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Introdução à transformada de Fourier

1 Motivação

Viu-se que, na forma complexa, a série de Fourier pode ser escrita como

(i n π x)/L
f (x) = ∑ cn e ,
n=−∞

onde
1 L
Z
(− i n π x)/L
cn = f (x) e dx, n ∈ Z.
2L −L
Fazendo h = π/L e ωn = nh, com n ∈ Z, tem-se
∞ ∞
f (x) = ∑ cn e in h x
⇒ f (x) = ∑ cn e i ωn x .
n=−∞ n=−∞

Analogamente,
Z L Z L
1 1
cn = f (x) e −in h x
dx ⇒ cn = f (x) e − i ωn x dx.
2L −L 2L −L

onde n ∈ Z.
Por outro lado, de h = π/L, segue-se que
1 h 1 h 1 h
= ⇒ = =√ √ ·
L π 2L 2π 2π 2π
Fazendo √

F(ωn ) = cn,
h
obtém-se
√ √
2π 1 L 2π h L
Z Z
−i ωn x
F(ωn ) = · f (x) e dx = · f (x) e −i ωn x dx
h 2L −L h 2π −L
√ Z L
2π 1 h
= ·√ ·√ f (x) e −i ωn x dx,
h 2π 2π −L
isto é Z L
1
F(ωn ) = √ f (x) e −i ωn x dx.
2π −L
Além disso, √
2π h
F(ωn ) = cn ⇒ cn = √ F(ωn ),
h 2π

1
de modo que se obtém
∞ ∞
h i ωn x 1
f (x) = ∑ 2π n
√ F(ω ) e = √ ∑ h F(ωn ) e i ωn x .
n=−∞ 2π n=−∞
Portanto, encontrou-se as seguintes expressões para F(ωn ) e f (x):
Z L ∞
1 −i ωn x 1
F(ωn ) = √ f (x) e dx e f (x) = √ ∑ F(ωn ) e i ωn x h.
2π −L 2π n=−∞
Agora, formalmente (isto é, sem rigor), toma-se limite para L → ∞ e para h → 0 nas
expressões acima. Observa-se que a série acima tem o aspecto formal de uma soma de
Riemann para a integral de F(ω ) e iωn x . Assim, obtém-se (formalmente!)
Z ∞ Z ∞
1 −i ω x 1
F(ω ) = √ f (x) e dx e f (x) = √ F(ω ) e i ω x d ω .
2π −∞ 2π −∞

Será visto nas próximas seções que a primeira expressão acima é a definição da transfor-
mada de Fourier e que a segunda expressão é a fórmula da transformada inversa de Fourier.

2 Introdução

Como visto na seção anterior, dada uma função f : R → R, deseja-se definir sua trans-
formada de Fourier pela expressão
Z ∞
1
(2.1) F(ω ) = √ e −i ω x f (x) dx.
2π −∞

Como a expressão (2.1) envolve um integral imprópria, deve-se dar um sentido a mesma.
Isto é feito da seguinte maneira
Z ∞ Z b
−i ω x
(2.2) e f (x) dx = lim e −i ω x f (x) dx,
−∞ a,b→∞ −a

onde a e b tendem para infinito de maneira independente.

Observação 2.1: É importante realçar a maneira independente em que se toma o limite


com a e b. Caso contrário, poder-se-ia encontrar situações absurdas em integrais impróprias,
como no exemplo abaixo.
a
Z ∞ Z a 2
x
 2
a (−a)2

x dx = lim x dx = lim = lim − = 0.
−∞ a→∞ −a a→0 2 a→0 2 2
−a

Na verdade é importante notar que a integral acima não existe e entender esta “lógica”
inicial é importante para dar um sentido, ou melhor, uma definição para a transformada de
Fourier.

2
Antes de avançar é necessário que o leitor note algumas coisas até este ponto:
(a) A expressão no primeiro membro em (2.1) tem “cara” de função, mas para que seja
uma função de fato, é preciso entender o processo: funções definidas (ou representadas) por
integrais.1 Este assunto não é trivial e não será abordado aqui.
(b) A integral no primeiro membro em (2.2), caso exista, tem seu “valor” obtido através
de um limite de integrais definidas (segundo membro). A primeira observação que se faz é
Z b
que é necessário que a integral e −i ω x f (x) dx exista (antes de se tomar o limite). Para
−a
isso, f deve ser integrável (em algum sentido!) em todo intervalo fechado e limitado [−a, b].

(c) Entre vários possı́veis problemas, um que chama atenção é: existir o limite e não
ser o “valor” da integral imprópria (observa-se que o “valor” de tal integral é, em tese, uma
expressão dependente de ω , que passa a ser candidato à função).
Antes de continuar, apresenta-se duas definições:

Definição 2.1: Uma função f : R → R diz-se seccionalmente contı́nua se ela tiver ape-
nas um número finito de descontinuidade (todas de primeira espécie) em qualquer intervalo
limitado. Em outras palavras: dados a < b, existem

a ≤ x1 < x2 < · · · < xn ≤ b,

tais que f é contı́nua em cada intervalo aberto (xi , xi+1 ), i = 1, . . ., n − 1, e existem os limites
laterais
f (xi + 0) = lim f (x) e f (xi − 0) = lim f (x).
x→x+
I x→x−
i

Observa-se que considerar apenas descontinuidades de primeira espécie significa excluir


funções ilimitadas, isto é, as funções descontı́nuas de primeira espécie são limitadas.

Definição 2.2: Uma função f : R → R diz-se seccionalmente diferenciável se ela for


seccio-nalmente contı́nua e se a função derivada f 0 também for seccionalmente contı́nua.

Note-se que a derivada f 0 não está definida em todos os pontos. Na verdade f 0 (x) não
existe nos pontos x onde f é descontı́nua. Além disso, f 0 (x) pode não existir, mesmo em
alguns pontos onde f é contı́nua.

Retornando a questão inicial, tem-se que, em essência, o problema se traduz em exibir


uma classe de funções para as quais a expressão em (2.1) está bem definida, ou seja, que para
cada ω a integral converge para um escalar e, assim, F será, de fato, uma função.
Considerando-se funções Riemann integráveis, tal classe de funções deve contemplar
outras duas exigências:
(1) f : R → R deve ser seccionamente contı́nua em cada intervalo [−a, b];

1 Em textos mais antigos usava-se a expressão “integrais dependendo de um parâmetro”.

3
Z ∞
(2) | f (x)| dx < ∞.
−∞
Da definição de função seccionalmente contı́nua, tem-se que a condição (1) implica di-
zer que a função e −i ω x f (x) (isto é, o integrando) é limitada e integrável em [−a, b]. Já a
condição (2) exige que o limite em (2.2)
Z ∞ Z b
e −i ω x f (x) dx = lim e −i ω x f (x) dx
−∞ a,b→∞ −a

exista.
De fato, dado K > 0, pode-se escrever

R = {x ∈ R | | x | ≤ K} ∪ {x ∈ R | | x | > K} .

Assim,
Z ∞ Z Z
−i ω x −i ω x −i ω x


−∞ e f (x) dx =
|x |≤K e f (x) dx + e f (x) dx
|x |>K

Z Z
−i ω x −i ω x

≤ e f (x) dx + e f (x) dx
|x |≤K |x |>K
Z −i ω x Z −i ω x
≤ e f (x) dx + e f (x) dx
|x |≤K |x |>K
Z −i ω x Z −i ω x
= e | f (x)| dx + e | f (x)| dx
|x |≤K |x |>K
Z Z
= | f (x)| dx + | f (x)| dx.
|x |≤K |x |>K

Como está supondo-se que f é uma função seccionalmente contı́nua, então a primeira
integral no último membro acima existe e é igual a um real positivo (pois f tem um número
finito de descontinuidade, todas de 1a espécie, no intervalo fechado e limitado −K ≤ x ≤ K,
de modo que | f (x)| também).
Mas para que exista a integral do primeiro membro, é necessário que a segunda integral
do último membro tenda para zero no infinito, isto é,
Z
| f (x)| dx → 0, para K suficientemente grande,
|x |>K

ou ainda, que dado ε > 0, exista K0 > 0 tal que


Z
| f (x)| dx < ε , ∀ K > K0 .
|x |>K0

Note-se, também, que os passos acima indicam que a função f , além de ser integrável,
deve ser absolutamente integrável (para que o limite exista).

4
3 Uma classe de funções

O leitor deve ter notado que a exigência (2), dada na seção anterior, ocorre para garantir a
existência do limite na expressão (2.2), mas “indiretamente” ela própria traz outra exigência:
que a função f : R → R, além de ser integrável, deve também ser absolutamente integrável.
A teoria da integral de Lebesgue surge justamente para resolver problemas na classe
de funções que definem bem a transformada de Fourier. Na verdade tal classe de funções
integráveis a Lebesgue é um reticulado vetorial, isto é, f é Lebesgue integrável se, e somente
se, | f | é Lebesgue integrável.
Uma das principais restrições da integral de Riemann (própria ou imprópria) é essa, de
não ser um reticulado vetorial. Os problemas são vários. Escrever-se-á “R-integrável” para
dizer que uma função é Riemann integrável.

S ITUAÇ ÃO 1: demonstra-se em curso de Análise que, se f for R-integrável e limitada,


então f é absolutamente integrável. A recı́proca deste resultado, em geral, é falsa. Basta
considerar a função de Dirichlet f : [0, 1] → R dada por

 1, se x ∈ [0, 1] for racional,
f (x) =
 −1, se x ∈ [0, 1] for irracional.

Esta função não é R-integrável, o que pode ser verificado observando-se que a soma
inferior dá −1 e a soma superior dá 1. Por outro lado, f é absolutamente integrável (a
Riemann), pois | f (x)| = 1 para 0 ≤ x ≤ 1, tendo a integral o valor 1.

S ITUAÇ ÃO 2: quando f não é limitada, em geral, a integrabilidade de f não implica


na integrabilidade de | f |. Por exemplo, considere a função (definida por várias sentenças)
f : (0, 1] → R dada por

1 1
f (x) = (−1)n n, se <x≤ ·
n+1 n
Esta função é R-integrável. De fato, tem-se que
Z ∞ ∞   ∞
n 1 1 1
f (x) dx = ∑ (−1) n − = ∑ (−1)n n
−∞ n=1 n n+1 n=1 n(n + 1)

(−1)n 1 1 1
= ∑ n + 1 = −2 + 3 − 4 + ··· ,
n=1

que é uma série alternada e, portanto, convergente. Isto mostra que a integral de f existe.
Por outro lado, a função dada não é absolutamente integrável. De fato, tem-se que

| f (x)| = |(−1)n n| = n,

5
y
4

1
x

1
−1

−2

−3

−4

Figura 1: Gráfico da função f (x).

Assim, a integral de | f (x)| é


Z ∞ ∞   ∞
1 1 1
−∞
f (x) dx = ∑n −
n n+1
= ∑ n · n(n + 1)
n=1 n=1

1 1 1 1
= ∑ n+1 = 2 + 3 + 4 +··· ,
n=1

que é uma série harmônica e, portanto, divergente. Isto mostra que | f | não é R-integrável.

C ONCLUS ÃO : há funções f que são Riemann integráveis, mas tais que | f | não é R-
integrável, bem como há funções f não integráveis a Riemann tais que | f | é R-integrável.
Aqui considera-se integrais próprias e impróprias (isto é, no caso, funções ilimitadas).

Feita estas observações iniciais, introduz-se agora uma classe de funções que permitem
definir a transformada de Fourier.
Escrever-se-á L1 ([a, b]) para representar a classe de funções f : [a, b] → R tais que f e
| f | são R-integráveis, isto é,
L1 ([a, b]) = { f : [a, b] → R | f e | f | R-integráveis} .
Para funções f : R → R a classe de funções segue a mesma lógica, isto é,
L1 (R) = { f : R → R | f e | f | R-integráveis} .
Ou seja, dizer que f ∈ L1(R) significa que f e | f | são R-integráveis em cada intervalo
[−a, b] e que os limites
Z b Z b
(3.1) lim f (x) dx e lim | f (x)| dx
a,b→∞ −a a,b→∞ −a

6
y

Figura 2: Gráfico da função | f (x)|.

existem.
Note que, se f for seccionalmente contı́nua em cada intervalo [−a, b] e se o segundo
limite em (3.1) existir, então f ∈ L1 (R).

A seguir serão feitas várias observações sobre certos cuidados que se deve ter sobre as
funções pertencentes ao espaço L1(R).

Observação 3.1: Apesar da conveniência em trabalhar com o espaço L1 (R), deve-se


observar que existem funções que não são de L1(R), mas são tais que a integral em (2.1)
converge, porém não absolutamente. Por exemplo, a função f : R → R dada por f (x) =
sen x/x·

Mostrar que a função senx/x tem integral convergente, mas não absolutamente conver-
gente – e que, portanto, não pertence ao L1 (R) – dá certo trabalho adicional. Isto não será
feito neste texto, porém o leitor interessado poderá consultar, por exemplo, as referências
[8], [11] ou [34].

Observação 3.2: Em cursos de Cálculo aprende-se que, se f , g : [a, b] → R são funções


R-integráveis, então f + g é uma função R-integrável. Porém, se f , g :→ R forem funções
absolutamente integráveis no sentido de Riemann, então, em geral, não é verdade que f + g
seja absolutamente integrável no sentido de Riemann.
Para ver isso, considere o seguinte exemplo. Sejam f , g : [0, 1] → R funções definidas

7
y
1

−4π −3π −2π −π π 2π 3π 4π

Figura 3: Gráfico da função senx/x.

por 
 1, se x ∈ [0, 1] for racional,
f (x) = e g(x) = 2.
 −1, se x ∈ [0, 1] for irracional.

Ambas as funções f e g são absolutamente integráveis. De fato, viu-se anteriormente que


a função de Dirichlet é tal que | f (x)| = 1, logo é R-integrável em [0, 1]. Por ser constante no
intervalo [0, 1], segue-se que |g(x)| = 2 também é R-integrável. Porém a soma | f + g| não é
integrável. Veja:

 3, se x ∈ [0, 1] for racional,
f (x) + g(x) =
 1, se x ∈ [0, 1] for irracional,

de modo que seu valor absoluto fica igual, isto é,



 3, se x ∈ [0, 1] for racional,
| f (x) + g(x)| =
 1, se x ∈ [0, 1] for irracional.

A função |( f + g)(x)| = | f (x)+ g(x)| é descontı́nua em todos os pontos do intervalo [0, 1],
portanto ela não é integrável no sentido de Riemann.

Observação 3.3: Existem funções de L1 (R) tais que o produto destas função por elas
mesmas (ou seja, seu quadrado) não pertencem a L1(R).

8
Seja f : R → R uma função dada por
1

 √ ,
 0 < x < 1,
f (x) = x

0, caso contrário.

x
1

Figura 4: Gráfico da função f (x).

Mostrar-se-á que f ∈ L1(R). Tem-se:


Z ∞ Z 0 Z 1 Z ∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx + f (x) dx
−∞ −∞ 0 1
Z 1 Z 1 Z 1
dx −1/2
x− /2 dx =
1
= √ = x dx = lim
0 x 0 a→0+ a

√ 1 √ √ 
= 2 lim x = 2 lim 1− a
+
a→0 +a a→0
√ √ 
=2 1 − 0 = 2,

o que mostra que f é integrável em R.


Observe-se que a função f é não negativa em todo R, de modo que seu valor absoluto
coincide com a própria f ; portanto tem-se que | f | também é integrável. Isto mostra que
f ∈ L1 (R).
Por outro lado, tem-se que
Z ∞ Z ∞
f (x) · f (x) dx = [ f (x)]2 dx
−∞ −∞
Z 0 Z 1 Z ∞
2 2
= [ f (x)] dx + [ f (x)] dx + [ f (x)]2 dx
−∞ 0 1

9
1 2
Z 1  Z 1 Z 1
dx dx
= √ dx = = lim
0 x 0 x a→0+ a x
 1 
= lim ln x = lim (ln 1 − lna)

a→0+ a a→0+

= − lim (ln a) = +∞.


a→0+

x
1

−1

−2

−3

−4

Figura 5: Gráfico da função ln a para −∞ < a ≤ 1.

Isto mostra que a integral de f 2 é divergente, isto é, que f 2 não é integrável em R.
Portanto, tem-se que f é uma função de L1 (R), mas que o produto dela consigo mesma, f 2 ,
não pertence a L1 (R).

