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Versão Provisória
ANEXO
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização ................................................................................................................... 1-1
1.2 Metodologia de Formulação do Plano Director .................................................................... 1-1
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1.1 Indicadores Sociais .................................................................................................. 2-2
Tabela 2.1.2 Resposabilidade de Tomada de Decisão em Agregados Familiares Chefiados
Homens. ................................................................................................................... 2-5
Tabela 2.1.3 Abordagem do Género no PEDSA .......................................................................... 2-7
Tabela 2.1.4 Desemprego, Desemprego Juvenil e Subemprego (2004/05) ................................ 2-9
LISTADEFIGURAS
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
As políticas estratégicas para o desenvolvimento do sector agrário em Moçambique baseiam-se nos
seguintes instrumentos (i) Agenda 2025, (ii) Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector
Agrário (PEDSA 2011-2020), (iii)Programa Quinquenal do Governo, (iv) Plano de Acção para a
Redução da Pobreza (PARPA II).
O Corredor de Nacala constitui um dos seis corredores identificados para a implementação do PEDSA
e para o desenvolvimento da região. Assim, foi estabelecido um Programa de Cooperação Triangular
para o Desenvolvimento Agrário, adaptado às características agrárias desta região. O Acordo
Triangular foi rubricado pelos representantes do Governo de Moçambique, Japão e Brasil, no dia 17
de Setembro de 2009.
O estudo para a elaboração do Plano Director foi realizado usando várias abordagens tendo em conta
as condições, potencial agrário e constrangimentos existentes no Corredor de Nacala, da seguinte
forma:
- Inquérito sobre comércio agrícola para recolher informação sobre a produção e consumo
agrícola, comercialização e percentagem de perdas da produção pelos pequenos produtores,
condições de comercialização na região, processamento e outras actividades afim.
1
A area de estudo em 2012 compreendia 14 distritos, actualmente compreende 19 distritos
1-1
Versão Provisória - ANEXO
- Análise de dados existentes no Sistema de Informação Geográfico (SIG) bem como outros
dados para melhor compreender a distribuição de recursos naturais e uso da terra, e avaliar o
potencial agrícola.
Com base nas actividades supracitadas, foram preparados dois capítulos relativos a situação actual de
Moçambique e da Zona do Corredor de Nacala, incluindo o presente anexo.
1-2
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Moçambique localiza-se na costa oriental do continente africano, entre os paralelos 10˚ 27’ e 26˚ 52’
de latitude Sul e entre os meridianos 30˚ 12’ e 40˚51 de longitude Leste. Faz fronteira com Tanzânia,
Zâmbia, Malawi, Zimbábue, Suazilândia e África do Sul. O país é constituído por 10 províncias e 128
distritos.
(1) Clima
Maior parte dos rios de Moçambique correno sentido Oeste para Leste, em direcção ao Oceano
Índico. O regime dos rios de Moçambique classifica-se como efémero, com escoamentos elevados
durante a estação chuvosa, de Novembro a Março, e escoamentos reduzidos durante a estação seca, de
2-1
Versão Provisória - ANEXO
(3) Solos
No país, encontram-se tanto solos pouco estruturados, como Cambissolos e Neossolos, quanto solos
mais antigos, como Latossolos. De acordo com Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SIBCS),
a classificação dos solos resultou em nove classes distintas (Figura 2.1.1).
Usou-se uma escala de 1:250.000 na província de Nampula e de 1:100.000 nas demais províncias,
conforme a disponibilidade.
(1) População
25 500
PIB (bilhões de US$) e alteração anual (%)
Face ao cenário de globalização económica, países altamente influentes estão a se fazer a República de
Moçambique, com o objectivo de explorar o seu enorme potencial para novos investimentos.
2-2
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
O sector agrário é o que mais contribui no PIB do país com mais de 30%, seguidor pelos sectores da
indústria, conforme ilustra a Figura 2.1.3.
40
Parcela do Sector no PIB (%)
35
30
25
20
15
10 Agricultura, valor agregado (% do PIB)
5 Fabricação,, valor agregado (% do PIB)
Indústria, valor agregado (% do PIB)
-
2
BACHA, C. J. C. Economia e Política Agrícola no Brasil. 2ª Edição. Editora Atlas, 2012.
3MPD, Poverty and Wellbeing in Mozambique: Third National Poverty Assessment, Oct. 2010
4World Bank, DATABANK
2-3
Versão Provisória - ANEXO
De acordo com o relatório5, o país apresenta uma elevada taxa de crescimento populacional (2,8%), e
estima-se que cerca de 300.000 novos trabalhadores entram anualmente no mercado de emprego.
Igualmente, registam-se elevadas taxas de crescimento económico que, são impulsionadas, em grande
medida, por projectos de capital intensivo, especialmente na indústria extractiva. A taxa de
desemprego situa-se em torno de 27%. A economia formal é predominantemente urbana e representa
apenas 32% do emprego total. Devido a esta situação, muitos dos novos trabalhadores com poucas
perspectivas de emprego estável são forçados a trabalhos marginais, relegados à economia informal,
tanto nas zonas rurais como nas zonas áreas urbanas.
Para aliviar a pobreza extrema, reduzir a vulnerabilidade social e mitigar o impacto adverso do clima
económico, deve-se gerar empregos em diferentes sectores, de acordo com a Estratégia de Emprego e
Formação Profissional em Moçambique7.
Na esfera pública, Moçambique possui bom índice de inclusão da mulher em cargos operacionais e de
liderança, decorrente dos esforços visando a melhoria das condições da mulher no país, nos últimos
anos.
No entanto, características nas regiões que atravessaram um período de conflito armado, que conheceu
um cenário de uma guerra civil que decorreu deste 1976 até 1992, possuem características peculiares
com origens na diferenciação do tratamento recebido pelas mulheres.
Durante o período da guerra, as mulheres assumiram papel de chefe de família que não era
evidenciado nas situações precárias que viviam, tendo muitas delas, na ausência dos maridos,
emigrado em busca de melhores condições de vida para suas famílias. Devido a essa migração,
constituíram-se famílias chefiadas “de facto” por mulheres8.
5
AFRICAN ECONOMIC OUTLOOK. Moçambique 2012.
<http://www.africaneconomicoutlook.org/fileadmin/uploads/aeo/PDF/Mo%C3%A7ambique.pdf>
6
Instituto National deemprego e formação profissional
7
República de Moçambique. Conselho de Ministros. Estratégia de Emprego e Formação Profissional em Moçambique 2006 – 2015.
Moçambique, 2006
8
CANDIDO, M.H.; LOPES, M.J.M.; Crédito pecuário a mulheres de Moçambique: dinâmicas sociais de gênero. REDES, S,Santa
2-4
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Segundo Cândido9, nas zonas rurais de Moçambique, a hierarquia social da mulher é definida pela
tradição e pela cultura, colocando-a em situação desfavorável. A participação da mulher em
actividades que outrora eram reservadas aos homens é um facto resultante de transformações ocorridas
na estrutura social moçambicana que contribuíram para a ocorrência da “abertura” democrática com
repercussões culturais e socioeconómicas.
Contudo, a esmagadora maioria de mulheres tanto na zona rural como na zona urbana consulta homem
(chefe de família) antes de tomar qualquer decisão sobre a educação, saúde alimentação, conforme
mostra a tabela 2.1.2.
Essa abertura reflecte-se na Constituição de 1990, que respalda alguns direitos universais, tais como o
direito à dignidade humana, à liberdade de expressão, de ideias, de religião, de associação e também à
igualdade entre a mulher e o homem. O artigo 12 da Lei de Terras de 1997, que trata sobre a posse de
terras estabelece o uso e o aproveitamento da direito de terra por singulares e por comunidades,
segundo as normas e as práticas costumeiras que não contrariem a Constituição. Em Moçambique,
existem organizações e projectos que se dedicam a defesa dos direitos da mulher, que realizam
programas visando a melhorias das condições dasmulheres em termos de direitos de uso da terra.
Segundo Moura10, as mulheres encontram-se numa situação de desvantagem desde cedo. A taxa de
analfabetismo feminino é quase o dobro da taxa de analfabetismo masculino, a percentagem de
estudantes do sexo feminino reduz a medida que aumentam os anos de estudo. Outrossim, nas zonas
rurais, o problema éagravada. Ainda, segundo a autora11, o Questionário de Indicadores Básicos de
Bem-estar, elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2001, aponta, como causas para
o abandono escolar da rapariga entre seis e dezassete anos, em primeiro lugar, a falta de filosofia no
ensino, em segundo lugar, os custos, em terceiro lugar, a distância do estabelecimento de ensino, e, por
último, a gravidez indesejada.
2-5
Versão Provisória - ANEXO
ensino gratuito ou seja eliminação de taxas matrícula nas instituições do ensino primário, contribuindo
significativamente para o aumento no número de raparigas inscritas nessas instituições de ensino.
Outra questão com a qual a mulher se depara é a violência doméstica. Segundo Moura, a violência
constitui um componente estrutural das relações entre homens e mulheres em Moçambique e confere a
mulher uma posição de subordinação. A mulher acredita que o homem tem o direito perpetrara
agressão, tornando essa acção ainda mais recorrente.
O plano de acção é um documento resumido, composto por 5 páginas do boletim da República que
apresenta 7 áreas nomeadamente: i) Mulher, pobreza e desenvolvimento; ii) Educação e formação da
mulher e da criança; iii) Mulher, saúde e HIV/SIDA; iv) Direitos da Mulher e violência; v) Mulher no
poder, na Tomada de decisão e na comunicação social; vi) Mulher, meio ambiente e agricultura; e vii)
mecanismos institucionais para o avanço da mulher.
2-6
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A Missão do PEDSA é “Contribuir para a segurança alimentar e nutricional e a renda dos produtores
de forma competitiva garantindo a equidade social e do género”. No segundo capítulo, “Diagnóstico
do Sector Agrário” faz-se o resumo de problemas e da situação de pobreza da mulher, uma vez que o
género é referenciado como uma questão transversal. Todos os onze princípios são abordados a partir
deste, sendo que um dos princípios é “promover o papel da mulher nas actividades agrárias e
contribuir para o desenvolvimento integral e equitativo de toda sociedade rural”. Os pilares, objectivos
e tratamento da mulher e do género na estratégia são apresentados a seguir:
2-7
Versão Provisória - ANEXO
(5) Juventude
2-8
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Os dois sectores que tradicionalmente geram emprego de forma significativa para os jovens são
agricultura e Pequenas e Medias Empresas (PMEs). Infelizmente, apenas um número insignificante de
empresas agrárias tem acesso a serviços e mercados. No respeitante às PMEs, não obstante
representarem 43% do emprego e registarem um crescimento de 7%, ainda seenfrenta desafios que se
predem com a falta de acesso a capital, burocracia e um ambiente de negócios desfavorável13.
Ainda assim, a agricultura de pequena escala absorve maior mão-de-obra em Moçambique, com mais
de 80% de população economicamente activa no sector14. A crescente demanda por biocombustíveis e
fibras bem como fontes de alimentação está a expandir, o que poderá ajudar a acautelar sobremaneira
o problema do desemprego através da criação de trabalho sustentável e condições de vida de muitas
pessoas15. Para os jovens em particular, isso poderia abrir portas para o mercado de emprego, uma vez
que é necessária uma nova geração de produtores para criar uma economia agrária sustentável a longo
prazo.
Por outro lado, quando as oportunidades de emprego são escassas nas zonas rurais, as gerações mais
jovens tendem a migrar para as zonas urbanas a procura de empregos.Consequentemente
formam-sefavelas em áreas urbanas, ampliando o fosso entre ricos e pobres e causando segurança a
declinar. Com isto em mente, é importante para incentivar indústrias de trabalho intensivo em áreas
rurais. O Governo de Moçambique coloca vários desafios às gerações mais jovens. Contudo, os
desafios colocados aos jovens nas zonas urbanas são diferentes dos desafios colocados aos jovens nas
zonas rurais. Em face desta situação, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique
(CTA) é de opinião que é necessário promover o empreendedorismo no seio dos jovens,
particularmente nas províncias.16 Em Outubro de 2013, o parlamento de aprovou uma nova política da
juventude, que prioriza a formação técnica e profissional, bem assim a promoção do emprego e do
empreendedorismo
No país, Zambézia é a província que regista os mais elevados níveis de trabalho infantil do país, onde
25,5 % das crianças trabalham. As Províncias de Nampula e de Niassa registam 16.3% e 8.9%
respectivamente, sendo a maior parte residente nas zonas rurais. Segundo Relatório Sumário do Fundo
12
De acordo com a actual política da juventude (1996) do Governo, Entende-se por “jovens”, cidadãos com idades entre 15 a 35
anos
13
Moçambique – Perfil do Mercado de Trabalho 2014 Sindicato Dinamarquês, Conselho para Cooperação para o Desenvolvimento
14
FAO/ILO, 2012
15
ILO, 2013:79)
16
Promoção do Emprego Juvenile m Moçambique, Avaliação Conjunta Final, ILO, DEZ 2011
2-9
Versão Provisória - ANEXO
das Nações Unidas para a infância (UNICEF)17, de 2010, Moçambique apresenta uma média de
trabalho infantil de 22% das crianças entre 5 e 14 anos de idade.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, por meio do Inquérito de Indicadores Múltiplos, de 200818,
o tipo de trabalho mais frequente são os negócios familiares, que absorve 16%. Muitas famílias
moçambicanas afirmam que as crianças entram no mercado laboral como uma forma apoiar no
rendimento da família. Esse envolvimento no trabalho infantil é maior no grupo etário de 12-14 anos
(27%) e ligeiramente mais baixo na faixa de 5-11 anos (21%).
PEDSAclassifica as actividades dos Agregados Familiares Rurais (AFRs) em seis tipos diferentes,
sendo que alguns aspectos são realçados em termos de sua produção, por características, conforme
apresentado na Tabela 2.2.1.
2-10
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
O milho, bem como outras culturas, é produzido com base na utilização de enxadas de e agricultura de
sequeiro com mínimo uso de insumos agrícolas, o que limita a sua produtividade. De acordo com a
Organização de Agricultura e Alimentos das Nações Unidas (FAO), a área plantada foi de 1.700.000
ha e a produção foi de 1.631.000 toneladas, que resulta em uma produtividade média de 0.96 toneladas
por hectare para o país em 2013, um valor considerado baixo para esta cultura, comparado com 2.18
toneladas por hectare em Malawi e 2.01 toneladas por hectare em Tanzânia.
O mercado de exportação informal de cereais é muito grande em Moçambique, ainda que o país
apresente um défice crónico na alimentação. O governo tem buscado parcerias para projectos de
extensão que visam o aumento da produtividade agrícola do milho, mas ainda existem desafios devido
ao baixo uso de tecnologia de produção e processamento, bem assim falhas na comercialização.
A mandioca é uma cultura muito importante para o Norte de Moçambique e contribui para a segurança
alimentar em algumas regiões do Sul do país. Entretanto é afectada por doenças como a podridão
radicular, muito comum no Norte do país, razão pela qual é frequentemente associada com feijão e
outras culturas. A maior parte da mandioca cultivada serve para o consumo doméstico, devido à
escassez dos meios de comercialização e de processamento.
2-11
Versão Provisória - ANEXO
De acordo com dados do FAOSTAT, em 2011, 94% da produção destinou-se ao consumo humano e
4% à alimentação animal. Entre os alimentos básicos, a mandioca é a que fornece maior fonte de
calorias em Moçambique. No entanto, essa participação cai, à medida que aumenta a urbanização e
alteram-se as preferências do consumidor para alimentos preparados.
A rizicultura é mais desenvolvida no centro do país. Embora o país produza arroz, a produção não
responde a demanda cada vez crescente. Além disso, verificou-se uma redução na produção desde
princípios de 2000. Existem grandes oportunidades de investimento na cadeia de valor do arroz,
sobretudo no processamento, em parceria com pequenos produtores, governo, doadores e líderes
comunitários em quatro clusters identificados pela estratégia nacional de arroz.
Apesar de ser produzido em quantidades reduzidas em Moçambique, o trigo é um produto que exibe
um crescimento constante devido o aumento do consumo de pão e de outros produtos feitos a base de
farinha de trigo. A produção do país corresponde aproximadamente 5% de seu consumo, o que coloca
o país numa situação de bastante vulnerabilidade às variações externas de preços e a crises nos
mercados mundiais.
A mapira (sorgo) já foi uma cultura alimentar tradicionalmente importante, depois do milho e da
mandioca. Entretanto, o consumo per capita tem sido inferior comparado ao do trigo e do arroz nos
últimos anos. A produção tem sido quase igual à demanda doméstica total. Assim como o milho, o
consumo reduzido per capita contribui para estabilizar a quantidade total consumida, apesar do
aumento da população.
1) Tabaco
19
REPUBLICA DE MOÇAMBIQUE.Conselho de Ministros. “Estrategia de Desenvolvimento Rural (EDR)”. Maputo 2007.
2-12
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Para o cultivo do tabaco para fins comerciais, quer no mercado externo quer no mercado interno, e
para realizar a compra e a venda de manocas (conjunto de 20 a 25 folhas pertencentes à mesma
posição de planta e uniformes) ou de tabaco destripado (folha sem a nervura principal) deve-se obter a
licença junto a Direcção Provincial de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Província onde está
situada a área de cultivo.
Essa requisito nãoabarcaos agregados familiares que cultivam o tabaco para o consumo individual e
para os agricultores não autónomos, que são os que recebem apoio de uma determinada entidade para
o cultivo do tabaco sob contrato. Para esses tipos de exploração, o registo deverá ser efectuado pela
Direcção Distrital de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
2) Algodão
O Diploma Ministerial n.º 91/94 regula a cultura do algodão, dando ênfase a busca pela coordenação
das actividades relacionadas com o fomento, comercialização e fiscalização, bem como a criação de
instituições com certa operacionalidade e dinamismo, de modo que o país possa tirar o máximo
rendimento dessa cultura. De acordo com este Diploma Ministerial, os operadores económicos são
divididos em seis classes, nomeadamente: (i) Classe I - Sector Familiar; (ii) Classe II - Agricultores
não autónomos; (iii) Classe III - Agricultores autónomos; (iv) Classe IV - Concessionários; (v) Classe
V - Industriais; e (vi) Classe VI - Comerciantes de fibra. Para os operadores das classes III a VI, a
inscrição no Instituto do Algodão de Moçambique (IAM) é obrigatória e está sujeita a cobrança de
uma taxa que varia de 50.000,00 MT para a classe III a 6.000.000,00 MT para a classe VI.
Além desses, não se permite o cultivo no mesmo terreno durante mais de três anos sem pousio ou
rotação de culturas. A fibra de algodão produzida no país pode ser transaccionada apenas pelos
operadores inscritos nessa actividade no IAM. A fibra de algodão deve ser acompanhada de um
certificado de origem e de classificação, no caso de vendas no interior do país, e de certificado de
origem nacional, no caso das exportações.
As condições de segurança alimentar em Moçambique estão estáveis nos últimos anos, embora
algumas áreas sejam afectadas por períodos secos e enchentes localizadas. As famílias pobres e
2-13
Versão Provisória - ANEXO
urbanas, especialmente na região sul que é uma área que se depara constantemente com défice
alimentar, são vulneráveis. Entretanto, o défice tem sido suprido através de províncias que produzem
excedente nas regiões Centro e Norte do país, assim como por alimentos importados, bem como
através da ajuda internacional de alimentos.
A Tabela 2.2.2 mostra os dados (kcal/capita/dia) do suprimento alimentar levantados pela FAO para o
país de 2008 a 2013. Esses dados mostram que o suprimento alimentar, mesmo que em nível mínimo,
tem sido estável e mostrou uma tendência positiva nos últimos anos. O Secretariado Técnico de
Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) declarou, em Agosto de 2009, que a situação da
segurança alimentar em Moçambique mostrou sinais de melhoria, e isto foi evidenciado pela redução
do número de pessoas passando fome. De acordo com o Coordenador Nacional do SETSAN, esta
tendência deveu-se aos investimentos do governo na agricultura, particularmente na produção de
alimentos.
A tabela acima também mostra que as pessoas ainda têm uma grande necessidade de consumo de
calorias, ao invés de considerar uma dieta balanceada. Anível nacional, estima-se que 34% da
população ainda esteja aenfrentarfome crónica (Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas:
WFP, 2010). Poderá levar algum tempo para a população de Moçambique começar uma real
diversificação no consumo de alimentos.
2-14
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
desenvolvimento do arroz pode ser um tema considerável a ser tratado para a melhoria da segurança
alimentar nacional.
Tabela 2.2.3 Produção e Comércio dos Principais Cultivos de Alimentos (Média 2004 a 2013)
(Unidade: (mil toneladas)
Produção Importação Exportação
Cultivo Alimentar (a)+(b)-(c)
(a) (b) (c)
Milho 1.489,1 120,6 11,9 1.597,8
Mandioca 7.054,4 0,0 0,0 7.054,4
Trigo 13,4 434,8 18,3 429,9
Arroz (equivalente processado) 108,8 398,5 0,0 507,3
Mapira 254,1 4,4 0,2 258,3
Fonte: FAOSTAT
Numa sessão do Conselho de Ministros de Junho de 2011, decidiu-se que o Instituto de Cereais de
Moçambique (ICM) deveria assumir o papel de “comprador de último recurso” de todos os grãos
produzidos em Moçambique, que não são comprados pelos comerciantes privados. Conforme previsto,
o ICM iniciou o seu trabalho a nível distrital.
