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PI – Politica de Informática
i
Lista de Gráficos e Tabelas
Lista de Gráficos
Gráfico 2. Contributo dos Sites Oficiais do Governo como mecanismo de acesso a informação
e Boa Governação ............................................................................................................................... 16
Lista de Tabelas
Tabela 1: Perfil da amostra de acordo com o sexo, idade e Distrito Municipal .................................. 13
Tabela 2. Avaliação do estado de acesso à informação no período entre 2017 a 2019 ...................... 14
ii
Índice
Lista de Siglas e Abreviaturas ........................................................................................................i
Lista de Gráficos e Tabelas .......................................................................................................... ii
Lista de Tabelas ............................................................................................................................ ii
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
1.1. Delimitação Espácio-Temporal .......................................................................................... 1
1.2. Contexto.............................................................................................................................. 1
1.3. Problematização.................................................................................................................. 2
1.4. Objectivos da Pesquisa ....................................................................................................... 3
1.4.1. Objectivo Geral................................................................................................................ 3
1.4.2. Objectivos Específicos .................................................................................................... 3
1.5. Questões de Pesquisas ........................................................................................................ 3
1.6. Hipóteses ............................................................................................................................ 3
1.7. Metodologia do Trabalho ................................................................................................... 3
1.7.1. Caracterização da Pesquisa .......................................................................................... 4
1.7.2. Técnica de Colecta de Dados ....................................................................................... 5
1.7.3. Processo de Amostragem ............................................................................................. 6
1.8. Estrutura do Trabalho ......................................................................................................... 6
CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 7
2.1. Abordagem histórica do Direito à Informação em Moçambique ....................................... 7
2.1.1. Categoria de informação regulada pela Lei ................................................................. 8
2.2. Abordagem do Governo Electrónico e dos Portais Electrónicos do Governo ................... 9
2.2.1. Boa Governação e o E-Governance ........................................................................... 10
CAPÍTULO 3: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS DA PESQUISA NO CAMPO ....................................................................... 13
4.1. Descrição do Ministério da Saúde .................................................................................... 13
4.2. Características da Amostra ............................................................................................... 13
4.3. Apresentação e Interpretação dos Resultados .................................................................. 14
4.3.1. Resultados da Entrevista e dos inquéritos .................................................................. 14
Conclusão .................................................................................................................................... 17
Recomendações ........................................................................................................................... 17
Referencia Bibliográficas ............................................................................................................ 18
APÊNDICES E ANEXOS ....................................................................................................... 20
iii
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
O horizonte temporal definido para a pesquisa compreende o período que vai de 2017-2019 e teve
como espaço de estudo o Ministério da Saúde (MISAU).
E a escolha do intervalo compreendido entre 2017 e 2019, considera-se viável por se enquadrar no
período de vigência do Programa Quinquenal do Governo (2015 – 2019). O Programa constitui o
compromisso do Governo em focalizar a sua acção na busca de soluções aos desafios e obstáculos
que entravam o desenvolvimento económico e social do País e para garantir o alcance dos objectivos
central e estratégicos do presente Programa do Governo, as intervenções em cada prioridade são
alicerçadas nos resultados da acção de três pilares de suporte, sendo o primeiro e principal para a
abordagem do presente trabalho, o de consolidar o Estado de Direito Democrático, Boa Governação
e Descentralização.
1.2. Contexto
Por outro lado, os Governos procuram disponibilizar, através dos Portais Electrónicos, informação
relevante dos serviços públicos. Nota-se a importância que as tecnologias de informação e
comunicação representam hoje para os indivíduos, organizações, instituições, negócios, sobretudo
para o desenvolvimento, rumo à satisfação dos objectivos do Milénio. Moçambique está integrado
nessa sociedade Global de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), na qual o
conhecimento circula com uma rapidez jamais vista na história da humanidade, afectando todos os
aspectos da vida dos moçambicanos, das actividades política, económica e sociocultural. Para que as
TICs desempenhem a sua função catalisadora, no quadro dos esforços nacionais, com o objectivo de
1
erradicar a pobreza absoluta e de melhoria das condições de vida dos moçambicanos formulou-se
instrumentos reguladores que servissem de orientadores para migração de uma cultura analógica para
a digital.
Posteriormente, em Novembro de 2014 a Assembleia da República (AR) aprovou por consenso a Lei
do Direito à Informação, (LEDI) (Lei nº 34/2014, de 31 de Dezembro) com objectivo de tornar os
processos decisórios e os arquivos de informação de interesse público, colectada e processada pela
Administração Pública e outras entidades relevantes, incluindo de direito privado mais acessível aos
cidadãos, como forma de permitir-lhes plena participação no debate democrático sobre assuntos
públicos.