Observação 3.4: Também é preciso tomar cuidado com o produto de funções Riemann
integráveis, que poderá não resultar em uma função R-integrável se uma delas não for limi-
tada. Para ver isto, considere as duas funções f , g : (0, 1] → R dadas abaixo:

1 1
f (x) = (−1)n n, <x≤ ,
n+1 n
1 1
g(x) = (−1)n , <x≤ .
n+1 n
Observe-se que f é uma função não limitada em (0, 1], mas que g é limitada neste mesmo
intervalo (pois seu valor apenas alterna entre −1 e 1). O gráfico da função f (x) está exibido
na figura 1, já o gráfico da função g(x) é mostrado na figura 6 a seguir.
Mostrou-se anteriormente que a função f é R-integrável. Tem-se também que g é R-

10
y

−1

Figura 6: Gráfico da função g(x).

integrável no intervalo (0, 1]. De fato,


Z 1 ∞   ∞
n 1 1 1
0
g(x) dx = ∑ (−1) −
n n+1
= ∑ (−1)n · n(n + 1) ·
n=1 n=1

Agora faça
1
an = ·
n(n + 1)
Tem-se que
Z 1 ∞

0
g(x) dx = ∑ (−1)n an .
n=1
Note-se que an > 0 para todo n ∈ N. Tem-se também que an+1 < an . De fato,

n(n + 1) = n2 + n < (n2 + n) + (n + 2) = n2 + 3n + 2 = (n + 1)(n + 2),

ou seja, segue-se que


1 1
n(n + 1) < (n + 1)(n + 2) ⇒ an+1 = < = an ,
(n + 1)(n + 2) n(n + 1)

para todo n ∈ N.
Agora usa-se o seguinte teorema para séries infinitas:

“Considere a série alternada ∑ (−1)n an, onde an > 0 e an+1 < an para todo
n=1
n ∈ N. Se lim an = 0, então a série alternada converge.”
n→∞

11
A demonstração pode ser encontrada em livros de Cálculo, como, por exemplo, o livro
[26] citado na bibliografia.
Usando este teorema, segue-se que g é R-integrável em (0, 1], pois a sua integral pode
ser escrita como uma série que, como visto acima, é convergente.

Agora se faz o produto de f e g. Tem-se:

( f g)(x) = f (x)g(x) = [ (−1)n n ] · (−1)n

= (−1)n+n n = (−1)2n n = n.

Figura 7: Gráfico da função ( f g)(x) = n.

De modo análogo ao que se fez anteriormente nesta seção, tem-se que a integral de f + g
é dada pela seguinte soma:
Z 1 Z 1
( f g)(x) dx = [ f (x) · g(x)] dx
0 0
Z 1 ∞  
1 1
= n dx = ∑ n −
0 n=1 n n+1
∞ ∞
1 1
= ∑ n· =∑
n(n + 1) n=1 n + 1
n=1

1 1 1
=+ + +··· ,
2 3 4
que é uma série do tipo harmônica e, portanto, divergente. Isto mostra que o produto f g não
é R-integrável.

12
Até agora apresentou-se situações que possam garantir a definição da transformada de
Fourier, mas o cálculo (formal) da mesma exige mais conhecimentos. O fato é que a função
F(ω ) definida pela transformada de Fourier assume valores complexos, isto é, ela própria
é uma função complexa. Muitas funções interessantes apresentam singularidades (polos),
de maneira que o cálculo da integral exige conhecimento da teoria de resı́duos – e isto não
será comentado aqui. Assim, se f : R → C for escrita na forma f (x) = u(x) + iv(x) e se
f ∈ L1(R), então isso significa dizer que as partes real e imaginária da função complexa são
integráveis e absolutamente integráveis no sentido que foi definido anteriormente.

4 A transformada de Fourier

D EFINIÇ ÃO : Seja f : R → C uma função L1(R). Define-se a transformada de Fourier


de f pela expressão
Z ∞
1
F [ f ](ω ) = F(ω ) = √ e −i ω x f (x) dx.
2π −∞

Exemplo 4.1: Seja f : R → R a função (caracterı́stica) dada por



 1, se 0 < x < a,
f (x) =
 0, caso contrário.

Figura 8: Gráfico da função f (x).

Para determinar a transformada de Fourier para f (x), deve-se dividir em dois casos: para

13
ω 6= 0 e para ω = 0. Assim, para ω 6= 0, tem-se
Z ∞ a
1 1
Z
F(ω ) = √ e −i ω x f (x) dx = √ e −i ω x f (x) dx
2π−∞ 2π 0
a
1 e −i ω x 1 1 − e −ia ω
=√ =√ ·
2π −i ω 0 2π iω

Para ω = 0, tem-se
Z ∞ Z ∞
1 1
F(0) = √ e0 f (x) dx = √ f (x) dx
2π −∞ 2π −∞
Z a
1 a
=√ dx = √ ·
2π 0 2π

O próximo passo consiste em descrever como são as funções F(ω ) obtidas a partir da
transformada de Fourier de uma função f . O primeiro resultado mostra que a transformada
de Fourier é linear.

Proposição 4.1: Sejam f , g ∈ L1 (R). Denote por F(ω ) = F [ f ](ω ) e G(ω ) = F [g](ω )
as transformadas de Fourier para f e g, respectivamente. Então,

F [α f + β g] = α F [ f ] + β F [g] , ∀ α , β ∈ C.

D EMONSTRAÇ ÃO : Pela definição da transformada de Fourier e pela linearidade da inte-


gral, obtém-se

F [α f + β g](ω ) = F [α f (x) + β g(x)]


Z ∞
= e −i ω x [α f (x) + β g(x)] dx
−∞
Z ∞ Z ∞
−i ω x
= e [α f (x)] dx + e −i ω x [β g(x)] dx
−∞ −∞
Z ∞ Z ∞
=α e −i ω x f (x) dx + β e −i ω x g(x) dx
−∞ −∞

= α F [ f (x)] + β F [g(x)] = α F [ f ](ω ) + β F [g](ω ),

para todos α , β ∈ C e para todas f , g ∈ L1 (R).

Proposição 4.2 (dilatação): Sejam α 6= 0 e f , g ∈ L1(R) tais que

g(x) = f (α x).

14
Denote por F(ω ) = F [ f ](ω ) e G(ω ) = F [g](ω ) as transformadas de Fourier para f e
g, res-pectivamente. Então,
1 ω 
G(ω ) = F[f] , ∀ ω ∈ R.
|α | α
Em particular,
F [ f (−x)] = F [ f ](−ω ).

D EMONSTRAÇ ÃO : A demonstração será feita em dois casos: α > 0 e α < 0.

C ASO 1: α > 0. Tem-se


Z ∞ Z ∞
1 −i ω x 1
G(ω ) = √ e g(x) dx = √ e −i ω x f (α x) dx
2π −∞ 2π −∞
Z ∞ ω 
1 (−i ω u)/α 1
= √ e f (u) du = F[f] ,
α 2π −∞ α α
onde se fez a mudança de variáveis u = α x nas integrais acima.

C ASO 2: α < 0. Tem-se


Z ∞ Z ∞
1 −i ω x 1
G(ω ) = √ e g(x) dx = √ e −i ω x f (α x) dx
2π −∞ 2π −∞
Z −∞ Z ∞
1 (−i ω u)/α 1 (−i ω u)/α
= √ e f (u) du = − √ e f (u) du
α 2π ∞ α 2π −∞

1 ω 
= − F[f] ,
α α
onde também se fez a mudança de variáveis u = α x nas integrais acima.
Portanto, considerando-se os dois casos, tem-se que
1 ω 
G(ω ) = F[f] , ∀ ω ∈ R.
|α | α

Em particular, tomando α = −1, tem-se que g(x) = f (−x), de modo que


 
1 ω
F [ f (−x)] = F [g(x)] = F[f] = F [ f ](−ω ).
| − 1| −1

Proposição 4.3 (translação): Sejam f ∈ L1 e α um escalar. Então:

(a) F [ f (x − α )] = e −i αω F [ f (x)].
(b) F e iα x f (x) = F (ω − α ).
 

15
D EMONSTRAÇ ÃO : Demonstrar-se-á o item (a). Fazendo a mudança de variáveis t =
x − α em uma das integrais a seguir, obtém-se
Z ∞
1
F [ f (x − α ) ] = √ e −i ω x f (x − α ) dx
2π −∞
Z ∞ ∞
1 1
Z
=√ e −i ω (t+α ) f (t) dt = √ e −i ω t e −i ωα f (t) dt
2π −∞ 2π −∞
 Z ∞ 
1
= e −i ωα √ e −i ω t f (t) dt = e −i ωα F [ f (x)].
2π −∞
(b) Tem-se:
Z ∞
1
F e i α x f (x) = √ e −i ω x e i α x f (x) dx
   
2π −∞
Z ∞
1
=√ e −i(ω −α )x f (x) dx
2π −∞

= F (ω − α ) .

Com isto, completa-se a demonstração da proposição.

E como são as funções F [ f (x)]? Os dois próximos resultados respondem algumas


propriedades importantes destas funções. O primeiro garante que a função transformada
é contı́nua e o segundo que ela tende para zero no infinito.

Proposição 4.4: Se f ∈ L1 , então F(ω ) = F [ f ](ω ) é uma função contı́nua.

D EMONSTRAÇ ÃO : Usar-se-á o seguinte teorema que diz: “Sejam I ⊂ R um intervalo,


k : I × R → R uma função contı́nua e f : R → R uma função de L1 (R). Se a integral
Z ∞
ϕ (x) = k(x, y) f (y) dy
−∞

convergir uniformemente, então a função ϕ : I → R é contı́nua.”


Como f ∈ L1 (R), tem-se que sua transformada de Fourier está bem definida e é dada por
Z ∞
1
F(ω ) = F [ f ](ω ) = √ e −i ω x f (x) dx.
2π −∞

No citado teorema, basta mudar as variáveis envolvidas (y por x, bem como x por ω ) e
tomar
e −i ω x
k(x, ω ) = √ e ϕ = F.

A função f é mantida, apenas trocando a variável de y para x.
Agora basta observar que a função f dada pertence ao L1(R) e que a função k(x, ω )
é contı́nua. Resta garantir que a integral que define a transformada de Fourier converge
uniformemente. Para isso será usado o teste M de Weierstrass:

16
Seja J ⊂ R um intervalo. Suponha que, para cada x fixado, a função y 7→ f (x, y) pertença
ao espaço L1 ([a, ∞)]. Suponha também que exista uma função M : [a, ∞) → R não negativa
e integrável tal que
| f (x, y)| ≤ M(y), ∀ x ∈ J.
Então a integral Z ∞
f (x, y) dy
a
converge absoluta e uniformemente em J, isto é, as integrais
Z ∞ Z ∞
f (x, y) dy e | f (x, y)| dy
a a

são uniformemente convergentes em J.

Antes de proceguir, apenas uma observação: não há mal enconsiderar a integral na semi-
reta a < x < ∞ (no teste M de Weierstrass), pois basta notar que
Z ∞ Z a Z ∞
f (x, y) dy = f (x, y) dy + f (x, y) dy.
−∞ −∞ a

Dando continuidade, em relação ao integrando na transformada de Fourier, observe-se


que −i ω x
= √1 e −i ω x | f (x)| = |√
f (x)|
e
√ f (x) ,
2π 2π 2π
pois e −i ω x = 1.


Assim basta tomar g(x) = | f (x)|/ 2π (note-se que trocou-se as variáveis y por x). Tem-se
que g é não negativa e como f ∈ L1(R) por hipótese, tem-se que g ∈ L1 (R). Portanto, pelo
teste M de Weierstrass a transformada de Fourier converge uniformente.
Portanto, todas as hipóteses do citado teorema são satisfeitas, de maneira que função
resultante pela transformada é contı́nua.

Outra propriedade importante da transformada de Fourier é que ela se anula no infinito.

Proposição 4.5: Seja f : R → C uma função L1(R) cuja transformada de Fourier é


Z ∞
1
F(ω ) = √ e −i ω x f (x) dx.
2π −∞

Então,
lim F(ω ) = 0.
|ω |→∞

D EMONSTRAÇ ÃO : Tome ε > 0 e um intervalo [−K, K] tal que




Z
| f (x)| dx < ε.
|x |>K 2

17
Agora usa-se o lema de Riemann-Lebesgue, cujo enunciado é: Se f : [a, b] → R é uma
função L1 ([a, b]) em um intervalo limitado [a, b], então
Z b
(4.1) lim f (x) sen (ω x) dx = 0,
ω →∞ a
Z b
(4.2) lim f (x) cos(ω x) dx = 0.
ω →∞ a

Além disso, tem-se da fórmula de Euler

e i θ = cos θ + i sen θ ⇒ e −i θ = cos θ − i sen θ .

Assim, fazendo θ = ω x, obtém-se


Z K Z K
e −i ω x f (x) dx = [cos(ω x) − i sen (ω x)] f (x) dx
−K −K
Z K Z K
= f (x) cos(ω x) dx − i f (x) sen (ω x) dx.
−K −K

Pelo lema de Riemann-Lebesgue, (4.1) e (4.2), as duas integrais no último membro têm
limite para |ω | → ∞ e têm limite igual a 0, de modo que, pela igualdade, a integral do
primeiro membro também tem limite para |ω | → ∞. Logo,
Z K Z K Z K
−i ω x
lim e f (x) dx = lim f (x) cos(ω x) dx − i lim f (x) sen (ω x) dx = 0,
|ω |→∞ −K |ω |→∞ −K |ω |→∞ −K

A expressão obtida,
Z K
lim e −i ω x f (x) dx = 0
|ω |→∞ −K

significa dizer que, dado ε > 0, existe ω0 tal que, para | ω | ≥ ω0 , implica
Z √
K −i ω x 2π
−K e
f (x) dx < ε.
2
Portanto, para | ω | > ω0 , tem-se
1 Z ∞ −i ω x


|F(ω )| = √ e f (x) dx
2π −∞

1 Z K −i ω x 1
Z
−i ω x

= √ e f (x) dx + √ e f (x) dx
2π −K 2π |x |>K
K

1 Z
−i ω x
1 Z −i ω x

≤ √ e f (x) dx + √
e f (x) dx
2π −K 2π |x |>K
Z K
1 1
Z
−i ω x
−i ω x
≤√ e f (x) dx + √
e | f (x)| dx
2π −K 2π |x |>K

18
Z
1 K −i ω x 1
Z
=√ e f (x) dx + √
| f (x)| dx
2π −K 2π |x |>K
√ √ !
1 2π 2π
<√ ε+ ε = ε.
2π 2 2

Observação 4.1: Mesmo que f ∈ L1(R), a função F(ω ) = F [ f ](ω ) não pertence, ne-
cessariamente, ao espaço L1(R).
De fato, seja f : R → R uma função definida por

 1, se | x | ≤ 1,
f (x) =
 0, se | x | > 1.

−1 1

Figura 9: Gráfico da função f (x).

Deve-se calcular a sua transformada de Fourier pela definição levando em conta dois
casos: (a) para ω 6= 0 e para ω = 0. Tem-se:

C ASO 1: para ω 6= 0, tem-se

Z ∞
1
F(ω ) = √ e −ix ω f (x) dx
2π −∞

1 1
Z Z
=√ e −i ω x f (x) dx + √ e −i ω x f (x) dx
2π |x |≤1 2π |x |>1

19
1 1 1
Z Z Z
−i ω x −i ω x
=√ e .1 dx + √ e . 0 dx = √ e −i ω x dx
2π |x |≤1 2π |x |>1 2π |x |≤1

1 −i ω x 1
Z 1
1 −i ω x 1 1 1
e i ω − e −i ω .

=√ e dx = − √ · e =√ ·
2π −1 2π i ω
−1 2π i ω
Mas
ei ω = cos ω + i sen ω e e −i ω = cos ω − i sen ω ,
de modo que
ei ω − e −i ω = 2i sen ω .
Portanto,
1 1 2 sen ω
F(ω ) = √ · · 2 i sen ω = √ · .
2π i ω 2π ω

C ASO 2: para ω = 0, tem-se


Z ∞ Z ∞
1 −i ω x 1
F(0) = √ e f (x) dx = √ e −i.0.x f (x) dx
2π −∞ 2π −∞
Z 1
1 1 1
Z Z
=√ f (x) dx + √ f (x) dx = √ 1.dx
2π |x |≤1 2π |x |>1 2π −1
1
1 1 2
= √ x = √ [1 − (−1)] = √ ·
2π −1 2π 2π

y
1

−4π −3π −2π −π π 2π 3π 4π

Figura 10: Gráfico da função F(ω ).

Mas como foi comentado na observação 3.2, a função sen ω/ω não é absolutamente in-
tegrável, portanto F 6∈ L1(R).

