com.
campanhas anteriores, cerca de 3
mil toneladas.
PT é o 6º operador
PORTUGAL GANHA TRÊS PRÉMIOS NO EUROBEST do mundo que mais
E BAIXOS investe em I&D

Vítor A Portugal Telecom (PT) é a sexta


Gaspar empresa de telecomunicações
Ministro do mundo que mais investe em
das Finanças investigação e desenvolvimento
(I&D) em percentagem de receitas.
É o resultado do estudo de 2012 da
Comissão Europeia revelado esta
Mesmo que quisesse, o ministro semana, e intitulado: “EU Industrial
das Finanças não consegue passar Prata para ‘QR Code’ da agência Bronze com anúncios do curso de Bronze para ‘Angry Outdoors’, R&D Investment Scoreboard”, no
despercebido e esta semana voltou Partners para Turismo de Portugal escrita criativa da Draft para a Nova da TBWA para o jornal “Público” qual são analisadas as 1500
a sê-lo por maus motivos. Ter assu- empresas que mais investem em
mido que Portugal poderia vir a be- As agências nacionais ganharam um destino turístico moderno, ao devolutos. O propósito foi I&D no mundo. A PT investiu 3,6%
neficiar das novas condições mais três troféus no Eurobest, festival juntar uma arte com mais de 500 surpreender os transeuntes, ao dar sob as receitas, que ascenderam a
favoráveis atribuídas à Grécia e de- que premeia a melhor criatividade anos e uma tecnologia do século a entender que os prédios tinham ¤6,147 mil milhões em 2011. Um
pois ter sido obrigado a desdizer-se comercial da Europa e que XXI. O prémio foi atribuído em sido destruídos por ação dos valor que se situa acima da média
é um sinal de desorientação e de terminou no fim de semana Melhor Uso de Marketing Direto. famosos pássaros. do sector (0,24%). Na Europa, onde
que o alinhamento com a Europa, passado em Lisboa. Portugal ganhou mais dois troféus O outro prémio de bronze foi para a média é de 1,4%, a PT é o segundo
e nomeadamente com a Alema- O projeto de QR Code na calçada de bronze, um em outdoor outro a campanha de imprensa para a operador que mais investiu. À sua
nha, já não é o que era. Ao mesmo portuguesa, em Lisboa e em em imprensa. Em publicidade Draft FCB, composta por três frente ficou a British Telecom
tempo vê o cerco apertar-se com a Barcelona, para promover o exterior, a agência distinguida foi anúncios, que comunicava o curso (3,7%). O terceiro lugar é da Itália
queda acentuada do PIB, a entrada turismo em Portugal rendeu um a TBWA e uma campanha para de escrita criativa da Universidade Telecom (2%), seguindo-se a France
da zona euro em recessão e a Uni- troféu de Prata à MSTF Partners. o jornal “Público”. O lançamento Nova de Lisboa. Os anúncios “King Telecom (1,8%) e a Telefónica
dade Técnica de Apoio Orçamen- O projeto em causa implicou a de uma coleção de autocolantes Kong”, “Kill Bill” e “Titanic”. A (1,7%). Zeinal Bava, presidente da
tal colocar dúvidas ao cumprimen- conceção do primeiro QR Code em dos Angry Birds deu o mote à ideia foi dizer que há muitas formas PT, tem dito que apesar da crise,
to de um défice de 5% este ano. calçada portuguesa, e teve como campanha de guerrilha que colocou de contar uma história, mas só uma a operadora irá fazer todos os
Pedro Lima objetivo promover Portugal como estes bonecos em edifícios de a tornar brilhante. esforços para manter os atuais
plima@expresso.impresa.pt níveis de investimento em I&D.

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 03

Meta para o défice público Estivadores mantêm


luta contra
nova lei portuária
cada vez mais distante “A luta vai continuar”, garante o
Manuela Ferreira Leite
líder do Sindicato dos Estivadores do
Centro e Sul, Vítor Dias,
mantendo-se contra o novo regime
Estatísticas
“Extraordinariamente difícil de alcançar” é como a Unidade do trabalho portuário. O sindicalista
diz que os trabalhadores que
e a realidade
Técnica de Apoio Orçamental classifica a meta de 5% para o défice representa estão empenhados em
combater o novo diploma pelas vias
O aviso, sério, foi dado esta semana fiscais estão no cerne do problema. “jurídica, política e sindical”. Este conhecida a forma

É
pela Unidade Técnica de Apoio Até outubro, a receita fiscal caiu 4,2% sindicato pretende requerer a humorística como se
Orçamental (UTAO) da Assembleia em termos de variação homóloga inconstitucionalidade da lei do pode explicar a alguém
ESTIMATIVA
da República: nos primeiros nove acumulada e a UTAO afirma que esta trabalho portuário e continua que quer ser esclarecido
meses do ano, o défice das contas receita “deverá ficar aquém do novo empenhado em avançar com uma sobre o conceito
públicas, em contabilidade nacional — objetivo anual, tanto a relativa a denúncia junto da Organização estatístico de “média”:
usada pelas autoridades europeias
para avaliar Portugal — terá ficado
entre 5,9% e 6,3% do PIB, muito
acima da meta de 5% acordada entre
5,9%-6,3%
do PIB é o intervalo em que a Unidade
impostos diretos como indiretos, não
obstante aquele objetivo ter sido
recentemente revisto em baixa”.
Aliás, a revisão em baixa das
Internacional do Trabalho (OIT),
porque considera que viola uma
convenção internacional aprovada
para este sector. Os estivadores
— Se eu comer um frango
inteiro e tu nada comeres, posso
afirmar que, em média, comemos
meio frango cada um.
o Governo e a troika para 2012. É Técnica de Apoio Orçamental estima previsões para a receita fiscal tem defendem que a dita convenção Esta explicação, sendo
certo que só no final do ano se que se tenha situado o défice público sido uma constante ao longo de 2012. prevalece sobre as leis portuguesas. estatisticamente correta, tem uma
sentirão os efeitos do corte dos até setembro, em contabilidade E os últimos meses do ano não devem Vítor Dias refere ainda que o seu componente sádica, mas é muito
subsídios de Natal a funcionários nacional (aquela que é utilizada pelas trazer qualquer notícia positiva neste sindicato, “juntamente com os pedagógica. Com efeito,
públicos e pensionistas, mas, face a autoridades europeias para avaliar domínio, já que o corte dos subsídios parceiros europeus, vai fazer pressão alerta-nos, através de um absurdo,
estes números, a UTAO considera Portugal). Números muito acima da de Natal e a antecipação das duras em Bruxelas”, que, considera, “tem para aspetos essenciais que devem
“extraordinariamente difícil de meta de 5% prevista pelo Governo — medidas de austeridade já anunciadas tido um cuidado extremo para não estar presentes na leitura de
alcançar” o objetivo de 5%. E salienta e acordada com a troika — para o para 2013 devem penalizar ainda colidir com nenhuma matéria desta indicadores estatísticos, muito
que, “a confirmar-se esta estimativa, final de 2012. mais o consumo e o andamento da convenção internacional”. Na especialmente quando se pretende
o cumprimento do objetivo nominal economia, logo, as receitas fiscais. A segunda-feira, os sindicatos dos definir uma política para atuar
para 2012 implica que no último confirmação de que a zona euro se Estivadores do Centro e Sul e dos sobre uma dada situação.
trimestre se registe um défice sem encontra em recessão e o maior Trabalhadores do Porto de Aveiro Na verdade, os indicadores
precedentes em anos mais recentes — pessimismo do Banco Central entregaram um novo pré-aviso de estatísticos são conceitos teóricos
período em que a contração da Europeu sobre a evolução da greve que prolongará a paralisação que ajudam a compreender a
economia deverá ser ainda mais economia da eurolândia adensam em curso até à véspera de Natal. situação que se quer analisar, mas
acentuada do que a verificada até ao ainda mais as nuvens sobre o Estes sindicatos entraram em greve não “retratam” necessariamente
momento —, mesmo considerando o comportamento das receitas fiscais em setembro e os efeitos negativos uma realidade. Assim, tomar
valor previsto para a concessão do em Portugal, tornando o destas paralisações já afetam quase decisões com base em índices
serviço público aeroportuário de cumprimento da meta do défice este todos os sectores da indústria e da estatísticos, sem cuidar de
apoio à aviação civil”. As receitas ano quase uma miragem. agricultura portuguesa. ponderar a realidade que está em
causa, pode conduzir a um mundo
irrealista que perspetiva o
desastre. Na citada anedota,
QUIZ DA SEMANA
Capital de Risco por Rodrigo de Matos fica-se tranquilo quanto ao nível
de subsistência alimentar dos
personagens e, se houver lugar a

1 Quantos portugueses
estão em risco de pobreza
preocupações, será quanto ao
excessivo regime alimentar que
parece denunciar.
ou exclusão social? Vem isto a propósito de
a) Em 2011 ascendiam a 2,5 afirmações feitas correntemente
milhões sobre o nosso atual nível de
b) Em 2011 eram 2,6 milhões fiscalidade, considerando-o mais
c) Em 2011 eram 2,4 milhões baixo que o nível “médio” da
maioria dos países europeus,

2 CGD, BCP, BES, BPI, Banif,


Montepio e Crédito Agrícola
insinuando-se, deste modo, que
pode haver ainda margem para
aumentar os impostos.
vão ter de reforçar provisões Esta conclusão está errada e não
até ao final do ano em mais... tem qualquer cabimento pela
a) ¤264,4 milhões simples razão de que encobre o
b) ¤474 milhões essencial da realidade em causa. E
c) ¤ 365,3 milhões o essencial é saber a que escalões
de rendimento pertencem os que

3 Portugal vai ter direito às


mesmas regras concedidas
pagam impostos em Portugal e
nos outros países europeus.
Ora, enquanto em Portugal os
pelo Eurogrupo à Grécia? contribuintes estão
a) Apenas a algumas maioritariamente, para efeitos
b) Sim fiscais, nos escalões mais elevados
c) Não e, nesse sentido, os da classe
média equiparados aos mais ricos,

4 Quantos automóveis
ligeiros se venderam a menos
nos restantes países europeus tal
não acontece.
É neste sentido que se deve
nos primeiros 11 meses face a medir o esforço fiscal e, se o
igual período de 2011? fizermos, estamos realmente
a) Menos 53 mil longe da média europeia, mas no
b) Menos 62 mil sentido contrário ao que sugere a
c) Menos 47 mil simplista análise das médias.
O mesmo rigor analítico deveria

5 A Autoridade Tributária
ultrapassou em novembro o EM OFF tos no BES... e na conta do futebolista.
E ficou a saber-se que há quem conside-
Olha que dois! Juntaram-se no
Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa,
colocar-se no conceito de
rendimento bruto. Este último é já
de si muito falível porque,
objetivo da cobrança coerciva re que a profissão de banqueiro tam- para responder à pergunta “Onde para o evidentemente, não tem em conta,
de dívidas fiscais. Qual era o Empreiteiro ao pódio Um bém é de desgaste rápido, tal como a Dinheiro?” Artur Santos Silva, presiden- nem pode ter, as situações
valor fixado para 2012? pequeno grupo de empresários partici- dos jogadores de futebol. Um dos admi- te da Fundação Calouste Gulbenkien, e individuais que torna muito
a) ¤1500 milhões pava numa conferência em Xangai em nistradores do BES disse-o taxativa- presidente da administração do BPI, e o diferente o que aparenta ser igual.
b) ¤1100 milhões que uma organização chinesa anuncia- mente, a que não será alheio o filme de fundador do BCP, Jorge Jardim Gonçal- Mas passa de falível a incoerente
c) ¤1000 milhões va o empresário do ano. E quando espe- terror que os bancos portugueses vi- ves. Dois históricos da banca que se afas- quando se sobrepõem diversas
rariam que a distinção premiasse um vem desde que, em 2008, se verificou a taram com a ousadia do BCP de tentar medidas fiscais e não fiscais, todas

6 O desemprego em
Espanha não para de subir
empresário ligado a sectores de ponta,
tecnológicos ou afins, ficaram banza-
dos com a escolha de um empreiteiro
implosão de alguns gigantes da banca
internacional.
comprar o BPI, em 2006 e com a ‘con-
traousadia’ posterior do BPI de tentar
comprar o BCP. Consta que o encontro
baseadas simultaneamente
naquele conceito. Na verdade, só
tem sentido falar em rendimento
e ultrapassa já... local. Mas, a surpresa só durou até sa- não correu mal, embora não tenha enchi- bruto relativamente ao montante
a) 4,9 milhões de pessoas berem que a construtora cometera a do as medidas de quem queria de facto que o contribuinte usufruiria se
b) 4,2 milhões de pessoas proeza de erguer um prédio de sete an- saber onde para o dinheiro e ali se dirigiu não fosse tributado. Se esse
c) 5,3 milhões de pessoas dares em três dias, a tempo de uma fei- ao final de tarde da passada terça-feira... rendimento não é recebido por
ra em Xangai. E não se pense que se motivos e regras extrafiscais, o
tratava de uma solução frágil de pré-fa- Zonaecom, Zonangol... rendimento bruto não devia ser o
bricação. A estrutura resistia a um sis- Já tanto se especulou sobre uma fusão inicial, mas corrigido.
mo de grau 7 na escala de Ritcher. O entre a ZON e a Sonaecom que, quando Caso contrário, à medida que as
industrial inventara um novo e re- o negócio acontecer, provavelmente reduções se acumulam, os
volucionário método! provocará em algumas pessoas uma rendimentos líquidos
certa indiferença. Todas as sema- aproximam-se dos níveis dos que
ILUSTRAÇÃO PAULO BUCHINHO

CR7 e Ricardo Sal- nas é dada como certa — esta não estão isentos de impostos.
gado com profissão foi exceção —, e já muito se escre- Acontece mesmo que já existem
de desgaste... rápido veu sobre o tema. Daí que tenham contribuintes que estão no limiar
O famoso futebolista Cristiano Ro- surgido potenciais designações para e que carecem de apoios, sem
naldo e o banqueiro Ricardo Salgado a empresa resultante desse negó- deles poder usufruir dado o seu
têm coisas em comum... Na sede do cio: Zonaecom foi uma delas, ou- elevado rendimento bruto!
BES Espanha em Madrid, renovaram o tra, mais recente, é Zonangol, em Se só nos fiássemos nos valores
6 — a)
Soluções: 1 — b); 2 — a); 3 — c); 4 — a); 5 — b);
contrato de publicidade que tem um re- alusão ao capital angolano que está cegos das estatísticas, um dos dois
torno grande para a captação de depósi- presente na Zon... cidadãos morrerá à fome...

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04 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 05

Cem por Cento


Nicolau Santos
nsantos@expresso.impresa.pt

Há coisas que estão Agora sou a criatura que prepara as asas para o voo
sou o chefe da estação que se esqueceu de apitar
sou a beata que falhou na missa
E agora, sr.
Presidente?
a correr bem aparentemente o barro solto num jardim questão grega está definitiva-
perdido perdido
na imensidade das mãos
das curvas e dos sons das névoas que elas traçam
Sim hoje amor a tarde ou a manhã de nunca
A mente a inquinar o ambiente
político e económico euro-
peu e o que se passa nos dois
países sob assistência internacional.
O que aconteceu esta semana foi pe-
hoje as balas o sangue a confusão noso. O primeiro-ministro e o minis-
decisivas horas que se arrastam sem cor tro das Finanças admitiram publica-
mente que Portugal deveria benefi-
no tempo da maior desespe- seu, com mais de oito milhões de e cerram-se janelas pombas de luto vermelho ciar das novas regras concedidas a

É
rança que é preciso encon- obras, que visa preservar e promover Agora a partida com aviões silenciosos Atenas, no quadro de uma nova rene-
trar razões para acreditar a cultura e a história da humanidade. aéreos e possíveis os desejos gociação da ajuda concedida aos helé-
que não estamos condenados A Eleutério, fundada em 1925 em Tra- a dança a enxada nicos. O presidente do eurogrupo dis-
ao declínio moral, social e cul- vassos, é uma empresa familiar, que se o mesmo. Dois dias depois, após
tural. Eis seis dessas razões. tem vindo a passar a sua arte e a tradi- o campo juncado de berros oceânicos afirmações dos ministros franceses e
ção da filigrana de geração em gera- as trevas a noite grandes infindáveis alemão das Finanças, aconselhando
1. A Logoplaste anunciou esta sema- ção. A marca está presente em Ango- e na sombra das casas a Irlanda e Portugal a não pedir o
na que ganhou um concurso para for- la, EUA, Inglaterra, Moçambique, mesmo que foi concedido à Grécia,
necer a Procter & Gamble nos Esta- Brasil e Polónia e prepara-se para en-
a luz brilha todos mudaram de posição, com ar-
dos Unidos contra o atual fornecedor trar no mercado russo. e a esperança nasce gumentos patéticos (perguntas mal
americano e contra as duas maiores no grito do miúdo da quinta geração de estátuas percebidas, assuntos muito comple-
empresas mundiais da Malásia. Vai as- 4. O Seedcamp, o maior fundo de in- nas asas do primeiro antiporteiro xos, etc., etc.). Agora vem o Presiden-
sim investir 31,5 milhões de dólares vestimento de capital semente da Eu- te da República dizer, preto no bran-
na construção de uma fábrica em Kan- ropa, vai investir em três start-ups na- Agora hoje choro sinto co, que devemos pagar menos comis-
sas City. Em cinco anos, esta é a déci- cionais: CrowdProcess (que criou um o canto sobe sões e ter mais tempo para pagar o
ma fábrica que a Logoplaste abre no sistema que usa a capacidade instala- e há arestas quebradas que pedimos emprestado. É o contrá-
mercado NAFTA (EUA — 5; Canadá da em computadores espalhados pelo montras sem vidros rio da estratégia seguida pelo Gover-
— 3; México — 2), onde espera faturar mundo, para construir uma platafor- no e do que está contido no Orçamen-
¤140 milhões no final de 2014. ma de supercomputador com capaci- e bolos agora há bolos pão to do Estado 2013. Há, pois, uma cla-
Ou seja, com persistência, trabalho dades de processamento muito eleva- a fome saciada ra clivagem entre Belém e São Bento
e competência é possível batermo- das para tarefas específicas); Hole19 sou como um café quanto aos caminhos a seguir para
-nos, de igual para igual, com os me- (um conjunto de produtos móveis e combater a crise. E como o Governo
lhores e vencê-los. E a internacionali- online para a indústria do golfe, per-
de muitos agrupados muitos de comboio e sempre direitos não vai mudar, a pergunta que se co-
zação não é fácil mas não está vedada mitindo aos golfistas análises de per- Na metamorfose fatal o grito assoma loca é: e agora, sr. Presidente? Falou
às empresas portuguesas. formances, contactos com instrutores a criança rompe a dieta o leito apenas ou pensa agir?
e cursos); e Qamine (um software de e pela primeira vez
2. Os Douro Boys, que agrupam cinco teste que funciona como uma plata-
produtores de vinhos da região — forma de serviços de ajuda aos progra- é um chefe de estações esquecido
Quinta do Vallado, Niepoort, Quinta madores identificando erros e bugs e uma beata revoltada Financiar
do Crasto, Quinta do Vale Dona Ma- propondo de forma automática pa-
Joaquim Benite (1943-2012), 'Primeiro poema para a manhã',
ria, Quinta do Vale Meão — venceram
o Prémio Europeu de Promoção Em-
drões de correção dos mesmos).
São apenas seis exemplos. Mas são a
Arquivo histórico de imprensa do jornalista Pedro Foyos. empresas:
Quando andava pelos vinte anos, queria ser poeta.
presarial da Comissão Europeia, na
categoria “Apoio à internacionaliza-
prova de que temos capacidades, com-
petências e talentos para ultrapassar
Mas a censura cortou cerce esse sonho, proibindo duas versões
a publicação dos seus poemas, como é o caso deste.
ção das empresas”. A justificação pa- esta desgraça que cai sobre todos nós. Perdeu-se um poeta, ganhou-se um grande encenador
ra o prémio assenta na cooperação en- e um dos maiores construtores do teatro português. relação entre bancos e peque-
tre os cinco produtores para promo-
ver conjuntamente os seus vinhos no
exterior sem perder a identidade pró-
pria, um esforço, segundo Bruxelas,
que “deu origem a um aumento de
Logoplaste, Douro Boys,
Eleutério, Crowdprocess,
A nas e médias empresas que
trabalham para o mercado in-
terno está gélida. Num traba-
lho publicado na última edição do Ex-
presso, os cinco maiores bancos na-
134% nas exportações de vinho dos Hole19 e Qamine são a cionais foram muito esquivos a deter-
produtores” em causa. Ao prémio prova de que temos minar quanto emprestaram às PME
concorriam outros cinco concorren- capacidade e talento para através das linhas de crédito que cria-
tes, oriundos da Bélgica, Hungria, Li- ram para o efeito. Na verdade, os ban-
tuânia, Malta e Eslováquia. ultrapassar a desgraça cos querem apoiar empresas exporta-
Este é um excelente exemplo para que cai sobre todos nós doras com uma estrutura económico-
as pequenas e médias empresas portu- -financeira equilibrada e projetos
guesas, que não tem capacidade, só com mérito. Assim é fácil ser banquei-
por si, para promoverem os seus pro- ro. Eis a síntese que faz um conheci-
dutos no exterior. Atuar em conjunto do empresário nacional: “A banca es-
nesse plano não só poupa recursos co- tá a financiar as empresas boas, fiá-
mo aumenta a eficácia quanto ao obje- veis e exportadoras com juros compe-
tivo que se pretende atingir. titivos. Mas as empresas viradas para
o mercado nacional e que estão a so-
3. Conhece a marca portuguesa de frer as agruras do ajustamento, a es-
joalharia Eleutério? Provavelmente sas estão a evitá-las a todo custo. Não
FOTO JORGE SIMÃO

não. Pois bem: o British Museum não sei para que serve o sistema de Garan-
só conhece como acaba de aquirir um tia Mútua que até agora só acumula
conjunto de peças desta marca portu- resultados positivos, sendo uma fon-
guesa (as coleções Flora, Lace e te para o Governo. A banca prefere
Oriental Fantasy) para integrarem a então, fazer aplicações financeiras,
exposição permanente daquele mu- em águas calmas...”

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06 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

CRISE

} França coloca
¤3970 milhões
em leilão de dívida
“A FRAQUEZA ECONÓMICA DA ZONA
EURO VAI CONTINUAR NO PRÓXIMO
RISCO
SOBE
APESAR
“O ponto mais alto da crise foi em junho,
aquando das eleições gregas. Agora, temos a
DE LEILÃO
tendência inversa. Uma mudança de política
Foi o leilão de dívida
ANO”, DISSE MÁRIO DRAGHI, POSITIVO está em curso, de uma gestão
de longo prazo com PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL Espanha emitiu esta semana da crise pura e
os juros mais baixos EUROPEU (BCE), NO FINAL DA REUNIÃO ¤4251,8 milhões em simples, para o
de sempre obrigações a 3, a 7 e a 10 anos
DO CONSELHO DE GOVERNADORES, e arrecadou mais uma verba
enfoque nos
QUE DECIDIU MANTER A TAXA DE JURO de financiamento já para 2013, assuntos estruturais
] Economia britânica
vai fechar em DIRETORA EM 0,75%. O BCE PREVÊ QUE mas os juros no mercado
secundário e o risco de
e na
competitividade”
recessão este ano O PIB DA ZONA EURO QUEBRE ENTRE incumprimento da dívida
OLLI REHN
subiu. Os investidores dizem
O PIB vai cair 0,1%, diz 0,4% E 0,6% ESTE ANO E QUE POSSA que há abundância de
Comissário Europeu
de Assuntos Económicos
chanceler do Tesouro VOLTAR A CAIR PARA O ANO. obrigações espanholas. e Financeiros

Espanha Mário
Draghi
Resgate não
da anima
mercados
banca O Banco Central Europeu

para a não mexeu na política


monetária, mas admite
dois anos de recessão
sucessivos na zona euro

semana Os mercados da dívida andavam


animados com a oferta de re-
compra de dívida grega pelo Go-
verno de Atenas junto dos inves-
tidores privados. Mas subita-
mente foram apanhados por
uma mão-cheia de factos desa-
gradáveis: o renascimento da cri-
se política em Itália, com o re-
gresso em força de Silvio Berlus-
coni que retirou o apoio ao pri-
meiro-ministro ‘tecnocrata’ Ma-
rio Monti, havendo já quem fale
de eleições antecipadas em ja-
neiro; uma ‘enchente’ de obriga-
ções espanholas emitidas pelo
Tesouro em Madrid que já anda
a financiar 2013; e contradições
evidentes em Lisboa entre ór-
gãos de soberania e dentro da
coligação governamental a pro-
pósito de se reclamar ou não a
extensão a Portugal de algumas
das novas regras aplicadas à
Madrid receberá €41 Grécia na última reunião do eu-
rogrupo. O resultado sentiu-se
mil milhões, muito no mercado secundário da dívi-
da com os juros das obrigações
abaixo do teto de portuguesas, espanholas e italia-
O Bankia receberá quase metade
¤100 mil milhões do financiamento que vai ser
nas em alta, e com o risco de in-
cumprimento da dívida destes
aprovado em junho disponibilizado pelo resgate
FOTO ANDREA COMAS/REUTERS
três países “periféricos” a subir.