1.3. Problematização
“As TICs sobretudo da Internet, são hoje parte essencial das estratégias de modernização da
Administração pública” (Carapeto e Fonseca, 2009:52). Não obstante a governação electrónica (e-
gov) não seja um modelo de administração pública (AP) per si, é tido como um importante motor
que impulsiona as diferentes iniciativas de modernização, porquanto se considera que tem um
potencial elevado para transformar as relações “cidadão-Governo”, “Governo-Governo” e “Governo-
sector privado”, tornando-as mais fáceis, mais rápidas e mais baratas (Pollitt e Bouckaert, 2011:7)1.
Deste modo, perante o exposto a questão que se coloca é: Até que ponto os Sites Oficiais do
Governo contribuem para a promoção do Direito à Informação e Boa Governação?
1
Pollitt, Christopher e Bouckaert, Geert (2011), Public Management Reform: A comparative analysis-New Public
Management, governance, and the Neo-Weberian state, Oxford University Press Quatrebarbes,
2
1.4. Objectivos da Pesquisa
1.4.1. Objectivo Geral
Analisar o contributo dos sites oficiais do Governo como mecanismo de promoção do acesso à
informação e da Boa Governação.
1.6. Hipóteses
Trujillo (1974)2 citado por Lakatos e Marconi (2009:136), define hipótese como sendo “uma
proposição antecipada à comprovação de uma realidade existencial. É uma espécie de pressuposição
que antecede a constatação dos factos”. Deste modo avançou-se as seguintes hipóteses:
Os Sites Oficiais do Governo denotam uma importante ferramenta da evolução das TICS,
pois permitem a divulgação de informação e promoção da Boa Governação como resultado
do exercício de transparência e prestação de contas.
Demo (1985)3 citado por Guambe (2011:23), considera que a metodologia trata das formas de se
fazer ciência; Cuida dos procedimentos, das ferramentas e de caminhos para se atingir a realidade
teórica e prática, pois essa é a finalidade da ciência. Para materialização da presente pesquisa,
cumpriu-se os seguintes caminhos metodológicos:
2
Trujillo, Ferrari Afonso (1974) Metodologia da Ciência, 2 e 3ª ed., Kennedy, Rio de Janeiro;
3
Demo, P. (1985), Introdução a metodologia da ciência, 2ª Edição, Atlas: São Paulo.
3
1.7.1. Caracterização da Pesquisa
Quanto à natureza, a pesquisa é básica. Segundo Meneses e Silva (2001:32) a Pesquisa Básica
objectiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista.
Envolve verdades e interesses universais.
Quanto aos objectivos, a pesquisa teve um enfoque descritivo, pois pretendeu apresentar as
características demográficas dos residentes da cidade de Maputo distribuídos em diferentes distritos
municipais. Na perspectiva de Gil (1999:43), ela visa descrever as características de determinada
população ou fenómeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis, envolve o uso de técnicas
padronizadas de colecta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral a forma
de levantamento bibliográfico.
Por outro lado, teve um enfoque explicativo que, segundo Gil, (1991), este tipo de pesquisa visa
identificar os factores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenómenos. Aprofunda o
conhecimento da realidade porque explica a razão, o “porquê” das coisas. Este tipo de pesquisa
mostrou-se útil na medida em que facultou o entendimento e posterior explicação do contributo dos
Sites Oficiais do Governo como instrumento de maximização do acesso a informação e promoção da
Boa Governação.
A abordagem do tema teve um carácter qualitativo que, para Malhotra (2001)4 citado por Guambe
(2011:73) é uma metodologia não-estruturada, de carácter exploratório, que se baseia em pequenas
amostras e permite melhor compreensão do contexto do problema. De forma geral, ela representa
uma tentativa de conhecer com maior profundidade um problema ou fenómeno, buscando descrever-
lhe as características e definindo-o melhor perante os olhos do pesquisador.
Quanto aos métodos de procedimento a pesquisa optou-se pelo monográfico e hipotético- dedutivo.
4
Malhotra, N. K. (2001). Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman.
