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AULA 01
2
entidade, que podem ser utilizadas para entendermos qual o resultado gerado
pelas suas operações.
CONTEXTUALIZANDO
3
contribuir para a maximização da riqueza dos acionistas da empresa
adquirente.
Na formação dessa expectativa de geração de riquezas futuras, alguns
aspectos essenciais são levados em consideração: Qual o retorno mínimo
exigido pelos acionistas? Qual a capacidade operacional da entidade? Como
se mostra o desempenho presente da organização e qual a perspectiva futura
que ele nos proporciona? Nesse primeiro momento estudaremos, portanto, os
fundamentos inerentes a geração de valor por uma entidade e formas de
mensuração do seu desempenho operacional.
Bons estudos!
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reside, situado a 50 quilômetros de sua residência e que possua um veículo
para realizar o trajeto de ida e vinda, diariamente. Cada trajeto do percurso, ou
seja, o deslocamento residência-trabalho ou trabalho-residência, seu veículo
consegue perfazer em um período de duas horas. Assim, a funcionalidade
principal estabelecida ao seu veículo é cumprida, que é o de permitir o trânsito
entre as duas cidades. Todavia, sua expectativa era de que seu veículo
pudesse te proporcionar a realização desse mesmo trajeto com uma duração
compatível com a média do tempo dispendido pelos demais indivíduos que
fazem diariamente este trajeto, que é inferior a uma hora. Dessa forma, apesar
do veículo atingir o resultado que dele é esperado, que é o de permitir o seu
deslocamento diário, ele não consegue alcançar a expectativa de seu
proprietário, que consiste em realizar esse trajeto em um tempo mediano.
Diante disso, podemos encontrar empreendimentos que apresentem
lucros periodicamente, mas que não são economicamente viáveis para seus
acionistas. Assaf Neto (2014, p. 2) enfatiza que “o principal objetivo de uma
empresa é o de maximizar a riqueza de seus acionistas”. Essa maximização se
apresenta, portanto, a partir do momento que a geração dos benefícios
econômicos se apresenta além das expectativas traçadas pelos proprietários
do empreendimento.
Com isso, chegamos ao conceito de criação de valor. Tem-se que uma
entidade consegue criar valor à medida que consegue apurar benefícios
econômicos superiores ao custo de oportunidade do capital aplicado pelos
acionistas. Para entendermos esse conceito de criação de valor, primeiramente
precisamos ter em mente qual a definição de custo de oportunidade. Pindyck e
Rubinfeld (2009) afirmam que este fator concentra os custos inerentes às
oportunidades que são preteridas pela entidade. Assim, diante de diferentes
alternativas de escolha, uma daquelas que não forem adotadas terão seus
resultados como formadores do custo de oportunidade.
Para Assaf Neto (2014, p. 8), entende-se como custo de oportunidade “o
retorno da melhor alternativa de investimento, abandonada em troca da
aceitação de outra oportunidade de investimento, de mesmo risco”. Vamos
supor que estamos em dúvida sobre qual atividade física realizar em
determinado local: corrida, ciclismo ou patinação. Consideramos, então, que a
prática de qualquer uma das três alternativas de atividade física nos expõe a
um mesmo risco de lesão. Como a prática da corrida é aquela que nos leva a
6
depender de um menor nível de recursos (equipamentos) empregados,
podemos determinar, assim, que o nosso custo de oportunidade por não correr
consiste na quantidade de calorias que gastaríamos se adotássemos a corrida
como atividade física. Assim, as demais atividades físicas (ciclismo ou
patinação) só criariam valor, caso escolhidas, se superassem a quantidade de
calorias gastas com a corrida.
Imaginem agora que um determinado empreendedor resolveu utilizar
sua reserva financeira de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) para investir
em um novo empreendimento que o teria como único acionista. Antes de
realizar este aporte de capital, o investidor estudou as possibilidades de
investimento e verificou que poderia aplicar em títulos financeiros que
apresentavam risco que ele julgava aceitável e que lhe proporcionariam uma
rentabilidade média de 10% ao ano (a.a.). Com esse cenário, o custo de
oportunidade desse empreendedor seria o equivalente a um retorno anual de
10% sobre o capital aplicado. Caso nos primeiros 12 meses de operação a
empresa apresentasse um lucro líquido de R$ 35.000,00, esse
empreendimento estaria criando valor ao acionista?
Para respondermos a essa questão, primeiramente faz-se necessário
calcular qual seria o custo de oportunidade do empreendedor no primeiro ano,
como apresentado abaixo:
7
Assaf Neto (2014, p. 6) enfatiza que “diversos novos negócios no
ambiente econômico atual apresentaram baixos resultados nos primeiros anos
de existência, porém conseguiram, com base em desempenhos futuros
esperados, promover fortes valorizações em seus preços de mercado”. Desta
forma, esses empreendimentos, apesar de não proporcionarem geração de
valor nos anos iniciais de suas atividades, demonstraram ao mercado que
possuíam potencial para criarem valor no futuro, fazendo, dessa forma, com
que o valor de seus títulos patrimoniais (ações) se elevasse. O autor cita a
livraria Amazon como exemplo de empresas que apresentaram esta
característica.
Entidades que apresentam ao mercado uma expectativa de geração de
valor contínua são avaliadas positivamente, em virtude da perspectiva
apresentada de maximização dos interesses dos acionistas, fazendo assim
com que haja criação de riqueza. Assaf Neto (2014) destaca que essa
avaliação realizada por diferentes agentes geralmente possibilita uma
valorização no preço dos títulos patrimoniais, fazendo com que o valor de
mercado da empresa aumente.
satisfação do cliente;
impostos;
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ação judicial ou regulatória empreendida pelos governos devido a danos
ambientais, evasão fiscal ou emissões fraudulentas de títulos;
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o desempenho da lucratividade empresarial no curto prazo ou na construção
dos alicerces de uma empresa maior e mais sólida?
Em sua operacionalização, a VBM caracteriza-se como um processo
contínuo que tem início no planejamento estratégico da empresa, passando por
uma metodologia de mensuração e avaliação da capacidade de agregação de
valor da empresa e sendo, geralmente, implementado um modelo de
remuneração para incentivar a criação de valor (Assaf Neto, 2014). O plano
estratégico da empresa, englobando desde a declaração de uma visão
inspiradora e o estabelecimento de metas, além das estratégias financeiras e
capacidades diferenciadoras, devem enfatizar a maximização de valor da
Companhia.
Para mensuração e avaliação da capacidade de agregação de valor, a
empresa deve identificar, priorizar e institucionalizar os direcionadores de valor
ou value drivers (Copeland, Koller, & Murrin, 2002). De acordo com Assaf Neto
(2014, p. 11), direcionador de valor “pode ser entendido como qualquer variável
capaz de influir sobre o valor da empresa. [...] constituem-se em uma
separação dos diversos fatores que compõem a medida de valor de uma
empresa, visando tornar mais objetiva e viável sua aplicação aos vários níveis
organizacionais”.
Rappaport (2001, p. 77), ilustra o papel dos direcionadores de valor no
processo de geração de valor para o acionista, como apresentado na Figura a
seguir.
11
Figura 1 – A sequência da geração de valor para o acionista
12
valor para o acionista e também como indicativos de potencial geração futura
de benefícios econômicos, para avaliação do valor do empreendimento.
Demonstração de Resultado R$
𝐸𝐵𝐼𝑇 = 370.000,00
14
avaliamos o desempenho econômico da entidade, por sua vez, é salutar que o
aspecto tributário não seja desconsiderado.
Surge, assim, o conceito de resultado operacional líquido, também
conhecido como NOPAT (Net Operating Profit After Taxes). Assim, o NOPAT
apresenta o resultado operacional da Companhia após ter sido destinado o
respectivo valor dos tributos incidentes sobre ele. Para o cálculo do NOPAT,
deve ser descontado o valor dos tributos sobre a renda do EBIT, sendo esses
tributos calculados fazendo o uso da alíquota efetiva. Para o cálculo da
alíquota efetiva, devemos calcular a representatividade da provisão para
Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e para a Contribuição Sobre
o Lucro Líquido (CSLL) do LAIR, multiplicando o resultado por 100. Vamos
retornar aos dados apresentados na Demonstração de Resultados da
Companhia XYZ para calcularmos a alíquota efetiva:
𝑁𝑂𝑃𝐴𝑇 = 244.200,00
15
apuração dos impostos sobre a renda mostra-se maior que o valor tributado
sobre as receitas financeiras.
3.2 EBITDA
16
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 = 𝐿𝐴𝐼𝑅 − 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 + 𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çã𝑜
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 = 430.000,00
17
Sendo:
19
onerosos são aqueles sobre os quais os seus credores exigem juros para
remunerar o capital, os passivos de funcionamento não os requisitam.
Com isso, para definirmos o capital investido em uma organização,
devemos somar o capital empregado pelos acionistas, expresso no Patrimônio
Líquido, com os passivos onerosos (Empréstimos e Financiamentos). Temos,
então, na formação do capital investido, o total dos recursos provenientes de
diferentes agentes (sejam eles acionistas ou credores) que exigem
remuneração pelo risco incorrido ao disponibilizar estes recursos. Assaf Neto
(2014, p. 33), destaca que o capital investido “equivale ao investimento
realizado em ativos operacionais fixos (não circulantes) [...] e capital de giro,
recursos necessários para o desenvolvimento do negócio”.
Esse investimento realizado pela Companhia, portanto, representa a
materialização dos recursos captados em fatores que possibilitarão a geração
de resultados econômicos a partir de sua operacionalização. Todavia, os ativos
monetários apresentados no patrimônio da entidade não estão sendo
empregados para a geração de resultado operacional (Damodaran, Return on
Capital (ROC), Return on Invested Capital (ROIC) and Return on Equity (ROE):
Measurement and Implications, 2007a). Na mensuração do capital investido,
devemos avaliar a representatividade do saldo apresentado pela entidade
como Disponível (também denominado contabilmente como Disponibilidades
ou Caixa e Equivalentes de Caixa). Caso seja representativo,
desconsideraremos o seu valor na mensuração do capital investido. Contudo,
durante nossas aulas, consideraremos o capital investido como a soma dos
recursos próprios e passivo oneroso, considerando as Disponibilidades como
não representativo.
Vamos imaginar que a Companhia XYZ, que utilizamos até aqui para
avaliação de desempenho, apresente o balanço resumido a seguir:
ATIVO R$ PASSIVO R$
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(Não oneroso)
Sendo:
PL = Patrimônio Líquido
CP = Curto prazo
LP = Longo prazo
𝑁𝑂𝑃𝐴𝑇
𝑅𝑂𝐼𝐶 = × 100
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜
244.200,00
𝑅𝑂𝐼𝐶 = × 100
2.110.000,00
𝑅𝑂𝐼𝐶 = 11,57%
Diante disso, o capital investido pela Companhia XYZ foi capaz de gerar
uma rentabilidade de 11,57% no período analisado. Para avaliarmos se a
geração de resultados da empresa, por meio de seus ativos operacionais, foi
eficiente, faz-se necessário confrontar o ROIC com o custo total de capital da
entidade. Esse custo total de capital representa a remuneração exigida de suas
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fontes de financiamento (próprios acionistas e terceiros), ponderados pela sua
respectiva participação nos recursos captados.
Note que ao empregarmos o Capital Investido como denominador para o
cálculo do ROIC, precisamos não somente avaliar o seu resultado final, mas
também a sua composição. Imaginem, por exemplo, que determinada entidade
resolva reduzir os seus investimentos em ativos fixos, resultando, portanto, em
um decréscimo no capital investido. Com essa redução do capital investido,
mantendo-se o mesmo nível de NOPAT, a tendência é que a Companhia
apresente um ROIC superior. Contudo, esse crescimento no ROIC mostra-se
não sustentável para a Companhia no futuro. Isso decorre do fato de que o
aumento na rentabilidade dos ativos foi proporcionado pela sua depreciação no
período, sem uma recomposição dos bens. Assim, sem a renovação dos
ativos, a Companhia pode estar tendendo à sua descontinuidade (Assaf Neto,
2014).
198.000,00
𝑅𝑂𝐸 = × 100
1.400.000,00
23
𝑅𝑂𝐸 = 14,14%
𝑅𝑂𝐸
𝐺𝐴𝐹 =
𝑅𝑂𝐼𝐶
24
No exemplo estudado até aqui, a Companhia XYZ apresentaria um grau
de alavancagem financeira de 1,22, assim mensurado:
14,14%
𝐺𝐴𝐹 =
11,57%
𝐺𝐴𝐹 = 1,22
25
5.1 Crescimento do Resultado Operacional Líquido (NOPAT)
26
Com isso, para mensurarmos a taxa de reinvestimento do NOPAT,
podemos aplicar a seguinte fórmula:
𝑊𝐶𝑡 = 90.000,00
27
∆𝑊𝐶 = 90.000,00 − 60.000,00
∆𝑊𝐶 = 30.000,00
205.000,00
𝑏𝑁𝑂𝑃𝐴𝑇 = × 100
244.200,00
𝑏𝑁𝑂𝑃𝐴𝑇 = 83,95%
𝑔𝑁𝑂𝑃𝐴𝑇 = 9,71%
28
da origem de recursos, seja de terceiros ou dos próprios acionistas. Em
seguida, nos concentramos na aprendizagem acerca do retorno proporcionado
somente aos detentores dos títulos patrimoniais. Precisamos, então,
avaliarmos também como os acionistas podem estimar a taxa de crescimento
do resultado que remunera somente o seu capital.
Para isso, devemos mensurar, portanto, a taxa de crescimento do lucro
líquido (gLL). Essa taxa representa a razão do quanto do lucro líquido a
entidades reinvestiu em suas atividades e o retorno proporcionado pelo capital
próprio empregado no negócio. Utilizamos, desta forma, a seguinte notação:
𝐷𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜𝑠
𝑏𝐿𝐿 = (1 − 𝑝𝑎𝑦𝑜𝑢𝑡) ou 𝑏𝐿𝐿 = 1 − (𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜) × 100
55.000,00
𝑝𝑎𝑦𝑜𝑢𝑡 = × 100
198.000,00
𝑝𝑎𝑦𝑜𝑢𝑡 = 27,78%
𝑔𝐿𝐿 = 10,21%
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
30
Vamos calcular e analisar as medidas de desempenho que aprendemos
nessa aula?
EBIT:
NOPAT:
EBITDA:
Margem EBITDA:
Capital Investido:
ROIC:
ROE:
Retorno produzido pela alavancagem financeira:
GAF:
Taxa de reinvestimento do NOPAT:
Taxa de crescimento do NOPAT:
Payout e taxa de reinvestimento do Lucro Líquido:
Taxa de crescimento do Lucro Líquido:
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FINALIZANDO
32
REFERÊNCIAS
33
NAKAMURA, W. T. Resultado do Exercício. In: J. F. Ribeiro Filho, J. Lopes, &
M. Pederneiras. Estudando Teoria da Contabilidade (pp. 161-175). São
Paulo: Atlas, 2009.
PINDYCK, R. S., & RUBINFELD, D. L. Microeconomia. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2009.
RAPPAPORT, A. Gerando Valor para o Acionista: Um Guia para
Administradores e Investidores. Tradução de A. Alcântara. São Paulo: Atlas,
2001.
TOSTES, F. Patrimônio Líquido. In: J. Ribeiro Filho, J. Lopes, & M.
Pederneiras. Estudando Teoria da Contabilidade (pp. 119-134). São Paulo:
Atlas, 2009.