20
Na prática, o exemplo acima mostra que o espaço L1 é “muito grande” para que se possa
inverter a transformada de Fourier. Dito de outra forma: sse f ∈ L1 , nem sempre F ∈ L1.

Será denotado por C∞ (R) o conjunto das funções contı́nuas que se anulam no infinto.
Com auxı́lio da proposição 4.1 é possı́vel mostrar que L1(R) é um espaço vetorial.
Também é possı́vel mostrar que C∞(R) é um espaço vetoriai sobre C. Além disso,
Z ∞
k f k1 = | f (x)| dx, e k f k∞ = max | f (x)|
−∞ x∈R

definem, respectivamente, normas em L1 (R) e C∞ (R).


Com esta notação anterior e usando o fato de que a transformada de Fourier é um opera-
dor linear (proposição anterior), isto é, conclui-se que F : L1(R) → C∞ (R) é um operador
linear limitado, pois
Z ∞
1 1
|F(ω )| ≤ √ | f (x)| dx ⇒ kFk∞ ≤ √ k f k1 .
2π −∞ 2π
Como foi comentado, se f ∈ L1 (R), em geral não se tem que F [ f ] = F ∈ L1 (R). Logo
a teoria é assimétrica. Explica-se o sentido de assimetria: uma condição importante sobre
as transformadas é que sejam inversı́veis. Se uma função tem determinada propriedade,
então espera-se que sua transformada também tenha, caso contrário a mesma poderá não ser
recuperada através da inversão.
Observada esta questão, então segue-se que é necessário estudar a transformada de Fou-
rier em um subconjunto de L1(R), mas de maneira que o mesmo permita que F = F [ f ]
mantenha as boas propriedades.
Viu-se que a função transformada tende para zero no infinito. Assim, seria interessante
começar com um subconjunto de L1(R) que tenha esta propriedade, ou seja, que funções
que tendam a zero no infinito, mas de tal modo que suas transformadas também tendam a
zero no infinito.
Algo natural seria tentar o espaço C ∞
0 (R), isto é, o conjunto de todas as funções infini-
tamente diferenciáveis e de suporte compacto.2 Entretanto, esse espaço tem a desvantagem
de que a transformada de Fourier de uma função f ∈ C ∞ 0 (R) não tem, em geral, suporte

compacto (veja o próximo exemplo). Ou seja, C 0 (R) também é assimétrico em relação a
transformada de Fourier.

Exemplo 4.2: Considere a seguinte função:



 1 − | x |,

se | x | ≤ a,
f (x) = a

 0, se | x | > a.

2 O suporte de uma função


f : R → R é definido por supp ( f ) = {x ∈ R | f (x) 6= 0}, onde o fecho é tomado
em R. Uma função f : R → R tem suporte compacto se o conjunto supp ( f ) for fechado e limitdo.

21
y

−1 1

Figura 11: Gráfico da função f (x) com a = 1.

Observe que está função tem suporte compacto, mas não pertence ao espaço C∞ (R)
(apesar de ser contı́nua em x = 0, nesse ponto não existe derivada).
Agora, calcula-se (formalmente) sua transformada de Fourier. Para ω 6= 0, tem-se:

Z ∞
1
F(ω ) = √ e −i ω x f (x) dx
2π −∞
Z a
1 1
Z
=√ e −i ω x f (x) dx + √ e −i ω x f (x) dx
2π −a 2π |x|>a
Z a  
1 |x| 1
Z
−i ω x
=√ e 1− dx + √ e −i ω x . 0 dx
2π −a a 2π |x |>a
Z a  
1 −i ω x |x|
=√ e 1− dx
2π −a a
Z a Z a
1 −i ω x 1 1
=√ e dx − √ · e −i ω x | x | dx
2π −a 2π a −a

1
Z a
1 0 Z
1 a Z
−i ω x
=√ e dx − √ e −i ω x (−x)| dx − √ e −i ω x x dx
2π −a a 2π −a a 2π 0
  a
  0
1 1 −i ω x 1 x 1
=√ − e + √ − e −i ω x + 2 e −i ω x −

2π iω a 2π iω ω
−a −a
  a
1 x −i ω x 1 −i ω x
− √ − e + 2e
iω ω

a 2π
0

22
 
1 1 iω a −i ω a
 1 1 a iω a 1 iω a
=√ · e −e + √ − e − 2e −
2π i ω a 2π ω 2 i ω ω
 
1 a −i ω a 1 −i ω a 1
− √ − e + 2e − 2
a 2π iω ω ω
1 1 1 1
e i ω a − e −i ω a − √ · e i ω a − e −i ω a +
 
=√ ·
2π i ω 2π i ω
1 1
+ √ · 2 2 − e i ω a − e −i ω a

2π ω a
1 1
= √ · 2 2 − e i ω a − e −i ω a ,

2π ω a
onde usou-se a técnica de integração por partes em uma das etapas acima.
Mas, como observado anteriormente,

e i ω a + e −i ω a = 2 cos(a ω ).

Assim,
 
1 1 2 (1 − cos aω )
F(ω ) = √ 2
(2 − 2 cos(a ω )) = √ ·
2π a ω a 2π ω 2

0.5

−4π −3π −2π −π π 2π 3π 4π

Figura 12: Gráfico da função F(ω ) com a = 1.


Agora calcula-se a transformada de Fourier para f quando ω = 0. Tem-se:
Z ∞ Z a 
1 −i.0.x 1 |x|
F(0) = √ e f (x) dx = √ 1− dx
2π −∞ 2π −a a
Z a
1 a

1
Z
=√ dx − | x | dx
2π −a a −a

23
 a
1 0 1 a

1 Z Z
=√ x −
−x dx − x dx
2π −a a −a a 0
 a
1 0 1 a

1 Z Z
=√ x +
x dx − x dx
2π −a a −a a 0
!
x2 0 x2 a

1
=√ 2a + −
2π 2a −a 2a 0

1  a a a
=√ 2a − − =√ ·
2π 2 2 2π
Portanto, apesar de a função

 1 − | x |,

se | x | ≤ a,
f (x) = a

 0, se | x | > a.

ter suporte compacto (o intervalo [−a, a]), a função transformada (de Fourier) para f ,

2 1 − cos(a ω )

 √ · , para ω 6= 0,
ω2

a 2π

F(ω ) =
 a
 √ ,
 para ω = 0,

não tem suporte compacto.

O exemplo anterior mostra que a transformada de Fourier F(ω ) não “herda” a boa pro-
priedade da função f (x) possuir suporte compacto. Na verdade, é possı́vel mostrar que, para
funções que têm suporte, suas transformadas nunca o terão.
Apesar de as transformadas de Fourier, como já foi mostrado, anularem-se no infinito, o
conjunto C ∞ ∞
0 (R) não foi suficiente – nesse caso, diz-se que o conjunto C 0 (R) é “pequeno”.
O exemplo 4.2 sugere que o espaço C ∞ 0 (R) não é adequado para o estudo das transfor-
madas de Fourier, sendo assim necessário escolher outro subconjunto de L1(R) que seja um
pouco “maior” do que C ∞ 0 (R). Isto é o objeto da próxima seção.

5 O espaço de Schwartz

Como comentado no final da seção anterior, o espaço C ∞


0 (R) não é adequado para o
estudo das transformadas de Fourier. Um subconjunto de L1(R) mais adequado para tal
estudo é conhecido como espaço de Schwartz, que consiste no conjunto das funções de
decrescimento rápido e que é um pouco maior do que C ∞0 (R). Ele tem a vantagem de que

24
a teoria da transformada de Fourier se torna mais elegante e mais simétrica. O espaço de
Schwartz é o primeiro passo para um estudo moderno das transformadas de Fourier e é a
partir dele que se introduz a transformada de Fourier de outros objetos matemáticos que não
funções; tais objetos são conhecidos como distribuições e um exemplo é o “delta de Dirac”.
Além da definição formal do espaço de Schwartz, nessa seção será mostrado que, se f (x)
pertence a tal espaço, então sua transformada de Fourier F(ω ) também pertence.

Definição 5.1: Uma função f : R → C diz-se de descrescimento rápido se ela for de


classe C ∞ (R) e se
h i
m (n)
(5.1) lim x f (x) = 0,
|x |→∞

para todo m, n ≥ 0 inteiros e onde f (n) denota a n-ésima derivada de f .


O conjunto de todas as funções de decrescimento rápido é denotado por S(R) e é cha-
mado de espaço de Schwartz.
O significado de (5.1) é que a função f e todas as suas derivadas tendem mais rápido
para 0 (zero), quando | x | → ∞, do que as potências xm vão para o infinito. Veja detalhes na
observação 5.2 mais adiante.
2
Exemplo 5.1: A função f : R → R definida por f (x) = e −x /2 pertence ao espaço de
Schwartz S(R). Uma ideia para demonstrar tal afirmação é usar a regra de l’Hospital. Porém
o uso desta regra serve apenas como um convencimento inicial, pois a sua aplicabilidade feita
indefinidamente não se traduz em uma demonstração rigorosa. A forma correta e rigorosa
não será feita aqui.

2
Figura 13: Gráfico da função f (x) = e −x /2.

Observação 5.1: Na seção anterior foi dito que C ∞0 (R) era um espaço “pequeno” para
o estudo adequado da transformada de Fourier e que, por isso, seria necessário escolher um
conjunto “maior”. O exemplo acima mostra que C ∞ 0 (R) é um subespaço próprio do espaço
2
de Schwartz. De fato, é possı́vel demonstrar que a função f (x) = e −x /2 pertence a S(R). Mas
ela não pertence ao espaço C ∞
0 (R), pois f não tem suporte compacto (a função exponencial

nunca se anula). Portanto aquela f não é uma função de C ∞ 0 (R). Assim, C0 (R) ⊂ S(R)
propriamente.

25
A proposição a seguir apresenta outra condição que permite a caracterização das funções
de decrescimento rápido através de uma desigualdade que é muito útil na prática e que per-
mite demons-trar alguns resultados de maneira mais fácil.

Proposição 5.1: A condição (5.1),


h i
lim xm f (n) (x) = 0,
|x |→∞

é equivalente a dizer que, dados m, n ≥ 0 inteiros, existe uma constante M(m, n), dependendo
de m e n, tal que

m (n)
(5.2) x f (x) ≤ M(m, n),

para todo x.

D EMONSTRAÇ
h i: Mostrar-se-á que (5.1) ⇒ (5.2). Isto significa assumir como hipótese
ÃO
m (n)
que lim x f (x) = 0. Então é possı́vel encontrar um número a > 0 tal que
|x |→∞

m (n)
x f (x) ≤ 1 para | x | > a.

Além disso, como função x 7→ xm f (n) (x) é contı́nua em [−a, a], tem-se que a mesma é
limitada nesse intervalo (pois funções contı́nuas em intervalos fechados e limitados assumem
seus valores máximos e mı́nimos). Isto significa dizer que existe um número K > 0 tal que

m (n)
x f (x) ≤ K para | x | ≤ a.

Assim, basta tomar M(m, n) = max {1, K} em (5.2), isto é, M(m, n) pode ser tomando
como o maior dos números 1 e K.

(5.2) ⇒ (5.1): como, por hipótese, a desigualdade (5.2) é válida para todo x, então
pode-se usar a mesma quando m 7→ m + 1, isto é, usa-se (5.2) para m + 1 no lugar de m, mas
mantendo o mesmo n. Assim,

m+1 (n)
x f (x) ≤ M(m + 1, n).

Logo,
m+1 (n) m (n) m (n)
x f (x) = x x f (x) = | x | x f (x) ,
ou seja,
m (n)
| x | x f (x) ≤ M(m + 1, n)
Portanto,
m (n) M(m + 1, n)

x f (x) ≤ ,
|x|
que implica em lim xm f (n)(x) = 0.
|x |→∞

26
Observação 5.2: A proposição 5.1 permite concluir que as funções de S tendem a zero
rapidamente no infinito. De fato, tomando n = 0 e mantendo m, ambos inteiros não negativos,
obtém-se
m 0
x f (x) = | xm f (x)| = | xm | | f (x)| ,

que implica em
M(m, 0)
|xm f (x)| ≤ M(m, 0) ⇒ | f (x)| ≤ , x 6= 0.
| xm |
Isto mostra que lim f (x) = 0, ou seja, que f tende a zero no infinito mais rápido do que
|x |→∞
o inverso de qualquer polinômio. Isto também pode ser concluı́do para as derivadas de todas
as ordens de f . Para ver isto, basta usar a mesma proposição:

(n) M(m, n)

m (n)
x f (x) ≤ M(m, n) ⇒ f (x) ≤ , x 6= 0,
| xm |

isto é, que lim f (n) (x) = 0.


|x |→∞

Considere um polinômio
n
p(x) = ∑ ak xk = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an xn ,
k=0

onde os coeficientes ak são constantes.


A qualquer polinômio é possı́vel associar um operador diferencial linear com coeficientes
constantes da seguinte maneira: para D = d/dx, faça
n
p(D) = ∑ a k Dk = a 0 + a 1 D + a 2 D2 + · · · + a n Dn
k=0
d d2 dn
= a0 + a1 + a2 2 + · · · + an n ·
dx dx dx
Munido do comentário acima segue-se outro resultado que generaliza a proposição ante-
rior.

Proposição 5.2: A condição



m (n)
(5.3) x f (x) ≤ M(m, n),

para m, n ≥ 0 inteiros, é equivalente a dizer que, dados polinômios

p(x) = a0 I + a1 x + · · · + an xn e q(x) = b0 + b1 x + · · · + bm xm ,

existe uma constante M(p, q), dependendo desses polinômios, tal que

(5.4) | q(x) · p(D) [ f (x)]| ≤ M(p, q).

27
D EMONSTRAÇ ÃO : Mostrar-se-á que (5.4) ⇒ (5.3). De fato, basta tomar p(x) = xn e
q(x) = xm . Note-se que ambos, p e q, são polinômios. Assim, ter-se-á p(D) = p (d/dx) =
d n/dxn . Portanto,

m (n) m d n


x f (x) = x [ f (x)] = | q(x) · p(D)[ f (x)] |
dxn

≤ M(xm , xm ) = M(m, n).

Isto mostra que a condição (5.3) é satisfeita.


Agora demonstra-se a recı́proca, isto é, (5.3) ⇒ (5.4): inicialmente desenvolve-se a ex-
pressão no primeiro membro de (5.4). Tem-se:
n
 
d d
| q(x) · p(D)[ f (x)]| = (b0 + b1 x + · · · + bm xm ) a0 I + a1 + · · · + an n [ f (x)]

dx dx

dn

d
= b0 a0 I + a1 + · · · + an n [ f (x)] +

dx dx

dn
 
d
+ b1 x a0 I + a1 + · · · + an n [ f (x)] + · · ·
dx dx

n
 
d d
· · · + bm xm a0 I + a1 + · · · + an n [ f (x)]

dx dx

n 
0 d 0 d

0
= A0 I + A1 + · · · + An n [ f (x)] +
dx dx
 n 
1 1 d 1 d
+ x A0 I + A1 + · · · + An n [ f (x)] + · · ·
dx dx

n
 
m d m d

m m
· · · + x A0 I + A1 + · · · + An n [ f (x)]

dx dx

h i
= A00 f (x) + A01 f 0 (x) + · · · + A0n f (n)(x) +


h i
0 0 0 0 (n)
+ A0 x f (x) + A1 x f (x) + · · · + An x f (x) + · · ·

h i
m m 0 m m (n)
· · · + Am m
0 x f (x) + A1 x f (x) + · · · + An x f (x)



0 0 0 0 (n)
≤ A0 f (x) + A1 f (x) + · · · + An f (x) +


+ A00 x f (x) + A01 x f 0 (x) + · · · + A0n x f (n)(x) + · · ·


m m 0 m m (n)
· · · + Am xm
f (x) + A x f (x) + · · · + A x f (x)

0 1 n

28

≤ A00 f (x) + A01 f 0 (x) + · · · + A0n f (n) (x) +


+ A00 x f (x) + A01 x f 0 (x) + · · · + A0n x f (n)(x) + · · ·

m m 0
m m m m (n)
· · · + |A0 x f (x)| + A1 x f (x) + · · · + An x f (x) .

Note-se que a expressão no primeiro membro de (5.4) é menor ou igual a uma soma de
j j
termos da forma Ai xα f (β )(x) , onde Ai é uma constante. Mas por hipótese tomou-se (5.3),


isto é, xm f (n)(x) ≤ M(m, n), com m, n ≥ 0 inteiros. Agora basta considerar que cada termo

da última soma é menor ou igual do que a soma de termos do tipo

α (β ) M( α , β )

x f (x) ≤ j = M 0 (α , β ),
Ai

com α , β ≥ 0 inteiros.
Como a última soma de constantes do tipo M 0 (α , β ) é finita, tem-se que resulta em uma
nova constante. Isto mostra a afirmação feita.