pelo Eurogrupo Pessimismo nas previsões


A próxima semana vai marcar a histó- lhões acabarão por contar como dívida lhões em ajuda financeira, já foi vendi- Esperava-se que Mario Draghi,
ria económica recente de Espanha. No pública e os juros acumulados a pagar, do por apenas... 1 euro a La Caixa. o italiano que preside ao Banco
dia 12, se não houver imprevistos de úl- ainda que muito confortáveis (menos Um catálogo de O financiamento chega numa altura Central Europeu (BCE), puses-
tima hora, o Estado espanhol vai come-
çar a receber dos cofres da União Euro-
de 1%), contribuirão para o défice orça-
mental.
duras restrições em que se fala de pressões por parte de
organizações empresariais e de institui-
se alguma água na fervura. Mas
tal não aconteceu. O BCE anun-
peia a transferência de fundos necessá- O BFA-Bankia, o banco resultante da ções financeiras no sentido do Governo ciou que a sua equipa técnica de
ria para o processo de resgate do siste- conversão da Caja Madrid, tecnicamen- As condições impostas pela União de Mariano Rajoy pedir o resgate do Es- previsões fez uma revisão mais
ma financeiro, de acordo com um pla- te falido até ser resgatado pelo Estado, Europeia para a concessão desses tado, decisão a que tem vindo a resistir. pessimista: a zona euro entrará
no aprovado em Bruxelas na reunião receberá a maior fatia do bolo financei- empréstimos, que a Espanha terá A ocorrer tal pedido, os proponentes num doubledip (recaída) este
do Eurogrupo em finais de novembro. ro, um montante de ¤17.960 milhões; a de reembolsar num período que calculam que o prémio de risco da dívi- ano, com um quebra do PIB en-
Em julho, os ministros das Finanças que se seguirão o Catalunya Banc (anti- varia entre 12 a 15 anos, são da baixaria para 200 pontos (atualmen- tre 0,4% e 0,6%. E para 2013, o
dos 17 membros da zona euro tinham ga Caixa Catalunya) com ¤9080 mi- extremamente duras. As Caixas te oscila em torno de 400), o que permi- novo intervalo estende-se entre
dado luz verde para um teto de ¤100 lhões, o NCG Banco (Caja Nova Galiza, resgatadas terão de emagrecer os tiria poupar ¤40 mil milhões em juros uma quebra de 0,9% (ou seja,
mil milhões para este plano de resgate nascido da fusão de diversas entidades seus balanços em 60%; despedir e abriria a torneira do crédito, agora fe- mais um ano de recessão, e in-
ao sector financeiro espanhol. Defini- galegas) com ¤5425 milhões, e, final- 10.000 bancários (6000 só no caso chada, o que é indispensável para a re- clusive mais profunda) e um
das as condições — aliás, draconianas mente, o Banco de Valencia com do Bankia) e fechar 2000 sucursais. cuperação económica. crescimento muito ligeiro de
— para este empréstimo, o montante a ¤4500 milhões. Estas entidades finan- Por seu lado, os acionistas e os Entretanto, as previsões do Fundo 0,3%, quando, apenas há três
usar será apenas de ¤41 mil milhões, ceiras já receberam uma ajuda substan- detentores de participações Monetário Internacional e da OCDE pa- meses, projetava um intervalo
em que ¤37 mil milhões servirão para cial através de empréstimos do Fundo preferenciais e de dívida ra o PIB permanecem pessimistas — entre uma contração de 0,4% e
recapitalizar as quatro entidades bancá- de Reestruturação Ordenada Bancária subordinada terão de assumir uma quebra de 1,5% em 2012 e outra de um crescimento de 1,4%.
rias nacionalizadas, outra parcela de (FROB), o que lhes permitiu evitar a fa- perdas de mais de ¤10.000 milhões 1,3% em 2013, dois anos sucessivos de O quadro próximo é, por isso,
¤1,5 mil milhões para apoiar as Cajas lência. No total, o Governo espanhol já nos seus portefólios. Aquelas recessão. O desemprego continua a au- de recessão ou de quase estagna-
(Caixas de Poupança) que se fundiram investiu cerca de ¤106 mil milhões. entidades financeiras terão, ainda, mentar. Mais 75 mil desempregados ção. Draghi decidiu não mexer
e os restantes 2,5 mil milhões vão para de vender as participações em novembro subindo o total para 5,77 na política monetária, mas con-
o capital do “banco ruim” (banco malo, Pressão para resgate total industriais (no caso do Bankia, milhões, ou seja 25,02% da população firmou que a descida da taxa de
bad bank na designação inglesa consa- contam-se a Iberia, Mapfre, Realia, ativa e um declínio de mais de 200 mil juro diretora (atualmente em
grada) designado por Sareb — Socie- Muitos especialistas acreditam que, de etc.) e regressar à atividade de contribuintes só nesse mês. E os pensio- 0,75%, contra 0,5% no Reino
dad de Gestión de Activos Procedentes um ponto de vista puramente aritméti- banco de retalho, ficando proibidas nistas estão cada vez mais enraiveci- Unido e perto de 0% nos EUA)
de la Reestructuración Bancaria. Esta co, teria ficado mais barato liquidar os de realizar empréstimos aos dos. Infringindo a lei e, mais uma vez, foi discutida, ainda que o ‘con-
sociedade anónima irá assumir os ati- bancos e caixas falidos, mas isso teria promotores imobiliários e de deitando para o lixo as promessas elei- senso’ tenha sido para não ha-
vos tóxicos, especialmente no sector levado o país a uma situação insustentá- desenvolver a sua atividade fora do torais, Rajoy não atualizou as pensões a ver mexidas nesta última reu-
imobiliário que pesam no sistema finan- vel, com apenas seis ou sete bancos viá- território de origem. Como se vê, mais de 8,3 milhões de pensionistas de nião do ano. O presidente do
ceiro espanhol. Como a Comissão Euro- veis. Boa parte desse dinheiro (que, de todo um catálogo de restrições. acordo com a inflação, que foi de 2,9% BCE temperou o pessimismo
peia não permitiu que estes fundos de uma forma ou de outra, vem dos contri- face ao ano anterior. sublinhando que se espera uma
resgate fossem transferidos diretamen- buintes) será a fundo perdido. Um Angel Luis de La Calle retoma na parte final de 2013.
te para os bancos em causa, mas sim exemplo: o Banco de Valencia, que no correspondente em Madrid Jorge Nascimento Rodrigues
para o Estado espanhol, os €41 mil mi- total irá receber cerca de ¤5000 mi- economia@expresso.impresa.pt economia@expresso.impresa.pt

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 07

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08 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

IMPOSTOS

Evasão Com lucros astronómicos e pe-


quenas faturas de impostos, os gi-
gantes das tecnologias estão de-
baixo de olho das autoridades fis-
COMO ATUA A GOOGLE
tro das preocupações da União
Europeia e da Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento
Económico, que estão a tomar
Esta inédita decisão de pagar im-
postos de forma voluntária está
a ser interpretada como uma jo-
gada de marketing, de forma a

fiscal tira
cais em todo o mundo. Só aos Es- medidas concertadas de combate evitar a repetição do boicote dos
tados-membros da União Euro- a estes expedientes. consumidores britânicos, ocorri-
peia, a evasão fiscal custa cerca n A receita gerada pela Google O tema está tão quente que, es- da na passada quinta-feira.
de ¤1 bilião, por ano, segundo cál- Portugal é faturada a empresas ta semana, a Comissão Europeia Os esquemas utilizados com o
culos da Comissão Europeia di- estrangeiras, sobretudo à apresentou um plano de comba- objetivo de reduzir a tributação

¤1 bilião à UE vulgados esta semana.


A autoridades fiscais estão irri-
tadas com os gigantes america-
nos que faturam biliões de euros
Google Ireland Ltd., o que pode
não ser ilegal (o fisco está a
analisar) mas prejudica os
cofres do Estado. Além de fazer
te à evasão fiscal para evitar uma
“perda escandalosa de receitas”.
Bruxelas deixou, para já, duas re-
comendações aos países da
em Portugal por parte de multi-
nacionais é uma prioridade da
Autoridade Tributária (AT), sa-
lienta o secretário de Estado

todos os anos no Velho Continente e que qua-


se não pagam impostos. Graças
a planos criativos, que passam
por recorrer a geografias com
tributação baixa ou mesmo nula
concorrência desleal aos media
portugueses, pois beneficia de
menores custos fiscais.

n Faturas de serviços de
União: empenharem-se na identi-
ficação de paraísos fiscais e colo-
cá-los em listas negras; e reforçar
as convenções para evitar dupla
tributação.
dos Assuntos Fiscais, Paulo Nún-
cio. “São diversas as multinacio-
nais na área das novas tecnolo-
gias cuja atividade é conhecida
e regularmente escrutinada pe-
— como a Irlanda, Holanda, Lu- publicidade passadas a clientes Nuno Sampaio Ribeiro, espe- la AT, que controla a faturação
xemburgo, Bermudas ou Caraí- portugueses (a que Expresso cialista em fiscalidade interna- recíproca entre entidades do
bas —, as grandes tecnológicas teve acesso) têm como entidade cional, explica que na maior par- grupo (preços de transferên-
como a Google, Apple, Face- prestadora a Google Ireland Ltd. te dos casos o que está em causa cia), bem como certas despesas,
book e Amazon (que passaram a é, no que toca às empresas com nomeadamente na área de in-
ser conhecidas pelo acrónimo n A faturação estimada para atividades em vários países, “a- vestigação e desenvolvimento”,
GAFA) conseguem evitar milha- 2011 no mercado português é de purar o imposto que correspon- entre outros aspetos.
res de milhões em impostos. ¤40 milhões. Assumindo que o de à atividade económica efetiva-
A Google está no centro deste lucro tributável será de 31% das mente desenvolvida no país”.
furacão que está a pôr a nu es- suas receitas, a Google teria de Além da legalidade, questiona- Para evitar erosão das
quemas de planeamento fiscal pagar impostos sobre ¤12 -se sobretudo a moralidade des- receitas fiscais, Governo
agressivos. Em Portugal, a mul- milhões. Ou seja, a fatura do te tipo de práticas que, na opi- português vai atuar nos
tinacional terá registado um vo- IRC seria muito superior aos nião de Nuno Sampaio Ribeiro, preços de transferência
lume de negócios próximo de cerca de ¤57,7 mil que a acarretam um “risco reputacio- das multinacionais
¤40 milhões em 2011, mas ofi- companhia desembolsou. nal que pode ser letal para as
cialmente gerou receitas de marcas”. O advogado considera
¤3,63 milhões e terá pago que se “trata de um erro estraté- Por exemplo, a atuação ao ní-
¤57,7 mil de IRC. Na prática, os gico que deixa as empresas ex- vel dos preços de transferência
clientes portugueses são fatura- tremamente vulneráveis”, ten- é crucial para “evitar a erosão
OUTROS CASOS
dos a partir da Irlanda, que fun- do em conta a cada vez maior de receitas fiscais portuguesas
ciona como a sede europeia. Os hostilidade da opinião pública e com o recurso a políticas de pre-
¤9,5 mil milhões apurados co- dos media face ao planeamento ços agressivas por parte de mul-
mo royalties no Velho Continen- Apple fiscal abusivo. tinacionais que estão em vários
te são depositados nas Bermu- É alvo de um intenso escrutínio mercados e que, assim, colocam
das, após uma escala na Holan- devido à suspeição de que Pressão da opinião pública o maior volume de custos em ju-
da. E, só depois, seguem para a recorre a regimes de nula ou risdições de tributação elevada,
Califórnia. baixa tributação para reduzir os Uma preocupação que terá leva- transferindo os lucros para paí-
A pressão por receitas e a noto- impostos. Fora do mercado do esta semana a subsidiária do ses em que a tributação é mais
riedade das companhias envolvi- norte-americano a Reino Unido da Starbucks, que baixa”, refere o governante. Em
das foram, em parte, o rastilho pa- multinacional faturou mais de também tem estado sob suspei- 2012 entrou em funcionamento
ra que a França, o Reino Unido e 32 mil milhões de dólares em ta de evasão fiscal, a anunciar a uma unidade de grandes contri-
a Alemanha avançassem com 2011 e pagou apenas 713 intensão de pagar mais impos- buintes da AT e o volume de cor-
Multinacionais tecnológicas como ofensivas fiscais contra os quatro milhões de impostos. tos em 2013 e 2014. É que, em reções efetuadas em matéria de
a Google, Apple, Facebook gigantes. Mas outras companhias
também estão a ser escrutinadas Facebook
15 anos de atividade naquele
país, a cadeia americana de ca-
preços de transferência atingiu
os ¤1650 milhões.
e Amazon estão a ser investigadas pelas autoridades de vários paí-
ses (ver caixa). Aliás, o planea-
Está debaixo de uma ‘ofensiva’
por parte das autoridades fiscais
fés (760 lojas) quase sempre in-
dicou prejuízos e apenas uma
Ana Sofia Santos
e João Ramos
por fuga aos impostos mento fiscal abusivo está no cen- do Reino Unido, onde declarou vez apresentou lucros taxáveis. assantos@expresso.impresa.pt
receitas de 33 milhões de
dólares, uma pequena parte dos
282 milhões que terá, de facto,
vendido naquele mercado e
terão sido registados na sede
europeia do website na Irlanda.

Amazon
Além de estar sob investigação
na Europa, a Amazon tem uma
disputa fiscal nos EUA no valor
de mil milhões relacionados
com preços de transferência.

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 09

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10 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

ESTADO

Administração Pública quer poupar


¤500 milhões em tecnologia
Levantamento em quatro ministérios mostra existência de informática dispendiosa e subutilizada
“Quando as nossas recomenda- Uma política errada que, de vado número de computadores tos de manutenção mais baixos. necedores de TIC do Estado
ções estiverem implementadas acordo com o documento, deu pessoais que acabam por ter um Uma evolução no sentido da que, em seu entender, “no pas-
será possível alcançar na Admi- origem a “uma grande redun- impacto elevado nas despesas partilha de recursos que passa, sado se comportaram como in-
NÚMEROS DA MUDANÇA
nistração Pública poupanças dância de infraestruturas”, “ter- das TIC. Por exemplo, nos orga- para o mesmo especialista, pe- termediários de droga porque
anuais em tecnologias de infor- -se perdido o efeito de escala na nismos que dependem da Presi- la adoção da computação na nu- vendem produtos e serviços
mação e comunicação (TIC) de aquisição de equipamento, soft- dência de Conselho de Minis- vem (cloud computing) pelos or- que não funcionam ou não re-
¤500 milhões”, afirma José Tri-
bolet, um dos cinco membros do
Conselho Consultivo do Plano
Global Estratégico de Racionali-
zação e Redução de Custos com
as Tecnologias de Informação e
ware e serviços” e ter havido “es-
tagnação dos recursos humanos
em departamentos informáticos
de reduzida dimensão e proces-
sos mal definidos”.
tros, os serviços de manutenção
de microinformática represen-
tam 62% dos custos totais.
Para José Tribolet, a redução
da despesa passará pela utiliza-
ção, sempre que possível, dos
ganismos do Estado “sempre
que seja possível” e “em confor-
midade com a legislação em vi-
gor e as orientações da Comis-
são de Proteção de Dados”.
Mas apela a que a Assembleia
solvem qualquer problema”. E
critica os modelos de aprovisio-
namento e contratação da Ad-
ministração Pública que estive-
ram em vigor até agora, por-
que não permitiam “comprar a
75%
foi o crescimento da despesa em
Comunicação do Governo. ‘Nuvem’ é solução chamados “terminais estúpi- da República “adeque a legisla- melhor tecnologia, ao melhor TIC no Estado central entre 2006
Um dos primeiros resultados dos” (ligados a um servidor), ção às tecnologias atuais”. preço e no momento certo”. e 2011. Em 2010, atingiu o ponto
práticos da nova orientação pas- O mesmo documento revela em alternativa aos computa- Por outro lado, José Tribolet João Ramos mais alto com uma despesa
sou pela renegociação dos con- também a existência de um ele- dores pessoais, por terem cus- apela ao sentido ético dos for- jramos@expresso.impresa.pt orçamentada de ¤800 milhões
tratos entre a Administração Pú-
blica e a Microsoft, que vai per-
mitir ao Estado português pou-
par anualmente ¤17 milhões
através de reduções nos contra-
tos em vigor entre 10% e 25%.
Só a alteração de contratos dos
ministérios da Administração In-
José Tribolet diz estar
envolvido no último grande
projeto da sua carreira
FOTO JOÃO CARLOS SANTOS 8741
é o número de servidores
terna e da Saúde permitiu uma existentes nos organismos dos
redução da despesa anual supe- quatro ministérios estudados
rior a ¤4 milhões e ¤10 milhões, (Presidência do Conselho de
respetivamente. Ministros, Administração
Mas esta poupança em licen- Interna, Educação e Saúde).
ças de software é uma pequena Mas a tecnologia de
gota no oceano, porque as despe- virtualização abrange apenas
sas em TIC da Administração 31% destes equipamentos, o
Pública (sem contar com autar- que denota subutilização da
quias e regiões autónomas) atin- capacidade de computação
giram o recorde de ¤800 mi-
lhões em 2010, após crescerem
75% entre 2006 e 2011. Agora, a
ordem é fazer mais com menos.
De acordo com o “Levantamen-
to das TIC” realizado em quatro
ministérios (Presidência do Con-
selho de Ministros e ministérios
7,2
quilowatts/hora é o consumo
da Administração Interna, Edu- energético dos equipamentos
cação e Ciência e Saúde), a que o informáticos dos quatro
Expresso teve acesso, foram ministérios analisados. A
identificadas muitas infraestrutu- consolidação de
ras subutilizadas. Por exemplo, infraestruturas prevista vai
um terço da capacidade dos siste- permitir poupanças na fatura
mas de armazenamento de da- de eletricidade
dos e cópias de segurança (bac-
kup) nestes ministérios não é uti-
lizada (dos 3787 terabytes, 1167
terabytes estão disponíveis). E a
virtualização dos servidores
(computadores de médio e gran-
de porte) — uma tecnologia que
permite a partilha e otimização FORNECEDORES LEGISLAÇÃO COMPUTAÇÃO NA NUVEM OS PRÓXIMOS PASSOS
301,5
mil é o número de
da utilização dos equipamentos computadores pessoais
informáticos — é usada em ape- ‘‘Comportaram-se ‘‘A Assembleia ‘‘Estamos ‘‘Após o existentes nos quatro
nas 56% da capacidade disponí- ministérios, o que se traduz
vel, o que significa desperdício no passado como da República deve na vanguarda a levantamento das numa despesa elevada em
de quase metade da capacidade intermediários criar novas leis nível internacional. TIC em ministérios, serviços de manutenção
de computação instalada.
Um estado de coisas que resul- da droga, porque que reflitam Os Estados Unidos regiões autónomas
tou do facto de nas últimas déca-
das os organismos da Adminis-
tração Pública terem tido um
elevado grau de autonomia para
aquisição de tecnologia, siste-
mas de informação e serviços de
vendem produtos
e serviços que não
funcionam ou não
resolvem qualquer
os avanços
tecnológicos.
Caso contrário,
esta dinâmica
também têm
em marcha
um programa
de racionalização
e autarquias
locais, vamos
implementar as
melhores soluções
330
milhões de euros é a despesa
comunicações. O resultado, se- em TI em 2011 nos quatro
gundo José Tribolet, foi terem problema’’ de mudança pode de data centers comuns, sem ministérios estudados. O
surgido “onerosos departamen- Ministério da Saúde é o que
tos de gestão e manutenção das estar em causa’’ do Estado através reinventar a roda’’ gasta mais (41%), seguido da
TIC que se transformaram em
‘quintas’ e em instrumentos de
de cloud Administração Interna (32%),
Educação e Ciência (20%) e
poder resistentes à mudança”. computing’’ PCM (7%)

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12 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

SISTEMA FINANCEIRO
Imparidades e provisões Emparedada entre a recessão e o malparado, a banca, apesar de ajudada, está longe de estar a salvo

Banca continua sob pressão


assim for aumentarão as falências e o meadamente das pequenas e médias guesa. Se o país não conseguir cumprir nos 16%, continuar a subir. Os bancos
Textos Anabela Campos
desemprego. E com eles subirá o crédi- empresas (PME), foi o tema central do o programa de ajustamento da troika, têm já gabinetes para gerir a venda das
e Isabel Vicente
to malparado, cujos montantes globais encontro e um dos motivos que leva- e atrasar muito o financiamento atra- casas que lhes são entregues por incum-
se situavam em agosto à volta dos ¤15,6 ram Cavaco Silva a chamá-los. A estabi- vés dos mercados, a dívida pode degra- primento.
agravamento da cri- mil milhões. lidade do sistema financeiro também dar-se. Isso é mau para os bancos nacio- Excederam-se na concessão de crédi-

O
se no plano domésti- Os banqueiros sabem que o sector se esteve na agenda. nais, que têm muita dívida pública e se to e a fatura começou a chegar também
co e a confirmação mantém em tensão e estão preocupa- O Presidente da República terá abor- ela voltar a desvalorizar — o que aconte- para eles, ‘amarrados’ (sobretudo na ha-
esta semana da en- dos com o impacto recessivo do Orça- dado ainda os resultados da inspeção cerá se a recessão se arrastar — vai pe- bitação) a spreads e a juros baixos que
trada em recessão mento do Estado de 2013 na economia. do BdP a oito bancos do sistema sobre sar negativamente sobre as contas. lhes limitam os lucros nestas operações.
técnica da Zona Eu- Particulamente nas empresas, onde es- o reforço de provisões e as imparidades Mais, enquanto o enquadramento conti- Agora a palavra de ordem é voltar a
ro no terceiro trimes- tão atualmente os maiores problemas da construção e imobiliário (ver info- nuar recessivo, o nível de provisões vai ganhar dinheiro. É por isso fundamen-
tre deste ano são si- de crédito malparado: ¤10,5 mil mi- grafia e textos ao lado). Um sector rele- manter-se em alta. tal para a banca portuguesa ter uma
nais de que a bonan- lhões, o valor mais elevado desde 1997, vante da economia, a viver momentos Atualmente os níveis de imparidades rentabilidade positiva ou pelo menos
ça está longe de chegar. ano em que o Banco de Portugal (BdP) de extrema dificuldade. Entre os ban- dos bancos situam-se à volta dos 6% e próxima de zero, diz uma fonte do sec-
Se é certo que a necessidade de capi- começou a disponibilizar elementos so- cos sob análise, o Banif é o único que 7% e o crédito malparado nos ¤15,6 mil tor. E para que isso aconteça terão de
tal dos grandes bancos portugueses se bre esta matéria. não cumpre os rácios exigidos pelo milhões. Mas se a taxa de desemprego aumentar a margem financeira e as co-
reduziu substancialmente nos últimos Os presidentes dos oito maiores ban- BdP, porque o plano de capitalização continuar a subir, o malparado vai dis- missões. Já está a acontecer, mas irá
meses, graças aos aumentos de capital cos a operar em Portugal — CGD, BES, ainda está em aberto. parar e as provisões poderão ter de su- acentuar-se. Quem perde são os clien-
entretanto efetuados, os riscos não es- BPI, BCP, Santader Totta, Montepio, bir e muito. tes, que terão de pagar mais pelos servi-
tão afastados. Longe disso, a banca por- Crédito Agrícola e Banif — reuniram es- Risco mantém-se Para já, os créditos de cobrança duvi- ços. Os bancos com operações interna-
tuguesa vai continuar sob pressão. Um ta semana com o Presidente da Repúbli- dosa nos particulares situam-se nos cionais rentáveis e com potencial de
dos maiores riscos vem da economia: ca, Cavaco Silva, para lhe dar conta dos Outro dos fatores de risco que conti- ¤4,9 mil milhões, dos quais ¤2,1 mil mi- crescimento terão a vida mais facilita-
se a situação de recessão do país se pro- seus receios. Foi o Presidente que os nuam a pesar sobre a banca é a dívida lhões na habitação. Um valor que pode- da, já que o mercado doméstico vai con-
longar por muito tempo, a banca portu- chamou e foram ouvidos separadamen- pública, cujo desempenho está depen- rá disparar se o rendimento continuar tinuar deprimido.
guesa ficará mais fragilizada, já que se te. O financiamento da economia, no- dente da evolução da economia portu- a diminuir e o desemprego, atualmente acampos@expresso.impresa.pt

Solução para o
Banif em contagem
decrescente
Autoridades querem que
o aumento de capital esteja
concluído até ao final do ano, mas
BALANÇO
ainda há pontas soltas. Processo
arrasta-se há cinco meses
O processo de capitalização do Banif — Banif perde negócio e aumenta
o último dos bancos a ser apoiado pela imparidades
linha de ¤12 mil milhões disponibiliza- No terceiro trimestre, o Banif registou
da ao sistema financeiro português — um prejuízo de ¤254,4 milhões, contra
está em curso há, pelo menos, cinco me- lucros de ¤2,2 milhões em igual
ses. Tem havido avanços e recuos des- período de 2011. Para esta situação
de junho, mas a solução terá de estar contou essencialmente o exponencial
fechada até ao final do ano, a não ser aumento das provisões e imparidades,
que se abra uma exceção para o banco que dispararam 50,9% para ¤229,3
fundado por Horácio Roque. milhões. O produto bancário, que
O que tem travado o andamento deste reflete a atividade do grupo, caiu 57,2%
processo? Foram vários os problemas para ¤181,4 milhões, resultado da
encontrados no Banif, desde logo a ne- redução de 41% da margem financeira,
cessidade de se reestruturar para fazer justificada em parte pelo facto de ter
face à crise e de separar as águas entre saído do perímetro do grupo, no final
negócios financeiros e empresariais. de 2011, a Banif Corretora.
O grupo começou a ser reorganizado O agravamento do custo com
no início do ano mas, apesar do esforço os recursos de clientes, a redução
envolvido na construção de um plano do crédito durante este ano
de capitalização, não tem sido fácil en- e o aumento do incumprimento
contrar uma solução, até porque no são outros fatores negativos.
atual contexto é difícil aos acionistas fi-
nanciarem-se. A que se soma, tal como Construção penaliza Banif
acontece nos outros bancos, uma dete- A exposição ao sector da construção
rioração dos ativos. e promoção imobiliária vai obrigar o
Era dado como certo que o aumento Banif a registar mais provisões — ¤59
de capital — inicialmente de ¤500 mi- milhões até ao final do ano. No total
lhões, ¤350 milhões através da linha o Banif tem provisões de ¤86 milhões,
de crédito e ¤150 milhões via atuais e o que representa 4,8% da carteira.
novos acionistas — avançaria em setem-
bro. A 16 de outubro, Jorge Tomé, pre-
sidente do banco, afirmava à Lusa que
o processo estaria fechado até ao final
do mês. O que não aconteceu.
No início de dezembro a solução para
o Banif ainda não é conhecida, embora
o governador do Banco de Portugal
(BdP) tenha dito na semana passada
que o processo de capitalização do ban- Reestruturação do Banif levou já ao fecho de 35 balcões e a cerca de 300 rescisões amigáveis FOTO TIAGO MIRANDA
co estava em curso. Idêntica posição é
assumida pelo banco. vantagens em capitalizar o Banif com a juntamente com a sua irmã herdou a ças limitam-se a afirmar que o processo rá por o Estado injetar todo o capital,
Mas o desfecho parece estar depen- fusão devidamente registada. posição de controlo detida pelo seu pai, ainda se encontra no BdP. Fica assim com a garantia de que parte dele será
dente de uma decisão relativa à provi- Não foi este o único obstáculo, pois é Horácio Roque, dá sinais de que partici- por saber qual o montante máximo que tomada por investidores, num prazo de-
dência cautelar contra a fusão do Banif também necessário acordar a forma de pará no aumento de capital. “Agora, co- o Estado poderá injetar e se o banco finido. Mas, tendo em conta os resulta-
SGPS no Banif SA, sugerida pelas auto- entrada do Estado no banco, o montan- mo sempre, os acionistas de referência poderá passar para 2013 com um rácio dos do Banif (ver caixa) e o custo que a
ridades e aprovada pelos acionistas em te e a garantia de que os acionistas de do Banif estão comprometidos e empe- muito inferior ao exigido pelo regula- nacionalização do BPN tem tido para o
outubro. Terá sido a Lisop, empresa de referência acompanhariam o aumento nhados para que o plano de recapitali- dor (10%). O que acontecerá se o plano Estado, será sempre um desfecho politi-
construção e imobiliário detida por Jo- de capital. Caso contrário, a entrada do zação do banco seja um sucesso”, afir- não for aprovado. Nesta altura, as ne- camente sensível. O modelo de partici-
sé Manuel Zagallo, cliente do banco, a Estado poderia assemelhar-se a uma mou ao Expresso. cessidades de capital do Banif poderão pação do BES no plano de capitaliza-
atrapalhar as negociações entre o BdP, nacionalização. Este ponto parece es- O BdP e o Ministério das Finanças ascender a ¤1000 milhões. ção (tomada firme de ¤50 milhões)
as Finanças e o Banif. Isto porque há tar ultrapassado. Teresa Roque, que não prestam esclarecimentos. As Finan- Uma das soluções para o Banif passa- também não está fechado.