YOUNG, S., & O'BYRNE, S. EVA® e Gestão Baseada em Valor: Guia Prático
para Implementação. Tradução de P. B. Lustosa & O. R. Medeiros. Porto
Alegre: Bookman, 2003.
34
AVALIAÇÃO DE EMPRESAS
AULA 02
CONTEXTUALIZANDO
2
justamente em discutirmos as formas de mensuração dessa geração de
riqueza.
Consideraremos a geração de valor não somente com base na
mensuração preconizada pelas normas contábeis. Em nossa discussão,
abordaremos também a criação de valor com base na perspectiva de mercado,
considerando, portanto, o valor atualizado necessário para reposição do capital
investido. Por fim, estudaremos a materialização da geração de valor para o
acionista, ao discutirmos as métricas baseadas em fluxos de caixa.
3
recursos em outra alternativa de mesmo risco, ou seja, o seu custo de
oportunidade.
Assaf Neto (2014, p. 115) ilustra os possíveis casos de EVA em uma
entidade, incluindo a perspectiva de EVA positivo, discutida anteriormente:
Valor Valor
Capital Capital
econômico da econômico da
investido investido Valor
empresa empresa Capital
econômico da
investido
empresa
Capacidade Capacidade
de criação de de destruição
valor de valor
Uma organização que apresente um EVA positivo (EVA > 0) indica uma
capacidade de criação de valor, pois é capaz de gerar um retorno superior à
remuneração mínima exigida pelos acionistas (custo de oportunidade). A
perspectiva de manutenção dessa condição de geração de valor em períodos
futuros faz com que a empresa seja melhor avaliada por potenciais
investidores. Assim, empresas capazes de criar valor no longo prazo são
melhores valorizadas e, consequentemente, melhor precificadas.
Uma entidade que apresenta uma perspectiva futura de EVA negativo
(EVA < 0) não revela condições de acrescentar valor à riqueza dos seus
acionistas. Empresas com essa característica não são capazes de proporcionar
um retorno aos detentores do capital que os remunere pelo risco assumido por
eles no desenvolvimento do negócio. Com isso, essas entidades se mostram
economicamente inviáveis. Ludícibus (2012, p. 238) afirma que “uma empresa
que não remunere devidamente os seus acionistas é uma empresa que destrói
valor, fatalmente lhe faltarão investidores”.
Assaf Neto (2014, p. 114) complementa, afirmando que nesses casos a
entidade é considerada como economicamente inviável e “o valor dos ativos
negociados em separado (individualmente) supera o valor da empresa em
4
funcionamento, denotando destruição de valor”. Diante disso, em virtude de a
entidade não ser capaz de remunerar o risco inerente ao negócio, realizar a
liquidação de cada um de seus ativos de forma segregada possivelmente
proporcionaria um retorno superior aos seus acionistas do que a manutenção
das atividades da organização.
Quando a empresa apresenta uma condição de nulidade do seu EVA
(EVA = 0), não existe criação de valor, tampouco sua destruição. Nesse
cenário, o retorno proporcionado pela entidade se iguala ao montante
necessário para a sua formação. Com isso, um potencial investidor não pagaria
um preço superior ao capital empregado na entidade (Assaf Neto, 2014).
Schmidt, Santos e Kloeckner (2006), com base na literatura existente,
listou as vantagens e desvantagens da utilização do EVA. Como fatores
positivos, os autores listaram (adaptado de Schmidt, Santos e Kloeckner, 2006,
p. 214):
5
dificuldades na captação de empréstimos e financiamentos;
6
Cost Of Capital), esse estudo ainda não foi feito por nós. Como uma explicação
aprofundada sobre esse tema é objeto de disciplina – FINANÇAS
CORPORATIVAS E MERCADO DE CAPITAIS – distinta em nosso curso,
apresentaremos aqui uma breve contextualização, para que possamos ter esse
primeiro contato com o conceito atinente a esta medida financeira.
De acordo com Titman e Martin (2010, p. 150), o custo médio ponderado
de capital representa “uma média ponderada dos custos após impostos, das
várias fontes de capital arrecadado pela empresa para financiar suas
operações e investimentos”. Dessa forma, o WACC considera a taxa exigida
por cada um de seus agentes financiadores de capital, seja ele terceiro ou o
próprio acionista, e a sua participação em relação ao total de recursos
captados. Para exemplificarmos, voltaremos ao caso da Companhia XYZ, no
qual estamos trabalhando desde o início da nossa disciplina. Apresentamos a
seguir, novamente, o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados da
Companhia XYZ para que possamos utilizar na mensuração das métricas
agora aprendidas.
ATIVO R$ PASSIVO R$
Demonstração de Resultado R$
7
Lucro bruto 450
8
Passivos onerosos 710 33,65% 11,00% 3,74% 7,26% 2,44%
𝐸𝑉𝐴𝑁𝑂𝑃𝐴𝑇 = (31.366,00)
9
Em conjunto com o EVA, frequentemente mensuramos o spread
econômico da empresa, que representa o indicativo de potencial das
estratégias financeiras adotadas em agregar valor (ASSAF NETO, 2014). Para
o cálculo do spread econômico, confrontamos um indicador que traduz a
estratégia operacional da Companhia (ROIC), com aquele que representa as
decisões financeiras aplicadas (WACC). Portanto:
10
Em que utilizamos no cálculo o Lucro Líquido (LL) da Companhia, seu
Patrimônio Líquido (PL), e o custo do capital próprio (Ke). Ao tratarmos do
WACC, falamos brevemente sobre esta última variável e, nesta seção,
introduzimos o símbolo que habitualmente encontramos em Finanças para a
sua representação. Maiores detalhes sobre a sua estimação são objetos de
outra disciplina do nosso curso. Voltando ao exemplo da Companhia XYZ,
portanto, declaramos anteriormente que o custo do capital próprio era de 16%
a.a.. Assim, o EVA pelo lucro líquido da Companhia XYZ será:
𝐸𝑉𝐴𝐿𝐿 = (26.000,00)
11
proporcionado pela Companhia. As estratégias operacionais da Companhia,
portanto, não foram suficientes para remunerar os proprietários do capital em
relação ao risco que eles possuem ao investirem seus recursos na entidade.
Além do EVA, a empresa de consultoria Stern Stewart & Co. tem registrada
também outra medida de valor, o MVA® (Market Value Added – Valor Agregado
pelo Mercado). De acordo com Lopo et al (2011, p. 247),
12
Figura 3 – Exemplo de fluxo financeiro futuro do EVA
𝐸𝑉𝐴𝑁𝑂𝑃𝐴𝑇
𝑀𝑉𝐴 =
𝑊𝐴𝐶𝐶
450.000,00
𝑀𝑉𝐴 =
0,15
𝑀𝑉𝐴 = 3.000.000,00
Assim, o MVA representa que o valor total que será acrescido a riqueza
dos acionistas pela empresa no futuro, em um período indeterminado, é de R$
3 milhões. Destaca-se, entretanto, que utilizando essa metodologia de cálculo
do MVA, têm-se como premissa a manutenção atual de sua capacidade
13
operacional. Não se traduz, portanto, mudanças observadas nas diferentes
fases do ciclo de vida do empreendimento ou a perspectiva de novos
investimentos para a ampliação da sua capacidade operacional. Caso a
administração necessite da avaliação do MVA considerando estas alterações,
demanda-se o cálculo do MVA pelo desconto a valor presente do fluxo
financeiro.
A partir do MVA é possível realizarmos uma estimativa do valor da
empresa para o acionista, que “depende fundamentalmente de sua capacidade
em criar riqueza econômica futura através da geração de lucros em excesso ao
custo de capital” (Assaf Neto, 2014, p. 128). Diante disso, ao admitirmos que a
geração de valor da entidade não será alterada no futuro, podemos representar
o valor da empresa para o acionista como:
(31.366,00)
𝑀𝑉𝐴 =
0,1306
𝑀𝑉𝐴 = (240.168,45)
14
valor para o acionista. Com isso, as estratégias operacionais adotadas pela
entidade não são suficientes para remunerar o capital investido. Calculando-se
o seu valor de mercado para o acionista, têm-se a importância de R$
1.869.831,55 (capital investido de R$ 2.110.000,00, acrescido de um MVA
negativo de R$ 240.168,45). Diante disso, para os acionistas, seria mais
interessante liquidar os ativos da Companhia de forma segregada, pois
poderiam recuperar o capital investido.
15
Assaf Neto (2014, p. 140) salienta que “é importante entender que a
soma dos valores de mercado dos ativos em uso não representa o genuíno
valor de mercado da empresa, pois não considera principalmente a sinergia
entre eles”. Assim, se realizarmos uma avaliação isolada do valor de mercado
de cada ativo da Companhia, individualmente, possivelmente encontraremos
uma importância monetária diferente daquela expressa pelo valor de mercado
da empresa. Isso se deve ao fato de que a empresa é avaliada pelo mercado
por seu conjunto completo de ativos e como eles se integram na organização, e
não avaliando o potencial individual de cada um deles. Essa operacionalização
conjunta dos ativos e os benefícios econômicos esperados por essa
combinação que representa a sinergia existente na entidade, mencionada pelo
autor referenciado.
Quando observamos um valor de mercado inferior ao contábil, a
precificação das ações reflete a expectativa dos agentes externos que a
sinergia entre os ativos não gere benefícios suficientes para remunerar o custo
do capital que os financia. Assim, possivelmente o resultado obtido por meio da
venda individualizada dos bens da Companhia será superior ao desempenho
futuro esperado com a manutenção de suas atividades.
Gilio (2010) afirma que o resultado expresso pelo índice market-to-book
incorpora objetivamente as informações disponíveis ao mercado e que são
empregadas na precificação das ações das empresas e que não são incluídas
na mensuração contábil em virtude da não permissão das normas vigentes. Ele
é expresso pela “relação entre o valor de mercado das ações de uma empresa
e o seu valor contábil, conforme registrado nas demonstrações contábeis”
(Assaf Neto, 2014, p. 141). Assim, chegamos a seguinte notação, expressando
o market-to-book pela sigla MTB:
16
valores residuais, em uma eventual liquidação da entidade. Para o cálculo do
valor de mercado da Companhia, que representa o numerador da equação,
temos que considerar a cotação e quantidade de cada tipo de ação. Assim, o
valor de mercado (VM) de uma entidade é calculado mediante a seguinte
notação:
Sendo:
QTD – quantidade de ações
PU – preço unitário das ações
Para ilustrarmos a mensuração do market-to-book, vamos retornar ao
exemplo da Companhia XYZ. Considerando que o seu patrimônio é formado
por um total de 120.000 ações, distribuídas em 60.000 ações ordinárias e um
mesmo número de preferenciais, estando cotadas, em determinada data, em
R$ 14,75 cada ação ordinária e R$ 13,55 a unidade de ação preferencial. Com
isso, podemos determinar o valor de mercado da seguinte forma:
1.698.000,00
𝑀𝑇𝐵 =
1.400.000,00
𝑀𝑇𝐵 = 1,21
17
4.2 REVA – Refined Economic Value Added
𝑅𝐸𝑉𝐴 = (70.284,80)
18
isso, o REVA leva em consideração não somente a expectativa dos detentores
do capital que financiam a entidade com base em seu valor histórico, mas
engloba também a expectativa acerca das informações e perspectivas futuras
existentes.
19
Figura 4 – Diagrama dos fluxos de caixa dos acionistas
1 n–4 Dividendos 25
2 n–3 Dividendos 32
3 n–2 Dividendos 35
4 n–1 Dividendos 40
5 n Dividendos 55
20
Assim, podemos calcular a riqueza corrente da Companhia XYZ por
intermédio da seguinte operação:
𝑅𝐶 = 1.941.710,65
𝑅𝑖𝑞𝑢𝑒𝑧𝑎 𝐸𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑃𝑜 𝑥 (1 + 𝐾𝑒 )𝑛
𝑅𝐸 = 850.000,00 + (1 × 0,16)5
𝑅𝐸 = 1.785.290,41
21
𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑒𝑚 𝐸𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 = 156.240,24
22
expectativa de mercado positiva, com base em uma perspectiva futura
favorável. O contrário também pode ser observado, desempenho satisfatório
em um exercício, com uma expectativa futura não tão boa.
O MVAF é calculado por meio da comparação entre o valor de mercado
do Capital Investido e o seu valor contábil. Assim, para a Companhia XYZ,
temos um MVAF de:
𝑀𝑉𝐴𝐹 = 298.000,00
𝑉𝐸𝐹 = 538.168,45
𝐷𝐼𝑉
𝐷𝑌 =
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝐴çã𝑜𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
24
Tabela 3 – Cálculo da TRA
Ações Ações
Descrição Referência
ordinárias preferenciais
TRA - Taxa de Retorno Total das Ações (g) = (c) + (f) 9,03% 10,31%
25
Assim como o EVA, o Cash Value Added (CVA®) é uma medida que se
concentra no resultado residual disponível para o acionista (ASSAF NETO,
2014). Enquanto o EVA tem como foco o lucro residual, ou seja, aquele que se
mostra superior a rentabilidade mínima exigida pelos detentores do capital
investido, o CVA reflete em quanto os fluxos de caixa gerados pela empresa
superam o montante requerido pelos acionistas.
O CVA é uma marca registrada pela empresa de Consultoria Boston
Consulting Group e para o seu cálculo empregamos a seguinte expressão:
𝐹𝐶𝑂 = 304.200,00
Esse valor representa, portanto, o valor dos fluxos de caixa gerados pela
operação da Companhia XYZ no período avaliado. Contudo, temos que
considerar qual o fluxo de caixa mínimo exigido pelo acionista, obtido mediante
o produto entre o Capital Investido e o custo médio ponderado de capital
(WACC). Assim, o custo de capital da Companhia XYZ é:
26
Por fim, para o cálculo do CVA, temos que mensurar a depreciação
econômica. Essa medida reflete o valor necessários para a reposição dos
ativos, determinado não somente pela fluência da vida útil, mas também pela
remuneração do capital necessário para realizar essa substituição. Sua
mensuração é realizada mediante a seguinte formulação:
𝑊𝐴𝐶𝐶
𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çã𝑜 𝐸𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑎 = 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐸𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑜 𝑥
(1 + 𝑊𝐴𝐶𝐶)𝑛 − 1
0,1306
𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çã𝑜 𝑒𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑎 = 2.110.000,00 ×
(1 + 0,1306)14 − 1
𝐶𝑉𝐴 = (31.585,34)
(304.200,00 − 60.219,34)
𝐶𝐹𝑅𝑂𝐼 =
2.110.000,00
243.980,66
𝐶𝐹𝑅𝑂𝐼 =
2.110.000,00
𝐶𝐹𝑅𝑂𝐼 = 11,56%
28
giro”. Com isso, mensura-se o FCD considerando a geração de caixa
proporcionada pelas operações, após o pagamento de todos os seus custos e
despesas de funcionamento, além da destinação de recursos necessários para
a aquisição de ativos que permitirão a manutenção de suas atividades e o seu
crescimento operacional.
O FCD demonstra-se sob duas perspectivas diferentes, sendo dividido,
assim, em dois tipos:
29
considerando os bens nela empregados. As empresas, muitas vezes, realizam
o pagamento a seus fornecedores pela aquisição de materiais em um prazo,
em dias, não suficiente para que tenha recebido de seus clientes pela venda de
seu produto. Assim, as entidades precisam de recursos para suportar esse
descasamento de prazo entre seus pagamentos e recebimentos.
