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A criação da ‘nação’ alemã e a Maçonaria no século XVIII*

*Marcos Roberto Marini


Ex-V.·.M.·. BARLS Aor e Harmonia de Sobradinho nº 116

“Que ideia mais bem-vinda esta de fundar um Teatro


Nacional para nós, alemães, quando nós, alemães, não
somos ainda uma nação! Não falo de constituição política,
mas apenas a respeito do caráter moral. Quase se poderia
dizer que nada temos disso. Somos ainda imitadores
inveterados de tudo que existe no estrangeiro”
Gotthold Ephraim Lessing, 1769

Resumo: ao final do século XVIII a Maçonaria alemã viveu um processo de profundas


transformações, com reformas de rituais e criação de novos ritos e sistemas maçônicos
que melhor se adaptassem à realidade de suas Lojas Maçônicas. Nessa fase destaca-se a
influência de ideias e conceitos que valorizam as origens germânicas, deixando de lado
as influências estrangeiras, em especial a francesa, então predominante na aristocracia
alemã e europeia. Essa proposta, inicialmente feita por Lessing, encontraria em Herder
seu grande articulador, e causaria o desenvolvimento dos ideais nacionalistas por todo o
continente. Essa busca por uma identidade própria pode ser entendida como uma forma
de afirmação cultural de uma nação que, apesar de ainda não estar unificada
politicamente, anseia por suas verdadeiras raízes, e com isso provocando reflexos na
literatura, no teatro e também na Maçonaria.

Palavras-chave: cultura alemã, nacionalismo, Maçonaria.

Quando se analisa os problemas enfrentados a partir da segunda metade do


século XVIII pela Maçonaria da Alemanha a grande questão a ser respondida são os
motivos pelos quais, ao se concluir pela necessidade das reformas dos rituais em uso,
optou-se pela criação de novos, ao invés de simplesmente copiar os que eram praticados
em outros países. O que motivou os maçons daquele tempo a preterir material de
trabalho pronto, mesmo que imperfeito, e partir assim em uma trabalhosa jornada de
muitos percalços e sem nenhuma garantia de sucesso? A resposta não é - como tudo que
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acontece na Alemanha - simples, mas uma possível explicação pode ser encontrada no
trabalho de um grupo de pensadores, pertencentes à classe média ou burguesia, em geral
protestantes, escritores ou artistas, muitos deles ligados à Maçonaria e que lançaram as
bases de uma identidade cultural nacional. Essa identidade possibilitou a unificação
cultural indispensável para a posterior unificação política alemã.

Historicamente a Alemanha desde 1512 ostentava o impressionante título de


Sacro Império Romano-Germânico. Voltaire sarcasticamente comentou que não era
nem santo nem romano, e certamente não era grande coisa como império. Quanto a
germânico, a palavra na época não significava muita coisa¹. A caótica divisão política
na qual se encontra tem reflexos na cultura. Por volta de 1700, a Alemanha é o único
país da Europa civilizada sem literatura alguma. Os alemães afiguram-se aos seus
vizinhos como nação iletrada. Na França dizem que “o alemão é uma língua para falar
com os criados e com cavalos”. Todas as pessoas cultas, na Alemanha, exprimem-se em
Francês ou – nas Universidades – em Latim. Paradoxalmente, essa também é a época da
música de J. S. Bach, o que demonstra, ao menos nas expressões não-verbais, o
potencial cultural dos alemães2.

Além da divisão política, era nítida a forte divisão social entre a aristocracia e a
ascendente burguesia, e a indigência relativa de ambas. Isto levava os nobres a se
isolarem, utilizando a prova de ancestralidade como o instrumento mais importante para
lhes preservar a existência social privilegiada. Por outro lado, bloqueava à classe média
alemã a principal rota pela qual ascendiam os elementos burgueses de países ocidentais,
ao casar e serem recebidos pela aristocracia: através do dinheiro. Mas quaisquer que
tenham sido as causas - sem dúvida altamente complexas - dessa separação, ela
influenciou durante longo tempo o caráter nacional alemão, à medida que este foi
emergindo. Esta divisão explica por que uma corrente linguística principal, a linguagem
dos alemães educados, recebeu seus impulsos decisivos e aprovação de um estrato
intelectual de classe média3.