4
E o método Hipotético-dedutivo, segundo Marconi e Lakatos (2007: 106), é aquele que se inicia pela
percepção de uma lacuna no conhecimento a cerca da qual se formula hipóteses. A partir do
problema identificado, foram formuladas respostas hipotéticas e posteriormente testadas
empiricamente por meio da dedução. Para testar as hipóteses tornou-se imprescindível fazer um
estudo profundo sobre o objecto em análise. Assim, para presente pesquisa a aplicação deste método
permitiu avançar hipóteses ou seja, respostas antecipadas para o problema levantado e
posteriormente valida-las ou refutá-las.
a) Pesquisa bibliográfica
b) Pesquisa Documental
Segundo Gil (1991:67) a pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica,
não sendo fácil por vezes distingui-las. A pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por
material já elaborado, constituído basicamente por livros e artigos científicos localizados em
bibliotecas. Assim, com a aplicação da pesquisa documental foi possível obter informações dos
planos, estratégias definidas e publicadas através de leis e decretos relativos a motivação, avaliação e
promoção de Recursos Humanos no Estado.
c) Questionário
d) Entrevista
A entrevista é uma forma de diálogo, em que uma das partes busca colectar dados e a outra se
apresenta como fonte de informação (Gil, 2008:109). A entrevista permitiu a colecta de informações
importantes por parte dos funcionários do MISAU. Contudo, para melhor liberdade do diálogo a
5
entrevista caracterizou-se por ser semi-estruturada, neste caso, os pesquisadores prepararam uma lista
padronizada de perguntas, mas acrescentou, em cada pergunta colocada, perguntas adicionais que
porventura permutaram maior alcance dos objectivos, de acordo com os comentários e as respostas
dos entrevistados, dando maior liberdade e flexibilidade para a pesquisadora (May, 2004).
O critério de amostragem usado foi por acessibilidade, pois, este critério é o menos rigoroso de todos
os tipos de amostragem. Por isso mesmo, é destituído de qualquer rigor estatístico. Deste modo, os
pesquisadores seleccionaram os elementos a que tem acesso, admitindo que em função da posição ou
que possuem merecem, de alguma forma, representar o universo (Severino, 2000)
Por último, encontra-se o capítulo 3, relativo à apresentação, análise e interpretação dos dados. Este
compreende, especificamente, a caracterização do objecto de estudo e a apresentação, análise e
interpretação dos dados empíricos obtidos no “trabalho de campo e a verificação das hipóteses do
trabalho”. De referir que este capítulo antecede a conclusão do trabalho, as recomendações,
referências bibliográficas e apêndices.
5
Dados obtidos do Censo Populacional 2017 (http://www.ine.gov.mz/iv-rgph-2017/mocambique/censo-2017-brochura-
dos-resultados-definitivos-do-iv-rgph-nacional.pdf/view. Consultado em 14 de Maio de 2020).
6
CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura é parte essencial num trabalho científico, pois é a partir dela, ou seja, da
confrontação de vários pontos de vista dos autores que escreveram sobre a área em que o pesquisador
esteja a analisar, que se obtêm uma ideia sobre o tema que se pretende estudar para melhor se
posicionar. Assim, este capítulo vai rever algumas obras, enquadrando as variáveis, Sites Oficiais do
Governo, Governo Electrónico, Tecnologias de Informação e Comunicação, Direito a Informação e
Boa Governação.
A constituição de 19756, tendo como um dos objectivos fundamentais “a eliminação das estruturas de
opressão e exploração coloniais... e a luta contínua contra o colonialismo e o imperialismo” 2 , foi
instalado na República Popular de Moçambique (RPM) o regime político socialista. Esta
Constituição sofreu seis alterações pontuais, designadamente: em 19767, em 19778, em 19789, em
198210, em 198411e em 198612. Destas, merece algum realce a alteração de 1978 que incidiu
maioritariamente sobre os órgãos do Estado (sua organização, competências, entre outros) (Ibid.).
Porém, nestas revisões não se faziam destaque a relevância dos direitos e garantias fundamentais dos
cidadãos, tal que, a revisão constitucional ocorrida em 1990 trouxe alterações muito profundas em
praticamente todos os campos da vida do País. No que refere aos direitos e garantias individuais estes
foram reforçados, aumentando o seu âmbito e mecanismos de responsabilização.
Assim, no capítulo II dos “direitos, deveres e liberdades”, encontramos o artigo 48 que aborda sobre
as “liberdades de expressão e informação”. Não só, o Direito à Informação é aprovado pela Lei n.º
34/2014, de 31 de Dezembro e regulamentado pelo Decreto n.º/2015, de 31 de Dezembro. E
reforçado pelo artigo 48 da Lei n.º 1/2018, de 12 de Junho que aprova a Revisão Pontual da
Constituição da República de Moçambique.
