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Sebenta Teórica de Instrumentação e Medidas 2º Ano – Licenciatura

UNIVERSIDADE DO ALGARVE
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA

LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA E


ELECTRÓNICA

Instrumentação e Medidas

Realizado por: PROF. PAULO SANTOS

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Sebenta Teórica de Instrumentação e Medidas 2º Ano – Licenciatura

CAPÍTULO I- O Osciloscópio analógico.

1. INTRODUÇÃO

O osciloscópio de raios catódicos é um instrumento analógico muito útil e versátil,


usado para medir e analisar formas de onda e outros fenómenos nos circuitos eléctricos e
electrónicos.
Basicamente, um osciloscópio é um traçador de gráficos X –Y, muito rápido, e mostra
um sinal de entrada como função de um outro sinal ou como função do tempo. O ponteiro é
um feixe luminoso que se move no écran do instrumento em resposta a uma tensão de
entrada.
Para além de tensões, o osciloscópio permite a visualização de fenómenos dinâmicos
de natureza variada, através de transdutores que convertem em tensão a corrente, pressão,
força, temperatura, aceleração, etc.
Outra utilização é a análise de formas de onda, fenómenos transitórios ou outras
quantidades que variam com o tempo, na gama de frequências desde as muito baixas até às
muito altas.

2. O TUBO DE RAIOS CATÓDICOS (TRC)

O TRC é o componente fundamental do osciloscópio analógico. Tudo o resto constitui


os elementos necessários para o operar.
Na figura 1.1 mostram-se os principais componentes do TRC.
O canhão electrónico produz um feixe de electrões focado e acelerado de modo a
atingir uma velocidade muito elevada. Este feixe esbarra numa pequena área do écran
fluorescente com suficiente energia para o fazer brilhar.
Depois de abandonar o canhão electrónico, o feixe passa entre dois pares de placas de
deflexão electrostática com uma tensão aplicada, um par corresponde à deflexão horizontal e
o outro à vertical. Os movimentos verticais e horizontais são independentes um do outro, de
tal modo que o feixe de electrões pode ser posicionado em qualquer ponto do écran, desde
que se apliquem as tensões apropriadas às duas placas de deflexão.

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3. O CANHÃO ELECTRÓNICO

O nome canhão deriva da analogia entre o movimento dos electrões emitidos pelo
canhão e o movimento de uma bala.
Os electrões são emitidos pelo cátodo termoiónico aquecido e passam através de um
pequeno túnel da grelha de controlo.
A intensidade do feixe é expressa pelo número de electrões emitidos pelo canhão e
controlada por uma tensão negativa na grelha de controlo.
Os electrões passam através do tubo da grelha de controlo e são de seguida acelerados
por uma alta tensão positiva aplicada ao ânodo de aceleração, sendo a focagem realizada pelo
ânodo de focagem.
Os túneis destes ânodos permitem a passagem dos electrões em direcção às placas de
deflexão e ao écran fluorescente.
Devido ao sinal negativo da carga dos electrões, existe entre eles uma força de
repulsão mútua. Por isso é necessário um mecanismo que compense essa força e obrigue os
electrões a deslocarem-se muito perto uns dos outros de forma a constituírem um feixe muito
estreio e bem definido.
O osciloscópio utiliza o método electrostático de focagem ( a TV utiliza métodos
Magnéticos).

3.1. Focagem electrostática

Vamos considerar primeiro uma partícula individual num campo eléctrico, figura 1.2.

Figura 1.2

A força F, que actua no electrão é dada pela lei de Coulomb:

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 V
F = qE N = C m  ; q elec. = −1,6 × 10 −19 C = e
 
Assim F = −eE , daí que o sinal negativo implica que a força actua em sentido
contrário ao campo eléctrico.

Figura 1.3.

As curvaturas das linhas do campo nas extremidades da placa são devido à repulsão
natural entre essas linhas. Quando se ligam pontos de igual potencial sobre cada uma das
linhas de campo, obtém-se as superfícies equipotenciais, figura 1.3.
Como a força sobre um electrão actua num sentido oposto à direcção do campo, então
essa força é normal à superfície equipotencial respectiva.

Quando dois cilindros são colocados topo a topo e se


aplica uma d.d.p., o campo eléctrico criado não é uniforme, daí as
superfícies equipotenciais apresentarem uma curvatura, como
ilustrado na figura 1.4.

Figura 1.4.

Na figura 1.5, temos a montagem da focagem electrostática.


Devido à d.d.p. entre o ânodo de focagem e os ânodos de pré-aceleração e aceleração,
existe entre eles um campo eléctrico. As linhas de campo estão espaçadas de modo não
uniforme fazendo com que as superfícies equipotenciais formem um sistema de lentes
electrónicas duplamente côncavo. Os electrões que penetram no campo com um ângulo
diferente do normal às superfícies, são refractados na direcção da normal e o feixe de
electrões será assim focado na direcção do eixo do tubo.
O potenciómetro que permite o controlo das tensões no ânodo da focagem é chamado
de “FOCUS”.

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3.2. Deflexão electrostática

Consideremos novamente a força a que se submete um electrão mergulhado num


campo eléctrico: F = −eE .
A acção da força sobre o electrão provocará nele uma aceleração no sentido do
eléctrodo positivo. Pela 2ª Lei de Newton, temos:

F = m ⋅ a = − eE
eE
⇒ a = −
m
[
m/s 2
] em que m elec . = 9 ,1 × 10 − 31 kg

Vejamos agora este movimento, num sistema de eixos cartesianos, figura 1.6.
A expressão da deflexão vertical em função da distância horizontal percorrida pelo
electrão é:

 eE y  2
y =  − 2  x [m]
 2v 0 x m 

A equação mostra que a trajectória de um electrão deslocando-se num campo eléctrico


de intensidade constante e entrando no campo perpendicularmente às linhas de fluxo, é
parabólica no plano X-Y.
Quando o electrão abandona a zona das placas deflectoras, a força actuante é nula e o
electrão desloca-se em linha recta, na direcção do ponto P’ do écran fluorescente.
O declive da parábola a uma distância x = l d , onde o electrão sai da influência do
campo eléctrico é:
∂y eE y l d
tgθ = ⇔ tgθ = − 2
∂x mv0 x

Vejamos novamente o esquema do osciloscópio. O feixe electrónico depois de


abandonar o canhão, passa entre dois pares de placas. Um par de placas é montado na
direcção horizontal, estabelecendo um campo eléctrico na vertical – deflexão vertical. O outro
par é montado na direcção vertical, estabelecendo um campo eléctrico na horizontal –
deflexão horizontal.

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A aplicação simultânea de tensão de deflexão a ambos os pares de placa de deflexão,


produz sobre o feixe uma deflexão em ambas as direcções X e Y, produzindo assim imagens
que variam no écran.

4. AS LIGAÇÕES DO TRC

As ligações aos vários elementos situados dentro do envelope de vidro do TRC, são
feitas através da base do tubo, figura 1.7.

A fonte de alimentação de corrente contínua para os ânodos de aceleração, pré-


aceleração e focagem é obtida a partir dum rectificador de meia onda de alta tensão. As
resistências R1 a R6, representam um dispositivo divisor de tensão que fornece as tensões
correctas de operação desses ânodos.

R1 - potenciómetro de ajuste da intensidade do feixe de electrões: INTENSITY

R3 – ajusta a tensão do ânodo de focagem em relação aos ânodos de pré-aceleração e


aceleração:
FOCUS
Normalmente a amplitude da tensão é 1/4 a 1/5 da tensão dos ânodos de aceleração.

As tensões de deflexão são medidas em relação à terra, estando muito próximas delas
para proteger-se o utilizador de choques de alta tensão.

R7 e R8 – são montadas em forma de divisor de tensão e ligadas à fonte de baixa tensão,


fornecendo uma tensão contínua, variável, a cada um dos pares de placas de deflexão. Esta
tensão permite o ajustamento da imagem no écran.

5. O ÉCRAN

Quando o feixe electrónico esbarra no écran do TRC, é emitido um raio de luz. O


écran é constituído por um vidro revestido interiormente por uma substância especial – o
fósforo.

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Esta substância quando bombardeada por um feixe de electrões absorve a energia


cinética destes e reemite energia a uma frequência no espectro visual. A esta propriedade
chama-se fluorescência.
Os materiais fluorescentes, como o fósforo ou o óxido de zinco, têm uma Segunda
característica – a fosforência, que consiste no facto de o material continuar a emitir luz
mesmo depois da fonte de excitação se extinguir – persistência ou luminescência.
A intensidade de luz emitida pelo écran do TRC depende de vários factores:

- é função das propriedades físicas do material constituinte do écran


- é controlada pelo número de electrões que bombardeiam, por segundo, o
écran
- depende da energia com que os electrões bombardeiam o écran e esta é
determinada pela velocidade deles e portanto pela tensão de aceleração

5.1 A quadrícula do osciloscópio

O écran dispõe de uma quadrícula que permite medir com precisão a deflexão do feixe
electrónico, na vertical ou na horizontal. Esta quadrícula é colocada normalmente na face
exterior do écran no mesmo plano que o fósforo, pois evita erros de paralaxe.