O século XVIII marca o surgimento e a expansão na Europa do movimento


cultural iluminista, marcado por ideias características, como o predomínio da razão
sobre os sentidos, e o comprometimento de seus expoentes de atingir um público mais
amplo de leitores e seguidores, ultrapassando as circunstâncias históricas imediatas e
estendendo a perspectiva de uma nova compreensão do lugar do ser humano no mundo,
com uma melhoria radical da condição humana 4. Na Alemanha o Iluminismo é
3

conhecido como Aufklärung, e seus pensadores estavam convencidos de que emergiam


de séculos de obscurantismo e ignorância para uma nova era, iluminada pela razão, a
ciência e o respeito pela humanidade. O chamado “Século das Luzes” se empenhava em
estender a razão como crítica e guia a todos os campos da experiência humana 5. Em
certos meios literários e culturais começou-se já a afirmar a necessidade de criação de
uma nação alemã. Alguns espíritos cultos começaram a manifestar o reconhecimento de
que a nação alemã se baseava cada vez mais em fatores culturais e menos em fatores
políticos, já que politicamente ainda se encontrava muito fragmentada6.

Fundamental no processo de difusão do Iluminismo através da Europa e, em


especial, na Alemanha, foi o papel desempenhado pela Maçonaria Especulativa, recém-
criada na Inglaterra, que em breve estaria no epicentro dos acontecimentos políticos de
todo o continente e também das Américas. Os maçons do século XVIII foram muito
ativos na promoção da ideologia racionalista do Iluminismo, que está na raiz do
pensamento e valores maçônicos, e que também foi uma inspiração para a maioria dos
primeiros nacionalistas7. Os trabalhos de Georg Simmel, Jürgen Habermas, Maurice
Agulhon, Daniel Roche e Margaret C. Jacob colocaram as lojas maçônicas do Antigo
Regime no coração de seus estudos da sociabilidade dos séculos XVIII e XIX,
demonstrando a importância da Maçonaria como difusora de ideias de igualdade e
liberdade, além de ponto de encontro privilegiado entre diferentes extratos da sociedade
da época8. Os próprios participantes podem não ter se dado conta desse lado
"subversivo" da sociabilidade maçônica, mas a livre convivência de aristocratas e
burgueses - e, portanto, a transgressão dos limites corporativos - era politicamente
explosiva9.

Nos países germânicos a Maçonaria Especulativa começa em 1737, data da


criação da primeira loja em Hamburgo, a Loge d’Hamburg, que em 1741 assume o
nome de Absalom zu den drei Nesseln. Esta localização não se deve ao acaso. Suas
estreitas relações com Londres colocaram o grande porto hanseático em relação direta
com a maçonaria inglesa. Porém, à princípio, o rei da Prússia Frederico-Guilherme I, o
célebre “Rei Sargento”, mostra à maçonaria uma hostilidade radical, denunciando nela
uma força contrária aos interesses do Estado e da religião e fechando a ela suas
fronteiras. Esta oposição explica porque o jovem Frederico, então príncipe da Prússia,
deve sair dos limites do reino para sua iniciação, que acontece em 1738 em
Brunswick10.
4

Com a ascensão ao trono de Frederico em 1740, a Maçonaria alemã passa por


grande crescimento, contando com a proteção real. Lojas maçônicas eram estabelecidas
rapidamente no norte protestante e na Alemanha Central – o núcleo do Iluminismo
alemão – assim como na Renânia. No Sul católico as Lojas Maçônicas eram limitadas a
poucas cidades, visto que a Maçonaria no século XVIII era um fenômeno tipicamente
urbano11. Por volta da metade do século, os irmãos prussianos se vangloriavam das
proezas militares de Frederico II, proclamando-o um grande herói e imaginaram-se
vivendo em uma "Idade de Ouro" governada por um "rei mais valente que Alexandre".
Celebravam seu dia de nascimento e suas realizações. Ele foi descrito como um Príncipe
Herói e um Filósofo, que no "Império Alemão" assegura a glória e a longevidade da
franco-maçonaria. Ele, sobre a Maçonaria, disse que "a sociedade trabalha apenas para
germinar e frutificar todos os tipos de virtudes em meus estados". A adoração maçônica
de Frederico II era encontrada até em almanaques de bolso carregados pelos irmãos e
geralmente escritos em francês12.