O resultado a seguir é relativamente natural, visto a natureza das funções de decresci-


mento rápido. Ele é apresentado na forma de uma proposição porque será usado em vários
resultados presentes neste texto, facilitando suas demonstrações.

Proposição 5.3: Se f : R → C estiver em S(R), então f (n) e xm f também estarão em


S(R), para quaisquer inteiros m, n ≥ 0. Consequentemente, xm f (n) está em S(R).

D EMONSTRAÇ ÃO : Por hipótese, f ∈ S(R). Então, pela proposição 5.1, tem-se que,
dados m, n ≥ 0 inteiros, existe uma constante M(m, n), dependendo apenas de m e n, tal que

m (n)
x f (x) ≤ M(m, n).

Em particular, tem-se que a condição acima é válida para n 7→ 2n, ou seja,



m (2n)
x f (x) ≤ M(m, 2n).

Agora basta observar que


d n h (n) i
f (x) = f (2n)(x)
dxn
implica em
m d n h (n) i m (2n)

dxn f (x) = x f (x) ≤ M(m, 2n),
x

o que mostra que f (n) ∈ S(R).

29
Para mostrar que xm f ∈ S(R), observe-se que

dn m
[ x f (x)] = p0(x) f (x) + p1 (x) f 0 (x) + · · · + pn(x) f (n)(x).
dxn
onde pi (x), para i = 0, . . ., n, são polinômios em x.
Assim, multiplicando ambos os membros por xm , obtém-se
dn m
x · n [ x f (x)] = [xn p0(x)] f (x) + [xn p1(x)] f 0 (x) + · · · + [xn pn (x)] f (n)(x).
m
dx
= q0 (x) f (x) + q1 (x) f 0 (x) + · · · + qn (x) f (n)(x),

onde qi (x) = xn pi (x), para i = 0, . . ., n.


Portanto,
m dn m

= q0 (x) f (x) + q1 (x) f 0 (x) + · · · + qn (x) f (n)(x)

x
dxn [ x f (x)]

0 (n)

≤ | q0 (x) f (x)| + q1 (x) f (x) + · · · + qn(x) f (x) .

Como visto na demonstração da proposição (5.2), cada um dos termos no último membro
acima fica menor ou igual do que a soma de expressões do tipo xα f (β )(x) , com α , β ≥ 0


α (β )
inteiros. Como f ∈ S(R), tem-se que termos deste tipo satisfazem x f (x) ≤ M(α , β ),
para quaisquer α , β ≥ 0 inteiros. Como a soma é finita, tem-se que a mesma resulta em uma
constante, de modo que se tem xm f ∈ S(R).
Ao se combinar o que foi obtido nos dois itens acima que demonstrou que f (n) , xm f ∈
S(R), segue-se que xm f (n) ∈ S(R) também. E isto encerra a demonstração da proposição.

A proposição a seguir, de demonstração simples, se traduz em um importante resultado:


as funções pertencentes ao espaço S(R) também pertence ao espaço L1(R). Isto significa
que as funções de decrescimento rápido têm transformadas de Fourier bem definidas.

Proposição 5.4: Toda função de decrescimento rápido f : R → C pertence ao espaço


L1 (R).

D EMONSTRAÇ ÃO : Em cada intervalo [−a, b] a função f é contı́nua e, portanto, limitada


e R-integrável. Isto implica que | f | também é R-integrável nesse intervalo.
Para mostrar que a integral imprópria de f converge, usa-se (5.2) com m = 2 e n = 0, isto
é,
2 0 2
x f (x) = x f (x) = x2 | f (x)| ≤ M(2, 0)
M(2, 0)
⇒ | f (x)| ≤ ·
| x |2

30
Agora se faz a seguinte estimativa:
M(2, 0)
Z Z Z
| f (x)| dx ≤ 2
dx = M(2, 0) | x |−2 dx
|x |≥1 |x |≥1 | x | |x |≥1
Z −1 Z ∞ 
−2 −2
= M(2, 0) | x | dx + | x | dx
−∞ 1
 Z −1 Z β 
−2 −2
= M(2, 0) lim |x| dx + lim |x| dx
α →−∞ α β →∞ 1
 −1 β 
−1
−1 
= M(2, 0)  lim + lim
α →−∞ x β →∞ x

α 1
    
−1 1 −1 1
= M(2, 0) lim + + lim + = 2 M(2, 0).
α →−∞ −1 α β →∞ β 1
Segue-se daı́ que
Z ∞ Z Z
| f (x)| dx = | f (x)| dx + | f (x)| dx
−∞ |x |≤1 |x |≥1
Z 1
≤ | f (x)| dx + 2M(2, 0) < ∞.
−1

Proposição 5.5: Se f : R → C for uma função de S(R), então xm f (n)(x) é uma função
de L1(R), para todos m, n ≥ 0 inteiros.

D EMONSTRAÇ ÃO : Como f ∈ S, então pela proposição 5.3 tem-se que xm f (n) ∈ S. Pela
proposição 5.4, qualquer função que pertença a S também pertence a L1, ou seja, segue-se
daı́ que xm f (n) ∈ L1.

O próximo resultado dá uma resposta parcial sobre a natureza de F(ω ) quando se toma
f (x) no espaço S(R). A proposição a seguir mostra que F ∈ S, o primeiro passo para que
F seja também uma função de decrescimento rápido, ou seja, que as funções transformadas
pertencem ao espaço C∞ .

Proposição 5.6: Se f : R → C for uma função de S(R) e n ∈ N, então F(ω ) = F [ f ](ω )


será infinitamente derivável e
dn
F [ f ](ω ) = F [(−i x)n f (x)] .
dωn
D EMONSTRAÇ ÃO : Com as hipóteses dadas é possı́vel mostrar que a derivada pode ser
calculada sob o sinal de integral (parte delicada e que não será feita aqui). Assim, para n = 1,

31
tem-se
 Z ∞  Z ∞
d d 1 −i ω x 1 d  −i ω x 
F [ f ](ω ) = √ e f (x) dx = √ e f (x) dx
dω dω 2π −∞ 2π −∞ d ω
Z ∞ Z ∞
1 −i ω x 1
e −i ω x [−ix f (x)] dx

=√ −i x e f (x) dx = √
2π −∞ 2π −∞
= F [−ix f (x)] .

Para qualquer outro n, basta usar um argumento simples de indução para demostrar o
resultado.

Apresenta-se agora uma das propriedades mais importantes da transformada de Fourier,


o fato de que ela “destrói” derivadas. Tal resultado mostra que as transformadas de Fourier
das derivadas de uma função f ∈ S resumem-se na multiplicação da transformada de f por
polinômios com coeficientes complexos.

Proposição 5.7: Se f : R → C é uma função de S(R), então


h i
F f (n) (ω ) = (i ω )n F [ f ](ω ),

para todo n ∈ N.

D EMONSTRAÇ ÃO : Basta demonstrar para n = 1, pois o caso geral segue-se por indução.
Usando-se integração por partes, obtém-se
Z ∞ Z b
1 1
F [ f 0 ](ω ) = √ e −i ω x f 0 (x) dx = √ lim e −i ω x f 0 (x) dx
2π −∞ 2π a,b→∞ −a
" b #
1
Z b
−i ω x
e −i ω x f (x) dx

=√ lim f (x) e − (−i ω )
2π a,b→∞ −a −a
Z b
1 h i 1
=√ lim e −i ω b f (b) − e i ω a f (−a) + i ω √ lim e −i ω x f (x) dx
2π a,b→∞ 2π a,b→∞ −a
Z ∞
1 h i 1
=√ lim e −i ω b f (b) − e i ω a f (−a) + i ω √ e −i ω x f (x) dx
2π a,b→∞ 2π −∞
1 h i
=√ lim e −i ω b f (b) − e i ω a f (−a) + i ω F(ω )
2π a,b→∞
= i ω F(ω ),

pois os dois limites no último membro são zero, pois f ∈ S(R) (e, nesse caso, f tende para
zero no infinito, como já foi visto).

32
A seguir, um dos principais resultados sobre as funções de decrescimento rápido. Ele diz
que a transformada de Fourier de funções do espaço de Schwartz também pertencem a este
espaço. Diz mais, ele afirma a existência de “simetria” da transformada de Fourier quando o
espaço S é considerado.

Proposição 5.8: Se f : R → C for uma função de S, então a transformada de Fourier


F : R → C também pertencerá a S.

D EMONSTRAÇ ÃO : Usando-se a proposição 5.6, tem-se, para m e n inteiros:


dn
(5.5) ωm n
F [ f ](ω ) = ω m F [(−i x)n f ] (ω ).

Pela proposição 5.7, tem-se
h i h i
F g(m) (ω ) = (i ω )m F [g](ω ) ⇒ ω m F [g](ω ) = (−i)m F g(m) (ω ),

isto é,
d mg
 
m m
(5.6) ω F [g](ω ) = (−i) F (ω ).
dxm

Fazendo g = (−i x)n f em (5.5) e substiuindo em (5.6), obtém-se

dn h
(m)
i
ωm F [ f ](ω ) = ω m
F [(−i x)n
f ] (ω ) = ω m
F [g](ω ) = (−i)m
F g (ω )
dωn
m
    m 
m d n m+n d n
(5.7) = F (−i) [(−i x) f (x)] = F (−i) (x f ) .
dxm dxm

Pela proposição 5.5,


dm m+n d
m
(−i)m [(−i x)n
f (x)] = (−i) [xn f (x)]
dxm dxm
pertence a L1 e, consequentemente, o primeiro membro de (5.7) é limitado, o que mostra
que F [ f ] pertence a S.

Em resumo, as últimas proposições mostram que F é um operador linear de S(R) em


S(R).
A última proposição mostrou a existência de “simetria” da transformada de Fourier
quando considera-se o espaço de Schwartz, assim faz sentido pensar na inversão da função
transformada. Na próxima seção estuda-se a inversa da transformada de Fourier.

33
6 Transformada inversa de Fourier

Na seção 1 viu-se que o candidato à transformada inversa de Fourier é dado pela ex-
pressão Z ∞
1
f (x) = √ e i ω x F(ω ) d ω .
2π −∞
A expressão acima sugere o seguinte: substituir a função F(ω ) que aparece no integrando
por sua expressão, que é a fórmula da transformada de Fourier, ou seja,
Z ∞
1
F(ω ) = √ e −i ω x f (x) dx.
2π −∞

E o passo seguinte consistiria em tentar uma mudança na ordem de integração. Veja-se o


que ocorre:
Z ∞ Z ∞  Z ∞ 
1 iω x 1 iω x 1 −i ω y
√ e F(ω ) d ω = √ e √ e f (y) dy d ω
2π −∞ 2π −∞ 2π −∞
1 ∞ iω x
Z Z ∞ 
−i ω y
= e e f (y) dy d ω
2π −∞ −∞

1 ∞
Z Z ∞ 
iω x −i ω y
= f (y) e ·e d ω dy
2π −∞ −∞

1 ∞
Z Z ∞ 
i(x−y) ω
= f (y) e d ω dy.
2π −∞ −∞

Quando a integral envolvida é imprópria, nem sempre é possı́vel fazer uma mudança na
ordem de integração. No caso acima, a integral
Z ∞
e i(x−y) ω d ω
−∞
é divergente!
De fato, para a, b > 0, tem-se
Z ∞ Z ∞
e i(x−y) ω d ω = [cos(x − y)ω + i sen (x − y)ω ] d ω
−∞ −∞
Z ∞ Z ∞
= cos[(x − y)ω ] d ω + i sen [(x − y)ω ] d ω .
−∞ −∞
Mas as integrais impróprias no último membro acima, para seno e cosseno, são diver-
gente. Logo, também é divergente a integral do primeiro membro. Isto mostra que não é
possı́vel fazer a mudança na ordem de integração.
A fim de demonstrar o teorema da inversa de Fourier, usar-se-á três lemas, que estão
enuncia-dos e demonstrados a seguir.

Lema 6.1: Seja f ∈ S(R). Então, existe uma função g : R → R, pertencente a S(R), tal
que
f (x) = x g(x).

34
D EMONSTRAÇ ÃO : A demonstração consiste em duas etapas: (a) mostrar que existe uma
função g : R → R tal que f (x) = x g(x) e (b) mostrar que a função g pertence ao espaço
S(R).
Inicialmente mostra-se que f pode ser escrita na forma indicada. Pelo teorema funda-
mental do cálculo, segue-se que
Z 1 Z 1 Z 1
d 0
f (x) = [ f (xt)] dt = x f (xt) dt = x f 0 (xt) dt,
0 dt 0 0

para todo x ∈ R.
Cabe observar que quem varia de 0 até 1 é o parâmetro auxiliar t e não o próprio x, que
é tratado como fixo, porém arbitrário. Isto significa que a função f está definida por uma
integral.
Agora define-se g : R → R por
Z 1
g(x) = f 0 (xt) dt.
0

Observe-se que g está bem definida, pois f ∈ S(R), de modo que sua derivada é contı́nua
e a integral acima existe. Portanto, segue-se daı́ que

f (x) = x g(x),

para todo x ∈ R.
Agora deve-se mostrar que g ∈ S(R). Para isto, basta verificar a afirmação para os casos
x ∈ [−1, 1] e para | x | > 1. Para x ∈ [−1, 1], tem-se que a função x 7→ xm g(n)(x) é contı́nua para
todos m, n ≥ 0 inteiros. Logo, esta função é limitada em [−1, 1] (isto é, funções contı́nuas
atigem seus valores máximos e mı́nimos em intervalos fechados e limitados). Agora deve-se
analisar o comportamento de g para | x | > 1.

C ASO | x | > 1: para n, k ≥ 0 inteiros, tem-se a seguinte notação para combinação.

 
n n!
= ·
k (n − k)! k!
A regra geral de Leibniz para derivação do produto entre duas funções u e v assegura que
n  
(n) n (k)
[u(x) · v(x)] = ∑ u (x) · v(n−k)(x).
k=0 k

Para | x | > 1, fazendo u(x) = 1/x e v(x) = f (x), tem-se que g(x) = u(x) v(x). Assim, pela
regra geral de Leibniz, obtém-se
n  
(n) (n) n (k)
g (x) = [u(x) · v(x)] = ∑ u (x) · v(n−k)(x)
k=0 k
   (k)
n n  
n 1 (n−k) n (k) (n−k)
=∑ ·f (x) = ∑ x−1 ·f (x)
k=0 k x k=0 k

35
n 
n  
=∑ (−1)k · x−k−1 · f (n−k)(x)
k=0 k
n  
n 1
=∑ (−1)k · k+1 · f (n−k)(x)
k=0 k x
n  
n 1 xn
=∑ (−1)k · k · n · f (n−k)(x)
k=0 k x x x
n  
n (n−k)
k x
=∑ (−1) · n+1 · f (n−k)(x)
k=0 k x

1 n n
 
= n+1 ∑ (−1)k · x(n−k) · f (n−k)(x).
x k=0 k

Assim, para m ≥ 0 inteiro, tem-se


  n
m (n) 1 n
x g (x) = n+1 ∑ (−1)k · xm · x(n−k) · f (n−k)(x)
x k=0 k

1 n n
 
= n+1 ∑ (−1)n · x(m+n−k) · f (n−k)(x).
x k=0 k

Agora, observe-se que, para | x | > 1, tem-se


1
| x |n+1 > 1 ⇒ < 1.
| x |n+1
Logo,

n  
m (n) 1 n

x g (x) = n+1 ∑ (−1)n · x(m+n−k) · f (n−k)(x)

x k=0 k

 
1 n n

= n+1 ∑ (−1)n · x(m+n−k) · f (n−k)(x)

x k=0 k

n  
1 n n (m+n−k) (n−k)

≤ ∑ · x · f (x)

|x| n+1 (−1)
k=0 k
n  
n
<∑ |(−1)n | · x(m+n−k) · f (n−k)(x)

k=0 k
n  
n
(m+n−k) (n−k)

=∑ |x| f (x) ≤ M(m, n),

k=0
k

pois f ∈ S(R) e porque cada um dos termos da última soma acima são limitados, de modo
que a soma também é limitada. Isto mostra que g ∈ S(R).