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 13

CRONOLOGIA
Banco
BCP É um dos mais penalizados
de Portugal
O banco liderado por Nuno Amado
registou um prejuízo de ¤796,3 milhões
no terceiro trimestre, em parte devido
obriga
à necessidade de registar imparidades.
No total ascendem a ¤290 milhões,
ou seja, um valor que representa 3,1%
a aumentar
da carteira avaliada. Deste total,
o banco já assumiu ¤279 milhões.
A Moody’s baixou a notação dos
depósitos e divida sénior a longo prazo
provisões
de Ba3 para B1. 2013 será
um ano que o presidente do BCP
apelida de “não muito favorável”.
Estima-se que o banco continue a
registar prejuízos, a limpar as suas BPI é o banco menos penalizado
carteiras de crédito e a cortar custos, pelo malparado da construção.
o que implica a saída de 600 BCP, Banif e CGD são os mais
trabalhadores. O BCP tem um onerados. Reforço de provisões
empréstimo de ¤3000 milhões para não compromete rácios
pagar ao Estado.
A crise bateu forte na construção e na
BES Segundo em imparidades promoção imobiliária, o que afetou não
O banco presidido por Ricardo Salgado apenas as empresas do sector — muitas
teve um lucro de ¤90,4 milhões no não escaparam à falência —, como tam-
terceiro trimestre e já assumiu a maior bém a banca.
parte das provisões para o malparado, A exposição dos bancos a estes secto-
mas ainda tem de contabilizar ¤98 res implicou uma revisão em alta por
milhões até ao final do ano. O BES não parte do Banco de Portugal (BdP) quan-
pediu empréstimo ao Estado, to à necessidade de provisionamento.
capitalizou-se à custa dos acionistas. O BCP, o Montepio e o Banif são os
Deu o pontapé de saída na emissão de mais afetados, enquanto o Santander
dívida de longo prazo no montante de Totta e o BPI são os que têm uma me-
¤750 milhões. nor exposição (ver destaques).
Além das necessidades de reforço de
CGD Imparidades geram prejuízos imparidades decretadas pelo BdP, a
O banco público apresentou um agência de notação financeira Moody’s
prejuízo de ¤130 milhões no terceiro voltou a avaliar a banca e as notícias
trimestre contra um lucro de ¤12,9 não foram boas: desceu a notação de
milhões em igual período de 2011. Para risco do BCP e do Banif e manteve o da
isso concorreram mais de ¤1094 CGD, ainda que com perspetivas negati-
milhões de imparidades. Só no crédito vas. A agência norte-americana baseou-
ao sector da construção, as -se nas estimativas negativas para a eco-
necessidades de provisionamento nomia portuguesa e nos seus efeitos
ascendem a ¤138 milhões, o que nos três bancos.
representa 1,6%. Ao banco presidido Na última inspeção periódica do BdP
por José de Matos falta registar ¤44 a oito bancos, que representam mais
milhões de provisões até ao final do de 80% do sistema bancário em Portu-
ano. A Caixa emitiu, depois do BES, gal — CGD, BCP, BPI, ESFG (BES),
¤500 milhões de dívida sem garantia Caixa Económica Montepio Geral,
do Estado, seguindo o exemplo do BES.

BPI Diminuiu a dívida A agência de notação de risco


Com um lucro de ¤117,1 milhões no Moody’s mantém os bancos
terceiro trimestre do ano, o BPI é entre debaixo de olho. O BCP e o
os oito bancos o que apresenta Banif viram a notação baixar,
menores necessidades de provisões. O enquanto o BPI já pagou
banco presidido por Fernando Ulrich
¤100 milhões do empréstimo
tem o valor mais baixo de provisões
aos sectores da construção e
pedido ao Estado
promoção imobiliária. As imparidades
adicionais somam ¤7,1 milhões, e até Santander Totta, Rentipar Financeira
ao final do ano só lhe falta assumir (Banif) e Grupo Crédito Agrícola —, o
¤400 mil. O BPI pediu um empréstimo supervisor decidiu, com base em crité-
de ¤1500 milhões ao Estado, dos quais rios conservadores, que havia necessi-
¤200 milhões foram tomados três dade de estes reforçarem as suas pro-
meses depois pelos acionistas, como visões para perdas potenciais nestes
estava agendado. Esta semana, o banco dois sectores até ao final do ano (ver
amortizou ¤100 milhões, ficando a infografia).
dever apenas ¤1200 milhões. Seis A inspeção do BdP às carteiras de cré-
meses após o empréstimo, o BPI já está dito dos bancos expostos à construção
a pagar ao Estado. Objetivo: quanto e promoção imobiliária ditaram um re-
mais cedo pagar menos juros tem de forço de ¤861 milhões nas suas ‘almofa-
desembolsar. Os juros a pagar ao das’ para o malparado, mais ¤23 mi-
Estado no primeiro ano têm uma taxa lhões do que havia sido identificado em
de 8,5%. 2011 pela troika.
O BPI destaca-se por ser o banco com
SANTANDER TOTTA Já assumiu menores necessidades de imparidades
as imparidades todas (ver destaques). Quer os bancos quer o
Presidido por António Vieira Monteiro, próprio BdP dizem que as imparidades
o Santander Totta foi o banco a registar não colocam em causa o rá-
que maiores lucros registou no terceiro cio de capital de 10% exigido até ao fi-
trimestre — ¤230,4 milhões — nal do ano. À exceção do Banif que, nes-
e é o único banco que não tem te momento, está ainda a negociar a for-
de assumir mais imparidades até ma de se capitalizar (ver texto na pági-
ao final do ano. O malparado na 12) e que por isso não tem ainda o
da carteira de crédito ao sector da rácio de capital mínimo exigido.
construção e promoção imobiliária O ano de 2011 ainda poupou a banca
já foi totalmente assumido. no que diz respeito aos resultados, mas
em 2012 a queda foi abrupta, salvo algu-
MONTEPIO Imparidades pesam 3,1% mas exceções. Para isso contribuiu o
A Caixa Económica Montepio Geral elevado nível de provisões e imparida-
tem de reforçar as suas provisões para des para crédito que os bancos tiveram
crédito em ¤35 milhões até ao final do de fazer (ver infografia).
ano face à carteira de crédito no sector Já 2012 foi o ano em que os bancos
da construção e promoção imobiliária. foram obrigados a elevar o seu capital
No total, o banco presidido por Tomás para fazer face às exigências da Autori-
Correia tem imparidades de ¤69 dade Bancária Europeia (EBA), que os
milhões, 3,1% da carteira avaliada. obrigou a contabilizar a dívida pública
a preços de mercado. Isso obrigou o
CRÉDITO AGRÍCOLA Perdas BCP e o BPI a recorrer à linha de ¤12
potenciais pesam 2,1% mil milhões e o BES e a Caixa a faze-
O Crédito Agrícola registou um lucro rem aumentos de capital também para
de ¤23 milhões no terceiro trimestre e cumprirem a exigência do rácio de 10%
tem um rácio de capital (core tier 1) de por parte do BdP.
11,2%. As imparidades ascendem a ¤17 Estas ‘almofadas’ permitem agora
milhões, todas a contabilizar até ao que as novas necessidades de provisões
final do ano. não afetem os rácios de capital. I.V.

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14 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

ENTREVISTA

João Vieira Lopes Presidente da Confederação


do Comércio e Serviços de Portugal

“As ruturas
sociais
não se
preveem no
computador”

FOTO ALBERTO FRIAS


O retrato que a Confederação do Comér- PME sobreviver com esta carga fiscal? atum e esparguete. Há cada vez mais vidos. A asneirada feita com a TSU não
cio e Serviços de Portugal (CCP) faz da Uma carga fiscal brutal, com a con- gente a ficar sem subsídio de desempre- teria acontecido se tivessem ouvido an-
atuação do Governo é arrasador: as polí- tração da economia, retira liquidez. O go, porque esgotou o período. E aos Empresas públicas tes os parceiros sociais. Acabámos por
ticas seguidas no último ano e meio es- rendimento das famílias baixa e o co- parceiros sociais choca ver a insensibili- ver entidades patronais e entidades sin-
tão a “destruir o tecido empresarial” e a mércio reflete isso. E a montante refle- dade do Governo em relação a isso. “estão a esgotar dicais quase de acordo. A própria troi-
ignorar os “sinais de rutura social”. E o
futuro próximo, segundo a CCP, não au-
te-se na indústria ou no turismo. Por
isso é que sempre considerámos que es- O que é que espera da aplicação do
o stock de crédito” ka fica perplexa. Mas isso acontece por-
que essas entidades estão na economia
gura melhorias. “Estamos a trabalhar tando a esmagadora maioria dos em- OE para 2013? real. E a equipa das Finanças vive num
em cenários de ficção”, diz o presidente pregos nas PME e nos serviços, as políti- Este OE vai ficar na história porque Um dos “erros estruturais” que mundo de backoffice europeu.
da CCP, João Vieira Lopes, sobre o Orça- cas têm de partir do real. Não se pode no dia em que saiu o Banco de Portugal o presidente da CCP identifica no
mento do Estado para 2013. A solução, partir da destruição completa do tecido já punha em causa o seu quadro ma- plano de ajustamento negociado O ministro da Economia estreou re-
defende, passa por uma renegociação empresarial atual, sob pena de entrar- croeconómico. Estamos a assistir a um com a troika é a forma como está centemente um discurso dissonante da
do plano de ajustamento com a troika. mos em ruturas sociais muito complica- jogo de espelhos perigoso, com a troika a ser gerido o sistema de austeridade e apelou a estratégias de
das. E essas ruturas sociais não se pre- e a senhora Merkel a dizerem que Por- financiamento da economia. crescimento. É um sinal positivo?
Segundo o Instituto Informador Co- veem nos programas de computador. tugal está a cumprir, quando não está a “O memorando inicial tinha um A troika em Portugal é uma espécie
mercial, Portugal está a registar 25 fa- cumprir nada. Estamos a trabalhar nu- erro estrutural: não garantia de revisor oficial de contas dos credo-
lências de empresas por dia. Estes nú- A paz social que tem sido apresenta- ma ficção: aposta-se num modelo mas o funcionamento das empresas res e o Ministério das Finanças está fe-
meros coincidem com os da CCP? da como ativo do país está em risco? não se adequa o modelo à realidade. públicas, em particular dos chado na convicção de que é preciso se-
As falências são uma ponta do iceber- Há cinco anos os roubos nos super- transportes. Pressupunha que elas guir à risca o que é indicado pelos cre-
gue, porque a maior parte das empre- mercados eram de perfumes, whisky e Já não acredita em Vítor Gaspar? tinham capacidade de se dores. Portanto, competiria ao Ministé-
sas fecha silenciosamente. Resolvem os lâminas de barbear. Hoje rouba-se A CCP não fulaniza as questões nem financiar, até no mercado rio da Economia fazer um contrapeso.
compromissos com os fornecedores e entra em jogo político. É evidente que internacional. Mas com a baixa do Tem sido insuficiente, mas reconheço
fecham. Nestas estatísticas aparecem em todo este Governo o Ministério das rating isso tornou-se impossível. que neste momento há um esforço nes-
sobretudo empresas que recorrem a Finanças é o que mais se tem enganado Portanto, tiveram de recorrer ao se sentido. Aliás, uma das propostas
meios judiciais, que são uma minoria. nos objetivos que define. Mas, mais do mercado interno”, sintetiza Vieira que fizemos para o OE foi uma compen-
OUTROS ASSUNTOS
que este ministro ou outro qualquer, Lopes. Um cenário que levou as sação no IRC para investimentos e para
Estamos portanto a falar de um pro- preocupa-nos a posição autista que se empresas públicas a “esgotar a criação de postos de trabalho. O Go-
blema de dimensões muito maiores? está a ter em relação à degradação da parte significativa do stock de verno avançou com esta proposta do
REFUNDAÇÃO DO ESTADO
Sim. Os nossos números de 2011, economia do país e dos conflitos sociais crédito” na economia nacional. IRC a 10% para investimentos estran-
sem exageros, apontavam para uma que possam ocorrer. “O crédito às grandes empresas geiros e essa é uma linha com a qual
média de 100 empresas por dia só no
“Anunciar um corte subiu 1% ou 2%, o crédito às PME estamos de acordo. Mas com este OE é
comércio. Se formos pelos serviços ou de ¤4 mil milhões nas O Governo diz que não há alternati- desceu a dois dígitos e nas impossível fazer uma inversão.
restauração o número é superior. va. Ela existe? empresas públicas cresceu mais
funções do Estado, A responsabilidade do Governo é ten- de 20%”, resume. Sobre as linhas O primeiro-ministro disse que 2013
Esta é uma crise sem paralelo na his-
tória recente da economia portuguesa?
e só depois ver como e tar negociar no plano europeu condi-
ções que permitam à economia respi-
de apoio às PME lançadas nos
últimos meses, a CCP entende que
seria o ano da viragem económica.
Isso é irrealista. É retórica política.
Nunca tinha havido uma contração onde, é pôr o problema rar. Até aproveitando as contradições “são positivas”, mas que poderiam
do mercado interno a este nível. Mes- que existem no FMI. Mas o Governo “ter prazos de amortização e de Como antecipa que estaremos no fi-
mo nas intervenções do FMI em 1980 e ao contrário” apagou-se muito na capacidade de ne- carência mais longos”. Até porque nal de 2013?
1983, não havia o endividamento das fa- gociar. Vemos os primeiros-ministros “ciclicamente parte dessas linhas O desemprego vai aumentar, o rendi-
mílias que existe agora e que este plano REDUÇÃO DO IVA NA RESTAURAÇÃO grego, italiano ou espanhol a movimen- é utilizada para transferir crédito mento das famílias vai baixar e a confli-
de ajustamento da troika ignorou. Nes- tarem-se nas cúpulas e vemos Portugal já existente para crédito coberto tualidade social irá subir. Ou há uma revi-
ses anos a quebra do consumo das famí- “A criação do grupo de na expectativa de que cumprindo de pela garantia do Estado”. Ou seja, são efetiva do plano de ajustamento para
lias correspondia à quebra do rendi- forma mecânica um conjunto de princí- a liquidez que entra na economia o adequar à realidade da economia ou
mento disponível. Mas agora as estima- trabalho para estudar pios consiga ter benesses, que não me “não é exatamente a mesma que aproximamo-nos perigosamente de situa-
tivas do Governo falharam porque se a redução do IVA a 23% parece que estejam a aparecer. resulta dessas linhas e fica muito ções que se passam hoje na Grécia. Por
esqueceram de que a classe média e mé- aquém das necessidades”. isso é que defendemos uma renegocia-
dia baixa tinha um endividamento mui- é uma manobra política. Qual é o ambiente que se vive nas reu- ção global do plano de ajustamento que
to grande com a habitação. É um erro niões da concertação social? permita aumentar os prazos de amortiza-
estrutural e uma das provas de que os Quando não se quer É cordial, mas há um sentimento de ção, baixar os juros e deixar respirar um
modelos teóricos não funcionam. tomar decisões criam-se ineficácia e de impotência. Gostaría-
mos que nalgumas medidas importan-
bocado a economia para crescer.
Adriano Nobre
Está a tornar-se impossível a uma grupos de trabalho” tes os parceiros sociais fossem mais ou- abnobre@expresso.impresa.pt

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 15

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16 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

ECONOMIA DO MAR

Novas fábricas no MAR GERA NEGÓCIOS

sector das conservas 15


milhões de euros é a quanto
Peniche, Matosinhos, Sesimbra e Lagos ascende o investimento das
conservas Ramirez na sua nova
vão ser palco de investimentos ligados ao mar unidade de Matosinhos

Portugal vai ter quatro novos bou por disponibilizar antigos um novo investimento. Trata-se
projetos de investimento liga-
dos à economia do mar. Três na
indústria conserveira e um no
domínio da aquacultura.
O mais significativo, em ter-
mos de criação de postos de tra-
armazéns frigoríficos já desati-
vados, mediante o pagamento
de uma renda.

Ramirez com nova fábrica


de uma unidade de processa-
mento e transformação de pes-
cado, fresco e congelado, voca-
cionada para pequenos pelági-
cos (sardinha, carapau e cava-
la). A nova empresa pretende la-
500
postos de trabalho serão
balho, é o de uma subsidiária da Mais a norte, em Matosinhos, borar 400 toneladas por ano de assegurados pela multinacional
multinacional de origem tailan- está em curso um projeto de in- pequenos pelágicos no estado de origem tailandesa ESIP,
desa, com ligações a França — a vestimento das conservas Rami- congelado e 3500 toneladas por instalada em Peniche
European Seafood Investments rez, que ascende a ¤15 milhões. ano no estado refrigerado. O in-
—, que em Portugal adotou a si- Com esta nova unidade indus- vestimento ronda os ¤3 mi-
gla ESIP e situa-se em Peniche.
É o principal empregador do
concelho e vai passar de 400 pa-
ra 500 trabalhadores. Mas há al-
turas do ano em que chega a pre-
cisar de 800 pessoas.
trial, pretende-se substituir as

No projeto industrial de
Peniche serão criados 100
novos empregos, a juntar
lhões.
Descendo até ao Algarve, a no-
vidade é a instalação de um pro-
jeto de aquacultura em alto
mar, ao largo de Lagos, para
produzir bivalves. A meta esti-
1200
toneladas de mexilhão serão
Em maio esteve em cima da aos 400 já existentes na mada aponta para as 1200 tone- produzidas por ano no projeto
mesa a hipótese de deslocaliza- ladas de mexilhão por ano. de aquacultura anunciado para
ção da empresa de Portugal pa-
atual fábrica da ESIP Este projeto da Testa & Cu- Lagos
ra França. Uma das razões invo- nhas visa instalar uma estrutura
cadas era a de que necessitava atuais fábricas que detém em Le- marítima na área concessiona-
de se expandir mas não tinha hi- ça da Palmeira e em Peniche. O da, bem como adquirir uma pe-
póteses nas imediações das objetivo é dotar a empresa de quena embarcação que permita
atuais instalações. instalações mais modernas e acompanhar os trabalhos na es-
Após uma negociação difícil funcionais e conseguir ganhos trutura produtiva, além dos
que envolveu a autarquia de Pe- de produtividade, além de um transportes entre a produção e
niche, o Governo e a Docapesca melhor desempenho energético o porto de apoio.
acabou por se chegar a uma con- e ambiental. A empresa pretende investir Apesar da crise, a
clusão que agradou a todas as Ainda no domínio da transfor- ainda numa segunda embarca- indústria das conservas
partes. Peniche não perdeu o mação de pescado, a Artesanal- ção de apoio de maiores dimen- e do peixe congelado
seu principal empregador, o Go- pesca, que resultou da iniciativa sões e num centro de tratamen- continua a crescer,
verno não só segurou como empresarial de um agrupamen- to e expedição de bivalves. agora com três novos
atraiu ainda mais investimento to de produtores de Sesimbra, Vítor Andrade investimentos
estrangeiro e a Docapesca aca- prepara-se para avançar com vandrade@expresso.impresa.pt FOTO SÉRGIO GRANADEIRO

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 17

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18 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

ENTREVISTA

Xavier Huillard Presidente do grupo Vinci

“Não precisamos de crédito


para comprar a ANA”
Margarida Fiúza em Paris
OUTROS ASSUNTOS
Presidente de um dos quatro grupos
que continuam a disputar a privatiza-
ção da ANA, Xavier Huillard garante
manter o interesse em fazer a “melhor Energia e expansão
proposta” para comprar a gestora aero- “Temos uma atividade interessante no
portuária portuguesa. Em entrevista sector da energia elétrica em Portugal,
ao Expresso, o líder máximo do grupo na Sotécnica. É uma empresa pela qual
francês Vinci não confirma ter ofereci- eu tenho um grande carinho porque foi
do ¤2,5 mil milhões pela empresa (por adquirida quando eu era CEO da Vinci
causa da confidencialidade do proces- Energies, que tem um volume de
so), mas garante: “Não há nada que pos- negócios de ¤9 mil milhões.
sa diminuir a nossa vontade em entre- A Vinci Energies começou por se
gar uma oferta muito boa.” instalar na Europa, e agora tem a
possibilidade de se desdobrar no resto
Qual é a importância do negócio dos do mundo. No Brasil, temos 2500
aeroportos para o grupo Vinci? funcionários e já estamos na Índia e na
O grupo Vinci está focado nas áreas Indonésia. Queremos fazer o mesmo
da construção e da concessão. E o de- com a ANA”
senvolvimento das atividades aeropor-
tuárias é componente-chave da nossa Recessão na Europa
estratégia. É, à semelhança do ferroviá- “Todos os países europeus que, com
rio, o sector mais recente para nós, on- muita coragem, adotaram programas
de atuamos há 15 anos e temos já 12 bastante duros de austeridade acabam
plataformas — nove em França (10 a por colher frutos. Portugal é um bom
partir de janeiro, contando com Poi- aluno e um aluno corajoso. Estou
tiers) e três no Camboja. Queremos de- muito impressionado com a coragem
senvolver este sector. A nossa visão es- dos portugueses, aliás. Porque
tratégica é sermos líderes nesta área, enfrentaram os problemas dos défices
da mesma forma que temos a ambição públicos e da competitividade. Tenho a
de sermos líderes globais nos estaciona- certeza de que esses esforços vão surtir
mentos e nas autoestradas. resultados muito depressa

Como é que a ANA encaixa nessa es- Portugueses e franceses


tratégia? “Conhecemos bem a cultura, os valores
Para permitir o nosso desenvolvimen- e até a alma portuguesa (o grupo
to global nos aeroportos é fundamental detém 37% na Lusoponte, a
termos no nosso portefólio uma plata- concessionária das pontes Vasco da
forma de dimensão significativa como Gama e 25 de Abril até 2030). Estamos
a da ANA. A grande vantagem da nossa convencidos de que há uma forte
candidatura é que, como não possuí- possibilidade de trabalharmos juntos,
mos uma plataforma tão importante co- França e Portugal. Quando temos
mo a de Lisboa, a nossa intenção é fa- reuniões com portugueses, por causa
zer com que a ANA passe a ser o nosso da língua, temos a sensação de estar
centro de competências global. Que em casa. Há um respeito mútuo entre
passe a ser o nosso porta-estandarte, a franceses e portugueses.
partir do qual iremos aplicar a nossa Entendemo-nos bem. Fazer dos
estratégia de desenvolvimento a nível glo- aeroportos da ANA a nossa base
bal. Para nós, não se trata de comprar ape- mundial é a forma mais eficiente que
nas um ativo interessante, queremos a temos de garantir o nosso êxito
ANA para desenvolver a nossa estratégia internacional. Não teremos qualquer
e sermos um ator global nesta área. impedimento cultural entre a equipa
da ANA e a nossa”
Se vier a ficar com a empresa, qual
será o primeiro passo a dar?
Estamos convencidos de que o tráfe-
go aéreo continuará a desenvolver-se,
que muitos países vão desenvolver a ca-
FOTO DR

pacidade das suas plataformas aeropor-


tuárias, e a tendência a nível mundial é
a privatização dessas mesmas platafor- UM HOMEM DA CONSTRUÇÃO e foi nomeado presidente do conselho de administração há
mas. Esta tendência global de confiar O grupo Vinci emprega mais de 183 mil pessoas em cerca de dois anos. Fez carreira na indústria da construção, vindo a
no sector privado para operar estas in- 100 países, numa rede de 2500 companhias subsidiárias. Atua assumir o cargo de diretor-geral adjunto da Vinci em 1998,
fraestruturas vai abrir muitas oportuni- na área da construção e das concessões, tendo registado um tendo sido presidente da Vinci Construction de 2000 a 2002.
dades para nós nos próximos anos. volume de negócios de ¤37 mil milhões em 2011 e um lucro Entre 2002 e 2005 foi responsável pela Vinci Energies, onde
operacional de ¤3,66 mil milhões. Xavier Huillard, 58 anos, comprou a portuguesa Sotécnica, que teve um volume
Que planos tem para a Portela? tornou-se diretor e presidente executivo do grupo em 2006 de negócios próximo dos ¤65 milhões, em 2011.
O que importa é que as plataformas
tenham sempre maior capacidade do mas sobretudo com os das compa- lhões. É um processo confidencial. O A Mota-Engil, que é vossa parceira Ficaram surpreendidos com a audito-
que as necessidades de tráfego aéreo. nhias aéreas, principalmente da TAP. que é importante referir é que a nossa na Ponte Vasco da Gama e saiu da corri- ria que fizeram? Com que ideia ficou
Temos de garantir que o tráfego aéreo O destino da ANA está ligado ao desti- capacidade financeira e a nossa visão da com os colombianos da Odinsa, po- dos restantes aeroportos?
jamais fique limitado pela capacidade no da TAP. estratégica fazem com que não tenha- de juntar-se à Vinci? Estamos interessados em todos os
de absorção dos aeroportos. A dimen- mos dificuldades em garantir a totalida- Não até à entrega da oferta. Va- aeroportos da ANA. As outras plata-
são e a potência financeira do nosso Por falar na TAP, o Governo portu- de do nosso investimento, sem pedir fi- mos apresentar a nossa oferta sozi- formas de dimensão menor também
grupo fazem com que possamos con- guês fez saber que pode vir a congelar nanciamento. Temos a capacidade de nhos. Depois estaremos dispostos a nos parecem muito interessantes. A
templar todos os investimentos neces- o processo de privatização da compa- investir com capitais próprios. discutir com todos os grupos que es- nossa experiência em França, fora de
sários e até nos permitem realizar es- nhia. Já conversou com o único candida- tejam interessados em juntar-se a Paris, é bastante interessante, por is-
ses investimentos antes que se tornem to a comprar a empresa? O Governo detalhou novas condições nós. Tendo em conta a rapidez des- so temos a capacidade de desenvol-
indiscutíveis. As capacidades do aero- O processo de privatização da ANA (repartição de dividendos e receitas, te processo, se quisermos dar uma ver, mais do que outros, as platafor-
porto atual de Lisboa chegarão ao limi- não permite uma discussão direta com por exemplo) para comprar a empresa. resposta rápida temos de manter o mas no Porto, Faro, Madeira ou Aço-
te. Isto não acontecerá da noite para o o candidato a comprar a TAP. Confia- Pondera rever a sua proposta? processo mais simples do nosso la- res. Ao longo do processo de due dilli-
dia. Se forem feitos agora os investi- mos que o Governo conheça muito Neste processo, o importante é que do. E é mais simples quando se está gence (auditoria) não encontrámos
mentos que permitam a utilização óti- bem quais são os interesses de Portugal nos digam de forma clara e precisa sozinho. Entre os nossos concorren- nada muito diferente daquilo que es-
ma da infraestrutura, não se chegará e as vantagens e as fraquezas de todos quais são as bases, os constrangimen- tes, há alguns consórcios, o que é perávamos. Sempre tivemos interlo-
aos limites do aeroporto antes de uma os candidatos. tos e os elementos importantes. Com es- mais complicado. É mais difícil ne- cutores muito profissionais e compe-
década. Os próximos dez anos devem tes dados determinados, a nossa respon- gociar cada ponto com vários par- tentes na ANA e por isso queremos
ser aproveitados para aprofundar a Consta que o grupo Vinci fez a oferta sabilidade é fazer a melhor oferta possí- ceiros. Mas mantemo-nos abertos e fazer da empresa o foco do nosso des-
melhor solução com as autoridades inicial mais alta, no valor de ¤2,5 mil mi- vel, desde que as mesmas regras se apli- desejosos de incluir outros parcei- dobramento aeroportuário a nível in-
portuguesas e todas as partes envolvi- lhões. Tem esse montante disponível quem a todos os candidatos. Não há na- ros. Conhecemos bem todos os ato- ternacional.
das. Os nossos interesses são conver- para comprar a ANA? da que possa diminuir a nossa vontade res em Portugal e em particular a economia@expresso.impresa.pt
gentes com os do Governo português, Não confirmo esses ¤2,5 mil mi- em entregar uma oferta muito boa. Mota-Engil. O Expresso viajou a convite da Vinci

