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DEMONSTRAÇÕES CONTABEIS.
AULA 05
CONTEXTUALIZANDO
Muitas empresas se veem em face de diversas decisões como, devo
automatizar o processo produtivo ou devo contratar mais trabalhadores? Uma
consequência automática (sem o interesse de fazer trocadilho) é o aumento da
chamada alavancagem operacional, ou seja, com uma máquina, os custos fixos
são maiores, pois, a depender do prazo, a companhia não consegue se
desfazer da máquina, ao menos considerando um preço adequado, enquanto ao
continuar com trabalhadores, em face de uma crise a companhia pode demiti-los
e assim diminuir seus custos de produção.
Vamos em frente!
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6000-1000-2000 que é igual a 3000. Para a concorrente, o lucro é 6000-500-
4000, que resulta em 1500.
Dessa forma, podemos ver que a diferença no lucro entre as duas vem de uma
troca entre a quantidade de custos fixos ou custos variáveis, podemos pensar
que a empresa ABC emprega um maior maquinário, enquanto a empresa
Concorrente escolhe por contratar mais funcionários em regime de
produtividade. Dessa forma, a ABC consegue alavancar seus lucros por ter
metade do custo variável unitário da empresa Concorrente. Desta feita,
permanecendo todo o resto constante, quanto maior a receita, maior o lucro para
a ABC, pois seus custos unitários variáveis são menores.
Uma pergunta natural a ser feita é, qual a quantidade produzida e vendida que
faz a ABC ter um lucro maior que a Concorrente? A partir de qual ponto essa
alavancagem operacional se faz eficiente.
1500
1000
500
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
-500
-1000
-1500
-2000
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Outra informação importante a ser retirada é o ponto de equilíbrio, que consiste
na quantidade vendida/produzida que iguala o lucro a 0, ou seja, qual o mínimo
que a companhia deve produzir e vender para obter lucro. Ao examinar o gráfico,
vemos que as linhas cruzam o eixo X, no 25, ou seja, o mínimo que a companhia
ABC e a companhia Concorrente tem de vender e produzir são 250 unidades.
Uma maneira menos braçal de resolver essa questão é calcular o ponto que a
função lucro é igual a 0, entretanto, precisamos definir primeiro a função custos
e a função receita. Para a companhia ABC a função custos é:
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠(𝑄) = 1000 + 2 𝑥 𝑄
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 (𝑄) = 6 𝑥 𝑄
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜(𝑄) = 6 𝑥 𝑄 − (1000 + 2 𝑥 𝑄)
Aplicando o sinal
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜(𝑄) = 6𝑄 − 1000 − 2𝑄
Igualando a função a 0
0 = 6𝑄 − 1000 − 2𝑄
Manipulando os termos
1000 = 6𝑄 − 2𝑄
Subtraindo os similares
6
1000 = 4𝑄
Fazendo a álgebra
1000
= 𝑄 = 250
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pagamento de impostos. Considere os seguintes cenários para a companhia
ABC.
Digamos que a companhia ABC não tenha nenhuma dívida, e necessitou de um
investimento de 5000 por parte dos acionistas para viabilizar suas atividades,
assim dado um lucro operacional de 1000 e uma alíquota de tributação de 30%,
a DRE da ABC seria a seguinte:
Ou seja, o retorno dos acionistas é igual a 14% (700/5000, mais conhecido como
ROE). Outro cenário possível, seria a ABC contrair dívidas no valor de 2500,
estas que geram um pagamento de juros de 250 ao ano, assim, dado um lucro
operacional de 1000 e uma alíquota de tributação de 30%, a DRE da ABC seria
a seguinte:
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Lucro Operacional 300 300
Despesa Financeira 0 250
Lucro Antes do Imposto de Renda 300 50
IR (30%) 90 15
Lucro Líquido 210 35
No cenário sem dívida, com um lucro operacional de 300, a firma ABC pagaria
90 de impostos e o acionista teria direito a 210 de lucro, caracterizando um
retorno de 210/5000, que é igual a 4,20%. Caso a companhia decida por contrair
a dívida para financiar 50% de suas atividades, com um lucro operacional de
300, 250 seriam destinados ao pagamento de juros, e dos 50 restantes, 15 iria
para o governo, restando assim ao acionista apenas 35, caracterizando um
retorno do acionista de 35/2500, que é 1,40%.
