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Daniel Pinheiro,
IBP
Trazemos do site Missa Tridentina em Brasília, um excelente sermão do Pe. Daniel Pinheiro, IBP:
“Ensinar desde a sua mais tenra idade a temer a Deus e a se abster de todo o pecado.”
Ab infantia timere Deum et abstinere ab omni peccato. (Tob. I, 10).
Os pais têm pela lei natural o dever e o direito – invioláveis ambos – de educar os
filhos. Não se trata de um direito civil dado pelo Estado e que pode ser retirado a
qualquer momento. Não. A família existe antes do Estado. O Estado tem, então, uma
grave obrigação moral de permitir que os pais eduquem seus filhos. Por outro lado, os
pais podem delegar para o Estado a educação dos filhos e podem retratar tal delegação a
qualquer momento. O Estado tem direito de interferir nesse direito natural dos pais de
educar os filhos somente em uma circunstância: quando os pais estão instruindo os
filhos a violar a lei natural de maneira que decorra dano para o bem comum. Para
interferir o Estado tem que agir segundo a lei natural e a lei divina. Então, se o Estado
quer forçar o aprendizado da educação sexual, por exemplo, ele não tem direito algum,
pois assim ele não está garantindo o bem comum, mas indo contra ele, pois viola a lei
natural.
O ideal seria que família, Igreja e Estado cooperassem na educação católica de uma
criança e de um jovem, evitando assim, a mudança de ambientes, o que é extremamente
prejudicial para a educação. Atualmente, isso é, infelizmente, quase impossível.
A educação é dever grave dos pais, pois da educação das crianças depende o futuro
delas. Os filhos são como um depósito dado por Deus aos pais e do qual eles deverão
prestar contas. A Sagrada Escritura nos diz: “Aquele que educa seu filho (…) quando
morrer não ficará aflito e se salvará pela educação deles.” (Eccl XXX, 3- 5: Qui docet
filium suum… in obitu suo non est contristastus nec confusus. E 1 Tim. II, 15:
Salvabitur autem per generationem filiorum.)
O fim da educação é a virtude nesta terra, quer dizer a santidade, e a glória eterna na
outra vida. Ora, a virtude consiste numa disposição muito bem enraizada para agir bem,
fazendo o que é bom, por um bom motivo e nas circunstâncias devidas. Todavia, essa
disposição bem enraizada para agir bem, que é a virtude, adquire-se pela repetição dos
atos. Assim, quanto mais cedo aprendemos a agir bem, maior facilidade teremos para
agir bem posteriormente. Isso quer dizer que a educação deve começar o mais cedo
possível, mesmo quando a criança ainda não entende perfeitamente as coisas. Por isso,
levamos a criança à Missa desde cedo, ensinamos à criança a rezar, a manter-se bem
vestida, a respeitar as coisas sagradas. Em suma ensinamos à criança a evitar o mal e
praticar o bem. Aquilo que a criança aprender na sua infância e adolescência
dificilmente deixará de praticar na idade adulta. Diz a Sagrada Escritura que mesmo
quando a criança envelhecer, não se afastará de seu caminho. Adolescens juxta viam
suam, etiam cum senuerit, non recedet ab ea (Prov. XXII, 6).
Além disso, como no início o homem é como uma tábua rasa, aprender o bem é muito
mais fácil, pois a criança ou o jovem não tem disposições ruins, além daquelas que são
consequência do pecado original. Por outro lado, deixar o mal ao qual a pessoa já se
habituou é uma tarefa dificílima. É imperioso, dessa forma, acostumar as crianças desde
já a praticar o bem e a evitar o mal. A Sarada Escritura diz: Ensinar desde a sua mais
tenra idade a temer a Deus e a se abster de todo o pecado. Ab infantia timere Deum et
abstinere ab omni peccato. (Tob. I, 10). Agora, como começar a educação de alguém
que ainda não atingiu a idade da razão? Aristóteles e depois São Tomás dizem que a
virtude nada mais é do que alegrar-se com aquilo que é bom e entristecer-se com aquilo
que é mal. Dessa maneira, a melhor forma de educar uma criança é fazer que ela se
alegre com o bem que ela faz e que ela se entristeça com o mal. É preciso, então,
recompensar as boas ações e punir as más, mesmo que ela não tenha plena consciência
de uma ou de outra. Ela passará a gostar de fazer o bem e odiará fazer o mal. Ela vai
aprender com isso, que nossas ações têm uma consequência, merecendo um prêmio ou
um castigo nesta terra, mas também depois da morte.
Mas como educar os filhos? Pais, não exaspereis os vossos filhos, mas educai-os na
disciplina e na instrução do Senhor, nos diz São Paulo. Et vos patres educate filios
vestros in disciplina et correptione Domini (Eph VI, 4). Isto quer dizer que é preciso
instruir os filhos segundo a doutrina e discipliná-los, corrigi-los quando agem mal.