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20 ECONOMIA Expresso, 8 de de

AGROALIMENTAR
Internacionalização Marca Portugal Foods apresentou-se no Médio Oriente com seis empresas. A Nutrigreen ganhou o primeiro prém

“Quero comprar a sua e

ra sabe ao que vem e, neste mercado em do em Abu Dhabi, podia importá-las da sas presentes no evento, oriundas de 50 Um dos empresários com quem o Ex-
Textos Vítor Andrade
concreto, em vez de paletes podem ven- Índia, que era mais vantajoso”. países, Portugal arrecadou quatro pré- presso falou em Abu Dhabi, notava que
Fotos Nuno Botelho
der-se contentores de uma assentada. A conversa prolongou-se por uns 15 ou mios de excelência e inovação. ali “o campeonato dos negócios” está
Mas o senhor Alhammadi chegou ao pé 20 minutos, não mais que isso. Tiraram- Outra das presenças que causaram sen- num patamar a que estamos pouco habi-
altavam poucos minutos de mim e disse-me que queria comprar a -se algumas dúvidas, trocaram-se contac- sação entre os árabes foi a do Clube de tuados. Mas porque, neste caso, se trata

F
para o encerramento da fei- minha empresa”. tos e “bem, parece que valeu a pena esta Produtores do Fundão. Juntaram-se pa- do sector alimentar o assunto é levado
ra internacional dedicada Nos primeiros cinco minutos de conver- presença no SIAL (Salon International ra ganhar dimensão e arriscaram pela “mesmo muito a sério”.
ao agroalimentar que já du- sa com Alhammadi, Lídia Santos ainda de l’Agroalimentaire)”, que teve lugar primeira vez naquela zona do planeta. Há duas coisas que abundam nos países
rava há três dias, em Abu tinha dúvidas sobre se aquilo era para le- em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Uni- Hélder Santos, gestor de vendas deste da Península Arábica (que na antiguidade
Dhabi, quando Mohamed var a sério ou não mas “a verdade é que dos, na semana passada. agrupamento, brilhou com os queijos e era terra de pastores): o petróleo e o deser-
Alhammadi, do Departa- ele trazia a lição bem estudada. Começou A administradora da Nutrigreen já este- compotas, mas sobretudo com as garra- to. Ou seja, são países com muito dinheiro
mento de Economia e De- por se apresentar, falando das suas liga- ve presente em vários salões internacio- fas de azeite com ouro à mistura. mas sem terra arável, o que significa que
senvolvimento, se acercou ções ao Governo e à família real, avançan- nais dedicados ao agroalimentar, onde não têm qualquer hipótese de produzir ali-
discretamente do pavilhão de Portugal do desde logo com a proposta de compra tem conseguido conquistar mercado por Qatar quer empresas do Fundão mentos. E esta é uma das suas grandes fra-
perguntando onde estava a representa- de 51% da Nutrigreen e que gostava de via da exportação dos seus produtos, mas gilidades. Estão completamente dependen-
ção da Nutrigreen. ver a empresa sediar-se em Abu Dhabi. nunca tinha sido confrontada com uma Já esta semana, sentado à secretária do tes de terceiros para se alimentarem.
Lídia Santos, administradora desta em- Eu disse que ali era difícil arranjar maté- proposta deste calibre. A este interesse seu escritório no Fundão, recebeu um te- Por isso mesmo, agora estão empenha-
presa portuguesa de Torres Novas que ria-prima, pois estávamos no meio do de- árabe pela empresa de Torres Novas não lefonema inesperado. Empresários do dos em contrariar essa inevitabilidade
aposta na transformação de fruta, aco- serto. Ao que ele respondeu com uma terá sido seguramente estranho o facto Qatar com quem tinha falado em Abu que a natureza lhes impôs e, por terem
lheu o visitante de última hora mas nem pergunta: ‘onde é que a Nutrigreen com- de, dois dias antes, logo na inauguração Dhabi propuseram-lhe comprar partici- poder económico, compram e cultivam
queria acreditar no que acabava de ouvir. pra mangas, por exemplo?’, e eu disse da feira, a Nutrigreen ter conquistado o pações em algumas das empresas da Bei- terras agrícolas em vários países do Medi-
“Uma coisa boa desta feira é que é só pa- que eram importadas do Brasil. Alham- primeiro prémio de inovação em 15 dis- ra Interior que fazem parte deste clube terrâneo, como Espanha e Itália, ou ain-
ra profissionais. Ou seja, quem nos procu- madi argumentou de imediato que, estan- tinções possíveis. Aliás, entre 800 empre- de produtores (ver texto ao lado). da na Polónia, nos Estados Unidos ou no

O QUE DIZEM OS EMPRESÁRIOS QUE FORAM A ABU DHABI


“Há um potencial enorme “Em termos de dimensão esta “Foi positivo termos ganho “Temos crescido no mercado “O Médio Oriente
para os produtos alimentares feira não tem nada a ver com o primeiro prémio. asiático e agora queremos é um mercado interessante
portugueses. outras do género, muito mais Tivemos uma excelente aferir a sensibilidade das e com muito poder
Temos excelentes exemplos representativas, aceitação, mas empresas daqui aos nossos de compra.
neste domínio, o problema mas em termos de qualidade as encomendas não surgem produtos’’ O preço muitas vezes
é que nem sempre sabemos de contactos é realmente logo no dia seguinte” RODRIGO BRITO Derovo
nem é objeto de discussão”
promovê-los” importante” LÍDIA SANTOS Nutrigreen PEDRO CORREIA Vieira de Castro
GRAÇA AMORIM Cerealis PAULO ROSAS Novarroz

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ezembro de 2012 ECONOMIA 21

io de inovação e até recebeu uma proposta de compra IR À LUTA... E GANHAR


Portugal

empresa” Foods:
ordem para
exportar

AZEITE DO FUNDÃO COM OURO CONQUISTOU ÁRABES


As minúsculas lascas de ouro laminado em suspensão no azeite
produzido em Alcaria, perto do Fundão, deixaram maravilhados os
árabes de Abu Dhabi e países à volta.
Um jornalista do emirado de Sharjah fez questão de exibir uma garrafa
de azeite do Fundão no seu programa televisivo chamado “30 Minutos”,
que passa em horário nobre (às 20h) na televisão nacional.
Os queijos e as compotas do Clube de Produtores do Fundão (que conta
com o apoio institucional da autarquia) foram apreciados por algumas
dezenas ou centenas de profissionais do sector agroalimentar que
passaram pelo pavilhão da Portugal Foods.
Mas a cereja no topo do bolo — e não estamos a falar das famosas
cerejas da Gardunha — foi um telefonema que Hélder Santos (na foto)
recebeu oito dias depois, já esta semana, no seu escritório, no Fundão.
O responsável pelas vendas e internacionalização dos produtos saídos
desta zona da Beira Interior foi contactado por empresários do Qatar,
com quem tinha falado em Abu Dhabi. “Indo direto ao assunto, vieram
propor-me a compra de participações em várias empresas do nosso
clube de produtores. Confesso que não estava à espera, mas por outro
lado, tinha a esperança de fazer sempre um balanço positivo deste
esforço de internacionalização que estamos a fazer.”
Hélder Santos nota que esta iniciativa dos produtores que se juntaram
para ganhar dimensão negocial já está ganha. Ainda mais porque
viajaram para o Médio Oriente integrados na marca chapéu Portugal
Foods, que começa a consolidar a imagem do sector agroalimentar
nacional. “Mas não queremos ficar por aqui, há ainda muito trabalho
para fazer, e vamos continuar a estratégia que agora definimos”.

João Miranda, presidente da


Frulact, empresa de transformação
de fruta instalada na Covilhã,
APOSTA GANHA SUCESSO NAS ARÁBIAS
foi o grande mentor da Portugal
Foods, marca-chapéu para
o agroalimentar
Nutrigreen premiada e cobiçada
A empresa de Torres Novas
ganhou o prémio de excelência
na inovação no primeiro dia da
presença no Abu Dhabi. Dois dias
depois foi alvo de uma proposta
4
prémios em 15 possíveis
Já há alguns anos que os empresários por-
tugueses do agroalimentar fazem incur-
sões nos mais variados mercados mun-
diais para tentarem vender os seus produ-
tos. Algumas marcas, como a Cerealis
de compra conquistados pelas empresas (massas Nacional ou Milaneza), presente
portuguesas no SIAL Middle East, em 32 países, ou a Vieira de Castro (bola-
Azeite do Fundão em Abu Dhabi. Estavam na corrida chas e doçaria), com representação em
na TV dos Emirados mais de 800 empresas de 50 países 50 países, são presença regular em feiras
Um jornalista do emirado de sectoriais ou em missões empresariais.
Mohamed Alhammadi, do Governo Sharjah fez questão de exibir o Mas há muitas pequenas empresas que,
do Abu Dhabi, propõe a Lídia
Santos, administradora
da Nutrigreen, a compra de 51%
da sua empresa
azeite de Alcaria no seu
programa em horário nobre, na
televisão nacional do seu país

Empresas da Beira Interior


abrem apetite aos petrodólares
6
empresas portuguesas
por si só, jamais conseguiriam afirmar-se
lá fora, nomeadamente por falta de di-
mensão e músculo financeiro para se pro-
moverem.
Para ajudar a resolver esse problema,
mas também para introduzir o elemento
Paquistão, entre outros. O Expresso sou- produtos no agroalimentar e há aqui um Uma semana depois da ida ao deslocaram-se àquela feira de ‘inovação’ nas suas práticas de gestão,
be que a empresa agrícola Aldahara (cria- potencial enorme a explorar. Temos é de Abu Dhabi, os empresários do agroalimentar no Médio Oriente nasceu em 2009 a Portugal Foods. Uma
da pelas autoridades dos Emirados Ára- promovê-los melhor”. Fundão receberam propostas de pela primeira vez. Foram marca-chapéu para os produtos agroali-
bes Unidos) não põe de parte a hipótese Não se fecharam negócios durante os compra de algumas das suas contactadas por centenas de mentares nacionais, mas também a face
de comprar terras também em Portugal. três dias de duração do SIAL em Abu empresas pelo Qatar profissionais do sector visível de um polo tecnológico para a
Jaime Leitão, embaixador de Portugal Dhabi, mas “foram lançadas muitas se- competitividade, que acaba por fazer a
em Abu Dhabi, não confirma essa infor- mentes que seguramente irão dar fru- ponte entre empresas e universidades.
mação mas também não a desmente. tos”, remata Hélder Santos, do Clube de João Miranda, presidente da Frulact,
A outra alternativa encontrada pelos ára- Produtores do Fundão. No seu caso, os foi o grande impulsionador desta iniciati-
bes dos Emirados e países vizinhos foi com- frutos surgiram uma semana depois. va, tendo presidido à Portugal Foods des-
prar empresas do sector agrícola e agroin- Sinal dos tempos: entre as seis empre- de a sua fundação até fevereiro deste
dustrial, que também lhes possam garan- sas que apanharam a boleia da Portugal ano. Agora passou o testemunho a Amân-
tir o fornecimento de alimentos. E é nesse Foods, as idades dos responsáveis pela in- dio Santos, presidente da Derovo.
contexto que surgem as intenções de com- ternacionalização variavam entre os 27 e
pra da Nutrigreen e de outras empresas da os 43 anos. Ou seja, como dizia um dos A importância da ligação
zona do Fundão, especializadas na produ- organizadores, “uma geração cheia de universidade/empresa
ção de queijo, azeite e compotas. garra, vontade de vencer e um olhar aber-
No geral, os empresários portugueses to sobre o mundo dos negócios” Mas a génese da Portugal Foods ficará pa-
que foram vender os seus produtos a Abu vandrade@expresso.impresa.pt ra sempre ligada à Universidade Católica
Dhabi regressaram convencidos de que do Porto onde, em 2008, Olinda Afonso
foi uma aposta ganha. Desde logo por- investigava a viabilidade da criação de um
que, como diz Graça Amorim, adminis- VEJA VÍDEO EM polo de competitividade para o agroali-
tradora da Cerealis, “temos excelentes www.expresso.sapo.pt/portugalfoodsabudhabi mentar em Portugal. Pura coincidência:
nesse mesmo ano o Ministério da Econo-
O PORTUGUÊS QUE FORNECE AVIÕES DE LUXO mia abria um concurso para o reconheci-
Há um empresário português em Abu Dhabi que se dedica ao mento de polos de competitividade indus-
fornecimento de aviões de luxo e jatos privados. É uma das poucas trial. Associaram-se a Católica do Porto, a
empresas selecionadas para o efeito e tanto pode vender porcelanas e Universidade do Minho, a de Trás-os-Mon-
cristais como bens alimentares e bebidas à medida dos desejos dos tes, a de Aveiro e ainda o Politécnico de
“Isto é como lançar uma “Em termos de contactos emires, dos xeques e dos magnatas do petróleo. Estes são pessoas de Viana do Castelo e cada uma trouxe consi-
‘gostos simples’: escolhem sempre o melhor e o mais caro que houver. go as empresas com quem já trabalhava.
semente à terra. As empresas comerciais foi uma feira João Menezes de Aguiar sabe disso e tenta não desiludir os seus clientes, O fator diferenciador é que, recorda
têm de pensar em muito proveitosa. A fase cujas identidades não revela. Na semana passada, ao ter conhecimento Olinda Afonso, que assume o cargo de di-
internacionalização. Exportar seguinte é a da adaptação de que havia empresas portuguesas no SIAL, pela primeira vez, fez retora-executiva da Portugal Foods, “as
é pontual, internacionalizar dos produtos a potenciais questão de as visitar, para escolher alguns produtos nacionais. Disse ao empresas já consideravam que a inova-
é uma situação clientes” Expresso que é um orgulho e que se encarregará de fazer chegar aos ção era o caminho para a internacionali-
de continuidade e segurança’’ senhores das arábias algumas iguarias portuguesas. A mais excêntrica, zação. E, note-se, já estávamos em plena
RUI RODRIGUES Portugal Foods que tem a certeza de que vai ser um sucesso, é o azeite com ouro, crise”. Desde então a organização não pa-
HÉLDER SANTOS Clube de Produtores do Fundão produzido no Fundão (ver texto em cima). rou de crescer.

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22 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

TURISMO BREVES

Árabes maravilhados com Portugal


Voo da Emirates traz ao país a Kanoo Travel, o maior operador turístico do Médio Oriente
16%
foi a queda no preço médio
por quarto disponível em
setembro nos hotéis de
Lisboa (para ¤70). A AHP,
É a promessa de uma operação associação do sector, está
em grande escala para ‘vender’ também preocupada com
Portugal nos mercados do Mé- a descida de 11,51% no Porto
dio Oriente. O voo direto Lisboa-
-Dubai da Emirates, companhia
aérea detida pela família real de Vendas de carros
Abu Dhabi, está a despertar o in- quebram 34,7%
teresse dos operadores turísti-
cos dos Emirados Árabes Uni- DISCURSO DIRETO COMÉRCIO De janeiro a no-
dos, como a Advance Travels, vembro venderam-se me-
que em outubro veio a Portugal nos 53.211 automóveis ligei-
com a perspetiva de construir “Portugal tem tudo ros de passageiros que em
programas de viagens, e tam- igual período de 2011, ou se-
bém da Kanoo Travel, o maior para vir a receber ja uma quebra de 37,4%, re-
operador turístico do Médio vela a Associação Automó-
Oriente.
maciçamente grupos vel de Portugal. Em novem-
“Portugal tem tudo para ser e famílias do Médio bro foram vendidos 7127 li-
um destino de lazer de topo pa- geiros de passageiros.
ra famílias e grupos de todo o
Oriente. Na Europa
Médio Oriente”, garante Sunil não há outro lugar
D’Souza, diretor regional da Ka-
noo Travel, que “não tinha ideia
como este, é um
nenhuma de Portugal” e ficou diamante escondido”
“agradavelmente surpreendi- SUNIL D’SOUZA Desde que a Emirates lançou o voo Lisboa-Dubai, operadores turísticos árabes começaram
do” ao vir a Lisboa na semana Diretor da Kanoo Travel a olhar Portugal como um ‘destino estrela’ nos seus programas de viagens FOTO RUI DUARTE SILVA
passada.
“Para mim, Portugal é como mundo”, adianta. “Sendo a pri- noites em Portugal, extensíveis Sunil D’Souza ficou agradado “Redobrem os esforços para
uma joia, um diamante que esta- meira companhia de viagens no a quinze, é o seu objetivo. “É um com a qualidade da hotelaria tornar Portugal mais conhecido
va escondido, mas não vai estar Médio Oriente, temos uma clien- país tão bonito e oferece tantas em Portugal e certificou-se da no resto do mundo, porque têm
por muito mais tempo”, conside- tela muito seleta, desde quadros alternativas! Na Europa não há operação até ao detalhe, como o aqui um grande destino”, susten-
ra Sunil D’Souza, que gere uma de empresas tecnológicas, presi- outro lugar como este”, faz no- facto de os hotéis serem receti- ta Sunil D’Souza, frisando o tra-
operação de viagens de ¤500 mi- dentes de companhias de petró- tar o diretor da Kanoo Travel, vos a que as grandes famílias balho da embaixada portuguesa
lhões anuais. Com base no Du- leo, até membros da realeza, pa- sustentando que “o serviço em árabes tragam o seu próprio co- no Abu Dhabi na promoção do AÇÕES DA TAP ESTÃO
bai, a Kanoo Travel representa ra não falar do grande segmen- Portugal é lendário” e “de longe zinheiro. A segurança do desti- destino, ainda desconhecido no 10 ANOS INDISPONÍVEIS
a American Express no Médio to de expatriados que vivem no melhor do que no Reino Unido, no foi o primeiro fator a pesar. Médio Oriente. E conclui: “Mui- O Governo impôs esta
Oriente, tem uma presença for- Dubai”, refere. “São pessoas Alemanha, França ou Suíça”, “Se na Kanoo fizermos bem o tos clientes da Kanoo estão ávi- semana que o futuro
te também na Arábia Saudita, que exigem muito boas acomo- países com os quais já trabalha. nosso trabalho, Portugal pode dos de um destino novo, bonito comprador da TAP não
Bahrain, Qatar e Omã, e está dações e um alto nível de servi- “Aqui toda a gente é amável, ter um volume maciço de turis- e que proporcione experiências poderá desfazer-se das
em fase de expansão para a Chi- ço. E Portugal tem tudo para hospitaleira e pronta a ajudar. tas de toda a zona do Golfo a vir diferentes. Eu tenho a resposta: ações durante 10 anos.
na e Índia. “O nosso objetivo é dar uma estada agradável a ca- Gosto sobretudo de ver os sorri- para aqui, que em três a cinco é Portugal”. A Synergy Aerospace é o
começar a trabalhar Portugal a da um destes clientes”. sos na cara das pessoas”. anos pode duplicar, triplicar ou Conceição Antunes único concorrente à TAP.
partir do Dubai para o resto do Construir programas de sete Na sua viagem de prospeção, até quadruplicar”, promete. cantunes@expresso.impresa.pt

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 23

INDÚSTRIA

Logoplaste abre de dólares, que não tem parado


de crescer nos últimos cinco
anos, comprovando a fiabilida-
de do modelo de negócio da Lo-

quinta fábrica nos EUA goplaste e o reconhecimento da


tecnologia que utilizamos nas
nossas fábricas para efetuarmos
a injeção dos moldes, que, como
se constata, já destronou as em-
presas incumbentes nesta área
geográfica”, refere Filipe de Bot-
Investimento de ¤24,23 milhões perto de Kansas criará ton.
Os clientes da Logoplaste são
80 empregos e produzirá para a Procter & Gamble as maiores empresas de alimen-
tação, bebidas, de higiene pes-
“Qualquer empresa portuguesa res, o que equivale a ¤24,23 mi- mação concedido pelo Estado soal, limpeza doméstica, óleos e
pode vencer no espaço económi- lhões — será concretizado nos de Kansas. lubrificantes.
co da América do Norte, onde arredores de Kansas City, e pro- A empresa de Cascais tem a Filipe de Botton considera que
há grandes oportunidades nos duzirá garrafas de plástico para sua filial para a América do Nor- “há muitas alternativas de negó-
EUA, além do Canadá e do Méxi- todo o mercado norte-america- te em Plainfield, opera três fábri- cios para as empresas portugue-
co”, refere o presidente da Logo- no. A nova fábrica da Logoplas- cas no Canadá, quatro fábricas sas, que não precisam de ficar
plaste, Filipe de Botton. A sua te terá uma área de 10 mil me- nos EUA (serão cinco, contando confinadas a mercados como An-
empresa está a construir a déci- tros quadrados e vai criar 80 em- com a de Kansas), e duas no Mé- gola para internacionalizarem
ma fábrica nesta grande região, pregos diretos nos próximos cin- xico. A sua produção global con- as suas atividades”. “Os merca-
destinada a produzir para o gi- co anos. ta com 350 máquinas de fabrico dos maduros e competitivos co-
gante Procter & Gamble (P&G). Para este projeto, a Logoplaste de embalagens plásticas, reparti- mo o Canadá, os EUA e o Méxi-
“Nesta nova unidade vamos fa- vai receber mais de 1,65 milhões das por 60 fábricas instaladas co mostram interesse pelas tec-
bricar as embalagens do deter- de dólares (cerca de ¤1,26 mi- em 18 países. nologias dominadas por grupos
gente Fairy”, diz Botton. lhões) em créditos fiscais e terá “Nos três grandes mercados portugueses”, garante.
O novo investimento da Logo- direito a um apoio de 92,5 mil na América do Norte temos O estado do Kansas atribuiu incentivos para Filipe de Botton J.F. Palma-Ferreira
plaste — de 31,5 milhões de dóla- dólares para recrutamento e for- uma faturação de 120 milhões investir na região FOTO TIAGO MIRANDA jpferreira@expresso.impresa.pt

BREVES

Galp vai explorar petróleo em Marrocos


ENERGIA A Galp acordou com a australiana Tangiers Petroleum a
compra, por 41 milhões de dólares (cerca de ¤31,5 milhões), de uma
participação de 50% na área Tarfaya Offshore, onde vai operar oito
licenças de exploração petrolífera, localizadas na costa atlântica
marroquina. Os trabalhos decorrerão em profundidades de água
inferiores a 200 metros, cobrindo 11.281 quilómetros quadrados.

6
Seedcamp investe em
empresas portuguesas
CAPITAL O Seedcamp, o maior
fundo de investimento da Euro-
pa, decidiu investir em três em-
presas nacionais após a presença milhões de euros foi o lucro
destas no Seedcamp Lisbon, orga- da Teixeira Duarte nos
nizado pela Beta-i. As jovens em- primeiros nove meses.
presas CrowdProcess, Hole19 e A faturação subiu 7%, ficando
Qamine juntam-se assim às 80 nos ¤980 milhões
startups mais promissoras da Eu-
ropa. A Beta-i é uma associação
sem fins lucrativos, responsável
por lançar em Portugal eventos
como o TEDex e o Sandbox.

LONDRES É A CIDADE
EUROPEIA MAIS
ATRATIVA PARA OS
RETALHISTAS, DIZ A
IMOBILIÁRIA JONES LANG
LASALLE, QUE COLOCA
LISBOA NA 19ª POSIÇÃO,
EX AEQUO
COM VARSÓVIA
E DUSSELDORF

Sonae Indústria fecha


fábrica em Espanha
CRISE A Sonae Indústria vai fe-
char a Tableros Tradema, em
Solsona, Espanha. A unidade,
com 142 trabalhadores, tinha
uma capacidade de produção
anual de 340 mil metros cúbi-
cos de aglomerado de partículas
CIMPOR REFINANCIA DÍVIDA que ficará, agora, concentrada
Mais prazo e menos juros, eis o noutra fábrica do grupo, em Li-
que ganhou a Cimpor ao nares. A decisão foi ditada pela
refinanciar ¤810 milhões, entre “forte crise e consequente que-
dívida bancária e empréstimos da na produção que se tem senti-
obrigacionistas. A taxa média do nos últimos anos no sector da
desceu para os 4%. Em outubro, construção”, justificou a admi-
a cimenteira liquidara ¤188 nistração da empresa presidida
milhões. por Belmiro de Azevedo.

Alunas do The Lisbon MBA vencem concurso


PRÉMIO Cinco alunas do The Lisbon MBA venceram o concurso na-
cional de plano de negócio, organizado pelo Centro de Ciências do
Mar. O grupo definiu a melhor estratégia de gestão e abordagem ao
mercado, que teve um impacto positivo no desenvolvimento da eco-
nomia do mar em Portugal. O prémio será entregue por Daniel Bessa
durante as Conferências Inovar Algarve, a 7 de dezembro.