Para a melhoria deste quadro, a principal ferramenta que rege a dinâmica governamental é a Estratégia
de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN II) e o Plano de Acção para Segurança Alimentar e
Nutricional (PASAN), produtos do SETSAN. Adicionalmente à sua antecessora (ESAN I), a ESAN II
inclui os princípios de Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), previstos na Declaração
dos Direitos do Homem e no Pacto Internacional dos Direitos Económicos Sociais e Culturais.
20
ACOSTA, A; Food and Agriculture Organization (FAO).“Food Security Policy, Insights from Mozambique”.Maputo, 2009
21
República de Moçambique. ESTRATÉGIA E PLANO DE ACÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
2008-2015. Moçambique, 2007. Disponível em:<http://fsg.afre.msu.edu/mozambique/caadp/ESAN_II_e_PASAN_Portuges.pdf>
2-15
Versão Provisória - ANEXO
Além disso, o uso e a utilização dos alimentos são é avaliados a nível individual e familiar. A nível
individual, considera-se a absorção dos alimentos e a acção biológica no corpo. No familiar,
relacionam-se com o processo de transformação dos alimentos disponíveis numa dieta adequada..
Em nível comunitário, existem factores que afectam a utilização adequada dos alimentos, tais como
qualidade do meio ambiente, disponibilidade, custo e qualidade das fontes de água potável, serviços de
electricidade, saneamento e serviços de saúde.
Esse quadro das políticas agrárias é complementado por outros documentos importantes,
nomeadamente: Política Agrária e Estratégia de Implementação (PAEI); Programa Quinquenal do
Governo 2010-2014 (PQG); Plano de Acção para Redução da Pobreza (PARP); Estratégia da
Revolução Verde; Plano de Acção para a Produção de Alimentos (PAPA); Estratégia de
Desenvolvimento Rural (EDR); Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional II (ESAN II).
(1) PEDSA
A Agenda 2025 para Moçambique reafirma a agricultura como um sector de sistemas integrados que
contribuem com efeitos multiplicadores para o crescimento económico. Inspirado nisso, o objectivo do
PEDSA é “contribuir para a segurança alimentar e nutricional e a renda dos produtores agrários de
maneira competitiva e sustentável garantindo a equidade social e de género”. A materialização deste
objectivo só é possível através dos seguintes pilares:
i. PRODUTIVIDADE AGRÁRIA – Aumento da produtividade, da produção e da
competitividade na agricultura, contribuindo para uma dieta adequada.
ii. ACESSO AO MERCADO – Serviços e infra-estruturas para maior acesso ao mercado e
quadro orientador conducente ao investimento agrário.
iii. RECURSOS NATURAIS – Uso sustentável e aproveitamento integral dos recursos terra, água,
florestas e fauna.
iv. INSTITUIÇÕES – Instituições agrárias fortes
2-16
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
2-17
Versão Provisória - ANEXO
Nesse sentido, o PEDSA será implementado com base em projectos e com orçamentos anuais de
acordo com a seguinte planificação:
a) Concentração de esforços em locais, a partir dos quais se desencadeiam os efeitos
multiplicativos em escala nacional;
b) Geração e transferência de tecnologias pela contribuição de cientistas para a investigação
agrária, de extensionistas para a transmissão dos conhecimentos e de gestores de recursos
naturais para garantia dos trâmites processuais legais.
c) Intervenção nas zonas de maior potencial agro-ecológico com infra-estruturas, equipamento,
base científica, serviços e mercados.
d) Expansão da agricultura de conservação como instrumento de economia da mão-de-obra,
recuperação de solos degradados e gestão da humidade, incluindo pacotes integrados para a
gestão da produção e para o controlo de pragas e de doenças.
e) Promoção do desenvolvimento de cadeias de valor para os produtos agrários com base em seis
Corredores:
i. Pemba-Lichinga, com suporte tecnológico a partir do Centro de Investigação Noroeste em
Lichinga e com concentração na batata, trigo, feijões, milho, soja, algodão, tabaco e frangos.
ii. Nacala, com suporte tecnológico a partir do Centro de Investigação Nordeste em Nampula e
com concentração na mandioca, milho, algodão, fruta, frangos e amendoim.
iii. Vale do Zambeze, com suporte tecnológico na unidade experimental de Ulóngue e com
concentração no arroz, milho, batata, bovinos, caprinos, algodão e frangos.
iv. Beira, com suporte tecnológico a partir do Centro de Investigação Centro em Sussundenga e
com concentração no milho, trigo, hortícolas, soja, arroz, bovinos e frangos.
v. Limpopo, com suporte tecnológico a partir do Centro de Investigação Sul no Chókué e com
concentração no arroz, hortícolas, bovinos e frangos;
vi. Maputo, com suporte tecnológico a partir da Unidade Experimental do Umbeluzi e com
concentração no arroz, hortícolas, frangos e bovinos.
Pretende-se com a estratégia, atingir o crescimento agrário, em média, pelo menos 7% por ano. As
fontes mediação do crescimento são a melhoria da produtividade (ton/ha), combinada com o aumento
da área cultivada, que prevê duplicar o rendimento das culturas prioritárias e aumento de 25% na área
plantada de culturas alimentares básicas até 2020, assegurando a sustentabilidade dos recursos
naturais.
Esse plano estratégico procura incentivar intervenções conjuntas dos sectores públicos e privados,
buscando melhorar a eficiência e reduzir custos ao longo das cadeias de valor, aumentando as margens
disponíveis. A metodologia de abordagem tem como base o conceito de Cadeia de Valor e “Clusters”,
além de aproveitamento de sinergias, conforme representa a Figura 2.2.1.
2-18
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Fonte: PEDSA
Figura 2.2.1 Cadeia de Valor e Clusters
De acordo com esse plano, o sector privado deve investir em cadeias de valor, de modo a capitalizar
investimentos públicos previstos. Por sua vez, o governo irá criar um ambiente favorável ao
desenvolvimento, pela provisão de bens públicos (estradas, energia, comunicação, entre outros.) e por
meio de políticas fiscais. Também as organizações da sociedade civil (OSCs) e as universidades
contribuirão pela organização dos produtores em associações/cooperativas e da sua formação. Por fim,
os parceiros de cooperação participarão na definição dos programas e no seu co-financiamento.
2-19
Versão Provisória - ANEXO
Para a materialização das suas atribuições o MASA se propõe levar a cabo as seguintes actividades:
Tabela 2.2.5 Atribuições do MASA
a. Na área da Agricultura:
Propor a aprovação de legislação, politicas e estratégias de desenvolvimento agrícola.
Implementar políticas, estratégias, planos, programas e projectos do sub-sector.
Estabelecer normas para licenciamento, fiscalização e monitoria das actividades do sub-sector;
Estabelecer normas para a implementação de projectos e programas de fomento das actividades
agrícolas;
Garantir a defesa sanitária vegetal e controlo fitossanitário;
Promover programas de investigação agrícola e disseminar os resultados;
Promover e garantir a assistência técnica aos produtores através dos serviços de extensão agrária, para
o aumento da produção e produtividade;
Promover e garantir a capacitação dos produtores.
Promover a criação e desenvolvimento de infra-estruturas e serviços de apoio às actividades agrícolas;
Produzir e sistematizar informação sobre a agricultura no país.
b. Na área da Pecuária:
Propor a aprovação de legislação, politicas e estratégias de desenvolvimento pecuário.
Implementar políticas, estratégias, planos, programas e projectos do sub-sector.
Estabelecer normas para licenciamento, fiscalização e monitoria das actividades do sub-sector;
Estabelecer normas para a implementação de projectos e programas de fomento das actividades
pecuárias;
Garantir a defesa sanitária animal, incluindo animais aquáticos, controlo zoo-sanitário e saúde pública;
Promover programas de investigação pecuária e veterinária, e disseminar os resultados;
Promover e garantir a assistência técnica aos produtores através dos serviços de extensão agrária, para
o aumento da produção e produtividade;
Promover e garantir a capacitação dos produtores.
Promover a criação e desenvolvimento de infra-estruturas e serviços de apoio às actividades pecuárias;
Produzir e sistematizar informação sobre a pecuária no país.
c. Na área da Hidráulica Agrícola:
Propor a aprovação de legislação, politicas e estratégias de desenvolvimento hidro-agrícola;
Definir, elaborar e promover programas e projectos para o desenvolvimento de infra-estruturas
hidro-agrícolas.
Promover a gestão e o uso sustentável da água para o aumento da produção e da produtividade agrária;
Elaborar e implementar normas e procedimentos sobre o acesso e uso sustentável de infra-estruturas
hidro-agrícolas.
d. Na área de Plantações Agro-florestais:
Propor a aprovação de legislação, políticas e estratégias de promoção e desenvolvimento de plantações
agro-florestais;
Implementar políticas, estratégias, planos, programas e projectos do sub-sector.
Estabelecer normas para a implementação de projectos e programas de fomento de plantações
agro-florestais;
Assegurar o desenvolvimento de plantações agro-florestais para fins de conservação, energéticos,
comerciais e industriais;
Promover programas de investigação florestal e disseminar os resultados;
Promover o processamento interno dos recursos provenientes das plantações agro-florestais.
e. Na área da Segurança Alimentar:
Propor a aprovação de legislação, politicas e estratégias de segurança alimentar;
Promover boas práticas de preparação e uso de alimentos para garantia da segurança alimentar e
nutricional;
Produzir, sistematizar e divulgar informação sobre a segurança alimentar no país;
Promover programas de educação pública e informação sobre acesso, conservação e processamento
de alimentos;
Garantir a segurança alimentar através da educação nutricional das comunidades priorizando os
alimentos mais nutritivos;
Assegurar a promoção e coordenação intersectorial na formulação, monitoria, avaliação e
implementação do quadro de políticas e estratégias para garantir a segurança alimentar e nutricional da
população.
2-20
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
2-21
Versão Provisória - ANEXO
Ministro
Secretário Permanente
Permanente
Inspecção Departamento
Jurídico
Instituições Tuteladas
FDA INIR SETSAN
Empresas Públicas
RBL HICEP
2-22
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A tabela 2.4.1 mostra a classificação dos produtores ou entidades agrícolas à luz do Censo Agrícola
2009-2010. Segundo este critério os produtores são classificados em função da magnitude da área
agrícola que cultivam e a quantidade de gado que possuem.
De acordo com o Censo Agrícola realizado pelo INE, em 2009-2010, o número total de
estabelecimentos agrários (agricultura & pecuária) em Moçambique é de 3.827.797, enquanto a área
total cultivada é de apenas 5.633.850 ha. A tabela 2.4.2 mostra a actual área cultivada por produtores,
conforme descrito acima.Os estabelecimentos agrícolas são predominantemente de pequenos
produtores (96.36%)e sua área média cultivada é de 1,4 ha, Os produtores de médio porte cultivam
apenas 2.32% da sua terra.
2-23
Versão Provisória - ANEXO
Existe um número considerável de agregados familiares chefiados por mulheres no seio das famílias
produtoras que correspondem a 27,5% do total das famílias produtoras. As famílias chefiadas por
mulheres possuem propriedades relativamente menores comparadas às de agregados familiares
chefiados por homens, conforme mostra a Tabela 2.4.3.
Tabela 2.4.3 Distribuição de Estabelecimentos Agrícolas (Pequenos & Médios) por Tamanho da
Propriedade
Unid.: %
< 0,5ha 0,5 – < 1,0 - < 5,0 - < Mais que Não
1,0ha 5,0ha 10,0ha 10,0 ha especificado
Chefe mulher 14,59 30,75 51,95 2,28 0,03 0,40
(Parte Cumulativa) (14,59) (45,34) (97,29) (99,57) (99,60)
Chefe homem 8,77 21,49 62,67 6,65 0,17 0,24
(Parte Cumulativa) (8,77) (30,26) (92,93) (99,58) (99,75)
Total 10,37 24,03 59,73 5,45 0,14 0,28
Fonte: Censo Agrícola em 2009-2010, INE
As culturas produzidas na área de intervenção podem ser classificadas em alimentares (Tabela 2.4.4) e
culturas de rendimento (Tabela 2.4.5). Constituem culturas alimentares o milho, mandioca, mapira e
mexoeira. Estas culturas são geralmente praticadas por produtores de subsistência. As culturas de
rendimento abarcam o tabaco, algodão, arroz entre outras. O arroz, além de ser plantado por
agricultores individuais, é também cultivado em estabelecimentos de grande escala.
Além dos cereais e da mandioca, os feijões e o amendoim também constituem culturas importantes
para a subsistência dos produtores. Os feijões são geralmente cultivados em consorciarão com cereais
e com mandioca nos mesmos campos.
As províncias da região centro, ou seja, Zambézia, Tete, Manica e Sofala, e a província de Nampula,
na região norte, são provínciasquestão na linha de frente no que tange a produção das principais
culturas alimentares no país. Estas províncias apresentam igualmente maior densidade populacional do
país. A produção nas províncias da região sul é lenta devido à escassez de precipitação, o que faz com
que se caracterize por défice de alimentos.
2-24
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A produção de hortícolas e de frutas ainda é limitada, comparada a dos cereais, mandioca e feijões,
muito embora tenha mostrado tendência positiva nos últimos anos. As hortícolas são normalmente
cultivadas por produtores com melhores condições, ou por grupos de produtores apoiados pelo
governo, em áreas onde há recursos hídricos para irrigação.
Em relação as culturas de rendimento, a maioria foi desenvolvida durante o período colonial, sendo
que o algodão, tabaco, castanhas de caju e açúcar ainda são produtos importantes de exportação em
Moçambique. O algodão e o tabaco são cultivados por produtores sob contrato
2-25
Versão Provisória - ANEXO
2.4.3 Pecuária
A Tabela 2.4.6 mostra a evolução da criação dos principais animais em Moçambique. Conforme
mostra a tabela o número do gado bovino, suíno e ovino é relativamente reduzido, considerando-se o
número total de produtores. O número de animais, com excepção do frango, reduziu após ter
conhecido o seu pico em 2008.Só frango apresenta um crescimento constante do número total.
Tabela 2.4.6 Número de Gado em Moçambique (2009 a 2013)
(unid: 1000cabeça, 2011)
Pecuária 2009 2010 2011 2012 2013
Gado 1.277,04 1.277,04 1.400,00 1.689,10 1.690,00
Porcos 1.340,71 1.340,71 1.500,00 1.688,13 1.800,00
Caprinos 3.907,48 3.907,48 4.000,00 4.333,78 4.350,00
Ovinos 220,39 220,39 220,00 247,37 250,00
Frangos 23.922,00 23.922,19 22.000,00 18.876,00 19.000,00
Fonte: FAOSTAT(Out. 2015)
Número 2.544 4.482 87.024 37.546 394.731 263.289 63.677 181.034 381.102 117.596 1.533.025
Gado
(%) (0,17) (0,29) (5,68) (2,45) (25,75) (17,17) (4,15) (11,81) (24,86) (7,67) (100,00)
Número 199.691 232.983 552.931 308.258 813.332 681.649 618.528 381.776 372.134 148.097 4.309.381
Suínos
(%) (4,63) (5,41) (12,83) (7,15) (18,87) (15,82) (14,35) (8,86) (8,64) (3,44) (100,00)
Número 3.312 9.516 48.431 8.136 21.242 14.446 46.507 16.268 56.627 8.960 233.445
Caprinos
(%) (1,42) (4,08) (20,75) (3,49) (9,10) (6,19) (19,92) (6,97) (24,26) (3,84) (100,00)
Número 34.159 81.531 117.918 293.130 373.347 72.281 235.338 223.175 202.027 55.219 1.688.125
Ovinos
(%) (2,02) (4,83) (6,99) (17,36) (22,12) (4,28) (13,94) (13,22) (11,97) (3,27) (100,00)
Número 660.829 1.198.005 2.091.273 3.939.257 1.305.810 1.871.738 1.540.960 1.095.436 950.772 3.568.125 18.222.204
Frango
(%) (3,63) (6,57) (11,48) (21,62) (7,17) (10,27) (8,46) (6,01) (5,22) (19,58) (100,00)
2-26
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
De acordo com o Relatório de Análise Intermediária do PRONEA de 2011, havia em 2010, 2.238
extensionistas, dos quais apenas 770 eram servidores do governo. Os demais 817 eram de ONGs e 651
provedores de serviços privados. Este número mostra que o serviço de extensão agrária no país
depende bastante do sector privado, incluindo as ONGs. De qualquer modo, o número total de
trabalhadores da extensão é muito reduzido para fornecer os serviços técnicos necessários para 3,8
milhões de estabelecimentos agrícolas no país.
2-27
Versão Provisória - ANEXO
O Plano Director de Extensão Agrária do MASA (PDEA, 2007 a 2016) descreve que há dois pilares
principais para a organização da extensão agrícola em Moçambique. Os pilares são o Sistema
Nacional de Extensão (SISNE), no qual diferentes provedores de serviços de extensão dos sectores
público e privado desempenham um papel, e o Sistema Unificado de Extensão (SUE), no qual todos
os serviços agrários operam através de um único funcionário de extensão que contrata produtores em
uma área particular de produção.
O Plano Director de Extensão Agrária (PDEA) é formulado combase num quadro lógico. A seguir
apresenta-se o resumo do PDEA22.
- Objectivo Geral:
Contribuir para a redução da pobreza absoluta, segurança alimentar e melhoria da qualidade
de vida da população rural.
- Objectivo do Programa:
Aumentar o rendimento e melhorar a segurança alimentar das famílias de produtores quer
dosexo masculino quer do sexo feminino, especialmente agregados familiares chefiadas por
mulheres e agregados familiares desfavorecidos, através de uma melhoria constante da
eficiência de produção.
- Objectivos Específicos:
i Melhorar a capacidade de implementação dos programas de extensão rural dentro de um
quadro de participativo e pluralístico
ii Aumentar a capacidade técnica e de gestão dos produtores no processo de planificação,
gestão e avaliação e na prestação de serviços;
iii Fornecer serviços de extensão a nível provincial e distrital visando a promoção da
produtividade agrícola e a utilização sustentável dos recursos.
2-28
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Algumas questões cruciais no Plano Director, por exemplo, a estrutura organizacional proposta e a
implementada aos níveis central, provincial e distrital para <A-: Reforma e Apoio do Sector Público>
e Papeis e Responsabilidades de cada organização, são tratados nas partes que seguem do presente
relatório. Alias, é por essa razão que esta parte do documento está virada para os objectivos do Plano
Director de Extensão Agrária em relação a segunda componente.
No Plano Director, os primeiros dois temas nomeadamente i) Melhoria do sistema de sustento dos
pequenos produtores ii) Abordagem de Cadeias de valores são analisados combase na documentação
fornecida pela Direcção deEconomia do Ministério da Agricultura e SegurançaAlimentar (MASA)26.
Na introdução do da primeira componente temática, o Plano Directorcinge-se na geração de
rendimento através do empoderamento dos produtores recorrendo a organização de produtores e
estabelecimento de redes que irão permitir a integração dos produtores no mercado. Espera-se a
intervenção de extensionistas na promoção deste sistema (a seta vermelha do DDA e DPA).
DPA Contracto&
Monitoria
Selecção
-Viabilidade
-Eligibilidade
Mercado Fornecedore
DDA s/distribuido
res de
Demonstração de insumos
Interece(elaboração do Disseminação
plano com extensionista) do Programa Contracto/Pr
odução
Produtores
Fonte: MINAG (2007) Plano Director de Extensão Agrária (2007-2016), Página 26, citado pelo
MINAG (2006) PES27
Nota: Abreviatura do texto Original: DNSA- Direcção Nacional de Serviços Agrários; FDA –
Fundo para o Desenvolvimento Agrário; DPA- Direcção Provincial da Agricultura; DDA –
Direcção Distrital da Agricultura
Figura 2.5.1 Papel dos extensionistas na Produção Agrária, Intensificação e
Diversificação
25
Fonte: MINAG (2007) Plano Director de Extensão Agrária (2007-2016), Pagina 25 a 27
26
MINAG, 2006. Plano Economico e Social, PES/2007. Direccao de Economia, Ministerio da Agricultura,República de
Mocambique, Julho, 2006.
27
Ibid
2-29
Versão Provisória - ANEXO
O PRONEA é um programa que operacionaliza o Plano Director de Extensão Agrária, que está
alinhado com o PEDSA (2011- 2020). Embora o PRONEA tenha sido originalmente planejado para os
anos 2008 a 2015, foi elaborado um novo plano de implementação de cinco anos (2012 a 2016) após a
revisão intermediária em 2011. O Relatório de Análise Intermediária confirmou que o projecto de
apoio PRONEA foca em pequenos produtores e emergentes para melhorar sua produtividade bem
assim o e acesso ao mercado.