Para ilustrarmos o cálculo do FCDE, retornaremos ao exemplo da
Companhia XYZ. Como vimos anteriormente, o fluxo de caixa operacional da
entidade totalizou R$ 304.200,00. Na primeira aula, empregamos também o
CAPEX e a variação da necessidade de capital de giro para mensurarmos a
taxa de reinvestimento do NOPAT. Assim, conforme estabelecemos
anteriormente, o investimento em CAPEX realizado pela Companhia XYZ no
exercício analisado foi de R$ 235.00,00, e a variação do capital de giro foi de
R$ 30.000,00 (capital de giro no final do exercício de R$ 90.000,00 subtraído
do observado no início do período, que era R$ 60.000,00).
Assim, podemos mensurar o FCDE da Companhia XYZ como:
𝐹𝐶𝐷𝐸 = 39.200,00
ou
30
𝐹𝐶𝐷𝐴 = 𝐹𝐶𝐷𝐸 − 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 + 𝐵𝑒𝑛𝑒𝑓í𝑐𝑖𝑜 𝑑𝑎 𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎 + 𝑁𝑜𝑣𝑎𝑠 𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎𝑠
𝑃
𝑁𝑜𝑣𝑎𝑠 𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎𝑠 = × [(𝐶𝑎𝑝𝑒𝑥 + ∆𝑁𝐼𝐺) − 𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çã𝑜]
𝑃 + 𝑃𝐿
Sendo:
P = Passivo total
PL = Patrimônio Líquido
Para mensurarmos o FCDA da Companhia XYZ partindo do Lucro
Líquido, com o objetivo de ilustrarmos a discussão apresentada, vamos
primeiramente calcular as novas dívidas. Temos:
1.100.000,00
𝑁𝐷 = × [(235.000,00 + 30.000,00) − 60.000,00]
1.100.000,00 + 1.400.000,00
1.100.000,00
𝑁𝐷 = × (265.000,00 − 60.000,00)
2.500.000,00
𝐹𝐶𝐷𝐴 = 83.200,00
31
O mesmo valor encontramos quando partimos do FCDE. O benefício da
dívida, descrito na fórmula, representa a importância que poderá ser deduzida
dos tributos sobre o lucro, proveniente do resultado financeiro. Assim, aplica-se
sobre o resultado financeiro a alíquota efetiva de Imposto de Renda e
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, como calculamos anteriormente. O
benefício da dívida da Companhia XYZ no exemplo estudado, portanto,
totalizou R$ 23.800,00 (Resultado financeiro R$ 70.000,00 x Alíquota efetiva de
34%). Assim, o cálculo do FCDA partindo do FCDE se mostra da seguinte
forma:
𝐹𝐶𝐷𝐴 = 83.200,00
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
32
33
Vamos calcular e analisar as medidas de criação de valor que
aprendemos nessa aula para o ano de 2016?
WACC:
34
EVANOPAT:
Spread econômico da empresa:
EVALL:
Spread econômico do acionista:
MVA:
Valor da empresa com base no MVA:
Market-to-book:
REVA:
Riqueza corrente:
Riqueza esperada:
Retorno em excesso:
MVAF:
VEF:
Dividend Yield:
35
TRA:
Fluxo de caixa operacional:
Depreciação econômica:
CVA:
CFROI:
FCDE:
Novas dívidas:
FCDA:
FINALIZANDO
36
segunda perspectiva, considera-se o lucro líquido excedente ao retorno
monetário esperado pelos detentores do capital próprio da entidade.
Além de discutirmos o EVA e MVA, abordamos aqui também algumas
métricas de avaliação da criação de valor baseadas no valor de mercado da
entidade (Market-to-book, REVA, Retorno em excesso, VEF e TRA), além de
medidas baseadas em fluxos de caixa (CVA, CFROI e Free Cash Flow).
Lembramos que o valor de uma entidade sempre se baseia na expectativa de
geração futura de benefícios futuros. Essa premissa se mostra muito
importante quando discutimos a mensuração da geração de valor de uma
entidade, assim como na definição do valor de uma empresa.
37
REFERÊNCIAS
38
AVALIAÇÃO DE EMPRESAS
AULA 3
CONTEXTUALIZANDO
2
A partir desse momento, começaremos a discutir, então, os elementos
básicos inerentes a esse processo de avaliação de empresas, também
conhecido como valuation. Primeiro, vamos nos concentrar em estudar a
finalidade e as características do processo de avaliação e o seu
relacionamento com a contabilidade. Em seguida, apresentaremos quais
etapas compõem o processo de valuation, discutindo cada uma delas, com
destaque para as metodologias mais usadas e o fator tempo no processo de
avaliação. Por fim, apresentaremos alguns tópicos especiais que podem
impactar a realização da avaliação de uma empresa, discutindo esses reflexos
e quais alternativas temos para os contornarmos.
3
Os objetivos da avaliação de empresas são assim resumidos por Costa,
Costa e Alvim (2010, p. 126), não sendo essa lista exaustiva:
4
que o valor da modelagem que criamos se aproxime do produto entre a
cotação e a quantidade de ações de uma companhia (nesse caso,
especificamente, em se tratando de uma empresa de capital aberto). Ao
encontrarmos um valor inicial muito destoante em relação à importância
esperada, podemos buscar modificações na avaliação realizada para que essa
diferença diminua.
A terceira forma de manifestação também está relacionada com a
comparação entre o valor estimado e a expectativa inicial. Sendo detectada
uma grande diferença no comparativo, podemos manter inalterado o valuation
realizado. Contudo, para justificarmos essa diferença, argumentamos que ela
reflete aspectos qualitativos inerentes ao negócio, não investigando a fundo
quais fatores resultaram nessa diferença. Segundo Damodaran (2007, p. 2),
“trata-se de um artifício comum na avaliação de aquisições, em que os
analistas geralmente são chamados para justificar o injustificável”.
Outro ponto importante a se ressaltar sobre a estimativa de valor de uma
empresa reside no fato de o processo de avaliação ser cercado por incertezas.
Existem incertezas relacionadas à própria estimativa realizada, específicas da
empresa e ainda as macroeconômicas (Damodaran, 2007). Mesmo que as
fontes de informações utilizadas sejam as melhores e mais confiáveis, a
transformação desses dados em premissas e projeções pode conduzir o
analista a erro ou má especificação do modelo, o que resultaria em um erro na
estimativa. Além disso, o desempenho futuro demonstrado pela entidade
avaliada pode ser diferente daquilo que foi estimado ou, ainda, o ambiente
macroeconômico pode mudar de sobremaneira que impacte a entidade de
forma inesperada, seja positiva ou negativamente.
Em relação ao comportamento que devemos adotar quanto a incerteza e
julgamentos inerentes ao processo de avaliação, Damodaran (2007) conclui
que devemos focar no desenvolvimento dos melhores modelos possíveis, com
o máximo de informações que pudermos obter de forma legal. O autor destaca
ainda que é costumeiro no ambiente empresarial que surjam novas
informações e que, à medida que elas se alterem, as avaliações realizadas
sejam atualizadas.
5
1.2 O relacionamento entre metodologias de avaliação de empresas e a
contabilidade
6
O CPC 01 (R1) preconiza que periodicamente as entidades necessitam
avaliar se existe algum indício de que um ativo ou um conjunto de ativos,
denominado Unidade Geradora de Caixa (UGC), possam ter apresentado
desvalorização (CPC, 2010). Essa desvalorização retrata que o valor contábil,
pelo qual o ativo está registrado, está maior do que o montante que a empresa
conseguirá extrair de benefícios no futuro, denominado valor recuperável. As
entidades conseguem obter retornos futuros com a ativo sob duas diferentes
hipóteses, com a sua venda ou com a sua utilização. Assim, o valor
recuperável de um ativo reflete o maior entre o seu valor justo, líquido das
despesas de alienação (hipótese de venda), e o seu valor em uso (hipótese de
utilização do ativo).
Vamos nos concentrar, a princípio, no valor em uso, tendo em vista que
trataremos ainda nessa seção sobre o valor justo. Os benefícios futuros
esperados de um ativo ou UGC com a sua utilização são mensurados com
base nos fluxos futuros de caixa que eles proporcionarão. Essas estimativas de
caixa futuras são descontadas a valor presente, para considerarmos a
diferença temporal do valor monetário, resultando assim no valor em uso do
ativo ou UGC. Como estudaremos adiante, uma das metodologias de avaliação
se concentra justamente em fluxos futuros de caixa descontados a valor
presente.
Tratando-se do CPC 46, por sua vez, diferentes outros pronunciamentos
o referenciam implícita ou explicitamente, pois, com a convergência, temos
diferentes itens patrimoniais avaliados a seu valor justo (inclusive emprega-se
na mensuração do valor recuperável de ativos, como abordamos
anteriormente). De acordo com o pronunciamento técnico, temos a
mensuração do valor justo em três níveis distintos, devendo ser considerada
uma hierarquização entre eles (CPC, 2012).
O nível 1 reside na mensuração por intermédio de cotação de preços de
ativos idênticos àqueles avaliados. Já no nível 2, temos a mensuração por meio
de cotações de itens similares àqueles avaliados. Portanto, os dois primeiros
níveis se concentram em preços praticados no mercado, caracterizados como
técnicas de mensuração que utilizam informações observáveis. O nível 3,
entretanto, configura-se pelo uso de dados não observáveis, sendo feito uso de
modelos de precificações. Entre essas metodologias de precificações,
encontra-se também o método de fluxos futuros de caixa descontados ao seu
7
valor presente. O que diferencia o método empregado aqui na determinação do
valor justo do ativo daquele utilizado para mensurarmos o valor em uso é a
natureza dos inputs em que os modelos se baseiam. Enquanto na
determinação do valor em uso as informações se concentram em premissas
baseadas nas perspectivas internas da empresa, no nível 3 as informações se
baseiam na perspectiva do mercado.
O objetivo aqui não é prolongar muito as discussões inerentes aos dois
pronunciamentos técnicos citados, pois não se encontram sob o escopo da
disciplina. Contudo, é importante entendermos essa interação e
compreendermos o quanto o contador pode fazer uso dos conhecimentos
inerentes às metodologias de avaliação da empresa e também identificarmos
que a realização de valuation pode se caracterizar como um campo de atuação
do profissional contábil.
8
2.1 Análise do desempenho histórico da empresa, seus principais
direcionadores de valor e seus pontos fortes e vulneráveis
Para que seja possível que uma entidade realize as suas atividades, ela
necessita de bens tangíveis e intangíveis que, em conjunto, permitem uma
produtividade por determinado período. Para que as atividades sejam
mantidas, lembrando-se sempre do pressuposto da continuidade empresarial,
demanda-se uma renovação desses ativos com a fluência de suas respectivas
vidas úteis. O nível e as características desses investimentos serão diferentes
de acordo com o volume de atividades da empresa. Por exemplo, os ativos
empregados em uma organização industrial se diferenciam daqueles utilizados
por uma empresa de tecnologia.
A alocação eficiente desses recursos e as decisões de reposição desses
ativos refletem na sustentabilidade futura das atividades da organização. Além
disso, muitas vezes são necessários investimentos em uma diversificação ou
ampliação de seus ativos para suportar o crescimento operacional esperado
das atividades da empresa.
Para a aquisição de novos ativos ou a substituição daqueles existentes,
a companhia precisa decidir qual é a estrutura de capital mais eficiente,
avaliando entre o uso de recursos próprios ou de terceiros (Costa; Costa;
Alvim, 2010). Cada alternativa de captação de recursos possui o seu custo, e
aquela escolhida pela empresa pode representar uma alteração significativa da
taxa de desconto utilizada no processo de avaliação. Além disso, temos que
lembrar que o capital obtido deverá ser remunerado, sendo necessária a
análise do retorno que o investimento proporcionará, avaliando se ele será
9
suficiente para cobrir a remuneração mínima exigida pelos provedores de
recursos financeiros.
A terceira decisão tratada aqui refere-se a gestão do capital de giro. De
acordo com Costa, Costa e Alvim (2010, p. 27), “é fundamental um equilíbrio
entre liquidez e retorno, sem exagerar na liquidez nem na rentabilidade”. Os
ativos financeiros mantidos pela companhia representam uma segurança sobre
a capacidade de honrar com as suas obrigações imediatas, reduzindo o risco
do empreendimento no curto prazo. Contudo, a rentabilidade proporcionada por
esses ativos financeiros se limita às taxas que as instituições financeiras se
propõem a pagar. Os acionistas das entidades podem ter acesso, muitas
vezes, a essa mesma rentabilidade do capital junto às instituições financeiras,
sem que para isso precisem ter a empresa constituída e estar expostos a seus
riscos operacionais.
A expectativa dos acionistas ao formarem uma entidade é que possam
usufruir de benefícios oriundos das suas atividades operacionais, não por
intermédio de encargos financeiros. Essa rentabilidade oriunda da operação da
companhia reside não somente em seus ativos permanentes (abordados na
decisão de investimento), mas também em seus ativos cíclicos, também
denominados ativos operacionais. São eles que são empregados no processo
produtivo e geram, consequentemente, as vendas da companhia e suas
respectivas receitas. Todavia, esses ativos expõem a entidade a um maior
risco de liquidez, pois seu excesso pode ocasionar obsolescência, o que
dificultaria a sua alienação. Por isso a literatura preconiza, portanto, que a
administração busque um equilíbrio eficiente na manutenção de ativos
financeiros e cíclicos (liquidez e rentabilidade).
Ainda sobre a etapa da análise dos fatores internos à companhia, Costa,
Costa e Alvim (2010, p. 29) listam alguns elementos que podemos observar
para termos uma visão detalhada da empresa avaliada:
12
elencarmos aqui a sua formulação, para entendermos melhor a relação entre o
risco e o custo de capital. A formulação da taxa de retorno utilizando o CAPM
apresenta-se como (Ross; Westerfield; Jaffe, 2007, p. 231):
𝐾𝑒 = 𝑅𝐹 + 𝛽(𝑅𝑀 − 𝑅𝐹 )
Em que:
Ke: custo do capital próprio;
RF: taxa de juros livre de risco;
β: coeficiente beta da ação;
RM: retorno da carteira de mercado
13
do fluxo de caixa descontado, que são as mais encontradas na prática de
valuation.
14
concessão para exploração de um determinado serviço por tempo
determinado.
Nos casos em que a entidade possui data estimada de encerramento de
suas atividades, podemos utilizar metodologias combinadas para avaliá-la. Por
exemplo, durante o período em que ela continuará operando, aplicaríamos a
perspectiva do fluxo de caixa descontado, que será apresentada ainda nesta
aula. Ao final, na data de encerramento prevista, consideraríamos o valor de
liquidação dos ativos, considerando a mesma taxa de desconto aplicada na
primeira metodologia utilizada. Essa combinação se faz relevante
principalmente para o acionista, revelando assim quanto a entidade lhe
proporcionaria de benefícios, incluindo o montante a receber na alienação
futura de seus ativos.
15
avaliando. Em termos práticos, habitualmente assumimos que as empresas do
mesmo setor de atuação da entidade objeto de avaliação são similares.
Outro importante aspecto inerente ao conceito apresentado por
Damodaran (2007) reside na variável comum padronizada. Esse preço
padronizado deriva de valores de mercado expressos pelas empresas que
permitem compará-las e serem assumidos como padrão de referência entre
elas, sendo determinados sob diferentes perspectivas, como vendas, lucros,
EBITDAs, entre outras (Assaf Neto, 2014).