5.2 Base de tempo

O sistema de deflexão horizontal fornece a tensão necessária ao movimento horizontal


do feixe, dado que muitas das medições referem-se a funções do tempo, deve dispor-se no
osciloscópio de um oscilador de dente de serra ou uma base de tempo.
Chama-se varrimento ao movimento do ponto luminoso de um extremo do écran
(esquerdo) ao outro.
Quando uma tensão em rampa ou dente de serra, é aplicada às placas de deflexão
horizontal, figura 1.8, o feixe deslocar-se-á ao longo do écran com velocidade constante.

TS – indica a forma como a tensão aumenta, dando-nos o intervalo do varrimento

Tr – intervalo em que o feixe regressa à sua posição original

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Figura 1.8.

Suponhamos que se aplicam simultaneamente as seguintes ondas, figura 1.9:


- dente de serra às placas de deflexão horizontal
- onda sinusoidal às placas de deflexão vertical

O feixe fica sujeito a duas forças, uma na direcção horizontal, que move o feixe
linearmente ao longo do écran da esquerda para a direita e outra na vertical, que move o feixe
de baixo para cima, de acordo com a amplitude e polaridade da tensão das placas de deflexão
vertical.
Se a tensão de dente de serra for conhecida pode-se calcular facilmente a frequência
do sinal aplicado às placas de deflexão vertical. Podendo, assim, usar-se o osciloscópio para
medir frequências, se a frequência da base de tempo for conhecida.

6. FUNCIONAMENTO EM MODO AUTOMÁTICO E EM MODO DE DISPARO

Modo automático: é o modo de operação em que a onda em dente de serra é repetida. Assim
um novo varrimento é iniciado imediatamente após o anterior Ter
terminado.
A frequência de oscilação é função da constante de tempo τ = RC . O
condensador C carrega e descarrega através da resistência.

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Modo de disparo (Trigger): usa-se quando a onda a observar não é periódica ou o sendo
apenas se pretende observar uma parte, pois o circuito de
varrimento automático não permite obter no écran figuras
aceitáveis. Trata-se de fazer com que seja o sinal vertical a
disparar o inicio do impulso horizontal.

7. FIGURAS DE LISSAJOUS

Quando se aplicam simultaneamente tensões em forma de onda sinusoidal às placas de


deflexão horizontal e vertical, aparecem no écran do osciloscópio umas figuras, chamadas
figuras de Lissajous.
A construção de uma figura de Lissajous é ilustrada pela figura 1.10.
- Onda A aplicada às placas de deflexão vertical.
- Onda B aplicada às placas de deflexão horizontal.

Com o auxílio destas figuras pode-se calcular a frequência dum sinal sinusoidal
desconhecido. Basta para isso numa construção do tipo indicado, conhecer-se a frequência do
outro sinal.

8. AS PONTAS DE PROVA

A ponta de prova serve para ligar o osciloscópio ao circuito em estudo sem o alterar,
carregar ou perturbar.
A entrada vertical está ligada a um amplificador vertical que apresenta uma
impedância de entrada muito elevada (perto de 1 MΩ) e uma capacitância em paralelo de 12 a
47 pF. Para se fazer uma boa medição, deve Ter-se em conta a impedância deste amplificador.

Prova directa: é constituída por um cabo coaxial e a ponta de prova. Aqui à adição de uma
capacitância que pode adicionar até 50 pF à capacitância em paralelo, reduzindo a resposta em
frequência, mas que não altera as medições em baixa frequência.

Provas de alta impedância: evitam a sobrecarga do circuito diminuindo a capacitância de


entrada e aumentando a resistência, obtendo-se uma atenuação de 10/1.

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CAPÍTULO II- Fundamentos da medida e tratamentos de erro

1. INTRODUÇÃO

1.1. Introdução à metrologia

Metrologia, palavra de origem grega (metron-medida, logos-tratado), é a ciência dos


pesos e das medidas ou, se quiser, a ciência da instrumentação e das medidas com ela
realizadas. Actualmente, porém, esta designação está intimamente ligada ao domínio das
medidas de alta exactidão.
O objectivo central da Metrologia é a determinação do valor numérico de uma
grandeza mensurável. Para tal ter-se-à de executar um conjunto de operações, medida ou de
medição. O conceito de grandeza mensurável é aplicável a todo e qualquer atributo de um
fenómeno, corpo ou substância susceptível de ser caracterizado qualitativa e
quantitativamente.
Os exemplos da importância da medida na evolução científica são enumeráveis. Será
no entanto de referir o papel que a Óptica tem desempenhado nesse contexto. Os resultados
experimentais obtidos com dispositivos como o telescópio, o microscópio e o espectroscópio
estão na base, quer da comprovação, quer da elaboração de teorias nos mais variados
domínios, nomeadamente do cosmos, das partículas e das biologia molecular. Estas são
algumas das áreas de ponta no que diz respeito à investigação, a que não será certamente
estranha a curiosidade do ser humano em relação à sua origem e constituição. Todas elas
dependem significativamente do desenvolvimento da instrumentação e das técnicas de
medida.
A medida de grandezas físicas elementares começou por ser uma arte. Actualmente, e
embora muitos aspectos impliquem ainda uma sensibilidade especial, a arte tem vindo a ser
progressivamente substituída pela técnica. Também os instrumentos de medida, inicialmente
delicados e por vezes pouco fiáveis, têm vindo a dar lugar a outros mais robustos e mais
precisos. O desenvolvimento da electrónica, primeiro do vazio e depois do estado sólido, foi
decisivo nas mudanças verificadas. Os instrumentos suportados em componentes electrónicos
permitiram, a partir dos anos 30, a sua utilização na indústria, com evidentes repercussões nos
processos de fabrico.

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Ao falar-se de medida não se pode deixar de associar a noção de exactidão, isto é, a


possibilidade de conhecer com rigor o valor da grandeza desconhecida. A execução de
medidas com exactidão é importante no desenvolvimento teórico mas também e de maior
relevância, no desenvolvimento da engenharia, isto é, da aplicação da ciência às necessidades
humanas. Uma infinidade de produtos que fazem parte do quotidiano de um ser humano
estão suportados na possibilidade de execução de uma produção controlada, que implica
medidas rigorosas de diversos parâmetros e grandezas físicas. A realização de acções
envolvendo aspectos técnicos e tecnológicos está geralmente dependente, directa ou
indirectamente, de instrumentos e métodos de medida de elevada exactidão.

1.2. Noções gerais de um sistema de medida

Variável Sensor
primário Transdutor Elementos de
física
entrada

Processamento Condicionador
dos dados de sinal Elementos
intermédios

Visualização e Elementos de
Interpretação saída
registo dos dados

Sensor primário: elemento de medida de uma variável física, eléctrica ou não eléctrica.

Transdutor: conversor de energia, converte um sinal não eléctrico num sinal eléctrico
analógico de nível baixo (ex.: termistor, entrada calor e saída corrente, ou termopar, entrada
diferença de temperatura e saída tensão)

Condicionador de sinal: todo o equipamento de tratamento do sinal, resistências, pontes de


rectificação, amplificadores, filtros, etc.

A informação, ou o sinal, pode ser agora processado, registado e visualizado. Pode-se


realizar novas combinações que resultam em novos e úteis sistemas de medida. Como
exemplo, um sistema automático de aquisição de dados.

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2. FUNDAMENTOS DA MEDIDA

2.1. Definições e conceitos básicos

Em Metrologia, como em várias outras áreas do saber, utiliza-se terminologia própria.


O significado das diferentes palavras tem vindo a ser normalizado, pelo que é de toda a
conveniência conhecê-lo.
A seguir apresentam-se alguns dos termos usados. O seu significado e correspondente
designação anglo-saxónica de acordo com o Vocabulário Internacional de Metrologia. Refira-
se que, tendo em atenção a definição de aparelho de medida, muitos dos vocábulos são usados
com igual significado para caracterizar propriedades ou comportamentos de dispositivos
muito diferentes utilizados em Metrologia e que constituem, no seu conjunto, aquilo a que
usualmente se designa por instrumentação.

Grandeza (Quantity) – atributo de um fenómeno, corpo ou substância susceptível de ser


caracterizado qualitativa e quantitativamente. Exemplos são: o comprimento, a massa, o
tempo, o trabalho e energia (pertencendo estas à mesma categoria por serem mutuamente
comparáveis), a resistência eléctrica de um condutor, a massa de um electrão, etc.

Medida ou Medição (Measurement) – conjunto de operações tendo por objectivo determinar


o valor de uma grandeza. Medir é, pois, atribuir um número que quantifica uma propriedade
ou característica material (não se mede uma peça, mede-se sim o seu comprimento).

Aparelho ou Instrumento de medida (Measuring instrument) – dispositivo destinado à


execução da medição, isolado ou em conjunto com outros equipamentos. Englobando
aparelhos de medida indicadores ou registadores e também dispositivos, como geradores e
sensores, que são por vezes utilizados na execução de medidas.
Sistema de medida: conjunto completo de instrumentos de medida e outros
dispositivos montados para executar uma tarefa específica.

Exactidão (Accuracy) – importa distinguir a aplicação deste termo à medição ou ao


instrumento de medida. No 1º caso refere-se à aproximação entre o resultado medido e o valor
(convencionalmente) verdadeiro da grandeza medida; no 2º caso consiste na aptidão do
instrumento de medida para dar indicações próximas do verdadeiro valor da grandeza medida.