6
Publicada no BR n.º1, I Série, Quarta-feira, 25.06.1975.
7
8ª Reunião do Comité Central da Frelimo, publicada no BR n.º42, I Série, Sábado, 10.04.1976.
8
2ª Sessão do Comité Central da Frelimo, publicada no BR n.º100, I Série, Terça-feira, 30.08.1977.
9
Lei n.º11/78 de 15 de Agosto, publicada no BR n.º97, I Série, Terça-feira, 15.08.1978.
10
Resolução n.º11/82 de 01 de Setembro, publicada no BR n.º34, I Série, Suplemento de Quarta-feira, 01.09.1982.
11
Lei n.º1/84 de 27 de Abril, publicada no BR n.º17, I Série, Suplemento de Sexta-feira, 27.04.1984.
12
Lei n.º4/86 de 25 de Julho, publicada no BR n.º30, I Série, 2ºSuplemento, Sábado, 26.07.1986.
7
De acordo com Mário (S.d) a expressão “Direito à Informação” refere-se ao direito do público, de
aceder à informação colectada, processada e arquivada por entidades públicas ou entidades privadas
cuja actividade produz impacto na vida da sociedade. O direito à informação corresponde a uma
norma internacional de direitos humanos, preconizada em instrumentos relevantes, como a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e a
Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos.
O conceito de direito à informação integra duas vertentes intrinsecamente ligadas: por um lado, ele
refere-se a um conjunto de garantias legais, consagradas em lei específica, (distinta de uma Lei de
imprensa); e, por outro, um conjunto de garantias institucionais, que o Estado deve assegurar aos
seus cidadãos. Significa, na primeira vertente, a obrigação do Estado, de reconhecer uma
prerrogativa dos cidadãos e, na segunda, a obrigação de provimento, por parte das entidades a que a
Lei vincula, de meios e condições para a plena efectivação desse acesso (Ibid.).
Em geral, não basta a existência de uma Lei proclamando a faculdade dos cidadãos procurarem e
receberem informação oficial; é imperioso que o Estado e as entidades privadas vinculadas pela Lei
garantam as necessárias condições institucionais - organizativas, técnicas, financeiras e humanas -
tais que permitam que os pedidos de informação dos cidadãos sejam acolhidos e satisfeitos, em
tempo útil e a custos comportáveis para a capacidade financeira do cidadão comum. É este, na
doutrina, o conteúdo real da expressão “direito à informação”.
De acordo com Mario (S.d), a informação regulada pela Lei do Direito à Informação é aquela
revestida de interesse público, isto é, ela deve ser relevante para a vida colectiva de um modo geral,
ou necessária para que o cidadão requerente possa exercer ou proteger algum direito legítimo,
incluindo o direito ao mero conhecimento de um facto ou acontecimento¹. O direito à informação não
cobre, por conseguinte, assuntos sem qualquer relevância para a vida pública, isto é, assuntos ou
factos de domínio particular ou privado, como iremos ver, mais adiante.
Contudo, existem ainda outras categorias de informação não abrangidas pela Lei, como o segredo de
estado, o segredo de justiça, etc., na parte do glossário, a Lei clarifica o seguinte:
Informação designa conhecimento, estatística, relatórios e várias formas e modos de expressão que são
registados ou codificados, incluindo livros, fitas magnéticas, videogramas e digitação electrónica; inclui
todos os registos mantidos por um organismo público ou privado definido na presente Lei,
independentemente da forma como ela é arquivada em documentos, fita, gravação electrónica e outras
formas legalmente permitidas, da sua fonte pública ou privada, e a data da sua publicação (Lei n.º
34/2014, de 31 de Dezembro).
8
2.2. Abordagem do Governo Electrónico e dos Portais Electrónicos do Governo
As TICs têm-se expandido pelo sector governamental por meio do que se chama e-gov ou Governo
Electrónico, representado pela informatização de suas actividades internas e pela comunicação com o
público externo: cidadãos, fornecedores, empresas, ou outros sectores do Governo e da sociedade.
Uma forma central dessa informatização tem sido a construção de portais governamentais, por
intermédio dos quais os Governos mostram sua identidade, seus propósitos, suas realizações,
possibilitam a concentração e disponibilização de serviços e informações, o que facilita a realização
de negócios e o acesso à identificação das necessidades dos cidadãos (Pinho, 2008).
Não se esgotam nesses elementos, no entanto, os objectivos dos Governos electrónicos, também
incluindo outros referentes ao aumento da transparência e participação da sociedade nas acções
governamentais. Esse corpo de objectivos está fundamentado nas características intrínsecas que as
novas TICs possuem, que permitem e aceleram a comunicação e a interacção entre sociedade e
Governo. Isso é o que a tecnologia promete e pode cumprir (Ibid.).