Diante disso, a avaliação relativa se mostra simples de ser
implementada e possibilita uma estimativa rápida do valor de um
empreendimento (Damodaran, 2007). De acordo com Assaf Neto (2014),
apesar de sua ampla utilização, a avaliação por múltiplos na maioria das vezes
é empregada como uma medida adicional no processo de valuation, como
forma de comparação a metodologias mais robustas. Isso porque a avaliação
relativa apresenta limitações ao alto grau de subjetividade relacionado aos
julgamentos da administração refletidos no desempenho evidenciado pelas
entidades comparáveis e também no racional que utilizamos para selecionar
essas empresas similares (Bruner, 2004; Damodaran, 2007).
Quanto à definição das empresas comparáveis, Damodaran (2007, p.
10) elenca três formas de realizá-la, que são empregadas também na tentativa
de controle das diferenças entre as organizações selecionadas. São elas:
Comparação direta;
Média do grupo de pares;
Média do grupo de pares ajustada para as diferenças.
16
caixa”. Assim, o valor de uma empresa refletirá as expectativas de
desempenhos de períodos subsequentes, trazidas a valor presente, pela
aplicação de uma taxa que reflita o risco inerente ao custo de capital.
Enquanto na avaliação relativa o valuation é realizado com base na
escolha de empresas similares e de uma variável padronizada, na metodologia
FCD existe a necessidade de se projetar cada elemento que compõe o
desempenho esperado da empresa. É necessário, portanto, grande
conhecimento da entidade a ser avaliada (Costa; Costa; Alvim, 2010), para que
seja possível estimar com maior segurança os reflexos econômicos do seu
volume de atividades (receitas, custos e despesas), de suas decisões de
investimento (Capex destinado a reposição de ativos e de ampliação da
capacidade operacional, além de sua respectiva depreciação) e de sua
estrutura de capital (estratégia de financiamento da empresa).
Dentre os métodos de FCD existentes, quatro se caracterizam como os
mais utilizados, os quais serão discutidos durante a nossa disciplina. Costa,
Costa e Alvim (2010), ao tratarem sobre essas quatro formas diferentes de
cálculo, ressaltam a chamada lei do valor único. De acordo com os autores,
“devemos chegar a um único valor da empresa, independentemente do método
empregado, desde que premissas consistentes sejam usadas na modelagem
dos fluxos de caixa, no custo de capital e na taxa de crescimento” (Costa;
Costa; Alvim, 2010, p. 155). Apesar desta consideração, Damodaran (2007)
destaca que é árdua a tarefa de realizar a conciliação entre as diferentes
metodologias. Optaremos por não explorar essa convergência entre os valores
em nossa disciplina, haja vista que seria necessária uma aula inteira para
explorarmos esse tema.
Os métodos de avaliação por FCD mais utilizados estão listados a
seguir. Detalharemos cada uma dessas abordagens, com exceção da terceira
abordagem, em aula específica de nossa disciplina, incluindo exemplos e
aplicações.
17
a remuneração do passivo oneroso e da captação de novos recursos
(Assaf Neto, 2014). Por intermédio dessa abordagem, para cálculo do
valor da empresa, é necessário somar ao seu resultado o valor das
dívidas da entidade.
Valor Presente Ajustado (VPA) – Adjusted Present Value: nessa
abordagem, separa-se o valor decorrente dos efeitos da estratégia de
financiamento da dívida dos fluxos gerados pelos ativos da entidade
(Damodaran, 2007).
Abordagem dos Lucros em Excesso – Economic Future Value: segrega-
se na avaliação o valor esperado para remunerar o capital investido do
fluxo de caixa que o excede, focando assim na apresentação distinta da
riqueza gerada ou consumida (Damodaran, 2007).
De acordo com Assaf Neto (2014, p. 209), a avaliação por opções reais
“é aplicada basicamente em situações nas quais haja flexibilidade do negócio,
permitindo decisões de desistência, adiamentos ou novos investimentos”. O
detentor de uma opção somente terá retorno se o valor do bem exceder um
valor preestabelecido para uma opção de compra (call) ou for inferior a ele para
uma opção de venda (put) (Damodaran, 2007). A Figura 1 ilustra essa relação
entre preços predeterminados (valor de exercício) e o valor do ativo.
18
Figura 1 – Retorno sobre opções
19
avaliação considera dois períodos distintos para a realização da projeção do
fluxo de caixa futuro da entidade: o explícito e o contínuo (também conhecido
como perpetuidade).
O primeiro compreende um período em que o fluxo de caixa da entidade
pode ser estimado com razoabilidade e sobre o qual temos condições de
prever relevantes parâmetros utilizados na sua mensuração, como preços,
custos, necessidade de investimento, entre outros (Assaf Neto, 2014). Cada
ano compreendido no período de explícito deverá ser individualmente
descontado a valor presente, considerando a taxa de desconto estipulada, que
represente adequadamente o custo do capital.
Em média esse período se concentra entre 5 e 15 anos, variando de
acordo com o setor no qual a entidade está inserida, sendo maior naqueles que
se mostram mais estáveis e cercados de menor incerteza (Costa; Costa; Alvim,
2010; Assaf Neto, 2014). Por exemplo, empresas de tecnologia se mostram
muito mais expostas a mudanças em seu ambiente de negócio que aquelas
dedicadas ao beneficiamento de alimentos, cujas atividades se mostram mais
estáveis e previsíveis. Assaf Neto (2014) destaca o fato de que a prática de
avaliações com um período explícito inferior a cinco anos demonstra um alto
grau de incerteza acerca do valor da empresa estimado.
Por sua vez, o período contínuo tem início após o explícito e demonstra
os fluxos indeterminados de caixa da empresa com sua continuidade por
período não definido, na perpetuidade de suas operações (Assaf Neto, 2014).
De acordo com Lopo et al. (2011, p. 283), “o valor da perpetuidade é aquele
que o negócio possuirá após o período de projeção, em termos atuais”.
Portanto, assim, como os fluxos de caixa projetados no período explícito, o
valor da perpetuidade também deverá ser representado a valor presente.
Na visão de Lopo et al. (2011), em muitas situações, o valor da
perpetuidade se mostra como um dos elementos mais relevantes do valuation
da entidade, sendo influenciado pela expectativa de crescimento após o
período de projeção. Na determinação do valor na perpetuidade, pode-se
considerar que os fluxos de caixa terão um crescimento positivo e constante ou
apresentarão um crescimento nulo (Costa, Costa; Alvim, 2010). Para a
mensuração do valor da empresa no período contínuo com fluxo de caixa
constante (sem crescimento), utilizamos a seguinte notação:
20
𝐹𝐶𝐹
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑟
(1 + 𝑟)𝑛
Em que:
FCF = Free Cash Flow (Fluxo de Caixa Disponível) do primeiro ano após
o período explícito, para a empresa ou para o acionista, dependendo da
perspectiva;
r = taxa de desconto
n = quantidade total de anos considerados no período explícito
𝐹𝐶𝐹
(𝑟 − 𝑔)
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1 + 𝑟)𝑛
80.000.000,00
0,13
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1 + 0,13)5
615.384.615,40
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1,13)5
615.384.615,40
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
1,8424
21
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 334.012.492,10
80.000.000,00 × (1 + 0,025)
(0,13 − 0,025)
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1 + 0,13)5
80.000.000,00 × 1,025
0,105
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1,13)5
82.000.000,00
0,105
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
1,84244
780.952.380,95
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
1,84244
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 423.868.555,26
22
Inicialmente, quando falamos da rentabilidade de projetos, temos que
lembrar que o empreendimento somente agregará valor se o seu retorno for
superior ao custo de oportunidade atrelado à sua consecução (Assaf Neto,
2014). Portanto, o crescimento de uma entidade somente será sustentável
quando as decisões de investimentos forem pautadas na rentabilidade
proporcionada frente ao custo de capital – em termos práticos, quando o ROIC
estimado no investimento superar a taxa WACC. Do contrário, os novos
investimentos realizados resultarão em destruição de valor pela entidade.
Aliado a isso, o crescimento da entidade será impactado pelo quanto
será destinado para renovação e ampliação da sua estrutura de ativos. Para
entendermos melhor esse ponto, vamos relembrar a fórmula da taxa de
crescimento do resultado operacional líquido (gNOPAT), que estudamos em
nossa primeira aula:
23
5.1 Empresas cíclicas
24
período de cálculo da média deve ser suficiente para cobrir todo um ciclo
econômico.
Média relativa ao longo do tempo: calcula-se a média de alguma variável
relativa ligada a lucratividade e geração de caixa da empresa, como a
margem de lucro, ao longo do tempo.
Médias do setor: mensuração da média de variáveis relativas de
empresas comparáveis, pertencentes ao mesmo setor, para aplicação
na projeção de fluxos de caixa da entidade avaliada.
25
custos inerentes a essa dificuldade financeira se mostram representativos, não
podendo ser ignorados. Quando uma empresa enfrenta períodos de
desequilíbrio em sua capacidade de pagamento, muitas vezes necessita
realizar a alienação de ativos por um preço abaixo do seu valor justo. Além
disso, existem os custos associados à reputação das organizações, que
resultam na cobrança de taxas de juros mais elevadas por instituições
financeiras, escassez na oferta de crédito e também exigência de fornecedores
por pagamentos à vista.
Para Assaf Neto (2014), no processo de avaliação de entidades que
enfrentam dificuldades financeiras, precisamos identificar e compreender quais
são os aspectos mais prováveis que levaram a entidade para esse cenário.
Além disso, temos que listar as alternativas para solucionar esses aspectos e
escolher aquelas que se mostrarem melhores, quantificando os desembolsos
necessários para implementá-las, incluindo assim essas saídas de recursos no
fluxo de caixa projetado. Damodaran (2007) destaca que não somente ajustes
na estimativa de geração de caixa devem ser feitos, mas precisamos também
refletir a dificuldade financeira na taxa de desconto empregada. O autor
enfatiza o fato do aumento do risco nesse contexto, sendo necessária muitas
vezes a inclusão de um fator ao custo de capital para que esse acréscimo no
risco possa ser refletido.
27
existe um período entre definição das estratégias, implementação,
consolidação e obtenção de seus benefícios. Como no processo de avaliação,
descontamos os fluxos de caixa futuros para considerarmos o valor do dinheiro
no tempo, e é importante avaliarmos esse momento do impacto da sinergia.
Quanto mais distante for esse reflexo, menor será o valor observado no
processo de avaliação.
Damodaran (2007, p. 373-374) sugere a utilização de três etapas
específicas no processo de avaliação da sinergia: i. primeiro, avaliam-se as
empresas envolvidas no processo de F&A de forma independente,
descontando seus fluxos de caixa pelos seus respectivos custos de capital; ii.
em seguida, soma-se o valor das empresas encontrados na primeira etapa,
estimando assim o valor da empresa resultante sem a consideração da
sinergia; iii. por fim, projetamos os fluxos de caixa da sinergia, considerando o
crescimento esperado, acrescentando o resultado desses fluxos a valor
presente ao montante obtido na segunda etapa.
A estrutura societária da empresa resultante e as sinergias financeiras
esperadas podem impactar no seu custo médio ponderado de capital. Esse
reflexo reside no fato de que as atividades operacionais da entidade formada
pela F&A podem apresentar riscos diferentes. Além disso, sua capacidade de
endividamento pode lhe proporcionar taxas menores, diminuindo o custo de
financiamento de capital. Assim, os fluxos de caixa da sinergia, mensurados na
terceira etapa do processo de avaliação sugerido por Damodaran (2007),
devem ser descontados a uma taxa que reflita o custo de capital estimado para
empresa resultante.
TROCANDO IDEIAS
28
NA PRÁTICA
𝑁𝑂𝑃𝐴𝑇
𝑅𝑂𝐼𝐶 =
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜
Logo,
29
No primeiro cenário, temos a rentabilidade, de 16%, superando o custo
do capital (ROIC > WACC). Inicialmente, vamos estimar o valor do NOPAT:
30
Taxa de
Crescimento do
Reinvestimento FCDE NOPAT (gNOPAT) Perpetuidade (1)
𝐹𝐶𝐷𝐸
bNOPAT NOPAT x (1 – bNOPAT) bNOPAT x ROIC
𝑊𝐴𝐶𝐶 − 𝑔
64.000,00
20% 80.000 x (1 – 0,2) = 64.000 0,20 x 0,10 = 2,0% = 640.000,00
0,12 − 0,02
48.000,00
40% 80.000 x (1 – 0,4) = 48.000 0,40 x 0,10 = 4,0% = 600.000,00
0,12 − 0,04
32.000,00
60% 80.000 x (1 – 0,6) = 32.000 0,60 x 0,10 = 6,0% = 533.333,33
0,12 − 0,06
(1)
não descontada a valor presente, em virtude de não termos determinado a quantidade de anos
compreendida no período explícito.
31
tomada, enquanto a rentabilidade se igualar à rentabilidade mínima exigida,
não fará diferença sob a perspectiva de geração de valor.
FINALIZANDO
32
empresas, apresentamos alternativas que devem ser aplicadas para uma
melhor estimativa de seus respectivos valores.
33
REFERÊNCIAS
BRUNER, R. F. Applied mergers & acquisitions. EUA: John Wiley & Sons,
2004.
35
AVALIAÇÃO DE EMPRESAS
AULA 4
CONTEXTUALIZANDO
3
interesse, tendemos a obter informações acerca de outras residências próximas
e similares para que possamos ter a ideia sobre os valores praticados na região.
Contudo, não realizamos essa análise considerando o preço total de cada
imóvel. Residências menores apresentarão um valor menor que aquelas com uma
área maior. Isso posto, utilizamos uma forma de avaliar esse valor sob uma
perspectiva capaz de permitir nossa avaliação, independentemente do tamanho
do imóvel. Assim, na maioria das vezes, realizamos a divisão do valor total
observado para cada residência analisada por sua respectiva área, chegando ao
preço por m2. A partir de então, diante dessa métrica de avaliação padronizada
entre todos os imóveis, podemos compará-los e avaliar outras características que
podem justificar um preço diferenciado, como idade do imóvel, padrão de
qualidade, entre outras.
Ao avaliar o valor de uma entidade utilizando o método de Avaliação
Relativa, fazemos algo semelhante. Diante da necessidade de realizar o valuation
de uma organização, buscamos empresas que se mostrem similares àquela que
estamos interessados em valorar. Em seguida, escolhemos uma métrica com a
qual seja possível realizar as comparações e, assim, estimar o valor da entidade
objeto de análise.
No processo de valuation pelo método de Avaliação Relativa, empregamos
basicamente quatro etapas (Titman & Martin, 2010, p. 244-245):
5
Tabela 1 – Determinação do múltiplo de avaliação após adequações
6
distribuição cross-sectional do múltiplo não só entre empresas do
segmento em análise, mas também de todo o mercado. O terceiro passo
é analisar o múltiplo e compreender não só quais fundamentos
determinam esse múltiplo, mas também como modificações nesses
fundamentos impactam alterações no múltiplo. O último passo é
identificar as empresas certas para comparação e controlar as
diferenças que possam persistir entre elas. (Damodaran, 2007, p. 166)
comparação direta;
média do grupo de pares;
média do grupo de pares ajustada para as diferenças.