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O verdadeiro valor ou valor real de uma grandeza é, naturalmente, impossível de


conhecer. Assim, e tendo em consideração que de um modo geral, medir uma grandeza é
compará-la a outra grandeza da mesma espécie tomada para unidade, natural será tomar para
“verdadeiro valor” aquele que se obteria utilizando como referência na medida o padrão da
unidade da grandeza em causa, designando-se então por valor convencionalmente
verdadeiro dessa grandeza. A noção de exactidão absoluta é assim substituída pela de
exactidão relativa, a qual assenta na existência de padrões para as unidades das várias
grandezas físicas.

Repetibilidade, Precisão (Precision) – embora a designação anglo-saxónica seja comum


para designar uma propriedade das medidas e uma característica dos instrumentos de medida,
utiliza-se em português o termo “repetibilidade da medida” para significar a aproximação
entre os resultados de medições sucessivas de uma mesma grandeza, efectuadas com a
aplicação da totalidade das seguintes condições:
- mesmo método de medição
- mesmo observador
- mesmo instrumento de medida
- mesmo local
- mesmas condições de utilização
- repetição em instantes sucessivos
Enquanto que normalmente se utiliza o termo “precisão do instrumento de medida” para
referir a aptidão do instrumento de medida para dar, em condições de utilização definidas,
respostas muito próximas, quando se utiliza repetidamente o mesmo sinal de entrada.

Enquanto a repetibilidade é um indicador da consistência das medidas, a precisão de


um aparelho dá conta da influência que têm sobre a grandeza de saída factores aleatórios. Em
qualquer dos casos quanto menor a dispersão dos valores obtidos em torno do seu valor
médio, maior é a repetibilidade da medida ou mais preciso é o aparelho de medida.

Os conceitos de exactidão e de precisão, embora distintos, são, talvez por via da


escolha dos vocábulos escolhidos para os traduzir, muitas vezes confundidos. O facto de
existirem termos, como classe de precisão, que embora contendo uma das palavras dizem
respeito à outra (neste caso a classe tem a ver com a exactidão), contribui naturalmente para
essa confusão.

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A exactidão tem a ver com a relação que se verifica entre o valor medido e o valor
verdadeiro convencionado para a grandeza, enquanto a precisão tem a ver com a relação que
se verifica entre os diferentes valores de um conjunto de medidas. Note-se que embora
exactidão implique repetibilidade (precisão), o inverso não é verdade.

Figura 2.1
a) Preciso não exacto b) Exacto

Reprodutibilidade das medições (Reproducibility) – aproximação entre os resultados das


medições de uma mesma grandeza quando as medições individuais são efectuadas fazendo
variar pelo menos uma das condições, tais como:
- método de medida
- observador
- instrumento de medida
- local
- condições de utilização
- instantes de tempo

Incerteza da medição (Uncertainty of measurement) – estimativa caracterizando o intervalo


dos valores no qual se situa o valor verdadeiro da grandeza medida. A incerteza num aparelho
de medida constitui, naturalmente, à incerteza da medida por ele fornecida.

Erro da medida (Error) – este termo refere-se ao erro absoluto da medição, o qual é definido
como sendo a diferença algébrica entre o resultado da medição e o valor convencionalmente
verdadeiro da grandeza medida.
O quociente entre o erro absoluto e o valor convencionalmente verdadeiro da grandeza
medida designa-se por erro relativo (relative error). À componente do erro de medida que
varia de forma imprevisível quando se efectuam várias medições da mesma grandeza designa-
se por erro aleatório (random error); à componente do erro de medida que, em várias
medições, se mantém constante ou varia de forma previsível designa-se por erro sistemático
(systematic error).

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Alcance ou Campo de medida de um instrumento de medida (Range) – para cada


amplitude da escala, é o conjunto de valores da grandeza de medida para os quais o
instrumento de medida apresenta valores no interior dessa amplitude da escala, para uma
posição particular dos seus comandos. Entende-se como amplitude de escala (scale range) o
intervalo compreendido entre as referências extremas de uma dada escala.
O alcance, ou campo de medida, é expresso em unidades da grandeza a medir. No
caso do limite inferior ser zero, o alcance é designado pelo seu limite superior, caso contrário
ter-se-à de especificar os seus limites inferior e superior.

Amplitude de medida (scale range) – módulo da diferença entre os dois limites do alcance
do instrumento de medida.

Sensibilidade de um instrumento de medida (sensitivity) – quociente da variação da


resposta do instrumento de medida pela variação correspondente do sinal de entrada; quanto
mais sensível for o instrumento, maior será a variação da indicação nele produzida por uma
mesma variação da grandeza a que ele reage.

Mobilidade de um instrumento de medida (discrimination) – aptidão do instrumento de


medida para responder a pequenas variações do valor do sinal de entrada. A menor variação
do sinal de entrada que provoca uma variação perceptível da resposta do instrumento de
medida constitui o limiar da mobilidade (discrimination threshold). Este limiar depende, em
geral, de vários factores: ruído interno ou externo ao instrumento de medida, atrito,
amortecimento, inércia, valor da grandeza.

Resolução do dispositivo indicador (resolution) – expressão quantitativa da aptidão do


dispositivo indicador para distinguir significativamente entre valores muito próximos da
grandeza indicada.
No caso de um aparelho de medida digital, a resolução depende do valor do dígito
menos significativo; no caso de um aparelho analógico, a resolução envolve a capacidade de
leitura dessa escala.

Folga de um instrumento de medida (dead band) – intervalo de valores no interior do qual


o sinal de entrada pode ser modificado sem provocar variação da resposta do instrumento de
medida.

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Histerese (hysteresis) – propriedade do instrumento de medida cuja resposta a um dado sinal


de entrada depende da sequência dos sinais de entrada precedentes. A histerese traduz a
diferença de comportamento de um aparelho quando se varia a grandeza de entrada no mesmo
intervalo de valores mas em sentidos opostos.

Estabilidade de um instrumento de medida (stability) – aptidão do instrumento de medida


para conservar as suas características metrológicas.

Neutralidade de um instrumento de medida (transparency) – aptidão do instrumento de


medida para não alterar o valor da grandeza a medir.

Deriva de um instrumento de medida (drift ) - variação lenta com o tempo de uma


característica metrológica do instrumento de medida.

Fidelidade de um instrumento de medida (freedom for bias error) – aptidão do instrumento


de medida para dar indicações isentas de erros sistemáticos.

2.2. Resultados das medições – Erros

O conceito de valor real de uma grandeza física tem, como se viu, uma importância
mínima, uma vez que, mesmo que exista como valor único, a sua determinação é impossível e
limitada. Mesmo o valor convencionalmente verdadeiro, já definido, e que passaremos a
considerá-lo como objectivo de uma medida, só pode ser conhecido com uma imprecisão
causada pelos diversos erros associados à medição. Existem genericamente três tipos de erros:
os grosseiros, os sistemáticos e os aleatórios.

2.2.1. Erros grosseiros

Os erros grosseiros são geralmente humanos e devido a causas como leitura incorrecta
das indicações dos aparelhos de medida, aplicação incorrecta dos instrumentos de medida,
erro no registo dos valores medidos, erros nos cálculos efectuados sobre os valores
experimentais. Podem em si ser sistemáticos ou aleatórios, consoante conduzam a resultados
apresentando características comuns ou não.

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Os erros grosseiros podem, e devem, ser evitados tomando precauções, nomeadamente


na leitura e registo de valores medidos. É recomendável executar pelo menos três leituras
diferentes, de preferência, e na medida do possível, desligar e voltar a ligar o instrumento de
medida.
O facto de a quase generalidade dos erros grosseiros que afectam o resultado das
medições ser do tipo sistemático torna infrutífero qualquer tratamento matemático dos
resultados, com vista à obtenção de valores das grandezas com menor imprecisão.

2.2.2. Erros sistemáticos

Os erros sistemáticos, que afectam uma medida realizada por um método apropriado,
são geralmente divididos em duas categorias: erros instrumentais e erros ambientais.

Erros instrumentais – são devidos a limitações dos aparelhos de medida tais como: desajuste
do zero da escala, incorrecção na graduação da escala, insuficiente largura de banda, efeito de
carga sobre o objecto de medida ou inexactidão. Os vários erros variam de instrumento para
instrumento. Estes erros podem ser evitados mediante as seguintes acções:

1. selecção dos instrumentos apropriados para na medição em causa


2. corrigindo os valores experimentais após a determinação do valor do erro
3. procedendo regularmente à verificação da exactidão dos instrumentos e ao seu
ajuste

Erros ambientais – as causas destes erros são exteriores ao sistema de medida (conjunto
completo de instrumentos de medida e outros dispositivos montados para executar uma tarefa
de medida específica). De entre os principais factores que influenciam as medições são de
referir a temperatura, a humidade, a pressão atmosférica e os campos magnéticos e eléctricos
estranhos. Para evitar o efeito produzido pelos 3 primeiros factores, procura-se realizar os
ensaios em ambientes condicionados. No que respeita à influência provocada pelos campos, a
sua diminuição passa pela blindagem do sistema de medida, ou pelo menos, das suas partes
mais susceptíveis a este tipo de ruído.