O objectivo geral do PRONEA é contribuir para a redução da pobreza absoluta e para a melhoria da
qualidade de vida dos homens e mulheres pobres, enquanto o PRONEA visa criar condições para
melhorar o rendimento e a segurança alimentar dos agregados familiares dos pequenos produtores,
especialmente agregados familiares chefiados por mulheres e as famílias desfavorecidas, através da
melhoria na eficiência da produção. Este objectivo será alcançado através: maior acesso a serviços de
apoio técnico eficazes centradas no distrito; grupos de produtores melhor organizados que influenciam
a prestação de serviços; e prestação de serviços de apoio em resposta a solicitações.
2) Componentes do PRONEA
ii) Promoção e Apoio ao Sector Privado/ONGs nas actividades de extensão, que se refere
principalmente ao fortalecimento dos provedores de serviços de extensão agrícola das ONGs e
do sector privado a nível distrital e provincial.
28
Source: IFAD (2011) Loan No. 690-MZ : PRONEA Mid-Term Review Aide-Mémoire, Page 2
2-30
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
i) Prestação de Serviços a nível Provincial, contribuindo para uma melhor prestação dos serviços
após a capacitação e fortalecimento do programa de prestação de serviços agrícolas
ii) Prestação de Serviços a nível Distrital/Local pelos provedores de serviço de extensão públicos
e privados
Conforme se pode notar acima, Os objectivos e os componentesdo PRONEA e estão alinhados com os
objectivos do Plano Director Extensão Agrária. Existem algumas diferenças do ponto de vista
institucional e de abordagem nas formas de intervenção do PRONEA.
Com base na análise feita pela missão, o PRONEA foi redireccionada da seguinte forma30. Os
componentes e subcomponentes que constituem a estrutura do PRONEA não mudam.
Nível provincial, DAPSA através Serviços Provinciais de Extensão Agrícola (SPER) são
responsáveis pela implementação do Projecto de Apoio ao PRONEA.
29
Avaliação Intercalar do PRONEA (2011) Sumário Executivo, Página vii, No. 8, <8. Principais causas de fraco desempenho>
30
Listed by the mission based on the interviews with IFAD, FAO, and DNEA, as well as the information in theMid-term Review
Report and Aide-Mémoire.
2-31
Versão Provisória - ANEXO
O orçamento total para o novo plano quinquenal é de US$ 26,8 milhões financiados pelo Governo,
Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrário (IFAD) e União Europeia (UE).
A produção de sementes certificadas de milho, arroz, mapira, amendoim, girassol, feijão manteiga,
feijão nhemba, algodão, batata reno, trigo e mudas de cajueiro, bem como a produção de semente
melhorada das culturas de milho, arroz, mapira, trigo, amendoim, feijão manteiga, feijão nhemba e
girassol, obedece requisitos estabelecidos nos anexos do regulamento supracitado.
Por outro lado, a importação de sementes é regida pelo disposto no Regulamento de Importações de
Sementes aprovado pelo Diploma Ministerial nº 95/91, sendo que as entidades que pretendem
importar sementes devem inscrever-se no Ministério do Comércio como importadores de sementes.
Outrossim, a semente a ser importada deve obter a autorização prévia do Ministério da Agricultura e
não deve ser de variedade geneticamente modificada ou infestante. Deve igualmente cumprir com as
normas fitossanitárias de quarentena.
O movimento associativo em Moçambique teve início com o apoio da Lei das Associações (Lei
n.º8/91; Lei das Associações), que previa a livre associação e os fóruns de incorporação e registo de
diferentes formas de associação (associações filantrópicas que defendem interesses, sindicatos,
partidos políticos, ONGs, clubes desportivos, etc.) Dentro deste quadro jurídico para associativismo,
foi estabelecido um grande número de associações de agricultores tanto no centro como norte de
Moçambique, muitas vezes com apoio deONGs.
Mais tarde, a legislação foi melhorada com a aprovação do Decreto-Lei n.º. 2/2006, que simplifica e
descentraliza o processo de registo das associações agrícolas até nível distrital. Muitas associações
foram criadas com o apoio desta lei. A fim de incentivar mais organizações economicamente
orientadas, foi formulada a Lei Geral das Cooperativas Modernas (Lei n.º. 23/2009), com o apoio da
Sociedade Civil que enfatiza a organização de pessoas com a visão económica para ultrapassar
questões sociais em diferentes áreas, não apenas no sector agrícola mas também noutras áreas de
actividade (agricultura, crédito, saúde, consumo, construção, serviços, etc.).
2-32
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Uma associação registada pode estabelecer uma união com outras associações registadas. Se a união
opera em mais de um distrito, o representante provincial é responsável pela respectiva supervisão. Se o
sindicato funciona em mais de uma província, o chefe do departamento relevante do MASAé
responsável pela supervisão. Depois do estabelecimento de uma união, as organizações-membro
podem modificar a sua Constituição.
A nova Lei do Cooperativismo (Lei n.º. 23/2009) foi aprovada em Setembro de 2009, e entrou em
vigor em Março de 2010. Uma série de diferentes organizações e projectos (incluindo a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), Liga das Cooperativa dos EUA (CLUSA), Agri FUTURO e outras)
estiveram envolvidas na elaboração da nova lei. A Associação Moçambicana de Promoção do
Cooperativismo Moderno (AMPCM) foi formalmente criada em Janeiro de 2010 para assumir um
papel de liderança na implementação da lei através da promoção e desenvolvimento de cooperativas
modernas em Moçambique como uma forma sustentável de geração de riqueza. A nova lei prevê um
quadro jurídico bem definido para a organização de cooperativas de produtores com um propósito
claramente definido. A comercialização de produtos pode actualmente ser o mais urgente, e pode
muito e bem ser alcançada pelos produtores através de criação de cooperativas que funcionam
razoavelmente bem. Ainda constituí um grande desafio em Moçambique tornar nova legislação
conhecida e disponível, e particularmente nos distritos e zonas rurais.
2-33
Versão Provisória - ANEXO
As cooperativas, diferentemente das associações, exigem autorização prévia do Governo para o seu
estabelecimento. Uma cooperativa de produtores (uma cooperativa de primeiro nível) deve ter no
mínimo cinco membros, embora não exista qualquer limite superior relacionado com a adesão.
Cooperativas de segundo nível são constituídas de cooperativas de primeiro nível como membros, e
elas devem ter no mínimo dois membros. O Artigo 82 da nova Lei das Cooperativas prevê a
transformação das associações de produtores existentes em cooperativas modernas se elas cumprirem
os requisitos estabelecidos previstos na lei.
Nos últimos 10 anos, o volume de empréstimos para a agricultura triplicou, apesar do total de
empréstimos para a economia moçambicana crescer 9 vezes em termos de moeda local. O volume de
crédito para o sector agrário representou apenas 6,5% do volume total da economia nacional em 2010.
Os empréstimos para a produção agrária ainda se concentram nas culturas de rendimento
nomeadamente tabaco, açúcar, algodão, caju, copra e chá.
A maioria dos pequenos produtores que domina a economia rural de Moçambique está totalmente fora
do alcance de qualquer operador financeiro. Uma vez que não existe um sistema formal de
financiamento subsidiado para pequenos produtores, os bancos comerciais constituem o seu único
canal formal de financiamento. Embora o Banco Terra e ProCredit tenham criado um esquema de
micro empréstimo apropriado para pequenos produtores, o esquema não tem condições específicas
para empréstimos agrícolas.
Quase nenhum distritodispõe de instalações bancárias formais. Além disso, muitos agricultores têm
dificuldades de aceder aos empréstimos dos bancos comerciais devido à elevada taxa de juros,
normalmente superiores a 25%, bem assim dificuldades em relação a apresentação de garantias pelos
empréstimos. Sendo a terra propriedade do estado, a mesma não pode ser usada como garantia para os
bancos. O sector de microfinanças, complementando o sistema bancário comercial que se encontra em
condições precárias, é demasiado pequeno e tem orientação urbana. Existe um número limitado de
associações de produtores que têm experiência com ONGs para operar um microfinanciamento. Esta
situação faz com que se torne cada vez mais difícil respondera necessidade crescente dos produtores
pelos serviços financeiros.
A Tabela 2.5.2 mostra que apenas 2,3% dos estabelecimentos agrícolas tiveram acesso ao crédito a
nível nacional, e existe uma grande diferença entre os pequenos e médios produtores e os grandes
produtores em termos de acessibilidade ao crédito, excepto na província de Tete.
2-34
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Tabela 2.5.2 Parte dos Estabelecimentos Agrícolas que tiveram Acesso ao Crédito (%)
Província Pequeno Médio Grande Total
Niassa 0,7 11,1 - 0,7
Cabo Delgado 1,2 8,9 4,5 1,2
Nampula 1,2 6,3 11,4 1,2
Zambézia 0,4 8,1 13,0 0,4
Tete 13,9 9,9 15,6 13,8
Manica 0,6 6,3 20,0 0,7
Sofala 2,2 6,6 10,3 2,2
Inhambane 1,0 7,4 4,3 1,1
Gaza 2,4 5,3 20,7 2,4
Maputo 0,5 2,2 15,5 0,5
Maputo Cidade 0,9 3,0 24,1 0,9
Nacional 2,3 7,0 15,2 2,3
Fonte: Censo Agrícola2009-2010, INE
O Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD) constitui a fonte do crédito alocado aos produtores. O
FDD é um orçamento global de 7 milhões Meticais, alocado pelo Governo Central para cada distrito
para a implementação de projectos de desenvolvimento distrital, sujeitos à deliberação com a
comunidade e com os Conselhos Distritais. Embora inicialmente o FDD era destinado a projectos de
investimento público, como a construção de estradas e escolas, o Governo posteriormente reservou o
2-35
Versão Provisória - ANEXO
FDD para empréstimos para associações rurais, assim como para a produção de culturas visando a
melhoria da segurança alimentar.
O uso e gestão dos recursos hídricos em Moçambique são regulados pela Lei das Águas de 1991; a
Política Nacional de Águas de 1995, revista em 2007; a Política de Tarifas de Água de 1998 e a
Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos de 2007.
A Lei das Águas, Lei n.º 16/91, considera a bacia hidrográfica como unidade básica para a gestão de
recursos hídricos e apresenta tanto a estrutura institucional quanto os princípios e politicas da gestão
de águas em Moçambique. Foi concebida com vista a criação de um sistema de gestão de águas
descentralizado e participativo. De acordo com essa lei, o uso da água pode ser classificado por
comum e privado. O uso comum é grátis e isento de licença e destina-seà satisfação das necessidades
de água ao nível doméstico, pessoal, inclusive para agricultura de pequena escala. Por outro lado, o
uso privado requer uma concessão ou por via da lei.
A Política Nacional de Águas (PNA), aprovada pela Resolução n.º 7/95 e posteriormente revista pela
Resolução n.º 46/07, traz estratégias específicas de abastecimento de água para áreas urbanas,
periurbanas, rurais, saneamento e gestão integrada de recursos hídricos. Na mesma linha da Lei das
Águas, a PNA visa à descentralização da gestão de recursos hídricos a entidades autónomas, no nível
de bacias. Dessa forma, o Governo define prioridades e nível mínimo de prestação de serviços, regula
as actividades dos fornecedores de serviços, mas deixa de intervir directamente na implementação dos
serviços. A gestão integrada tem como objectivo maximizar os benefícios da comunidade,
considerando os impactos ambientais e a conservação dos recursos hídricos.
No que diz respeito à irrigação, a PNA visa ampliar a base de desenvolvimento económico, criar
riqueza e melhorar as condições de vida, com foco em:
2-36
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A Política de Tarifas de Água, estabelecida pela Resolução n.º 60/98, tem como base o conceito de que
a água é um bem económicoe as tarifas devem reflectir a necessidade de se recuperarem os custos.
Possui uma tarifa para a água bruta; a água potável em zonas urbanas; a água potável em zonas rurais;
o saneamento convencional; o saneamento a baixo custo; e a água para irrigação. Em relação a água
para irrigação, as tarifas têm como base o volume, e as Administrações Regionais de Águas são as
responsáveis pela gestão operacional e pela cobrança das respectivas taxas.
Segundo a política em apreço, uma vez que a água é um bem social, as tarifas devem ser estabelecidas
de modo a garantir quetodas as camadas da sociedade tenham acesso aos serviços básicos de água e ao
saneamento. Desse modo, a Política de Tarifas de Água reitera a Lei das Águas, ao referir que a água
bruta de uso comum, utilizada para satisfazer necessidades domésticas, incluindo dessedentação de
gado e rega em pequena escala (sem uso de sifões ou meios mecanizados), será gratuita, enquanto a
água bruta, utilizada mediante licença e por concessão para geração de energia hidroeléctrica,
piscicultura, lazer, e rejeição de efluentes, será utilizada mediante uma cobrança.
Na DNA, à luz da Lei das Águas, foram estabelecidas asARAs como as autoridades das bacias,
responsáveis pelo desenvolvimento e gestão de águas. Ao nível nacional, a gestão de águas está sob a
responsabilidade da Direcção Nacional de Águas e ao nível regional, existem cinco ARAs
responsáveis, ex. ARA Sul, Ara Centro, ARA Zambezi, ARA Centro-Norte(ARA-CN)e ARA-Norte
(ARA-N). As ARAs têm autonomia administrativa, organizacional e financeira, para recolha das
tarifas de água dos consumidores. Actualmente, a tarifa de água é cobrada somente para consumidores
de grande escala como a Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água(FIPAG),
2-37
Versão Provisória - ANEXO
mineradoras e outros usuários industriais, assim como grandes usuários de rega com mais de 500ha.
As principais responsabilidades das ARAs são:
a) Planificação e alocação dos recursos hídricos
b) Controlo do uso de águas, descarga dos tributários e outras actividades que afectam os recursos
hídricos.
c) Atribuição de licenças e concessão de uso de água e cobrança das tarifas de água
d) Planificação, construção e operação de infra-estrutura hídricas.
e) Autorização e aprovação de infra-estrutura hídricas
f) Prestação de serviço técnico para os sectores público e privado
g) Recolha e gestão de dados hidrológicos
Com relação às licenças para o uso de águas, existem dois tipos, i.e., Licença e Concessão. A Licença
é emitida basicamente para o curto prazo ou para uso limitado, com uma validade de 5 anos e não
pode ser estendida por mais de 10 anos, enquanto a Concessão não tem limite de validade. Para o uso
permanente, é necessário obter principalmente a concessão de uso de água. Além das licenças
mencionadas acima, em algumas províncias como Lichinga, também são concedidas licenças
provisórias para o uso da água, com renovação anual.
Com relação aos desenvolvimentos de irrigação e drenagem, os projectos de grande escala são
administrados pela DNA e a CNA, enquanto que os de pequena e média escala são administrados pelo
INIRdo MASA.
2-38
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
O país tem uma tradição de práticas de irrigação que datado período anterior à independência, quando
a área irrigada total chegava a 100.000 ha. Depois da independência em 1975, a área irrigada
aumentou, atingindo quase 120.000 ha no início dos anos 80. Posteriormente à independência, o
governo promoveu a exploração dos sistemas de irrigação existentes pelas empresas estatais. Porém,
estas empresas tornaram-se um símbolo de ineficiência e má administração levando à consequente
deterioração das infra-estruturas de irrigação. Actualmente, as áreas irrigadas estão ocupadas por
pequenos proprietários e empresas agrícolas. Em todo o país existem pequenos sistemas de irrigação,
que se encontram abandonados ou parcialmente utilizados. Grandes partes dos sistemas de irrigação
encontram-se em más ou péssimas condições e somente uma parte relativamente pequena dos sistemas
deirrigação está a ser utilizada. Na maior parte dos sistemas de irrigação são utilizadas águas
superficiais dos rios. As águas subterrâneas são utilizadas de maneira bastante limitada por pequenos
proprietários familiares.
No norte do país, existem poucos sistemas de irrigação de grande escala que se encontram
efectivamente em funcionamento. Somente pequenos e médios sistemas de irrigação (Classe Ae B)
respectivamente estão operacionais. No Sul e Centro do país, sistemas de grande escala (Classe C) são
responsáveis por aproximadamente 70 a 80 % da área equipada. Os sistemas da Classe A são operados
principalmente por produtores individuais ou organizados em uma associação. Os sistemas de Classe
B são geralmente utilizados para a exploração industrial, principalmente de cana-de-açúcar e arroz. Os
sistemas de Classe C já não são utilizados, uma vez que a maior parte dos projectos recentes está
voltada para a reabilitação e desenvolvimento dos sistemas de classes A e B.
De acordo com o Inquérito Agrícola de 2012 realizado pelo MINAG, em média 8% das famílias
produtoras utilizavam sistemas de irrigação a nível nacional. As províncias de Niassa, Cabo Delgado,
Nampula e Zambézia apresentam as taxas mais baixas entre 2 a 6%, enquanto as províncias de Tete,
Manica, Inhambane e Maputo apresentam taxas elevadas, aproximadamente de 20%.
2-39
Versão Provisória - ANEXO
Em Moçambique, é possível observar que nos grandes sistemas de irrigação, as instalações principais
tais como o canal principal e as estruturas relacionadas são operadas e administradas pelos serviços
públicos e as instalações depois do canal secundário são operadas e administradas pela Associação de
Usuários de Água (AUAs), organizadas pelos usuários de irrigação. Como exemplo, no Sistema de
Irrigação de Chókwe, um dos mais importantes e grandes sistemas de Irrigação em Moçambique, as
instalações principais são geridas pela Hidráulica de Chókwè Empresa Pública: HICEP, responsável
pelo fornecimento e alocação de água no canal principal, cobrança e recolha de tarifas de água e a
operação e manutenção das infra-estruturas relacionadas. As AUAs organizadas por cada bloco de
2-40
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
irrigação são responsáveis pela operação e manutenção dos sistemas de irrigação secundários e
terciários.
Em Moçambique, as AUAs são legisladas pela Lei de Associação (Decreto-Lei n.º2/2006) como uma
Organização de Produtores, visto que ainda não existe uma lei para associação de usuários de água.
No cômputo geral, as capacidades das AUA não são desenvolvidas devido à falta de experiência na
operação e manutenção das instalações assim como na gestão de águas, aliado a falta de fontes de
financiamento. Portanto, os sistemas de irrigação não são adequadamente administrados. O governo e
o MASA assim como os doadores vêm envidandoesforços de diversa índole afim de fortalecer a
funcionalidade das AUA.
Para pequenos sistemas de irrigação, os sistemas são operados e administrados pela Associação de
Produtores ou Grupo de Produtores, em alguns casos pela Comunidade, sem uma AUA que se
organiza especialmente para a operação e manutenção do sistema de irrigação. Em geral, a situação da
operação e manutenção das instalações por estes também são de padrão inferior. Para fazer face a esta
situação, a Estratégia Nacional de Irrigação enfatiza o apoio para a organização e fortalecimento das
associações de usuários de irrigação, pelos pilares de desenvolvimento de infra-estrutura,
administração e uso da irrigação.
O mercado de produtos agrícolas está dividido em local, regional e internacional. O mercado local
fornece produtos agrícolas da área de produção ao público e ao mercado temporário no distrito, em
outros distritos e na capital da província. O mercado regional fornece produtos de outras regiões e
distritos. O mercado internacional consiste na importação e exportação de produtos agrícolas e de
produtos processados. Considerando que a cobertura dos sistemas de irrigação em Moçambique é
limitada, a prática de cultivo de sequeiro é dominante no país, o que resulta na falta de alimentos
básicos na estação seca. Por outro lado, a região norte tem produção excedente de milho mesmo na
estação seca. Entretanto, o milho é importado todos os anos na região sul. Os altos custos de transporte
causados pelas condições precárias das estradas fazem com que produtos como o milho na região
norte enfrentem dificuldades para competir com produtos importados na região sul.
Consequentemente, o milho produzido na região norte é exportado para países vizinhos como o
Malawi e Zimbabwe. As culturas de alto valor, como feijões e amendoim da região norte, ainda têm
competitividade no mercado da região sul.
Conforme se fez referência acima, Moçambique é dividido em 3 regiões, norte, centro e sul. Além do
movimento entre distritos, verificam-se os seguintes movimentos típicos dos produtos agrícolas em
cada região:
2-41
Versão Provisória - ANEXO
O fluxo de produtos agrícolas em Moçambique caracteriza-se por dois produtos típicos, milho e
feijões. A Figura 2.7.1 ilustra o movimento do milho em Moçambique. O milho produzido na região
norte é fornecido aos distritos da região e em regiões vizinhas principalmente para consumo, e para o
Malawi e para o Porto de Nacala para exportação. Um fenómeno similar ocorre na região centro, mas
eles fornecem milho apenas para Maputo.
2-42
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
No que se refere às importações, a Tabela 2.7.2 resume os principais produtos importados pela
República em 2010. Destacam-se arroz, trigo, óleo de palma, açúcar refinado e produtos oriundos da
pecuária. Verifica-se que o arroz, mesmo sendo produzido tanto por pequenos quanto por grandes
produtores, ainda é o principal produto importado. O açúcar bruto (segundo principal produto de
exportação) volta na forma de açúcar refinado (sendo o quarto maior produto de importação).