36
Lema 6.2: Seja f ∈ S tal que f (0) = 0. Então,
Z ∞
1
f (0) = √ F(ω ) d ω = 0.
2π −∞

D EMONSTRAÇ ÃO : Pelo lema 6.1, existe g : R → R tal que

f (x) = x g(x),

para todo x ∈ R. Além disso, viu-se no mesmo lema que g ∈ S.


Pela proposição 5.6, tem-se que
dn
G(ω ) = F [(−i x)n g(x)] ,
dωn
de modo que, para n = 1,
G0 (ω ) = F [−i x g(x)],
que implica em
1
F(ω ) = F [ f (x)] = F [ x g(x)] = F [−i x g(x)]
−i
i
= F [−i x g(x)] = i G0(ω ).
−i 2
Portanto, para a, b > 0, tem-se
Z ∞ Z ∞ Z b
d
F(ω ) d ω = i · G0 (ω ) d ω = i · lim [ G(ω )] d ω
−∞ −∞ a,b→∞ −a dω
b

= i · lim G(ω ) = 0,
a,b→∞ −a

pois g ∈ S e, consequentemente, tem-se g tende a zero no infinito.

Lema 6.3: Se f ∈ S(R), então


Z ∞
1
f (0) = √ F(ω ) d ω .
2π −∞

D EMONSTRAÇ ÃO : Defina a seguinte função auxiliar:


y2/2
g(y) = f (y) − f (0) e − .

Observe-se que g ∈ S(R). De fato, tem-se por hipótese que f ∈ S(R). Além disso, tem-
2
se que e −y /2 ∈ S(R). Como S(R) é um espaço vetorial, tem-se que a diferença de duas de
suas funções também pertence a ele; portanto g pertence a este espaço.
Note-se que
g(0) = f (0) − f (0) e 0 = f (0) − f (0) = 0.

37
Logo, pelo lema 6.2 Z ∞
G(ω ) d ω = 0.
−∞
Deste modo, encontra-se

Z ∞ Z ∞ Z ∞ 
1 −i ω y
0= G(ω ) d ω = √ e g(y) dy d ω
−∞ −∞ 2π −∞
Z ∞ Z ∞ 
1 −i ω y

−y2/2

= √ e f (y) − f (0) e dy d ω
−∞ 2π −∞
Z ∞ Z ∞ 
1 −i ω y
= √ e f (y) dy d ω −
−∞ 2π −∞
Z ∞ Z ∞  2  
1 −i ω y
e − /2 dy d ω
y
= − f (0) √ e
−∞ 2π −∞
Z ∞ Z ∞  2 
F e − /2 d ω
y
= F [ f (y)] d ω − f (0)
−∞ −∞
Z ∞ Z ∞  2 
F e − /2 d ω .
y
(6.1) = F(ω ) d ω − f (0)
−∞ −∞

É possı́vel demonstrar a seguinte proposição:


2
“Seja f : R → R uma função definida por f (x) = e −a x , para a > 0. Então, a
transformada de Fourier para f é dada por
1 ω2
F(ω ) = F [ f ](ω ) = √ · e − /4 a.”
2a

Assim, segue-se desta proposição que


 2
 1 ω2
F e −a y = √ · e − /4 a,
2a
de modo que, para a = 1/2, encontra-se
 
y2 ω2
(6.2) F e − /2 = e − /2.

Substituindo (6.2) em (6.1), obtém-se


Z ∞ Z ∞
ω 2/2
(6.3) F(ω ) d ω − f (0) e− d ω = 0.
−∞ −∞

É possı́vel demonstrar o seguinte resultado:

Z ∞ r
−a x2 π
e dx = ·
−∞ a

38
Então, segue-se deste resultado que
Z ∞ r √
−a ω 2 π π
e dω = =√ ·
−∞ a a

Fazendo a = 1/2, obtém-se



Z ∞
−ω 2/2 π √ √ √
e d ω = p = 2 · π = 2π .
−∞ 1/2

Substituindo este último valor em (6.3), encontra-se


Z ∞ √ √ Z ∞
F(ω ) d ω − f (0) · 2π = 0 ⇒ 2π · f (0) = F(ω ) d ω ,
−∞ −∞

ou seja, Z ∞
1
f (0) = √ F(ω ) d ω ,
2π −∞
que é o resultado afirmado.

Proposição 6.1 (fórmula de inversão): Se f ∈ S, então


Z ∞
1
(6.4) f (x) = √ e i ω x F(ω ) d ω .
2π −∞

D EMONSTRAÇ ÃO : Seja h : R → R definida por

h(y) = hx(y) = g(y + x)


y2/2
= f (y + x) − f (x) e − .

Note-se que h ∈ S(R). De fato, basta observar que h é a translação da função g dada no
lema 6.3 e que pertence a S(R); conclui-se daı́ que h ∈ S(R).
Então, pelo lema 6.3, tem-se
Z ∞
1
h(0) = √ H(ω ) d ω .
2π −∞

Observe agora que

h(0) = f (0 + x) − f (x) e0 = f (x) − f (x) = 0.

Assim, pelo lema 6.2, segue-se que


Z ∞
H(ω ) d ω = 0.
−∞

39
Portanto,
Z ∞ Z ∞ Z ∞ 
1 −i ω y
0= H(ω ) d ω = √ e h(y) dy d ω
−∞ −∞ 2π −∞
Z ∞ Z ∞  
1 −i ω y

−y2/2
= √ e f (y + x) − f (x) e dy d ω
−∞ 2π −∞
Z ∞ Z ∞ 
1 −i ω y
= √ e f (y + x) dy d ω −
−∞ 2π −∞
Z ∞ Z ∞ 
1 −i ω y −y2/2
− f (x) √ e e dy d ω
−∞ 2π −∞
Z ∞ Z ∞  
y2
(6.5) = F [ f (y + x)] d ω − f (x) F e − /2 d ω .
−∞ −∞

Pela proposição 4.3, item (a), tem-se

F [ f (y − α )] = e −i ω α F(ω ),

que, para α = −x, resulta em

(6.6) F [ f (y + x)] = e i ω x F(ω ).

Novamente usa-se a proposição


2
“Seja f : R → R uma função definida por f (x) = e −a x , para a > 0. Então, a
transformada de Fourier para f é dada por
1 ω2
F(ω ) = F [ f ](ω ) = √ · e − /4 a.”
2a

para concluir que


 2
 1 ω2
F e −a y = √ · e − /4a,
2a
de modo que, para a = 1/2, encontra-se
 2 
ω2
F e − /2 = e − /2.
y
(6.7)

Substituindo (6.6) e (6.7) na expressão em (6.5), tem-se que a mesma pode ser escrita
como
Z ∞ Z ∞
ω 2/2
(6.8) e i ω x F(ω ) d ω − f (x) e− d ω = 0.
−∞ −∞

Novamente se usa um resultado citado,

Z ∞ r
−a x2 π
e dx = ·
−∞ a

40
para concluir que r √
Z ∞
−a ω 2 π π
e dω = =√ ·
−∞ a a
Fazendo a = 1/2, obtém-se
√ √
Z ∞
−ω 2/2 π π √ √ √
e d ω = p = √ = 2 · π = 2π .
−∞ 1/2 1/ 2

Substituindo este último valor em (6.8), tem-se


Z ∞ √
e i ω x F(ω ) d ω − f (x) 2π = 0,
−∞

ou seja, Z ∞
1
f (x) = √ e i ω x F(ω ) d ω ,
2π −∞
que é a fórmula de inversão.

Corolário 6.1 (simetria): Seja f : R → C uma função de S(R) e F(ω ) = F [ f (x)] a sua
transformada de Fourier. Então,

F [F(x)] = f (−ω ).

D EMONSTRAÇ ÃO : Pela fórmula de inversão (6.4), tem-se que


Z ∞
1
f (x) = √ e i ω x F(ω ) d ω .
2π −∞

Fazendo a mudança de variáveis x 7→ −x na expressão acima, encontra-se


Z ∞
1
f (−x) = √ e −i ω x F(ω ) d ω .
2π −∞

Agora permuta-se x e ω na última expressão para encontrar


Z ∞
1
f (−ω ) = √ e −i ω xF(x) dx = F [F(x)].
2π −∞

Teorema 6.1 (inversa de Fourier): Sejam f : R → C uma função de S(R) e F(ω ) =


F [ f ](ω ) a sua transformada de Fourier. Então, a transformada de Fourier F é uma bijeção
linear de S em si mesmo. Além disso, a transformada inversa de Fourier é dada por
Z ∞
1
(6.9) F −1[ f ](ω )] = √ e i ω x f (ω ) d ω ,
2π −∞

para todo x ∈ R e f ∈ S(R).

41
D EMONSTRAÇ ÃO : Pela proposição 4.1 e 5.8, tem-se que F : S → S é um operador
linear. Da fórmula de inversão (6.4), tem-se que F é um operador injetivo, pois

F [ f ](ω ) = F [ f (x)] = 0 ⇒ F(ω ) ≡ 0.

E isto implica em Z ∞
1
f (x) = √ e i ω x F(ω ) d ω = 0,
2π −∞
para todo x ∈ R.
Falta apenas mostrar que F é sobrejetivo (pois, neste caso, as fórmulas (6.4) e (6.9) são
equivalentes). De fato, dado f ∈ S,
Z ∞
1
g(x) = √ e i ω x f (ω ) d ω
2π −∞
Z ∞
1
=√ e −i ω (−x) f (ω ) d ω
2π −∞

(6.10) = F [ f (−x)] = F(−x)

pertence a S (pois F ∈ S e, se h ∈ S, então x 7→ h(−x) também pertence a S).


Pela fórmula de inversão (6.4),
Z ∞
1
f (x) = √ e i ω x F(ω ) d ω .
2π −∞

Permutando x e ω na expressão acima, encontra-se


Z ∞
1
f (ω ) = √ e i ω x F(x) dx.
2π −∞

Observe-se que na expressão (6.10), a mudança x 7→ −x resulta em

g(x) = F(−x) ⇒ g(−x) = F(x).

Assim,
Z ∞ Z ∞
1 1
f (ω ) = √ e i ω x F(x) dx = √ e i ω x g(−x) dx
2π −∞ 2π −∞
Z −∞
1
=√ − e −i ω y g(y) dy
2π ∞
Z ∞
1
(6.11) =√ e −i ω y g(y) dy = G(ω ),
2π −∞

onde se fez a mudança de variáveis y = −x nos últimos passos acima.


Portanto f (ω ) = G(ω ).

42
Observação 6.1: Das expressões (6.10) e (6.11), segue-se que

F [F [g(x)]] = F [G(ω )] = F [ f (ω )] = g(−x).

A expressão acima vale para toda g ∈ S. Portanto, a transformada de Fourier F : S → S


tem a propriedade que F ◦ F = F 2 = J, onde J : S → S é definido por

J[ f ](x) = f (−x), x ∈ R.

Em particular, como J 2 é a identidade I : S → S, tem-se que

F 4 = I.

A identidade acima significa, em particular, que as raı́zes quarta da unidade, ±i, ±1, são
auto-valores do operador F . As funções de Hermite

x2/2 d n  −x2 
hn(x) = e · e ,
dxn
n ≥ 0 inteiro, são auto-funções, pois

F [hn(x)] = Hn (ω ) = (−i)n hn (x).

Observe-se que
x2/2 x2/2
h0 (x) = e − e hn(x) = pn(x) e − ,

para n ∈ N, onde pn(x) é um polinômio de grau n. Logo, hn ∈ S para todo n ≥ 0 inteiro.

7 Produto de convolução

Definição 7.1: Sejam f , g ∈ S(R). Define-se o produto de convolução entre as funções f


e g pela expressão Z ∞
( f ∗ g)(x) = f (x − y) g(y) dy.
−∞

Como f ∈ S(R) na definição acima, então ela é limitada. Isto segue-se da equivalência
da definição de função de decrescimento rápido que foi visto na proposição 5.3. De fato,

m (n)
x f (x) ≤ M(m, n),

quaisquer que sejam os inteiros m, n ≥ 0.

43
Assim, para m = 0 e n = 0, tem-se que | f (x)| ≤ M(m, n) = M, mostrando que f é limitada.
Portanto, tomando como K = max | f (x)|, pode-se fazer a seguinte estimativa:
Z ∞ Z ∞

|( f ∗ g)(x)| =
f (x − y) g(y) dy ≤ | f (x − y) g(y)| dy
−∞ −∞
Z ∞ Z ∞
= | f (x − y)| |g(y)| dy ≤ K |g(y)| dy.
−∞ −∞

Porém, como g ∈ S(R), segue-se da proposição 5.4 que g ∈ L1(R). Portanto a última
integral na estimativa acima é convergente. Isto mostra que a integral que na definição do
produto de convolução é convergente. Em outras palavras: se f , g ∈ S(R), então o produto
de convolução está bem definido.

Lema 7.1: Sejam f , g ∈ S(R). Então, f ∗ g ∈ C∞ (R). Além disso, vale

dn
Z ∞
(7.1) ( f ∗ g)(x) = f (n)(x − y) g(y) dy.
dxn −∞

D EMONSTRAÇ ÃO : A regra de Leibniz diz que é possı́vel derivar sob o sinal de integração
quando o integrando é contı́nuo e tem derivada parcial primeira também contı́nua. Desta ma-
neira, como f , g ∈ S(R), então é possı́vel aplicar esta regra e derivar sob o sinal de integração
diretamente. Tem-se:

dn dn
Z ∞ Z ∞ n
d
( f ∗ g)(x) = f (x − y) g(y) dy = f (x − y) g(y) dy
dxn dxn −∞ −∞ dxn
Z ∞
= f (n) (x − y) g(y) dy.
−∞

Cabe observar que a operação realizada acima faz sentido, pois a convergência da integral

é uniforme em −∞ < x < ∞. Isto pode ser compreendido assim: sendo K = sup f (n)(x) ,

tem-se que
(n)
f (x − y) g(y) ≤ K | g(y)| .

Lema 7.2: Sejam f , g ∈ S(R) e m ≥ 0 inteiro. Então,


m  h
m m i h i
(7.2) x ( f ∗ g)(x) = ∑ xk f (x) ∗ xm−k g(x) .
k=0
k

D EMONSTRAÇ ÃO : Para m e k inteiros não negativos, tem-se a seguinte notação para
combinação.  
m m!
= ·
k (m − k)! k!

44
O teorema binomial assegura que
     
m m m 0 m m−1 m m−2 2
(a + b) = a b + a b+ a b +···
0 1 2
   
m m−k k m 0 m
···+ a b + ···+ a b
k m
m   m  
m m−k k m k m−k
=∑ a b =∑ a b ,
k=0 k k=0 k

pois (a + b)m = (b + a)m .


Como x = (x − y) + y, fazendo a = x − y e b = y na fórmula do binômio, obtém-se
xm = (x − y)m
     
m m 0 m m
= (x − y) y + (x − y) m−1
y+ (x − y)m−2 y2 + · · ·
0 1 2
   
m m
···+ (x − y)xm−k k
y + ···+ (x − y)0 ym
k m
m   m  
m m−k k m
=∑ x y =∑ (x − y)k ym−k .
k=0 k k=0 k
Como   m
m m
x =∑ (x − y)k ym−k ,
k=0 k
segue-se que
Z ∞ Z ∞
m m
x ( f ∗ g)(x) = x f (x − y) g(y) dy = xm f (x − y) g(y) dy
−∞ −∞
" #
Z ∞ m
 
m
= ∑ (x − y)k ym−k f (x − y) g(y) dy
−∞ k=0 k
Z ∞ m  h
m k
ih
m−k
i
= ∑
−∞ k=0 k
(x − y) f (x − y) y g(y) dy

m  Z ∞ h
m ih i
=∑ (x − y)k f (x − y) ym−k g(y) dy
k=0 k −∞

m  
m h k i h
m−k
i
=∑ x f (x) ∗ x g(x) .
k=0 k
Mostrou-se, portanto, que
m
 h
m m i h i
x ( f ∗ g)(x) = ∑ xk f (x) ∗ xm−k g(x) ,
k=0 k
que é o resultado desejado.

