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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
VCAS
Nº 70084257955 (Nº CNJ: 0064154-22.2020.8.21.7000)
2020/CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO


NÃO ESPECIFICADO. EXECUÇÃO. DECISÃO QUE
CONSIDEROU IMPENHORÁVEL A QUANTIA
BLOQUEADA JUDICIALMENTE. PARTE DO
DÉBITO EXEQUENDO QUE CONSTITUI VERBA
HONORÁRIA SUCUMBENCIAL,
CARACTERIZANDO-SE CRÉDITO DE NATUREZA
ALIMENTAR. ART. 85, § 4°, DO CPC/2015.
EXCEÇÃO À REGRA GERAL DE
IMPENHORABILIDADE. ART. 833, § 2°, DO
CPC/2015. PRECEDENTES DO STJ. ACOLHIMENTO
DA PRETENSÃO RECURSAL PARA MANTER A
CONSTRIÇÃO SOBRE 50% DO VALOR
PENHORADO.

AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO.

AGRAVO DE INSTRUMENTO DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL

Nº 70084257955 (Nº CNJ: 0064154- COMARCA DE PORTO ALEGRE


22.2020.8.21.7000)

FUNDACAO DE CREDITO EDUCATIVO - AGRAVANTE


FUNDACRED

ISABEL CRISTINA SALENAVEL AGRAVADO


RODRIGUES

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Sexta Câmara Cível
do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar provimento ao agravo de
instrumento.

Custas na forma da lei.

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Nº 70084257955 (Nº CNJ: 0064154-22.2020.8.21.7000)
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Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores


DES. ERGIO ROQUE MENINE (PRESIDENTE) E DES.ª DEBORAH COLETO
ASSUMPÇÃO DE MORAES.

Porto Alegre, 30 de julho de 2020.

DES.ª VIVIAN CRISTINA ANGONESE SPENGLER,


Relatora.

RELATÓRIO
DES.ª VIVIAN CRISTINA ANGONESE SPENGLER (RELATORA)

Trata-se de agravo de instrumento interposto por FUNDAÇÃO DE


CRÉDITO EDUCATIVO – FUNDACRED em face de decisão que, nos autos da ação de
execução ajuizada contra ISABEL CRISTINA SALENAVEL RODRIGUES, considerou
impenhoráveis as quantias bloqueadas em contas de titularidade da agravada.

Em seu arrazoado recursal, alega a agravante que a decisão demanda


modificação no tocante à reserva dos honorários devidos aos patronos da exequente. Aduz
que o § 2° do art. 833 do CPC/2015 afasta a regra de impenhorabilidade quanto se tratar de
pagamento de prestações alimentares. No caso, o valor devido pela executada aos advogados
da exequente constitui verba de caráter alimentar, incidindo a mencionada exceção legal.
Invoca precedentes do STJ considerando a natureza aimentar dos honorários advocatícios.
Tece considerações a respeito do art. 23 da Lei n° 8.906/1994 (Estatuto da OAB), para
concluir que os honorários advocatícios incluídos na condenação passam a integrar o
montante exequendo, tornando o devedor responsável pelo seu pagamento. No caso, o valor
dos honorários de seus patronos é de R$ 24.879,07, tendo sido bloqueados R$ 12.811,88.
Pleiteia a reserva de 50% do montante constrito para pagamento de honorários, liberando-se
o restante à parte agravada para custeio de suas despesas pessoais. Pugna pelo provimento do
recurso.
Concedi efeito suspensivo ao agravo.

Decorreu sem manifestação o prazo para apresentação de contrarrazões.

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É o relatório.

VOTOS
DES.ª VIVIAN CRISTINA ANGONESE SPENGLER (RELATORA)

Presentes os pressupostos de admissibilidade, passo à análise do recurso.


Compulsando os autos, constato que a dívida exequenda é de R$ 301.872,70
(fl. 34), tendo sido bloqueados os valores de R$ 10.435,40 junto ao BANRISUL e R$
2.376,48 junto à Caixa Econômica Federal, em contas de titularidade da executada ISABEL,
conforme recibo de protocolamento de bloqueio de valores às fls. 38/39.
Logo após a medida de constrição, a devedora compareceu aos autos,
referindo que ela e sua família passam por dificuldades financeiras, sendo que a quantia de
R$ 10.435,40 é apenas uma parte do total de R$ 15.000,00 que havia sido transferido para
sua conta pelo seu cunhado e se destinava à sua subsistência. Já o valor de R$ 2.376,48 foi
bloqueado em uma conta salário.