O Programa da Reforma do Sector público fase II (2006-2011)13 define o Governo Electrónico, como
sendo a contínua optimização da prestação de serviços públicos, da participação dos cidadãos na
governação através da transformação das relações internas e externas com recurso à tecnologia,
Internet e novos media.
Mateus (2008) comenta que, as TIC’s podem ajudar a Administração Pública a superar diversos
desafios, embora, a ênfase não deva ser dada a estas, mas antes, à sua utilização combinada com
mudanças organizacionais e à aquisição de novas competências, que melhorem os serviços públicos,
os processos democráticos e as políticas públicas.
Segundo o autor, a implementação do Governo Electrónico é, assim, vista como uma medida
importante para promover a cidadania, impulsionar a mudança das organizações públicas, disseminar
a tecnologia (para que esta contribua para o desenvolvimento do país), fomentar a integração de
sistemas e processos e promover a inclusão digital.
Por sua vez, Awortwi (2006) citando Awortwi e Sitoe (2006)14 discute o conceito do Governo
Electrónico que, no seu entender envolve todas as actividades que têm a ver com o uso das
Tecnologias de Informação e Comunicação no sector público, cuja inovação chave é a rede de
computadores. O conceito de Governo Electrónico é também trazido pelo Relatório das Nações
13
A Estratégia Global da Reforma do Sector Público (EGRSP) foi oficialmente lançada pelo Governo a 25 de Junho de
2001, como corolário das reformas políticas, económicas e sociais iniciadas em 1975, com a criação do Estado
Moçambicano, tendo duas fases: A primeira de 2001-2004 e a segunda de 2004-2011 (CIRESP, 2001).
14
Awortwi, Nicholas e Sitoe, Eduardo (2006). African perspectives on new public management: Implications for human
resource training. Maastricht: Shaker Publishing.
9
Unidas (2003) sobre o Sector Público e coloca o "e" antes da palavra "Governo" em reconhecimento
de que, uma administração pública está no processo de transformação das suas relações internas e
externas com o uso de modernas tecnologias de informação e comunicação.
Contudo, a definição que coloca Governo Electrónico como sendo a contínua optimização da
prestação de serviços públicos, da participação dos cidadãos na governação através da transformação
das relações internas e externas com recurso à tecnologia, Internet e novos média é a que melhor se
identifica com o objecto em análise e será levada em consideração.
Dado o avanço da tecnologia, entendemos que o Governo electrónico não deve ser visto apenas por
meio da disponibilização de serviços online mas, também, pela vasta gama de possibilidades de
interacção e participação entre Governo e sociedade e pelo compromisso de transparência por parte
dos Governos. Em outras palavras, as TICs contêm um enorme potencial democrático, desde que
haja definição política no sentido da participação popular e da transparência, pois o Governo pode
deixar de oferecer o que não quer mostrar, para nem mencionar o que quer esconder.
O Governo é, por natureza, uma organização de informação intensiva e, informação é poder mas a
sua gestão pode ser uma questão política. O uso das TICs através de Internet e do comércio
electrónico, está redefinindo as relações entre os vários intervenientes no processo de governação. A
governação electrónica é uma tendência emergente de “reinventar” a forma como o Governo
funciona. O seu foco continua sendo a melhoria dos mecanismos de prestação de serviços, aumento
da eficiência da produção e ênfase sobre o acesso mais amplo de informações (Seifert, 200315 citado
por Júlio, 2016).
Embora o termo “e-Governance” tenha ganho maior aceitação nos últimos anos, não há uma
definição padrão atribuída, mas diferentes Governos e organizações definem-no para servir aos seus
próprios fins e objectivos. Existe também casos em que o termo “e-government” é usado no lugar de
“e-Governance” para significar a mesma coisa. No contexto de conceitos apresentamos a seguir,
algumas definições dadas ao termo e-governance por vários autores e/ou instituições:
15
Seifert, Jeffrey. (2003). A primer on e-Government: sectors, stages, opportunities,and challenger of online
governance. Report for Congress, New York.
10
Na perspectiva do Banco Mundial (2012):
Com a crescente sensibilização dos cidadãos sobre os seus direitos e consequente aumento das
expectativas do Governo para executar e entregar, todo o paradigma de Governo muda no sentido de
uma maior transparência nas suas relações, responsabilidade pelas suas actividades e rapidez nas
suas respostas. Isso faz com que o uso das TICs seja um imperativo em qualquer agenda traçada no
sentido de alcançar uma boa governação (Júlio, 2016).