Lucro ABC
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Quantidade Produzida 1000
Preço de Venda (Um) 4
Receita de Vendas 4000
Custos Fixos Totais 1000
Custo Variável unitário 2
Custo Variável Total 2000
Lucro 1000
Lucro ABC
Quantidade Produzida 200
Preço de Venda (Um) 4
Receita de Vendas 800
Custos Fixos Totais 1000
Custo Variável unitário 2
Custo Variável Total 600
Lucro -800
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Lucro Antes do Imposto de Renda -1050
IR (30%) 0
Lucro Líquido -1050
Lucro ABC
Quantidade Produzida 200
Preço de Venda (Um) 4
Receita de Vendas 800
Custos Fixos Totais 500
Custo Variável unitário 4
Custo Variável Total 800
Lucro -500
E assim, concluímos que alavancagem deve ser uma decisão tomada com
muito cuidado, especialmente quanto a prospecção de resultados futuros, e
condições da economia.
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interessados em saber a capacidade da geração de caixa da empresa, e
também, que atividade estão originando os fluxos de caixa.
Vamos para o exemplo da companhia ABC.
Fluxo de caixa
Caixa Gerado nas Operações (1) 300
Caixa líquido gerado nas operações 300
Nela, é possível verificar que a ABC gera caixa nas suas atividades, ou
seja, recebe mais do que paga na sua atividade principal. Esse fluxo de caixa
operacional é positivo em 300. Ademais, a ABC está investindo em ativos
imobilizados, ou seja, comprando máquinas, equipamentos, ou construindo
fábricas no valor de 200 e assim, para nós que estamos fora da empresa, parece
que a empresa está expandindo suas atividades. Ainda assim, quando olhamos
a atividade de financiamento, vemos que a empresa captou novos empréstimos
no valor de 390, pagou dividendos aos acionistas no valor de 100 e pagou juros
de empréstimos anteriores no valor de 64. Assim, mesmo que os 300 das
operações sejam suficientes para cobrir os 200 de investimento em imobilizado,
a ABC parece estar decida a acumular caixa, em razão da captação dos
empréstimos.
Além dessa análise individual da demonstração dos fluxos de caixa,
podemos também realizar a interação com outras demonstrações como o
Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Por exemplo:
A firma está gerando caixa adequadamente? Como a análise de valores
absolutos é sempre difícil, podemos fazer a divisão do caixa gerado
operacionalmente com o Ativo Total, e assim ter a medida de quanto caixa por
unidade de investimento no Ativo Total a empresa gerou.
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Considerando um Ativo Total de 1000 para a ABC, a empresa teve uma geração
de
𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 300
= = 0,30
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 1000
Ou seja, a cada 1 real investido no Ativo Total, a companhia gerou 30
centavos de caixa no período.
Outra interação interessante é o valor investido em imobilizado sobre o
valor do imobilizado, vamos considerar um montante de 500 para o imobilizado,
assim, a empresa investiu em imobilizado (também chamado no mercado de
Capex, que vem do inglês Capital Expenditures, e significa investimentos em
capital fixo, ou propriamente dito, imobilizado).
Assim,
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝐼𝑚𝑜𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 200
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐹𝑖𝑥𝑜 = = 500 = 0,4
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐼𝑚𝑜𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜
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Já empresas em fase de expansão teriam o Fluxo de Caixa Operacional positivo,
o Fluxo de caixa de Investimento negativo, e o Fluxo de Caixa de Financiamento
Positivo. Assim, a situação é que apesar de já gerar caixa operacional positivo,
este não é suficiente para realizar o investimento, e assim se dá a necessidade
de aportes de capital.