45
Proposição 7.1: Sejam f , g ∈ S(R). Então, ( f ∗ g) ∈ S(R).

D EMONSTRAÇ ÃO : Deve-se demonstrar que


dn
xm ( f ∗ g)(x)
dxn
é limitada.
Pelo lema 7.1, tem-se que
dn
Z ∞
( f ∗ g)(x) = f (n) (x − y) g(y) dy
dxn −∞

e pelo lema 7.2, tem-se que


m
 h
m m i h i
x ( f ∗ g)(x) = ∑ xk f (x) ∗ xm−k g(x) .
k=0
k

Assim,
dn
Z ∞ Z ∞
(n)
xm
( f ∗ g)(x) = xm f g(y) dy = xm f (n) g(y) dy
dxn −∞ −∞
m
 Z ∞ h
m k (n)
ih
m−k
i
=∑ (x − y) f (x − y) y g(y) dy
k=0 k −∞

m  h
m i h i
=∑ xk f (n)(x) ∗ xm−k g(x) .
k=0 k

Note-se que alguns passos que poderiam ser dados acima foram omitidos, pois eles são
do mesmo tipo daqueles usados na demonstração do lema 7.2.
Como cada uma das funções que aparecem no somatório (finito!) acima pertence ao
espaço S(R), segue-se que o primeiro membro também pertence a S(R). E isto demonstra
que ( f ∗ g) ∈ S(R).

Teorema 7.1: Sejam f , g ∈ S(R). Então,



F [ f ∗ g](ω ) = 2π F [ f ](ω ) F [g](ω ).

D EMONSTRAÇ ÃO : Como f , g ∈ S(R), então a proposição 7.1 garante que ( f ∗g) ∈ S(R).
Então a transformada de Fourier da função f ∗ g faz sentido e está bem definida. Assim,

Z ∞ Z ∞

1 −i ω x
F [ f ∗ g](ω ) = √ e f (y) g(x − y) dy dx = (Fubini)
2π −∞ −∞
Z ∞ Z ∞

1 −i ω x
=√ f (y) e g(x − y) dx dy.
2π −∞ −∞

46
Fazendo z = x − y, de modo que dz = dx, obtém-se

Z ∞ Z ∞

1 −i ω (y+z)
F [ f ∗ g](ω ) = √ f (y) e g(z) dz dy
2π −∞ −∞
Z ∞ Z ∞

1 −i ω y −i ω z
=√ f (y) e e g(z) dz dy
2π −∞ −∞
Z ∞ Z ∞

1 −i ω y −i ω z
=√ f (y) e e g(z) dz dy
2π −∞ −∞
∞ ∞
Z  Z 
1 −i ω y −i ω z
=√ e f (y) dy e g(z) dz
2π −∞ −∞

1 h√  √ i
=√ 2π F(ω ) 2π G(ω )


= 2π F [ f ](ω ) · F [g](ω ).

O estudo do produto de convolução para funções de L1(R) é delicado: se f , g ∈ L1(R),


então, em geral, não é verdade que o produto f g pertença a L1(R). Isto se deve a limitação
existente na integral de Riemann. Veja-se as observações 3.3 e 3.4. Assim sendo, o produto
de convolução de duas funções de L1 (R) pode não pertencer a este espaço. Para garantir
que ( f ∗ g) ∈ L1(R) é necessário usar hipóteses mais fortes.
Sejam f , g ∈ L1(R) com f contı́nua e limitada em R. Então a função y 7→ f (x − y) g(y)
pertence a L1 (R) para cada x ∈ R fixado. Além disso, é possı́vel mostrar que f ∗ g é uma
função contı́nua e limitada. Com estas hipóteses é possı́vel dizer que ( f ∗ g) ∈ L1(R).

Proposição 7.2: Sejam f , g ∈ L1(R), onde f é contı́nua e limitada em R. Então f ∗ g será


uma função contı́nua e limitada e tal que ( f ∗ g) ∈ L1 (R). Além disso, vale a desigualde:
Z ∞ Z ∞  Z ∞ 
|( f ∗ g)(x)| dx ≤ | f (x)| dx | g(y)| dy .
−∞ −∞ −∞

D EMONSTRAÇ ÃO : De fato,


Z ∞ Z ∞ Z ∞

|( f ∗ g)(x)| dx = f (x − y) g(y) dy dx
−∞ −∞
−∞
Z ∞ Z ∞ 
≤ | f (x − y) g(y)| dy dx
−∞ −∞
Z ∞ Z ∞ 
= | f (x − y)| | g(y)| dy dx = (Fubini)
−∞ −∞

47
Z ∞ Z ∞

= | g(y)| | f (x − y)| dx dy
−∞ −∞
∞ ∞
Z  Z 
= | f (x)| dx | g(y)| dy .
−∞ −∞

Observa-se que em um dos passos acima foi usada a mudança de variáveis z = x − y.


Tem-se que dz = dx. Assim,
Z ∞ Z ∞
| f (x − y)| dx = | f (z)| dz.
−∞ −∞

Como a variável de integração é “muda”, manteve-se y ao invés de z, o que não muda o


resultado.

Teorema 7.2: Sejam f , g ∈ L1(R), onde f é contı́nua e limitada em R. Então,



F [ f ∗ g](ω ) = 2π F [ f ](ω ) F [g](ω ).

D EMONSTRAÇ ÃO : Com as hipóteses dadas, segue-se da proposição 7.2 que ( f ∗ g) ∈


L1 (R). Então é possı́vel calcular sua transformada de Fourier. Tem-se:

Z ∞ Z ∞

1 −i ω x
F [ f ∗ g](ω ) = √ e f (y) g(x − y) dy dx
2π ∞ −∞
Z ∞ Z ∞ 
1 −i ω x
=√ e f (y) g(x − y) dy dx = (Fubini)
2π ∞ −∞
Z ∞ Z ∞ 
1 −i ω x
=√ e f (y) g(x − y) dx dy
2π ∞ −∞
Z ∞ Z ∞

1 −i ω x
=√ f (y) e g(x − y) dx dy.
2π −∞ −∞

Fazendo z = x − y, de modo que dz = dx, obtém-se

Z ∞ Z ∞

1 −i ω (y+z)
F [ f ∗ g](ω ) = √ f (y) e g(z) dz dy
2π −∞ −∞
Z ∞ Z ∞

1 −i ω y −i ω z
=√ f (y) e e g(z) dz dy
2π −∞ −∞
Z ∞ Z ∞

1 −i ω y −i ω z
=√ e f (y) e g(z) dz dy
2π −∞ −∞
∞ ∞
Z  Z 
1 −i ω y −i ω z
=√ e f (y) dy e g(z) dz
2π −∞ −∞

48
1 √  √ 
=√ 2π F [ f (x)] 2π F [g(x)]


= 2π F [ f ](ω ) F [g](ω ),
que é o resultado desejado.

Observação 7.1: Em alguns resultados anteriores usou-se o teorema de Fubini para a


inversão na ordem das integrais iteradas. Porém é preciso ter cautela, pois nem sempre
é possı́vel usar este teorema. Por exemplo, considere-se a função f : (0, 1) × (0, 1) → R
definida por
x2 − y2
f (x, y) = 2
·
( x2 + y2)
Agora calcula-se a integral iterada, primeiro na variável y e depois na variável x. Tem-se:
Z 1 2
x − y2
Z 1Z 1 Z 1 Z 1  
f (x, y) dy dx = f (x, y) dy dx = dy dx
0 0 0 0 0 (x2 + y2 )
!
y 1
Z 1 Z 1    Z 1
∂ y
= 2 2
dy dx = dx
0 0 ∂y x +y 0 x2 + y2 0
Z 1 1
dx
= = arctg x = arctg 1 − arctg 0

1+x 2 0
0
π
= ·
4
Agora procede-se da mesma maneira, porém invertendo a ordem de integração. Tem-se
Z 1 2
x − y2
Z 1Z 1 Z 1 Z 1  
f (x, y) dx dy = f (x, y) dx dy = dx dy
0 0 0 0 0 (x2 + y2 )
!
−x 1
Z 1 Z 1    Z 1
∂ −x
= 2 2
dx dy = dy
0 0 ∂y x +y 0 x2 + y2 0
Z 1 1
dy
=− = − arctg x = arctg 0 − arctg 1

1+y 2 0
0
π
=− ·
4
A diferença dos valores obtidos para as duas integrais iteradas se deve ao fato de a função
f não pertencer ao espaço L1(R). Na verdade ela não é absolutamente integrável. Para ver
isto, observe-se que
!
−x 1
Z x 2
x − y2
Z x Z x   Z 1
∂ y
f (x, y) dy = 2
dy = 2 2
dy = dy
0 0 ( x2 + y2 ) 0 ∂y x +y 0 x2 + y2 0

y x

x 0 1
= 2 2
= 2 2
− 2 2
= ·
x +y 0 x +x
x +0 2x

49
Assim, para 0 < x < 1, tem-se
Z Z Z 1
1 1 x x
= = f (x, y) dy ≤
| f (x, y)| dy ≤ | f (x, y)| dy,
2x |2x| 0 0 0

ou seja,
Z 1
1
| f (x, y)| dy ≥ ·
0 2x
Portanto,
Z 1Z 1 Z 1 Z 1  1
dx
Z
| f (x, y)| dydx = | f (x, y)| dy dx ≥
0 0 0 0 0 2x
Z 1  1 
1 dx 1
= lim = lim ln x

2 a→0 a x 2 a→0 a

1 1
= lim (ln 1 − ln a) = − lim ln a = +∞.
2 a→0 2 a→0

Isto mostra que o valor absoluto de f não é integrável no quadrado (0, 1) × (0, 1). É por
isso que o teorema de Fubini não pode ser aplicado, pois o mesmo exige a integrabilidade
absoluta da função como hipótese.

8 O teorema de Plancherel

Diz-se que uma função f : R → C será de quadrado integrável se as partes real e ima-
ginária de f (isto é, Re f e Im f ) e | f |2 forem funções integráveis em R. Observa-se que a
integral aqui mencionada é no sentido de Riemann.
O conjunto das funções quadrado integrável em R é denotado por L2(R) ou simples-
mente por L2 , quando não houver dúvida.
Observa-se que por serem funções definidas em todo R, uma função pode pertencer a L2
sem que pertença a L1 . Isto pode ser visto no exemplo a seguir.

Exemplo 8.1: Seja f : R → R definida por



 0, para − ∞ < x ≤ 1,
f (x) =
 1/x, para x > 1.

Tem-se que f ∈ L2 (R), mas que f 6∈ L1(R).

50
S OLUÇ ÃO : Observa-se inicialmente que

 0, para − ∞ < x ≤ 1,
| f (x)|2 =
 1/x2, para x > 1.

Assim,
Z ∞ Z 1 Z ∞
2 2
| f (x)| dx = | f (x)| dx + | f (x)|2 dx
−∞ −∞ 1
Z 1 Z ∞
1
= 0 dx + dx
−∞ 1 x2
1 a
Z a    
−2 1
= lim x dx = lim − = lim 1 −
a→∞ 1 a→∞ x 1 a→∞ a
1
= 1 − lim = 1.
a→∞ a
Isto mostra que f ∈ L2(R).

Por outro lado, para a função f , tem-se


Z ∞ Z 1 Z ∞
| f (x)| dx = | f (x)| dx + | f (x)| dx
−∞ −∞ 1
Z 1 Z ∞
1
= 0 dx + dx
−∞ 1 x
Z a a 
dx 
= lim = lim ln x = lim (ln a − ln 1)

a→∞ 1 x a→∞ 1 a→∞

= lim (ln a − 0) = lim ln a = +∞.


a→∞ a→∞

Agora observa-se que não existe lim ln a, pois a função logarı́tmo é crescente, de ma-
a→∞
neira tal que lim ln a = +∞. Isto mostra que a integral de | f | é divergente.
a→∞
Portanto, este exemplo mostrou que existe f : R → R tal que f ∈ L2(R), mas de tal
modo que f 6∈ L1(R).

Proposição 8.1: Toda função do espaço de Schwarz S(R) pertence ao espaço L2(R).

D EMONSTRAÇ ÃO : Dada uma função f ∈ S, a proposição 5.1 afirma que f ∈ L1 , ou seja,
que Re ( f ) e Im ( f ) são integráveis. Em seguida, usando a desigualdade (5.2),

m (n)
x f (x) ≤ M(m, n)

com m = 1 e n = 0, obtém-se
M(1, 0) [M(1, 0)]2
|x f (x)| ≤ M(1, 0) ⇒ | f (x)| ≤ ⇒ | f (x)|2 ≤ ·
|x| x2

51
Assim,

[M(1, 0)]2
Z Z Z
2
| f (x)| dx ≤ dx = [M(1, 0)]2 x−2 dx
|x |≥1 |x |≥1 x2 |x |≥1
Z −1 Z ∞
−2
= [M(1, 0)] 2
x dx + [M(1, 0)] 2
x−2 dx
−∞ 1
 Z −1 Z b 
2 −2 −2
= [M(1, 0)] lim x dx + lim x dx
a→−∞ a b→∞ 1
"
−1! b!#
1 1
= [M(1, 0)]2 lim −

+ lim −
a→−∞ x a b→∞ x 1
    
2 1 1
= [M(1, 0)] lim + 1 + lim 1 −
a→−∞ a b→∞ b
    
1 1
= [M(1, 0)]2 lim + 1 + 1 − lim
a→−∞ a b→∞ b

(8.1) = 2[M(1, 0)]2 ,

pois    
1 1
lim = 0 = lim ·
a→−∞ a b→∞ b

Além disso, por ser f ∈ S(R), segue-se que f ∈ C∞ (R). Em particular é contı́nua no
intervalo (−1, 1) e, portanto, integrável. Assim,
Z
(8.2) | f (x)|2 dx < ∞.
|x |<1

Portanto,
Z ∞ Z Z
2 2
| f (x)| dx = | f (x)| dx + | f (x)|2 dx
−∞ |x |<1 |x |≥1
Z
= | f (x)|2 dx + 2M(1, 0) < ∞,
|x |<1

mostrando que f ∈ L2 (R).

Teorema 8.1 (Plancherel-Parseval): Dadas f , g ∈ S(R), tem-se que


Z ∞ Z ∞
(8.3) f (x) g(x) dx = F(ω ) G(ω ) d ω
−∞ −∞
Z ∞ Z ∞
2
(8.4) | f (x)| dx = |F(ω )|2 d ω .
−∞ −∞

52
D EMONSTRAÇ ÃO : Tem-se
Z ∞ Z ∞ Z ∞

1
F(ω ) G(ω ) d ω = √ F(ω ) e −i ω x g(x) dx dω
−∞ 2π −∞ −∞
Z ∞ Z ∞

1 −i ω x
=√ F(ω ) e g(x) dx d ω
2π −∞ −∞
Z ∞ Z ∞

1 −i ω x
(8.5) =√ g(x) e F(ω ) d ω dx,
2π −∞ −∞

onde aplicou-se o teorema de Fubini no último passo acima.


Mas pelo teorema 6.1, sobre a transformada inversa de Fourier, tem-se que
Z ∞
1
f (x) = √ e i ω x F(ω ) d ω .
2π −∞

Assim, a integral que se encontra entre parênteses no segundo membro de (8.5) é igual a

2π f (x). Substituindo este valor em (8.5), conclui-se que
Z ∞ Z ∞ Z ∞
F(ω ) G(ω ) d ω = g(x) f (x) dx = f (x) g(x) dx
−∞ −∞ −∞

o que mostra (8.3).

A igualdade (8.4) é um caso particular de (8.3). De fato, basta considerar f , g : R → R


tais que g(x) = f (x) e observar que g(x) = g(x). Portanto, segue-se imediatamente que
Z ∞ Z ∞
2
| f (x)| dx = |F(ω )|2 d ω ,
−∞ −∞

que é (8.4).

Observação 8.1: Na seção 5 foi comentado que S é um espaço vetorial sobre C. Assim,
é possı́vel mostrar que a expressão
Z ∞
1/2
2
k f k2 = | f (x)| dx
−∞

define uma norma em S.


Desta forma, a identidade (8.4) diz que a transformda de Fourier F é uma isometria em
S, isto é, se f , g ∈ S, então

k F [ f ] − F [g] k2 = k f − gk2,

ou ainda,
kF(ω ) − G(ω )k2 = k f (x) − g(x)k 2 .

53
Observação 8.2 (transformada de Fourier em L2 ): O espaço L2 é o espaço das funções
f : R → C, cujo quadrado da norma | f |2 é integrável Lebesgue em R. Toda função de L2
pertence ao espaço L2 , isto é, L2 ⊂ L2 , mas a recı́proca é falsa.
Pode-se demonstrar que o L2 é um espaço de Banach quando munido da norma
Z ∞
1/2
2
k f k2 = | f (x)| dx ,
−∞

onde a integral é a de Lebesgue.


Também é possı́vel demonstrar que S é um subespaço denso em L2 , ou seja, que dados
f ∈ L2 e ε > 0, existe ϕ ∈ S tal que k f − ϕ k < ε .
Como a aplicação F : S → S é uma isometria na norma k k2, ela pode ser estendida,
por continuidade L2 . Assim, cada função f ∈ L2 terá uma transformada de Fourier em L2 .