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2.2.3 Erros aleatórios

Os erros aleatórios são devidos a causas desconhecidas ou que, embora conhecidas,


afectam a medida de uma forma não previsível. Em geral, e em condições experimentais
apropriadas, os erros deste tipo são pequenos, têm, no entanto, importância em medidas de
elevada exactidão. Exemplo de possíveis causas destes erros são: arredondamentos efectuados
nas leituras das indicações dos aparelhos de medida, variações verificadas no funcionamento
dos aparelhos de medida devidas a pequenas alterações ambientais ou dos componentes
eléctricos ou mecânicos que o constituem. No caso de sistemas de medida em que estejam
envolvidos sinais eléctricos, verificar-se-ão sempre erros ocasionados por quatro tipos de
ruído: o térmico, o granular, o cintilante e o crepitante.

2.3. Tratamento dos valores medidos e apresentação de resultados

Os valores medidos das várias grandezas, afectadas por erros, poderão necessitar ser
processados com vista à obtenção quer dos valores das grandezas medidas e sua inexactidão,
quer do valor e inexactidão de grandezas dependentes das que foram medidas.
A determinação da inexactidão do valor medido de uma qualquer grandeza é, em
particular no chamado domínio das medidas de alta precisão ou alta exactidão, um dos
problemas de mais difícil resolução, só ultrapassado por outro problema que consiste na
concepção de métodos, processos e instrumentos de medidas que possibilitem realizar
medidas cada vez mais exactas.
Para a inexactidão contribuem erros dos tipos sistemáticos e aleatórios. De um modo
geral, a dificuldade principal reside na estimação do valor dos erros do primeiro tipo, uma vez
que a influência dos do segundo tipo, já de si pequena, podem ser minimizados realizando um
grande número de medidas e em condições experimentais apropriadas.
A forma mais natural e normal de especificar a inexactidão de uma medida, consiste
na indicação do intervalo de valores, em torno do valor medido, dentro do qual deverá estar o
valor convencionalmente verdadeiro da grandeza medida. A forma de obter os limites desse
intervalo passa pela:
- determinação da precisão da medida
- estimação do valor dos erros sistemáticos que afectam a medida

21
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Nos processos de medida usuais, os erros aleatórios seguem uma lei de distribuição
normal ou de Gauss. Como se sabe o valor médio, X , de uma população de n acontecimentos
n
xi
xi que verificam uma distribuição desse tipo, X = ∑ , constitui o valor mais provável
i =1 n
dessa distribuição, o que significa no presente contexto, que se se realizarem n medidas sobre
uma mesma grandeza mantida constante, o valor médio do conjunto de valores obtidos
constitui o valor mais provável dessa grandeza. Por outro lado o desvio padrão, σ, do
conjunto finito de n medidas, dado por:
n

∑ (x
i =1
i − X )2
σ=
n −1
expressa quantitativamente a dispersão dos valores obtidos em torno do valor médio,
constituindo uma medida de precisão global do processo de medida utilizado.

Figura 2.2 – Distribuição de Gauss: (1) σ = 0,5; (2) σ = 1; (3) σ = 1,5.

Como se vê pela figura, quanto maior é o valor de σ, menor é a probabilidade do valor


médio ser o valor da grandeza medida.
De acordo com a distribuição de Gauss, podem-se obter os seguintes resultados:

∆xi 0.6745 1 1.96 2.58


σ
p ( x ∈ X ± ∆xi ) 0.5 0.6828 0.95 0.99

22
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Assim, num processo de medida em que só se consideram erros do tipo aleatório e que
seja caracterizado por um valor médio X , e um desvio padrão σ, o intervalo de valores que é
necessário especificar, de modo a que o valor verdadeiro da grandeza a medir esteja com uma
probabilidade de 99% no interior é de [X ± 2,58σ ]

2.3.1. Algarismos significativos

A apresentação numérica do resultado de uma medição depende, para além de outros


factores, da resolução do dispositivo indicador do aparelho de medida utilizado. Ou seja, é
diferente expressar-se o valor de uma grandeza como sendo 31 ou 31,00 unidades.
A título de exemplo considere-se uma resistência R, cujo valor é obtido a partir da
soma de duas resistências:
R 1 = 25,6 Ω e R 2 = 7,354 Ω

os algarismos significativos das duas resistências permitem apenas dizer


que R 1 ∈ [25,55 ; 25,65]Ω

e R 2 ∈ [7,3535 ; 7,3545] Ω. Logo a única afirmação possível em relação a R é que:

R ∈ [32,9035 ; 33,0045] Ω, apresentando-se o resultado como 32,954 ± 0,051 Ω, ou com

dois
algarismos significativos 33 Ω.

2.3.2. Composição dos erros

Ao realizar-se a medida de uma grandeza utilizando um sistema de medida mais ou


menos complexo, é usual conhecerem-se os erros absolutos ou relativos inerentes quer aos
aparelhos de medida, quer aos procedimentos de medida.
∆x
Sendo ∆x o erro absoluto de x e ε x = o erro relativo de x, vamos analisar os erros
x
associados a uma grandeza x dependente de n variáveis independentes e mensuráveis
v1 , v 2 ,..., v n com erros conhecidos. Seja F a função dessa dependência:

x = F (v1 , v2 ,..., vn )

23
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desenvolvendo F em série de Taylor temos:

n
∂F 1 n ∂2F 1 n ∂nF
∆x = ∑ ∆vi + ∑ 2 ∆v 2 i + ...... + ∑ n ∆v n i
i =1 ∂vi 2 i =1 ∂v i n! i =1 ∂v i

desprezando os termos de ordem superior (erros dos erros) e dividindo ambos os membros por
x, temos, no caso mais desfavorável:

∆x n
∂F vi ∆vi n
∂F vi
=∑ . ou εx = ∑ .ε vi
x i =1 ∂vi F vi i =1 ∂vi F
(exemplos)

O valor dos erros assim calculados corresponde à situação mais desfavorável, isto é,
àquela em que todas as grandezas envolvidas contribuem com o seu erro máximo. Sendo a
probabilidade de ocorrência desta situação extremamente baixa, natural será recorrer a
processos de cálculo que conduzam a um valor mais provável desse erro.
Um dos métodos mais praticados consiste na composição quadrática dos erros,
absolutos ou relativos, consoante os casos,

∆x = ( ∆xv1 ) 2 + (∆xv 2 ) 2 + ..... + (∆xvn ) 2

24
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CAPÍTULO III- Instrumentos indicadores analógicos

1. INTRODUÇÃO

Os instrumentos de medição em que a indicação da grandeza a medir se obtém a partir


da posição de um ponteiro sobre uma escala graduada, designam-se por analógicos ou
instrumentos indicadores analógicos.
Caracterizam-se pelo facto da relação entre a posição do ponteiro (material ou
luminoso) e o mesurando ser contínua e resultar do equilíbrio entre dois binários que exercem
a sua acção sobre um sistema móvel. Estes dois binários, que se opõem são, um dito actuante
(T), proporcional à grandeza a medir, e outro dito de restituição (Td), devido à deformação de
uma mola.

Os diferentes instrumentos de medição de grandezas eléctricas que iremos considerar,


distinguem-se pelo princípio físico que está na origem do binário actuante.

Instrumento de quadro móvel (Galvanómetro D´Arsonval) – o binário actuante tem como


origem a interacção entre a corrente que percorre uma bobina (móvel) e o campo magnético
de um íman permanente (fixo).

Instrumento electrodinâmico – interacção entre os campos magnéticos devidos a duas


correntes eléctricas que percorrem duas bobinas, uma fixa e outra móvel.

Instrumento electromagnético – interacção entre um corpo móvel magneticamente polarizado


e o campo de uma bobina fixa.

Instrumento electrostático - interacção entre os campos eléctricos que têm como origem a
distribuição de cargas na superfície de um sistema de condutores, um dos quais é fixo.

25
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2. COMPORTAMENTO DINÂMICO DE UM SISTEMA MÓVEL EM TORNO DO EIXO

Posição estável do ponteiro é equivalente a dizer que existe equilíbrio entre os binários
actuante e de restituição, sendo α essa posição, temos:

T = Td ⇔ α = constante

Quando o sistema móvel é forçado a rodar de α1 para α2, outros binários intervêm:

Ta − binário de atrito
Tθ − binário de inércia
,assim: ∑T
k
k =0

Td , Tθ e Ta opõem-se ao aumento do desvio α enquanto T favorece esse aumento. Sendo:

∂ 2α ∂α
Tθ = θ ; Ta = A a ; Td = C mα
∂t 2 ∂t

∂ 2α ∂α
temos: θ 2
+ Aa + C mα = T (equação diferencial de uma equipagem
∂t ∂t
móvel)

3. ESPECIFICAÇÃO DA EXACTIDÃO DOS INSTRUMENTOS ANALÓGICOS DE


MEDIDA

A qualidade metrológica de um instrumento analógico de medida, do ponto de vista da


exactidão dos valores com ele obtidos, é especificada através da classe de precisão.
Refira-se, de passagem, que no caso dos instrumentos analógicos que não utilizam
electrónica, a causa mais frequente de existência de erros sistemáticos é o desajuste do Zero
de indicação, o qual pode ser corrigido actuando externamente num parafuso que, por via
mecânica, altera a posição de repouso do sistema móvel do aparelho.