Nome de EV/EBITDA
Razão social
pregão (em 31.12.2016)
9
Cedro Cia. Fiação Tecidos Cedro Cachoeira -4,5
Coteminas Cia. Tecidos Norte De Minas – Coteminas 12,8
Dohler Dohler S. A. 12,3
Encorpar Empresa Nac. Com. Redito Part. S. A. – Encorpar -1,3
Karsten Karsten S. A. 58,1
Pettenati Pettenati S. A. Indústria Têxtil 3,2
Santanense Cia. Tecidos Santanense 12,3
Springs Springs Global Participacões S. A. 4,6
Teka Teka – Tecelagem Kuehnrich S. A. 24,7
122,2
𝐸𝑉/𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴𝑀é𝑑𝑖𝑎 =
9
𝐸𝑉/𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 13,6
14
TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS DE DISTRIBUIÇÃO DOS MÚLTIPLOS
15
Para a análise da distribuição, foram obtidos os múltiplos EV/EBITDA das
entidades de capital aberto na base de dados Economática ®. Em seguida, foram
excluídas aquelas entidades que apresentavam um múltiplo negativo em virtude
de terem apurado prejuízo operacional no período analisado. Esse filtro resultou
em 205 empresas, utilizadas para a elaboração do gráfico. Nas colunas do gráfico,
apresenta-se o número de empresas que apurou o múltiplo em cada classe
utilizada, com início na classe 0 Ͱ 2, que engloba as empresas que apresentaram
um múltiplo maior ou igual a zero e menor do que 2. Na classe 2 Ͱ 4 estão as
entidades cujo indicador superou 2, inclusive, e foram inferior a 4. O mesmo
racional é aplicável às demais classes, exceto à última, 40 Ͱ ∞, em que temos
todas as empresas com um múltiplo EV/EBITDA superior a 40. Já a linha verde
do gráfico representa a distribuição normal das empresas nas referidas classes
(linha denominada em estatística como “Curva de Gauss”).
Observando o gráfico é possível notar que o maior número de empresas
apurou o múltiplo EV/EBITDA entre 4 e 10, mais concentradas em três classes
distintas. Analisando a linha de distribuição, é admissível concluir que as classes
mais baixas apresentam grande parte das empresas, enquanto a frequência de
entidades vai diminuindo conforme se avança nas classes. Assim, temos que a
distribuição de empresas analisadas se caracteriza como positivamente
assimétrica, pois o maior volume de empresas está concentrado nas classes
iniciais.
Caso tivéssemos uma curva simétrica, as estatísticas centrais (média e
mediana) se mostrariam próximas. Contudo, em uma distribuição assimétrica
existe um distanciamento entre esses valores; quando a assimetria é positiva
(como na Figura 2), ao calcularmos a média, temos valores superiores à mediana.
16
Isso porque a mensuração da média é influenciada pelos valores que estão nas
classes superiores, enquanto a mediana, por representar o ponto em que se divide
a amostra em dois grupos de igual tamanho, reflete melhor a centralidade das
entidades estudadas.
Na Tabela 5, temos as estatísticas descritivas do múltiplo EV/EBITDA das
empresas utilizadas para construir a Figura 2. Além disso, observamos também
os mesmos parâmetros, considerando somente as entidades do segmento de fios
e tecidos, utilizado em exemplo anterior. Ressalta-se que, para a mensuração das
estatísticas descritivas apresentadas na Tabela 5, foram desconsideradas as
empresas do segmento analisado que apresentaram indicador menor que zero,
consistindo esta análise, desse modo, com a condição aplicada na delimitação
das empresas que representam todos os setores. Isso fez com que o número de
observações fosse reduzido para sete, ao passo que, anteriormente, construímos
nosso exemplo considerando nove empresas do segmento de fios e tecidos.
Estatísticas descritivas
Amostra geral Segmento fios e tecidos
Média 10,9 18,3
Mediana 7,9 12,3
Desvio-padrão 10,3 18,9
Mínimo 0,1 3,2
Máximo 73,4 58,1
Nº de observações 205 7
18
É possível verificar, na Figura 3, que os valores sempre apresentaram uma
oscilação em relação ao período imediatamente anterior. Apenas de 2012 para
2013 a variação da média se mostrou menor, o que não se repetiu na mediana.
Entretanto, podemos utilizar os parâmetros centrais de diferentes períodos para
empregar como múltiplo. Por exemplo: calculando as estatísticas descritivas das
empresas analisadas para os anos de 2011 a 2016 do múltiplo EV/EBITDA,
chegaríamos a uma média de 9,8 e a uma mediana de 8,0. Assim, utilizaríamos a
média ou a mediana temporal em substituição das métricas de um único período.
Essa oscilação é ainda mais representativa quando temos um menor
número de observações, como, por exemplo, em um único setor ou entidade.
Vamos voltar ao segmento de fios e tecidos na Tabela 6, na qual temos o valor do
múltiplo EV/EBITDA das empresas que compõem esse segmento e também as
respectivas estatísticas descritivas, mensuradas, inicialmente, considerando
todas as entidades e, em seguida, delimitando-se àquelas que apresentaram
múltiplos maiores que zero.
19
Tabela 6 – Variação temporal do múltiplo EV/EBITDA das empresas do segmento
fios e tecidos de 31.12.2011 a 31.12.2016
Nome de
31.12.2011 31.12.2012 31.12.2013 31.12.2014 31.12.2015 31.12.2016
pregão
Empresas do segmento
Cedro 6,3 7,5 7,3 13,2 - -4,5
Coteminas 8,8 6,9 8,5 11,1 13 12,8
Dohler 4,1 4,4 4,3 4,4 6,7 12,3
Encorpar 1,5 -8,3 - - - -1,3
Karsten -9 5,7 15,3 -7,4 12,8 58,1
Pettenati 16,6 13,3 6,2 7,9 4,3 3,2
Santanense 4,3 3,5 5,3 9,8 -39,8 12,3
Springs 7,4 5,7 6,6 4,6 4,1 4,6
Teka -11,5 0,9 -6,8 -13,1 37 24,7
Estatísticas descritivas – considerando todas as empresas
Média 3,2 4,4 5,8 3,8 5,4 13,6
Mediana 4,3 5,7 6,4 6,3 6,7 12,3
Desvio-padrão 8,7 5,8 6,1 9,3 22,9 18,9
Mínimo -11,5 -8,3 -6,8 -13,1 -39,8 -4,5
Máximo 16,6 13,3 15,3 13,2 37,0 58,1
Estatísticas descritivas – desconsiderando os múltiplos negativos
Média 7,0 6,0 7,6 8,5 13,0 18,3
Mediana 6,3 5,7 6,6 8,9 9,8 12,3
Desvio-padrão 4,9 3,6 3,6 3,5 12,4 18,9
Mínimo 1,5 0,9 4,3 4,4 4,1 3,2
Máximo 16,6 13,3 15,3 13,2 37,0 58,1
P/L P / LPA
Valor / Lucros
P/L/C
Valor / Valor
Ótica do Patrimônio P / BV
Contábil do PL
Líquido
Valor / Fluxo de
P / FCDA
caixa
EV / VCA
Valor / Valor
Contábil dos Ativos
Ótica dos Ativos Value / VCA
EV / ROL
Valor / Receita
Value / ROL
Valor / Variável de
Atividade
21
caixa, enquanto métricas ligadas à atividade da companhia aparecem na ótica dos
ativos.
Nesta seção, primeiramente discutiremos os aspectos dos principais
múltiplos sob a ótica do patrimônio líquido; na sequência, o foco estará naqueles
indicadores relacionados aos ativos das entidades objeto da avaliação. Por fim,
trataremos dos determinantes relacionados aos principais múltiplos utilizados na
Avaliação Relativa.
Sendo:
Ou:
𝑃⁄ = 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜
𝐿 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑎çã𝑜
No caso do índice P/L/C, devemos incluir uma nova divisão, tendo como
novo denominador a taxa de crescimento do lucro líquido (gL), mensurado como
estudamos em aulas anteriores. Esse múltiplo tem a finalidade de padronizar o
índice P/L pelo crescimento esperado de cada empresa, incorporando as
diferentes perspectivas de incremento na geração de benefícios futuros. Sua
notação segue:
Ou:
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜
𝑃⁄
𝐿⁄ = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑎çã𝑜
𝐶 𝑔𝐿𝐿
24
Temos ainda o indicador Preço/Book Value (P/BV), que apresenta em seu
denominador o valor contábil do patrimônio líquido. Damodaran (2007) destaca
que, se algum ajuste for realizado no valor de mercado do PL, proveniente da
decisão acerca das disponibilidades ou dos títulos conversíveis em ações, essas
adequações serão necessárias também para o valor contábil do PL. Esse múltiplo
é mensurado da seguinte forma:
Ou:
25
do empreendimento. Assim, as decisões que temos de tomar quanto ao valor do
numerador são:
26
operacionais relacionados aos critérios de avaliação de participação no capital de
outras entidades.
No caso da dívida, a discussão reside na utilização do seu valor contábil ou
no seu valor de mercado. Na literatura, encontramos aqueles que defendem a
realização de uma estimativa do valor de mercado da dívida e aqueles que
entendem que o saldo contábil se aproxima do seu valor de mercado, não sendo
necessária a realização de ajustes. Adotaremos aqui o próprio valor contábil da
dívida na mensuração dos múltiplos.
Ao tratar do denominador de múltiplos sob a ótica dos ativos, podemos
considerar variáveis relativas aos lucros, ao capital investido, às receitas ou às
atividades da entidade. Essa última variável se caracteriza como específica para
cada segmento, pois é determinada em consonância com as particularidades
operacionais das empresas que nele estão inseridas. Por exemplo: em empresas
de tecnologia, podemos ter uma variável relacionada ao número de usuários ou
de acessos aos seus aplicativos. Em empresas ferroviárias, muitas vezes
encontramos o indicador Tonelada Quilometro Útil (TKU), que busca ponderar a
carga transportada pela distância percorrida.
No tocante à variável relacionada ao lucro da entidade, temos de considerar
o seu resultado operacional, expresso pelo Nopat, Ebit ou EBITDA. Diante disso,
surgem os múltiplos: 1) Valor/Resultado Operacional Líquido (EV/Nopat e
Value/Nopat); 2) Valor/Resultado Operacional (EV/Ebit e Value/Ebit); 3)
Valor/Capacidade Operacional de Geração de Caixa (EV/EBITDA e
Value/EBITDA), todos buscando identificar o escalonamento entre o valor da
entidade e o seu resultado operacional. O múltiplo EV/EBITDA é aquele que
encontramos de forma mais frequente na prática do valuation.
Para mensurá-los, temos as seguintes notações:
27
𝐸𝑉⁄ (𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑃𝐿 + 𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎𝑠 − 𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠)
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 =
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴
28
5.3 Determinantes dos múltiplos
Variável
Múltiplo Determinantes fundamentais
acompanhante
Crescimento esperado ( ), pagamento de dividendos Crescimento
P/L
( ), risco () esperado
Crescimento esperado ( ), pagamento de dividendos
P/BV ROE
( ), risco (), ROE ( )
Crescimento esperado ( ), pagamento de dividendos
P/ROL Margem líquida
( ), risco (), margem líquida ( )
Crescimento esperado ( ), taxa de reinvestimento Taxa de
Valor/EBITDA
(), risco (), Roic ( ), alíquota tributária efetiva () reinvestimento
Crescimento esperado ( ), taxa de reinvestimento
Valor/VCA ROIC
(), risco (), ROIC ( )
Crescimento esperado ( ), taxa de reinvestimento Margem
Valor/ROL
(), risco (), margem operacional ( ) operacional
Fonte: Adaptado de Damodaran, 2017, p. 66-67.
29
Se uma entidade apresenta um múltiplo baixo em relação às empresas
comparáveis, mas demonstra um Roic elevado, significa dizer que as ações dessa
entidade estão subavaliadas. Para exame de aquisição de participação societária
de empresas, essa análise da variável acompanhante mostra-se relevante.
TROCANDO IDEIAS
Que tal realizar a busca por índices de outras empresas de capital aberto
que conhecemos para verificar como se encontram seus respectivos múltiplos?
30
NA PRÁTICA
Informações adicionais
Quantidade de ações preferenciais 60.000 unidades
Quantidade de ações ordinárias 60.000 unidades
Cotação das ações preferenciais no fechamento do exercício R$ 13,55
Cotação das ações ordinárias no fechamento do exercício R$ 14,75
Taxa de crescimento do Lucro Líquido (gLL) 10,21%
Fluxo de Caixa Disponível ao Acionista (FCDA) R$ 83.200,00
Resultado operacional (EBIT) R$ 370.000,00
Resultado operacional líquido (NOPAT) R$ 244.200,00
Resultado operacional antes da depreciação e amortização (EBITDA) R$ 430.000,00
Capital Investido R$ 2.110.000,00
FINALIZANDO
32
REFERÊNCIAS
33
AVALIAÇÃO DE EMPRESAS
AULA 5
CONTEXTUALIZANDO
2
Esse grande uso não se mostra exclusivo apenas no Brasil, mas
também em outros países (Pereiro, 2002). Diante disso, mostra-se necessário
entender com profundidade as características e aspectos inerentes ao método
FCD. Primeiramente, abordaremos os conceitos dessa metodologia de
avaliação, tendo uma visão inicial dos inputs necessários para a sua aplicação.
Em seguida, discutiremos com maior profundidade alguns dos elementos
essenciais para emprego do Método FCD: a estimativa do crescimento da
empresa e a projeção de fluxos de caixa. Para este último elemento,
segregaremos suas características em três tópicos específicos. Trataremos,
em primeiro lugar, da projeção do resultado operacional, passando pela
estimativa dos investimentos em ativos fixos e em capital de giro, finalizando
com o entendimento da influência da concentração do fluxo estimado em um
período específico do ano.
Nosso objetivo, portanto, reside na compreensão de como podemos
gerar os inputs necessários para aplicação do Método FCD. Com isso,
estaremos preparados para aplicar o modelo de valuation considerando suas
diferentes abordagens, a fim de estimar o valor da empresa.
3
𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑡 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑛
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎: ∑ +
(1 + 𝑟)𝑡 (1 + 𝑟)𝑛
Sendo:
r = taxa de desconto
t = ano projetado
n = quantidade total de anos considerados no período explícito
Sendo:
4
que se concentram em dividendos são chamados de “Modelos de Desconto de
Dividendos” (também expressos em inglês, Dividend Discount Models – DDM).
Analisando o resultado auferido por uma entidade, o potencial de
recursos que poderia ser destinado ao pagamento de dividendos se
caracterizaria pelo lucro líquido deduzido do montante que seria reinvestido na
operação para financiar o crescimento esperado. Contudo, na maioria das
vezes, a importância distribuída pelas empresas a título de dividendos não se
iguala ao seu potencial. A literatura em finanças apresenta um elenco de
motivos para essa distinção entre dividendo potencial e distribuído aos
acionistas, não sendo objetivo da nossa disciplina discutir essas razões.
Entretanto, ao mensurar o valor do patrimônio líquido de uma entidade para
suportar uma decisão de negociação de títulos patrimoniais, podemos ter de
considerar todo o potencial de dividendos, e não somente aquele montante
previsto para ser distribuído aos acionistas. Nessa perspectiva, empregamos
como fluxo de caixa previsto aquele que se mostra disponível ao acionista (o
FCDA – Fluxo de Caixa Disponível ao Acionista).
Por fim, nosso enfoque pode ser também o fluxo de caixa para a
empresa, considerando todo o recurso empregado na entidade, próprio ou de
terceiros. Diante dessa perspectiva, temos a utilização do Fluxo de Caixa
Disponível para a Empresa como representativa do input do modelo FCD. De
acordo com Damodaran (2007, p. 9), estimamos o FCD por intermédio do
cálculo dos “fluxos de caixa antes da dívida e do pagamento de dividendos
preferenciais subtraindo-se do lucro operacional após impostos as
necessidades de investimento líquido para sustentar o crescimento”.