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24 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

PRÉMIO

Abre nova caça aos talentos da gestão


A décima edição dos prémios Primus Inter Pares quer selecionar mais novos líderes para o futuro
tólica, Nova, ISCTE, ISEG ou Fa- tiva e trabalho em equipa. ra especialista em recursos hu- António Vieira Monteiro, Estela
culdade de Economia da Univer- Aos jovens que sobem ao pó- manos Egor, decorre ao longo Barbot, António Vitorino, Mi-
sidade do Porto — quiseram ver dio é oferecida a oportunidade
O prémio Primus Inter de três fases. Depois de feita a guel Poiares Maduro (professor
os seus talentos de gestão e lide- de frequentarem, com propinas Pares oferece aos análise documental (que leva no Colégio da Europa, em Flo-
rança premiados nesta competi- pagas, instituições como o IE- finalistas um MBA em em conta critérios como a idade rença) e Raquel Seabra (vence-
ção, que premeia os melhores es- SE, em Barcelona (que, no iní- escolas de negócios de e a média de curso), os candida- dora da primeira edição do pré-
tudantes com um MBA em esco- cio desta semana, subiu à primei- topo, nacionais e tos selecionados terão de passar mio Primus Inter Pares).
las de negócios de topo. ra posição da lista do “Financial estrangeiras, como IESE, por testes psicotécnicos. Na 9ª edição, André Campos,
São já duas mãos-cheias de edi- Estão abertas até ao próximo Times” que distingue as melho- IE, Lisbon MBA Desta seleção restarão apenas licenciado pela Faculdade de
ções em que o prémio Primus In- dia 15 de fevereiro as inscrições res escolas de negócios euro- (Católica/Nova), ISCTE, 24 estudantes, que durante um Economia do Porto e mestre em
ter Pares seleciona o “melhor en- para a 10ª edição do Primus In- peias), IE, em Madrid, Lisbon ISEG e Porto Business fim de semana de provas diver- Finanças, foi o grande vence-
tre os seus pares”. Nos últimos ter Pares, criado em 2003 pelo MBA (numa parceria entre a School sas terão de trabalhar em equi- dor. Agradeceu o MBA que rece-
nove anos, esta iniciativa, dirigi- Expresso e pelo Banco Santan- Universidade Católica e a Uni- pa e testar as suas competências beu e não esqueceu: “A viagem
da a jovens aspirantes a gestores der Totta, com o objetivo de con- versidade Nova), ISCTE, ISEG de liderança, inteligência emo- é a recompensa. Não interessa
e empresários, contou com mais tribuir para o desenvolvimento e, pela primeira vez, a Porto Bu- cional, criatividade, espírito de atingir os objetivos se o cami-
de cinco centenas de participan- de uma cultura de rigor e profis- siness School. O primeiro classi- iniciativa e capacidade para ge- nho que percorremos até eles
tes. 212 mulheres e 308 homens, sionalismo no meio empresarial ficado recebe ainda uma bolsa. rir sobre pressão. não foi gratificante, se não dei-
acabados de se formar nas univer- português. Anualmente, são dis- Os estudantes que se ficam pe- No final, restarão apenas cinco xou boas memórias e se lá che-
sidades de gestão, economia e en- tinguidos os três melhores parti- las quarta e quinta posições ga- finalistas, que terão de passar garmos sozinhos, sem ninguém
genharia de norte a sul do país — cipantes, tendo por base crité- nham uma pós-graduação. pela derradeira prova: uma en- com quem partilhar o sucesso”.
embora maioritariamente prove- rios de avaliação como as suas Este prémio, que conta com o trevista com o júri composto Joana Madeira Pereira
nientes de instituições como a Ca- capacidades de liderança, inicia- acompanhamento da consulto- por Francisco Pinto Balsemão, economia@expresso.impresa.pt

COMPETIÇÃO

Finalistas recebem
programas de MBA
Na República Checa, em equipa e de saberem como
Eslováquia e Grécia os se gere uma empresa. Obtém
melhores participantes da também novas experiências que
competição são premiados podem vir a utilizar na vida
com formação de topo real”, enfatiza Petr Budinsky.
Também na Grécia os partici-
pantes do Global Management
Challenge têm a oportunidade
de frequentar um MBA, mas
aqui a situação é um pouco dife-
rente da dos dois países já referi-
dos. “A bolsa é oferecida pela
Universidade de Economia e Ne-
gócios de Atenas para a frequên-
O Global Management Challen- cia do seu programa internacio-
ge é uma competição dirigida a nal de MBA”, revela Victoria Ma-
estudantes e quadros onde as herianaki, organizadora da com-
equipas têm de gerir uma em- petição na Grécia. Apenas um
presa, com vista a obter a maior elemento das equipas que che-
cotação das suas ações em bol- gam à final nacional neste país
sa. Para aprofundar conheci- receberá o prémio. “O MBA tem
mentos na área da gestão, na Re- pré-requisitos e é a universidade
pública Checa e na Eslováquia a fazer a seleção no elemento
os elementos da equipa que ven- junto das formações que che-
ce a final nacional desta prova gam à final nacional”, explica
terão a oportunidade de fre- Victoria Maherianaki.
quentar um MBA. Na Grécia
apenas um elemento das forma- Prémio de prestígio
ções que chegam à final recebe-
rá uma bolsa de estudo para in- Para os participantes gregos é im-
tegrar um programa de MBA. portante receber este prémio e
Petr Budinsky organiza o Glo- têm demonstrado grande interes-
bal Management Challenge na se nesta iniciativa. “Este progra-
República Checa e na Eslová- ma de MBA tem grande reputa-
quia. Na sua perspetiva o atual ção tanto dentro como fora da
mundo dos negócios em cons- Grécia”, acrescenta a organizado-
tante mudança requer flexibili- ra grega. Neste país a competi-
dade, criatividade e faro para a ção tem também vindo a ganhar
tomada de decisões, bem como notoriedade, tanto na comunida-
uma mão firme na seleção e im- de estudantil como empresarial.
plementação de soluções. Foi “É uma experiência valiosa pa-
por isso que a organização da ra os participantes e cultiva um
competição nestes dois países re- ambiente de excelência e compe-
solveu presentear os elementos tição, valores que são muito apre-
da equipa vencedora da sua fi- ciados no mundo dos negócios. O
nal nacional com a frequência Global Management Challenge
de um MBA. ignora fronteiras e dá a oportuni-
“Trata-se do programa de dade aos estudantes de encontra-
MBA da City University of Seat- rem e expressarem a sua verten-
tle que pode ser frequentado no te empreendedora”, salienta Vic-
ramo desta instituição de ensino toria Maherianaki. Acrescenta
em Praga e Bratislava. É sem dú- ainda que esta iniciativa portu-
vida um prémio de grande va- guesa inspira confiança a quem
lor, com dimensão internacio- nela participa e distingue as pes-
nal e que desenvolve conheci- soas com visão para os negócios.
mentos”, explica Petr Budinsky. Com 33 anos de existência o
Global Management Challenge
A prova no leste está atualmente presente em
mais de 40 países distribuídos
Tanto na República Checa co- pelos cinco continentes. Até ago-
mo na Eslováquia o Global Ma- ra cerca de meio milhão de pes-
nagement Challenge tem vindo soas já passaram por esta inicia-
a crescer. Para Petr Budinsky tiva de estratégia e gestão.
“os participantes têm a oportuni- Maribela Freitas
dade de aprender a trabalhar mfreitas.externo@impresa.pt

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 25

ENERGIA SOLAR

Focor produz, mas Iberdrola não paga


O grupo do Porto aderiu há um ano à minigeração solar no Minho e Alentejo. Mas ninguém lhe paga por isso
Quando decidiu aderir à minige- teração entre várias entidades”.
ração solar em três herdades agrí- A inexistência “de um sistema in-
colas que explora, Rui Faria, o formático de suporte conduz a
RETORNO GARANTIDO
presidente do grupo Focor, não atrasos e equívocos”, refere a
imaginava que um ano depois de Iberdrola. No caso da Focor, “u-
iniciar a produção de energia es- ma das causas reside na falta de
taria ainda à espera de receber
da Iberdrola, o seu fornecedor de
eletricidade e com quem cele-
brou o contrato de venda.
leitura dos contadores que cabe
à EDP enviar”. Outro contratem-
po foi o pagamento de uma outra
central ter sido transferido para
300
mil euros foi o investimento
A dívida acumulada ascende a a conta errada. da Focor. A minigeração é a
¤35 mil. Por mês, a fatura do gru- A Iberdrola reconhece que ou- produção de energia, em
po Focor, centrado na indústria tros miniprodutores sofreram pequena escala, pelo próprio
química, ronda os ¤14 mil — me- atrasos idênticos, mas que todos consumidor. O retorno varia
tade resulta das três empresas eles já foram resolvidos. A Asso- entre seis e 10 anos e a tarifa
agrícolas que acolhem os par- ciação Portuguesa de Energias bonificada é garantida por
ques solares. Renováveis (APREN), que repre- 15 anos. As suas três empresas
A Iberdrola defende-se, alegan- senta os produtores independen- podem gerar por ano até 200
do que se “está perante um pro- tes, explicou ao Expresso que o MWh (compara com os 93 mil
cesso recente e moroso, no âmbi- tema dos pagamentos “é da esfe- da central de Moura), o
to do mercado livre” e que a for- ra exclusiva das empresas envol- equivalente ao consumo
matação do regime “obriga à in- vidas”, mas que não tem conhe- Rui Faria, presidente do grupo Focor, desespera pelos pagamentos FOTO FERNANDO VELUDO/NFACTOS de 60 lares.
cimento de queixas dos seus as-
sociados.

Grupo Contadores sem leitura


químico Aliciado pelo regime de bonifica-
exportador ção das instalações solares e a
queda de preços das células foto-
voltaicas, Rui Faria decidira em
Com armazéns no Porto 2011 investir ¤300 mil para tor-
e unidade fabril na Trofa, nar o Sol uma fonte de rendimen-
a Focor, fundada por Vasco to e reduzir o custo energético
Faria, destaca-se na química do grupo. A primeira base foi ins-
pesada, fornecendo produtos talada na Quinta do Xisto, em Fa-
para as indústrias têxtil, malicão, de 20 hectares, que pro-
calçado, cerâmica e plásticos. duz a marca de vinho verde En-
Metade da sua faturação costa do Xisto. A energia é vendi-
de ¤25 milhões resulta da à razão de 0,25 kWh injetado
de exportação, surgindo na rede elétrica. Mas, “até agora,
a China, Índia e África do Sul a receita é zero”, diz Rui Faria.
como principais destinos. As insistências junto da Iberdro-
O mercado europeu la Generación conduziram sem-
é residual. O grupo chegou pre “a respostas evasivas e argu-
mesmo a pensar instalar mentos esfarrapados, como da
uma fábrica na Índia mas falta de leitura da EDP”.
receou que a sua tecnologia Rui Faria pressionou a EDP e já
fosse rapidamente copiada se queixou à entidade reguladora
e desistiu da ideia. do sector (ERSE), sem resulta-
Na última década, deixou dos práticos. A Iberdrola refere
os projetos imobiliários que também tem insistido junto
e reforçou os investimentos da EDP e que “mal receba a infor-
na frente agroindustrial mação fará o pagamento”. E “se
(azeite e vinho), um negócio a EDP, que não é parte do contra-
que lhe rende ¤5 milhões to, não efetuar as leituras conti-
por ano. nuaremos a fornecer energia à
A Herdade de Vale de borla?”, indigna-se Rui Faria.
Barqueiros, em Alter do Mas, o programa solar da famí-
Chão, é a joia da coroa lia Faria inclui duas âncoras no
da família Faria. Alentejo, a região portuguesa de
maior potencial, beneficiando de
duas herdades com fartas planta-
ções de vinha e olival. As socieda-
des agrícolas de Vale de Barquei-
ros, em Alter do Chão (800 hecta-
res), e do Seixo Branco, em Mou-
ra (600 hectares), celebraram
também contratos com a Iberdro-
la, vendendo ao preço de ¤0,22
cada kWh. Nestes dois casos, os
pagamentos têm sido intermiten-
tes e sempre com muito atrasos.
E há uns meses cessaram. Numa
das instalações, segundo a Iber-
drola, “um erro informático no re-
gisto da conta bancária” fez com
que os pagamentos fossem parar
a outro destinatário. O erro “foi
detetado e tão breve quanto possí-
vel será pago o valor em dívida”.
Rui Faria considera bizarro
que neste regime de contratos
seja o comprador a emitir a fatu-
ra. Isto é, se quisesse avançar pa-
ra tribunal não tinha como fazer
prova da dívida da multinacio-
nal espanhola. O empresário
sente-se lesado “com a evidente
desorganização dos serviços da
Iberdrola”. E sublinha: “É mau
de mais para ser verdade”.
Mas, a Iberdrola também se
sente vítima. Afinal, é obrigada
“a adquirir a energia produzida
pelos seus clientes”. E acentua
que “é apenas um veículo para
que o cliente seja remunerado pe-
la energia entregue à rede, uma
função onerosa e sem benefí-
cios” que pode até degradar a re-
lação comercial entre as partes.
Abílio Ferreira
aferreira@expresso.impresa.pt

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26 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

MERCADOS

PSI-20 EM DESTAQUE INTERNACIONAIS

Bolsa de Lisboa em semana sim Zon e Sonaecom uma eventual fusão entre as

}
ao rubro com
duas operadoras geraria
ganhos de ¤417 milhões a ] 0,93% } 1,59%
Foi animada a semana na dividir entre ambas. A dar Athenas General
Bolsa de Lisboa e os
rumores de fusão ânimo à tese de que a união
BEL 20
Bélgica Grécia
resultados estão à vista: o está para breve está o facto de
PSI-20 esteve a subir cinco Alguns investidores parecem Isabel dos Santos ter entrado
1,83%
dias consecutivos. Contribuiu
para a subida a especulação
convencidos de que a fusão
entre a Sonaecom e a Zon está
recentemente na
administração da Zon. Mas os ] 0,75% } 1,59%
em torno da fusão entre a mais próxima do que nunca e envolvidos negam, sublinhando FT MIB Luxx General OMX HEL 25
Sonaecom e a Zon, que fez isso reflete-se na cotação das que não passa de especulação. Itália Luxemburgo Finlândia
disparar as ações das ações. Esta semana, na A verdade é que amiúde
operadoras. E ainda a quarta-feira, a Zon chegou a correm rumores que o enlace
valorização das empresas da subir mais de 10% e a está para breve. Ao Expresso
distribuição, com a notícia de Sonaecom a valorizar mais de fontes ligadas ao processo
que o Governo equaciona 6%. Tudo porque a Goldman dizem que as negociações estão
limitar as promoções. Sachs diz que as sinergias de a ser duras.

O que é que O que está a tornar a Fincor tão


relevante? O administrador Pe-
dro Pereira Coutinho atribui o
bom desempenho da corretora
Gaia. Porém, no último ano tem
estado sistematicamente à frente
de grandes bancos, como o BCP e
o BPI, que têm centenas de bal-
Fincor obteve ¤2,738 milhões de
rendimentos em serviços e comis-
sões por operações realizadas por
conta de terceiros sobre títulos
ta, há clientes na Europa (Lon-
dres e Alemanha) e EUA. A Bolsa
de Lisboa representa uma fatia
pequena do negócio, diz.

a Fincor tem? ao facto de ter sido criada uma


plataforma de execução global
que alcança as principais bolsas
mundiais. Aponta ainda como fa-
cões e equipas maiores. No final
de 2011, a Fincor tinha nos seus
quadros 10 trabalhadores, hoje
tem entre 25 e 30 pessoas. Parte
(¤1,660 milhões em 2010) e
¤1,263 milhões de encargos por
operações realizadas por tercei-
ros (¤565 mil em 2010).
Caixa é um grande cliente
Um dos maiores clientes da Fin-
tor distintivo a oferta aos clientes da equipa é, no entanto, compos- “Temos uma equipa de vendas cor é a CGD, segundo apurou o
de um serviço de custódia interna- ta por corretores pagos à comis- com muita experiência, uma gran- Expresso. A tesouraria do ban-
cional, o que permite depositar os são, uma prática que não é co- de carteira de contactos e capaci- co público tem escolhido a Fin-
Corretora tem disputado investimentos fora do país. Ou- mum no mercado português. dade de chegar a muitos clien- cor para efetuar uma parte do
os lugares cimeiros na Bolsa de Lisboa tros vetores de crescimento são, As contas mostram a importân- tes”, explica Pedro Pereira Couti- investimento que faz nos merca-
segundo o mesmo responsável, a cia destes corretores — em 2011, a nho. Além de portugueses, adian- dos acionistas externos, entre
Comprada em julho de 2009 ao por um aumento significativo do equipa de research (análise) e de eles o alemão. Fonte oficial da
BPN pela empresa de serviços fi- volume de transações, que por ve- vendas e o preço oferecido. A Fin- Caixa afirma que o banco públi-
nanceiros Patris, a Fincor está a zes chega mesmo a ultrapassar o cor, salienta, tem conseguido um co trabalha com sete corretoras
dar cartas entre os intermediá- dobro do que a corretora negocia- número interessante de clientes e uma delas é a Fincor.
rios financeiros portugueses. A va em 2010, apesar de os montan- institucionais estrangeiros. A Patris, dona de 100% da Fin-
empresa liderada por Gonçalo Pe- tes movimentados no mercado cor, tem cerca de 20 acionistas
reira Coutinho, acionista maiori- global terem caído. O valor mais Subida causa surpresa — além de Gonçalo Pereira Cou-
tário da Patris, começou a aproxi- alto atingido este ano pela Fincor tinho, os gestores da corretora e
mar-se dos lugares cimeiros em foi ¤535,7 milhões. A repentina ascensão da Fincor investidores do norte do país.
2011 e este ano já esteve uma vez A corretora tem assim disputa- está a causar algum espanto, até Além da Fincor, a Patris — de
em primeiro lugar e três vezes do nos últimos meses os lugares porque os montantes que transa- onde o empresário Miguel Pais
em segundo. de topo com o Banco Espírito San- ciona são acima do normal para a do Amaral saiu recentemente —
É uma subida fulgurante para to de Investimento (BESI) e o Cai- dimensão que a corretora tem. comprou em julho a BPN Ges-
quem antes de 2011 se posiciona- xa BI — instituições que desde Além da sede em Lisboa, a Fincor tão de Ativos.
va nos sétimo e oitavo lugares. O 2008 costumam liderar o ran- tem apenas dois escritórios em re- Anabela Campos
salto da Fincor é acompanhado king das transações de ações. gime de franchising no Porto e acampos@expresso.impresa.pt

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8 de dezembro de 2012 Expresso bpiexpressoimobiliario.pt 27

E AINDA NO EXPRESSO
OPINIÃO PAUL DE GRAUWE MORAIS LEITÃO JOGOS DE MESA IDEALIZADOS
INTERNACIONALIZA-SE EM PORTUGAL ESTÃO A
O mais importante obstáculo
Escritório de advogados faz CRESCER. MESABOARDGAMES
à solução da crise do euro e das questão de permanecer
dívidas soberanas é a atitude distante do poder político
E TABLETIP GAMES SÃO DUAS
moralista e arrogante dos e de não depender do Estado. DAS EMPRESAS A CRIAR JOGOS
governos do Norte da Europa, Administradores Nuno Galvão PARA FAMÍLIAS.
diz Paul de Grauwe, o professor Teles (à direita) e João Soares A SCIENCE4YOU DEDICA-SE AOS
da Silva são contra uma BRINQUEDOS CIENTÍFICOS E35
da Universidade Católica de política agressiva de baixa de
Lovaina, na Bélgica E38 preços, que é “suicídio
coletivo”: o combate à crise
faz-se “partilhando o risco
com o cliente” e através da
internacionalização, para
Angola. Moçambique, Brasil
e Macau E36

IMOBILIÁRIO
Portugal
atrai
brasileiros
O imobiliário português de luxo está a preços de
saldo no Brasil na primeira mostra que decorre fora
da Europa. Os promotores nacionais estão otimistas
Texto Marisa Antunes
Foto António Pedro Ferreira
DISSERAM
Cerca de 1000 imóveis, a grande maio-
ria direcionados para o segmento médio-
-alto e alto, estão agora a ser comerciali- ‘‘Para os atuais padrões
zados no Rio de Janeiro. Os preços de brasileiros, os imóveis
apartamentos e moradias, algumas das portugueses estão muito
quais podem chegar aos cinco milhões
de euros, são considerados de “oportuni- baratos”
dade” para os atuais padrões da abasta- PAULO ELÍZIO DE SOUZA, Pres. Câmara. Port. de
da classe brasileira. A 1ª edição da Mos- Comércio e Indústria do Rio de Janeiro
tra de Imobiliário de Portugal (MIP
2012), que arrancou ontem e vai prolon-
gar-se até amanhã no Palácio de São Cle- ‘‘O ‘visto gold’ é uma
mente, sede do consulado de Portugal belíssima iniciativa, mas
no Rio de Janeiro, juntou alguns dos o valor do investimento
grandes promotores portugueses que
querem atrair um mercado recente mas exigido é muito alto... Em
com tendência crescente. Espanha basta 1/6 desse
As zonas mais centrais e cosmopolitas valor para conseguir a
de Lisboa e Porto são os locais com autorização de residência”
maior procura pelos brasileiros, mas
no MIP é possível encontrar quintas, GILBERTO JORDAN, CEO do grupo André Jordan
moradias ou apartamentos espalhados
de norte a sul de Portugal, como por
exemplo no Minho, Alentejo, Óbidos, ‘‘Queremos colocar
Troia ou Algarve. o mercado imobiliário
“Os brasileiros estão muito acostuma- português no radar dos
dos a comprar a sua 2ª ou 3ª habitação
nos Estados Unidos, em Miami, essencial-
brasileiros’’
mente, mas também em Nova Iorque. CARLOS BEIRÃO DA VEIGA, CEO da Herdade da
Comporta
Até agora nós não temos sabido vender
as belezas de Portugal, a nossa cultura, a
gastronomia, os nossos laços afetivos. E é
isso que nós queremos mostrar naquela ‘‘Temos já vários
que é a primeira mostra de imobiliário apartamentos vendidos
português fora da Europa”, resume ao a cidadãos brasileiros nos
Expresso Paulo Elízio de Souza, presiden- nossos empreendimentos
te da Câmara Portuguesa de Comércio e
Indústria do Rio de Janeiro. do Chiado e do Porto”
A difícil situação em que se encontra o JOAQUIM PAIVA CHAVES, CEO da Espart
mercado imobiliário português e, em con- As zonas centrais de Lisboa e do Porto têm grande procura junto dos investidores brasileiros
traponto, a favorável conjuntura sentida
atualmente no Brasil — com uma classe Gilberto Jordan, CEO do grupo André tuguês, mas tem um senão: “O valor do Herdade da Comporta. Para este respon- ta mostra tem um grande interesse estra-
média-alta e alta emergente — criaram Jordan, presente no MIP com o Belas investimento exigido é muito alto. Em sável, o ‘visto gold’ vai potenciar a procu- tégico para nós. Portugal é uma porta de
as condições ideais para esta aposta nos Clube de Campo, corrobora: “Em com- Espanha basta 1\/6 desse valor para con- ra brasileira até por questões fiscais. “É, entrada para o continente europeu e te-
cidadãos brasileiros e lusodescendentes. paração (e sem olhar às localizações), seguir a autorização de residência”. Re- sem dúvida, uma boa opção para quem mos vindo a assistir a um aumento da
“Os preços dos imóveis em Portugal es- as casas com equivalente padrão de qua- corde-se que, entre outras medidas, o queira mudar a sua morada fiscal e ter procura por parte dos cidadãos brasilei-
tão infinitamente mais baixos que aqui lidade às que temos em Portugal, cus- ‘visto gold’ ou a autorização de residên- acesso a um passaporte de entrada na Co- ros que querem uma 2ª habitação que se
no Brasil. O Brasil está muito caro”, subli- tam 4 ou 5 vezes mais no Brasil”. O ad- cia a não europeus é concedida a quem munidade Europeia”. poderá transformar, mais tarde, numa 1ª
nha Paulo Elízio, exemplificando: “Um ministrador da Planbelas lembra ainda adquira um bem imóvel de valor igual A procura por parte de compradores habitação. Temos já vários apartamentos
T3 no bairro do Leblon — e já nem vou que o ‘visto gold’, medida do Governo ou superior a ¤500 mil. brasileiros já começou a ser sentida nos vendidos no Chiado (Edifício Ivens 31) e
considerar os apartamentos de frente pa- português que entrou em vigor a 8 de Fundamental mesmo é não perder empreendimentos de luxo da Espart, hol- no Porto (Edifício Foz Diogo Botelho) e
ra o mar mas na 2ª quadra — não custa outubro para atrair o investimento es- mais tempo e “colocar o mercado imobi- ding para o sector imobiliário do grupo eles pesam já cerca de 15% na nossa car-
menos de cinco milhões de reais, ou seja, trangeiro, “é uma mais-valia” que vem liário português no radar dos brasilei- Espírito Santo, como confirmou Joa- teira de clientes”.
cerca de ¤2 milhões”. reforçar a atratividade do mercado por- ros”, diz Carlos Beirão da Veiga, CEO da quim Paiva Chaves, CEO da Espart. “Es- mvantunes@impresa.pt

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28 bpiexpressoimobiliario.pt Expresso 8 de dezembro de 2012

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rr@paresadvogados.com

novos espaços localizados

com 70% de procura no Cais da Matinha que,


após recentes trabalhos de
recuperação desenvolvidos
pela Associação de Turismo
de Lisboa (ATL), estão agora
As reparações nos vãos das
janelas englobados na
fachada de um prédio são
da responsabilidade dos
condóminos?
Alegro Setúbal
já arrancou

aptos a receber eventos: o (Fernanda Soares)


Armazém 23 e o Armazém
AJ 23. A lei enumera as partes co-
muns, distinguindo entre as
que são imperativamente co-
muns e as que são presumi-
Rangel em damente comuns. A estrutu-
ra do prédio, da qual fazem
Moçambique parte integrante as paredes
exteriores do edifício, é par-
te imperativamente co-
Depois de Angola, o grupo mum. As partes que consti-
Rangel avança agora com o tuem a fração não se encon-
seu processo de internacio- tram legalmente elencadas,
nalização em Moçambique. devendo ser identificadas
Em comunicado, a empresa no título constitutivo. Portugal tem 155 centros
de logística anunciou que Entende-se assim que faz comerciais mas curiosamente
até 2014 deverá investir 3,8 parte da fração o que nela nenhum deles se situa em
milhões de euros para fo- estiver englobado e que não Setúbal. A cidade é a única
mentar a sua entrada neste seja comum por força da lei capital de distrito que ainda
mercado. ou do título constitutivo. No não possui um centro
Assim, para 2013, o grupo que respeita à natureza es- comercial.
Rangel prevê inaugurar a pecífica (comum ou pró- Uma lacuna na oferta
O centro comercial vai ocupar 20.000 metros quadrados de área de construção sua filial em Nacala, bem co- pria) dos vãos da janela, con- comercial que a Immochan,
mo arrancar com a constru- tudo, os tribunais não têm si- imobiliária do grupo Auchan,
A um ano milhões, sendo esta a última fa- ne, a que se juntam a Game e ção de uma plataforma logís- do unânimes, entendendo vai preencher quando
se em construção. outras lojas satélite, exploradas tica com 4000 m2, em Ma- umas vezes que são partes inaugurar, em finais de 2014, o
da inauguração, Com 20.000m2 de área de cons- por parceiros locais. Também puto. comuns por serem compo- Alegro Setúbal, terceiro da
o centro comercial trução (e 16.400m2 de área bru- está prevista a assinatura até ao nentes da fachada do edifí- marca em Portugal depois de
ta locável), distribuídos por dois final do ano de um contrato cio, outras que pertencem Alfragide e Castelo Branco.
de Évora já tem 70% pisos, o centro comercial prevê com uma insígnia alimentar in- ao proprietário da respetiva O Espaços & Casas foi
do seu espaço atingir um universo de 300 mil
pessoas, constituindo-se como
ternacional.
Paralelamente à componente
¤1,9 milhões fração autónoma. As deci-
sões mais recentes vão nes-
acompanhar as obras que
arrancaram este mês junto ao
comercializado. um polo de atração para todo o comercial, o Évora Shopping pre- para convento te último sentido. Os auto- Jumbo de Setúbal que será,
O centro vai criar 600 Alentejo. tende igualmente marcar posi- res que escrevem sobre esta aliás, a âncora deste projeto
postos de trabalho A C&A, a Sportzone e a Zippy ção nas atividades de lazer da po- matéria têm-se pronuncia- orçado em cerca de ¤110
são algumas das insígnias que já pulação local e circundante, es- O município de Câmara de do maioritariamente no sen- milhões.
asseguraram presença, juntan- tando prevista a abertura de cin- Lobos está a recuperar o tido de que os vãos das jane-
O Évora Shopping, que está nes- do-se a referências como a Per- co salas de cinema, devidamente único convento franciscano las com tudo o que as inte-
te momento em construção e fumes & Companhia, a Multióp- dotadas com as mais recentes tec- que ainda existe na Madei- gram (caixilhos, vidros, per- Paolo Portoghesi
tem a inauguração prevista pa- ticas, a Bijou Brigitte, a Claire's nologias de projeção e som. Se- ra, um investimento de ¤1,9 sianas, portadas e estores) e
ra outono de 2013, já tem 70% (no segmento dos acessórios) gundo a empresa, neste momen- milhões e que deverá estar que servem o uso exclusivo em entrevista
do seu espaço comercializado. ou a Dara Jewels, esta última to estão a ser ultimadas as nego- concluído por ocasião dos de um condómino são distin-
De acordo com a Evret SA, pro- com uma oferta distintiva na ciações com o operador que irá 500 anos da diocese do Fun- tos delas, pertencendo ao
motora do projeto, “os traba- área da joalharia. No que diz res- explorar as salas, permitindo, chal, em 2014. proprietário da fração autó-
lhos de construção decorrem peito às telecomunicações, está desta forma, o regresso da Séti- A reabilitação do conven- noma. A natureza privativa
dentro do plano estabelecido, garantida a presença da Vodafo- ma Arte à região. O centro co- to é financiada a 85% pelo das janelas tem sido funda-
acompanhando o ritmo da co- mercial vai ainda disponibilizar programa europeu Inter- mentada com o argumento
mercialização das lojas, não sen- 1200 lugares de estacionamento, vir+, e o restante valor deve- de a sua conservação depen-
do de esperar qualquer tipo de Promovido pela Evret SA, 500 dos quais subterrâneos. rá ser repartido entre autar- der do modo como o condó-
derrapagem nas datas previstas o novo centro comercial A importância do investimen- quia, diocese — proprietá- mino dela se serve. As des-
para a inauguração de uma to para a cidade de Évora e para ria do espaço — e a ordem pesas de reparação das par-
obra que tem corrido bem e tem implícito a envolvente mede-se também dos franciscanos que irá, tes do edifício que integram
com normalidade”. um investimento pelo emprego que irá gerar. A novamente, fixar residên- a fração deverão ser supor-
O complexo comercial repre- de ¤60 milhões Evret estima a criação de 600 cia no local. tadas pelo proprietário.
senta um investimento de ¤60 postos de trabalho.