Nisto, os termos Governação e Boa Governação têm sido cada vez mais citados na literatura sobre o
desenvolvimento. A Governação descreve o processo de tomada de decisões e o processo através do
qual as decisões são ou não implementadas. Nestes termos, as instituições públicas conduzem os
assuntos públicos, gerem os recursos públicos, e garantem a realização dos direitos humanos. A Boa
Governação materializa esse fim de uma forma essencialmente livre do abuso de poder e da
corrupção, obedecendo devidamente as normas de direito estabelecidas (CIP, 2008).
Portanto, a Boa Governação define um ideal difícil de ser alcançado na sua totalidade. Todavia, para
assegurar o desenvolvimento humano sustentável, devem ser realizadas acções em prol de tal ideal.
A maioria dos doadores e instituições financeiras internacionais, tais como o Fundo Monetário
Internacional (FMI) ou o Banco Mundial (WB), tem estado cada vez mais a basear o seu apoio e
Créditos sob a condição de serem implementadas reformas com vista a Boa Governação.
O FMI (1996) citado por Macuane (2006) declarou que a promoção da boa governação em todos os
seus aspectos, inclusive assegurando o Estado de Direito, melhorando a eficiência e prestação de
contas do sector público, e combate à corrupção, são elementos essenciais para a prosperidade das
16
O stakeholder é qualquer indivíduo ou organização que, de alguma forma, é impactado pelas acções de uma
determinada empresa. Em uma tradução livre para o português, o termo significa parte interessada
(https://rockcontent.com/blog/stakeholder/ consultado em 13 de Maio de 2020).
11
economias e que a corrupção dentro das economias é causada pela governação ineficaz da economia,
que se manifesta numa demasiada ou pouca regulamentação.
12
CAPÍTULO 3: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
DA PESQUISA NO CAMPO
Este capítulo é reservado a uma breve descrição do local do estudo, apresentação, análise e
interpretação dos dados obtidos durante a pesquisa realizada na Direcção Nacional de Saúde Pública
do Ministério da Saúde e teve como base os objectivos específicos definidos no presente trabalho.
A população amostral integrante do presente estudo foi composto por 45 elementos sendo 1
funcionário do MISAU e 44 cidadãos residentes na Cidade de Maputo correspondendo ao perfil
demográfico abaixo descrito:
17
Portal do MISAU (2020). Disponível em: www.misau.gov.mz. Consultado em 14 de Maio de 2020.
13
Deste modo, a partir da tabela 1 pode-se constatar que o estudo foi composto maioritariamente por
homens e grande parte deles são jovens idades compreendidas entre os 18 aos 35 anos de idade,
residentes no distrito municipal de Kampfumo.
Nesta fase, são apresentados e interpretados os resultados obtidos com o estudo realizado a nível do
MISAU, com a intenção de perceber até que ponto os sites oficiais do Governo constituem um
mecanismo de promoção do acesso a informação e boa governação.
Apresentamos, a seguir, a tabela que ilustra, em termos percentuais, as opiniões dos nossos
inquiridos relativamente à avaliação do estado de acesso à informação no período entre 2017 a 2019
(ver apêndice 1).
Como se pode observar da tabela 1, a maioria equivalente a 70,5% dos residentes da Cidade de
Maputo, afirma que o estado de acesso à informação no período entre 2017 a 2019 é “Bom”. Pelo
que, pode-se perceber que o acesso à informação já não constitui privilégio de uma minoria, sendo
assim, um indicador de Boa Governação conforme discutido na revisão da literatura concretamente
no subtítulo referente a “Boa Governação e E-Governance.
Por sua vez, o Sr. A (2020)18 referiu que o sector o acesso a informação é crucial para todas esferas
da sociedade e constitui um desafio para os Governos dos países em via de desenvolvimento. Facto
que fez com que o Governo abraçasse às soluções tecnológicas para permitir a maximização do
acesso a informação por meio da Internet. Porém, nos países em desenvolvimento, a falta de uma
infra-estrutura de telecomunicação continua a ser um factor crítico de fracasso no processo para
minimizar a exclusão digital, apesar do crescimento do uso das TICs.
A esse propósito, Aun (2001) enfatiza que o acesso à informação através do e-Gov dependeria de
dois factores importantes:
18
Sr. A (2020). Técnico de Comunicação afecto a Direcção Nacional de Saúde Pública. Entrevistado telefonicamente
em: 20 de Maio de 2020.