Assim foi proferida a decisão agravada:

“Examino o pedido de impenhorabilidade dos valores


bloqueados à fl. 579 (fls. 583/584), sobre o qual a parte
exequente se manifestou às fls. 601/608 e 646/652. Da
análise dos documentos juntados aos autos (fls. 585/590 e
610/642 e 654/657), verifico que o bloqueio no valor de R$
2.376,48, junto à Caixa Econômica Federal, incidiu sobre
valores provenientes de empréstimos realizados pela ré (fl.
588), ao passo que o bloqueio de R$ 10.435,40, junto ao
Banrisul, é fruto de saldo remanescente do depósito de R$
15.000,00 efetuado por Gerson Artur Siqueira da Rocha,
cunhado da demandada, por sua liberalidade (fl. 613),
possuindo ambas as quantias o intuito de suprir as
dificuldades financeiras passadas pela demandada e por
sua família. À vista disso, considerando, ainda, que os
valores bloqueados são inferiores a 40 salários-mínimos, e,
portanto, impenhoráveis, à luz do que dispõe o inciso X do
artigo 833 do CPC, reconheço a impenhorabilidade e a
natureza alimentar de ditas verbas. Transitada em julgado a
presente decisão sem reforma, expeça-se alvará em favor da
demandada Isabel, para levantamento das quantias de R$
10.435,40 e R$ 2.376,48, relativas ao bloqueio de fl. 579,
acrescidas das respectivas remunerações. Intimem-se,
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inclusive a parte autora para dizer, no prazo de 5 dias,


sobre o prosseguimento do feito”.

Do valor total executado (R$ 301.872,70), uma parcela dele (R$ 24.879,70)
refere-se aos honorários sucumbenciais devidos aos patronos da exequente.

A agravante busca seja reformada apenas parte da decisão agravada, a fim de


que se reserve a porção de 50% do valor penhorado - ou seja, cerca de R$ 6.400,00 - para o
pagamento dos honorários devidos aos seus advogados.
Tenho que merece prosperar a pretensão autoral.

A determinação de penhora ocorreu em relação à integralidade do débito, ou


seja, de R$ 301.872,70, conforme, aliás, se vê no recibo de protocolamento de bloqueio de
valores às fls. 38/39. No entanto, parte dessa dívida realmente se refere aos honorários
sucumbenciais devidos aos procuradores da exequente, os quais constituem, inegavelmente,
crédito de natureza alimentar, consoante dispõe o art. 85, § 14, do CPC/2015. Por outro lado,
o art. 833, § 2°, do mesmo diploma legal, prevê que a impenhorabilidade de salários não se
aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia.
Através da exegese conjunta de tais ditames legais, o STJ passou a entender
que os honorários advocatícios consistem em prestação alimentícia e, portanto, constituem
exceção à regra da impenhorabilidade salarial de que trata o art. 833, inc. IV, do CPC/2015.

Conveniente, aqui, a transcrição de precedentes atuais da Corte Excelsa a


respeito do tema:

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AGRAVO


DE INSTRUMENTO. PENHORA. CONTA SALÁRIO. ART.
833, IV, DO CPC/2015. PENHORA SOBRE PERCENTUAL
DA REMUNERAÇÃO DO DEVEDOR. POSSIBILIDADE
(CPC, ART. 833, § 2º).
AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. No caso, o Tribunal
de origem, ao interpretar os arts. 833, IV, e § 2º, do
CPC/2015, consignou que, embora os honorários de
sucumbência possuam natureza alimentar, não podem ser
caracterizados como prestação alimentícia. 2. Ocorre que o
novo Código de Processo Civil, em seu art. 833, deu à
matéria da impenhorabilidade tratamento um tanto
diferente em relação ao Código anterior, no art. 649. O que
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antes era tido como "absolutamente impenhorável", no novo


regramento passa a ser "impenhorável". Portanto, já não se
pode falar em absoluta impenhorabilidade, mas sim em
relativa. 3. Tendo os honorários advocatícios, contratuais
ou sucumbenciais, natureza alimentar, nos termos do artigo
85, § 14, do CPC/2015, é possível a penhora de verbas
remuneratórias para o seu pagamento.
Precedentes. 4. A Quarta Turma, no julgamento do AgInt no
REsp 1.732.927/DF (Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, julgado
em 12/02/2019, DJe de 22/03/2019), decidiu que o julgador,
sopesando criteriosamente as circunstâncias de cada caso
concreto, poderá admitir ou não a penhora da verba
alimentar, ou limitá-la a percentual razoável, sem agredir a
garantia do executado e de seu núcleo essencial. 5. Agravo
interno a que se nega provimento” (AgInt no REsp
1824882/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 21/11/2019, DJe 19/12/2019).