AVALIAÇÃO MÉDIA DAS CASAS


Opinião
O conhecido arquiteto italiano
Luís Lima que entre 1979 e 1992 esteve à
Presidente da Direção frente da secção de arquitetura
Nacional da APEMIP da Bienal de Veneza, esteve em
Portugal a dar conferências na
Universidade de Coimbra,
Um país que parece Évora e no Instituto Superior
de Ciências do Trabalho e da
estar em guerra Empresa. Aos 81 anos, mantém
FOTO ANTÓNIO PEDRO FERREIRA

um espírito crítico do trabalho


dos arquitetos e dos desafios
que se abrem à arquitetura.

taxa de esforço das famílias portuguesas começa a dar

A sinais de estar em limites muito mais insuportáveis


do que imaginamos quando até os incumprimentos
dos condomínios estão a crescer para valores inabituais,
a par de decisões pouco ortodoxas como as de espaçar as
limpezas das zonas comuns ou, pior ainda, deixar de assegurar
Minuto Imobiliário

A venda de uma casa obriga a


alguns procedimentos fiscais
a manutenção de elevadores, o que implica, a não utilização sempre que dessa alienação
O valor médio nacional de avaliação bancária (¤1231/m2); Porto (¤1303/m2) e Póvoa de desses mesmos elevadores. resultem mais-valias
para habitação situou-se nos ¤1026/m2, em Varzim (¤1101/m2). Mas não só. Através Num cenário de agravamento dos impostos sobre o património monetárias.
outubro. De acordo com o Instituto Nacional dos dados do INE é ainda possível observar e sobre os rendimentos, neste tempo de difícil funcionamento
de Estatística (INE), esse valor reflete uma que entre as 40 cidades em análise do próprio mercado de compra e venda (assim impossibilitado
variação mensal negativa de 0,1% e um destacaram-se, também, com valores acima de funcionar como solução fácil para in extremis acudir a apertos
decréscimo de 6,1% em comparação com o da média nacional, Portimão (¤1294/m2), ainda maiores), esta tendência para o incumprimento de obrigações Espaços & Casas
período homólogo do ano passado. Faro (¤1181/m2), Évora (¤1153/m2), Coimbra comuns no âmbito de um condomínio projeta cidades como as que
Numa desagregação por regiões é (¤1140/m2), Olhão (¤1055/m2) e Aveiro nos habituamos a identificar em países fustigados por guerras. E não
na SIC Notícias
interessante verificar que no mês em análise, (¤1029/m2). podemos responsabilizar as mais de 75% das famílias portuguesas Sábado 8h30
a Madeira registou o valor médio de avaliação Numa análise por tipo de habitação, mais que ainda são proprietárias da casa onde vivem, gente que na Repetição Segunda-feira 20h30
mais elevado (¤1376/m2). concretamente por apartamentos versus realidade foi “forçada” a adquirir casa própria num fenómeno
Nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, moradias, no mês em análise o valor médio, que durante muitos anos foi marcado pela quase exclusividade do Programa com o apoio de
o valor médio no mês em análise foi, no âmbito nacional, era ¤1057/m2 e ¤971/m2, mercado imobiliário de compra e venda, num quadro de facilidades
respetivamente, de ¤1217/m2 e ¤964/m2. respetivamente. Comparando o mês em de acesso ao crédito, sem outras alternativas habitacionais racionais.
Nestas, é de salientar, com valores acima análise, com o mesmo período em 2011, Muitos dos que durante anos e anos foram aliciados para adquirir
das respetivas médias metropolitanas, os observou-se uma contração mais acentuada a crédito fácil casa própria estão agora, pela alteração perversa
municípios de Lisboa (¤1767/m2), Cascais nos apartamentos (-6,6%) comparativamente das condições de vida que eram dadas como adquiridas, a pagar
(¤1567/m2), Oeiras (¤1414/m2), Loures com as moradias (-6,2%). um preço que não aguentam para lá dos limites da taxa de esforço
(¤1298/m2), Almada (¤1273/m2) e Odivelas Fonte: Gabinete de Estudos da APEMIP que poderiam, realisticamente, aceitar e projetar.
O país não está em guerra, mas em alguns aspetos parece.

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8 de dezembro de 2012 Expresso bpiexpressoimobiliario.pt 29

EMPRESA

Um caso de Melom(ania)
Melom Projectos junta à atividade imobiliária
os serviços de arquitetura e engenharia Cresce a dobrar
Para muitos empreiteiros, enge- já, estão a funcionar quatro equi- A nova talhada do melão — o
nheiros civis e arquitetos afeta- pas (duas no Porto e duas em Lis- fruto que é imagem da insígnia
dos pela crise da construção no boa) representando esta nova — será mais fina, pelo menos à
sector imobiliário as alternati- área de negócio. O objetivo é ofe- primeira vista. “Prevemos que
vas são poucas e drásticas. A recer um serviço mais completo. a Melom Projectos poderá ter
emigração é uma delas. Outra, Porque todos os esforços são pou- um máximo de 80 franchisados
também difícil, é olhar para a cos para cativar consumidores ca- com volumes de negócios que
profissão e para o mercado com da vez mais exigentes na hora de andarão pelos 200 mil euros
uma nova mentalidade, mais gastar esse recurso escasso cha- cada unidade”, indica João
aberta às necessidades específi- mado dinheiro. Carvalho. Crescer é a palavra
cas do cliente em época de reces- de ordem na Melom. Desde
são. E perceber que é preciso O fecho do circuito janeiro a outubro de 2012
agarrar as pequenas obras, os ni- duplicaram, sensivelmente, o
chos de negócio, executar tare- “A Melom Projectos comple- número de obras realizadas
fas antes desprezadas pela sua menta a vocação executante da (734) e o volume da faturação
diminuta escala e valor. Este é, Melom e representa o fecho do (quase ¤2,5 milhões) em
pelo menos, o desafio da Me- circuito do imobiliário, criando relação a 2011 (início de
lom, marca portuguesa especia- as sinergias de desenvolvimento operações em fevereiro). Até
lizada nas áreas da reabilitação de todo o modelo de negócio”, ao final deste ano a empresa
de imóveis, que, percebendo a explica João Carvalho, diretor- estima chegar às 1000 obras
mudança estrutural em curso, -geral da empresa e ele próprio realizadas para um volume de
se colocou a favor do vento. arquiteto de formação. negócios de ¤3,3 milhões.
Em fevereiro do ano passado, A “lacuna” agora preenchida Às 55 unidades Melom tradicionais juntam-se agora quatro novas empresas Melom Projectos
iniciou operações através de diz respeito a variados serviços
uma rede nacional de franchisa- de arquitetura (estudos prévios, na Melom tradicional — benefi- com o chamado boca a boca. “U- têm de ir à procura do cliente”. considera o cofundador da Melom.
dos aptos a prestarem os mais di- licenciamento, loteamento, exte- ciam das vantagens associadas à ma revolução mental tremen- Na Melom, o reajustamento Uma vez tomada esta consciên-
versos serviços de construção ci- riores e interiores, design, ma- marca: visibilidade, um centro da!”, classifica João Carvalho. passa por uma “terapia de cho- cia, não faltará por onde compe-
vil (carpintaria, serralharia, pin- quetas, filmes 3D, entre outros), de atencimento para gerir e dis- “Nós temos aqui excelentes em- que” que inclui distribuir folhe- tir: “Há muitas pessoas que, não
tura, pavimentos, canalização, de engenharia civil (projetos de tribuir encomendas de trabalho, preiteiros com uma média de tos ou interagir com visitantes nu- podendo comprar casa nova, que-
entre outros). O número destas fundações, estruturas, segurança as ferramentas digitais (site, re- idades alta que sempre fizeram ma grande superfície comercial. rem melhorar as suas habitações,
unidades foi aumentando das 17 contra incêndio, medições acústi- des sociais, simulador online de de uma maneira e sempre cor- E nem os arquitetos estão a sal- seja para aumentarem a sua quali-
pioneiras até às atuais 55. E, des- cas), e de engenharia eletrotécni- orçamentos…), além de uma for- reu bem. E agora é-lhes dito pa- vo: “Em geral, os gabinetes de dade de vida, seja para valoriza-
de outubro, a empresa abriu ca e mecânica (projetos de eletri- te e cada vez mais indispensável ra fazerem completamente dife- projeto não olhavam para as re- ção tendo em vista uma posterior
uma nova frente de trabalho: a cidade, segurança contra intru- formação em marketing. rente! Porque hoje têm de lidar modelações com atenção por ser venda”. Sem esquecer o acrésci-
Melom Projectos vem juntar à re- são, AVAC), sem esquecer pare- Esta última disciplina tem si- com os clientes a irem à obra e uma área dominada por desig- mo de obras que se perspetiva
de já existente o contributo da ceres, vistorias e consultadoria. do, aliás, uma verdadeira prova a telefonarem a questionar tu- ners ou decoradores e também agora com a nova Lei do Arrenda-
atividade específica de arquite- Os franchisados da Melom Pro- de fogo para quem estava habi- do, têm de agarrar trabalhos não estão preparados para dialo- mento.
tos e engenheiros, também eles a jectos — que deverão ser arquite- tuado a ter romarias de clientes que antes desprezavam por te- garem com clientes mais exigen- Jorge A. Ferreira
braços com o desemprego. Para tos, obrigatoriedade inexistente para comprar imóveis quase só rem menos retorno em valor, e tes quanto a preços e prazos”, economia@expresso.impresa.pt

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30 bpiexpressoimobiliario.pt Expresso 8 de dezembro de 2012

ANÁLISE

Lisboa tem capacidade para


atrair investimento imobiliário
quer que seja a perspetiva utili- Numa conferência recente de- ULI — Urban Land Institute, so-
Paulo Silva zada: número de operações, vo- nominada “Procurar a Procura bre a estratégia para o merca-
lume de transações (¤), preços para os Escritórios em Lisboa”, do de segunda mão em Portu-
abe qual é a cidade que unitários alcançados. O que nos realizada com o objetivo de en- gal (The strategy for the Se-

S em 2011, no estudo “Eu-


ropean Cities Monitor”,
elaborado pela C&W,
atingiu as seguintes classifica-
ções: 29º lugar no acesso a mer-
permitirá contrariar esta reali-
dade?
Olhando para o mercado de es-
critórios em particular, num
contexto onde escasseiam as
contrar novas vias de crescimen-
to para o mercado de escritó-
rios, foram identificados alguns
pontos críticos, aspetos-chave e
caminhos a seguir que poderão
cond Home Market in Portu-
gal), na qual foram analisados
números que são muito incomo-
dativos e que nessa medida de-
vem ser uma mola impulsora
cados; 31º em pessoal qualifica- transações, e na perspetiva dos e deverão ser extrapolados para para a definição e desenvolvi-
do; 31º em qualidade de teleco- proprietários de imóveis que os demais segmentos de merca- mento de ações concertadas
municações; 31º em ligações pretendem ocupar as áreas que do imobiliário e para outros pro- com vista a contrariar a realida-
transporte internacionais; 23º se encontram devolutas nos dutos e/ou serviços. de que refletem.
em clima de Governo local; Como evidência desta realida- Tendo sido estimadas as ven-
30º em domínio de línguas es- de temos alguns casos recentes das na Europa de segundas ha-
trangeiras; 26º em transporte Portugal absorveu 8% de empresas que instalaram em bitações a estrangeiros, de 2001
na cidade e 27º em qualidade das vendas de segundas Portugal centros de competên- a 2011, em ¤9,75 mil milhões/a-
de vida do staff? A resposta é: habitações a estrangeiros cia e de serviços partilhados no, valores que representam
Lisboa. entre 2001 e 2011 com elevado nível de satisfação, “exportações de imobiliário”, a
Poucos serão os que concor- traduzido em recentes aumen- quota de mercado apresentada
dam que Lisboa tem pouca qua- tos das suas capacidades instala- pela nossa vizinha Espanha foi
lidade nas telecomunicações, seus edifícios, os argumentos das, relativamente aos quais de 81% (¤6.150.000.000/ano),
no domínio de línguas estran- imediatos para a ocupação des- gostaria destacar: BNP Paribas, ao passo que a Portugal coube
geiras, no transporte na cidade, tas áreas passam pela redução Fujitsu, Siemens, Solvay 3S e uma fatia estimada em
pouca qualidade de vida. dos valores de comercialização. LusoTechnip. ¤750.000.000/ano (8%). Te-
Da imperativa reflexão a que Também a concessão de meses Estas empresas constituem mos aqui claros indicadores de
nos conduzem as conclusões de carência de rendas e compar- uma bandeira que Portugal de- canais de escoamento de imobi-
acima indicadas, facilmente ticipações nos custos de mudan- veria içar bem alto e divulgar de liário nos mercados externos,
concluímos que a responsabili- ça e instalação que no final do uma forma cirúrgica junto de para os quais se torna imperati-
dade da imagem que existe no dia fazem os valores de arrenda- mercados-alvo constituídos por vo o desenvolvimento de estra-

FOTO JOÃO CARLOS SANTOS


estrangeiro sobre as nossas mento implícitos de alguns es- decisores de empresas simila- tégias de divulgação e desenho
competências, neste caso em critórios concorrerem com valo- res, de forma a permitir contra- de um quadro fiscal atrativo de
particular da cidade de Lisboa, res de arrendamento que ainda riar a imagem que de uma for- forma a ir buscar maior receita
se deve à ausência da sua pro- há pouco tempo atrás se regista- ma genérica existe sobre o nos- de impostos com taxas mais re-
moção adequada. vam para armazéns. so país. duzidas.
O mercado imobiliário, de Estas práticas, no meu enten- Noutro plano gostaria desta- Diretor-geral da Aguirre
uma forma geral, apresenta dimento, são suicidas e só con- car uma apresentação recente Newman Portugal
uma acentuada redução dos tribuem para a destruição de da APR — Associação Portugue- Membro do Comité de Direção
seus níveis de atividade, qual- valor. sa de Resorts, promovida pelo da Aguirre Newman Espanha Lisboa não está a ser bem promovida no estrangeiro

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8 de dezembro de 2012 Expresso bpiexpressoimobiliario.pt 31

REUTILIZAÇÃO URBANA

Estação Central: projeto com ‘selo’ de criatividade


O antigo edifício dos CTT no Cais do Sodré,
vai acolher empresas da área criativa Novos usos
O edifício que albergou a esta- depois, adquirido pela socieda- “Atendendo ao atual momento
ção central dos CTT em Lisboa, de de investimentos imobiliá- do mercado imobiliário, a
na Praça D. Luís I (junto ao Mer- rios Habitat Vitae — está pronto aposta dos proprietários
cado da Ribeira, Cais do Sodré), a ser reocupado, uma vez que deverá centrar-se na
em Lisboa, está a ser alvo de um não necessitou de quaisquer reutilização dos edifícios”,
processo de reutilização do espa- obras e tem todas as suas funcio- preconiza Fernando Vasco
ço, que se pretende agora voca- nalidades básicas operacionais. Costa. Tomando como exemplo
cionado para um hub de em- Um exemplo do conceito de o antigo edifício dos Correios, é
preendedorismo e criatividade. reutilização de espaços — pela de notar que o mesmo estava
Esperam-se empresas de publici- sua conversão em novas funções em bom estado (até porque a
dade, marketing, ateliês de artis- sem necessidade de investimen- função anterior foi desativada
tas e arquitetos, showrooms de to prévio — que é defendido, con- há menos de dois anos) mas
moda e de design, áreas para co- victamente, pelo consultor da outras situações haverá em
working, entre outras. JLL (ver caixa). que não será possível evitar
Segundo Fernando Vasco Cos- O “Estação Central” caracteri- gastos para a adaptação.
ta, consultor estratégico da Jo- za-se pela sua grande dimensão, Contudo, o consultor
nes Lang LaSalle (JLL), empre- estratégico da JLL sublinha
sa responsável pela gestão do que, “em qualquer caso, o
projeto, estão em curso “algu- O edifício, propriedade essencial é aproveitar ao
mas iniciativas de incubação e da Habitat Vitae, máximo o que já existe e ter
disponibilização de espaços pa- está em fase uma intervenção criativa com
ra start ups de diversas ativida- de pré-comercialização custos mínimos”. Conventos,
des” no âmbito de negociações Os promotores acreditam poder abrir a Estação Central já em janeiro de 2013 edifícios de habitação, centros
com vários agentes interessa- comerciais e até fábricas,
dos, incluindo a Câmara de Lis- num conjunto de 5 pisos em que a localização central do futuro espaços maiores, mas variam de dedor e criativo que pretende alguns até em degradação,
boa. No entanto, “por agora, ne- cada um deles apresenta cerca núcleo empresarial, seja em acordo com as características de afirmar. Um perfil que, aliás, fazem parte das possibilidades
nhum contrato está fechado”. de 2400 m2 de Área Bruta Locá- acessibilidades e transportes (o cada área disponível”, diz este tem muito em comum com ou- de aplicação da reutilização
O objetivo da atual fase de pré- vel (ABL). “Uma área e amplitu- interface do Cais do Sodré está responsável. tro projeto já consolidado não urbana. A qual, todavia, “não
-comercialização passa por atin- de não comuns nesta zona da ci- bem perto), seja pela proximida- Sem obras de adaptação neces- muito longe, em Alcântara: a deve ser encarada como uma
gir o número suficiente de proje- dade, a qual tem vindo a registar de a estabelecimentos e institui- sárias à partida, o edifício deverá Lx Factory. solução de longo prazo, mas
tos âncora (a partir de 650 me- uma maior procura para este ti- ções de cariz atrativo como o apenas vir a sofrer uma “inter- “Ao nível do tipo de empresas sim como uma solução para
tros quadrados) para que o em- po de atividades”, destaca Fer- Mercado da Ribeira, a Ordem venção superficial ao nível da fa- a que se destina pode haver simi- ‘ganhar tempo’ até tudo ser
preendimento, batizado “Estação nando Vasco Costa, realçando, dos Arquitetos, equipamentos chada para aligeirar a sua ima- litude, mas o edifício da Lx Fac- um pouco mais claro e, nessa
Central”, possa começar a sua no- ainda, a “grande diversidade” de de ensino superior (IADE, Uni- gem pesada que remete para o tory é de raiz industrial e o Esta- altura, poder tomar decisões
va fase já em janeiro de 2013. espaços disponibilizados pela versidade Autónoma, Lusófona Estado Novo”, uma vez que foi ção Central tem outra génese e mais estratégicas”, conclui
Segundo o consultor, o edifício própria estrutura do imóvel (des- e ETIC), ou novas unidades hote- construído no início dos anos 50. outro tipo de condições”, rema- Fernando Vasco Costa.
— vendido pelo anterior ocupan- de 20 m2 a 750 m2). leiras, bares e restaurantes. O objetivo é que fique com ta Fernando Vasco Costa.
te (o Estado) há quase dois anos Outra das principais vanta- Quanto a rendas, “existem pre- um aspeto exterior mais de Jorge A. Ferreira
a um fundo de investimentos e, gens apontadas prende-se com ços a partir dos ¤8/m2 para os acordo com o espírito empreen- economia@expresso.impresa.pt

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32 bpiexpressoimobiliario.pt Expresso 8 de dezembro de 2012

CASAS DO MUNDO

Pecado arquitetónico em terras holandesas


Uma antiga igreja Bem longe dos pruridos nacio- Por dentro, porém, apenas o te- racional, os proprietários opta- uma escada de acesso a essa zo- pormenor que se destaca no inte-
nais que preservam zelosamen- to preserva ainda as reminiscên- ram por um interior livre de di- na da habitação. rior do loft é a zona de escritório,
evangélica foi te os espaços de culto de inter- cias da igreja evangélica. visões e obstáculos. Para man- Bem humorados, os proprietá- instalado no antigo púlpito da
transformada num venções arquitetónicas mais Assim, como pontos-chave da ter a sensação de espacialida- rios apelidaram esta escada, que igreja, uma reinvenção do espa-
afoitas, esta antiga igreja situa- conceção do projeto contam-se de, incluiu-se apenas um meza- se revela uma peça central do es- ço interior que surpreende
moderno loft, num da na pequena localidade de a preservação da fachada e da nino que acolhe a chamada sala paço habitacional, como ‘stair- quem percorre a casa.
projeto do ateliê Haarlo, na Holanda, é hoje torre do sino, o espaçoso volu- de relaxamento (com uma ca- way to have fun”, onde não falta Dentro do espírito de originali-
uma residência particular en- me de 1100 m3 (que os proprie- ma, um sofá e uma banheira) e a cor vermelha do pecado a co- dade que se vive em todo o espa-
holandês LKSVDD. quadrada num ambiente muito tários quiseram manter desanu- brir os degraus que levam à zona ço, os proprietários colocaram,
Onde em tempos peculiar. viados de mobiliário) e detalhes mais privada da casa. A escada em jeito de boas-vindas, ove-
existiu o altar, é hoje Sugestivamente batizada de imprescindíveis para manter o A fachada e a torre vai para além da funcionalidade lhas tresmalhadas no jardim,
“God’s Loftstory”, a casa foi rea- espírito do lugar como os vi- do sino mantiveram-se mais básica de aceder a um piso em busca do caminho certo pa-
o escritório da casa daptada pelo ateliê LKSVDD trais, o telhado e as portas em
intactas. Por dentro,
superior, delimita os espaços en- ra uma hipotética rendição, re-
(Leijh Kappelhoff Seckel van madeira maciça ou as janelas tre a cozinha, a sala de estar e o mata-se ainda na memória des-
den Doppelsteen) que manteve em arco. a casa assume escritório, acolhe espaços de ar- critiva do projeto.
a tradicional estrutura desta an- Partindo de um orçamento li- um estilo irreverente rumação e é também um elemen- Marisa Antunes
tiga igreja, edificada em 1928. mitado e um design eficiente e to de isolamento acústico. Outro mvantunes@impresa.pt

IRREVERÊNCIA No espaço
interior, o teto não engana,
revelando as reminiscências
da antiga igreja evangélica
edificada em 1928.
O volume manteve-se
essencialmente livre
de divisórias à exceção
de um mezanino — apelidado
de sala de relaxamento — e da
respetiva escada de acesso
que cumpre diversas funções
desde separador de espaços
a zona de arrumação.
FOTOS VINCENT VAN DEN HOVEN

ESCRITÓRIOS

Serviços à la carte Facilitar a vida pessoal no local


de trabalho é o lema dos servi-
ços de concierge aplicados aos
O serviço de concierge funcio-
na na receção do edifício e dispo-
nibiliza às empresas e seus cola-
sencialmente na receção do Mar
Vermelho.
“Este serviço permitirá à em-

no edifício Mar edifícios de escritórios. Benes-


ses ainda difíceis de encontrar
nos espaços empresariais em
Portugal e que se tornam mais-
boradores uma vasta gama de
serviços, incluindo baby-sitting,
organização de festas/eventos,
assistência domiciliária a ido-
presa ocupante focar-se no seu
negócio e deixar de ter recursos
alocados a atividades que não
são core”, sublinha João Madei-

Vermelho -valias para quem arrenda e pa-


ra quem ocupa o espaço.
Foi a pensar na criação deste
sos, cuidados a animais de esti-
mação, colocação de pessoal do-
méstico, contratação de obras,
ra de Andrade, da Commerz
Real.
Esta nova iniciativa insere-se
valor acrescentado que o edifí- lavandaria, arranjos de roupa, no projeto Sustainable Commu-
cio Mar Vermelho, no Parque sapateiro, catering, lavagem de nity da Cushman & Wakefield,
das Nações, propriedade da viaturas, serviço de motorista, que pretende comunicar as boas
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Cushman & Wakefield, passou tos outros. espaço de trabalho.
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34 bpiexpressoimobiliario.pt Expresso 8 de dezembro de 2012