26
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A classe de precisão (CP) estabelece o erro absoluto máximo, das medições


executadas com esse instrumento, sendo esse valor especificado sob a forma de percentagem
do final de escala (FE) do instrumento. Assim sendo:
CP(%)
Erro = × FE
100
Exemplo:
Um voltímetro de CP=0,3 com um alcance de medida utilizado, 300mV e pretende-se
fazer uma leitura de 10mV e outra de 200mV. Qual o erro relativo para as duas leituras?

É pelo facto de ser constante o erro absoluto das medidas obtidas com um instrumento
analógico que, se deve seleccionar alcances de medida tais que a indicação obtida seja o mais
próximo do final de escala, uma vez que, como se vê pelo exemplo, o erro relativo é dessa
forma minimizado.

___________________

No caso de um instrumento digital temos que o erro é dado por:

Erro = % × leitura + n digitos

Exemplo: Multímetro digital de 31/2 dígitos, CP=0,5% da leitura + 2 dígitos, leitura a


realizar 18,5V .
Qual o erro relativo para um alcance de 20V e 200V?

27
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4. ESCALA DOS INSTRUMENTOS ANALÓGICOS DE MEDIDA

Para além da graduação em divisões, que permite, uma vez conhecido o alcance de
medida, conhecer o valor da grandeza a medir que origina um determinado desvio do
ponteiro, as escalas dos instrumentos analógicos de medida possuem em geral marcações que
identificam algumas características do respectivo instrumento.
A seguir, de acordo com a figura 3.1, apresentam-se os símbolos para um voltímetro
electromagnético:

a) tipo de instrumento: electromagnético, no caso


b) domínio de utilização: tensão contínua e variável no tempo
c) classe de precisão: 0,5
d) gama de frequências: a frequência máxima é de 400Hz, no entanto a classe de
precisão é garantida apenas no intervalo [40,60] Hz.
e) posição de utilização: horizontal
f) tensão máxima de ensaio: 2kV, tensão máxima entre qualquer terminal de entrada e
a caixa

5. INSTRUMENTOS DE QUADRO MÓVEL E SUAS APLICAÇÕES

5.1. Constituição e princípio de funcionamento

A equipagem móvel é constituída por uma bobina em forma de quadro. A equipagem


roda no entreferro de um circuito magnético constituído por um íman permanente em forma
de ferradura e por um núcleo cilíndrico em ferro macio, como se representa na figura 3.2.

O binário actuante resulta da interacção entre o campo magnético do íman permanente


e um corrente i que percorre o quadro.
r r r
dF = i d l × B

Como B, campo magnético no entreferro, é radial teremos que: dF = i dl B

28
Sebenta Teórica de Instrumentação e Medidas 2º Ano – Licenciatura

O binário actuante devido a uma única espira é dado por: Ti = 2R F e a força


magnética em n espiras, considerando l o comprimento de uma espira é: F =ilBn,
teremos:

Ti = 2R i lB n = A q i B n

sendo A q a área útil do quadro.

Conclui-se assim, que o binário actuante é proporcional ao valor instantâneo da


corrente que percorre o quadro.
Ti = (n A q B) i

Binário de restituição: Td = Cm α
Considerando que a corrente i é constante no tempo com intensidade I, o equilíbrio é
expresso por:
Ti = Td

n Aq B
(n A q B) I = C m α ⇔ α = ( )⋅ I
Cm
O factor entre parêntesis designa-se por sensibilidade à corrente, Si [rad/A], sendo o
seu inverso o coeficiente de deflexão. Assim :

α = Si I , dá-nos a expressão do desvio em função da corrente que


percorre o quadro.
Tendo em atenção as definições de valor médio no tempo de uma grandeza periódica e
de componente contínua dessa grandeza, ICC, tem-se:

1
T1 T∫1
α = Si ( i ) AV = Si I CC em que I CC = i(t )dt

As duas expressões anteriores evidenciam que “o instrumento de quadro móvel


utiliza-se ou para medições em corrente contínua ou para medições da componente
contínua de uma corrente eléctrica variável no tempo”.
Estes instrumentos podem ser utilizados como amperímetro, voltímetro, ohmímetro
ou ainda multímetro, mediante algumas modificações.

29
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5.2. Amperímetro de quadro móvel

Novamente as expressões anteriores permitem concluir, que o aparelho de quadro


móvel é essencialmente um instrumento de medida da intensidade de corrente – um
amperímetro. No entanto e por razões construtivas, o quadro é constituído por espiras de
condutor de secção muito pequena, capaz de suportar apenas a passagem de correntes
eléctricas muito baixas, inferiores a 1mA. Isto significa que a medição de correntes superiores
só será possível mediante a introdução de algum tipo de alterações ao instrumento base.
Para isso utilizam-se resistências auxiliares, designadas por “shunts” ligadas em
paralelo com o instrumento, como se pode ver pela figura 3.3:

Figura 3.3 – Amperímetro de quadro móvel.

sendo Igf a corrente de fim de escala do aparelho base, poderemos então calcular a corrente
para vários valores possíveis de fim de escala consoante o valor de RS.
RS + R g
I FSD = I gf , vários valores de RS teremos vários alcances de medida.
RS

O amperímetro possui então uma certa resistência interna Rg, determinada pela
resistência da bobina móvel. Dado que ela é atravessada por uma corrente, aparece uma
tensão aos seus terminais que é uma perturbação ao circuito.
Note-se que os amperímetros são colocados em série no ramo do circuito em que ela
circula, devendo a sua resistência interna ser baixa, devido à perturbação causada ao circuito.
Mas Rg não pode ser muito baixa, para que possa minimizar a inércia da equipagem móvel.
Porém a resistência interna valerá o equivalente ao paralelo de RS com Rg.

Exemplo: Se Igf = 1mA , I = 1A e Rg = 100 Ω, qual o valor de RS? (0,1 Ω)

30
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5.3. Voltímetro de quadro móvel

A extensão do alcance de medida dum instrumento de quadro móvel utilizado como


voltímetro, figura 3.4, é conseguido por adição de resistências em série de valor conhecido.

Figura 3.4 – Voltímetro de quadro móvel.

Assim, a tensão de fim de escala é dada por:

RV + R g
U FSD = U gf
RV
Na medida de uma tensão, liga-se o voltímetro entre dois pontos do circuito, em
paralelo com este. Idealmente a corrente Ig que percorre o voltímetro deveria ser nula, para
que o circuito não fosse perturbado. Para tal, é necessário que a resistência interna seja
elevada, como Rg não o é, implica que RV o seja.

5.4. Ohmímetro de quadro móvel

Figura 3.5 – Ohmímetro de quadro móvel.

31
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A montagem base, consiste na associação do aparelho de quadro móvel a um


resistência variável, R, e uma pilha de força electromotriz E e resistência eléctrico interna Ri,
como se pode ver pela figura 3.5.

1º - Coloca-se AA’ em curto circuito, regula-se R até que ICC = Igf, isto é , o ponteiro
avance até ao zero de escala.
( )
E = R + Ri + R g I gf = R0 I gf

2º - Sem alterar o valor de E e R, substitui-se o curto circuito por Rx. A corrente


tomará o valor Ix tal que:
E = (R0 + R X )I X

E
RX = − R0
IX

5.5. Multímetro de quadro móvel

A utilização de um instrumento de quadro móvel como amperímetro, voltímetro e


como ohmímetro com vários alcances de medida envolve, como se viu anteriormente, a
adição de resistências e, no caso do ohmímetro, a adição de uma pilha. Por este facto torna-se
extremamente fácil a realização de instrumentos que reunam as três funções de medida
referidas.
As selecções da função de medida, ou seja, da configuração das resistências para os
diferentes campos de medida, são geralmente realizadas através de um comutador rotativo.

5.6. Extensão do domínio de utilização de instrumentos de quadro móvel

O aparelho de quadro móvel é essencialmente um indicador do valor médio de


corrente. A sua alta sensibilidade, simplicidade construtiva, boa exactidão, robustez eléctrica e
mecânica, levam a procurar utilizá-lo no campo das medidas de corrente alternada.

32
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6. INSTRUMENTOS ELECTRODINÂMICOS

6.1 – Constituição e princípio de funcionamento

Os instrumentos analógicos de medida do tipo electrodinâmico, são constituídos por


duas bobinas, uma fixa e outra móvel solidária com a equipagem móvel, figura 3.6.
O binário actuante é devido à interacção entre o campo magnético criado por uma
corrente eléctrica que percorre a bobina fixa e a corrente eléctrica que percorre a bobina
móvel. A determinação da relação entre o binário actuante, Ti, e essas correntes, pode obter-se
tendo em atenção que o binário, como força que é, pode ser conhecido a partir da expressão
da energia magnética do sistema, derivando-a a correntes constantes, em ordem a α.

 ∂WM 
Ti =  
 ∂α  i1 ,i 2

1 1 1
No ar, meio livre, WM = L11i12 + L22 i2 2 + LM i1i2 .
2 2 2
Para o cálculo da derivada, só a última parcela da energia magnética contribui com um
valor não nulo, pois só o coeficiente de indução mútua depende de α. Então:
∂LM
Ti = ⋅ i1 ⋅ i2 = K T ⋅ i1 ⋅ i2
∂α

Assim, o binário actuante é proporcional ao produto das correntes que percorrem as


duas bobinas.

