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acontece na Alemanha - simples, mas uma possível explicação pode ser encontrada no
trabalho de um grupo de pensadores, pertencentes à classe média ou burguesia, em geral
protestantes, escritores ou artistas, muitos deles ligados à Maçonaria e que lançaram as
bases de uma identidade cultural nacional. Essa identidade possibilitou a unificação
cultural indispensável para a posterior unificação política alemã.
Além da divisão política, era nítida a forte divisão social entre a aristocracia e a
ascendente burguesia, e a indigência relativa de ambas. Isto levava os nobres a se
isolarem, utilizando a prova de ancestralidade como o instrumento mais importante para
lhes preservar a existência social privilegiada. Por outro lado, bloqueava à classe média
alemã a principal rota pela qual ascendiam os elementos burgueses de países ocidentais,
ao casar e serem recebidos pela aristocracia: através do dinheiro. Mas quaisquer que
tenham sido as causas - sem dúvida altamente complexas - dessa separação, ela
influenciou durante longo tempo o caráter nacional alemão, à medida que este foi
emergindo. Esta divisão explica por que uma corrente linguística principal, a linguagem
dos alemães educados, recebeu seus impulsos decisivos e aprovação de um estrato
intelectual de classe média3.
Por outro lado, ainda que os irmãos nas lojas jurassem lealdade ao Estado,
também minaram a antiga Ordem "oferecendo um novo sistema de valores eticamente
fundamentado, que implicava necessariamente uma condenação dos princípios do
absolutismo". Não apenas discursos e debates, mas também as práticas culturais das
lojas adquiriram significado político. Tanto o apelo das lojas como a sua poderosa força
política baseavam-se no fato de terem criado um novo espaço retirado do Estado, no
qual a realidade política estava suspensa e na qual circulava uma variedade selvagem de
ideias e opiniões, paixões e interesses. Dentro das Lojas, a sociedade poderia se inventar
e experimentar, vivendo a ficção de uma ordem livre de dominação, vivendo a
iluminação. Ao mesmo tempo, as lojas também anteciparam os limites dessa nova
ordem da sociedade civil13. Toda ação, porém, gera uma reação, e o uso das lojas como
lugares de louvor aos monarcas misturado com o Iluminismo se tornou uma mistura
inebriante e volátil. Concentrar-se na pessoa do governante pode levar a enfocar a
nação. Particularmente nas lojas alemãs, onde o culto da monarquia era tão
pronunciado, pelo menos na Prússia, o pensamento maçônico tomou um rumo
nitidamente nacionalista14.
francófono de Frederico II caminha lado a lado com a invenção da nação pela burguesia
alemã naquele momento histórico19.
Conclusão
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