2-43
Versão Provisória - ANEXO
(1) Milho
Conforme mostra a Figura 2.7.2, a exportação de milho apresentou níveis variados de 15.000 a 30.000
t. A produção doméstica de milho em 2006 foi muito boa e parece ter havido um excedente de
aproximadamente 70.000 t de milho. Enquanto isso, a importação de milho apresenta uma tendência
de redução desde 2003. No geral, a quantidade importada tende a decrescer.
quantidade (t.)
80,000
60,000
60,000 200,000 40,000
40,000
40,000
100,000 20,000
20,000
20,000
0 0 0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Quantitiy 0 0 5,522 3,267 11,965 931 103,210 19,123 29,156 15,190 Quantitiy 125,000300,000373,312 205,612 56,374 179,000239,000 28,150 100,893 81,794
Value 0 0 862 324 2,113 1,130 88,640 5,094 5,117 3,254 Value 20,000 51,000 75,448 26,672 9,637 30,000 36,000 7,000 35,000 23,275
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.2 Importação e Exportação de Milho (quantidade e valor)
(2) Arroz
Os dados sugerem que o nível de importação de arroz (Figura 2.7.3) mostrou um aumento no volume e
no valor de 2001 a 2007, tendo então diminuído entre 2004 a 2005. Isto foi causado por um pico do
preço do arroz no mercado internacional em 2008 e pelo aumento da produção doméstica devido à
expansão da área de produção em 2008. Entretanto, aproximadamente 280 mil (US$ 140 milhões) de
arroz foram importados em 2009.
500,000 150,000
Iportação de arroz processado
400,000
valor (US$ 1000)
100,000
quantidade (t.)
300,000
200,000
50,000
100,000
0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Quantitiy 70,000 31,500 75,980 159,35 262,58 259,34 382,27 425,60 263,65 280,34
Value 21,200 9,500 13,619 30,244 49,396 67,500 96,300 127,50 100,00 136,74
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.3 Importação do Arroz Processado (quantidade e valor)
(3) Soja
Conforme ilustra a Figura 2.7.4, a quantidade importada de soja parece ter crescido no período
2000-2006, mas caiu em 2008. O quadro geral obtido a partir dos dados é que a importação de óleo de
soja aumentou de 2000 a 2009.
2-44
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
quantidade (t.)
400
quantidade (t.)
200 20,000
300 20,000
150 15,000
200
100 10,000
10,000
100 50 5,000
0 0 0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Quantitiy 27 92 148 31 6 370 510 469 36 137 Quantitiy 7,300 13,300 13,000 8,695 24,265 23,000 30,200 19,945 35,700 35,700
Value 12 21 52 9 25 165 306 289 54 120 Value 3,200 4,100 4,100 5,297 14,805 13,000 13,800 15,334 29,000 29,000
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.4 Importação de Soja e de Óleo de Soja (quantidade e valor)
(4) Trigo
800,000 120,000
Moçambique é um grande importador de trigo Importação de trigo e de farinha de trigo
100,000
quantidade (t.)
80,000
20,000
importada tenha caído em 2007 e 2008 devido ao
0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
alto preço no mercado internacional. Em 2009, a Quantitiy 230,008230,666245,483363,695503,185470,497614,372353,666243,958439,746
Value 23,300 20,400 34,978 60,682 91,396 65,970 92,364 94,420 88,770 109,589
redução do preço no mercado internacional ao nível
Fonte: FAOSTAT
de 2006 resultou em aumento da quantidade
importada (Ver Figure 2.7.5). Figura 2.7.5 Importação de Trigo e de
Farinha de Trigo (quantidade e valor)
(5) Frango
A Figura 2.7.6 mostra a importação de frango e de torta de soja, que é utilizada como material para
alimentação dos frangos. A importação de frango registou uma redução em 2006, tendo vindo a
registar uma subida novamente a partir de 2008 e alcançou aproximadamente 18.000 ton em 2009,
sendo o pico dos últimos anos. Conforme se fez referência anteriormente na secção da soja, a
produção doméstica de carne de frango tem mostrado uma tendência crescente desde 2006 e, desde
então, tem causado a redução da importação de carne frango e o aumento da importação de torta de
soja. A quantidade importada de torta de soja variou de 7.000 ton a 8.000 ton no período de 2006 a
2009. Entretanto a importação de frango voltou ao seu nível mais alto de 2005. Existe um forte
crescimento da demanda por carne de frango no mercado doméstico.
14,000 20,000 10,000 4,000
Importação de carne de frango Importação de torta de soja
12,000
8,000
Value (1000US$)
15,000 3,000
valor (US$ 1000)
10,000
quantidade (t.)
quantidade (t.)
8,000 6,000
10,000 2,000
6,000
4,000
4,000
5,000 1,000
2,000
2,000
0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009 0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Quantitiy 2,900 2,900 7,913 3,308 8,050 13,216 10,812 8,461 9,199 12,605 Quantitiy 600 4,200 3,245 1,184 696 853 6,582 7,965 7,600 7,200
Value 3,600 3,600 9,409 6,547 9,225 15,232 12,742 10,463 13,775 17,152 Value 70 1,100 833 392 185 376 1,670 2,659 2,600 3,491
A importação de torta de soja cresceu dramaticamente. A razão para este rápido crescimento da
importação da torta de soja é que o governo baniu, em 2006, a venda de carne de frango com mais de
2-45
Versão Provisória - ANEXO
80 dias depois do abate. Este regulamento estimulou a produção doméstica de carne de frango, que
não era competitiva em relação à carne de frango importada. A carne de frango doméstica, que tinha
apenas 10% de capacidade de produção, teve sua capacidade aumentada em 20% por ano nos últimos
5 anos, com a continuidade dos investimentos na produção de frango. O preço da soja no mercado
internacional também tem aumentado desde 2007. Consequentemente, a demanda por soja doméstica
está a se expandir rapidamente. Segundo os avicultores em, o preço da torta de soja importada é de
16,80 MT/kg e 18 MT/kg em Nampula e Zambézia respectivamente (de 12 a 13 MT/kg directo do
produtor).
(6) Amendoim
O amendoim apresenta uma forte elasticidade de preços conforme a demanda. NaFigura 2.7.7, os
dados mostram que a quantidade de amendoim importada decresce quando o preço aumenta e
vice-versa. Quando o preço no mercado internacional registou um agravamento em 2006, a quantidade
exportada continuou a crescer. Por outro lado, a quantidade importada foi mantida em um nível baixo.
3,000
quantidade (t.)
quantidade (t.)
8,000 4,000
2,500 1,500
6,000 2,000 3,000
1,500 1,000
4,000 2,000
1,000
500
2,000 1,000
500
0 0 0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Quantitiy 300 300 36 1,954 212 532 473 10,362 3,125 2,548 Quantitiy 240 2,900 5,624 816 1,889 5,296 910 841 918 811
Value 150 150 4 708 91 538 61 3,588 1,597 2,008 Value 169 1,050 1,345 540 823 1,942 888 815 943 859
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.7 Importação e Exportação de Amendoim (quantidade e valor)
(7) Banana
Conforme mostra aFigura 2.7.8, a exportação de banana começou em 2004 e continuou a crescer em
volume e valor. No corredor de Nacala, a Matanuska financiada pela África do Sul, em aliança com a
Chiquita Banana, financiada pelos EUA, exporta banana para o mercado europeu através do porto de
Nacala.
(8) Gergelim
Os dados para o gergelim (Figura 2.7.8) parecem mostrar um aumento global no volume e no valor de
exportação de aproximadamente 7,5 vezes o volume e 13,8 vezes o valor, crescendo de 5.300 ton com
aproximadamente US$ 3.300 em 2003 para aproximadamente 40.000 ton com aproximadamente
US$ 45.000 em 2009.
2-46
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
45,000 50,000
4,000 25,000
Exportação de gergelim 45,000
Exportação de banana 40,000
35,000 40,000
20,000
quantidade (t.)
35,000
30,000
30,000
15,000
quantidade (t.)
25,000
2,000 25,000
20,000
10,000 20,000
15,000
15,000
1,000 10,000
5,000 10,000
5,000 5,000
0 0 0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Quantity 0 0 0 0 338 537 1,429 2,884 3,371 2,920 Quantitiy 0 0 0 5,281 12,582 11,755 8,166 19,653 25,793 39,436
value 0 0 0 0 1,776 3,701 9,635 18,081 19,971 18,570 Value 0 0 0 3,268 9,005 8,303 5,788 15,793 38,233 45,151
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.8 Exportação de Banana(Esquerda)e Gergelim(Direita) (quantidade e valor)
(9) Feijões
Não há informação estatística sobre o comércio de feijões. Uma quantidade de US$ 6,5 milhões de
feijões foi exportada em 2009, mas não foram classificados os tipos de feijões exportados. Em
Nampula, a Export Marketing, uma empresa indiana de comércio de grãos, exportou 7.000 ton de
feijão holoco e 23.000 ton de feijão boer em 2011. Esta empresa faz a recolha directamente a partir
dos produtores através de colectores e exportaram para a Índia.
Os dados de preços de produtos agrícolas foram obtidos consultando boletins chamados "hot-hot",
uma publicação semanal do sistema de informações de mercado agrícola (SIMA). Em relação a estes
dados, o Departamento de estatísticas do MASA tem a responsabilidade de recolher e divulgar dados
com maior confiabilidade e maior alcance da cobertura de áreas e produtos. O período de análise foi
de Junho de 2011 a Junho de 2013.
A selecção dos Distritos apresentados neste capítulo baseia-se na disponibilidade de dados. Abaixo
segue a lista dos produtos agrícolas e dos Distritos considerados na análise:
Culturas: Grão de milho branco, farinha branca com farelo, arroz corrente, farinha de milho
branco sem farelo, feijão nhemba, feijão manteiga, amendoim pequeno, amendoim grande,
mandioca fresca e batata-doce.
Distritos: Maputo, Boane, Xai-Xai, Chókwe, Inhambane, Maxixe, Massinga, Beira, Gorongosa,
Nhamatanda, Manica, Chimoio, Tete, Mutarrara, Angónia, Quelimane, Mocuba, Alto Molócuè,
Milange, Nampula, Pemba, Montepuez, Lichinga e Cuamba.
Posto isso, tomando como referência o ano de 2013, foram estabelecidos valores médios nacionais
para todos os produtos agrícolas descritos. Os valores encontram-se em Meticais por quilograma
(MT/kg), conforme demonstra a Figure 2.7.9 É possível observar produtos que se encontram no
mesmo patamar de preços, tais como:
1) Grão de milho branco, mandioca fresca e a batata doce (até 20 MT/Kg)
2) Farinha branca com farelo, arroz corrente, farinha de milho banco sem farelo e feijão nhemba
(de 20 a 40 MT/Kg)
2-47
Versão Provisória - ANEXO
Observa-se que o milho, o arroz, a farinha sem farelo, a mandioca fresca e a batata-doce apresentam
baixa variabilidade (amplitude) de preços. Logo, deduz-se que esses produtos possuem maior
estabilidade e equidade nos mercados regionais, justificado principalmente pelo facto de estes
produtos fazerem parte da base nutricional de Moçambique e são produzidos de forma generalizada ao
longo do país. Por outro lado, o amendoim (grande e pequeno), os feijões (nhemba e manteiga), e a
2-48
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
farinha com farelo demonstram mercados mais instáveis afectados directamente por variáveis como o
local de produção e dificuldade de acesso ao posso para a irrigação em épocas secas.
No intuito de identificar além da distribuição, o comportamento dos preços ao longo do tempo, foram
seleccionados dezasseis Distritos (Maputo, Chókwe, Massinga, Gorongosa, Nhamatanda, Manica,
Chimoio, Tete, Mutarrara, Angónia, Alto Molócuè, Nampula, Pemba, Montepuez, Lichinga e Cuamba)
e quatro culturas (grão de milho, feijão nhemba, feijão manteiga e arroz). Os dados foram divididos
em trimestres como demonstra a Tabela 2.7.3.
Os preços apresentadosna Figura 2.7.11 foram calculados segundo o preço médio de 1kg das quatro
(4) culturas acima mencionadas. Os resultados obtidos na figura demonstram que os preços não são
afectados de forma significativa pela sazonalidade. Porém, nota-se que os preços tendem a subir no
primeiro trimestre (período antes da colheita) e tendem a cair no segundo e terceiro trimestre (período
de colheita e pós-colheita).
2-49
Versão Provisória - ANEXO
Arroz Corrente
Grão de Milho
Milho Branco
Batata-doce
Sem Farelo
Farinha de
Amendoim
Amendoim
Mandioca
Manteiga
Pequeno
Nhemba
Grande
Branco
Fresca
Feijão
Feijão
Região
1 Cabo Delgado 9,97 25,96 31,05 25,69 43,29 41,67 43,87 14,09 17,41
2 Gaza 10,52 28,96 32,81 32,58 53,97 60,39 48,34 8,53 9,76
3 Inhambane 10,46 26,06 29,16 36,36 49,41 51,87 43,59 6,85 14,35
4 Manica 8,54 27,06 34,64 25,29 36,53 39,25 39,09 13,22 13,91
5 Maputo 14,39 27,13 27,12 26,82 49,22 56,04 49,64 10,59 13,63
6 Nampula 8,85 24,75 - 23,24 42,44 46,71 - 8,80 9,29
7 Niassa 7,16 36,96 39,91 40,69 48,19 65,04 58,21 13,17 18,47
8 Sofala 8,86 25,93 31,89 27,34 43,94 51,96 49,71 9,83 10,94
9 Tete 8,31 32,19 34,16 21,18 36,24 59,31 47,03 16,19 13,22
10 Zambézia 8,04 27,95 34,19 23,51 32,16 47,09 40,38 6,07 7,42
Fonte: MINAG, SIMA 2013, Adaptada pela Equipa de Estudo
Na análise de preços entre as províncias, foram excluídos os dois produtos que não possuem valores
(para a Província de Nampula). Em seguida, foi adoptada a metodologia similar à análise trimestral,
em que há uma cesta de produtos em que cada um possui 1 kg. A Figura 2.7.12 demonstra o
comparativo mencionado em que a linha representa a média geral de preços
Observa-se que os preços são mais elevados nas Províncias de Niassa, de Gaza, de Inhambane e de
Maputo. Por outro lado, os mesmos são mais baixos nas Províncias de Cabo Delgado, de Manica, de
Nampula, de Sofala e da Zambézia. Na média encontra-se a Província de Tete. Considerando o
“Corredor de Nacala” como a média entre Nampula, Niassa e Zambézia, entende-se que há uma
grande proximidade do mesmo com a média geral.
2-50
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
O milho é um dos alimentos básicos de Moçambique e existem grandes moageiras localizadas nas
capitais das províncias para fornecer farinha de milho para o mercado local. Os donos das moageiras
compram milho e vendem a farinha após seu processamento em embalagem.
(1) Algodão
Os dados da Figura 2.7.13 parecem mostrar um aumento global da exportação de algodão de 2000 a
2007, e uma redução a partir de 2008. A recessão global pode ter afectado o mercado internacional de
algodão. A quantidade e o valor caíram de 32.000 t com aproximadamente US$ 36,7 milhões em 2007,
como pico, para 20.000 t com US$ 25,1 milhões em 2009.
30,000
25,000 25,000 3,500
quantidade (t.)
quantidade (t.)
25,000 3,000
20,000 20,000
20,000 2,500
15,000 15,000
15,000 2,000
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.13 Exportação de Algodão (esquerda) e de Semente de Algodão (direita) (quantidade
e valor)
2-51
Versão Provisória - ANEXO
A Figura 2.7.14 mostra a exportação de castanha de caju sem e com casca. Desde 2003, a quantidade e
o valor da castanha de caju sem casca têm aumentado constantemente, atingindo cerca de 4.000 ton
com US$ 17,6 milhões. Por outro lado, a castanha de caju com casca teve um aumento de 2,5 vezes na
sua exportação, 10.000 ton em 2009, mas o valor foi aproximadamente metade do valor do caju sem
casca com US$ 9,3 milhões.
30,000 20,000
quantidade (t.)
3,000 12,000
25,000
10,000 15,000
20,000
2,000 8,000
15,000 10,000
6,000
1,000 4,000 10,000
5,000
2,000 5,000
0 0 0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Quantitiy 4,700 4,700 631 221 500 921 2,196 3,167 3,346 3,935 Quantitiy 0 0 38,447 32,659 39,731 33,492 24,053 32,671 10,468 10,468
Value 15,000 15,000 1,179 671 1,974 3,916 8,713 12,081 14,365 17,613 Value 0 0 18,728 18,399 28,473 23,520 13,996 27,413 9,346 9,346
Fonte: FAOSTAT
Figura 2.7.14 Exportação de Castanha de Caju sem Casca (esquerda) e com Casca (direita)
(quantidade e valor)
A cultura de caju tem grande importância económica para Moçambique, possui legislação específica
(Lei nº 13/99), indicando a necessidade de uma política de fomento da produção do caju que privilegie
a sua industrialização. Com relação à exportação, o documento refere que apenas cidadãos
Moçambicanos ou empresas nacionais podem exportar castanha de caju crua.
(3) Tabaco
50,000 160,000
45,000 Exportação de Tabaco, não manufaturado
140,000
Conforme mostra a Figura 2.7.15, em 2006, a 40,000
25,000 80,000
três vezes em relação ao ano anterior. A 20,000 60,000
15,000
quantidade exportada mantém-se em mais de 10,000
40,000
5,000 20,000
30.000 ton, desde então. A quantidade e o valor 0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
2,000 2,000
de 2007 a 2009, a quantidade de chá exportada
1,500
foi relativamente alta e estável em comparação
1,000 1,000
Quantitiy 132 950 2,424 937 586 317 505 1,518 1,174 1,332
milhões, respectivamente. Value 101 1,700 2,109 789 630 321 836 2,531 1,521 1,977
2-52
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
exportação de melaço (açúcar bruto centrifugado) de 3.400 t em 2001 para 132.000 t em 2008. O valor
também aumentou de US$ 7,5 milhões para US$ 83,1 milhões, respectivamente. Por outro lado, a
importação de açúcar refinado registou uma redução para 51.000 t em 2009, um quarto da quantidade
em 2000 (Ver Figure 2.7.17).
140,000 90,000 250,000 90,000
Exportação de açúcar bruto centrifugado Importação deaçúcar refinado
80,000 80,000
120,000
70,000 200,000 70,000
quantidade (t.)
150,000
80,000 50,000 50,000
0 0 0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2,009
Quantitiy 68,600 14,766 14,000 24,997 43,402 78,151 80,645 106,448131,783101,771 Quantitiy 220,000170,500134,100 95,900 149,500 99,600 7,385 12,255 50,600 50,600
Value 24,900 7,500 7,000 11,167 18,152 29,494 36,596 57,719 82,826 53,146 Value 65,000 51,000 35,740 30,500 85,400 51,400 6,834 9,972 23,078 23,078
Fonte: FAOSTAT
O sector agro-industrial de Moçambique tem como base uma Política Agrária que busca, dentre outros
objectivos, incentivar o desenvolvimento de agro-indústrias no meio rural, bem como uma instituição
governamental para desenvolvir CEPAGRI, além de regulamentos específicos, para produção de
sementes, algodão e caju.
Com vista à recuperação da produção agrária e à promoção do aumento dos níveis de comercialização
de produtos, Moçambique instituiu a Política Agrária por meio da Resolução n.º 11/95. Entre as
estratégias de implementação dessa política, constam o uso sustentável dos recursos naturais; a
expansão da capacidade de produção e a melhoria da produtividade agrária; o desenvolvimento
institucional equilibrado; e o desenvolvimento dos recursos humanos. Entre as estratégias específicas
dessa politica, destacam-se instalação de agro-indústrias no meio rural, baseadas em matéria-prima
local; investigação e extensão agrária; estabelecimento de centros de apoio à produção; dinamização e
melhoramento de tecnologia; e incentivo à exportação
A extensão agrícola, que é uma das funções essenciais do MASA, é crucial para a prestação de outros
serviços agrários, especialmente anível distrital, bem como central e provincial. No âmbito da
promoção da agricultura no país, a principal instituição governamental responsável pelo
desenvolvimento do sector empresarial agrário é o CEPAGRI, que faz a interligação entre o MASAe o
sector produtivo empresarial. Compreende quatro delegações distribuídas nas Províncias de Gaza,
Manica, Zambézia e Nampula.
2-53
Versão Provisória - ANEXO
A Tabela 2.8.1 a seguir apresenta a classificação relevante do índice “Doing Business” para
Moçambique e seus países vizinhos, sendo que Moçambique encontra-se no 139º lugar no ranking
global de 2012, abaixo do 132º lugar que ocupava em 2011. Entre as 7 nações vizinhas, Moçambique
está em 5º lugar, enquanto a África do Sul está em primeiro lugar, e no 2º lugar na África subsaariana,
seguido de Maurícias. Em termos de indicadores de “Starting Business”, Moçambique está no 70º
lugar no mundo, o que indica que os regulamentos de Moçambique para os investimentos, incluindo
procedimentos de licenciamento, são relativamente favoráveis aos investidores que desejam iniciar um
negócio. Além disso, Moçambique está em 18º lugar no ranking geral dos 46 países da África
subsaariana, o que indica que o Governo de Moçambique criou um ambiente regulatório favorável,
útil para a operação de negócios, em comparação com outros países da África subsaariana.
