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Belém-Pa
2010
CHRISTIAN, Mark. Conexões da diáspora africana. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin (Org.).
Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009,
147 – 166
1 - Introdução
No inicio do texto ele cita o conceito de “diáspora africana” e que irá trabalhar o texto
com os casos dos EUA e do Reino Unido para se ter uma idéia das outras experiências no
chamado “Atlântico Negro” (p. 147). Seguindo na introdução do texto, ele inicia a discussão
sobre as conexões entre as diversas comunidades resultantes da diáspora africana,
esclarecendo a sua submissão ao mesmo tipo de relação social predominantemente
comandada pela hegemonia européia (p. 148).
Ele critica também os estudos que envolvem o “fim do racismo” e que esses
intelectuais estão extremamente equivocados, pois as realidades sociais mostram que os
privilégios dos brancos ainda estão bem fortes e presentes (p. 148).
Esta parte do texto ele inicia explicando a origem do Atlântico Negro e da moderna
diáspora africana, como sendo 1441 onde doze africanos foram seqüestrados para o príncipe
D. Henrique de Portugal (Browder, 1996 p. 10; Thompson, 1987, p. 1). Ele atrai a atenção
também ao ponto que cerca de cem milhões de africanos foram retirados das regiões da África
ocidental e centro-ocidental, sendo estes com culturas diversificadas (p. 149).
Ele usa Du Bois (2001, p.149), que resume o tempo da escravidão africana como uma
época em que os europeus comercializavam pessoas de uma forma tão assombrosa que até
hoje os vários efeitos são vistos e sentidos por todo o mundo (p. 150).
3 - Semelhanças e diferenças entre a diáspora africana nos Estados Unidos e no Reino
Unido.
O autor utiliza Browder (1996) para afirmar que pela população afrodescendente dos
dois países, a influência dos afro-norte-americanos é maior que dos afro-britânicos. Porém ele
afirma que verdadeira similaridade entre essas comunidades da diáspora africana está na luta
contra a opressão da discriminação racializada. Ele afirma que pode se reduzir essa
discriminação a uma desigualdade social, que estaria mais ligada com o conceito de “classe” e
pobreza, mas que não pode-se negar essa discriminação nas duas sociedades (p. 151). O autor
usa dados de estatísticas prisionais para corroborar a afirmação. Os homens negros britânicos
compõem 12% da população carcerária britânica e as mulheres 19%, sendo que 2% da
população da Grã-Bretanha são de afrodescendentes. Nos Estados Unidos 42,3% da
população carcerária é de negros, sendo que 13% da população norte-americana são de
afrodescendentes. O autor afirma que é claro o padrão de discriminação racializada contra
essas comunidades em ambos os países (p. 151 - 152)
O autor responde essa pergunta da seguinte maneira: “... é vivenciar de alguma forma
a marginalidade social e psicológica na interação social cotidiana com a cultura européia
majoritária” (p. 153). O autor usa os sistemas universitários dos EUA e do Reino Unido para
melhor exemplificar, ele afirma que os departamentos de Estudos Negros, são “enclaves
minoritários” no meio cultural eurocêntrico, e que alguns intelectuais da diáspora africana
tendem a esconder esta realidade. Em contrapartida outro combatem essa marginalização. Ele
afirma que para muitos é melhor “assimilar-se” a essa cultura predominantemente européia do
que “centrar-se” nas suas origens africanas.
5 – O problema da tese de Gilroy contrária à unidade dos negros.
Nesta parte do texto o autor faz a sua critica ao trabalho de Paul Gilroy, um negro
britânico que nega a noção de solidariedade negra e consciência coletiva. Para o autor, Gilroy
é o exemplo do ataque que as perspectivas afrocêntricas sofrem e também qualquer outra que
se ligue à teoria da solidariedade da diáspora africana (p. 154)
Segundo o autor, Gilroy critica essa solidariedade africana, mas dificilmente critica a
de outros povos e não problematiza as identidades coletivas referentes aos europeus. Ele se
esquece da diversidade cultural dos povos europeus e que o termo “europeu” tem uma
designação coletiva que reflete a noção de “mesmidade” (p. 154).
Para Gilroy, a noção de “raça” deveria ser esquecida pelos negros, tanto em
pensamento, organização e solidariedade. Ele não consegue ver a necessidade da
solidariedade negra para neutralizar as discriminações racializadas. Este é o único caminho a
se percorrer para por fim a idéia falsa de inferioridade africana perante os europeus (p. 155).
O autor afirma que não se pode esperar que a noção de “raça”, como significado
social, perca o seu valor num contexto previsível. O conceito de “raça”, segundo o autor, está
impregnado na composição da cultura ocidental européia, o que não nega que possamos ver à
época em que o conceito de “raça não significará nada, mas esta hipótese, neste momento é
perigosa e ingênua (p. 155 - 156).
O autor usa Asante (1996) para dar verdade a afirmação acima, pois Asante reconhece
a necessidade dos estudiosos da diáspora africana em considerar as particularidades de cada
local. Assim, segundo o autor, é errado afirmar que as perspectivas afrocentradas perdem de
vista o reconhecimento da diversidade dos povos africanos e as suas localidades na Diáspora
(p. 159).
Aqui o autor usa do trabalho comparativo de Nelson Jr. (2000) sobre a política negra
em Liverpool na Grã-Bretanha e em Boston nos Estados Unidos. Neste trabalho é visível a
semelhança na destituição política dos negros, resultado do passado histórico de dominação
branca racializada nas duas cidades. No trabalho, Nelson Jr. nos mostra que eram duas
cidades portuárias irlandesas com um grande histórico de discriminação racial (p. 161 - 162).
Para o autor, o trabalho de Nelson Jr. serve para mostrar as experiências coletivas
vividas por outras comunidades da diáspora africana pelo planeta. Segundo o autor, o trabalho
de Nelson Jr. também demonstra a necessidade de mais estudos comparativos sobre a
diáspora africana e mais que isso, criar pontes entre essas comunidades racialmente oprimidas
(p. 163).
8 - Conclusão
O autor finaliza com uma visão bem positiva acerca dos avanços dos estudos e da
perspectiva afrocentrada. Ele atenta para a importância de novos estudos comparativos para a
construção da noção do Atlântico Negro para análises sociais, econômicas, culturais, etc. ele
afirma que não podemos negar que o verdadeiro progresso social das comunidades de
ascendência africana está ligada a uma compreensão da supremacia branca global e que
muitos intelectuais se recusam a enfrentar por medo das repercussões em uma sociedade
dominada pela direita (p. 163 - 164).
Mostra também que os casos dos Estados Unidos e Grã-Bretanha são só o começo em
relação às análises sobre a diáspora africana, e que existem vários caminhos a serem
percorridos. Ele afirma que “... o futuro da produção intelectual afrocentrada está nas novas
pesquisas voltadas a aspectos comuns das experiências da diáspora africana...” (p. 165).