14
O primeiro é a exigência de infra-estrutura de tecnologia de redes informacionais e de avanços na área
de telecomunicações. O segundo, o mais complicado, é o de acesso aos conteúdos informacionais
exigindo nova formação educacional, onde além da capacidade de domínio técnico, os cidadãos
precisam transformar informação em conhecimento para utilizá-lo de forma precisa e rápida. Exige
como decorrência, saber seleccionar, filtrar, reprocessar dados e informações, nem sempre de forma
automática, mas de forma individualizada e dependente de contextos possibilitadores desse complexo
processo (AUN, 2001: 14).
No que refere ao sector da saúde em Moçambique, o Sr. A (2020) referiu que o acesso a informação
é um aspecto salvaguardado desde a base (Hospitais) ao topo (Ministérios e Direcções de Saúde). A
este propósito o MISAU e seus parceiros têm estado a desenvolver um projecto denominado SIS-MA
(Sistema de Informação para Saúde de Monitoria e Avaliação) que tem como principal objectivo
suportar a recolha, análise, interpretação e disseminação contínua e sistemática dos dados de saúde
que são utilizados para definição e monitorização das políticas de saúde pública a partir de todos os
distritos de Moçambique para a capital do país através das províncias de acordo com a organização
hierárquica da estrutura orgânica do Ministério da Saúde de Moçambique.
Quanto a nível do acesso dos residentes da Cidade de Maputo ao site do MISAU, verificou-se que
70% dos utentes tem a frequência de visitar o site da instituição para obter informações sobre a saúde
pública, conforme indica o Gráfico 1 abaixo:
Gráfico 2. Contributo dos Sites Oficiais do Governo como mecanismo de acesso a informação e Boa
Governação
Como se pode observar, todos inquiridos equivalente a 100%, afirmam que os Sites Oficiais do
Governo constituem mecanismo de promoção do acesso à informação e da Boa Governação em
Moçambique. Deste modo, percebe-se que os Sites Oficias do Governo denotam uma importante
ferramenta da evolução das TICS, pois permitem a divulgação de informação e promoção da Boa
Governação como resultado do exercício de transparência e prestação de contas confirmando-se
válida a primeira hipótese da presente pesquisa e inválida a segunda.
16
Conclusão
Para o presente trabalho de pesquisa traçamos como objectivo geral analisar o contributo dos sites
oficiais do Governo como mecanismo de promoção do acesso à informação e da Boa Governação,
para esse efeito, enquadramos as variáveis, Sites Oficiais do Governo, Governo Electrónico,
Tecnologias de Informação e Comunicação, Direito a Informação e Boa Governação.
Como resultado da pesquisa percebeu-se que através do uso intensivo de ferramentas tecnológicas,
os atuais Governos buscam, através de programas e/ou políticas de informação, o controlo, fluxos e
usos de toda uma cadeia de produção da informação para a exercitação do poder, quer no contexto
nacional, como no internacional. Dentre esses programas destaca-se o Governo Electrónico (e-Gov)
como um dos principais instrumentos de aplicação.
Recomendações
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Referencia Bibliográficas
Awortwi, Nicholas (2006). “Managing Public Sector Reform: politics, capacity building and
NPM in Mozambique 2001-05. Versão em Português.
Gil, António C. (1991) Como elaborar projectos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.
Gil, António C. (1999) Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª Edição, Atlas: São Paulo.
Gil, António C. (2008) Métodos e técnicas de pesquisas sociais. 6ª ed. Atlas editora. São
Paulo.
Macuane, José Jaime (2006). A Gestão da Reforma do Sector Público: Política, Capacitação
e Nova Gestão Pública em Moçambique, 2001-5. In AWORTWI, (2006). Perspectivas
Africanas Sobre a Nova Gestão Pública: Implicações para a Formação de Recursos Humano.
Maastricht: Shaker Publishing.
Mário, Tomás Vieira (s.d). Lei do Direito À Informação – Manual de Formação. Sekelekani.
Maputo.
Mateus, João Carlos (2008). O Governo Electrónico, a sua aposta em Portugal e a
importância das Tecnologias de Comunicação para a sua estratégia. Revista de Estudos
Politécnicos, Vol. VI, nº. 9.
May, T. (2004) Pesquisa social: questões, métodos e processos. 3. ed. Artmed: Porto Alegre.