Tabela 2.8.1 Índice “Doing Business” 2015 de Moçambique e dos Países Vizinhos
Classificação Global
(de 189 países) Indicador Classificação Global
País
“Starting a Business” na África Subsaariana
2015 2011
África do Sul 43 36 61 2
Zâmbia 111 80 68 9
Tanzânia 131 125 124 13
Madagáscar 163 144 37 30
Moçambique 127 132 107 11
Malawi 164 141 157 31
Zimbábue 171 168 180 37
Fonte: Doing Business, 2015, BM
2-54
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
2-55
Versão Provisória - ANEXO
órgãos relevantes para a autorização da proposta. A decisão sobre a aprovação de uma proposta de
investimento deve ser tomada pelas autoridades de acordo com o valor total do investimento,
conforme mostra a Tabela 2.8.4 a seguir. O investidor recebe uma notificação sobre o resultado final
da avaliação no prazo de 17 dias da aceitação oficial da proposta de investimento pelo CPI31.
Os outros requisitos necessários para a começar um negócio são “DUAT (Direito de Uso da Terra)” e
“uma Licença Ambiental” com a aceitação de um relatório de avaliação ambiental. Os procedimentos
para solicitação destas licenças estão relacionados com os da proposta de investimento, como ilustrado
na Figura 2.8.1, cujos passos são: i) consulta preliminar com o governo local e realização de consultas
públicas oficiais; ii) apresentação de uma proposta de investimentos para o CPI com uma carta de
apoio emitida pelo governo local e com a minuta da reunião de consulta pública anexada; iii)
apresentação de uma solicitação de DUAT após a obtenção de uma autorização do CPI para o
investimento; e iv) a aceitação do relatório de avaliação ambiental e a emissão da licença ambiental
após a autorização do DUAT provisório.
31
No caso de uma decisão que cabe ao Conselho de Ministros, o prazo é de aproximadamente 45 dias.
2-56
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
1. Solicitação do Projeto
Apresentação ao CPI
Em 7 dias após o recebimento
da proposta 2. Coordenação Interinstitucional
DUAT
2-57
Versão Provisória - ANEXO
Conforme mostra a Tabela 2.8.5 a seguir, o valor total dos investimentos em Moçambique, nos últimos
5 anos, variou de US$ 1 bilhão a US$ 8 bilhões por ano devido à influência de grandes investimentos
no sector de energia/recursos em 2007 e 2010, e no sector agrícola em 2009.3233 Em termos de
investimentos no sector da agricultura/agro-indústria, o número de projectos de investimento
aumentou de 19 em 2007 para 46 em 2011, representando 27,6% do volume total de investimentos em
2011. Embora grandes projectos de silvicultura e de biocombustível tenham contribuído para o
aumento do volume de investimentos, é evidente que a agricultura é um importante sector económico
em Moçambique, representando de 20 a 30% do valor total dos investimentos nos últimos 5 anos,
excluindo os grandes projectos no sector de energia/recursos. A Figura 2.8.2 mostra as tendências no
número de projectos de investimento aprovados para cada sector nos últimos 5 anos.
80
Agriculture/Agro-indústria
70
Aquicultura
60
Finanças/Seguro
50 Construção
40 Indústria
30 Energia/Recursos
20 Serviços
10 Transportet/Comunicação
0 Turismo/Hotel
2007 2008 2009 2010 2011
32
33
Em 2009, foram aprovadas propostas de investimento para dois projectos grandes de plantação nas províncias da Zambezia e de
Nampula.
2-58
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Os temas que afectam o desenvolvimento agrário do país como Água, Energia Eléctrica, Floresta e
Fauna Bravia, Petróleo, Minas, Património Arqueológico, e Zonas Turísticas, são abordados através de
Leis específicas. Existem ainda outros instrumentos legais de implantação de acções necessárias para
o desenvolvimento que estabelecem estruturas e definições necessárias, como as atribuições e
competências do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, e estatuto orgânico dos governos
provinciais e distritais.
O quadro legal sobre o acesso e utilização da terra é a Lei n.º19/97 de Outubro de 1997, que faz
revisão da primeira Lei de Terras aprovada logo após a independência do país, a Lei n.º6/79 de 3 de
Julho, e tem como base a Política Nacional de Terras e a Política Agrária, ambas aprovadas em 1995.
A regulamentação da Lei de Terras n.º19/97 ocorreu em 1998 e vem sofrendo ajustes necessários,
sendo o último a ocorrer com o Diploma Ministerial nº 158/2011, de 15 de Junho, que trata das regras
para a consulta às comunidades locais no âmbito da titulação do direito de uso e aproveitamento da
Terra (DUAT). A tabela a seguir apresenta o quadro normativo que rege o uso da terra em
Moçambique.
2-59
Versão Provisória - ANEXO
17. Decreto n.º 11/2005, de 10 de Junho (Aprova o regulamento da Lei dos Órgãos
Locais do Estado).
18. Decreto n.º 6/2006, de 12 de Abril (Aprova a Estrutura e o Estatuto Orgânico do
Governo Distrital).
Autoridades Comunitárias
19. Decreto n.º15/2000, de 20 de Junho (Aprova as formas de articulação dos órgãos
Conselho de Ministros e
locais do Estado com as autoridades comunitárias).
Ministério da
20. Diploma Ministerial n.º 107 – A/2000, de 25 de Agosto (Aprova o Regulamento do
Administração Estatal -
Decreto no. 15/2000).
(MAE)
21. Diploma Ministerial n.º 80/2004, de 14 de Maio (Aprova o Regulamento de
Articulação dos Órgãos da Autarquia Locais com as Autoridades Comunitárias).
Ordenamento do Território Conselho de Ministros,
22. Lei n.º. 19/2007 de 18 de Julho (Lei Orgânica do Território) Ministério para a
23. Decreto n.º 23/2008, de 1 de Julho (Aprova o Regulamento da Lei do Coordenação da Acção
Ordenamento do Território). Ambiental (MITADER)e
24. Diploma Ministerial n.º 181/2010, de 3 de Novembro (Aprova a Directiva sobre o Ministério das Finanças
Processo de Expropriação para efeitos de Ordenamento Territorial). e da Justiça(MOFJ).
Participação Pública
25. Decreto n.º 42/2010, de 22 de Outubro (Cria o Fórum Nacional de Terras).
26. Despacho conjunto dos Ministérios da Administração Estatal e do Plano e Conselho de Ministros,
Finanças, de 13 de Outubro (Aprova o Guião para a Participação e Consulta MASA, MAE e Ministério
Comunitária na Planificação Distrital). de Economia e Finanças
27. Diploma Ministerial n.º 158/2011, de 15 de Junho (Regras para a consulta as – MEF.
comunidades locais no âmbito da titulação do direito de uso e aproveitamento
da Terra).
Taxas
28. Diploma Ministerial n.º 76/99, de 16 de Junho (Referente às taxas).
29. Decreto no. 77/99, de 15 de Outubro (Referente às taxas). MASA e MEF
30. Diploma Ministerial n.º 144/2010, de 24 de Agosto (Actualiza o valor das taxas
aprovadas pelo Decreto no. 77/99, de 16 de Junho).
Comparticipação nas taxas florestais e faunísticas
31. Diploma Ministerial n.º 93/2005, de 4 de Maio (Aprova os mecanismos da
canalização e utilização dos vinte por cento das taxas florestais e faunísticas).
32. Diploma Ministerial n.º 66/2010, de 31 de Março (Cria os mecanismos da MASA, Ministério da
canalização e das receitas cobradas nos Parques e Reservas Nacionais do Cultra e Turismo
Sector de Turismo). (MCTUR), MOFJ
33. Diploma Ministerial n.º 63/2003, de 18 de Junho (Referente às receitas nas áreas
sob a alçada do Programa Tchuma Tchato, incluindo a percentagem a serem
destinadas às comunidades locais).
Investimentos
34. Lei n.º. 3/93, de 24 de Julho (Lei de Investimentos).
35. Decreto n.º 14/93 de 21 de Julho (Aprova o Regulamento da Lei dos
Assembleia da
Investimentos)
República, Presidência
36. Decreto n.º 43/2009 de 21 de Agosto (Aprova o ajuste do Regulamento da Lei dos
da República e Conselho
Investimentos)
de Ministros.
37. Resolução n.º 70/2008, de 30 de Dezembro (Define critérios adicionais
orientadores do processo de avaliação de investimentos cuja implementação
requer grandes extensões de terras).
Turismo Assembleia da
38. Lei n.º. 4/2004, de 17 de Junho (Lei do Turismo). República, Presidência
39. Decreto n.º 88/2009, de 31 de Dezembro (Aprova o Regulamento da Ecoturismo). da República e Conselho
de Ministros.
Zonas de Protecção
40. Lei n.º. 16/91, de 3 de Agosto (Lei das Aguas).
41. Lei n.º. 21/97, de 1 de Outubro (Lei da Energia Eléctrica).
42. Lei n.º. 10/99, de 7 de Julho (Lei de Floresta e Fauna Bravia). Assembleia da
43. Lei n.º. 3/2001, de 21 de Fevereiro (Lei dos Petróleos). República, Presidência
44. Lei n.º. 14/2002, de 26 de Julho (Lei das Minas). da República e Conselho
45. Decreto n.º 27/94, de 20 de Julho (Aprova o Regulamento de Protecção do de Ministros.
Património Arqueológico).
46. Decreto n.º 77/2009, de 15 de Dezembro (Aprova o Regulamento das Zonas de
Interesse Turístico).
Fonte: Colectânea de Legislação sobre a Terra - 4ª. Edição --2011 – Carlos Manuel Serra Centro de Formação Jurídica e
Judiciária – Ministério da Justiça
2-60
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A Lei de Terras (Lei n º19/97) estabelece os termos em que a criação, exercício, modificação,
transmissão e extinção do uso e aproveitamento da terra actua. Esta lei estabelece como princípio geral,
que a terra é propriedade do Estado, e que não pode ser vendida ou de outra forma alienada,
hipotecada ou penhorada.
A Lei de Terras também dita a necessidade de Cadastramento Nacional de Terra, que consiste em
dados necessários para: i) conhecer o estatuto jurídico e económico da terra, ii) conhecer o tipo de
ocupação, uso e benefício, bem como a avaliação da fertilidade do solo, áreas florestais, água, fauna e
reservas florestais, áreas de exploração de mineração e áreas de turismo, iii) organizar de forma
eficiente a utilização da terra, protecção e conservação, e iv) determinar as áreas apropriadas para a
produção especializada.
A lei define “zona de protecção total” e “zona de protecção parcial”, como uma parte do domínio
público. As zonas de protecção total são destinadas para a conservação da natureza e preservação, bem
como áreas seguras para a segurança do Estado e de defesa. Por outro lado, as zonas de protecção
parcial abrangem áreas específicas, como o leito das águas interiores, o mar territorial e a zona
económica exclusiva e de outras áreas listadas na Lei de Terras. Nenhum direito de uso e
aproveitamento da terra pode ser adquirido nestas zonas de protecção total e parcial, mas podem ser
emitidas licenças especiais para actividades específicas de acordo com a Lei ou Regulamento (Decreto
n º 66/98).
ODUAT pode ser adquirido por indivíduos nacionais, sendo pessoas físicas, jurídicas ou comunidades
locais, e por estrangeiros, desde que pessoas físicas que residam há, pelo menos, cinco anos em
Moçambique e pessoas jurídicas que estejam constituídas ou registadas no país.
Para fins da actividade económica, o DUAT está sujeito a um prazo máximo de 50 anos e é renovável
por igual período, mediante requerimento, no fim do período. Embora os direitos de uso da terra não
se igualam ao de uma propriedade privada, a possibilidade de renovação por longo prazo de uso e
aproveitamento de terra (até 100 anos) garante maior segurança para o investimento privado. Por outro
lado, o limite do tempo não é aplicável pelosdireitos adquiridos pelas comunidades locais através de
ocupação, os direitos destinados a fins residenciais pessoais ou direitos de terra para pessoas
singulares nacionais que pretendam utilizar a terra para uso familiar.
2-61
Versão Provisória - ANEXO
terra por boa-fé; comunidades locais, co-certificação, direitos e deveres dos titulares de DUATs;
prazos (o pedido de renovação de DUAT por mais 50 anos deve ser feito 12 meses antes do fim do
período de vigência previsto no DUAT), evidências do uso de terra, projecto/plano de implementação;
demarcação, monitoria, impostos, e isenção temporária de impostos.
O DUAT será revogado quando: 1) o titular do DUAT não cumprir o plano de exploração ou projecto
de investimento, sem razões justificáveis dentro dos limites estabelecidos na aprovação do pedido, 2)
circunstâncias ditam a revogação por razões de interesse público, precedida por pagamento de
indemnização e/ou compensação, 3) o prazo de renovação expira, e 4) pela renúncia do titular do
DUAT. Após o término do DUAT, os bens não-reelegíveisereverterão a favor do Estado.
A obtenção de DUAT não dispensa a necessidade de licenças e outras autorizações. Após apresentação
de um pedido, uma autorização provisória é emitida com uma validade máxima de cinco anos para as
pessoas nacionais e dois anos para pessoas estrangeiras.
A Lei de Terras, seus respectivos regulamentos e emendas tem como objectivo garantir os direitos de
uso da terra pelo povo moçambicano bem assim promover o investimento doméstico e estrangeiro.
Estas medidas priorizam o cidadão moçambicano, através do reconhecimento do direito costumeiro e
práticas das comunidades locais, promovendo o envolvimento das comunidades no processo de
obtenção do DUAT, e estabelece intercâmbio entre as entidades legais do estado e autoridades
comunitárias.
A Direcção Nacional de Geografia e Cadastro foi criadaà luz da Lei de Terras para organizar e
entender o uso da terra. Trata-se de um sistema único sob a responsabilidade da Direcção Nacional de
Terras e Florestas (DNTF). A DNTF reúne informações e permite que as autoridades governamentais:
i) conhecer a situação económica e legal da terra; tipos de ocupação e uso; fertilidade do solo; áreas
florestais; reservas de água, flora e fauna; ii) organizar o uso da terra, protecção e conservação; iii)
indicar as regiões adequadas para produções especializadas e iv) emitir DUATs.
2-62
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Os custos associados ao pedido de DUAT são regulados pelo governo. A Tabela 2.9.3 apresenta os
valores específicos cobrados no processo de aquisição de DUAT, bem assim os valores anuais a serem
pagos, com base nos objectivos de uso da terra.
Os ajustamentos de taxas indicadas na Tabela 2.9.4 são mais aplicadas aos impostos básicos acima
para calcular os impostos reais a serem pagos.
Tabela 2.9.4 Ajustamento de Taxas para Cálculo dos Impostos Reais para DUAT
Tabela de Índices de ajustamento
Índice aplicável à taxa anual para pessoa singular nacional 0,8
Para terrenos confrontantes com as:
Zonas de protecção parcial 1,5
Zonas prioritárias de desenvolvimento 0,5
Restantes zonas 1
Dimensão:
Até 100 ha 1
De 101 a 1.000 ha 1,5
Superior a 1.000 ha 2
De acordo com a finalidade do uso:
Associações com fins de beneficência 0,5
Fonte: República de Moçambique. Ministério da Agricultura e das Finanças. Diploma Ministerial
nº 213/98. Adaptado pela equipe do estudo
Abaixo segue um exemplo de cálculo efectuado para determinar a taxa a ser paga anualmente por um
cidadão nacional que trabalha na área agrícola, numa área de 900 hectares de acordo com a explicação
do SPGC Nampula:
37.50 MT (agricultura) x 900ha (área) = 33,750 x 0.8 MT (índice aplicado para o cidadão
moçambicano) = 27,000MT
Para além do referido acima, os direitos de uso da terra são gratuitos, quando destinados a, uso pelo
Estado e das suas instituições, uso pelas associações que são para o uso público reconhecidas pelo
2-63
Versão Provisória - ANEXO
Conselho de Ministros, o uso da família, pelas comunidades locais e indivíduos que pertencem as
mesmas associações, e uso pelas pequenas cooperativas e associações agrícolas e pecuárias nacionais.
O longo processo de obtenção do DUAT e a impossibilidade de utilizar a terra como garantia para
créditos agrícolas são considerados os maiores constrangimentos ao aumento de investimentos no
sector.
O governo moçambicano, através doMAE, reconhece essa hierarquia através do Decreto nº. 15 de 20
de Junho de 2000, o qual foi regulamentado pelo Diploma Ministerial nº. 107-A/2000 em 25 de
Agosto e estabelece a forma de articulação entre os órgãos Legais do Estado e as Autoridades
Comunitárias, estipulando deveres e direitos de cada autoridade e definindo subsídios mensais para
cada líder, na figura do RÉGULO, Chefe Tradicional; Líder de 1º. Grau; Líder de 2º.Grau e Líder de
3º.Grau.
A Politica Nacional de Terras parte do princípio de que a terra é um dos mais importantes recursos
naturais que Moçambique dispõe, o Estado mantém a terra como sua propriedade e que há garantias de
acesso e uso da terra à população bem como aos investidores nacionais e estrangeiros.
Embora o DUAT, por definição, não represente um direito que se iguale ao conceito de propriedade
privada, seu conteúdo legal oferece segurança, sendo possível, por exemplo, a renovação da concessão
por um período total de até 100 anos, considerado suficiente para garantir um bom retorno de capital
investido.
O SPGC de cada Província concentra o trâmite processual de solicitação de DUAT - Direito de Uso e
Aproveitamento da Terra, prestando aos interessados, esclarecimentos relativos a:
2-64
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
a) legislação aplicável
b) documentos necessários à formação do processo
c) encargos do processo e taxas aplicáveis
d) exigências do processo relativas a esboço, mapas de localização e demarcação
e) benefícios, impedimentos ou restrições à pretensão dos interessados; e
f) formas de reclamação e recursos
2-65
Versão Provisória - ANEXO
NÃO
Elaboração da Primeira Ata de consulta com a anuência
das Autoridades Comunitárias e do governo da
SIM Localidade.
A SPGC elabora um esboço de localização com coordenadas. •
Presença do Conselho Consultivo da Localidade e Técnico da
Existe Ocupação ? SPGC.
Existe a possibilidade de se SIM
• Presença das Autoridades do governo (DDA e SEDAE) ou
indenizar as benfeitorias dos
representante.
ocupantes, para seguir com a NÃO • No prazo de 30 dias da primeira consulta deve-se realizar a 2.a
segunda etapa da Consulta as Prosseguir para segunda etapa da Consulta as Consulta.
Comunidades Locais. Comunidades Locais. • As Comunidades que fazem limites com a área requerida
devem ser consultadas.
O SPGC - parecer favorável a concessão do DUAT e a O SPGC recebe e confere todos os documentos, somente
Direção Provincial de Agricultura – DPA emite parecer e com a documentação completa é possível encaminhar Documentos - atas, mapa, projetos de uso e aproveitamento,
encaminha o processo a instancia superior (Governador, para o Governador, Ministro ou Conselho de Ministros documentos jurídicos do investidor ou da empresa, autorização
Ministro ou Conselho de Ministro). autorizar o DUAT. da CPI.
SEGUNDA ETAPA - Submissão do Pedido do DUAT com documentos completos Requerente solicita Licença Ambiental e se
SUBMISSÃO DO necessario elabora Estudo de Impacto Ambiental –
PROCESSO DE DUAT EIA.
TERCEIRA ETAPA - DUAT Processo técnico de demarcação da área aprovada. O Acompanhar o processo de demarcação. Caso a área
PROVÍSORIO PARA SPGC lança no Cadastro Provincial e informa o lanç levantada for menor, solicitar a remarcação ou recá
DEFINITIVO
amento ao Cadastro lculo. Cumprir o Plano de Exploração, o Projeto, dentro
do Prazo de 2 anos (para requerente estrangeiro) e 5 anos
O SPGC faz a vistoria do Plano de Exploração. Após 2 (requerente nacional). Pagar a taxa anual da concessão
Quando as Comunidades anos ou 5 anos. do DUAT.
intervem na ação.
Ação do Requerente. O SPGC elabora proposta de autorização do DUAT O Requerente cumpriu com o Plano de Exploração no
definitivo e encaminha: Ao Governador, Ao Ministro da prazo.
Os SPGC s - Agricultura – MINAG, ou Ao Conselho de Ministros.
Responsabilidades.
Pagar os custos e Publicar do Boletim da Republica o
Quando intervem outras entidades do Estado na a Com o despacho favorável, o SPGC comunica o deferimento. Averbamento e Registro no órgão
ção. Requerente. competente.
Ação - Despacho de Autoridades Superiores.