RETALHO INTERNACIONAL BREVES

Chineses à conquista da Europa Escritórios


virtuais
A Invest Lisboa, agência
de promoção económica
da cidade de Lisboa, criou
um serviço low-cost
Grandes retalhistas Os retalhistas chineses estão a de escritórios virtuais, que
expandir-se fortemente na Euro- oferece a empresários
chineses — que pa, em especial no Reino Unido, soluções destinadas
nada têm que ver país que funciona como uma es- a apoiar a mobilidade e a
pécie de trampolim para as em-
com os habituais presas que querem lançar-se in-
flexibilidade necessárias
às suas empresas.
bazares que se ternacionalmente. Este movi-
mento de expansão revelou-se
multiplicam em de forma evidente nos últimos Edifício Ivens 31
Portugal meses e nada tem a ver com a a bom ritmo
— já começaram multiplicação das habituais lo-
jas de chineses que tão bem co- O Edifício Ivens 31, no
a expandir-se nhecemos em Portugal. Chiado, que pertence à
para a Europa A tendência, revelada no mais
recente estudo realizado pela
Espart (holding do grupo
Espírito Santo), já vendeu
consultora Jones Lang LaSalle, 60% dos seus
“Destination Europe 2013”, refe- apartamentos. A semana
re-se a grandes empresas chine- passada não poderia ter
sas, ainda pouco conhecidas fo- corrido melhor: foram
ra do seu país de origem, que se vendidos dois dos quatro
destacam por uma qualidade duplexes do imóvel, que
mais consistente dos produtos deverá estar concluído já
que comercializam. no final deste mês.
A cadeia de moda Bosideng é
um bom exemplo deste fenóme- “Casa
no, como realça Patrícia Araú-
jo, responsável pelo departa- Portuguesa”
mento de retalho da JLL. “Esta Depois dos bazares dos chineses, vêm aí as grandes cadeias de retalho FOTO ANTÓNIO PEDRO FERREIRA no verão de 2013
expansão recente nada tem a
ver com as lojas chinesas tradi- crombie & Fitch, uma cadeia ainda Londres como a localiza- para os 170 em 250 empresas. O projeto “Uma Casa
cionais, os bazares. Falamos de de vestuário, é uma delas. A cri- ção europeia mais atrativa para Em Lisboa, há muito que o co- Portuguesa”, pioneiro
grandes lojas de marca que já se se económica despertou o inte- estas multinacionais. mércio de rua nas zonas prime na utilização de produtos
encontram bem consolidadas resse das marcas americanas Paris, Moscovo, Milão e Ma- se tem revelado em contraciclo 100% nacionais, ao nível
na China”. em relação à Europa por uma drid sucedem-se a Londres. Lis- com o restante mercado. Uma da construção e decoração,
Praticamente desconhecida questão de diversificação de boa surge no 19º lugar (ex aequo tendência que será reforçada a vai abrir ao público
fora do seu país de origem on- risco”, exemplifica a responsá- com Varsóvia e Dusseldorf). muito curto prazo devido à en- no verão do próximo ano.
de opera em mais de 10 mil ou- vel da JLL. “Lisboa está, apesar de tu- trada em vigor da nova lei do ar- A casa está situada numa
tlets, a Bosideng abriu a sua O estudo, que analisou a pre- do, numa boa posição. Dos rendamento, vaticina a respon- das Aldeias do Xisto,
primeira loja em Londres, em sença de 250 retalhistas interna- 250 retalhistas do estudo, 120 sável da JLL. “Há muitos contra- Ferraria de São João,
agosto passado. Paralelamente cionais (não só de vestuário mas marcam presença nos centros tos antigos que vão começar a em Penela, e foi projetada
aos chineses, também empre- também de acessórios e cosméti- comerciais e lojas de comér- sofrer mexidas devido à procura pelo arquiteto Pedro
sas americanas avançam para ca, entre outros) em 57 merca- cio de rua”, diz Patrícia Araú- internacional”. M.A. Homem.
o continente europeu. “A Aber- dos de retalho chave, apurou jo. Em Madrid, o número sobe mvantunes@impresa.pt

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 35

JOGOS DE MESA

Gil d‘Orey e Tiago Teixeira Science4You


de Abreu no Mercado de Natal
do Campo Pequeno,
em Lisboa, onde estiveram
‘joga’ com
esta semana a vender os jogos
da MESAboardgames
a ciência
FOTO TIAGO MIRANDA

Jogos científicos chegam à


Polónia no próximo ano, às
lojas da cadeia Biedronka,
da Jerónimo Martins. Foco
é a internacionalização

Jogo
de química
é dos mais vendidos
e a aposta natalícia

Miguel Pina Martins mal sabia


que por trás do projeto de final
de curso, de criar uma marca de
brinquedos científicos, estava
um negócio que este ano deverá
faturar ¤1,2 milhões e que em
2013 vai estar à venda na Poló-
nia, na cadeia de supermerca-
dos de baixo custo da Jerónimo
Martins, Biedronka.
“A crise não tem passado por
nós. Conseguimos fidelizar os

Portugueses faturam a brincar clientes porque somos um pro-


duto de qualidade”, avança Mi-
guel Pina Martins, fundador e
presidente da Science4You, refe-
rindo-se à duplicação do volume
de vendas entre 2011 e 2012. O
facto de as necessidades das
crianças, e a compra de jogos
MESAboardgames e Tabletip Games são duas das empresas que criam jogos de mesa educativos, serem das últimas
coisas em que as famílias cor-
Gil d’Orey fala de forma apaixo- O “Bolsa” foi criado um escritório para optarem pelo Carlos Mesquita a mais dois só- tam em momentos de maior difi-
nada quando o assunto são jo- por Gil d’Orey para a Majora, teletrabalho. “Todo o dinheiro cios, Marco Vala e André Perei- culdade ajuda o negócio, que foi
gos de tabuleiro ou de mesa. To- como o “Petróleo SA” que entrou com o nosso novo só- ra. Quiseram explicar num jogo montado em parceria com a Fa-
da a vida adorou os jogos que e o “Aljubarrota” cio (o fundo Bem Comum) foi pa- como um país pode chegar à fa- culdade de Ciências da Universi-
permitem reunir a família e os ra investir em produção. Não faz lência, pegaram em ¤10 mil de dade Técnica de Lisboa. “Em
amigos e muito jovem idealizou sentido estoirar dinheiro num es- capitais próprios e deitaram vez de comprarem a Barbie e a
os primeiros protótipos. O pri- critório quando podemos traba- mãos à obra. Agora já estão a casa da Barbie compram só a
meiro a ser comercializado (“Oi- lhar a partir de casa”, sustenta pensar na versão espanhola, a Barbie e um jogo de química”,
tavos”, para a Câmara de Cas- Gil d’Orey. lançar no próximo ano. exemplifica.
cais, em 2008) precisou de espe- Foi também a identificação A internacionalização surge
rar pela idade adulta e pelo per- “Vem aí a Troika” desta tendência que levou a Ma- não por dificuldades no consumo
curso em publicidade. estreia Tabletip Games jora, empresa que comercializa interno, mas pela ambição de des-
Ao fim de 15 anos em agências brinquedos e jogos desde 1939, bravar o mundo. Espanha foi o
de publicidade, Gil d’Orey teve A Tabletip Games entrou no a investir nesta área. Além da primeiro país onde a Science4-
uma epifania quando passeava mercado faz hoje uma semana parceria com Gil d’Orey, criou You chegou, em 2009, a que se
em Almeida, na Guarda. Impres- com o jogo “Vem Aí a Troika”, linhas educativas (ver texto ao sucederam Brasil, França, Grécia
sionado com o património histó- que recria os jogos de poder e lado). “Os brinquedos funcio- e Cabo Verde, com parceiros lo-
rico do concelho foi ao posto de sa”. Fez ainda o jogo sobre car- de Empresários e Gestores). Se- corrupção da política. nam por ciclos, há um boom e cais, além de algumas vendas di-
turismo comprar algo que falas- sharing (partilha de boleias) pa- gundo Tiago Teixeira de Abreu, Pedro Santos, professor no Ins- depois uma quebra. Agora exis- retas em Angola e Moçambique.
se sobre toda aquela riqueza. ra a Galp e pôs em tabuleiro o sócio responsável pela gestão, as tituto Superior Técnico e um te procura de jogos de tabuleiro No final de 2012, a exportação re-
“Só havia abajures e molduras. património de Oeiras e de Lou- vendas em 2012 deverão ter dos coautores do jogo, ao lado porque criam envolvência com presentará cerca de 40% das ven-
Decidi fazer um jogo, mas o pro- res, através de parcerias com es- uma quebra de 18% para ¤160 de Carlos Mesquita, diz que ain- as pessoas”, justifica Pedro Oli- das totais, percentagem que deve-
jeto acabou por não se concreti- tas câmaras municipais. mil, depois do crescimento en- da é cedo para ter dados de ven- veira, diretor comercial da Majo- rá ultrapassar os 50% em 2013.
zar”, recorda. Em 2010, Gil d’Orey percebeu tre 2010 e 2011 de ¤120 mil para das. Garante que já estão 500 jo- ra. Apesar de serem idealizados “A internacionalização é um sen-
A partir daí passou a levar a que para ganhar mercado tinha ¤195 mil. As vendas internacio- gos nas prateleiras, aos quais se em Portugal, os jogos da MESA- timento que deve vigorar. Entrá-
paixão a sério e de forma profis- de crescer. Mudou de nome pa- nais, por seu lado, estão a cres- somam as cerca de 150 unida- boardgames e da Tabletip Ga- mos na União Europeia por algu-
sional. Criou a empresa Gil d’O- ra MESAboardgames e abriu o cer e representam 15% do negó- des vendidas aos apoiantes do mes são produzidos na Alema- ma razão, não é só para consumir-
rey Design, estreou-se com o jo- capital a Tiago Teixeira de cio. Em sintonia com a situação projeto em crowdfunding, no si- nha, e por sua vez a Majora divi- mos os produtos dos outros mais
go “Oitavos” e, mais tarde, idea- Abreu, a Dimitri Dagot e ao fun- económica do país, os sócios ope- te PPL. Na Tabletip Games foi de-se entre Portugal e a China. baratos, temos também de ser ex-
lizou para a Majora os jogos “Al- do de investimento Bem Co- racionais da MESAboardgames também a paixão por jogos de Catarina Nunes portadores”, sustenta Miguel Pi-
jubarrota”, “Petróleo SA” e “Bol- mum (ligado à Associação Cristã (Gil e Tiago) prescindiram de mesa que juntou Pedro Santos e cnunes@expresso.impresa.pt na Martins. C.N.

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36 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

ADVOGADOS

Baixa agressiva de preços é ‘suicídio’


Contra a tendência de dumping no sector, a Morais Leitão adapta-se à crise no mercado interno,
“partilhando o risco com os clientes” e dando gás às parcerias em Angola, Moçambique, Brasil e Macau
Não depender do Estado, para sempre ao máximo que não ções”, adverte o advogado. “Con- clientes, embora não cite nomes. cos. Não fazemos lóbi”. Quanto Para Galvão Teles, Portugal
a Morais Leitão, Galvão Teles, houvesse ligações entre a advo- seguiu-se impor a credibilidade EDP, BCP, Sonae, Sonaecom, ao peso que estes escritórios po- “só tem a ganhar em se posicio-
Soares da Silva e Associados cacia e o poder político. Esta da lei e dos tribunais portugue- Santander, BES, Impresa, Jeró- derão vir a ter nos resultados da nar como uma verdadeira potên-
(MLGTS), é mais do que uma forma de estar faz parte da gé- ses contra o domínio da lei ingle- nimo Martins, Pão de Açúcar e Morais Leitão, “é uma questão cia nos PALOP (países africanos
estratégia. Faz parte do seu nese da sociedade”, acrescenta sa, o que evidencia um grau de Inapa são algumas das grandes que se coloca a médio e longo de língua oficial portuguesa) no
ADN. Nuno Galvão Teles. sofisticação, que é louvável e empresas nacionais que se sabe prazo, depende muito de se um que toca a atrair investimento
“Há muitas sociedades que flo- O importante numa sociedade que não existe em muitos secto- serem assessoradas pela Morais dia seremos autorizados, ou da Europa para lá e vice-versa”.
rescem e encolhem em função de advogados, salientam ambos, res de atividade”. Leitão. não, a ter uma ligação mais efeti- O advogado faz notar que “pela
das oscilações políticas, de esta- é a qualidade jurídica, onde os Outra porta que a Morais Lei- va com essas sociedades, ser- primeira vez percebemos, nos di-
rem mais ou menos próximas escritórios portugueses ganha- tão faz questão de ter fechada é Pés na terra e olhos mos sócios, por exemplo. Neste versos fóruns internacionais on-
do poder”, comenta João Soares ram músculo nos últimos anos. o recurso “a políticas de dum- noutros voos momento são independentes, de estamos, que há uma clara
da Silva, presidente do Conse- “Hoje, a sofisticação ao nível da ping e de baixa de preços agres- criadas com a nossa ajuda, o nos- importância dada a Portugal e à
lho de Administração (com fun- prestação de serviços em áreas sivas”. “Está a acontecer no mer- Embora a atividade desenvolvi- so ADN e que integram a nossa língua portuguesa” enquanto
ções não executivas) do escritó- cado e é um ato coletivo de suicí- da em Portugal seja a priorida- ponte de acesso a África. “A
rio, frisando que “a faturação ao dio, que não paga o esforço e de do escritório — que integra abertura da nossa economia
Estado e ao sector público é mar- Portugal ganhou a qualidade da advocacia portu- nos seus quadros 170 advogados A baixa de preços com as privatizações a países co-
ginal, à volta de 1% a 2%”. sofisticação necessária guesa”, critica Galvão Teles. —, no terreno está em curso um agressiva de alguns mo a China foi um contributo”,
Foram já vários os advogados para competir com o Para dar a volta à crise, o es- plano de internacionalização, so- escritórios é um ato refere. E acrescenta que “as fir-
da Morais Leitão que chega- domínio da lei inglesa critório optou por “estar ao la- bretudo nos países de expressão coletivo de suicídio mas internacionais olham para
ram a ministros, como a atual do dos clientes nos tempos portuguesa, como Angola e Mo- nós como facilitadores de entra-
titular da pasta da Agricultura, bons, mas também nos maus çambique e também Brasil e Ma- da nestes mercados, que são ain-
Conceição Cristas, o que, garan- como a financeira ou fusões e momentos”, explica Soares da cau — através da rede MLGTS rede. Nós não exercemos advo- da de difícil acesso para socieda-
tem os sócios João Soares da Sil- aquisições, por exemplo, é da Silva, concretizando que há Legal Circle. cacia em Angola, nem em Mo- des inglesas, francesas, espanho-
va e Nuno Galvão Teles — tam- melhor do mundo. Demorou al- uma partilha do risco com os No caso dos dois países africa- çambique, partilhamos clientes las ou americanas”.
bém administrador e managing guns anos a alcançar, mas agora clientes. “Sofremos com os nos, a Morais Leitão tem dois es- e eles contam com a nossa aju- Soares da Silva revela que a so-
partner da sociedade —, nunca permite-nos enfrentar a crise no clientes e ajustamos os preços critórios afiliados. “São socieda- da”, salienta Galvão Teles. ciedade tem clientes em Macau
impediu o separar das águas. sector de forma diferente”, refe- nos projetos em que não somos des independentes, fundadas Em Macau têm uma parceria que querem ir para o Brasil, An-
“Não temos nenhum caso na re Galvão Teles. bem-sucedidos”. É gratifican- por advogados locais, com o com uma sociedade local e no gola e Moçambique. “O facto de
sua área de tutela, o que temos Quando, na primeira onda de te, garantem os dois sócios. “So- apoio da equipa da MLGTS”, ex- Brasil têm uma relação institu- Portugal conhecer bem estes
é uma ação fortíssima contra o privatizações, na década de 80, mos reconhecidos por isso, os plica Galvão Teles, adiantando cional permanente com o escri- mercados dá-lhes segurança,
Ministério da Agricultura por “Portugal se abriu ao mundo, nossos grandes clientes estão que “procuramos também que tório Mattos Filho, Veiga Filho, porque no passado erraram e ti-
causa da taxa alimentar”, men- houve várias sociedades de advo- connosco há muitos anos e, nes- esses escritórios partilhem os Marrey Jr. e Quiroga Advoga- veram más experiências” nos
ciona Soares da Silva, esclare- gados estrangeiras envolvidas te momento, temos mais de 3 nossos valores, sobretudo se- dos, com o qual estabeleceram mercados africanos.
cendo que Cristas era apenas nas operações. Hoje, salvo raras mil processos abertos”, afirma rem escritórios essencialmente laços de aliança e cooperação e Ana Sofia Santos
consultora para a expansão da exceções, são os advogados por- João Soares da Silva, dando con- jurídicos e não terem ligações à onde estão em permanência ad- e Isabel Vicente
área internacional. “Tentámos tugueses que lideram as opera- ta da dimensão da carteira de política ou a interesses económi- vogados da MLGTS. assantos@expresso.impresa.pt

Soares da Silva (à direita)


e Galvão Teles enfatizam
a importância
de Portugal como porta de
entrada em África
FOTO JORGE SIMÃO

JOÃO SOARES DA SILVA NUNO GALVÃO TELES

“Estamos em “A separação “Somos parceiros “O oportunismo de “A austeridade “Portugal deve


Angola e da política é dos clientes e o alguns escritórios é necessária estar aberto a
Moçambique fundamental para cliente reconhece deixou mal desde que investimentos de
com uma postura a credibilidade isso. Ajustamos na fotografia não se transforme várias geografias,
de ajudar ao de um escritório o preço em função a advocacia num dogma” que em alguns
desenvolvimento a longo prazo” da utilidade portuguesa nestes casos vêm pela
da advocacia dos serviços países [Angola primeira vez para
nestes países” prestados” e Moçambique]” a Europa”

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 37

PESSOAS

Rodrigo equipa internacional da OIT Carlos Brazão 52 anos NÃO PERCA


desde 1984, tendo ocupado vá-
Saraiva rios cargos de destaque na or- é o novo diretor de vendas da Cisco Capital para a região EMEAR NO CADERNO
EMPREGO

O português
36 anos ganização. Era desde o início
Lisboa
do ano diretor de recursos hu-
Casado
manos da OIT.
2 filhos

que inspira a Cisco


Licenciado
Orlando Monteiro da Silva
em Marketing
Acaba de ser reconduzido co-
e Publicidade
mo bastonário da Ordem dos
Médicos Dentistas (OMD). Or-
Acaba de assumir a direção lando Monteiro da Silva cum-
geral da consultora Parceiros prirá um novo mandato à fren-
de Comunicação. Rodrigo te da OMD por mais um trié-
Saraiva era até aqui diretor de nio. Entre as prioridades, o bas- Há precisamente um ano, Carlos Brazão abraçava culturalidade que acarreta”. O líder gosta de “ter de
comunicação institucional e tonário destaca a elaboração um novo desafio na Cisco ao tornar-se líder da em- aprender em permanência, de poder inovar e, sobre-
relações públicas da consultora de um novo estatuto da OMD, presa para o sector público na região da Europa, Mé- tudo, de medir o quanto posso contribuir para o su-
de comunicação e sucede a em consonância com a recente dio Oriente, África e Rússia (EMEAR). Doze meses de- cesso da empresa”, reconhece.
Susana Monteiro no cargo, aprovação da Lei Quadro das pois, novas metas se colocam. O gestor acaba de as- Aos 52 anos e com quase três décadas de experiência
com o objetivo de reforçar a associações públicas profissio- sumir a direção de vendas da subsidiária da tecnológi- profissional, Carlos Brazão assume como defeito
missão da agência e criar valor nais, a valorização do exercício ca, a Cisco Capital, para a região EMEAR onde já ope- uma certa “tendência a não ouvir, quando o tema Vista Alegre constrói fá-
para os clientes. Licenciado em da profissão, o estabelecimen- rava. A empresa fornece soluções de financiamento, não parece relevante”. Fã recente do iPhone, a que se brica para fornecer IKEA
Marketing e Publicidade pelo to de parceria estratégicas adi- concebidas para apoiar os objetivos e necessida- rendeu apenas há um mês, trabalha entre dez a O Grupo Vista Alegre vai
IADE — Creative University, cionais entre a OMD e outras des tecnológicas atuais e futuras dos parcei- doze horas por dia, uma boa parte das quais criar, através da empresa
Rodrigo Saraiva tem vindo a entidades reguladoras e a apos- ros e clientes da Cisco e para o atual diretor, a fazer o que considera ser fundamental a Ria Stone, uma nova fábri-
consolidar um percurso na ta na formação contínua dos é mais uma oportunidade de consolidar a qualquer profissional que queira triunfar ca de louça em Ílhavo. O
área da comunicação, profissionais. sua grande ambição profissional: exceder- no atual mercado: “conseguir oportunida- projeto implica um investi-
desenvolvendo projetos em -se em tudo o que faz. des e aproveitar cada uma como se fosse mento de ¤19,5 milhões e
diversas áreas de especialidade Jorge Gonçalves Nos últimos 28 anos, Carlos Brazão tem a última”. Enquanto gestor, Carlos Bra- tem como objetivo criar
como as relações públicas, trabalhado quase sempre à escala global. Vi- zão valoriza a honestidade e diz que um uma estrutura de produ-
47 anos
gestão de crise ou o digital em ve a 100% no contexto profissional de compe- líder deve acima de tudo ser genuíno. O ção para abastecer o
Lisboa
empresas de sectores tão titividade internacional e é nisso que encon- maior desafio da sua carreira foi colocar IKEA. A nova unidade via-
Casado
distintos como o Turismo, tra motivação para superar os cons- Portugal no mapa da Cisco e a maior difi- bilizará a criação de 144
2 filhas
Saúde, Banca, Energia, tantes desafios que a vida lhe culdade, convencer o país do seu postos de trabalho. P2
Licenciado
Tecnologias ou Consumo. Foi tem oferecido. Em criança enorme potencial. Sem hesi-
em Direito
vereador da Câmara Municipal sonhou ser almirante e ain- tar, confessa que rumou a Bruxelas cria “garantia”
de Lisboa e no Instituto da não descartou a ideia outras paragens “confiante para emprego jovem A
Português da Juventude É o mais recente reforço da de realizar um mestra- por deixar em Portugal Comissão Europeia instou
coordenou o projeto de equipa de advogados associa- do em História Militar, uma equipa capaz de fazer esta semana os Estados-
voluntariado do Euro-2004, no dos da Jardim, Sampaio, Maga- mas a eletrónica e as melhor”. -membros a adotarem me-
distrito de Lisboa. lhães e Silva e Associados. Jor- tecnologias falaram didas para travar os “ní-
Rodrigo Saraiva assume ge Gonçalves é licenciado em sempre mais alto. Cargo Diretor de ven- veis inaceitáveis” de de-
funções rodeado de uma Direito pela Faculdade de Direi- Licenciou-se em En- das da Cisco Capital na semprego jovem. A “ga-
equipa que integra ainda Sofia to da Universidade de Lisboa e genharia Eletrotécni- região da Europa, Médio rantia da juventude” já es-
Burnay como diretora de integrará a sociedade para re- ca, no Instituto Supe- Oriente, África e Rússia tá em marcha para que os
Comunicação Integrada e forçar, sobretudo, as área de rior Técnico, e o pri- (EMEAR). jovens tenham oportuni-
Miguel Albano, como diretor imobiliário e urbanismo. No meiro contacto que dades formativas e de em-
de Comunicação Digital. O seu percurso, o advogado inte- teve com o mundo Formação É licenciado prego até quatro meses
novo diretor-geral fala numa gra a Linklaters como sócio, do trabalho foi, em em Engenharia Eletro- após a conclusão da sua
nova etapa para a consultora. mas também a Morais Leitão, 1983, numa empresa técnica pelo Instituto formação. P4
Galvão teles & Associados. Foi ligada à instalação Superior Técnico e pos-
Ângela Barros ainda assessor jurídico do gabi- de redes telefónicas, a sui um MBA, concluído Engenheiros mais inter-
35 anos nete do presidente da Câmara Hepiro. A essa, outras na Universidade Nova de nacionais A procura de
Lisboa
Municipal de Lisboa. tantas se somaram. No Lisboa, em 1991. engenheiros portugueses
Casada
currículo, o gestor portu- por parte de empresas es-
1 filho
Paulo Bento guês, reconhecido mundo Percurso A sua primeira trangeiras está a crescer a
Licenciada
Acaba de assumir a presidência fora, ostenta várias multi- experiência profissional foi na um ritmo de 25% ao ano.
em Gestão
do INDEG que passará a inte- nacionais como a Siemens Hepiro, uma empresa especiali- Os salários já são menos
de Empresas
grar toda a formação executiva. (onde assumiu o seu pri- zada na instalação de redes tele- aliciantes, mas há cada
O novo presidente do INDEG é meiro cargo de direção fónicas, em 1983. Daí para cá, inú- vez mais portugueses a in-
É a nova diretora-executiva da doutorado pela University of com apenas 27 anos), a meros cargos se sucederam. Tra- ternacionalizar as suas car-
consultora Ernst & Young. Ân- Manchester, editor da Global Ericsson, a Dell Computers balha há quase três décadas em reiras. P5
gela Barros soma 12 anos de ex- Economics and Management e até a Reuters e a Global empresas internacionais ligadas
periência profissional na área Review e subdiretor do Departa- One. No seu percurso pro- à área das tecnologias de informa-
da consultoria, com especial en- mento de Marketing, Estratégia fissional garante que não ção. Siemens, Reuters, Sprint/ Glo- OPORTUNIDADES
foque em serviços de gestão de e Gestão Geral da ISCTE Busi- mudaria nada, a não ser “ter bal One, Ericsson e Dell Computer EM DESTAQUE
risco financeiro. Licenciada em ness School, no qual coordena a entrado mais cedo para a Cis- foram a sua casa antes de abraçar,
Organização e Gestão de Em- área de empreendedorismo e co”. há dez anos, a equipa da Cisco.
presas pelo Instituto Superior inovação. Chegou à tecnológica há dez Personal Trainers
de Ciências do trabalho e da Em- anos, deixando para trás o Família É casado e pai de dois fi- Full-time/Todo o país
presa (ISCTE), integrou no pas- Nuno Sampaio cargo de diretor-geral da Dell lhos, um rapaz e uma rapariga. P9
sado as equipas da Accenture e Foi nomeado pela Associação em Portugal, e garante que o Coordenador de Serviço
da KPMG. Arquinfad para integrar o júri seu percurso tem sido de enor- Hóbis A corrida é o seu hóbi de Full-time/Maputo
P10
da 55ª Edição dos Prémios FAD mes desafios e de grande cres- eleição. Participou em três marato-
Consultores
Paulo Bárcia de Arquitetura e Interiorismo cimento pessoal e profissional. nas nos últimos três anos. Mas nos
Full-time/Lisboa
Foi nomeado chefe de gabine- 2013, um dos prémios de arqui- Sempre com um pé no mundo, tempos que tem livres não dispensa P7
FOTO NUNO FOX

te do diretor-geral da Organi- tetura mais importantes na atua- Carlos Brazão tem vindo a assu- as leituras, as atividades entre ami- Técnico de Informática
zação Internacional do Traba- lidade. O arquiteto portuense mir posições de relevância cres- gos e o imenso privilégio de “ver a fa- Full-time/Venda
lho (OIT), Guy Ryder. Paulo Nuno Sampaio alcança assim cente na empresa. Esta última, mília firmar-se”. do Pinheiro
Bárcia tem 60 anos, é econo- uma distinção atribuída a pou- diz que a aceitou em nome da Cátia Mateus P8
mista de formação e integra a cos arquitetos portugueses. “amplitude geográfica e da multi- cmateus.externo@impresa.pt

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38 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

OPINIÃO
Torre Imputação de custos ao consumidor e/ou eliminação de valor na experiência
de Marfim de consumo são modelos já testados, sem benefícios significativos para o sistema
Paul De Grauwe
Paul.DeGrauwe@econ.kuleuven.be
A questão das taxas
Não há inocentes
no drama do euro
dos cartões de pagamento
cia de busca de inovação no ato tros também devem ser uma
Não há países bons nha e os Países Baixos, acu- Bruno Horta Soares de gestão e um aparente descom- Vivemos tempos propensos fonte de aprendizagem.
e maus neste drama. mularam grandes exceden- prometimento em relação ao sis- à procura de soluções 3. Mais regulação não significa
A responsabilidade tes de exportações. Os ale- ma das regras de ouro tema como um todo. imediatistas que poderão necessariamente melhor regula-
é partilhada. O Norte
da Europa é igualmente
culpado. Queria despejar
o máximo de exportações
no Sul fornecendo crédito
mães e os holandeses fica-
ram muito contentes por
vender os seus produtos e
serviços aos pecadores da
Europa do Sul.
U de um bom auditor é co-
nhecer a teoria dos sis-
temas, pelo menos um
dos seus corolários: o todo é
mais do que a soma das partes.
Uma visão holística permite
compreender que a entrega de
valor ao consumidor acarreta
custos para o sistema e que esses
custos deverão ser suportados pe-
causar tensões e reações
adversas em sistemas que
se têm como equilibrados
ção. É importante que o reforço
de medidas regulatórias evite so-
luções adotadas noutros merca-
dos que não obtiveram os resul-
tados esperados por levarem as
em excesso Estas vendas foram finan- Este princípio dá ao auditor um los subsistemas envolvidos, sen- 2. O papel do consumidor pe- partes a privilegiar a conformi-
ciadas com crédito provi- instrumento precioso para que, do no modelo de afetação desses rante um cenário de mudança dade em detrimento da procura
a semana passada, denciado pela banca alemã perante a identificação de um custos que parece residir o “inci- não poderá ser do “elo mais fra- de valor para o sistema.