Outro ponto que deve ser salientado em relação ao fluxo de caixa
estimado é que ele pode englobar ou não a inflação em sua estimativa.
Chegamos, assim, à classificação dos fluxos de caixa em nominais e reais.
Essa classificação é independente do enfoque que estamos direcionando, seja
para acionistas ou para toda a empresa. Como disciplina Damodaran (2007, p.
54), “os nominais incorporam a previsão de inflação [...]. Os fluxos de caixa
reais não possuem um componente de previsão inflacionária e, assim, refletem
alterações no número de unidades vendidas e real poder de precificação”.
Vamos imaginar que estamos projetando as expectativas de faturamento
de uma companhia para um período explícito de 10 anos. Podemos realizar
essa projeção considerando o preço corrente, multiplicando-o pelo número
5
esperado de unidades a serem vendidas a cada ano para, assim, termos o total
de receitas brutas da companhia. Ou, ainda, podemos considerar o preço
corrente acrescido da expectativa de inflação de cada ano para, somente
depois, multiplicar pela quantidade de venda esperada. Na primeira alternativa,
temos o uso de fluxos de caixa reais, pois não englobamos a inflação, ao passo
que, na segunda projeção, fizemos uso do preço corrente corrigido,
empregando fluxos de caixa nominais. Enfatiza-se, entretanto, que a
classificação dos fluxos deve ser uniforme em todos os seus elementos
(receitas, custos, outros desembolsos, investimento etc.). Assim, se estamos
utilizando fluxos de caixa nominais na projeção de receitas, a estimativa dos
demais elementos também deverá incorporar o aspecto inflacionário.
Falemos sobre o segundo input do Método FCD, a taxa de desconto.
Destaca-se o fato de utilizarmos uma taxa que incorpore os riscos atinentes ao
negócio, consistente com o enfoque dado ao fluxo de caixa. Quando avaliamos
o valor da empresa, empregamos, para descontar o valor presente, o
percentual que represente a remuneração exigida por todo o capital da
empresa. Sob o enfoque do patrimônio líquido, entretanto, considera-se
somente aquela taxa representativa do capital próprio. Essa identificação é
importante, pois cada elemento do custo dos recursos disponíveis para a
entidade está associado a um risco específico. Damodaran (2007, p. 8-9)
segrega esse risco em duas maneiras:
6
O crescimento esperado, por sua vez, que consiste no terceiro input do
Método FCD, pode ser estimado com o uso de três formas específicas
(Damodaran, 2007). Na primeira, consideramos o crescimento histórico
evidenciado no desempenho passado da entidade. A segunda consiste na
obtenção do crescimento previsto por outros agentes que acompanham a
entidade, como seus gestores ou outros analistas. Por fim, a terceira forma é
estimar com base na taxa de reinvestimento do seu resultado.
Durante a presente aula, discutiremos os aspectos inerentes a dois
desses três inputs: a projeção dos fluxos de caixa e o crescimento esperado. O
terceiro elemento empregado no Método FCD de avaliação foi objeto de
discussão em disciplina específica (Finanças corporativas e mercado de
capitais); diante disso, não abordaremos esse assunto em detalhes. Além
disso, debateremos a influência do fator de ajuste do meio do ano no valor
presente dos fluxos projetados.
8
que todas as taxas utilizadas para o seu cálculo sejam positivas. Temos as
seguintes formulações para cálculo das médias:
∑𝑔
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑎𝑟𝑖𝑡𝑚é𝑡𝑖𝑐𝑎 =
𝑛
1⁄
𝑛
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑔𝑒𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = (∏(1 + 𝑔)) −1
Em que:
g = taxa de crescimento
n = quantidade de taxas de crescimento consideradas no cálculo
9
Na Tabela 1, podemos observar que o crescimento do Nopat apresentou
grande oscilação durante o período em análise. A maior taxa de crescimento
auferida pela empresa do exemplo foi de 25%, enquanto a menor mostrou-se
abaixo de 7,5%. Utilizamos, portanto, a média para estimar o crescimento
esperado. Primeiro, vamos calcular a média aritmética:
0,7695
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑎𝑟𝑖𝑡𝑚é𝑡𝑖𝑐𝑎 =
5
1⁄
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑔𝑒𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = (1,0799 × 1,1655 × 1,0741 × 1,20 × 1,25) 5 −1
1⁄
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑔𝑒𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = (2,0278) 5 −1
10
Tabela 2 – Estimativa do Nopat pela média geométrica.
1⁄
𝑁𝑂𝑃𝐴𝑇0 𝑛
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑔𝑒𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = ( ) −1
𝑁𝑂𝑃𝐴𝑇−𝑛
1⁄
1.825.000,00 5
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑔𝑒𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = ( ) −1
900.000,00
1⁄
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑔𝑒𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = (2,0278) 5 −1
11
Note que o resultado obtido em ambas as notações foi o mesmo, ou
seja, uma média geométrica de 15,19%. Assim, considerando o desempenho
histórico da entidade, podemos estimar como taxa de crescimento os valores
médios dos percentuais evidenciados no passado, obtida por meio da média
aritmética ou geométrica, cabendo a nós essa decisão no momento da
projeção.
Uma alternativa ao uso da taxa de crescimento baseado em históricos
ou nos fundamentos da empresa é utilizar aquela estimada por especialistas.
Nesse caso, consideramos como especialistas aqueles que realizam um maior
acompanhamento das operações da entidade. Temos, nessa classe, os
próprios gestores da entidade ou analistas do mercado financeiro dedicados à
atividade de acompanhamento da entidade ou das empresas do setor.
Destaca-se, entretanto, que esse acompanhamento realizado por analistas é
aplicável essencialmente às entidades de capital aberto, se não
exclusivamente.
Damodaran (2017, p. 46) afirma que, apesar de esses agentes terem
acesso a informações que muitas vezes não estão disponíveis a um grande
público, “nem os analistas de ações conseguem ser sempre imparciais sobre o
futuro; os gestores tendem a superestimar a capacidade de crescimento da
empresa, ao passo que os analistas estão sujeitos a seus próprios vieses”.
Esse aspecto mostra-se como uma limitação do uso dessa alternativa,
fazendo-nos avaliar se ela não prejudicará o valuation em curso.
12
Assim, estimamos o FCDE por intermédio da subtração dos
investimentos em capital (Capex) e da necessidade de capital de giro (ΔNIG)
do Fluxo de Caixa Operacional (FCO). Esta última, por sua vez, é obtida por
meio da soma do resultado operacional líquido da entidade e da depreciação,
amortização e exaustão do período. Podemos reescrever a equação do FCDE
realizando o desmembramento do FCO:
13
taxa empregada para a projeção do fluxo de caixa dessa forma ilustrada é
conhecida como “Taxa de Crescimento Anual Composta”, encontrada na
literatura e na prática pela sigla CAGR (oriunda do equivalente da expressão
em inglês, Compound Annual Growth Rate).
Essa forma de projeção dos fluxos de caixa mostra-se menos complexa
de implementar, mas também se caracteriza como menos precisa. Para
aumentar a precisão e a robustez do modelo de valuation desenvolvido, muitas
vezes se faz necessário realizar a projeção detalhada dos fluxos de caixa.
Assim, a Figura 2 nos apresenta um exemplo de decomposição do FCDE,
cujos elementos precisamos compreender para que possamos projetá-lo.
FCDE
Depreciação,
NOPAT amortização e
exaustão
14
3.1 Receita Operacional Bruta (ROB)
15
companhia, nossa avaliação pode nos direcionar a resultados operacionais que
não expressam o contexto corporativo da empresa.
Costa, Costa e Alvim (2010, p. 52) destacam outro fato ao qual devemos
nos atentar quanto à projeção da ROB da entidade: o “tamanho da capacidade
instalada e das limitações técnico-operacionais (disponibilidade de matéria-
prima, mão de obra especializada etc.)”. Os autores chamam a atenção ao fato
de que o aumento da demanda pelos produtos da entidade pode não ser
suprido pela sua capacidade atual de produção. Assim, para acompanhar esse
crescimento esperado, seria necessário investir na ampliação da capacidade
produtiva.
16
em vista que a tributação pode ser distinta, dependendo do destinatário do
produto ou do serviço. Por exemplo: normalmente, as transações para o
exterior apresentam isenções tributárias específicas.
17
ampliará em virtude da necessidade de acréscimo no espaço físico (variável
mediadora) demandada pelo aumento na capacidade produtiva.
Desse modo, é relevante entender como se comportam essas
oscilações nos custos fixos da entidade para que possamos melhor projetá-los.
Temos de compreender como os aumentos no volume de atividade da entidade
podem ocasionar acréscimos nos custos fixos. Não havendo aumentos no
volume de atividades que reflitam variação nos custos fixos em um fluxo de
caixa real (aquele em que não são considerados os aspectos inflacionários), o
valor desses custos pode se mostrar constante durante todo o período
explícito. Sendo o fluxo de caixa nominal, entretanto, a variação poderia ser
decorrente somente da atualização pela inflação prevista.
No caso dos custos variáveis, cada produto terá a sua própria estrutura,
sendo necessário identificar o custo unitário de cada um deles. O valor total
projetado dos custos variáveis será estimado por meio da soma do produto
entre o custo unitário de cada item e suas respectivas quantidades previstas de
venda.
19
TEMA 4 – PROJEÇÃO DOS GASTOS DE CAPITAL E DA NECESSIDADE DE
INVESTIMENTO EM GIRO
20
Assim, como na projeção do resultado operacional, podemos adotar o
modelo de estimativa simples ou o mais detalhado para essas duas variáveis.
Discutiremos aqui, primeiramente, a projeção com base na taxa de
reinvestimento do resultado operacional e, em seguida, os aspectos inerentes à
projeção detalhada do Capex e da necessidade de investimento em giro.
Nopat FCDE
estimado Cálculo estimado
Ano 1 2.102.217,50 2.102.217,50 x (1 - 0,45) 1.156.219,63
Ano 2 2.421.544,34 2.421.544,34 x (1 - 0,45) 1.331.849,39
Ano 3 2.789.376,93 2.789.376,93 x (1 - 0,45) 1.534.157,31
Ano 4 3.213.083,29 3.213.083,29 x (1 - 0,45) 1.767.195,81
Ano 5 3.701.150,64 3.701.150,64 x (1 - 0,45) 2.035.632,85
22
produto acabado, abrangendo todo o período em que os produtos foram
mantidos estocados e o tempo gasto para a produção. Para projetar o saldo
final do estoque de determinado período, temos de realizar a multiplicação do
PME pelo valor total de compras do período, dividido pelo número de dias.
Entretanto, dificilmente temos informação razoável acerca das aquisições de
estoques realizadas pela entidade. Diante dessa limitação, adotamos como
base, na maioria das vezes, o valor do “Custo das Mercadorias Vendidas”
(CMV), em empresas comerciais, ou um percentual do “Custo dos Produtos
Vendidos” (CPV), em indústrias (Manterlanc, Pasin & Pereira, 2010). No caso
de prestadoras de serviço, muitas vezes o valor dos estoques não se mostra
material.
Para a projeção do saldo de fornecedores, realizamos também a
multiplicação da métrica representativa do seu ciclo operacional (no caso, o
PMP) e o valor das compras (podendo também ser utilizada a alternativa do
CMV ou do percentual do CPV), dividido pelo número de dias. Para estimar o
saldo de clientes, multiplicamos o PMR pelo valor total de receitas brutas
projetadas, dividido pela quantidade de dias. Podemos resumir a projeção
desses elementos principais nas seguintes notações (considerando que o
cálculo é anual, utilizamos 360 dias):
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠
𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑎𝑑𝑜𝐸𝑆𝑇𝑂𝑄𝑈𝐸 = × 𝑃𝑀𝐸
360
𝑅𝑂𝐵
𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑎𝑑𝑜𝐶𝐿𝐼𝐸𝑁𝑇𝐸𝑆 = × 𝑃𝑀𝑅
360
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠
𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑎𝑑𝑜𝐹𝑂𝑅𝑁𝐸𝐶𝐸𝐷𝑂𝑅𝐸𝑆 = × 𝑃𝑀𝑃
360
23
anterior. Assim, a empresa encontraria a possibilidade de desinvestimento em
giro, direcionando os recursos excedentes a outro destino.
Vamos imaginar que estamos realizando o valuation de uma entidade.
Reunimos, para isso, as seguintes informações:
24
Tabela 5 – Estimativa da NIG
Contas a receber
PMR 15 dias 15 dias 15 dias 15 dias 15 dias 15 dias
Saldo de contas a receber 104.166,67 119.791,67 137.760,42 158.424,48 182.188,15 209.516,37
Estoques
PME 45 dias 45 dias 45 dias 45 dias 45 dias 45 dias
Saldo de estoques 137.500,00 154.000,00 172.480,00 193.177,60 216.358,91 242.321,98
Fornecedores
PMP 12 dias 12 dias 12 dias 12 dias 12 dias 12 dias
Saldo de fornecedores 36.666,67 41.066,67 45.994,67 51.514,03 57.695,71 64.619,20
Capital de giro
Saldo de ativos operacionais 241.666,67 273.791,67 310.240,42 351.602,08 398.547,06 451.838,36
Saldo de passivos operacionais 36.666,67 41.066,67 45.994,67 51.514,03 57.695,71 64.619,20
Capital de giro do período 205.000,00 232.725,00 264.245,75 300.088,05 340.851,35 387.219,16
Investimento em capital de giro - 27.725,00 31.520,75 35.842,30 40.763,30 46.367,81
25
Figura 3 – Concentração dos fluxos de caixa no final do exercício
26
Por sorte, na literatura financeira encontramos uma forma mais simples
de realizar o ajuste necessário a fim de minimizar essa questão. Essa
alternativa é denominada de “fator de ajuste de meio do ano”, que disciplina a
consideração dos fluxos de caixa em período intermediário do ano, e não ao
seu término. Para isso, no momento em que vamos realizar o desconto dos
fluxos de caixa, multiplicamos cada expoente utilizado para acumulação da
taxa de desconto pelo fator 0,5 (Kaltman, 1995), correspondente à fração ½.
Assim, chegaríamos à seguinte notação do valor presente da empresa:
Valor presente
FCDE estimado Cálculo do FCDE
Ano 1 1.156.219,63 1.156.219,63 ÷ [(1 + 0,15)1] 1.005.408,37
Ano 2 1.331.849,39 1.331.849,39 ÷ [(1 + 0,15)2] 1.007.069,48
Ano 3 1.534.157,31 1.534.157,31 ÷ [(1 + 0,15)3] 1.008.733,33
Ano 4 1.767.195,81 1.767.195,81 ÷ [(1 + 0,15)4] 1.010.399,94
Ano 5 2.035.632,85 2.035.632,85 ÷ [(1 + 0,15)5] 1.012.069,29
27
Tabela 7 – Cálculo do valor presente do FCDE com aplicação do fator de ajuste
do meio do ano
Valor presente
FCDE estimado Cálculo do FCDE
Ano 1 1.156.219,63 1.156.219,63 ÷ [(1 + 0,15)(1 x 0,5)] 1.078.180,36
Ano 2 1.331.849,39 1.331.849,39 ÷ [(1 + 0,15)(2 x 0,5)] 1.158.129,90
Ano 3 1.534.157,31 1.534.157,31 ÷ [(1 + 0,15)(3 x 0,5)] 1.244.007,89
Ano 4 1.767.195,81 1.767.195,81 ÷ [(1 + 0,15)(4 x 0,5)] 1.336.253,92
Ano 5 2.035.632,85 2.035.632,85 ÷ [(1 + 0,15)(5 x 0,5)] 1.435.340,20
TROCANDO IDEIAS
28
Convido você a buscar empresas que divulguem suas projeções
financeiras em seus Formulários de Referências, avaliando quais informações
estão sendo apresentadas e as alterações promovidas recentemente nessas
estimativas.