Por outro lado, ainda que os irmãos nas lojas jurassem lealdade ao Estado,
também minaram a antiga Ordem "oferecendo um novo sistema de valores eticamente
fundamentado, que implicava necessariamente uma condenação dos princípios do
absolutismo". Não apenas discursos e debates, mas também as práticas culturais das
lojas adquiriram significado político. Tanto o apelo das lojas como a sua poderosa força
política baseavam-se no fato de terem criado um novo espaço retirado do Estado, no
qual a realidade política estava suspensa e na qual circulava uma variedade selvagem de
ideias e opiniões, paixões e interesses. Dentro das Lojas, a sociedade poderia se inventar
e experimentar, vivendo a ficção de uma ordem livre de dominação, vivendo a
iluminação. Ao mesmo tempo, as lojas também anteciparam os limites dessa nova
ordem da sociedade civil13. Toda ação, porém, gera uma reação, e o uso das lojas como
lugares de louvor aos monarcas misturado com o Iluminismo se tornou uma mistura
inebriante e volátil. Concentrar-se na pessoa do governante pode levar a enfocar a
nação. Particularmente nas lojas alemãs, onde o culto da monarquia era tão
pronunciado, pelo menos na Prússia, o pensamento maçônico tomou um rumo
nitidamente nacionalista14.

Apesar de hoje ser de uso extremamente comum, naquele tempo de formação do


Estado Moderno ainda não existia a palavra que descrevia o sentimento que aos poucos
iria mudar a Alemanha: Nacionalismo. Segundo a Stanford Encyclopedia of
5

Philosophy, o termo “nacionalismo” é geralmente usado para descrever: (1) a atitude


que os membros de uma nação têm quando se preocupam com sua identidade nacional,
e (2) as ações que os membros de uma nação tomam quando procuram alcançar (ou
sustentar) a autodeterminação. Nas línguas românicas a palavra “nação” é vernácula.
Em outras línguas, quando é usada, é um empréstimo estrangeiro15. Sabe-se que, na Grã-
Bretanha, o adjetivo “nationalist” data de 1715, sendo inicialmente usado para nomear
os defensores da “national church”. (...)Em francês, a invenção do substantivo
“nationalisme” é comumente atribuída ao abade Barruel, que o terá aplicado em 1798 16.
Mas o que realmente chama a atenção é que a questão da nação e da nacionalidade em
seu sentido moderno tenha sido expressa no momento de sua fundação, em fins do
século XVIII, em textos de cunho literário e estético, isto é, como um elemento
privilegiado na discussão sobre as artes e a literatura. Apesar disso se evidenciar e
assumir um caráter particular na cultura política alemã, a convergência entre a estética e
a política não é de modo algum um fenômeno restrito à Alemanha. Reinhard Koselleck
menciona como no século XVIII existe uma imbricação entre a política e a estética, pela
qual a crítica literária serve como arcabouço para o exercício de uma crítica política que
de outro modo não seria possível, devido a existência da monarquia como uma ordem
política cujo princípio fundamental era a exclusão da participação efetiva nos negócios
do Estado17.

Em razão disso, todo o movimento literário da segunda metade do século XVIII


e seus ideais estéticos, são produto de uma classe social que se opunha às inclinações
sociais e estéticas de Frederico, fato que o faz ignorar e condenar esta nova geração que
incluía Klopstock, Herder, Heine, Hamann, Tieck, Novalis, Hoffman, Klinger, Lessing,
os poetas do Sturm und Drang, Schiller e, principalmente, Goethe cujo Werther tornara
seu nome conhecido por toda Europa. A única obra mencionada por Frederico foi Götz
Von Berlinchingen, de Goethe, porém esta menção foi feita apenas para criticar a
presença de Shakespeare no divertimento das classes baixas da população 18. O conflito
entre Frederico II e os intelectuais esclarecidos alemães tem como fulcro essa dimensão
social pela qual, à medida que a ideia moderna de nação passa a tomar forma, o
monarca vai se revelando cada vez mais antipatriótico e ofensivo aos ‘alemães’. Não
que o rei tenha se transformado, o que muda realmente é a percepção de si e da ‘nação’
por esses intelectuais. Sentido em que a crítica ao ethos aristocrático, esclarecido e
6

francófono de Frederico II caminha lado a lado com a invenção da nação pela burguesia
alemã naquele momento histórico19.