2-66
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
2-67
Versão Provisória - ANEXO
Moçambique é também signatário dos seguintes acordos internacionais sobre o meio-ambiente natural:
Aprovada pela Resolução nº 5/95, a Política Nacional do Ambiente, base para o desenvolvimento
sustentável do país, visa à erradicação progressiva da pobreza, à melhoria da qualidade de vida e à
redução dos danos ao ambiente. Entende-se que, para a correcta gestão ambiental, é necessário o
2-68
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
envolvimento de todos os sectores da sociedade por meio da descentralização da gestão dos recursos
naturais. Ao considerar que os esforços de desenvolvimento nacional reduzem a pobreza, essa política
propõe a criação de condições para o aumento da produção, especialmente do sector familiar. Assim,
constituem estratégias dessa politica, a criação de incentivos para o aumento da produção agrícola,
bem como a criação de condições legais e a capacidade institucional para gestão comunitária e
descentralização dos recursos naturais.
A Lei do Ambiente, nº 20/97, busca a definição das bases legais para utilização e para gestão correcta
do meio ambiente e seus componentes, com vista à materialização de um sistema de desenvolvimento
sustentável em Moçambique. Neste sentido, estabelece organizações de gestão ambiental e medidas
para minimização da poluição do meio ambiente, medidas especiais para protecção do meio ambiente,
bem como medidas de prevenção de danos ambientais, direitos e deveres dos cidadãos e também
define as responsabilidades, infracções e sanções. Além disso, é necessário que todas as actividades
públicas ou privadas, com potencial para interferir nos componentes ambientais, sejam precedidas por
uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
No que concerne à protecção e conservação de florestas e fauna bravia, Moçambique possui tanto a
Lei de Floresta e Fauna Bravia (Lei n.º 10/99) como a Lei de Conservação (Lei n.º 16/2014), a qual,
dentre outras questões, regula as actividades em zonas de protecção.
As áreas de conservação total são destinadas à preservação dos ecossistemas e espécies sem
intervenções de extracção dos recursos. Por outro lado, as áreas de conservação de uso sustentável são
sujeitas a um maneio integrado com permissão de níveis de extracção dos recursos, respeitando limites
sustentáveis de acordo com os planos de maneio. As comunidades locais são isentas do pagamento de
taxas pela utilização dos recursos para consumo próprio nas suas respectivas áreas.
De acordo com a Lei de Terras e seus Regulamentos, é proibida tanto nas "zonas de protecção total"
como nas "zonas de protecção parcial" a realização da maioria das actividades humanas, mas algumas
podem, excepcionalmente, ser aceitas se devidamente licenciadas pelas autoridades competentes. A
2-69
Versão Provisória - ANEXO
aquisição de DUAT (direito de uso e aproveitamento da terra) não é permitida nestas zonas. Zonas
para serviço militar também são estabelecidas em alguns lugares.
O instrumento jurídico que regula o processo de avaliação de impacto ambiental é o Decreto nº 45/04,
segundo o qual todas as actividades públicas e privadas que possam influenciar nos componentes
ambientais de forma directa ou indirecta são sujeitas à AIA. O processo de AIA, no entanto, difere
com relação à caracterização do programa proposto, categorizando-os de A até C (ver Tabela 2.10.5 e
Figura 2.10.1.)
2-70
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A AIA pode resultar em atribuição da licença ambiental, ou sua rejeição parcial ou total. Um projecto
licenciado deve iniciar suas actividades no prazo de 2 anos, e a licença ambiental deve ser renovada a
cada 5 anos. Se for feita qualquer alteração significativa para as actividades do projecto, será
necessário um novo processo de AIA e de licenciamento ambiental.
2-71
Versão Provisória - ANEXO
Qualquer projecto proposto nas seguintes áreas encontra enquadramento na Categoria A. De princípio,
é desejável evitar a implementação de qualquer projecto dentro ou nas proximidades de parques
nacionais e áreas protegidas, excepto para os projectos cujo principal objectivo é contribuir para a
promoção da conservação.
No sector agrícola e agro-indústria, são utilizados os seguintes critérios para categorizar os projectos.
2-72
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
2-73
Versão Provisória - ANEXO
autorizados pela Direcção Provincial de Coordenação da Acção Ambiental (DPCA) a nível provincial
para obter licença ambiental. Os Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estrutura (SDPI)
constituem os órgãos de nível distrital responsáveis pelos assuntos ambientais, mas seu papel ainda é
limitado. Os candidatos devem arcar com todos os custos do Estudo de Impacto Ambiental ou
Relatório Ambiental Simplificado e taxa de licenciamento. Para realizar estes estudos, os candidatos
devem contratar consultores profissionais cadastrados no MITADER. As “Directrizes Gerais para a
Elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º.129/2006) “ definem os
conteúdos mínimos, tais como: Resumo, Relatório Principal, Plano de Gestão Ambiental, Relatório da
Consulta Pública e Anexo. O período de AIA pode variar de acordo com diversos factores, e sabe-se
que é necessário, em alguns casos, mais de um ano.
Quando o projecto exigir o uso ou desvio de uma quantidade considerável de água ou implicar
qualquer tipo de riscos ambientais tais como: poluição de água, erosão do solo, contaminação,
intoxicação, perturbação do ecossistema e introdução de espécies exóticas incluindo OGMs, todos
estes aspectos devem ser devidamente incorporados no ‘’Plano de Gestão Ambiental’’ que fazem parte
dos estudos de AIA.
Qualquer projecto que implica a necessidade de reassentamento involuntário (embora não haja
previsão sobre o número de pessoas afectadas) é classificado como Categoria A e exige um Estudo de
Impacto Ambiental completo para obter a licença ambiental. De acordo com o Decreto n.º.31/2012
(Regulamento sobre o Processo de Reassentamento causado por Actividades Económicas), a
elaboração de "Plano de Reassentamento" e "Plano de Acção e de Implementação do Projecto de
Reassentamento", que deve ser aprovado pelo Governo do Distrito, faz parte de todo processo da AIA.
A consulta pública é também um requisito, independente da “consulta comunitária”,para aplicação do
DUAT e da “consulta pública”para AIA, apoiado pela participação de representantes de pessoas
afectadas, a sociedade civil, líderes comunitários e do sector privado, entre outros.
2-74
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Perda de acesso ou perda de bens particulares, devido ao projecto podem incluir casa, loja, armazém,
fábrica, habitação, escritório, animais domésticos, culturas, árvores, cemitérios, e quaisquer outras
melhorias físicas feitas no solo, tais como sistema de irrigação sistema ou viveiro de peixes. Também é
possível que o projecto afecte infra-estruturas sociais públicas, como escola, creche, posto de saúde,
igreja, mesquita, ponte, estrada, rede de energia eléctrica, rede de abastecimento de água, cemitério
público, etc. No entanto, um regulamento holístico sobre a indemnização de perda de bens ainda não
está legalmente elaborado em Moçambique. O Diploma Ministerial n.º 181/2010 (Directrizes sobre
processo de desapropriação de Planeamento Territorial) apenas contempla a expropriação de terras ou
de bens imóveis por autoridades governamentais para os projectos de interesse público, a realização de
planeamento territorial e outros fins especiais, tais como emergência de desastres naturais ou defesa
nacional, portanto, não se aplicam aos projectos de actividade económica pelo sector privado. No
entanto, os candidatos dos projectos podem achar útil como uma referência para a concepção da
modalidade de indemnização.
Não existem disposição legal sobre a indemnização pela terra (terras agrícolas), uma vez que a terra
não pode ser vendida ou comprada e não tem valor de mercado em Moçambique. No caso de um
projecto implicar a ocupação de terra (mas não de reassentamento), os candidatos são solicitados a
criar o seu próprio esquema de indemnização adequado para as terras perdidas, com base na
negociação com as partes interessadas caso-a-caso, além do pagamento de outros bens, tais como
construções e culturas. As boas práticas Anteriores incluem "indemnização de terra-por-terra",
2-75
Versão Provisória - ANEXO
proporcionando terra e garantir o DUAT de igual tamanho, produtividade (fertilidade do solo e acesso
à irrigação) e acessibilidade na própria escolha do produtor afectado.
A maioria das leis e regulamentos descritos neste capítulo incluem disposições sobre o mecanismo de
monitoria, supervisão, penalidade, medidas correctivas e sanções em caso de incumprimento. Em
casos extremos, até mesmo a revogação da licença ou autorização, bem como encerramento
compulsivo ou remoção da actividade do projecto, é possível. Quando os projectos são abrangidos
pela categoria A ou da categoria B, os candidatos têm o dever de realizar a AIA e enviar o “Plano de
Gestão Ambiental”, como um dos produtos do estudo. De acordo com este plano, o projecto deve
implementar as medidas de mitigação propostas, realizar monitoria ambiental por conta própria, e
apresentar os relatórios aoMITADERou DPCA regularmente. Em resposta, o MITADER ou DPCA
realiza ou a “inspecção ambiental” ou " auditoria ambiental " em vários meses ou em qualquer
momento em que considerar necessário, com base nos Decretos n.º 11/2006 (Regulamento sobre a
Inspecção Ambiental) e o Decreto n.º 25 / 2011 (Regulamento sobre o Processo de Auditoria
Ambiental).
A missão de fiscalização ambiental no local vai deixar, em sua primeira visita, recomendações de
medidas correctivas quando as irregularidades reveladas da gestão ambiental do projecto não forem
graves. A segunda visita é realizada dentro de um prazo determinado, e se se verificar que as
irregularidades prevalecem sem a devida correcção, tais casos serão sujeitos a multas e punições. Em
caso de violação grave, pode-se ordenar o encerramento obrigatório, remoção ou cancelamento do
projecto. Além disso, os custos de reparação dos danos ambientais, bem como a indemnização para as
pessoas afectadas devem ser suportados pelo projecto.
A auditoria ambiental pelo MITADER ou DPCA ("Auditoria ambiental pública") pode ser realizada
não só para projectos de categorias A e B, mas também qualquer projecto que se tornou operacional,
sem passar por uma AIA, quando forem identificados danos ao meio ambiente. As recomendações
dadas pela missão no local da auditoria ambiental devem ser cumpridas obrigatoriamente. Nesse caso,
o projecto deve preparar um plano de acção e apresentá-lo ao MITADER explicando o mecanismo,
recursos e tempo para responder às recomendações, no prazo de 30 dias depois de receber o relatório
de auditoria. O não cumprimento deste plano será sujeito a multas e punições. É permitida uma opção
para o projecto em realizar "auditoria ambiental privada" através da contratação de auditores
qualificados, pelo menos uma vez por ano, para assegurar a conformidade do projecto com o plano de
gestão ambiental e legislações pertinentes.
Quanto às receitas fiscais derivadas de impostos ou multas de diferentes licenças e sanções, a maior
parte é redistribuída para conta do Estado ou FUNAB (Fundo Ambiental). O Artigo 21 do
“Regulamento sobre a Inspecção Ambiental”, bem como o artigo 85 do “Regulamento da Lei do
Ordenamento Territorial”, diz que o ministro que superintende a Coordenação da Acção Ambiental vai
definir, por meio de uma ordem, o montante das receitas provenientes de imposto e multa a ser
alocada para FUNAB para o fortalecimento dos serviços de inspecção ambiental. Além disso, o artigo
28 do “Regulamento sobre o Processo de Reassentamento causado por actividades económicas” prevê
2-76
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
que FUNAB vai subsidiar os gastos do comité técnico de assistência e supervisão de reassentamento
até 20% de sua receita derivada da multa aplicada a casos de violação de reassentamento.
Moçambique é um dos países de maior destaque quanto à coordenação da ajuda na África subsaariana,
havendo um grande número de países e organizações doadoras a apoiar o orçamento geral.
Actualmente, 19 países e organizações (Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Reino Unido, Itália, Finlândia,
França, Irlanda, Noruega, Holanda, Portugal, Suécia, Suíça, Canadá, Espanha, Áustria, BM, UE e
Banco Africano de Desenvolvimento) concederam um apoio ao Orçamento Geral do Estado, e são
chamados de Parceiros de Apoio Programático (PAPs) ou G19. Devido ao quadro de apoio orçamental
geral pelo G19/PAPs o quadro de acompanhamento e avaliação do PARPA torna-se o Documento de
Estratégia de Redução da Pobreza de Moçambique, o G19/PAPs tem uma grande influência na
determinação da política de desenvolvimento em Moçambique.
Por outro lado, os doadores que não deram um apoio orçamental, tais como Japão, Estados Unidos e
agências da ONU, que são colectivamente chamados de não PAPs. Diz-se que são limitados os canais
de perspectiva macro de os Não PAPs fazerem uma política de diálogo com o Governo de
Moçambique. O Japão participa como observador na reunião de doadores realizada regularmente e
uma reunião conjunta entre os doadores e o Governo de Moçambique (Avaliação de País Moçambique,
Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, 2009).
2-77
Versão Provisória - ANEXO
Moçambique é altamente dependente de fluxos de ajuda. Em 2011, 44% do Orçamento do Estado veio
de fontes externas, e houve dezenas de programas sectoriais e de fundos comuns, bem como centenas
de projectos que foram implementados no país. No entanto, as receitas fiscais aumentaram
recentemente. Em 1996, as receitas fiscais representavam 9,9% do PIB, e em 2011, elas representavam
cerca de 16%. Gradualmente, Moçambique está se aproximando de outros países de baixa renda da
SADC, como o Malawi (18% do PIB) e Zâmbia (18% do PIB), e o governo ainda tem um enorme
potencial para melhorar a sua arrecadação de receitas, tanto em nível central quanto municipal (Plano
Multianual da Embaixada da Holanda Maputo-Moçambique 2012-2015, do Ministério dos Negócios
Estrangeiros, 2011.).
EmMaio de 2012, na Cimeira do G8, realizada nos Estados Unidos em 2012, foi anunciada a “Nova
Aliança para a Segurança Alimentar e Nutricional”. Esta iniciativa tem como objectivo alcançar um
crescimento agrícola sustentável e inclusivo, em parceria com G8, com os países africanos e do sector
privado, através de melhorias na segurança alimentar e nutricional, e de libertar 50 milhões de pessoas
da pobreza nos próximos dez anos na África subsaariana. Foram celebrados acordos para um quadro
de cooperação e implementados em seis países pioneiros, incluindo Moçambique. A estratégia de
entrada para “Nova Aliança”é baseada na captura da Programa de Desenvolvimento Agrícola de
África (CAADP), a fim de conferir legitimidade à acção do G8. Em Moçambique, esta intervenção é
sustentada pelo argumento de que ele vai alinhar o apoio financeiro e técnico de estados membros do
G8 para a agricultura em Moçambique, com prioridades do plano de investimentos CAADP para o
país, conhecido como oPNISA. O Governo de Moçambique tem demonstrado um forte compromisso
com a melhoria da segurança alimentar e nutricional, concentrando-se nos principais corredores de
crescimento agrícola no país, incluindo o Corredor de Nacala com vantagem da infra-estrutura chaves
existente e potencial agrícola significativo. O Governo de Moçambique e os membros do G8
comprometem-se com a “Nova Aliança”e trabalhar em conjunto para gerar investimento privado no
desenvolvimento agrícola, em termos de inovação, alcançar resultados de segurança alimentar
sustentável, redução da pobreza e fim da fome. O Japão está na liderança conjunta com os EUA para
Moçambique.
2-78
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
O Corredor de Nacala parte do Porto de Nacala, no leste da província de Nampula na região norte de
Moçambique, estendendo-se até Blantyre no Malawi e na Zâmbia. Ao longo do corredor, estão
actualmente a ser construídas estradas e ferrovias.
O Corredor de Nacala, onde se encontra a Área de Estudo, localiza-se ao longo das províncias de
Nampula, Zambézia e Niassa. As províncias de Nampula e Niassa encontram-se na região norte e a
província da Zambézia encontra-se na região centro de Moçambique. A área e a população de cada
província são descritas na tabela a seguir:
*2 2
Área (km ) 47.288 12.027 47.687 107.002
População 2011 2.566.961 670.697 1.049.757 4.287.415
Área de Densidade Populacional
54,28 55,77 22,01 40,07
(hab./km )
2
Estudo
Parte da Área 57,9% 11,5% 37,0% 33,9%
Província População 56.7% 15.5% 74.2% 41.7%
1
Fonte: * Anuário Estatístico de 2010 (INE), *2CENACARTA, outros por Censo de 2007 (INE) sobre Populações
são a base de Projecção da População
34
Currentllyoconstárea de estudo com20 distritospor causa dodistrito deLichingafoidividido emdois distritos
3-1
Versão Provisória - ANEXO
3.1.2 Topografia
A altitude da área de estudo varia de abaixo de 100m a acima de 2.400m acima do nível do mar. A
altitude aumenta em direcção a oeste, e uma zona montanhosa se estende para a região central
(Distritos de Muecate, Mecubúri, Nampula, Murrupula, Distritos de Ribáuè e Lalaua, bem como parte
dos Distritos de Alto Molócuè e Malema) com picos proeminentes como o Monte Mepalue (1.777m
anm). Existe um maciço de altas montanhas íngremes na região sul (Distritos de Alto Molócuè, Gurué
e Malema), sendo o Monte Namuli o ponto mais alto (2.419m anm35) da área de estudo. Na região
Centro-Oeste (Distrito de Cuamba, Mecanhelas, Mandimba, e Majune) a topografia consiste
maioritariamente em planície de inundação do Lago Amaramba (630m anm), Rio Lugenda. O Planalto
de Lichinga estende-se na região noroeste (distritos de Nguama, Lichinga Sanga) com altitudes
relativamente elevadas até o Monte Livigire (1.728m anm). A topografia cai para a costa do Lago
Niassa (470m anm). Na maior parte da área de estudo, a paisagem é caracterizada por numerosos
inselbergs. As bases geológicas da área de estudo consistem em rochas metamórficas, tais como
quartzitos, xistos e gnaisses, ocorrendo entre as mesmas as rochas vulcânicas, assim como as rochas
sedimentares. Quase todas as bacias hidrográficas da área de estudo desaguam em direcção ao Oceano
Índico, com algumas poucas excepções desaguando em direcção ao Lago Niassa.
3-2
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
3.1.3 Clima
As temperaturas médias anuais na Área de Estudo variam entre 24 e 28ºC na zona oriental (costa),
representada por Monapo e de 22 a 24ºC na zona ocidental (interior), representada por Cuamba. Nas
zonas altas do Lichinga, a temperatura média anual está abaixo dos 22ºC. As temperaturas médias
máximas e mínimas oscilam entre os 32 a 33 ºC a mais de 20 ºC na zona oriental, e de 28 a 29 até 16
de 15ºC na zona ocidental. Lichinga tem um clima mais frio devido à altitude, registando temperaturas
máximas abaixo dos 27 ºC e mínimas abaixo dos 16 ºC.
A estação chuvosa verifica-se entre os meses de Novembro e Abril e a estação seca de Maio a Outubro.
De acordo com as isoietas de precipitação anual, que se mostra nas Figura 3.1.2 a precipitação média
anual oscila entre 1.000 a 1.200 mm na maior parte da Área de Estudo; algumas zonas apresentam
precipitações entre 800 a 1.000 mm nomeadamente em Monapo,parte de Malema e Cuamba, enquanto
as zonas com acima de 1.400 mm de precipitação se encontram em Gurué e Alto Molócuè. Algumas
zonas montanhosas em Gurué apresentam mais de 1.600 mm de precipitação anual.
A Tabela 3.1.2 mostra a precipitação média mensal nos distritos seleccionados. Apesar de apresentar
algumas diferenças, de Outubro a Abril a precipitação é responsável por mais de 94% do índice anual
e mais de 99% da precipitação ocorre até o mês de Junho.
3-3
Versão Provisória - ANEXO
Tabela 3.1.2 Precipitação Média Mensal nos Distritos Seleccionados (unidade: mm)
Estação Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Anual Ano/ Fonte
12,5 71,8 278,5 445,2 295,9 151,5 44,7 2,8 0,9 1,6 0,0 0,0 98/99-10/11
Malema 1,241
1% 6% 28% 62% 85% 96% 100% 100% 100% 100% 100% 100% DPA
16,2 29,3 318,4 362,1 208,7 179,6 79,2 33,2 27,2 4,5 7,0 2,4 98/99-10/11
Nampula 1,065
1% 4% 29% 57% 74% 88% 94% 97% 99% 99% 100% 100% DPA
10,1 49,6 128,5 230,5 193,5 145,2 62,7 4,0 14,6 4.9 1,5 1,0 98/99-10/11
Meconta 857
1% 7% 22% 49% 72% 90% 97% 97% 99% 100% 100% 100% DPA
21,6 88,5 232,5 353,3 220,6 123,3 49,9 6,8 0,5 4,2 3,6 4,7 96/97-06/07
Cuamba 1,087
2% 10% 31% 63% 83% 94% 98% 99% 99% 99% 100% 100% INM
26,9 78,9 280,8 334,7 255,5 208,0 53,3 12,6 1,9 0.8 1,6 1,0 00-10
Lichinga 1,256
2% 8% 31% 57% 78% 94% 99% 100% 100% 100% 100% 100% INM
Fonte: DAP Nampula, Instituto Nacional de Meteorologia (INM)
O Balanço Hídrico Climatológico (BHC) foi calculado para cinco pontos ao longo do Corredor de
Nacala, nomeadamente Meconta, Nampula, Guruè, Cuamba e Lichinga, com precipitações de 997 mm,
1.193 mm, 1.114 mm, 1.884 mm e 1.165 mm, respectivamente, considerando a Capacidade de Água
Disponível (CAD) como 100 mm, segundo dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia
(INM), conforme mostram nassas figuras abaixo. O cálculo do BHC é feito de acordo com a
metodologia estabelecida por Thornthwaite e Mather (1955), usando dados de Precipitação e de
Evapotranspiração para calcular a Evapotranspiração Real, Défice Hídrico e Excedente Hídrico.