N o primeiro-minis-
tro holandês, o se-
nhor Rutte, decla-
rou com grande arrogância
que os países que não obede-
e holandesa.
À medida que as exporta-
ções cresciam de ano para
ano, os empréstimos dos
bancos do Norte ao Sul dis-
determinado “incidente”, tenha
uma visão holística sobre o siste-
ma que lhe permita recomen-
dar que não só se elimine o “inci-
dente”, mas que, de preferên-
dente” para os retalhistas.
É na análise estruturada do
problema que deverá ser encon-
trada a melhor solução, tendo
em consideração os seguintes
co”. No espírito da inovação dos
meios de pagamento sempre es-
teve a satisfação do consumidor
e a alteração a esse paradigma
deverá merecer uma reflexão
Estes são tempos propensos à
procura de soluções imediatis-
tas que poderão causar tensões
e reações adversas em sistemas
que se têm como equilibrados.
ceram às regras deviam pararam. Até ocorrer o cia, se resolva o problema que o aspetos: cuidada. Imputação de custos Como consumidor, continua-
abandonar a zona euro. Es- crash e alguns países do Sul originou. Este é o princípio que 1. A transparência é um fator ao consumidor e/ou eliminação rei a reconhecer empresas que
ta declaração tem implícita deixarem de poder pagar as apliquei ao analisar as notícias crítico para a confiança do siste- de valor na experiência de con- me consigam entregar valor
a ideia de que os Países Bai- suas dívidas. relacionadas com as taxas de ma. Questionar o modelo de ta- sumo são modelos já testados por via de soluções inovadoras
xos se portaram bem e de A reação dos virtuosos cartões de pagamento. xas e comissões, quer no valor noutros mercados, sem benefí- e nunca por via de substituição
que outros países, principal- bancos do Norte foi despe- Na qualidade de consumidor, quer na distribuição, deverá cios significativos para o siste- de benefícios.
mente no Sul da Europa, fo- jar os seus créditos nos sec- o cartão é, desde há muito, o sempre resultar do envolvimen- ma, apesar do prejuízo do con-
ram malcomportados. tores públicos dos respeti- meu meio de pagamento prefe- to e concertação de todos os in- sumidor. Os modelos e boas prá- Consultor em sistemas de informação,
Estes países, de acordo vos países. Estes emprésti- rencial e, até há pouco tempo, o tervenientes, diretos e de regu- ticas deverão ser sempre uma Professor Universitário e presidente
com Rutte, não seguiram as mos podem hoje ser encon- sistema não só parecia funcio- lação/supervisão. referência, mas os erros dos ou- do ISACA Lisbon Chapter
regras e devem ser castiga- trados nas folhas de balan- nar, como do ponto de vista do
dos. A saída da zona euro é ço do banco central holan- “subsistema consumidor” não
o castigo devido para tais dês e do Bundesbank (o ban- existiam “incidentes” reporta-
países. Esta visão é popular co central alemão). São os dos. Na verdade, por questões
não só na Holanda, mas em balanços Target2. Os gover- profissionais, a minha atenção
muitos outros Estados nor- nos do virtuoso Norte ten- estava sobretudo voltada para
te-europeus. tam agora com determina- novos meios de pagamento (por
O que eu acho perturba- ção recuperar o seu dinhei- exemplo, pagamentos móveis),
dor nesta ideia é não só a ro dos pecadores do Sul. meios esses que ao mesmo tem-
arrogância, mas também a De certa forma, os países po que procuram tirar o máxi-
atitude moralista. Exprime do Norte da Europa fizeram mo partido da inovação tecnoló-
o sentimento de que o Nor- como aqueles vendedores gica, mantêm o enfoque na satis-
te da Europa foi virtuoso, de automóveis que vendem fação do utilizador.
enquanto os outros peca- os carros e ao mesmo tem- Simplificando e aplicando uma

FOTO MARCUS CLACKSON/GETTY


vam. E os pecadores devem po dão crédito ao compra- visão sistémica na análise dos re-
ser punidos. Quando oiço tu- dor. Geralmente, não é um centes acontecimentos, fica cla-
do isto, lembro-me da mi- bom modelo de negócio. ro que foi ao nível do “subsiste-
nha juventude quando ou- Quando o negociante dá ma retalhista” que foram identifi-
via o padre a pregar sobre o crédito a mais deve prepa- cadas oportunidades de redução
rar-se para sentir proble- de custos operacionais e, como
mas, especialmente quan- tal, desencadeados os procedi-
O mais importante do a vontade de vender faz mentos de gestão naturais para
obstáculo à solução com que não avalie a capa- implementação de um plano de
da crise do euro cidade de pagar do cliente. ação. O que existiu de inovador
é a atitude moralista Não pode queixar-se mais na decisão foi a evidente ausên- O consumidor optará por quem inove e não por quem substitua benefícios
e arrogante dos governos tarde se alguns clientes
do Norte da Europa não são capazes de pagar a
dívida. Quem é culpado
bem e o mal neste mundo e deste drama? Só os do Sul Há um efeito perverso em termos de modernização da economia e do PIB potencial
de como no final os maus se- que pediram emprésti-
riam castigados.
O mais importante obstá-
culo individual à solução da
crise do euro é a atitude mo-
mos? Para cada cliente ir-
responsável há um finan-
ciador irresponsável.
O Sul é culpado porque se
Ajustamento externo de Portugal
ralista dos governos do Nor-
te, em particular os da Ho-
landa, Alemanha, Finlândia
e Bélgica. Esta atitude con-
endividou sem pensar. O
Norte é igualmente culpado
porque queria despejar o
máximo possível de exporta-
— o que ainda falta dizer
duz à ideia errada de que ções no Sul fornecendo
neste drama há países bons montantes excessivos de
e países maus. Os maus de- crédito sem se pôr a ques-
vem ser castigados e não de- tão de os países do Sul se- dados mais recentes do comér- sam. Porque nesses sectores na fileira agroalimentar. Mas es-
vem esperar, claro, nenhu- rem capazes de honrar as dí- J.A. Vieira da Silva cio internacional da economia há um fortíssimo contributo te esboço sintético mostra com
ma ajuda dos bons. vidas. Assim, o Norte assu- portuguesa permitem-nos per- da diminuição de importações evidência que os progressos
Uma tal ajuda induziria, miu um grande risco e de- em sido constante o ar- ceber a natureza da excecional apenas parcialmente contra- não se aprofundarão sem um re-
da sua parte, pecados ainda
maiores. Dar assistência ao
Sul equivaleria a estimular
o pecado. E isso, por si mes-
mo, constituiria um pecado.
via saber que o seu compor-
tamento era tão irresponsá-
vel quanto o do Sul. O tom
moralista que é popular nos
países do Norte está comple-
T gumento de que o pro-
cesso de ajustamento ex-
terno da nossa econo-
mia tem sido mais rápido do
que o esperado no quadro do
quebra do défice comercial. Tra-
balhando perto de 100 sectores
económicos da chamada No-
menclatura Combinada, e com-
parando os dados de janeiro a
riado pelas exportações do sec-
tor automóvel e pelo “fenóme-
no ouro”; porque estas ativida-
des não possuem significativa
capacidade de substituir im-
gresso do investimento produti-
vo em muitas destas atividades.
Valorizemos o que de bom se
passa na modernização da nos-
sa economia e no dinamismo de
Esta atitude moralista ba- tamente deslocado. Mostra programa de assistência, assen- setembro de 2012 com os valo- portações no prazo curto; e muitas empresas. Mas não é me-
seia-se numa incompreen- uma incompreensão funda- te na correção acelerada e pro- res homólogos para 2008, im- porque se verifica uma quebra nos verdade que uma parte
são central das causas da mental das causas da crise funda do desequilíbrio externo portantes dados se revelam. dos valores exportados em substancial da mais recente
crise do euro. Não há países do euro. Ou será que estou por via da diminuição do défice A redução do défice foi de 65% bens duradouros da fileira ele- “correção estrutural” simples-
bons e maus neste drama. A a interpretar mal e os go- corrente e, em particular, do dé- em termos nominais, cerca de tromecânica fazendo com que mente não o é. Em grande par-
responsabilidade é partilha- vernos do Norte sabem isto fice da balança comercial. 9.6 mil milhões de euros. Mas a a quebra de importações te- te ela é, antes, fruto de uma
da. Os países do Norte da muito bem? Se sabem, ain- Três notas prévias: é verdade análise por sectores/produtos nha que compensar as exporta- substancial quebra no consumo
Europa são tão culpados co- da é pior. Nesse caso, os go- que temos vindo a assistir a uma desta variação merece uma lei- ções perdidas. das famílias e de uma brutal
mo os do Sul. vernos do Norte estão a en- melhoria do saldo líquido das tro- tura mais cuidadosa. Estes fatores evidenciam de quebra do investimento.
A crise do euro teve ori- ganar as suas próprias po- cas externas desde 2010; é indis- Cinco sectores concentram cer- forma indiscutível a fragilidade Podemos prolongar sustenta-
gem nas explosões do consu- pulações e a incitá-las a cutível que essa melhoria é neces- ca de 60% da melhoria global ve- deste ajustamento e até, em al- damente uma quebra na impor-
mo numa série de países da mostrar ainda mais hostili- sária para uma correção estrutu- rificada: automóvel; máquinas, guns casos, o seu efeito perver- tação de bens de consumo dura-
zona euro (Irlanda, Grécia, dade em relação ao Sul, difi- ral duradoura dos obstáculos ao aparelhos e material mecânico; so em termos de modernização douro? Em parte sim, teremos
Espanha). Estes booms do cultando ainda mais a solu- crescimento; é verdade que os elétrico; obras de ferro e aço e da economia e acréscimo do que o fazer.
consumo levaram a um ção da crise. efeitos das duas crises (financei- metais preciosos. Nos três pri- PIB potencial. Mas poderemos prolongar a
grande aumento das impor- ra e económica de 2008/9 e das meiros sectores as importações É certo que estes dados não di- queda acentuada do investi-
tações do resto da Europa. Professor da Universidade dívidas soberanas de 2010/?) ace- caíram 4.5 mil milhões de euros minuem o importante contribu- mento produtivo? Seguramen-
O verso dessa medalha Católica de Lovaina, Bélgica leram esta necessidade. e as exportações estagnaram. to da nova capacidade gerada te que não, se queremos voltar
foi que o Norte da Europa, Mas a seriedade política e inte- É nesta concentração secto- na fileira floresta/papel/mobiliá- a crescer.
e especialmente a Alema- Tradução de António Costa Santos lectual impõe que se analisem rial da redução da balança de rio, a solidez exportadora do
os motores desta correção. Os bens que os problemas se aden- sector do calçado, o progresso Deputado

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Expresso, 8 de dezembro de 2012 ECONOMIA 39

Regresso à terra

Nas últimas duas décadas, os tonelagem e o número de pes- mercial tem registado um défi-
agricultores foram estimula- A adesão à moeda única cadores passou de 42 mil para ce crónico de 10% do PIB, ten-
dos a arrancar vinha, a plantar
vinha e a arrancar de novo. O
definiu um novo perfil
para a economia
16 mil em 2011.
No sector industrial as coisas
do atingido o astronómico
montante de ¤23 mil milhões
Bloco de Notas
mesmo para o olival. Foram portuguesa. Pagaram-nos não são muito mais animado- em 2008.
pagos, alguns, para não se- para produzirmos menos ras, embora com característi- A falência da economia portu- João Vieira Pereira
mear cereais. Tiveram limita- e financiaram-nos cas diferentes. O desinvesti- guesa reside nisto. Não era, jvpereira@expresso.impresa.pt
ções à produção de leite e de para comprarmos mais mento privado tem evoluído a nem é, possível manter este ní-
Massa Crítica outros bens alimentares com a uma taxa negativa de 2,6% ao vel de dependência do exte-

Luís Marques
aplicação das políticas de co-
tas. Resultado: muitos desisti-
ano, desde 2000. Pode dizer-
-se que, em larga medida, o sec-
rior. A Europa alimentou um
sonho que acabou em pesade-
Não somos
l.s.marques@sapo.pt ram de produzir, alguns, os es- tor privado tem vindo a desis- lo. Culpa de políticas euro- a Grécia,
pertos, aproveitaram e enri- tir do país. O foco foi colocado peias que protegem os podero-
queceram. nas infraestruturas (constru- sos, com tiques soviéticos à mas só
Salvo raras exceções (o to-
mate e o milho, por exemplo)
ção, obras públicas e imobiliá-
rio) e nas importações. É onde
mistura. Culpa de políticas in-
ternas que alimentaram a ilu-
quando
oi quase comovente ou-
produzimos hoje menos do
que produzíamos na altura ca de apoio ao abate de barcos
se ganha dinheiro e o capital
tem um especial faro para
são de uma economia baseada
nos serviços, no investimento
dá jeito
F vir Cavaco Silva defen-
der o regresso à agricul-
tura e à indústria, como
fez há duas semanas. Quase co-
em que Cavaco Silva era pri-
meiro-ministro. O rendimen-
to empresarial líquido caiu pa-
ra metade entre 1986 e 2011,
reduziu a nossa frota pesquei-
ra, os pescadores foram esti-
mulados a ficar em terra ou a
mudar de vida. Temos um país
aproveitar as oportunidades.
A adesão à moeda única defi-
niu um novo perfil para a eco-
nomia portuguesa. A política
público e nas importações.
A resolução de parte deste
problema, o desequilíbrio ex-
terno, está a ser conseguido à ortugal não é a Grécia.
movente, se esquecermos o pas-
sado. Se o fizermos é trágico.
Foi com ele que começaram as
políticas de desinvestimento na
agricultura, nas pescas e, de
como demonstra o economis-
ta Ricardo Arroja, num livri-
nho intitulado “As Contas Po-
liticamente Incorretas da Eco-
nomia Portuguesa”, que viva-
ligado ao mar, mas vivemos de
costas viradas para ele. Resul-
tado: importamos 60% do pes-
cado que comemos e em junho
deste ano o défice comercial
agrícola obedeceu aos interes-
ses da França e a industrial
aos interesses da Alemanha.
Produzimos menos no interior
e comprámos mais ao exte-
custa do brutal ajustamento
em curso. Trata-se de retirar
liquidez à economia, ou seja,
às famílias. A outra parte de-
pende daquilo a que comoven-
P Não é por tanto repetir
esta frase que acredita-
mos na veracidade da
mesma. Acreditamos porque
de facto somos muito diferen-
certa forma, até na indústria, mente recomendo e de onde de pescado era de ¤800 mi- rior. Pagaram-nos para produ- temente Cavaco Silva chamou tes. Portugal não mascarou as
tendo em conta o foco colocado retirei alguns dos números lhões. Desde os tempos em zirmos menos e financiaram- o regresso à agricultura, à pes- suas contas públicas com arti-
naquilo que mais tarde seria desta crónica. que Cavaco Silva era primeiro- -nos para comprarmos mais. ca e à indústria. À produção, manhas contabilísticas, não te-
chamada a “política do betão”. Nas pescas foi igual. A políti- -ministro pescamos metade da Resultado: a nossa balança co- em suma. Tão básico, não é? mos como desporto nacional a
fuga ao fisco e até queremos
(quase todos) pagar aquilo que
devemos. Quando recebemos
Temos memória o dinheiro da troika não foi pa-
ra os enganar ao não fazer na-
da do que tínhamos acordado.
Procedemos a cortes, refor-
mas, privatizámos empresas,
prio conseguiam multiplicar à de vida, um sufoco e uma falta de serão esmagados por um fi- aumentámos e muito os impos-
exaustão essa unidade, criando O problema cresce e o de ar. Mesmo que tenha passa- nal de carreira sombrio, uma en- tos e sofremos as consequên-
no mundo uma aparência de nosso em particular. Que do anos a ganhar 800. Se pas- trada na reforma sem apoios so- cias terríveis do ajustamento.
existência de crédito ilimitada. saudades eu vou ter do sou dois ou três no escalão dos ciais abundantes como já foram Ganhámos em troca mais um
Perante isso afirmei na altura euro. A memória é terrível, 1200, os mil são uma kitchenet- e já experimentaram (e nós te- ano de ajustamento, umas pal-
que o mal que parecia estar a mas a sua ausência é nada te ao pé da cozinha do mosteiro mos memória), sem pensões de madinhas nas costas, palavras
apoquentar todos (bolsas em de Alcobaça... reforma que lhes acudam até já doces e um muito bem. Os gre-
queda livre, bancos em falên- Ainda tive alguma esperança não terem memória... gos tiveram um perdão da dívi-
“Confusion cia, bancos com necessidade de que os responsáveis políticos, E a cumular tudo isto a situa- da no valor de 200 mil milhões,
de Confusiones” fortalecimento dos seus capi-
tais próprios na pior época para
particularmente os europeus,
encetassem uma política mone-
ção portuguesa, que não sei co-
mo poderá ser de grande espe-
já vão no terceiro pacote de aju-
da e agora vão ter uma redução
os atrair, etc.) tinha tido o seu tária expansionista à custa de rança nos próximos 10 ou 15 do custo dos empréstimos, 10
João Duque lado “bom” porque tinha permi- uma inflação futura significati- anos... Os sinais estão cada vez anos sem pagar juros e mais 15
jduque@iseg.utl.pt tido uma gigantesca antecipa- va, com efeitos postecipados, mais claros aí. para pagar a dívida.
ção do consumo futuro. Mas is- mas com vantagens psicológi- Os maiores bancos mundiais Ora bolas! Eu não quero ser
so criou-nos dependências e ví- cas ao nível do sofrimento dos dão sinais de crise e reduzem o de todo grego, mas algumas
cios. E o pior de tudo: nós te- pacientes... Mas para além do número dos seus colaborado- destas ajudas ajudavam-nos e
mos memórias. ano de 2010, onde se observa- res. Vacilarão no equilíbrio da muito.
Para qualquer ser humano ga- ram emissões massivas de dívi- solvabilidade das suas contas? A O princípio de igualdade que
nhar um euro não é igual a per- da pública dos Estados sobera- Europa definha a olhos vistos. A Passos Coelho disse ter sido
ecordo que, quando a der um euro. Quando subimos mos, as sensações que passámos. nos e que agora estão nas mãos Euro-Europa já entrou em re- uma vitória dele em Bruxelas é

R crise do subprime come-


çou e depois se alastrou
ao mercado através do
sistema financeiro, percebi cla-
ramente que estaria para vir
na escala do rendimento-consu-
mo rapidamente nos adapta-
mos ao novo padrão e nos aco-
modamos. No degrau inferior
podíamos invejar, mas não sen-
Por isso, apesar de 1000 euros
permitirem sempre a compra
de 1000 euros de bens e servi-
ços, a sensação de quem os gas-
ta é diferente: para quem vem
dos aforradores e das institui-
ções financeiras, temendo-se
agora o pior, a política aponta
no sentido de recuperar a ro-
cha firme. E isso significa per-
cessão contando agora quatro
trimestres sucessivos com o seu
PIB em perda... A política mone-
tária europeia não dá sinais de
alteração e nós não consegui-
uma miragem. Os Estados são
todos iguais, mas há uns mais
iguais do que outros.
Agora a Alemanha diz que a
Grécia não é Portugal, da mes-
uma fortíssima contração da tíamos saudade, a falta do que de um patamar de 800 euros, der, perder muito. E nós temos mos esquecer. O problema cres- ma forma que Portugal não é a
economia mundial. já tivemos. Quando regredi- os 1000 parecem mais do que memória. ce e o nosso em particular. Que Irlanda, que a Irlanda não é Es-
As instituições financeiras es- mos ao mesmo patamar ante- são; para quem vem de um pata- Por isso, os anos que se aproxi- saudades eu vou ter do euro. panha, que Espanha não é Itá-
tavam hiperalavancadas, isto é, rior sentimos a falta do que já mar de 1200 euros sente uma mam serão de grande aperto. E A memória é terrível, mas a lia, que Itália não é a Bélgica,
por cada unidade de capital pró- tivemos, a saudade do que fize- angústia e uma impossibilidade os que agora estão na minha ida- sua ausência é nada. que a Bélgica não é França, e
que a Holanda, Finlândia, Áus-
tria e Alemanha querem é es-
tar num grupo à parte a man-
A Insegurança Social dar em tudo.
As diferenças que uniram os
países da União Europeia em
torno da mesma moeda estão
agora a separá-los em bons,
Serviço Nacional de Saúde. Es- ções deviam ser capitalizadas las pensões acima dos 5000 maus e ‘assim-assim’.
tas são suportadas pelo Orça- Com o imposto para saber o valor no momen- euros, esquecendo que se não Não foi esta a Europa ideali-
mento de Estado. extraordinário to da reforma. houve plafonamento nos des- zada pelos seus arquitetos e
As pensões sociais não têm de solidariedade, os Quando Sócrates começou a contos (havia descontos milio- não foi de todo esta União Eu-
base contributiva e são forne- pensionistas pagam mais baixar vencimentos na função nários...) também não pode ropeia que abraçámos de cor-
cidas pelo Estado social en- impostos do que os outros pública, Teixeira dos Santos haver plafonamento nas pen- po e alma.
quanto que as do regime con- contribuintes, o que me resistiu e bem num primeiro sões... Chegou a chamar privi- Muito menos pode ser esta a
tributivo são de um Estado se- parece claramente momento a cortar as pensões legiados aos pensionistas de Europa que o nosso Governo
Economia Real gurador que nos obriga a fa- inconstitucional! pois elas não têm a ver com os 7000 euros. aceita. O retrocesso de Vítor
zer esse seguro de velhice, sen- salários atuais mas sim com Criou-se um imposto extraor- Gaspar e de Passos Coelhos nes-
Luís Mira Amaral do pagas pelo beneficiário. os passados, sobre os quais se dinário de solidariedade sobre ta matéria mostra fraqueza e re-
competitividade2@sapo.pt No regime distributivo o tra- descontou. as pensões que faz com que os signação perante os argumen-
balhador (e a sua empresa) ao Mas depois abriu-se a Caixa pensionistas paguem mais im- tos que lhes foram apresenta-
contribuírem para a TSU es- de Pandora e este jovem Go- postos do que os outros contri- dos. Ou algo mais se passou nas
tão a pagar a sua reforma verno pôs os reformados sem- buintes, o que me parece cla- negociações que não nos foi di-
mas estão a financiar a da ge- pre na primeira linha dos cor- ramente inconstitucional! A to ou este episódio devia en-
ração anterior na esperança tes, ao contrário do espanhol solidariedade e o financiamen- cher o Governo de vergonha pe-
de que a geração futura lhes Rajoy que afirmou que as to à pátria faz-se nos impos- la incapacidade de lutarem pe-
financie a sua. pensões seriam a última coi- tos, não na TSU... Se se enten- lo país que representam.
omo ministro do Tra- Com Marcello Caetano co- não contributivos, a pagar sa a cortar. de que há pensões elevadas, o Os sacrifícios que nos foram

C balho e Segurança So-


cial, criei a Taxa So-
cial Única (TSU) jun-
tando a contribuição para o
Fundo de Desemprego à da Se-
meçaram a pagar-se pensões
sociais sem base contributi-
va. O Estado nem sempre
transferiu para o orçamento
da Segurança Social as ver-
um IRS não explícito.
Ao contrário do raciocínio
simples de Sousa Tavares no
Expresso, não é correto so-
mar aritmeticamente valores
Chegou-se agora à situação
chocante de se cortarem pen-
sões de 1350 euros. Por outro
lado, Passos Coelho que enten-
de que o salário máximo deve
IRS fortemente progressivo já
resolvia isto!
O sistema transformou-se
pois numa fonte de inseguran-
ça social e o que se está a fa-
pedidos fazem sentido se hou-
ver um caminho desenhado
que nos leve a bom porto. Ce-
der perante as pretensões de
burocratas e com isso não
gurança Social. Assim, a TSU bas correspondentes, descapi- monetários de 40 anos. Num ser 5000 euros (no outro zer aos pensionistas atuais aproveitar tudo o que nos po-
passou a cobrir os subsídios talizando esta e fazendo com período longo há que atender PREC, o da esquerda, Vasco mostra que o Estado segura- de ajudar a ultrapassar esta cri-
de desemprego e de doença e que os que contribuem esti- ao chamado valor financeiro Gonçalves tinha fixado o salá- dor não se porta bem, coisa se não é de certeza uma etapa
a assegurar as pensões. A vessem, na parcela que finan- do tempo. Assim, financeira- rio máximo em 50 contos...) em que as novas gerações que desse plano. Isto, claro, se hou-
TSU não cobre as despesas do ciava o buraco dos regimes mente, as nossas contribui- teve um especial carinho pe- pagam a TSU devem refletir... ver plano.

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40 ECONOMIA Expresso, 8 de dezembro de 2012

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