D ETALHAMENTO (sobre esta extensão, para os leitores não habituados com estas ideias):
dada f ∈ L2 , tome ϕn ∈ S tal que kϕn − f k2 → 0, quando n → ∞. Como kϕn − ϕm k2 → 0,
quando m, n → ∞, conclui-se que kF [ϕn] − F [ϕm]k → 0, em virtude do teorema 8.1 de
Plancherel-Parseval. Como L2 é completo, existe F ∈ L2 tal que k F − F [ϕn] k2 → 0. Essa
F é a transformada de Fourier de f .

54
Tabela

Transformadas de Fourier elementares

N.o f (x) = F −1[F(ω )] F(ω ) = F [ f (x)]


Z ∞
1
Def. f (x) √ e−i ω x f (x) dx
2π −∞

 1, 0 ≤ x < a, 1 1 − e −ia ω
1. χ[0,a] (x) = √ ·
 0, caso contrário. 2π iω

−ax
 0, se x < 0, 1 1
2. e u0 (x) = √ · , a>0
 e −ax, se x ≥ 0. 2π a + i ω
2 a
3. e − a |x | , para a > 0 √ · 2
2π ω + a2
2 1 2
4. e −ax , para a > 0 √ · e − ω /4 a
2a
1 ω 
5. f (ax), para a 6= 0 F
|a| a

6. x f (x) i F 0 (ω )

7. f 0 (x) i ω F(ω )
Z x
F(ω )
8. f (t) dt
0 iω

9. f (x − a) e − ia ω F(ω )

10. e iax f (x) F (ω − a)

11. F(x) f (−ω )


Z ∞ √
12. ( f ∗ g)(x) = f (x − y) g(y) dy 2π [F (ω ) · G (ω )]
−∞

O BS .: na fórmula (11) acima, deve-se entender: a expressão F(x) é usada para denotar a
transformada de Fourier, F(ω ), onde se permuta a variável ω em sua fórmula pela variável
x. Já na segunda coluna, a expressão f (−ω ) significa que é a função original, f (x), onde é
trocado de papéis x por − ω . Isto segue-se da fórmula de inversão.

55
Exercı́cios

E XERC ÍCIO 1: Calcule as transformadas de Fourier das funções abaixo:

(a) f (x) = e −a |x | , a > 0.


2
(b) f (x) = e −a x , a > 0.
(c) f (x) = e −a |x | cos(α x), a > 0, α ∈ R.
2
(d) f (x) = e −a x sen (α x), a > 0, α ∈ R.

 1 − | x − 2| , se | x − 2| ≤ 1,
(e) f (x) =
 0, se | x − 2| > 1.

2
E XERC ÍCIO 2: Seja f (x) = e ix = cos x2 + i sen x2 .

(a) Mostre que f satisfaz a equação diferencial f 0 (x) − 2 i x f (x) = 0.


(b) Aplique a transformada de Fourier na equação diferencial do item (a) para obter
ω
F [ f 0 ](ω ) − F [ f ](ω ) = 0.
2i
(c) Resolva a equação diferencial do item (b) e encontre que
−i ω 2/4
F(ω ) = F(0) e .

(d) Usado o fato


Z ∞ Z ∞
1 1 2 1 i
F(0) = √ f (x) dx = √ e ix dx = + ,
2π −∞ 2π −∞ 2 2
mostre que   2   2 
1 ω −π ω +π
F(ω ) = √ cos + i cos ·
2 4 4
(e) Use o item (d) para mostrar que
 2 
2
 1 ω −π
F cos x (ω ) = √ cos ,
2 4
 2 
2
 1 ω +π
F sen x (ω ) = √ cos ·
2 4
(f) Usando o item (e), encontre F cos(a x2 ) (ω ) e F sen (a x2 ) (ω ), para a > 0.
   

E XERC ÍCIO 3: Determine as funções f : R → C cujas transformadas de Fourier são


dadas por:

56
1
(a) F(ω ) = ·
(2 + i ω )(3 + i ω )
1
(b) F(ω ) = ·
(1 + i ω )2

(c) F(ω ) = ·
1 + ω2
1
(d) F(ω ) = 2 ·
ω +ω +1

E XERC ÍCIO 4: Usando convolução, determine as funções f : R → C cujas transformadas


de Fourier são dadas por:
1
(a) F(ω ) = ·
(2 + i ω )(3 + iω )
1
(b) F(ω ) = ·
(1 + i ω )2
1
(c) F(ω ) = ·
4 + 2 i ω − ω2

E XERC ÍCIO 5: Resolva a equação


Z ∞
f (y) 1
2
dy = 2 ·
−∞ (x − y) + 4 x +9

E XERC ÍCIO 6: Determine a função f (x) cuja transformada de Fourier é f (ω ).

E XERC ÍCIO 7: Mostre que a transformada de Fourier F(ω ) será uma função real quando,
e apenas quando, f (x) for par, isto é, f (x) = f (−x).

E XERC ÍCIO 8: Seja f : R → R uma função de classe C1 (R), com f , f 0 ∈ L1(R). Supo-
nha que f (x) → 0 quando | x | → ∞. Mostre que

F [ f 0 ](ω ) = i ω F [ f ](ω ).

57
9 Soluções dos exercı́cios

Exercı́cio 1:

(1-a) Usando a definição de transformada de Fourier, obtém-se


Z ∞ Z ∞
1 1
F(ω ) = F [ f ](ω ) = √ e −i ω x f (x) dx = √ e −a|x | e −i ω x dx
2π −∞ 2π −∞
Z 0 Z ∞
1 1
=√ e a x e −i ω x dx + √ e −a x e −i ω x dx
2π −∞ 2π 0

1
Z 0
1 β Z
(a−i ω ) x
=√ lim e dx + √ lim e −(a+i ω ) x dx
2π α →∞ −α 2π β →∞ 0
0 β
1 1 (a−i ω ) x
1 1 −(a+i ω ) x

=√ lim e −√ lim e
2π α →∞ a − i ω
−α 2π β →∞ a + i ω
0

1 1 h
0 −(a−i ω ) α
i 1 1 h
−(a+i ω ) β 0
i
=√ · lim e − e −√ · lim e −e
2π a − i ω α →∞ 2π a + i ω β →∞
 
1 1 1 1 1 1 1
=√ · +√ · =√ +
2π a − i ω 2π a + i ω 2π a − i ω a + i ω
1 2a
=√ ·
2π (a − i ω )(a + i ω )
2 a
=√ · 2 ·
2π a + ω 2
Portanto, a transformada de Fourier para a função f (x) é

2 a
F(ω ) = √ · 2 ·
2π ω + a2

2
(1-b) Inicialmente, deriva-se a função dada f (x) = e −a x , obtendo
2
f 0 (x) = −2ax e−a x ⇒ f 0 (x) = −2ax f (x).

Note-se que uma EDO em f foi formada. Aplica-se a transformada de Fourier em ambos
os membros desta equação. Assim,

F f 0 (x) = F [−2ax f (x)] = −2aF [ x f (x)] .


 

Pelas fórmulas nas linhas 6 e 7 da tabela, tem-se que

F [ x f (x)] = i F 0 (ω ) F f 0 (x) = i ω F(ω ),


 
e

58
que aplicadas à equação acima resulta em

i ω F(ω ) = −2a i F 0 (ω )

Em seguida, multiplica-se a última equação obtida pelo fator de integração


R
ω ω 2/4 a
µ (x) = e 2a d ω =e .

Isto permite que a equação seja reescrita na seguinte forma:


d h ω 2/4 a i
e F(ω ) = 0.

Após integração direta em relação a variável ω , obtém-se
ω 2/4 a ω 2/4 a
e F(ω ) = K ⇒ F(ω ) = K e − .

Agora observe que


F(0) = K e 0 = 0,
de modo que
ω 2/4 a
(9.1) F(ω ) = F(0) · e − .

Portanto a transformada de Fourier de f (x) estará completamente determinada ao encontrar-


se o valor de F(0). Fazendo ω = 0 na definição da transformada de Fourier para a f (x) dada,
tem-se:
Z ∞ Z ∞
1 −i.0.x −a x2 1 2
(9.2) F(0) = √ e e dx = √ e −a x dx
2π −∞ 2π −∞

Faça
Z ∞
2
2 −a x2
I = e dx .
−∞
Para calcular a integral acima usar-se-á mudança de variáveis em coordenadas polares.
Assim,
x = r cos θ , y = r sen θ , |J| = r,
onde |J| é o módulo do jacobiano e onde 0 ≤ θ ≤ 2π e 0 < r < ∞.
Logo,
Z ∞
2 Z ∞
 Z ∞

2 −a x2 −a x2 −a y2
I = e dx = e dx e dy
−∞ −∞ −∞
Z ∞Z ∞ Z ∞Z ∞
e −a(x ) dx dy
2 2 2 +y2
= e −a x e −a y dx dy =
−∞ −∞ −∞ −∞
Z 2π Z ∞ Z 2π  Z k 
−a r 2 −a r 2
= re dr d θ = lim re dr d θ
0 0 0 k→∞ 0

59
Z 2π Z −a k 2
! Z 2π  Z 0 
1 u 1 u
= − lim e dr d θ = lim e dr d θ
0 2a k→∞ 0 0 2a k→∞ −a k2
Z 2π 
1 2π
 
1 1
Z
= lim 1 − 2 dθ = dθ
0 2a k→∞ e ak 2a 0
π
= ·
a
√ √
Como I 2 = π/a, segue-se que I = π/ a.
Substituindo este valor em (9.2), obtém-se

1 1 π 1
(9.3) F(0) = √ · I = √ · √ = √ ·
2π 2π a 2a
Substituindo este valor de F(0) em (9.1), encontra-se

ω 2/4 a 1 ω2
F(ω ) = F(0) · e − = √ · e − /4 a.
2a
Portanto, mostrou-se que

−ax2
 1 ω2
F e = √ · e − /4 a.
2a

(1-c) Seja f (x) = e −a |x | cos (α x), com a > 0 e α ∈ R. Segue-se fórmula de Euler que

e i α x + e −i α x
cos(α x) = ·
2
Pela definição de transformada de Fourier, tem-se
Z ∞ Z ∞
1 1
F(ω ) = √ e −i ω x f (x) dx = √ e −i ω x e −a |x | cos(α x) dx
2π −∞ 2π −∞

e i α x + e −i α x
Z ∞
1
=√ e −i ω x e −a |x | · dx
2π −∞ 2
Z ∞ Z ∞
1 1
= √ e −i( ω −α )x e −a |x | dx + √ e −i( ω +α )x e −a |x | dx.
2 2π −∞ 2 2π −∞

Agora basta observar que cada uma das integrais acima é uma transformada de Fourier
como no exercı́cio 1-a, porém transladado em uma quantidade ω ± α (veja a fórmula da linha
10 na tabela). Assim, para cada uma das integrais acima, sua transformada (pelo exercı́cio
1-a) é dada por
2 a
√ · 2 ·
2π a + (ω ± α )2
Observando que na frente de cada integral tem um fator multiplicativo 1/2, então deve-se
multiplicar o resultado acima por ele, de modo que resta
1 a
√ · 2 ·
2π a + (ω ± α )2

60
Portanto, a transformada de Fourier para a função f (x) dada é
 
1 a a
F(ω ) = √ + ·
2π a2 + (α + ω )2 a2 + (α − ω )2

(1-d) Este exercı́cio segue a mesma lógica de solução do anterior, apenas usando as ideias
do exercı́cio 1-c, mas adaptando-as com o resultado obtido no exercı́cio 1-b. Deixar-se-á
apenas a resposta final.
i h −(α −ω )2/4a −(α +ω )2/4a
i
F(ω ) = − √ e +e .
2a

(1-e) Seja 
 1 − | x |, se | x | ≤ 1,
g(x) =
 0, se | x | > 1.
Como a função dada é

 1 − | x − 2|, se | x − 2| ≤ 1,
f (x) =
 0, se | x − 2| > 1.

então basta observar que f (x) = g(x − 2).


Pela fórmula da linha 9 da tabela, tomando a = 2, tem-se que

(9.4) F [F(ω )] = F [g(x − 2)] = e −2i ω G(ω ),

onde G(ω ) = F [g(x)].


Por outro lado, no exemplo 4.2 deste texto, mostrou-se que a transformada de Fourier
para a função
 1 − | x |,

se | x | ≤ b,
h(x) = b
0, se | x | > b,

é dada por
2 1 − cos(b ω )
H(ω ) = √ · ·
b 2π ω2
Observe-se que, ao fazer b = 1 em h(x), tem-se que a mesma coincide com g(x). Além
disso, segue-se daı́ que a transformada de Fourier para a função g(x) é igual a transformada
H(ω ), mas também fazendo b = 1. Logo,
2 1 − cos ω
G(ω ) = √ · ,
2π ω2
que levado em (9.4) resulta em
2 1 − cos ω
F(ω ) = e −2i ω · √ · ,
2π ω2

61
ou seja,
2 e −2i ω (1 − cos ω )
F(ω ) = √ · ,
2π ω2
que é a resposta esperada.

Exercı́cio 2:
2
PARTE (a): Como f (x) = e ix = cos x2 + i sen x2 , derivando em relação a x, obtém-se
 

 2
0 ix2 0 ix2
f (x) = 2i x e ⇒ f (x) − 2i x f (x) = 2i x e − 2i x e ix = 0,

ou seja,
f 0 − 2i x f = 0.
PARTE (b): Aplicando a transformada de Fourier em ambos os membros na equação
obtida em (a), obtém-se

F f 0 (x) − 2i x f (x) = F (0) = 0.


 

Agora usa-se a linearidade e as linhas 6 e 7 da tabela para obter

F f 0 (x) − 2i F [ x f (x)] = 0 i ω F(ω ) − 2i F 0 (ω ) = 0,


 

ou ainda,
ω
F 0 (ω ) − F(ω ) = 0.
2i

PARTE (c): Para resolver a EDO obtida em (b), multiplica-se ambos os membros da
equação pelo fator de integração
R −ω
dω ω 2/4i
µ (x) = e 2i = e− .

Assim,
ω 2/4i
h ω i
ω 2/4i ω −ω 2/4i
e− F 0 (ω ) − F(ω ) = 0 ⇒ e− F 0 (ω ) − e F(ω ) = 0,
2i 2i
que pode ser reescrita na forma
d h −ω 2/4i i
e F(ω ) = 0.

Agora integra-se em relação a ω para encontrar a solução geral:
ω 2/4i ω 2/4i
e− F(ω ) = k ⇒ F(ω ) = k e .
02/4i
Como F(0) = k e = k e 0 = k, segue-se que
ω 2/4i
F(ω ) = F(0) e .

62
PARTE (d): Usa-se o dado informado no enunciado
Z ∞ Z ∞
1 1 2 1 i
F(0) = √ f (x) dy = √ e ix dx = + ·
2π −∞ 2π −∞ 2 2
Assim, usando a fórmula de Euler, obtém-se
     2   2 
ω 2/4i 1 i ω 2/4i 1 i ω ω
F(ω ) = F(0) e = + e = + cos − i sen
2 2 2 2 4 4
 2  2  2  2
1 ω i ω i ω 1 ω
= cos − sen + cos + sen
2 4 2 4 2 4 2 4
  2  2    2  2 
1 ω 1 ω 1 ω 1 ω
= cos + sen + i cos − sen
2 4 2 4 2 4 2 4
"√  2 √  2 # "√  2 √  2 #
1 2 ω 2 ω i 2 ω 2 ω
=√ cos + sen +√ cos − sen
2 2 4 2 4 2 2 4 2 4
  2   2 
1 ω π ω π
= √ cos − + i cos + ,
2 4 4 4 4
onde usou-se as fórmulas

cos(a ± b) = cos a · cosb ∓ sen a · sen b.


2
PARTE (e): Tem-se f (x) = e ix = cos x2 + i sen x2 , onde usou-se a fórmula de Euler
 

na segunda igualdade. Assim, pela linearidade da transformada de Fourier, tem-se

F(ω ) = F [ f (x)] = F cos x2 + i F sen x2 .