3-4
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
200
300 26
100
200 22
0
100 18
-100
0 14 -200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: INM (1999 - 2009) Pluviosidade Temperatura Fonte: INM Excedente Deficiência Retirada Reposição
200
300 26
100
200 22
0
100 18
-100
0 14 -200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: INM (1999 - 2009) Pluviosidade Temperatura Fonte: INM Excedente Deficiência Retirada Reposição
200
300 26
100
200 22
0
100 18
-100
0 14 -200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: INM (2000 - 2011) Pluviosidade Temperatura Fonte: INM Excedente Deficiência Retirada Reposição
200
300 26
100
200 22
0
100 18
-100
0 14 -200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: INM (2000 - 2011) Pluviosidade Temperatura Fonte: INM Excedente Deficiência Retirada Reposição
3-5
Versão Provisória - ANEXO
200
300 26
100
200 22
0
100 18
-100
0 14 -200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: INM (2000 - 2011) Pluviosidade Temperatura Fonte: INM Excedente Deficiência Retirada Reposição
Com excepção de Gurué, que se caracteriza porseis meses de défice hídrico, os outros pontos tem sete
meses de insuficiência hídrica. O período com excedente de água no solo é de cinco meses, na maior
parte da Área do Estudo. Isso significa que existe disponibilidade de água no solo durante apenas
cinco meses para o cultivo de culturas. A disponibilidade de água no solo, por um período de 5 meses,
seria suficiente para a produção da maioria das culturas anuais. No entanto, os produtores precisam de
um certo período para a preparação da terra eorespectivo plantio, bem assim um período mínimo
necessário para o crescimento das culturas.
A existência de água por um longo período de tempo no solo contribui para um melhordesempenho
económico da gestão das culturas, especialmente através do uso eficaz demão-de-obra e/ou tractores e
outros insumos. Por outra, um período curto de disponibilidade de água impede o desempenho
económico dos produtores. Assim, pode-se considerar marginal o período de cinco meses..
200
300 26
100
200 22
0
100 18
-100
0 14 -200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: INMET (1962 - 1990) Pluviosidade Temperatura Fonte: INMET Excedente Deficiência Retirada Reposição
3-6
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
3-7
Versão Provisória - ANEXO
3-8
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
3.1.5 Solos
Em Moçambique, estão disponíveis várias versões de mapa de solos, conforme ilustra a tabela 3.1.4.
Deve se notar que grandes áreas na região norte são apenas conhecidas anível exploratório ou por
interpretação de imagens de satélite, sem a respectiva verificação em campo. O IIAM e Projecto
para a Melhoria da Capacidade de Investigação e Transferência de Tecnologias para o
Desenvolvimento Agrícola no Corredor de Nacala em Moçambique (ProSAVANA-PI) estão fazer um
levantamento detalhado dos solos e o mapeamento da área de estudo.
Comparando a escala, o sistema de classificação de solos usado e o ano de publicação dos mapas de
solo acima, é mais recomendável usar o mapa de solo de 2010 elaborado pelo FUNDAG / IIAM para
fins do presente estudo.
Conforme mostra a Figura 3.1.12, os principais tipos de solo na área de estudo correspondem
relativamente bem com o relevo. Os lixisols dominam da planície costeira plana e baixa da região leste,
estendendo-se pela zona montanhosa da região central, até parte da região Centro-Oeste. Os ferralsols
ocupam a maior parte do Planalto de Lichinga da região noroeste, e também podem ser vistos no
maciço de altas montanhas íngremes da região sul. Os solos arenosos estão distribuídos
principalmente na região sul e em parte da zona central da região leste. Os gleysols e solos fluviais
representam a vasta planície de inundação ao longo do Lago Amaramba na região Centro-Oeste. Os
acrisole ocorrem como manchas relativamente pequenas na área de estudo, excepto no Planalto de
Lichinga. Finalmente, os leptosols estão distribuídos localmente representando montanhas rochosas e
inselbergues.
3-9
Versão Provisória - ANEXO
Fonte: Equipa de Estudo (adaptado do “Programa de microzonamento agro climático, Fundação de Apoio à Pesquisa
Agrícola(FUNDAG)/IIAM 2010”)
Legenda Tipo de Características
Solo
Cinzento Lixisols Maior quantidade de argila no subsolo; Argilas de menor
claro actividade; Alta saturação de base.
Vermelho Ferralsols Profundamente envelhecido; Vermelho ou amarelo; Grande
quantidade de sesquióxido.
Laranja Arenosols Arenoso; Desenvolvimento pobre por envelhecimento in
situou em depósitos recentes.
Azul Gleysols Solos húmidos; Saturados com águas subterrâneas por
longos períodos a menos que sejam drenados.
Verde-claro Fluvisols Solos jovens desenvolvidos em depósitos aluviais.
Amarelo Acrisols Ácido; Maior conteúdo de argila no subsolo; Argilas de
Claro menor actividade; Baixa saturação de base.
Verde-escuro Leptosols Solos muito rasos sobre rocha; Extremamente cascalhoso
e/ou pedregoso.
Figura 3.1.12 Solos na Área de Estudo
Existe muito pouca informação disponível sobre a fertilidade do solo na área de estudo. O SOTER
2003 (base de dados digital do solo e da topografia) preparado pelo ISRIC/FAO/UNEP fornece uma
estimativa dos parâmetros de solo com base em modelo digital de elevação e interpolação entre apenas
127 perfis de solo para todo o país, enquanto os valores reais das propriedades físico-químicas obtidas
por análise ou medição são ainda demasiadamente insuficientes. OIIAM e ProSAVANA-PI estão
actualmente a fazer um levantamento detalhado do solo, mas os resultados ainda não foram publicados.
De acordo com dados provisórios fornecidos pela equipa do ProSAVANA-PI e pelo Centro
Internacional do Japão para Ciências Agráricolas (JIRCAS), os solos da área de estudo são quase
neutros ou apresentam uma quantidade reduzida de ácidos, excepto algumas amostras no Distrito de
Gurué, com pH inferior a 6, o que significa que não apresentam problemas graves de acidez. Não
foram igualmente relatados problemas de salinidade. O nível nutricional de Nitrogénio, Fósforo e
Potássio é relatado como sendo médio a deficiente, especialmente baixo para potássio. A textura é na
sua maioria arenosa, com alguns poucos solos argilosos. Não são apresentados outros problemas como
contaminação, solos alcalinos ou sódicos, falta de matéria orgânica ou existência de solo ácido
3-10
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
sulfatado, (no entanto, isto não garante que tais problemas não existam actualmente ou não ocorrerão
no futuro).
Os problemas de erosão do solo relatados em vários distritos da área de estudo são apresentados na
Tabela 3.1.5
Tabela 3.1.5 Erosão do Solo na Área de Estudo
Província Distrito Tipo e Causa da Erosão Medidas aplicadas localmente
Nampula Mogovolas Ravina (Chuva, Uso desordenado do Plantio de árvores para
solo, Actividades humanas) protecção (acácias) e
construção de barreiras.
Monapo Ravinir (Chuva, Uso desordenado do Construção de barreiras e
solo, Actividades humanas) plantio de vegetação (nacaraca).
Zambézia Alto Laminar, Ravina, Aluimento (remoção -
Molócuè da vegetação das encostas das
montanhas)
Gurué Ravina (Chuva, Remoção de -
arbustos)
Fonte: Adaptado do “Plano de Acção para Prevenção e Controlo da Erosão do Solo 2008-2018, MICOA 2007”
3-11
Versão Provisória - ANEXO
3-12
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
O Corredor de Nacala penetra a Área de Estudo com extensão de mais de 600 km de leste a oeste de
Moçambique. A Área de Estudo é composta por19 distritos com área aproximadamente a 107 mil km2,
que se estendem numa extensão aproximadamente a 600 km de leste a oeste e com largura de 30 a 130
km de norte a sul.
Conforme demonstra a Tabela 3.2.1, a população total da Área de Estudo é de aproximadamente 4.29
milhões de habitantes em 2011, o distrito de Monapo na província de Nampula apresenta a maior
densidade populacional com 97,2 pessoas/km2. O distrito de Majune, Província de Niassa, apresenta a
menor densidade populacional com 3.0 pessoas/km2. A densidade populacional dos19 distritos que
constituem a Área de Estudo é de40.1 pessoas/km2,o que significa que a área apresenta uma densidade
populacional muito elevada comparada a média nacional de 29.2 pessoas/km2.
A média dos membros dos agregados familiares de cada distrito que compõe a Área de Estudo, é de
4,3 pessoas/agregado familiar, é também acima da média nacional. A cidade de Lichinga possui a
média mais elevada de membros de agregados familiares da área, sendo de 6,3 pessoas/agregado
familiar.
Tabela 3.2.1 Área e População dos Distritos (2011)
Densidade Número de Taxa de
População Número de
Área Populacion membros de homens/M
Distrito (hab., Agregados
(km²) 1 al agregado ulheres
2011) * 2 familiares
(hab./km ) familiar (2011)
Província de Nampula
Monapo 3.528 342.946 97,2 74.951 4,6 97%
Muecate 4.121 105.350 25,6 23.581 4,5 98%
Mecubúri 7.216 172.639 23,9 39.064 4,4 97%
Meconta 3.690 174.358 47,3 39.752 4,4 98%
Mogovolas 4.728 330.787 70,0 74.152 4,5 97%
Cidade de Nampula 331 553.703 1.672,8 101.484 5,5 103%
Rapale (Nampula) 3.675 243.908 66,4 53.659 4,5 98%
Murrupula 3.104 158.877 51,2 36.127 4,4 97%
Ribáuè 6.271 220.178 35,1 44.000 5,0 96%
Lalaua 4.548 81.685 18,0 18.049 4,5 98%
Malema 6.075 182.531 30,0 40.476 4,5 96%
Total 47.288 2.566.961 54,3 545.295 4,7 98%
Província da Zambézia
Alto Molócuè 6.363 319.867 50,3 62.902 5,1 97%
Gurué 5.664 350.830 61,9 69.060 5,1 95%
Total 12.027 670.697 55,8 131.962 5,1 99%
Província do Niassa
Cuamba 5.363 216.098 40,3 13.170 5,0 98%
Mecanhelas 5.029 206.417 41,0 36.408 5,7 94%
Mandimba 4.698 159.175 33,9 32.146 5,0 94%
Nguama 3.016 81.314 27,0 15.451 5,3 102%
Majune 11.341 34.287 3,0 6.835 4,9 95%
Cidade de Lichinga 257 177.886 692,2 43.290 6,3 97%
Chimbonila(Lichinga) 5.438 110.703 20,4 28.372 4,9 98%
Sanga 12.545 63.876 5,1 13.170 4,9 97%
Total 47.688 1.049.757 22,0 188.842 5,6 98%
Total Geral 107.002 4.287.415 40,1 866.099 5,0 97%
Fonte: Área;Centro Nacional de Cartografia e Teledetecção(CENACARTA), 1997: População; INE, 2007. *1 Estimada pela Equipa de
Estudo
3-13
Versão Provisória - ANEXO
Em relação à taxa de ambos os sexos, as cidades de Lichinga e Nampula apresentam valores altos de
1,02 e 1,03 homens contra uma mulher, conforme mostra a Tabela 3.2.1. Tratando-se de zonas urbanas
com densidade populacional elevada e muitas oportunidades de emprego, pode-se concluir que as
elevadas taxas que essas cidades apresentam representam o factor de migração laboral, formado
maioritariamente por homens vindos das zonas rurais onde as oportunidades sãos escassas.
Entre a população classificada como “população potencialmente activa” (com idade entre 15 e 65 anos
de idade) a população total empregue no Corredor de Nacala é de 1.104.942. A Tabela 3.2.2 apresenta
a informação da população empregada e a taxa de desemprego entre a população activa.
36
BM, Esperança de Vida na Nascência, 2011. Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator/SP.DYN.LE00.IN>
3-14
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Extracção de
Transporte e
administrativ
Comunicaçã
silvicultura e
Industria de
Construção
Comércio e
Agricultura,
Finanças
Serviços
Serviços
Energia
Fabrico
Outros
Pesca
Minas
Outro
Distrito Total
os
o
Monapo 115.251 101.535 178 3.851 54 946 301 5.600 843 1.755 188
Muecate 39.09 36.502 56 586 7 180 14 1.026 223 473 23
Mecubúri*
Meconta 54.769 45.269 76 1.922 33 689 255 4.584 547 1.274 120
Mogovolas 102.230 93.663 424 2.099 33 912 102 3.156 697 1.010 134
Cidade de Nampula 115.405 27.759 484 7.778 836 7.115 4.305 41.407 6.571 18.484 666
Nampula (Rapale) 82.537 74.264 186 1.579 30 601 80 4.490 485 714 108
Murrupula 52.274 47.415 295 830 6 399 41 2.096 532 595 65
Ribáuè 68.636 62.902 97 1.023 21 747 89 1.961 511 1.211 74
Lalaua*
Malema 63.300 57.373 108 1.007 12 783 113 2.391 512 883 118
Alto Molócuè 99.996 90.758 421 2.139 49 1.57 148 2.518 637 1.519 237
Gurué 105.720 93.411 107 3.618 76 1.249 267 3.923 963 1.901 205
Cuamba 56.978 44.628 364 1.417 67 1.330 287 5.529 830 1.962 564
Mecanhelas*
Mandimba 50.524 41.795 36 999 11 518 137 5.580 430 765 253
N'Gauma 25.549 23.130 11 285 2 128 13 1.447 134 255 144
Majune*
Lichinga 37.237 17.328 105 1.594 167 2.145 733 7.566 2.870 4.363 366
Chimbonila
35.446 32.589 28 514 4 213 30 1.545 147 255 121
(Lichinga)
Sanga*
Total 1.104.942 890.321 2.976 31.241 1.408 19.525 6.915 94.819 16.932 37.419 3.386
% da secção 100,00 80,58 0,27 2,83 0,13 1,77 0,63 8,58 1,53 3,39 0,31
Fonte: Base de Dados Territoriais, INE. 2011. Adaptado pela Equipa de Trabalho2012.
Nota: *Dados não disponíveis
Como se pode notar na tabela, os sectores da Agricultura, Florestas e Pescas ocupam 80,58% de toda a
oportunidade de emprego, o que mostra a importância e a dimensão do sector do ponto de vista do
emprego na área. O sector de Comércio e Finanças (8,58%) ocupa o segundo lugar após a Agricultura.
Segue-se Outros Serviços com 3,39%, o que indica o potencial a ser explorado pela abundante
mão-de-obra disponível relativa em todos os distritos.
(1) Pobreza
3-15
Versão Provisória - ANEXO
lado, os agregados familiares chefiados por mulheres tem uma representação muito alta nos quintis
inferiores. Existe uma forte correlação entre a educação e grau de consumo dos agregados familiares;
os agregados familiares cujos chefes trabalham no sector da agricultura enquadram-se nos mais
pobres.
O primeiro Documento de Estratégia de Redução da Pobreza The first Poverty Reduction Strategy
Paper (PRSP), Foi implementado o Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA I,
2001-2005). Foi o primeiro plano a ser implementado pelo governo visando a erradicação da pobreza,
seguido do PARPA II (2006-2009). O PARPA II define a pobreza como “a impossibilidade devido à
incapacidade e/ou falta de oportunidade para os indivíduos, famílias e comunidades de terem acesso às
condições básicas de acordo com os padrões básicos da sociedade”. Neste sentido, o PARPA II define
metas não só para a redução da pobreza monetária, virada para o consumo, mas também metas para a
redução da pobreza não monetária, com foco na educação, saúde, nutrição e posse de propriedades.
O Governo adoptou a medida de pobreza baseada no consumo nacional oficial. A linha de base da
pobreza é estimada pelo custo das necessidades básicas (CNB). Esta abordagem consiste na soma 1)
dos custos de consumo alimentar para obtenção de alimentos que possam proporcionar 2.150 calorias
por pessoa, por dia, e 2) dos custos de consumo não alimentares tais como habitação, bens de consumo
duráveis, educação, serviços de saúde e água potável. A linha de pobreza, para 2002/03 e 2008/09, é
apresentada na Tabela 3.2.4.
Com base na tabela acima, a linha de pobreza é baixa, a media nacional (2008/09) equivale a US$ 0.76
(o consumo de alimentos ocupa 75%) e é mais alta na cidade de Maputo com US$ 1.34,que se
aproxima ao padrão mundial de US$1.25.
A incidência da pobreza em Moçambique melhorou entre 1996 e 2003, tendo registado uma redução
na media nacional de 69,4% para 54,1%. Esta redução deveu-se ao crescimento generalizado,
impulsionado pelo sector privado e pela mão-de-obra intensiva. Por outro lado, o investimento
crescente nas infra-estruturas sociais e económicas alargou o acesso aos serviços públicos aos
moçambicanos que anteriormente não beneficiavam de serviços e, melhorando, deste modo, o seu
bem-estar.
3-16
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Entre 2003 e 2009, a média nacional de incidência da pobreza permaneceu estática. Entretanto, a
incidência da pobreza na província da Zambézia agravou, tendo aumentado de 44.6% em 2003 para
70.5% em 2009. Igualmente, a Província de Nampula registou um ligeiro agravamento, entretanto a
Província de Niassa registou uma melhora notável. De acordo com a Terceira Avaliação da Pobreza37,
esta estagnação ou aumento da incidência da pobreza deveu-se a vários factores nomadamente: i)
aumento relativamente alto da taxa do agravamento dos preços de alimentos, ii) mudanças nos preços
relativos domésticos dos produtos alimentares básicos iii) mudanças em quotas de alimentos, e iv)
mudanças no número de consumo de refeições por dia; e v) choque climático que teve impacto sobre a
colheita de 2008, na Zona Cento, incluindo a província da Zambézia. Por outro lado, o melhor
desempenho das províncias do Norte está relacionada a pelo menos dois factores principais a saber: i)
um desempenho agrícola relativamente melhor em 2008/09 na área e ii) maiores ganhos no acesso aos
serviços públicos e infra-estrutura.
O Plano de Acção de Redução da Pobreza (PARP) 2011-2014 é a estratégia a médio prazo do Governo
de Moçambique para a operacionalizar o Programa Quinquenal do Governo (2010-2014), centrado no
objectivo de combate a pobreza e promoção de uma cultura de trabalho, com vista a alcançar um
crescimento económico inclusivo e reduzir a pobreza e vulnerabilidade no país. O PARP 2011-2014 dá
continuidade ao PARPA II, cuja implementação cubriu um horizonte temporal de 2006-2009,
estendido até 2010, e teve como meta principal reduzir o índice de incidência da pobreza alimentar de
54.7% para 42% em 2014.
Para alcançar o objectivo do crescimento económico inclusivo para a redução da pobreza, o Governo
definiu os objectivos gerais, sobre os quais serão direccionados os esforços da acção governativa,
designadamente: (i) Aumento na Produção e Produtividade Agrária e Pesqueira, (ii) Promoção de
Emprego e (iii) Desenvolvimento Humano e Social, mantendo em comum os pilares sobre (iv) Boa
governação e (v) Macroeconomia e Gestão de Finanças Públicas38.
(2) Educação
P
MPD, Pobreza e Bem-estar em Moçambique: Terceira Avaliação Nacional, Outubro. 2010
38
GOM/MPD, Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP) 2011-2014, Maio 2011
3-17
Versão Provisória - ANEXO
Na área de estudo, a taxa de inscrição de estudante nas escolas primárias ultrapassa os 100% do
número de crianças que se esperava que se matriculassem nessa classe. Isto deve-se ao facto de muitas
crianças abanarem a escola devido a várias razões, e voltarem a se escrever novamente após a idade
oficial correspondente. Assim, a taxa de aprovação da 5ª e 7ª classes, isto é ensino primário do
primeiro e segundo graus respectivamente, é, em média,de 50 a 60% da população com idade
correspondente. Isso significa que apenas metade das crianças completa o ensino primário.
Comparando as taxas de matrícula na educação primária em 2002 e 2008, verifica-se que registam-se
melhorias. Nas zonas rurais da região norte, onde a incidência da pobreza é alta, atingiu-se cerca de
70% deinscrições. Isto deve-se ao facto de a educação primária ser gratuita e constituir uma das
prioridades do Governo de Moçambique visando o desenvolvimento. Por outro lado, à semelhança da
qualidade da educação primária, a baixa taxa de matrícula no ensino secundário constitui um problema.