18
Minayo, Maria C. et al. (1993) Pesquisa Social: Teoria, Métodos e Criatividade. 21ª Ed.,
Vozes, Petrópolis;
Severino, António Joaquim (2000). Metodologia do trabalho científico. Cortez: São Paulo.
c) Publicações Oficiais
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APÊNDICES E ANEXOS
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Apêndice 1. Inquérito direccionado a Residentes da Cidade de Maputo
O presente guião de entrevista faz parte de uma pesquisa em curso no âmbito da cadeira de Politicas Públicas
ministrado pela Universidade Joaquim Chissano, sob o tema: “Contributo dos Sites Oficiais do Governo como
Mecanismo de Promoção do Acesso a Informação e Boa Governação: Caso do Ministério da Saúde (2015-
2019) ”. A sua colaboração nos fornecendo respostas às questões abaixo, será de grande importância ao estudo e
garantimos absoluto sigilo. O participante da pesquisa pode responder ou marcar com X as questões que se seguem,
não devendo registar a sua identidade.
PERFIL
1. Género
1. Feminino ( )
2. Masculino ( )
2. Idade
1. De 18 a 25 anos ( )
2. De 26 a 35 anos ( )
3. De 36 a 45 anos ( )
4. De 46 a 50 anos ( )
5. De 51 a 60 anos ( )
6. Mais de 60 anos ( )
3. Bairro Municipal
1. Ka Mavota ( )
2. Ka Pfumo ( )
3. Nlhamakulu ( )
4. KaMaxakeni ( )
5. KaMubukwana ( )
6. KaTembe ( )
7. KaNyaka ( )
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Questionário
1. Como avalia o Direito à Informação em Moçambique no período entre 2017 a 2019?
a. Bom ( )
b. Razoável ( )
c. Mau ( )
d. Péssimo ( )
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Apêndice 2. Guião de Entrevista direccionado ao MISAU
O presente guião de entrevista faz parte de uma pesquisa em curso no âmbito da cadeira de
Politicas Públicas ministrado pela Universidade Joaquim Chissano, sob o tema: “Contributo
dos Sites Oficiais do Governo como Mecanismo de Promoção do Acesso a Informação e
Boa Governação: Caso do Ministério da Saúde (2015-2019) ”. A sua colaboração nos
fornecendo respostas às questões abaixo, será de grande importância ao estudo e garantimos
absoluto sigilo.
Questões
1. Como avalia o Direito a Informação em Moçambique?
2. Será que as plataformas tecnológicas existentes no MISAU permitem a melhoria da
gestão de informação?
3. Em que estado de funcionalidade se encontram os Sites Oficiais do Governo
moçambicano?
4. Qual será o contributo dos Sites Oficiais para o acesso a informação ao nível do MISAU?
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Anexo 1. Portal do MISAU
Nº Ministérios Website
1. Ministério dos Negócios Estrangeiros e
Website: www.minec.gov.mz
Cooperação
2. Ministério da Defesa Nacional Website: www.mdn.gov.mz
3. Ministério do Interior Website: www.mint.gov.mz
4. Ministério da Economia e Finanças Website: www.mef.gov.mz
5. Ministério dos Transportes e
Website: www.mtc.gov.mz
Comunicações
6. Ministério da Educação e
Website: www.mined.gov.mz
Desenvolvimento Humano
7. Ministério da Cultura e Turismo Website: www.micultur.gov.mz
8. Ministério da Agricultura
Website: www.agricultura.gov.mz
e Desenvolvimento Rural
9. Ministério do Trabalho, Emprego e
website: www.mitess.gov.mz
Segurança Social
10. Ministério da Saúde website: www.misau.gov.mz
11. Ministério do Género, Criança e Acção
website: www.mgcas.gov.mz
Social
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12. Ministério da Terra e Ambiente website: www.mitader.gov.mz
13. Ministério da Administração Estatal e
website: www.maefp.gov.mz
Função Pública
14. Ministério do Mar, Águas Interiores e
Website: www.mozpesca.gov.mz
Pescas
15. Ministério dos Recursos Minerais e
Website: www.mireme.gov.mz
Energia
16. Ministério das Obras Públicas, Habitação
Website: www.mophrh.gov.mz
e Recursos Hídricos
17. Ministério da Indústria e Comércio Website: www.mic.gov.mz
18. Ministério da Justiça e Assuntos
Website: www.mjcr.gov.mz
Constitucionais e Religiosos
19. Ministério da Ciência e Tecnologia,
Website: www.mctestp.gov.mz
Ensino Superior e Técnico Profissional
20. Ministério dos Combatentes Website: www.mico.gov.mz
Fonte: Portal do Governo (https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Governo/Ministerios)
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