NOTA:
- Para que o meio seja linear, excluem-se os materiais ferromagnéticos. Assim, para
atingir os níveis de binários necessários, as correntes, e logo, as perdas são
superiores.
- Desde que a frequência do produto ( i1 ⋅ i2 ) seja superior à frequência da

Cm
equipagem móvel, ω 0 = , teremos no equilíbrio:
θ
Td = C mα = (Ti ) AV logo KT
α= ⋅ (i1 ⋅ i2 ) AV
Cm

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6.2 – Amperímetro electrodinâmico

A aplicação do princípio electrodinâmico à medida da intensidade de corrente faz-se


ligando em série as bobinas fixa e móvel, passando a serem ambas percorridas pela mesma
corrente, então:
KT 2 KT
α=
Cm
i( ) AV =
Cm
I ef 2

O desvio do ponteiro é portanto proporcional ao quadrado do valor eficaz da corrente.


Por intermédio de uma graduação não-linear da escala, mas quadrática, é possível ler
directamente o valor eficaz de qualquer que seja a forma de onda da corrente, figura 3.7.

Figura 3.7 – esquema eléctrico básico do amperímetro electrodinâmico.

Extensão do alcance de medida:

A extensão do alcance de medida não pode ser feita, como no caso dos aparelhos de
quadro móvel, recorrendo a resistências, pois o alcance seria nesse caso dependente da
frequência.
A solução mais praticada, consiste na construção de instrumentos em que o conjunto
bobina fixa/bobina móvel é duplicado. A ligação em série ou em paralelo das séries bobina
fixa/bobina móvel permite obter um amperímetro com dois alcances de medida na relação de
1 para 2.
A selecção do alcance de medida é feita à custa de cavilhas, como se pode ver pela
figura 3.8:

35
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Figura 3.8 a) Esquema global.

Figura 3.8 b) Série – alcance 1.

Figura 3.8 c) Paralelo – alcance 2.

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6.3 – Voltímetro electrodinâmico

Figura 3.9 – Voltímetro electrodinâmico.

Para se obter um voltímetro, figura 3.9, junta-se uma resistência adicional, Ra, ao
amperímetro electrodinâmico (bobina móvel em série com a fixa), cujo valor é superior a 1
kΩ.

Por aplicação da lei geral de indução ao circuito, obtém-se:


∂i
u = (R + Ra )i + L
∂t
Na medida em que se possa desprezar a queda de tensão indutiva face à queda de
u
tensão óhmica, e uma vez que Ra é muito superior a R, pode-se escrever: i ≅ .
Ra
Assim:
KT KT
α= 2
(u )
2
AV = 2
U ef 2
C m Ra C m Ra

u
A escala é também quadrática e a aproximação que conduz a i ≅ , condiciona
Ra
superiormente o valor da frequência de utilização deste tipo de voltímetro.

Extensão do alcance de medida:


Faz-se por adição de resistências de valor Ra crescentes.

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6.4 – Wattímetro electrodinâmico

O facto do desvio da bobina móvel nos aparelhos electrodinâmicos ser proporcional ao


produto de duas grandezas eléctricas e, em determinadas condições, ao valor médio desse
produto, permite a sua utilização como instrumento de medida da potência activa.
A figura 3.10 representa os esquemas de ligação possíveis de um wattímetro
electrodinâmico, W, para medir a potência activa PC posta em jogo numa carga ZC.

a) b)
Figura 3.10 – Wattímetro electrodinâmico.

Potência instantânea: p = u ⋅ i
1
T T∫
A potência activa é o valor médio de p: P = (u ⋅ i ) AV = u (t ) ⋅ i (t )dt

KT u
Como α = ⋅ (i1 ⋅ i2 ) AV e i≅ , teremos:
Cm Ra

KT  u  KT
Esquema a): α = ⋅  iC ⋅  = [iC (u1 + u C )]AV
Cm  Ra  AV C m Ra

KT  u  KT
Esquema b): α = ⋅  i ⋅ C  = [(iV + iC )uC ]AV
Cm  Ra  AV C m Ra
Se pudermos desprezar u1 em relação a uC e iV em relação a iC, obtemos para ambos os
casos:
KT KT
α= ⋅ (iC ⋅ u C ) AV = PC
C m Ra C m Ra

38
Sebenta Teórica de Instrumentação e Medidas 2º Ano – Licenciatura

Conclui-se, então que forçando a corrente na carga a percorrer uma das bobinas (fixa)
e se a corrente na outra bobina (móvel) for proporcional à tensão na carga, o desvio da bobina
móvel é, para frequências superiores a f0, proporcional à potência activa posta em jogo na
carga. Aos circuitos onde circulam aquelas correntes é usual chamar-se de circuito de corrente
e circuito de tensão do wattímetro.

Algumas considerações:
1 – A frequência da tensão e corrente na carga deve ser bastante superior à do sistema
móvel, f0.
2 – Reescrevendo as equações para as duas montagens:

KT KT 2
a) α = ⋅ (iC ⋅ u1 ) AV + ⋅ (iC ⋅ u C ) AV ⇔ P1 = P'+ PC onde P' = r1 I Cef
C m Ra C m Ra

KT KT U Cef 2
b) α = ⋅ (iC ⋅ u C ) AV + ⋅ (iV ⋅ u C ) AV ⇔ P2 = P ' '+ PC onde P' ' =
C m Ra C m Ra Ra + r2

As parcelas P’ e P’’, representam a potências activas postas em jogo nos circuitos de


corrente e tensão do wattímetro, respectivamente. São pequenas podendo ser desprezadas.
Em muitas situações convém considerá-las e subtrair ao valor indicado no aparelho,
para se obter a potência correcta na carga.

2 U Cef 2
3 – Geralmente r1 I Cef < , donde a leitura feita pelo esquema da montagem a)
Ra + r2
conduz a um erro inferior.
4 – (Ra + r2) é conhecida com mais rigor que r1. Nos ensaios em que se conheça Uef é
pois preferível a montagem b), visto o erro ser constante em todos os ensaios.
5 – Como se constata pelas duas montagens, os circuitos de tensão e corrente do
wattímetro, possuem um ponto comum. A finalidade é de assegurar que ambas as bobinas
sejam praticamente equipotenciais de modo que o binário actuante não seja afectado pela
existência de binários resultantes de campos eléctricos na região do enrolamento. As
montagens da figura 3.11 são por este motivo incorrectas:

39
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Figura 3.11 – Montagens incorrectas do ponto de vista da equipotencialidade.

6 – Para grandezas alternadas sinusoidais, e só nesta situação, a potência é dada por:


P = U ef ⋅ I ef ⋅ cos θ , em que θ representa a desfasagem entre u e i.

7 – Os wattímetros electrodinâmicos dispõem, em geral, de dois alcances no circuito


de corrente e de vários alcances no circuito de tensão.
As medidas devem ser feitas próximo do final de escala, pois se u e i forem sinais
alternados sinusoidais e a carga fortemente indutiva ou capacitiva, o cos θ é baixo, a potência
activa a medir é uma pequena fracção de (U ef ⋅ I ef ) , logo teremos um desvio do ponteiro que

é uma pequena fracção do desvio máximo.


Para evitar este problema utilizam-se wattímetros com maior sensibilidade, de baixo
(U ef ⋅ I ef )
cos θ , de tal forma que o final de escala corresponda a , ou seja cos θ = 0,1.
10

6.5 – Domínio de utilização. Limites na frequência.

Os instrumentos electrodinâmicos são instrumentos cuja indicação é independente da


forma de onda das grandezas eléctricas medidas.
Em termos de banda de frequência, o limite superior é de algumas centenas de Hz e
deve-se essencialmente a:

- amperímetro electrodinâmico: capacidades entre espiras (quando a frequência


aumenta o valor correspondente da impedância diminui).

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- voltímetro e wattímetro electrodinâmicos: queda de tensão indutiva que aumenta


com a frequência.

2 U ef 1
U ef = R 2 + (ωL ) ⋅ I ef ⇔ I ef = ⋅
R 2
 ωL 
1+  
 R 

2
 ωL  −3
Exemplo: Classe de precisão – 0,5 e   < 10 ⋅ 0,5
 R 
Com R = 3 kΩ e L = 0,5 mH teremos f ≤ 3kHz para se poder desprezar a parte
indutiva.

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7. INSTRUMENTOS ELECTROMAGNÉTICOS

É constituído por uma bobina fixa circular cujo eixo coincide com o da equipagem
móvel, figura 3.12. Duas lâminas, uma fixa e outra móvel são responsáveis pelo binário
actuante, enquanto que uma mola garante o binário de restituição.
Uma corrente eléctrica ao percorrer a bobina produz um campo magnético,
magnetizando as lâminas de ferro, e por terem os pólos concordantes, produzem uma força de
repulsão responsável pela variação de α.
Assim, o binário actuante é de novo dado por:
 ∂WM  1
Ti =   com WM = L ⋅ i 2
 ∂α  i =cons tan te 2

 1 ∂L  2 2 K 2
Ti =   ⋅ i = K T ⋅ i ⇔ α = T I ef
 2 ∂α  C m

Tal como o princípio electrodinâmico, o princípio electromagnético conduz a um


amperímetro de valor eficaz independente da forma de onda e de escala quadrática.