NA PRÁTICA
Nopat – R$ 244.200,00.
Taxa de reinvestimento do Nopat (bNOPAT) – 83,85%.
Taxa de crescimento do Nopat (gNOPAT) – 9,72%.
WACC – 13,06%.
FINALIZANDO
29
Estudamos que o crescimento da empresa pode ser estimado por três
diferentes formas: i) com base no crescimento histórico; ii) com base na opinião
de especialistas; iii) considerando a relação entre o crescimento e os
fundamentos da empresa. A última forma, que se caracteriza como a mais
recomendada pela literatura financeira, já havíamos estudado em aulas
anteriores. Em relação à estimativa de crescimento com base no passado,
discutimos como realizá-la e compreendemos que, na maioria dos casos, é
mais aplicável a utilização da média geométrica em sua estimativa. Quanto ao
uso de informações de especialistas, podemos nos basear em expectativas dos
gestores da empresa avaliada ou nas dos analistas de mercado, tendo
consciência dos possíveis vieses contidos na informação obtida com esses
agentes.
Para a projeção dos fluxos de caixa, discutimos primeiramente os
aspectos inerentes ao processo de estimação do resultado operacional da
companhia avaliada. Em um primeiro momento, realizamos essa projeção com
base na taxa de crescimento estimada, com a aplicação da Taxa Acumulada
de Crescimento Anual (CAGR). Dando sequência, tratamos de alguns aspectos
que precisamos observar ao realizar uma projeção detalhada dos elementos
que compõem esse resultado operacional, abordando algumas particularidades
da projeção de receitas, custos, despesas etc. Vimos também que esses fluxos
podem ser projetados considerando o efeito inflacionário (fluxo nominal), ou
sem considerá-lo (fluxo real).
Não somente a estimativa do resultado operacional é necessária para
projetar o fluxo de caixa da companhia, mas também a realização da estimativa
dos investimentos necessários em bens de capital (Capex), além do Capital de
Giro (NIG). Aprendemos a realizar a sua projeção por meio da taxa de
reinvestimento do resultado operacional, partindo, em seguida, para uma
estimativa mais detalhada dos dois elementos.
Por fim, compreendemos a limitação temporal existente no Método FCD
por estimarmos que os fluxos de caixa se realizam ao final de cada exercício
social projetado. Vimos que a alternativa de realizar a projeção considerando
uma periodicidade menor (mensal, por exemplo) acrescentaria complexidade
demasiada ao modelo. Aprendemos como realizar a aplicação do fator de
ajuste dos fluxos de caixa para o meio do ano, o que consiste em uma
30
alternativa de suavização dessa limitação, amplamente utilizada pelos
profissionais de valuation.
Com essa compreensão dos aspectos inerentes aos inputs necessários
em um modelo de avaliação pelo Método FCD, temos condição de
operacionalizá-lo, mensurando a estimativa de valor de uma entidade.
31
REFERÊNCIAS
PEREIRO, L. A. Valuing companies in Latin America: what are the key issues
for practitioners? Valuation in emerging markets, Darden Graduate School of
Business, University of Virginia, Charlottesville, 29-31, maio/2002.
32
AVALIAÇÃO DE EMPRESAS
AULA 6
CONTEXTUALIZANDO
2
distintas: o modelo dos fluxos de caixa disponíveis para a empresa (FCDE) e o
modelo de lucros em excesso. O primeiro modelo estima o valor da empresa
com base na geração de caixa da empresa, não considerando o pagamento de
dívidas. Já o modelo de lucros em excesso, busca segregar a geração de
riqueza pelos ativos já existentes e pelos novos investimentos, além da
reposição do capital investido.
Por fim, na última seção, abordaremos técnicas que podem nos ajudar
com as incertezas que cercam o processo de avaliação. Como realizamos o
valuation de empresas com base em perspectivas de eventos futuros, sempre
estaremos expostos à possibilidade de não ocorrência desses eventos. Assim,
podemos empregar ferramentas que nos possibilitem avaliar o impacto no valor
da empresa se uma variável ou conjunto de premissas se alterarem. Além
disso, demonstramos como estabelecermos o intervalo em que o valor da
empresa se apresenta, que é a forma como habitualmente reportamos o
resultado de nossa avaliação.
4
que já possui seus ativos desenvolvidos e em plena operação e não tem a
possibilidade de ampliação de sua capacidade instalada. Assim, os
investimentos realizados por essa empresa possivelmente se restringiriam
àqueles necessários para a reposição dos ativos com vida útil esgotada.
Por fim, temos aquelas entidades em que a projeção dos fluxos de caixa
se mostra dificultada por diferentes aspectos. O exemplo mais comum desse
cenário se concentra nas instituições financeiras. Em virtude das
particularidades existentes na normativa contábil aplicada a essas entidades, a
mensuração de elementos necessários para utilizarmos modelos de valuation
mais complexos pode ser desencorajada, ou até mesmo impossibilitada.
Como se trata de um dos primeiros modelos de fluxo de caixa
descontado, desenvolveram-se ao longo do tempo diferentes variações do
modelo DDM, as quais visam possibilitar adaptarmos o modelo a diferentes
fases de crescimento de uma entidade, sendo os principais:
i. o modelo de Gordon;
ii. o modelo em dois estágios;
iii. o modelo H;
iv. o modelo em três estágios.
5
𝐷𝑃𝐴𝑡
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 =
𝐾𝑒 − 𝑔
Em que:
DPAt = Dividendos por ação esperados no próximo ano;
Ke = Custo do capital próprio;
g = Taxa de crescimento dos dividendos por um período indeterminado.
𝐷𝑃𝐴𝑡 = 𝐷𝑃𝐴0 × (1 + 𝑔)
6
valor da ação utilizando os dividendos efetivamente distribuídos no exercício
atual:
4,13 × (1 + 0,09)
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 =
(0,17 − 0,09)
4,13 × 1,09
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 =
0,08
4,50
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 =
0,08
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 = 𝑅$ 56,25
8
𝐷𝑃𝐴𝑡 𝑃𝑛
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 = ∑ 𝑡
+
(1 + 𝑘𝑒,ℎ𝑔 ) (1 + 𝑘𝑒,ℎ𝑔 )𝑛
Sendo que:
ke,hg = custo do capital próprio no período de alto crescimento (hg = high
growth);
Pn = preço da ação ao final do período de alto crescimento;
n = quantidade de anos que compõem o período de alto crescimento.
Para calcularmos o valor da ação no final do período de crescimento,
devemos utilizar a seguinte expressão:
𝐷𝑃𝐴𝑛+1
𝑃𝑛 =
(𝑘𝑒,𝑠𝑡 − 𝑔𝑠𝑡 )
Em que:
DPAn+1 = dividendo por ação estimado para o primeiro ano
imediatamente posterior ao período de alto crescimento;
ke,st = custo do capital próprio no período de estabilidade (st = stability);
gst = taxa de crescimento no período estável;
9
Figura 2 – Cálculo do valor terminal da ação
Valor presente
DPA Cálculo DPA
Ano1 4,50 4,50 ÷ ((1 + 0,17)1) 3,85
Ano2 4,50 x (1+0,09) = 4,91 4,91 ÷ ((1 + 0,17)2) 3,59
Ano3 4,91 x (1+0,09) = 5,35 5,35 ÷ ((1 + 0,17)3) 3,34
Ano4 5,35 x (1+0,09) = 5,83 5,83 ÷ ((1 + 0,17)4) 3,11
Ano5 5,83 x (1+0,09) = 6,35 6,35 ÷ ((1 + 0,17)5) 2,90
Total 16,79
10
crescimento no período estável ao valor do dividendo por ação do último ano
do período de crescimento extraordinário. Assim, o dividendo esperado para o
exercício inicial do período de estabilidade é de R$ 6,67 (6,35 x (1 + 0,05)).
Com isso, podemos calcular o valor da ação na perpetuidade:
6,67
𝑃𝑛 =
(0,12 − 0,05)
6,67
𝑃𝑛 =
(0,07)
𝑃𝑛 = 95,29
95,29
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 = 16,79 +
(1 + 0,17)5
95,29
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 = 16,79 +
(1,17)5
95,29
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 = 16,79 +
2,19
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 = 60,25
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑃𝐿 = 60,25 × 500.000
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑃𝐿 = 30.125.000,00
11
Gordon) ou duas taxas, também constantes, aplicáveis a dois momentos
específicos da empresa (modelo em dois estágios). Na presente seção de
nossa aula, aprenderemos uma variação do modelo em dois estágios (modelo
H) e também aquele em que projetamos os dividendos de uma entidade
considerando três perspectivas diferentes para o crescimento da empresa
(modelo em três estágios).
2.1 Modelo H
12
modelo H o custo de capital será constante nos dois períodos. Para
calcularmos o valor da ação pelo modelo H, utilizamos a seguinte notação:
Em que:
ghg = taxa de crescimento no período de alto crescimento;
H = metade do período de alto crescimento.
Com os dados do exemplo trabalhado até aqui, nos modelos anteriores,
é possível estimarmos o valor da ação pelo modelo H. Como a fase de
crescimento extraordinário do nosso exemplo foi de cinco anos, o valor da
variável H a ser empregada na fórmula será 2,5 (5 ÷ 2 = 2,5). Consideraremos,
aqui, o custo do capital em 17%.
13
seria o valor da ação pelo modelo H, caso utilizássemos 12% como taxa de
desconto.
14
declínio, necessita-se de uma retenção menor do lucro, consequentemente
aumentando a distribuição de dividendos.
A expressão para calcular o valor da ação no modelo DDM em três
estágios é a seguinte:
Em que:
LPA0 = lucro por ação do período corrente;
πhg= payout do período de alto crescimento;
DPAt = dividendo por ação estimado para o primeiro ano do período de
transição;
ke,tr = custo do capital próprio no período de transição;
LPAn2 = lucro por ação estimado para o último exercício do período de
transição;
πst= payout do período de estabilidade;
ke,ac = custo do capital próprio acumulado até o término do período de
transição.
15
Tabela 2 – Cálculo do valor presente dos dividendos estimados no período de
alto crescimento
Valor
Cálculo DPA DPA Cálculo VP presente DPA
Ano1 9,18 x ((1 + 0,09)1) x 0,45 4,50 4,50 ÷ ((1 + 0,17)1) 3,85
Ano2 9,18 x ((1 + 0,09)2) x 0,45 4,91 4,91 ÷ ((1 + 0,17)2) 3,59
Ano3 9,18 x ((1 + 0,09)3) x 0,45 5,35 5,35 ÷ ((1 + 0,17)3) 3,34
Ano4 9,18 x ((1 + 0,09)4) x 0,45 5,83 5,83 ÷ ((1 + 0,17)4) 3,11
Ano5 9,18 x ((1 + 0,09)5) x 0,45 6,35 6,35 ÷ ((1 + 0,17)5) 2,90
Total 16,79
(𝑔𝑠𝑡 − 𝑔ℎ𝑔 )
𝑑𝑒𝑐𝑟é𝑠𝑐𝑖𝑚𝑜 𝑔𝑡𝑟 =
𝑛𝑡𝑟
(0,09 − 0,05)
𝑑𝑒𝑐𝑟é𝑠𝑐𝑖𝑚𝑜 𝑘𝑒,𝑡𝑟 =
5
0,04
𝑑𝑒𝑐𝑟é𝑠𝑐𝑖𝑚𝑜 𝑘𝑒,𝑡𝑟 =
5
𝑑𝑒𝑐𝑟é𝑠𝑐𝑖𝑚𝑜 𝑘𝑒,𝑡𝑟 = 0,008
16
Tabela 3 – Cálculo do valor presente dos dividendos estimados no período de
transição
Valor
Taxa de presente
crescimento DPA Cálculo VP DPA
Ano6 9,0% -0,8% = 8,20% 6,36 x (1 + 0,0820) = 6,88 6,88 ÷ ((1 + 0,17)6) 2,68
Ano7 8,2% - 0,8% = 7,40% 6,88 x (1 + 0,0740) = 7,39 7,39 ÷ ((1 + 0,17)7) 2,46
Ano8 7,4% - 0,8% = 6,60% 7,39 x (1 + 0,0660) = 7,88 7,88 ÷ ((1 + 0,17)8) 2,24
Ano9 6,6% - 0,8% = 5,80% 7,88 x (1 + 0,0580) = 8,34 8,34 ÷ ((1 + 0,17)9) 2,03
Ano10 5,8% - 0,8% = 5,00% 8,34 x (1 + 0,0500) = 8,76 8,76 ÷ ((1 + 0,17)10) 1,82
Total 11,23
Por fim, temos que calcular o valor da ação na perpetuidade. Para isso,
primeiramente precisaremos estimar dois elementos que serão necessários. O
primeiro elemento é o lucro por ação do último ano do período de transição.
Além disso, precisaremos estimar o custo do capital próprio acumulado até
aqui. Podemos mensurar o LPA do Ano10 por meio dos dividendos por ação
estimados para o ano em questão. Como o payout se manteve inalterado até o
décimo ano, basta realizarmos a divisão do dividendo por ação do Ano 10 pelo
payout.
8,76
𝐿𝑃𝐴10 =
0,45
𝐿𝑃𝐴10 = 19,47
𝑘𝑒,𝑎𝑐 = (1 + 0,17)10
𝑘𝑒,𝑎𝑐 = 1,1710
𝑘𝑒,𝑎𝑐 = 4,8068
19,47×(1+0,05)×0,6875
(0,12−0,05)
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 =
4,8068
17
19,47×1,05×0,6875
0,07
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 =
4,8068
14,05
0,07
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 =
4,8068
200,71
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 =
4,8068
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 = 41,76
18
O modelo FCDA considera, portanto, que o acionista, mesmo que se
caracterize como minoritário, possui influência no processo decisório da
companhia. Assim, na avaliação pelo modelo FCDA, não ficamos mais restritos
à política de dividendos estabelecida pelos administradores da entidade,
considerando todo o valor que pode ser destinado aos acionistas. Com isso, o
modelo FCDA nos possibilita uma estimativa mais realista do valor da ação
quando temos uma grande diferença entre o potencial de dividendos que a
entidade apresenta e o que efetivamente é distribuído aos acionistas.
Além disso, diferentemente do modelo DDM, o modelo FCDA suporta a
inclusão de números negativos na projeção dos fluxos de caixa. Podemos
encontrar entidades que, em seu período pré-operacional ou de consolidação
de seu produto em determinado mercado, ocorram prejuízos em um período
inicial, resultantes de gastos com pesquisa e desenvolvimento. Entretanto,
depois de o produto estar desenvolvido e iniciar a sua disponibilização ao
mercado, a entidade poderá reverter esse prejuízo e alcançar as expectativas
de lucratividade e crescimento. Durante o período inicial, de resultados
negativos, os dividendos distribuídos pela entidade provavelmente foram nulos,
o que dificulta a utilização do modelo DDM.
Para projetarmos o FCDA, é necessário estimarmos o lucro líquido da
entidade e a necessidade de investimento em ativos fixos e em capital de giro.