Como pioneiro dessa nova ideia, além de nome importante do iluminismo e da


maçonaria alemã, Gotthold Theodor Lessing (1729-1781), representa a atitude que
inaugura uma estratégia de afirmação nacional com base na valorização de um padrão
cultural, de uma fisionomia moral estruturante, de um sentido de “pertencimento” que
convoca a nação. No caso da Alemanha na primeira metade do século XVIII, ainda
perfeitamente fragmentada e, por isto, diminuída diante de Estados Nacionais já
constituídos, como a França e a Inglaterra, por exemplo, a estratégia de superação do
“atraso”, de alcance das potências européias, mobilizou, entre outros instrumentos, um
questionamento à hegemonia cultural francesa20. O caminho aberto por Lessing
possibilitou o surgimento do pensamento nacionalista de Johann Gottfried von Herder
(1744-1803). Embora baseado nas tentativas de Lessing para construir um teatro
genuinamente alemão, em face da perversão do classicismo francês21, Herder atua em
favor da identidade alemã principalmente pela filosofia da linguagem e pela
identificação entre a língua e a nação. A ‘descoberta’ da língua alemã como língua do
povo e da nação – caracterizada como a discussão a respeito da conexão entre a língua,
os ‘costumes’ e os ‘modos de pensamento’ em sua obra ‘Fragmentos sobre a nova
literatura alemã’ (1767) constitui um esforço de explicitação do caráter ou do ‘gênio da
nação’22.

Durante a época revolucionária o cosmopolitismo iluminista era confundido,


com o romantismo alemão e o protonacionalismo. Embora muitos alemães tenham
saudado a Revolução Francesa com euforia e algumas Lojas alemãs e outras sociedades
secretas tenham apoiado ativamente a Revolução, esse entusiasmo azedou quando os
franceses embarcaram em guerras de conquista. Ironicamente, alguns dos maiores
teóricos do nacionalismo alemão como Herder e Fichte eram maçons, demonstrando o
papel das Lojas maçônicas como uma instituição da vida cultural da Alemanha. A
filosofia de nacionalismo cultural de Herder passou a ser um manifesto de identidade
nacional com influência muito além da Europa Central23. Mas se os maçons podiam ter
ideias políticas como Constituições, eleições com voto individual, além de governança
independente, essa mesma liberdade de pensamento influenciaria as transformações
internas da Maçonaria alemã que, segundo J. Autrusseau, nascera francófona e
7

aristocrata, e terminaria o século burguesa e francófoba, abrindo assim caminho para a


reforma de seus rituais.

Primordialmente, a Maçonaria na Alemanha trabalhava de acordo com o sistema


inglês de três graus, conhecido como Maçonaria de São João, que era baseado no antigo
sistema das guildas. Quando a Maçonaria francesa ganhou influência, surgiram
estruturas mais elaboradas com rituais extensos e diversos graus superiores. A Estrita
Observância tornou-se muito importante, com seus membros acreditando ser sucessores
dos Templários. Finalmente o Sistema Sueco propagava uma doutrina ‘gnóstico-
crística’ o que adicionou mais confusão aos sistemas. Nesse conjunto a Maçonaria
compreendia os elementos mais contraditórios, variando do racional e iluminado aos
irracionais e esotéricos24. Para complicar um pouco mais, os grupos maçônicos na
Alemanha não eram homogêneos. Alguns, por exemplo, os "Illuminatti", eram
racionalistas; vários eram místicos e outros ocultos, e alguns foram propagados por
charlatães e impostores. Pertenciam ao grupo racionalista, entre outros, Mauvillon,
Nicolai, Bode, Schröder; para o grupo místico Lavater e Jung-Stilling. Lessing,
Claudius, os irmãos Stolberg e J. H. Voss eram membros do rito místico de Zinnendorf
em Hamburgo. Ao grupo oculto pertenciam Eckartshausen e Goué, e como duendes do
último grupo os seguidores de Cagliostro podem ser mencionados. Goethe, Herder e
Karl August pertenciam aos "Illuminatti"25.