Amperímetro electromagnético:
Os campos de medida são obtidos à custa de enrolamentos múltiplos seleccionados à
vez .

Voltímetro electromagnético:
Colocam-se resistências adicionais em série com a bobina. Deve ser desprezável a
queda de tensão indutiva (tal como para o instrumento electrodinâmico).

Domínio de utilização:

A sua construção é mais simples e robusta do que os anteriores, apresentando


diferença na corrente contínua em relação à corrente alternada:
- menos preciso em corrente contínua, devido à histerese do ferro;
- domínio de frequências de 40 a 400 Hz;
- impossibilidade de medição de potência activa.

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8. INSTRUMENTOS ELECTROSTÁTICOS

Enquanto que os instrumentos de quadro móvel, electrodinâmicos e electromagnéticos


são essencialmente amperímetros e o binário actuante é de natureza magnética, o princípio
electrostático conduz exclusivamente a um instrumento de medida de tensão, sendo o binário
actuante de natureza eléctrica.
Consiste num condensador de dieléctrico de ar em que uma das armaduras é fixa e a
outra móvel, figura 3.13.
O binário actuante resulta da interacção entre cargas eléctricas distribuídas na
superfície das armaduras do condensador quando entre elas é aplicada uma tensão eléctrica.

 ∂WE  1
Tu =   com WE = C ⋅ u 2
 ∂α  u =cons tan te 2

 1 ∂C  2 2 K 2
Tu =   ⋅ u = K T ⋅ u e Td = C m ⋅ α ⇔ α = T U ef
 2 ∂α  Cm

Domínio de utilização:

- o voltímetro electrostático permite a medição do valor eficaz de tensões


eléctricas desde a corrente contínua até às dezenas de MHz;
- instrumento de alta impedância o que permite medições no vazio;
- como o condensador aproxima-se do ideal (<100 pF), o seu consumo –
potência activa posta em jogo – é nulo;

- vocacionado para altas tensões, dezenas ou centenas de Volt de valor


eficaz.

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CAPÍTULO IV – Pontes de Medida e suas aplicações

1. INTRODUÇÃO

Nos instrumentos indicadores analógicos que estudámos, o número medido (da


corrente, da tensão e da potência) é obtido por leitura do desvio de um ponteiro sobre uma
escala graduada.
Trata-se de uma forma de realizar medida e que consiste na utilização de instrumentos
concebidos para que a grandeza a medir seja lida directamente no instrumento. São
designados por “métodos de leitura directa” ou “métodos de deflexão”.
Existem outros métodos de medida que não dependem da utilização de um
instrumento calibrado. Um deles é o chamado “método zero”. Chama-se método zero pois
apenas exige que o instrumento indicador assinale o anulamento de uma grandeza,
normalmente uma tensão ou uma corrente no circuito de medida. O instrumento indicador tem
que ser sensível mas não necessita de estar calibrado. Designam-se por “detectores de zero”
os instrumentos indicadores concebidos para este fim.
A possibilidade de realizar medidas pelo método zero é evidenciada pelo facto de o
detector anular a grandeza em questão, quando no circuito de medida verificarem-se certas
relações entre as grandezas postas em jogo – condições de equilíbrio.
As condições de equilíbrio são representadas por um determinado número de
equações, relacionando-as com o circuito:
- uma condição em corrente contínua
- duas condições em corrente alternada

Assim, o método zero usa as chamadas “pontes de medida” que iremos estudar de
seguida.
De salientar que as pontes de medida são também utilizadas para medir grandezas pelo
método de deflexão, quando associadas a sensores , estes constituem um ou mais dos seus
braços. Utilizam-se também para linearização da saída de um transdutor.

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2. PONTES DE CORRENTE CONTÍNUA

2.1 - Ponte de Wheastone

A ponte de Wheastone é constituída por 4 braços resistivos, uma fonte de tensão


contínua e um detector de zero, normalmente um galvanómetro ou outro instrumento sensível
à corrente, figura 4.1.
A corrente que atravessa o galvanómetro depende da diferença de potencial entre os
pontos C e D. Diz-se que a ponte está em equilíbrio quando não passa nenhuma corrente no
galvanómetro, ou seja, a d.d.p. aos terminais do galvanómetro é zero.

U CD = 0 ⇔ U AC = U AD ∨ U CB = U DB

Por outro lado para que a corrente no galvanómetro seja nula, deve-se verificar:

I1 = I 3 ∨ I 2 = I 4

Por substituição, temos que a equação que estabelece a condição de equilíbrio da


ponte de Wheastone é dada por:

R1 ⋅ R 4 = R 2 ⋅ R 3

Sendo R3 o braço variável/padrão, R4 o braço desconhecido e R1e R2 as resistências


que permitem o ajuste da ponte.

A medição da resistência desconhecida R4 é independente das características ou da


calibração do galvanómetro enquanto detector de zero.
Deverá ser sensível às correntes pois é necessário que ele seja capaz de acusar a
existência de correntes muito pequenas (tanto mais pequenas quanto maior for a precisão da
medida de R4).
A ponte de Wheastone é largamente utilizada para medir, com precisão, resistências
de 1 Ω a alguns MΩ.

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ERROS:
- erros nas especificações das resistências da ponte (principal fonte de erro)
- sensibilidade insuficiente do detector de zero
- variações dos valores das resistências devido ao aquecimento provocado
pelas correntes que as atravessam

O aumento da temperatura associado ao efeito de Joule, R I2 afecta as resistências


durante a operação de medida.
- erros devido às resistências dos fios e dos contactos exteriores à ponte, o
que podem ser importantes quando se medem resistências muito pequenas

2.2 - Sensibilidade da ponte

A sensibilidade da ponte está ligada ao valor mínimo da corrente que o galvanómetro


utilizado é capaz de acusar. Galvanómetros diferentes requerem diferentes valores de corrente
por unidade de deflexão (sensibilidade à corrente) mas além disso possuem diferentes
resistências internas.
Consideremos então uma situação em que se verifica um pequeno desequilíbrio. Para
calcular então, a corrente Ig, que atravessa o galvanómetro, calcula-se primeiro o equivalente
de Thévenin do circuito, visto dos terminais do galvanómetro. Logo:
VTH
Ig =
R TH + R g

Assim conclui-se, que se usarmos um galvanómetro diferente é fácil calcular a sua


deflexão, Ig. Por outro lado, se a sensibilidade for conhecida é fácil calcular o desequilíbrio
Ig, necessário para provocar uma unidade de deflexão.

APLICAÇÃO DA PONTE DE WHEASTONE:

Usam-se para medir resistências de alguns Ω a vários MΩ.


Se as resistências forem muito elevadas então RTH é muito elevada, reduzindo
consequentemente a corrente Ig do galvanómetro. Portanto pode-se dizer que o limite superior
é determinado pela redução da sensibilidade do desequilíbrio, o limite inferior é determinado
pelas resistências das ligações e dos pontos de contacto (normalmente não calculáveis).

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3. PONTES DE CORRENTE ALTERNADA

As pontes de corrente alternada são extensões da ponte de corrente contínua e, na sua


forma básica, são constituídas por 4 braços, uma fonte de excitação e um detector de zero. A
fonte de excitação (ou de alimentação) fornece à montagem uma corrente alternada a uma
frequência desejada.
O detector de zero deverá responder às correntes alternadas correspondentes a
situações de desequilíbrio da ponte, figura 4.2.
Os 4 braços são impedâncias complexas e o detector, pode ser um par de
auscultadores, quando indica a condição de zero, a ponte está em equilíbrio. O ajuste para se
obter o equilíbrio faz-se variando um ou mais braços.
A equação geral de equilíbrio da ponte obtém-se de modo análogo ao caso da ponte de
Wheastone, mas usando notação complexa. Assim a condição de equilíbrio é dada por:

Z1 ⋅ Z 4 = Z 2 ⋅ Z 3

Ou Y1 ⋅ Y4 = Y2 ⋅ Y3
A condição anterior é a condição de equilíbrio de uma ponte de corrente alternada.
Dado que se trata de valores complexos, a equação desdobra-se em duas, uma parte real e
outra imaginária, ou ainda:
Z1 ⋅ Z 4 = Z 2 ⋅ Z 3

θ 1 + θ 4 = θ 2 + θ 3

3.1 - Pontes de comparação de indutâncias e de capacitâncias

Na sua forma mais simples a ponte de corrente alternada pode usar-se para medir
indutâncias ou capacitâncias por comparação com indutâncias ou capacitâncias conhecidas,
respectivamente, figura 4.3 a) e b).
Os braços fraccionários são resistivos, R1e R2.
O braço padrão é constituído por um condensador ou bobina padrão, ambos inerentes
a uma resistência variável, necessária para equilibrar a ponte.