   
(9.5)

Mas pelo resultado obtido no item (d), tem-se que


  2   2 
1 ω π ω π
(9.6) F(ω ) = √ cos − + i cos + ·
2 4 4 4 4

Além disso, as funções cos x2 e sen x2 são funções pares, de modo que suas trans-
 

formadas de Fourier são funções reais. Logo, as partes real e imaginária, respectivamente,
de (9.5) e (9.6) são iguais. Portanto,
 2   2 
 2
 1 ω π  2
 1 ω π
F cos x = √ cos − e F sen x = √ cos + ·
2 4 4 2 4 4

PARTE (f): Basta mudar x por a x e usar o teorema de dilatação para obter
 2   2 
 2
 1 ω π  2
 1 ω π
F cos ax = √ cos − e F sen ax = √ cos + ·
2a 4a 4 2a 4a 4

63
Exercı́cio 3:

(3-a) Faça
1 A B
F(ω ) = = + ·
(2 + i ω )(3 + i ω ) 2 + i ω 3 + i ω
Assim,

1 = A (3 + i ω ) + B (2 + iω ) ⇒ (3A + 2B) + i ω (A + B) = 1,

que, em virturde da igualdade entre complexos, implica em resolver o sistema


 
 3A + 2B = 1,  3A + 2B = 1,

 A + B = 0,  −2A − 2B = 0,

donde segue-se que A = 1 e B = −1. Portanto,


1 1
F(ω ) = − ·
2+iω 3+iω
Usando a linha 2 da tabela,

 
1
F = 2π e −ax u0 (x),
a+iω
com a = 2 e a = 3, respectivamente, obtém-se

f (x) = 2π e −2x − e −3x u0 (x).


(3-b) Faça
1
G(ω ) = = (1 + i ω )−1 .
1+iω
Note-se que, pela linha 2 da tabela, a inversa g(x) é dada por

 
−1 1
(9.7) g(x) = F = 2π e −x u0 (x).
1+iω

Agora deriva-se G(ω ) para obter


i
G0 (ω ) = −i (1 + i ω )−2 = − ·
(1 + i ω )2
Usando-se a fórmula presente na linha 6 da tabela,

F −1 i G0(ω ) = x g(x),
 

obtém-se " !# " #


i 1
x g(x) = F −1 i − 2
= F −1
(1 + i ω ) (1 + i ω )2

64
que usando (9.7) resulta em

x g(x) = 2π x e −x u0(x).
Portanto,
" #
1
f (x) = F −1 = x g(x)
(1 + i ω )2

= 2π x e −x u0 (x),

que é o resultado desejado.

(3-c) Faça
1
G(ω ) = ·
1 + ω2
Pela linha 3 da tabela, tem-se que
  √
−1 a 2π −a |x |
F = e , a > 0,
a2 + ω 2 2
que para a = 1 resulta √
2π −|x |
g(x) = e .
2
Pela fórmula presente na linha 7 da tabela, tem-se

F −1 [ i ω G(ω )] = g0 (x),

ou seja,
1 iω
(9.8) F −1 [ i ω G(ω )] = i ω · 2
= 2
= g0 (x).
1+ω 1+ω
Observe-se que

(9.9) F −1 [ F(ω )] = F −1 [ i ω G(ω )] .

Assim, o exercı́cio estará resolvido determinando o valor de g0 (x), pois segue de (9.8) e
(9.9) que
F −1 [ F(ω )] = g0 (x).
Note-se que 
d x  −1, se x < 0,
|x| = =
dx | x |  1, se x > 0,
isto é, para x 6= 0 (pois a função | x | não tem derivada na origem).
Como g(x) é dada pela expressão

2π −|x |
g(x) = e ,
2
65
pela regra da cadeia, a mesma tem como derivada (menos na origem)
√   √
0 2π d −|x | 2π x
g (x) = (−| x |) e =− · · e −|x | .
2 dx 2 |x|

Portanto, a resposta procurada é dada por



2π x e −|x |
f (x) = − · ·
2 |x|

(3-d) Deve-se, inicialmente, completar o quadrado


1 1
F(ω ) = = ·
ω2 + ω + 1 (ω + 1/2)2 + 3/4

Agora faça ω = ω + 1/2, ou seja, ω = ω − 1/2. Assim,

1
F(ω ) = F (ω − 1/2) = √ 2 ·
ω2 + 3/2

Pela fórmula 10 da tabela, tem-se que

F −1 [ G(ω − a)] = e ia x g(x),

que, para a = 1/2, implica em

F −1 [ G(ω − 1/2)] = e −
i x/2
(9.10) g(x),

onde " #
−1 1
g(x) = F √ 2 ·
ω2 + 3/2

Para determinar g(x), inicialmente, multiplica-se e divide-se o quociente no segundo



membro acima por 3/2:
" √ #
2 3/2
g(x) = √ · F −1 √ 2 ·
3 ω 2 + 3/2

Em seguida usa-se a fórmula 3 da tabela tomando b = 3/2:

  √ √ ! √
b 2π −b |x | 3/2 2π −√3| x |/2
F −1 = ·e ⇒ F −1 √ 2 = ·e ,
ω + b2
2 2 ω 2 + 3/2 2

de modo que
√ √
2 2π −√3 | x |/2 2π √
= √ · e − /2.
3|x|
(9.11) g(x) = √ · ·e
3 2 3

66
Por fim, basta substituir (9.11) em (9.10) para obter a solução procurada:


−i x/2 −i x/2 2π
· √ · e − /2
3|x|
f (x) = e g(x) = e
3

2π √
= √ e −(
3 | x |+i x)/2
.
3

Exercı́cio 4:

(4-a) Como
1
F(ω ) = ,
(2 + i ω )(3 + i ω )
fazendo
1 1
G(ω ) = e H(ω ) = ,
2 + iω 3 + iω
pode-se reescrever
F(ω ) = G(ω ) H(ω ).
Pelo teorema da transformada de Fourier para o produto de convolução, tem-se que
h√ i
−1
F 2π · G(ω ) · H(ω ) = (g ∗ h)(x)
Agora basta escrever
1
f (x) = √ (g ∗ h)(x),

onde G(ω ) = [g(x)] e H(ω ) = F [h(x)].
Pela fórmula da linha 2 da tabela,

 
−1 1
F = 2π e −a x u0 (x), a > 0,
a+iω
segue-se que

 
−1 1
g(x) = F = 2π e −2x u0 (x),
2+iω
e

 
−1 1
h(x) = F = 2π e −3x u0 (x).
3+iω
Resulta daı́ que
1 √ 
f (x) = √ (g ∗ h)(x) = 2π e −ex u0(x) ∗ e −3x u0 (x) .
 

Deve-se calcular o produto de convolução pela definição. Tem-se:
1
Z ∞ √ Z ∞ −2y
f (x) = √ g(y) h(x − y) dy = 2π e u0(y) e −3(x−y) u0 (x − y) dy
2π −∞ −∞
√ Z ∞ √ Z ∞ −3x 3y−2y
= 2π e −2y e −3(x−y) u0(x − y) dy = 2π e e u0(x − y) dy
0 0
√ −3x
Z ∞
= 2π e e y u0 (x − y) dy.
0

67
Agora observe o seguinte: da definição da função de Heaviside,

 0, se 0 ≤ x < c,
uc(x) =
 1, se x ≥ c,

segue-se que 
 0, se 0 ≤ x − y < c,
uc (x − y) =
 1, se x − y ≥ c.

Para c = 0, tem-se u0(x − y) = 1 para x − y ≥ 0, ou seja, para 0 ≤ y ≤ x. Assim,

√ −3x
Z ∞
y
√ −3x
Z x
f (x) = 2π e e u0 (x − y) dy = 2π e u0 (x) e y dy
0 0
x
√ −3x

u0 (x) e = 2π e −3x u0 (x) (e x − 1)
y

= 2π e
0

2π e −2x − e −3x

= u0(x).

Portanto, mostrou-se que



2π e −2x − e −3x u0 (x).

f (x) =

(4-b) Foi dado que


1
F(ω ) = ·
(1 + i ω )2
Faça
1
G(ω ) =
·
1+iω
Segue-se da linha 2 da tabela que a transformada inversa g(x) de G(ω ) é dada por

 
−1 1
(9.12) g(x) = F = 2π e −x u0 (x).
1+iω

Observe agora que


  
1 1 1
F(ω ) = = = G(ω ) · G(ω ).
(1 + i ω )2 1+iω 1+iω

Segue-se do teorema da transformada de Fourier do produto de convolução que


h√ i
−1
F 2π · G(ω ) · G(ω ) = (g ∗ g)(x).

Agora basta escrever


1
f (x) = √ (g ∗ g)(x).

68
Assim,
1 1 ∞ Z
f (x) = √ (g ∗ g)(x) = √ g(y) g(x − y) dy
2π 2π −∞
√ Z ∞ −y −(x−y)
√ Z ∞
= 2π e u0(y) e u(x − y) dy = 2π e −y e −(x−y) u(x − y) dy
−∞ 0
√ Z ∞ √ Z x
= 2π e −x e0 u0(x − y) dy = 2π e −x u0 (x) dy
0 0
x
√ −x

u0(x) y = 2π x e −x u0 (x).

= 2π e
0

Mostrou-se, portanto, que



f (x) = 2π x e −x u0(x).

(4-c) Observa-se que o denominador de F(ω ) pode ser visto como um polinônio na
variável ω . Assim, determina-se suas raı́zes e depois o fatora. As raı́zes do denominador de
F(ω ) são obtidas da seguinte forma:

4 + 2 i ω − ω2 = 0 ⇒ ω 2 − 2 i ω − 4 = 0,

donde p
2i± (−2i)2 − 4 · (1) · (−4)
ω= ,
2
ou seja, √ √ √
2 i ± −4 + 16 2 i ± 12 2i ± 2 3 √
ω= = = = i ± 3.
2 2 2
√ √
Logo, segue-se que as raı́zes são ω1 = − 3 + i e ω2 = 3 + i. Portanto F(ω ) pode ser
reescrita na forma
1 1
F(ω ) = 2
= 2
4 + 2i ω − ω − (ω − 2 i ω − 4)
1 1
= = 2
− (ω − ω1) (ω − ω2) i (ω − ω1) (ω − ω2)
1
=
[i (ω − ω1)] [i (ω − ω2)]
1
= √   √ 
i ω + 3−i i ω − 3−i

1
= √   √  
i ω + 3 −i i ω − 3 −i2
2

1 1
= √ · √ ·
1+i ω − 3 1+i ω + 3

69
Agora faça
1 1
G(ω ) = √  e H(ω ) = √ ·
1+i ω − 3 1+i ω + 3

Em seguida, usa-se o procedimento realizado na solução do exercı́cio 3-d e as fórmulas


das linhas 2 e 10 da tabela para concluir que as transformadas inversas de G(ω ) e H(ω ) são,
respectivamente, dadas por
√ √ √ √
g(x) = 2π e −(1− 3i)x u0(x) e h(x) = 2π e −(1+ 3 i)x
u0 (x).

Pela fórmula da transformada de Fourier do produto de convolução, basta fazer


1
f (x) = √ (g ∗ h)(x).

Assim,
1 1 ∞ Z
f (x) = √ (g ∗ h)(x) = √ g(y) h(x − y) dy
2π 2π −∞
√ Z ∞ − 1−√3 i y √
= 2π e ( ) u0(y) e −(1+ 3 i)(x−y)
u0 (x − y) dy
−∞
√ Z ∞ √ √ √
= 2π e −(1−3 i)y −(1+ 3 i)x
e e (1+ 3 i)y
u0(x − y) dy
0
√ √
−(1+ 3 i)x
Z ∞ √
= 2π e e2 3 iy
u0(x − y) dy
0
√ √
−(1+ 3 i)x
Z x √
= 2π e u0(x) e 2 3 iy dy
0
x
√ √ 1 √
= 2π e −(1+ 3 i)x u0(x) √ e 2 3 iy

2 3i 0
√ √ h √
2π i
= √ e −(1+ 3i)x u0 (x) e 2 3ix − 1
2 3i
√ √
2π · 3 i −(1+√3 i)x h 2√3 ix i
= √ √ e e − 1 u0(x)
2 3i · 3i

i 6π −(1+√3 i)x h 2√3ix i
=− e e − 1 u0 (x)
6

i 6π −(1+√3i)x h √ i
2 3 ix
= e 1−e u0 (x)
6

i 6π h −(1+√3i)x √ √ i
= e − e −(1+ 3 i)x e 2 3 ix u0 (x)
6
√ h
i 6π −(1+√3i)x √ i
= e − e −(1− 3 i)x u0 (x).
6

70
Portanto, mostrou-se que

i 6π h −(1+√3 i)x √ i
f (x) = e − e −(1− 3i)x u0 (x).
6

Exercı́cio 5: Pede-se para resolver a equação


Z ∞
f (y) 1
2
dy = 2 ·
−∞ (x − y) + 4 x +9

Observe-se que o integrando pode ser escrito com um produto de convolução. Isto é,
pode-se escrever

f (x) 1
2
= f (x) · = f (x) · g(x − y),
(x − y) + 4 (x − y)2 + 4

onde
1
g(x) = ·
x2 + 4
Segue-se daı́ que a equação dada pode ser reescrita como
1
( f ∗ g)(x) = ·
x2 + 9
Em seguida, aplica-se a transformada de Fourier em ambos os membros da última equação:
 
1
F [ ( f ∗ g)(x)] = F ·
x2 + 9

Mas a transformada de Fourier do produto de convolução é dada por



F [ ( f ∗ g)(x)] = 2π [F(ω ) · G(ω )] .

Portanto,

 
1
2π [ F(ω ) · G(ω )] = F 2
x +9
 
1 1 1
(9.13) ⇒ F(ω ) = √ · ·F ·
2π G(ω ) x2 + 9

Por outro lado, usando a fórmula da linha 3 da tabela, obtém-se



  2 3 2π   1 3
F e −3|x | = √ · 2 2
⇒ · F e −3|x |
= · 2 ·
2π ω + 3 2 3 ω + 32
Faça √
2π −3|x | 1 3
h(x) = e e H(ω ) = · 2 ·
6 3 ω + 32

71
Pela linha 11 da tabela
F [ H(x)] = h(−ω ),
observando a permutação das variáveis x e ω .
Assim,
   
1 1 3
F =F · = F [ H(x)] = h(−ω )
x2 + 9 3 x2 + 32
√ √
2π −3|− ω | 2π −3| ω |
(9.14) = ·e = ·e .
6 6
Agora, de maneira análoga, encontra-se a transformada de Fourier para a função g, que
é dada por
1 1
g(x) = 2 = 2 ·
x + 4 x + 22
Novamente, usando a fórmula da linha 3 da tabela,


−2|x |
 2 2 2π 
−2|x |
 1 2
F e =√ · 2 ⇒ · F e = · ·
2π ω + 22 2 2 ω 2 + 22
Faça √
2π −2|x | 1 2
y(x) = e e Y (ω ) = · 2 ·
4 2 ω + 22
Pela linha 11 da tabela
F [Y (x)] = y(−ω ),
onde deve-se notar a permutação das variáveis x e ω .
Logo,
   
1 1 1
F [g(x)] = F =F · = F [Y (x)] = y(−ω )
x2 + 4 2 x2 + 22
√ √
2π −2|−ω | 2π −2|ω |
(9.15) = e = e .
4 4
Substituindo (9.14) e (9.15),
  √   √
1 2π −3| ω | 1 2π −2| ω |
F 2
= ·e e F 2
= ·e ,
x +9 6 x +4 4

em (9.13), obtém-se
 
1 1 1
F(ω ) = √ · ·F
2π G(ω ) x2 + 9

1 4 1 2π −3| ω |
= √ · √ · −2| ω | · ·e
2π 2π e 6
2
(9.16) = √ · e −| ω | .
3 2π

72
Novamente aplicam-se as linhas 3 e 11 da tabela para determinar a transformada inversa
de F(ω ), que é a solução f (x) esperada. Tem-se:


−|x |
 2 1 2π 
−|x |
 1
F e =√ · 2 ⇒ ·F e = 2 ·
2π ω + 1 2 ω +1
Fazendo √
2π −|x | 1
z(x) = e e Z(ω ) = 2
2 ω +1
e usando a linha 11 da tabela, obtém-se
 
1
F = F [ Z(x)] = z(−ω )
x2 + 1
√ √
2π −|− ω | 2π −| ω |
= e = e .
2 2
Isto implica dizer que
  2 1
(9.17) F −1 e −| ω | = √ · 2 ·
2π x + 1
Mas por (9.14), tem-se que
2
F(ω ) = √ · e −| ω | .
3 2π
Assim, invertendo (9.14), dada acima, e usando a fórmula deduzida em (9.17), obtém-se

−1 2 −1

−| ω |

f (x) = F [ F(ω )] = √ · F e
3 2π
2 2 1 2 1
= √ ·√ · 2 = · 2 ·
3 2π 2π x + 1 3π x + 1
Portanto, a solução da equação dada é
2 1
f (x) = · 2 ·
3π x + 1

73
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