Instrução. O primeiro dever dos pais é conformar a conduta do filho à lei de Deus,
quer dizer, segundo a lei natural e segundo a Revelação. E os pais devem fazer isso não
somente com as palavras, mas também com o exemplo.
Os pais devem ensinar aos filhos as verdadeiras máximas da vida e não as máximas
mundanas. Assim, longe dos pais católicos dizer aos filhos: “É essencial ser estimado
pelos outros”; “Deus é misericordioso, no final perdoará teus pecados”. Os bons pais
têm outra linguagem. Como Santa Branca, mãe de São Luís, eles dizem: “Meu filho, eu
prefiro te ver morto no meu braço que em estado de pecado”; ou dizem: “o que vale
ganhar o mundo inteiro, se nós perdemos a nossa alma”, ou “tudo se perde, mas não
percamos Deus”. E finalmente aquela máxima de São Domingos Sávio: “Antes morrer
do que pecar”. Uma dessas máximas bem impressas no espírito de uma criança bastará,
como nos diz Santo Afonso, para que a criança se mantenha toda a sua vida em estado
de graça.
Os pais, além de ensinar aos filhos, devem governar os filhos de forma a evitar as
ocasiões de agir mal, as ocasiões de pecado. É preciso evitar a ociosidade dos filhos,
ocupando bem o tempo deles. A ociosidade é ocasião farta para o pecado. David
cometeu adultério e homicídio porque num momento de ociosidade levantou os olhos
para uma mulher.
“Na verdade nos nossos tempos torna-se necessária uma vigilância tanto mais
extensa e cuidadosa, quanto mais têm aumentado as ocasiões de naufrágio moral e
religioso para a juventude inexperiente, especialmente nos livros ímpios e licenciosos,
muitos dos quais diabolicamente espalhados, a preço ridículo e desprezível, nos
espetáculos do cinematógrafo, e agora também nas audições radiofónicas, que
multiplicam e facilitam toda a espécie de leituras, como o cinematógrafo toda a sorte de
espectáculos. Estes potentíssimos meios de vulgarização que podem ser, se bem
dirigidos pelos sãos princípios, duma grande utilidade para a instrução e educação,
aparecem infelizmente, na maior parte das vezes, como incentivos das más paixões e da
avidez do lucro. Quantas depravações juvenis, por causa dos espetáculos modernos e
das leituras infames, não têm hoje que chorar os pais e os educadores!”
Os pais devem vigiar também pelas obras de arte que estão em seu lar. Os quadros e
esculturas licenciosas que geram pensamentos ruins devem desaparecer. Dessa forma,
não basta ensinar o bem, mas é preciso vigiar, a fim de que se evite também o mal.
Além disso, o que se verá no dia-a-dia de nossa sociedade já basta para que a criança ou
o jovem conheça os males do mundo.
Querer o verdadeiro bem do filho não é realizar todas as suas vontades, ou dar
abundantes brinquedos. Aliás, a abundância de brinquedos acostuma a criança a buscar
sempre a novidade e ser superficial e depois ela não conseguirá controlar seus desejos.
Querer o bem é permitir e ensinar à criança a fazer a vontade de Deus. Para tanto, é
preciso também corrigir o filho, sempre que ele ande pelo mau caminho. A Sagrada
Escritura diz: Quem poupa a vara odeia seu filho; quem o ama, castiga-o na hora
precisa. (Prov. XIII, 24). A correção, que é aparentemente um mal, visa a um bem
infinitamente superior: a virtude, a santidade. Se os pais amam o filho eles devem
repreendê-lo e castigá-lo quando ele comete uma falta, mas claro devem castigá-lo de
maneira proporcional. Os pais podem mesmo puni-lo fisicamente, mas só durante a
infância e de forma moderada, porque eles agem enquanto pais e não enquanto mestres
de escravos. O castigo enquanto se está irado deve ser evitado, para não passar além do
que é justo e para que o filho não desconsidere a correção, pensando que se trata de um
exagero devido à ira (Santo Afonso o diz expressamente).
Eis aqui, então, alguns deveres e direitos para que os pais eduquem bem os seus
filhos. Claro, os filhos terão sempre o livre arbítrio e poderão escolher o mau caminho
mesmo tendo recebido uma boa educação. Mas isso é relativamente raro. É preciso
confiar em Deus.
Aquele que tiver educado bem os filhos neste mundo será dignamente recompensado.
Os pais se assemelham a Deus que por sua Revelação vai nos ensinando o que há de
mais importante na nossa vida e nos conduz pela mão a fim de que possamos adorá-lo
eternamente. Que os pais tenham na mente esse preceito de Cristo: “Deixai vir a mim as
criancinhas” (Mc X, 14).