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Como se pretende medir um condensador, ou uma bobina, o efeito resistivo deve ser
pequeno, assim o 1º ajuste de equilíbrio deverá ser aquele que tende a equilibrar o termo
capacitivo, ou indutivo, isto é, verificar a equação (2). Para isso escolhemos R1 variável, pois
RS variável não influencia a parte imaginária.
Se usarmos auscultadores como detector, ajusta-se R1 de forma a reduzir ao mínimo o
som dos auscultadores. Este som não desaparece completamente, devido à outra condição de
equilíbrio (1). De seguida ajusta-se RS para som mínimo, depois R1, e assim sucessivamente,
até que se anule o som. Os ajustes R1 e RS devem ser alternados porque R1 intervêm
simultaneamente nas duas condições de equilíbrio.
Este processo de ajustar alternadamente dois parâmetros é típico da operação das
pontes de corrente alternada. O ajuste alternado provoca a convergência para o ponto de
equilíbrio.

3.2 - Ponte de Maxwell

Esta ponte mede uma indutância desconhecida em função de uma capacitância padrão.
Figura 4.4.

 R2
R x = R3
Condição de equilíbrio:  R1
L = R R C
 x 2 3 1

A ponte de Maxwell é normalmente utilizada para medir indutâncias de baixo valor de


Q (1< Q <10).
Se Q for elevado, então o ângulo de fase do enrolamento será próximo de 90º. Nestas
condições a fase do braço oposto estaria próximo de (-90º), o que aconteceria se R1 fosse
muito elevada, o que seria pouco prático.
Assim o procedimento normal para equilibrar a ponte é ajustar 1º R3 e de seguida R1.

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3.3 - Ponte de Hay

A ponte de Hay é usada para medir indutâncias de alto valor de Q. Difere da ponte
anterior porque o braço capacitivo é constituído por uma resistência em série com um
condensador. Para que este braço tenha um ângulo de fase próximo de (-90º), R1 deverá ter
valor baixo. Daí a conveniência desta ponte para medida de indutâncias de Q elevado. Figura
4.5.

 ω 2 R 1 R 2 R 3 C1 2
R
 x =
 1 + ω 2 R 12 C12

 L = R 2 R 3 C1
 x 1 + ω 2 R 12 C12

Ambas as condições de equilíbrio contêm a frequência como uma variável, daí que o
equilíbrio desta ponte dependa da frequência e, em consequência, ela deve ser bem conhecida.
Na situação de equilíbrio, os ângulos de fase dos braços opostos devem igualar-se em
módulo.

2
1 1
- Para Q>10 temos que   < é desprezável comparado com 1 e o Lx não depende da
Q 100
frequência.
- Se Q<10, tem que se Ter em conta o efeito da frequência nesta ponte, daí ser preferível o
uso da ponte de Maxwell, pois não depende da frequência.

Daí usar-se a ponte de Hay para valores de Q elevados.

3.4 - Ponte de Shering

Esta ponte usa-se para medir condensadores, sobretudo nos casos em que o ângulo de
fase está próximo dos (-90º), figura 4.6.
A condição de equilíbrio requer que as somas dos ângulos de fase dos braços opostos
sejam iguais.

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3.5 - Ponte de Wien

A ponte de Wien é conhecida como um circuito de medida de frequência. No entanto é


também usada em aplicações muito úteis, tais como, analisadores de distorção harmónica,
osciladores áudio e de altas frequências como elemento determinante de frequência.
A condição de equilíbrio da parte real determina a razão necessária para os braços
resistivos. figura 4.7.
A condição de equilíbrio da parte imaginária determina a frequência necessária para o
equilíbrio. Se se verificar (1) e a frequência for (2), não há sinal no detector zero.
Normalmente nas pontes de Wien faz-se:

R = R1 = R 3 1
daí: f = e R 2 = 2R 4
C = C1 = C 3 2πRC

Na prática fixam-se os condensadores C1 e C3 e faz-se variar simultaneamente R1 e R3


através de um accionador comum.
Desde que R2 = 2R4, pode usar-se esta ponte como circuito determinante da
frequência.

NOTA: Devido à sensibilidade à frequência, a ponte de Wien pode ser de equilíbrio difícil
(excepto no caso do sinal aplicado ser sinusoidal). A ponte não está equilibrada para qualquer
harmónico presente na tensão aplicada, e estes harmónicos podem por vezes provocar um
sinal no detector, escondendo o verdadeiro equilíbrio para a onda principal.

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CAPÍTULO V- Medições de Potência em Circuitos Monofásicos.

1. INTRODUÇÃO

A corrente contínua possui vantagens que a tornam, em certos casos, o método ideal
de transmissão de energia. A corrente alternada, por outro lado, pode ser facilmente gerada e
convenientemente transformada para altos níveis de tensão e, como podem ser construídos
motores de corrente alternada bons e baratos, ela tornou-se a forma mais comum de energia
eléctrica.
Em relação à transmissão monofásica temos que a potência instantânea, e
considerando :

v = V máx . sen ω ⋅ t
i = I máx . sen (ω ⋅ t − φ ) em que φ é a fase inicial
p = v ⋅ i = V máx . I máx . sen ω ⋅ t ⋅ sen (ω ⋅ t − φ ) → potência instantâne a

Pelas equações trigonométricas:


Vmáx . I máx .
p= (cos φ − cos(2ω ⋅ t − φ ))
2 2

p = Vef ⋅ I ef ⋅ cos φ ⋅ (1 − cos 2ω ⋅ t ) − Vef . I ef . senφsen2ω ⋅ t

I II

I→
→pulsa em torno do mesmo valor médio mas nunca é negativa, factor que contribui para a
potência activa.

II→
→tem valor médio nulo, factor que contribui para a potência reactiva.

Considerando que a potência activa é dada por P = Vef . I ef . cos φ [W] e a potência

reactiva é Q = Vef . I ef . sen φ [VAR], teremos que a potência instantânea em função do tempo é:

p = P (1 − cos 2ω ⋅ t ) − Q sen 2ω ⋅ t

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NOTA:
- P é definida como o valor médio da potência instantânea e significa a potência útil
que é transmitida e o seu valor depende do factor de potência.
- Q é por definição igual ao valor máximo (de piso) daquela componente da potência
que caminha para trás e para a frente na linha, resultando em média zero. Portanto incapaz de
realizar trabalho útil.

DEFINIÇÕES:

P = V ⋅ I cos φ
Q = V ⋅ I sen φ
S = P + jQ
sendo S a potência aparente [VA] e o factor de potência dado
por (cos φ).

V = Vef . e jα = Vef . ∠α
I = I ef .∠θ
I * = I ef .∠ − θ (conjugado)

Assim teremos que:


S = V ⋅ I * = Vef . I ef . ∠φ = P + jQ

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2. MEDIÇÃO DE POTÊNCIA NUM SISTEMA MONOFÁSICO

Vamos estudar como se determina uma impedância usando um voltímetro, um


amperímetro e um wattímetro.

Figura 5.1 – Esquema de ligações para determinação do valor de uma impedância.

A figura 5.1 representa uma dos esquemas possíveis para a determinação de um


impedância, empregando um wattímetro electrodinâmico, um voltímetro e um amperímetro
capazes de ler valores eficazes e que poderão ser igualmente electrodinâmicos.
A medida situa-se no domínio das grandezas alternadas sinusoidais.

{
u ' = 2V ' ef . cos(ω t + α ) = Re 2V ' ef . e jα e jω t }
{
i = 2 I ef . cos(ω t + α − φ ) = Re 2 I ef . e j (α −φ ) e jω t }

Com o uso do voltímetro e do amperímetro lemos directamente V’ef. e Ief., e o


wattímetro dá-nos a potência:
P = V ' ef . I ef . cos φ

A partir daqui podemos determinar o valor da impedância.

U'
Z' = = Z ' e jφ = R'+ jX '
I
V ' ef . P
em que: Z'= ∧ cosφ = (1)
I ef . V ' ef . I ef .

Note-se que a impedância Z’, que é determinada directamente pelas leituras, difere da
impedância da carga Zx a medir, em virtude da tensão u ' ≠ u aos terminais de Zx.

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A diferença provem da tensão u1 no circuito de corrente do wattímetro, figura 5.1, e da


queda de tensão, VA, aos terminais do amperímetro.
U = U '−(U 1 + V A ) donde : Z X = Z ' − ( Z1 + Z A )

A soma ( Z1 + Z A ) constitui uma correcção ao valor de Z’ obtido por medida.

Outro esquema:

Figura 5.2 – Esquema de ligações para determinação do valor de uma admitância.

I = I ' − ( I 2 + IV )
I'
Y' = = Y ' e − jφ '
U
Assim, ter-se-à de forma análoga:

I ' ef . P
Y '= ∧ cosφ ' = (2)
Vef . Vef . I ' ef .

YX = Y ' − (Y2 + YV )

A correcção incidirá praticamente sobre a parte real de Y ' , visto que as admitâncias
1 1
Y2 = e YV = serem praticamente óhmicas puras.
R2 RV
Note-se que neste método de medida o papel do wattímetro consiste essencialmente
em obter informação acerca da desfasagem entre a tensão e a corrente, obtidas por (1) e (2).

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O caracter indutivo ou capacitivo do circuito de carga ou é conhecido de antemão ou é


averiguado depois, visto φ’ não ser dado por sinal. O sinal +/- da parte imaginária será

conhecido nos cálculos de Z X , quando se passar para coordenadas rectangulares.

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