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. AÇÃO DE
ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
NATUREZA ALIMENTAR DO CRÉDITO. PENHORA
INCIDENTE SOBRE VERBA SALARIAL. POSSIBILIDADE.
AVALIAÇÃO DO LIMITE DA CONSTRIÇÃO EM CADA
CASO, SOB PENA DE SE COMPROMETER A
SUBSISTÊNCIA DO EXECUTADO. AGRAVO INTERNO
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A legislação processual
civil (CPC/2015, art. 833, IV, e § 2º) contempla, de forma
ampla, a prestação alimentícia, como apta a superar a
impenhorabilidade de salários, soldos, pensões e
remunerações. A referência ao gênero prestação alimentícia
alcança os honorários advocatícios, assim como os
honorários de outros profissionais liberais e, também, a
pensão alimentícia, que são espécies daquele gênero. É de
se permitir, portanto, que pelo menos uma parte do salário
possa ser atingida pela penhora para pagamento de
prestação alimentícia, incluindo-se os créditos de
honorários advocatícios, contratuais ou sucumbenciais, os
quais têm inequívoca natureza alimentar (CPC/2015, art.
85, § 14). 2. Há de se considerar que, para uma família de
baixa renda, qualquer percentual de constrição sobre os
proventos do arrimo pode vir a comprometer gravemente o
sustento do núcleo essencial, ao passo que o mesmo não
necessariamente ocorre quanto à vida, pessoal ou familiar,
daquele que recebe elevada remuneração. Assim, a penhora
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de verbas de natureza remuneratória deve ser determinada


com zelo, em atenta e criteriosa análise de cada situação,
sendo indispensável avaliar concretamente o impacto da
penhora sobre a renda do executado. 3. No caso concreto, a
penhora deve ser limitada a 10% (dez por cento) dos
módicos rendimentos líquidos do executado. Do contrário,
haveria grave comprometimento da subsistência básica do
devedor e do seu núcleo essencial. 4. Agravo interno
parcialmente provido para dar parcial provimento ao
recurso especial” (AgInt no REsp 1732927/DF, Rel.
Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
12/02/2019, DJe 22/03/2019).

Nesse contexto, viável prosperar o pleito da recorrente, para que seja


mantida a constrição sobre 50% do valor bloqueado pelo Sistema BACENJUD nas contas da
executada, permitindo-se a liberação do restante à agravada.

Sobre o tema, assim já decidiu esta Corte:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSÓRCIO.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
IMPENHORABILIDADE. LIMITE DE ATÉ QUARENTA
SALÁRIOS MÍNIMOS. ART. 833, X DO CPC.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. EXCEÇÃO. VERBA DE
NATUREZA ALIMENTAR. PRECEDENTES DO STJ.
DECISÃO REFORMADA EM PARTE. Na esteira do
entendimento pacificado no Egrégio Superior Tribunal de
Justiça “é possível ao devedor, para viabilizar seu sustento
digno e de sua família, poupar valores sob a regra da
impenhorabilidade no patamar de até quarenta salários
mínimos, não apenas aqueles depositados em cadernetas de
poupança, mas também em conta-corrente ou em fundos de
investimento, ou guardados em papel-moeda." (REsp
1.340.120/SP, Quarta Turma, Relator Ministro Luis Felipe
Salomão, julgado em 18/11/2014, DJe 19/12/2014).
Todavia, é entendimento igualmente assentado na Corte
Superior que os honorários advocatícios, sejam eles
contratuais ou sucumbenciais, são considerados verbas de
natureza alimentar, enquadrando-se, pois, na exceção à
regra de impenhorabilidade, prevista no §2º do art. 833 do
CPC. No caso em apreço, impõe-se a reforma parcial da
decisão agravada para que mantida a penhora on line
quanto ao valor correspondente aos honorários
advocatícios. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO EM
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Nº 70084257955 (Nº CNJ: 0064154-22.2020.8.21.7000)
2020/CÍVEL

PARTE” (Agravo de Instrumento, Nº 70080894140, Décima


Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Angela Terezinha de Oliveira Brito, Julgado em: 25-04-
2019).
(grifei)

Pelo exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO AO AGRAVO DE


INSTRUMENTO, para manter a penhora on line em relação a 50% sobre o valor
bloqueado.

DES.ª DEBORAH COLETO ASSUMPÇÃO DE MORAES - De acordo com o(a)


Relator(a).

DES. ERGIO ROQUE MENINE (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. ERGIO ROQUE MENINE - Presidente - Agravo de Instrumento nº 70084257955,


Comarca de Porto Alegre: "DERAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
UNÃNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: PIO GIOVANI DRESCH

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