De acordo com Rui Jung Neto, em 1782, no Congresso de Wilhelmsbad, surgiu


na Alemanha a ideia de elaborar -se um novo ritual, procurando eliminar os erros e
dúvidas decorrentes do que era então utilizado. No ano de 1783 foi constituída uma
Comissão para reerguer a Maçonaria de acordo com sua origem Inglesa. Em 1788 o
Irmão Friedrich Ludwig Schröder (1744-1816) foi convidado para integrar esta
comissão, iniciando por reunir as antigas exposições e fazendo anotações gerais. Fez
também, contato com o Irmão Fessler, em Berlim, que estava empenhado em tarefa
semelhante. Como na Inglaterra não existissem rituais escritos para tomar-se como base,
foi solicitado ao Irmão von Gräfe para que, de memória, escrevesse os procedimentos
adotados pelas Lojas de Londres. Schröder, que foi uma figura de primeiro plano da
cena teatral alemã e na maçonaria, começaria sua trajetória maçônica de forma
incomum, sendo inicialmente rejeitado por unanimidade ao pedir filiação na Loja
Jonathan, Oriente de Brunswick, por causa de sua qualidade de artista, tendo que
aguardar até 1774 para ser iniciado em Hamburgo na Loja Emanuel zur maienblume por
8

recomendação de seu amigo iluminista Johann Joachim Christoph Bode, então


Venerável Mestre da Loja Absalom26.

Somente em 1790 tornou-se possível nomear uma pequena comissão sobre a


presidência de Schröder e composta de representantes de todas as Lojas. Ele então
desloca-se para Weimar a fim de estabelecer contato mais frequente com os Irmãos
Bode e Herder. Ao retornar para a sua propriedade em Rellingen, dedica-se de forma
exclusiva a elaboração de seu trabalho. Schröder envia sua versão para Fessler, que a
desaprova por acreditar que os irmãos de Berlim irão considerá-la muito simples.
Durante todo seu período de criação em Rellingen, Schröder troca grande volume de
correspondência com Herder, além de Meyer, que contribuem com sugestões e
observações ao novo ritual. Finalmente Schröder submete seu texto aos Mestres de
Hamburgo em 29 de junho de 1801 que o adotam por unanimidade. Depois de mais
uma revisão de certas passagens, que não tinham concordância com a cerimônia, foi
impressa uma edição limitada para as Lojas de Hamburgo e uma edição maior foi
editada em 1816 para todas as Lojas Alemãs27. Nesse contexto de uma maçonaria
voltada às altas indagações filosóficas que permeava a reforma da fraternidade na
Alemanha é que se inscreveu a construção do sistema de ensino schroderiano, cujo
principal objetivo foi o realinhamento com as práticas maçônicas inglesas,
restaurando o que Schröder entendia como a verdadeira e antiga maçonaria, ou
seja, sem os enxertos de misticismo, rosacrucianismo, iluminados, cavalheirismo e
altos graus, vez que eles não integravam a maçonaria em seu início28.

Aquele a quem inicialmente tinham rejeitado como indigno de iniciação veio a


se firmar como um dos principais reformadores maçônicos da História29.

Conclusão

As ideias iluministas tiveram livre circulação pela Europa principalmente através


das Lojas Maçônicas, que compartilhavam os mesmos valores de cosmopolitismo,
liberdade e humanismo. Em relação à Alemanha, o desenvolvimento natural dos ideais
iluministas levou à uma profunda reflexão sobre a condição política e cultural da
sociedade, iniciadas por pensadores e artistas de classe média, em geral protestantes e
maçons. Essas ideais fundamentaram o conceito de nação em um país fragmentado,
resgatando suas origens míticas e fomentando ideais de unificação cultural e política.
Toda essa transformação também se reflete na Maçonaria, com a criação de novos ritos
9

e sistemas, no qual se destaca a criação do sistema de ensino de Schröder, que é


utilizado com sucesso até os dias de hoje em vários países do mundo.

Bibliografia

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13- HOFFMANN, S.L.; op. cit., pág 19.
14- JACOB, M.; op. cit., pág. 157.
10

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29- BEAUREPAIRE, P.Y.; op. cit., pág. 10.

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