As empresas em estágios mais maduros, teriam um Fluxo de Caixa Operacional
positivo e suficiente para cobrir as necessidades de investimento, e assim, o
Fluxo de Caixa do Investimento seria negativo, e o Fluxo de Caixa do
Financiamento seria negativo em razão do pagamento de dividendos aos
sócios/pagamento de dívidas.
Por último, as empresas em declínio teriam Fluxo de caixa Operacional Positivo
e um Fluxo de Caixa de Investimento negativo, em razão da venda de ativos que
eram utilizados na produção (e devido a isso, a empresa está debilitando suas
receitas futuras em razão de uma capacidade produtiva menor). Por último, o
Fluxo de Caixa de Financiamento é negativo em razão da incapacidade de
contrair novos empréstimos.
Apesar desse resumo, é importante entender cada item da Demonstração
do Fluxo de Caixa para verificar a real situação da companhia. Não existe
fórmula mágica.
2 INSUMOS 1100
CMV 1000
Energia 100
Distribuição
Pessoal 100
Impostos 50
Juros Passivos 100
Dividendos 150
Lucros retidos 700
TROCANDO IDEIAS
Start-ups estão na moda, será que vocês conseguem sugerir como seria
o comportamento da DFC de uma empresa nesse estágio da vida?
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NA PRÁTICA
Que tal verificar o grau de alavancagem financeira e operacional da
Guararapes e Lojas Renner, será que elas são diferentes? Afinal, trabalham num
mesmo setor. Além disso, como será o comportamento dos fluxos de caixa de
cada uma?
Solução:
Utilizando as informações do site da B3, vamos calcular primeiro a alavancagem
financeira e operacional da Guararapes Confecções S.A.
http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-
variavel/empresas-listadas.htm
Em 2017, os custos dos bens e serviços vendidos da Guararapes Confecções
S/A foram de 2.338.408 (custos variáveis), enquanto a soma de suas despesas
foi de 2.713.885+778.510 (custos fixos, incluindo a remuneração da
administração para manter a comparabilidade entre a Renner e a Guararapes).
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Assim, vemos que a proporção dos custos variáveis em relação a receita total
da Guararapes é:
2.338.408
= 36%
6.444.659
Enquanto a proporção dos custos fixos é:
3.492.395
= 54%
6.444.659
Já para a Lojas Renner, a proporção dos custos variáveis é:
3.284.517
= 39%
8.426.541
Enquanto os custos fixos é de:
3.718.203
= 44%.
8.426.541
237064
= 27%.
888624
Enquanto a Renner possui 102.792 de despesas financeiras e 1.423.821
de Lucro Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos, assim, as despesas
financeiras representam
𝟏𝟎𝟐. 𝟕𝟗𝟐
= 𝟕%
𝟏. 𝟒𝟐𝟑. 𝟖𝟐𝟏
Assim, a Renner também demonstra ter uma alavancagem financeira
menor do que a Guararapes. Dessa forma, podemos concluir que a Guararapes
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está mais exposta as variações macroeconômicas, tanto para o lado bom,
quanto para o lado ruim.
FINALIZANDO
Na aula de hoje aprendemos em como podemos alavancar os resultados
da empresa, tanto utilizando uma maior quantidade de custos fixos, ou utilizando
dívidas que originam pagamentos de juros. Entretanto, vimos que essa
alavancagem também coloca a firma em situação ruim caso o ciclo de negócios
esteja em retração, ou seja, caso a economia não vá tão bem.
Ademais, aprendemos o ponto de equilíbrio e como podemos utiliza-lo
para fazer planejamentos em relação a proporção de custos fixos/custos
variáveis adotados e a que nível de vendas vale a pena um outro.
Analisando a DFC vimos como os sinais de cada um dos 3 fluxos podem
nos informar o ciclo de vida que a empresa se encontra, se está em crescimento,
se está em fase madura, etc.
Por ultimo, com a DVA, investigamos a origem e distribuição de riqueza
da firma. Quem é o interessado que está recebendo a maior parte da riqueza
gerada pela companhia.
Até a próxima aula!
REFERÊNCIAS
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