Além disso, necessitamos estimar os dispêndios com amortização de dívida e
juros, além de avaliar a necessidade de captação de novas dívidas. Assim
como estudamos na aula anterior, em que falamos da projeção do fluxo de
caixa para a empresa (FCDE), podemos realizar essa estimativa de forma
detalhada, projetando cada elemento, ou por meio da taxa de crescimento e
reinvestimento do lucro líquido (LL). Utilizando a estimativa de reinvestimento
(bLL), podemos usar a seguinte notação para estimarmos o FCDA:
𝐹𝐶𝐷𝐴 = 𝐿𝐿 × (1 − 𝑏𝐿𝐿 )
19
Essa decisão baseia-se em realizar a avaliação somente dos ativos
operacionais da companhia ou incluir também os ativos financeiros. Aqui,
optaremos por utilizar a primeira forma de projeção de lucro, que considera o
resultado líquido apresentado na demonstração de resultado da entidade, sem
necessidade de ajuste. Assim, ao estimarmos o modelo, o valor encontrado já
representará o valor justo do patrimônio líquido. Na segunda opção, que
podemos encontrar em alguns livros que tratam de valuation, temos que ajustar
o lucro excluindo a receita financeira e, ao final do modelo, para se estimar o
valor justo do patrimônio líquido, seria necessário somar o valor da
disponibilidade da entidade.
Para ilustrarmos a aplicação do modelo FCDA, vamos utilizar as
informações do exemplo que discutimos no tópico anterior, no qual
estabelecemos o valor justo do patrimônio líquido da entidade pelo modelo
DDM. Como vimos, a companhia utilizada no exemplo apresentou um lucro por
ação, no exercício corrente, de R$ 9,18. Multiplicando esse valor pelo total de
ações da entidade, chegaremos assim ao seu lucro líquido, no valor de R$
4.590.000,00 (R$ 9,18 x 500.000 ações). É importante lembrar que a taxa de
crescimento estimada pela companhia era de 9% e o custo do capital próprio
17%. A Tabela 4 apresenta a projeção do lucro líquido da entidade pelo
período explícito, composto por cinco anos.
Lucro Líquido
Cálculo Projetado
Ano 0 Não aplicável, por se tratar do ano base 4.590.000,00
Ano 1 4.590.000,00 x (1 + 0,09) 5.003.100,00
Ano 2 5.003.100,00 x (1 + 0,09) 5.453.379,00
Ano 3 5.453.379,00 x (1 + 0,09) 5.944.183,11
Ano 4 5.944.183,11 x (1 + 0,09) 6.479.159,59
Ano 5 6.479.159,59 x (1 + 0,09) 7.062.283,95
𝑏𝐿𝐿 = (1 − 𝑝𝑎𝑦𝑜𝑢𝑡)
𝑏𝐿𝐿 = (1 − 0,45)
𝑏𝐿𝐿 = 0,55
20
Para o caso em questão, 55% do resultado do exercício é reinvestido em
bens e capital de giro, líquidos da amortização de dívida e novas captações de
recursos com terceiros. Assim, projetamos o FCDA da entidade e
apresentamos os valores para cada ano na Tabela 5.
𝐹𝐶𝐷𝐴𝑡𝑛
(𝑘𝑒 −𝑔)
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1 + 𝑘𝑒 )𝑛
Em que:
FCDAtn = fluxo de caixa disponível ao acionista no primeiro ano do
período contínuo.
21
Ano 4 2.915.621,82 2.915.621,82 ÷ ((1 + 0,17)4) 1.555.921,72
Ano 5 3.178.027,78 3.178.027,78 ÷ ((1 + 0,17)5) 1.449.533,91
8.392.537,94
3.178.027,78×(1+0,09)
(0,17−0,09)
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1 + 0,17)5
3.178.027,78×1,09
0,08
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1,17)5
3.464.050,28
0,08
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1,17)5
43.300.628,50
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
2,1924
𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 19.750.332,28
28.142.870,22
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 =
500.000
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 = 56,29
22
TEMA 4 – CALCULANDO O VALOR DA EMPRESA: MODELO FCDE E
MODELO DE LUCROS EM EXCESSO
Sendo:
WACC = custo médio ponderado do capital;
Para a mensuração do valor da Companhia na perpetuidade, a
estimativa deve ser de forma semelhante àquela que utilizamos na abordagem
pelo FCDA:
𝐹𝐶𝐷𝐸𝑡𝑛
(𝑊𝐴𝐶𝐶−𝑔)
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1 + 𝑊𝐴𝐶𝐶)𝑛
Em que:
FCDEtn = fluxo de caixa disponível para a empresa no primeiro ano do
período contínuo;
NOPAT FCDE
estimado Cálculo estimado
Ano 1 2.102.217,50 2.102.217,50 x (1 - 0,45) 1.156.219,63
Ano 2 2.421.544,34 2.421.544,34 x (1 - 0,45) 1.331.849,39
Ano 3 2.789.376,93 2.789.376,93 x (1 - 0,45) 1.534.157,31
Ano 4 3.213.083,29 3.213.083,29 x (1 - 0,45) 1.767.195,81
Ano 5 3.701.150,64 3.701.150,64 x (1 - 0,45) 2.035.632,85
Valor presente
FCDE estimado Cálculo do FCDE
Ano 1 1.156.219,63 1.156.219,63 ÷ [(1 + 0,15)1] 1.005.408,37
Ano 2 1.331.849,39 1.331.849,39 ÷ [(1 + 0,15)2] 1.007.069,48
Ano 3 1.534.157,31 1.534.157,31 ÷ [(1 + 0,15)3] 1.008.733,33
Ano 4 1.767.195,81 1.767.195,81 ÷ [(1 + 0,15)4] 1.010.399,94
Ano 5 2.035.632,85 2.035.632,85 ÷ [(1 + 0,15)5] 1.012.069,29
Total 5.043.680,41
25
𝐸𝑉𝐴𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 = 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜 × (𝑅𝑂𝐼𝐶𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑊𝐴𝐶𝐶𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 )
𝐸𝑉𝐴𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 = 11.000.000,00 × (0,20 − 0,15)
𝐸𝑉𝐴𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 = 11.000.000,00 × 0,05
𝐸𝑉𝐴𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 = 550.000,00
Valor presente do
EVA ativos instalados Cálculo EVA ativos instalados
Ano 1 550.000,00 550.000,00 ÷ [(1 + 0,15)1] 478.260,87
Ano 2 550.000,00 550.000,00 ÷ [(1 + 0,15)2] 415.879,02
Ano 3 550.000,00 550.000,00 ÷ [(1 + 0,15)3] 361.633,93
Ano 4 550.000,00 550.000,00 ÷ [(1 + 0,15)4] 314.464,29
Ano 5 550.000,00 550.000,00 ÷ [(1 + 0,15)5] 273.447,20
Total 1.843.685,31
550.000,00
(0,15−0,07)
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1 + 0,15)5
550.000,00
0,08
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1,15)5
6.875.000,00
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
2,01136
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 3.418.085,28
27
Valor presente do
EVA novos ativos Cálculo EVA novos ativos
Ano 1 - - -
47.299,90
Ano 2 47.299,90 ÷ [(1 + 0,15)2] 35.765,52
101.784,65
Ano 3 101.784,65 ÷ [(1 + 0,15)3] 66.925,06
164.545,63
Ano 4 164.545,63 ÷ [(1 + 0,15)4] 94.079,50
236.840,01
Ano 5 236.840,01 ÷ [(1 + 0,15)5] 117.751,34
Total 314.521,42
(236.840,01+83.275,89)
(0,15−0,07)
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(1 + 0,15)5
320.115,90
0,08
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
1,155
4.001.448,75
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
2,01136
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 1.989.424,44
28
que auxilia no processo decisório de investimento, auxiliando na identificação
do valor gerado pela aquisição de novos ativos.
29
limita apenas às taxas de crescimento, podendo ser empregada também para o
custo de capital, percentual de retenção do resultado, entre outras.
Vamos ilustrar a sua aplicação com o nosso exemplo da Companhia
XPTO. No modelo FCDE que desenvolvemos, a taxa de desconto utilizada foi
de 15%. O que acontecerá com o valor da empresa se essa taxa não se
confirmar no futuro? Vamos imaginar uma variação negativa e positiva no custo
de capital, de 0,5% e de 1,0%. A Tabela 11 apresenta o valor da empresa
considerando as diferentes taxas de desconto.
Variação
-1% -0,5% Esperado +0,5% +1%
WACC
Taxa de
14,00% 14,50% 15,00% 15,50% 16,00%
desconto
Valor da 16.437.
21.338.887,66 19.867.098,33 18.580.088,30 17.445.291,68
empresa 206,27
Dif. Em
relação
(2.142.8
ao 2.758.799,36 1.287.010,03 - (1.134.796,62)
82,03)
estimado
(R$)
Dif. Em
relação
(11,53%
ao 14,85% 6,93% - (6,11%)
)
estimado
(%)
30
maior com a redução na taxa de desconto. O valor da empresa sofre um
impacto maior quando a WACC é reduzida, comparando ao aumento da taxa
no mesmo percentual. Por exemplo, se a Companhia conseguir reduzir a taxa
em 1%, permanecendo todas as demais variáveis constantes, o valor estimado
para a empresa será 14,85% maior. Em contrapartida, se a taxa de desconto
aumentar em 1%, o impacto negativo no valor da empresa será de 11,53%.
32
Podemos notar que estimamos um valor distinto da empresa em cada
um dos cenários possíveis. Como em avaliação de empresas trabalhamos com
estimativas, é muito comum reportarmos o resultado do valuation
demonstrando o intervalo de valores em que a nossa estimativa de valor se
encontra. Para isso, calculamos o valor da média e do desvio-padrão da nossa
estimativa de valor, ponderando pela probabilidade de cada cenário. Assim,
para estimarmos a média (μ) e o desvio-padrão (σ), utilizamos as seguintes
notações:
𝜇 = ∑ 𝑉𝑃𝐿𝐶 × 𝑃𝐶
1⁄
2
2
𝜎 = [∑(𝑉𝑃𝐿𝐶 − 𝜇) × 𝑃𝐶 ]
Em que:
33
O desvio-padrão calculado para a Companhia XPTO foi de
aproximadamente R$ 3,2 milhões. Quanto maior for a dispersão dos valores
em relação à média, medida pelo desvio-padrão, maior o risco do ativo
avaliado.
Como destacado por Ross, Westerfield e Jaffe (2007), em uma
distribuição normal, existe a probabilidade 68,26% de que o valor de qualquer
variável esteja em um intervalo de um desvio-padrão da média, considerando
ambos os lados. Essa probabilidade aumenta para 95,44% em um intervalo de
dois desvios-padrão e para 99,72% considerando 3 desvios-padrão. Assim,
podemos calcular os valores iniciais e finais da Companhia XPTO, com base
nos parâmetros que acabamos de calcular.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
34
fomos demandados a realizar o valuation de uma cadeia de restaurantes que
possui três diferentes restaurantes e que pretende lançar um modelo de
franquias. Além disso, a companhia planeja a construção de mais um
restaurante próprio. Assim, temos que considerar a particularidade dos dois
modelos de negócios da empresa. Abaixo, apresentamos a Demonstração de
Resultados da Companhia do último exercício, que iremos utilizar como ano-
base (Ano0).
Demonstração de Resultado R$
Número de
Preço refeições Receita Custo Margem
unitário anuais anual unitário Custo Anual Lucro Bruto bruta
Restaurante A 25,40 74.400 1.889.760,00 15,85 (1.179.240,00) 710.520,00 37,60%
Restaurante B 27,30 104.160 2.843.568,00 18,15 (1.890.504,00) 953.064,00 33,52%
Restaurante C 26,30 66.960 1.761.048,00 17,10 (1.145.016,00) 616.032,00 34,98%
6.494.376,00 (4.214.760,00) 2.279.616,00
35
O período explícito considerado compreenderá dez anos.
Espera-se que o custo de capital da companhia se mantenha estável
durante todo o período explícito, inclusive na perpetuidade.
Em relação ao Restaurante A, projeta-se que o número de refeições
apresente um crescimento de 5,5% nos cinco primeiros anos (Ano 1 a
Ano5), crescimento de 3% no volume de refeições nos três anos
seguintes (Ano6 a Ano8) e crescimento de 2% nos dois últimos
exercícios do período explícito (Ano9 e Ano10), mantendo-se essa taxa
na perpetuidade.
Quanto ao Restaurante B, projeta-se que o número de refeições
apresente um crescimento de 6% nos cinco primeiros anos (Ano1 a
Ano5), crescimento de 5% no volume de refeições nos três anos
seguintes (Ano6 a Ano8) e crescimento de 1,5% nos dois últimos
exercícios do período explícito (Ano9 e Ano10), mantendo-se essa taxa
na perpetuidade.
Em relação ao Restaurante C, projeta-se que o número de refeições
apresente um crescimento de 4,5% nos cinco primeiros anos (Ano 1 a
Ano5), crescimento de 4% no volume de refeições nos três anos
seguintes (Ano6 a Ano8) e crescimento de 2,5% nos dois últimos
exercícios do período explícito (Ano9 e Ano10), mantendo-se essa taxa
na perpetuidade.
A expectativa é de que não tenhamos alterações nos preços e custos
unitários de nenhum restaurante já existente no ano-base, mantendo-se,
portanto, as margens de contribuição do período corrente.
No primeiro ano do período explícito (Ano1), planeja-se o investimento
de R$ 2.700.000,00 em CAPEX para a construção do Restaurante D.
Nos três anos subsequentes (Ano2 a Ano4), projeta-se um investimento
em CAPEX de R$ 900.000,00 por ano, para obras de revitalização dos
restaurantes já existentes. Após esse período (Ano5 a Ano10), o valor
investido em CAPEX se manterá constante em R$ 250.000,00 por ano,
inclusive na perpetuidade.
O investimento em Capital de Giro projetado é de R$ 50.000,00 por ano,
inclusive na perpetuidade.
O Restaurante D iniciará suas operações no Ano2, com uma expectativa
de venda de 45.000 refeições no primeiro ano de operação, a um preço
36
unitário de R$ 29,10 e um custo unitário de R$ 18,90, não havendo a
expectativa de alterações nesses parâmetros.
A expectativa é de que o Restaurante D apresente um crescimento de
10% no volume de refeições servidas no segundo ano de sua operação
(Ano3), mantendo esse crescimento pelos cinco anos seguintes (Ano 4 a
Ano8), quando a taxa decrescerá para 3% nos anos seguintes (Ano9 e
Ano10), mantendo-se assim na perpetuidade.
A receita anual com o sistema de franquias estimada é de R$
300.000,00 por franqueado, sendo que a expectativa é de que dois
franqueados iniciem no Ano1, outros dois comecem a operar no Ano4,
mais três no Ano7 e, por fim, outros três no Ano9;
A expectativa é de que todos os franqueados se mantenham na
perpetuidade.
As despesas operacionais da entidade sofrerão acréscimo de 2,5% a
cada novo franqueado e de 20% com o início da operação do
Restaurante D.
A despesa de depreciação aumentará a uma taxa de 5% ao ano,
inclusive na perpetuidade.
A taxa de crescimento da Companhia, para cálculo do valor terminal (na
perpetuidade) é de 3,25%.
37
Cenário pessimista (probabilidade 25%): receita anual com cada
franqueado no valor de R$ 250.000,00; início da operação do
restaurante D somente no Ano3, com venda de 45.000 e manutenção
das taxas de crescimento dos anos seguintes; aumento no CAPEX de
construção do restaurante D para R$ 3.100.000,00; manutenção das
demais premissas estabelecidas.
FINALIZANDO
39
REFERÊNCIAS
40