A taxa de matrícula no ensino secundário nas zonas rurais da região norte é muito baixa, sendo de
6,4%. Julga-se que a disparidade entre o ensino primário e o ensino secundário deve-se não só ao facto
de o primeiro ser gratuito enquanto o último não é gratuito, como também a existência de um número
reduzido de escolas secundárias, o que cria problemas de restrição no acesso.
3-18
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Nas zonas rurais, pode-se ver escolas primárias nas pequenas povoações. A maioria das escolas é feita
com telhado de palha e usam-se troncos como carteiras colocados sobre o chão de terra, isto é, não
pavimentado. Algumas escolas têm telhado de ferro galvanizado e paredes de blocos de cimento com
janelas de vidro. E a sistuação varia significativamente entre as regiões. Escolas primárias do primeiro
grau (1ª a 5ª Classe) foram criadas mesmo em pequenas povoações, mas as escolas primárias
completas (2º nível com 7 graus) foram criadas apenas nas povoações grandes. Além disso, existem
escolas secundárias apenas nas cidades, como os centros distritais. A educação primária é gratuita, mas
famílias que têm várias crianças em idade escolar têm muitos gastos com material escolar e transporte,
sendo isso um peso grande.
A alfabetização é um dos factores indispensáveis para que um indivíduo se adapte facilmente a novas
realidades. A taxa de analfabetismo na área de estudo era muito alta em 1997, situando-se nos 70 a
85% na população com 15 anos de idade. Esta situação melhorou em 2007, tendo registado uma
redução na ordem de 50 a 60%. Contudo, estes números ainda são muito altos. Com a excepção das
3-19
Versão Provisória - ANEXO
cidades de Nampula e Lichinga, as taxas de analfabetismo nas mulheres são extremamente altas
comparadas a dos homens.
3-20
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
(3) Saúde
Nas zonas rurais, existem instalações sanitárias, como centros de saúde e postos de saúde. Entretanto,
o número de profissionais e de equipamentos são insuficientes. O acesso às unidades sanitárias
melhorou nos últimos anos. Nas zonas rurais da região norte, o acesso melhorou significativamente, de
31,5% em 2002 para 69,7% em 200839. As principais doenças são a malária, diarreia, disenteria, cólera
e doenças venéreas. Note-se que, em particular, a incidência da malária é elevada (na província de
Nampula; em 2011, houve 684 mil casos de malária, 154 mil casos de diarreia, 29 mil casos de
disenteria e 379 mil casos de cólera, Governo da Província de Nampula, 2012 / 7).
(4) HIV/SIDA
39
Agência Japonesas de Cooperação Internacional (JICA), Análise da Pobreza em Moçambique, 2011
3-21
Versão Provisória - ANEXO
à doença. É preciso, ainda, haver estreita cooperação intersectorial para o apoio aos programas de
saúde materno infantil, uma vez que a cobertura de serviços de atenção nesta área ainda é muito
precária, sendo que em nenhuma das províncias da área de estudo estão atendidas por profissionais de
atenção saúde materna e infantil de forma apropriada.
Maior parte da população residente nas zonas rurais não falam a lingual portuguesa e, como tal,
comunica-se nas suas línguas locais42.Apesar das línguas dos grupos étnicos Makua/Emakhuwa e
Yao/Chiyao serem dominantes, existem outras línguas Bantu na área de estudo.
40
http://www.everyculture.com/Ma-Ni/Mozambique.html
41
Culture Grams 2014, Republic of Mozambique, https://www2.viu.ca/homestay/host/CultureGrams/Mozambique.pdf
42
Culture Grams 2014, Republic of Mozambique, https://www2.viu.ca/homestay/host/CultureGrams/Mozambique.pdf
3-22
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
(2) Religião
Na região, verifica-se a presença de uma mistura de religiões. A religião islâmica é a mais praticada
com 80 a 95 % da população na parte norte da Província do Niassa, com excepção da cidade de
Lichinga, sendo a causa provável deste cenário a urbanização desta última.Por outro lado, o
cristianismo, principalmente a católica, é comum com cerca de 50% nas províncias de Nampula e
Zambézia e em Cumaba e Mecanhelas na província do Niassa. A crença animista ainda se faz sentir,
sendo praticada por muitas pessoas classificadas como “sem religião, outros e desconhecido” na
Tabela 3.2.1243.
Tabea 3.2.12 Distribuição da População por Religião na área na Área de Estudo(em 2007)
Zione / Sem Situação
Distrito Católica Anglicana Islâmica Evangélica Outros
Siao religião desconhecida
Monapo 47.4 0.7 24.4 3.3 6.5 15.4 2.0 0.6
Muecate 44.2 0.2 11.5 1.1 2.6 38.4 1.4 0.6
Mecuburi 41.7 1.2 21.3 1.7 8.8 20.8 3.9 0.7
Meconta 51.9 0.4 17.0 1.5 3.9 23.3 1.5 0.6
Mogovolas 45.8 0.2 26.8 2.4 3.8 19.8 0.7 0.5
Cidade deNampula 42.2 0.7 40.6 1.6 5.9 4.9 3.0 1.1
Distrito deNampula 49.5 0.6 28.7 1.2 6.7 9.6 3.3 0.5
Murrupula 25.7 1.8 35.7 1.5 4.1 28.2 2.6 0.5
Ribaue 33.6 0.4 4.2 4.0 15.8 36.0 5.4 0.5
Lalaua 67.5 0.2 10.5 6.0 3.5 10.0 1.5 0.7
Malema 46.3 1.0 9.6 3.4 15.6 18.1 5.5 0.7
Alto Molócue 54.8 0.2 0.6 1.6 10.4 13.4 17.8 1.2
Gurué 50.5 0.5 0.1 2.2 8.2 17.9 19.5 0.7
Cuamba 52.7 0.7 30.4 1.4 8.4 3.1 2.8 0.5
Mecanhelas 43.0 1.7 20.8 16.3 11.0 1.5 5.1 0.5
Mandimba 13.6 0.9 81.1 0.8 2.0 0.5 0.7 0.4
N’Gauma 2.8 0.2 95.8 0.2 0.2 0.3 0.1 0.4
Majune 11.0 0.2 87.9 0.1 0.2 0.1 0.1 0.4
Cidade deLichinga 23.6 7.7 62.9 0.8 2.9 0.2 1.4 0.5
Distrito deLichinga 3.2 1.0 94.6 0.1 0.3 0.3 0.0 0.4
Sanga 4.9 1.8 92.7 0.1 0.1 0.1 0.1 0.3
Sóciodemografia do Distrito, Julho de 2007 Fonte: Estatística Distrital Novembro, 2013, INE; Senso Populacional e
Indicadores de Agregados Familiares, 2007 Informação sociodegráfica do Distrito, julho de 2007
43
Culture Grams 2014, Republic of Mozambique, https://www2.viu.ca/homestay/host/CultureGrams/Mozambique.pdf
3-23
Versão Provisória - ANEXO
No Corredor de Nacala, onde as tribos Makua e Ajawa são dominantes, prevalece o sistema de
descendência matrilinear e a alocação de recursos naturais é determinada pela descendência
matrilinear, onde a linhagem é rastreada através da linha feminina. Neste sistema, a sucessão e / ou
herança de propriedade familiar e legitimidade, por exemplo, são passados da mãe ou tios maternos
para a próxima geração. Após a sua morte, a propriedade de um homem é, portanto, herdada por seus
sobrinhos (filhos da irmã), em vez de seus próprios filhos. Além disso, muitos casamentos
matrilineares são também uxorilocal, o que significa que após o casamento, o marido muda-se para a
aldeia de sua esposa
É importante notar que sociedade matrilinear não se confunde com sociedadematriarca. Na sociedade
ou sistema matriarcoas decisões em família muitas vezes são da alçada do esposo de uma mulher e
seus irmãos, que desempenhao papel de guardião em sua vida. Estudos realizados em várias partes de
Moçambique e no vizinho Malawi mostram que, mesmo dentro do sistema matrilinear, a principal
unidade de produção é o lar conjugal. Embora o sistema de descendência matrilinear é predominante
na região norte, existem também comunidades patrilineares em algumas partes da província de Niassa,
isto porque durante os primeiros anos de independência, um número significativo de pessoas (maior
parte homens) provenientes do sistema patrilinear foram enviadas para Niassa em forma de brigadas
rurais para desenvolver a agricultura moderna na província. Um dos resultados é que se verifica uma
mistura decorrente de casamentos, o que origina uma mistura de normas culturais – algumas vezes
originado contradição - na negociação e tomada de decisões sobre direitos de terra e de herança no
nível da família. Este tipo de situação é bastante comum em partes de Moçambique, onde tem havido
níveis significativos de migração regional.
De acordo com a tradição, o Regulo é a pessoa que detém a liderança na maior unidade de território. A
autoridade é hereditária, sendo passada no seio da mesma família. Este estatutosó é herdado por um
membro do sexo masculino, na maioria dos casos, por um filho de suas irmãs (sobrinho). O líder
tradicional preservado a sua autoridade trabalhando como líder religioso, rituais tradicionais, e
arbitragem de questões da terra arbitragem em seu território. Os membros da comunidade fazem
consultas com o líder sobre várias questões que afectam suas vidas, incluindo terras, bem-estar e
harmonia na comunidade
O Regulo governa uma vasta área de sua jurisdição com ajuda de Cabos e Mwenes, como seus agentes.
Mwene, que significa "Senhor" ou "Rei" na língua local, originalmente se referia ao governante da
tribo, enquanto actualmente refere-se ao grau mais inferior de liderança. Tanto os Regulo quanto o
Cabo eram originalmente nomeados pela administração colonial Português como uma nova autoridade
a nível da aldeia. O Regulo tinha deveres enquanto nível mais baixo da administração colonial,
nomeadamente a cobrança de impostos e distribuição de terras agrícolas para as pessoas da
comunidade. Em alguns casos, o Mwene desempenhava cumulativamente a função de Regulo.
Historicamente, Cabo era uma posição mais recente do que Regulo, uma vez que o sistema de Cabo
3-24
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
foi introduzido para substituir o poder de Regulo. Essas três posições, ou seja, Regulo, Cabo e Mwene
foram misturados e incorporados no sistema social tradicional ao longo do tempo.
Foram realizados Inquéritos comunitários em 2013 e 2014.44. Nestes inquéritos foram entrevistados82
produtores em quatro comunidades (Namitartar, Nacuia, Muwassiwa e Muassiquissa) em Rapale em
2013 e um total de 79 produtores em cinco comunidades-alvo, 14 na comunidade de Tuluco no distrito
de Mecuburi, 13 em Mucorro e 10 em Napai no distrito de Muecate e 17 em Lipuzia e 19 em Ngoma
no distrito Mamdimba, em 2014. Com base nos resultados, a tabela seguinte apresenta o panorama das
comunidades rurais na área de intervenção do projecto;
De acordo com o inquérito de 2013, o número de agregados familiares nas quarto comunidade varia de
968 a 3.120 conforme mostra a Tabela 3.2.13.
Tabela 3.2.13 Dimensão das Comunidades (Número de Agregados Familiares)
O número médio de membros da família é de 6,3 pessoas por agregado familiar. O seu grupo étnico é
principalmente Makua nas 9 comunidades-alvo. Encontram se 9 Ajaus e 1 Lone nas duas comunidades
do distrito de Mandimba. 101 pessoas (65% dos entrevistados) nasceram na comunidade em que
vivem; isto significa que as restantes 60 pessoas (35%) mudaram-se para a comunidade vindo de
outras comunidades.
Em termos de ocupação, a maior parte dos entrevistados são principalmente agricultores com 1,5-3 ha
de terras de cultivo. Realizam a criação de animais de pequeno porte como galinhas e cabritos, mas
44
As baseline survey of Model 1 target communities for the Project for Establishment of Development Model at Communities’
Level with Improvement of Rural Extension Service under Nacala Corridor Agricultural Development in Mozambique
(ProSAVANA-PEM)
3-25
Versão Provisória - ANEXO
não se dedicam a criação de gado de grande porte. A taxa de alfabetização dos chefesdos agregados
familiaresé de 46%, sendo os seus níveis de educação correspondem ao ensino primário.
Nas quatro comunidades em Rapale, seus principais produtos são mandioca, amendoim, milho, feijão
nhemba, arroz, feijão, sorgo e Gergelim. Gergelim e Sorgo são cultivados como culturas de
rendimento. Gergelim é produzido somente por produtoresdo sexo masculino. O sorgo é reconhecido
como um alimento básico e como cultura de rendimento comunidade Musasiwa.
Além disso, os vegetais são cultivados principalmente por produtores do sexo masculino. Apenas
algumas mulheres responderam que cultivam tomate, batata, cebola e couve. Manga, banana, limão,
laranja, caju, papaia e tangerina são as principais frutas nas comunidades alvo. Tanto homens quanto
mulheres produzem frutas.
(Unid: pessoas)
Namitatar Nacuia
Categorias Culturas
Homens Mulheres Homens Mulheres
Tomate 15 3 5 3
Pimenta 10 - 1 -
Pipino 5 - - -
Cenoura 2 - - -
Cebola 4 - 5 2
Legumes
Repolho 4 - 2 -
Beringela 1 - - -
Couve - 1 1 2
Alface - - 1 -
Batata - - - 3
3-26
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Manga 7 5 6 1
Banana 6 4 2 3
Limaão 3 2 2 1
Frutas Laranja 1 - 3 1
caju 3 5 2 2
Papaia - 1 - -
Tangerina 2 1 2 -
Fonte: ProSAVANA-PEM
Por outro lado, a comunidade Nacuia está localizada um pouco mais distante da cidade de Nampula
(cerca de 30 a 35 km do Mercado). Por conseguinte, os produtores de Nacuiavendem os seus produtos,
principalmente, na estrada ou num mercado local. A maioria dos produtores deste distrito também
vendeos produtos para o mercado central, de tal sorte que deslocam-se ao mercado uma vez por
semana. O principal meio de transporte é a bicicleta e o transporte semicolectivo.
A maioria dos entrevistados nas comunidades de Rapale apontou como desafios “a longa distância
para o mercado” e “o baixo preço dos produtos”. No caso dos produtores de Namitartar, a maioria dos
quais são homens e como tal dispõem de meios de transporte, refere que não está satisfeita com os
baixos preços de seus produtos, mas não menciona a distância. Estes apontam ainda como desafio a
escassez de destinos de vendas (ou compradores) de seus produtos. No entanto, para as mulheres o
desafio é a falta de vendedores no mercado local para seus produtos.
Nas outras comunidades nomeadamente, Tuluco, Mucorro, Napai, Lipuzia, e Ngoma, mais da metade
(59%) dos entrevistados deslocam-se para o mercado local (ao longo da estrada) e 23% dos
entrevistados para o mercado central em seu distrito a pé ou de bicicleta para a comercialização dos
seus produtos. Os restantes 18% dos entrevistados vendem os seus produtos para distribuidores
(intermediários privados).
3-27
Versão Provisória - ANEXO
Apenas 9% dos entrevistados usam insumos agrícolas comprados, principalmente sementes. Metades
dos entrevistados na comunidade de Namitartar, que estão mais próximos de Rapale, responderam que
compram sementes. Entretanto o número de produtores que utilizam os insumos agrícolas em outras
comunidades reduza medida que a distância entre a comunidade eo centro de Rapale aumenta. Eles
adquirem os insumos agrícolas em lojas na cidade de Nampula. No entanto, devido à longa distância
para as lojas e falta de transporte, a sua capacidade para adquirir os insumos é limitada. Os produtores
usam sementes que eles mesmo recolhem nos seus campos de produção ou recebem sementes de
outros produtores como forma de pagamento por trabalhos prestados em seus campos de produção.
No entanto, as suas técnicas de armazenamento para tais sementes recolhas dos seus campos de
produção as mais apropriadas, daí que são danificadas por pragas como gorgulhos, reduzindo assim as
suas taxas de germinação e originado rendimento são baixo.
Metade dos homens entrevistados troca e compartilha informações entre si, por outo lado a maioria
das mulheres não compartilha informações. Quando o SDAE realiza reuniões, apenas o líder da
comunidade e líderes de nível mais baixo da comunidade é que participam. Nas comunidades, são
realizadas reuniões comunitárias, mas a frequência e os conteúdos das mesmas são diferentes em cada
comunidade. Algumas comunidades organizam reuniões periódicas uma vez por mês, e outras uma
reunião em cada trêsou seis meses. Mas outras comunidades realizam muito poucas reuniões
aleatoriamente.
De acordo com o resultado do inquérito sobre horários diários, os homens e as mulheres levantam-se
por volta das 3 a 4 de madrugada e iniciam as suas actividades agrícolas no campo de produção. As
mulheres interrompem o trabalho no campo e regressam a casa uma hora mais cedo do que os homens
para preparar o almoço. A maioria dos homens regressa a casa depois de concluir as suas actividades
agrícolas. Depois do almoço, a maioria dos homens usam o tempo para descansar, ouvindo orádio, ou
saem. Alguns dos homens retornam às actividades agrícolas ou realizam a produção carvão vegetal. As
mulheres dedicam-se a trabalhos domésticos, tais como limpeza da casa, lavar a roupa, buscar água,
ou cozinhar o jantar e, em simultâneo, tomam conta das crianças. As mulheres não têm tempo para
descansar. Na maior parte dos casos elas vão se deitar por volta das 20:00.
3-28
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
8) Grupo de Mulheres
Em Namitartar existe um sistema de ajuda mútua tradicional dentro do grupo das mulheres. É
chamado de "Estiki" na língua Makua. Cerca de dez mulheres formam um grupo e os membros do
grupo contribuem 100 meticais por mês. Em seguida, um membro pode receber o dinheiro da
contribuição e usá-lo para suas necessidades. Não existem regras para a aplicação do dinheiro. Não e
trata de ajuda mútua para despesas inesperadas como custos associados a assistência médica.
(6) Residências
A maioria das famílias depequenos produtores nas zonas rurais vive em residências com cobertura de
palha e paredes exteriores de blocos de fabrico local, geralmente seco ao sol ou fabricado com lama.
Existem algumas casas com paredes externas de bambu trançado e feno, predominantemente com
chão de lama. Não há muita diferença no tamanho e qualidade das residências. Presume-se que o
padrão de vida seja similar entre as famílias. Observou-se que, mesmo nas zonas remotas, existe uma
instalação sanitária no fundo do quintal, fora da residência. Os agregados familiares são em média
constituídos de cinco ou seis membros.
A Tabela 3.2.16 mostra proporção da utilização das fontes de energia primária dos agregados
familiares nos distritos que compõem a área de estudo. Verifica-se que os distritos onde a lenha é a
fonte primária de energia são relativamente pouco desenvolvidos. Os distritos que têm uma elevada
dependência de lenha como fonte primária de energia são Lalaua, Mecubúri e Muecate, com 82.9%,
77.7% e 59.9%, respectivamente. Nos municípios de maior parte da população usa petróleo e seus
derivados (querosene, diesel e parafina) como principais fontes de energia. Outra grande fonte de
energia para as famílias nos distritos urbanos é a energia eléctrica (31,6% na cidade de Nampula e
24,2% em na cidade de Lichinga), o que mostra números mais elevados comparados com a zona
rural..
3-29
Versão Provisória - ANEXO
Petróleo/
Painel
Distritos cts Electricidade Gás querosene Vela Bateria Lenha Outro
Solar/
/etc.
Mecubúri 0,7% 0,2% 0,1% 19,6% 0,6% 0,1% 77,7% 1,1%
Meconta 4,5% 0,1% 0,1% 59,1% 1,2% 0,2% 34,5% 0,5%
Mogovolas 2,0% 0,1% 0,1% 66,2% 0,3% 0,7% 29,3% 1,2%
Cidade de Nampula 31,6% 0,3% 0,1% 63,4% 2,7% 0,1% 1,5% 0,3%
Rapale (Nampula) 0,6% 0,1% 0,2% 57,1% 0,5% 0,7% 40,6% 0,3%
Murrupula 0,2% 0,1% 0,1% 38,2% 0,8% 0,7% 58,9% 1,2%
Ribáuè 3,0% 0,1% 0,0% 35,8% 1,3% 0,5% 58,2% 1,2%
Lalaua 0,4% 0,5% 0,0% 14,5% 1,1% 0,1% 82,9% 0,3%
Malema 2,1% 0,2% 0,2% 43,9% 1,4% 0,3% 51,4% 0,5%
Alto Molócuè 5,4% 0,2% 0,3% 30,5% 4,6% 0,3% 56,8% 1,9%
Gurué 3,3% 0,1% 0,2% 25,9% 11,7% 0,2% 56,3% 2,3%
Cuamba 6,3% 0,1% 0,2% 37,2% 7,0% 0,1% 48,1% 1,1%
Mecanhelas 0,4% 0,2% 0,2% 49,6% 3,5% 0,1% 44,7% 1,3%
Mandimba 2,8% 0,1% 0,3% 48,1% 4,3% 0,1% 44,0% 0,3%
Nguama 0,4% 0,2% 0,0% 74,7% 3,1% 0,0% 21,0% 0,6%
Majune 0,4% 0,4% 0,0% 59,0% 4,8% 0,1% 34,5% 0,7%
Cidade de Lichinga 24,2% 0,3% 0,1% 57,0% 15,4% 0,1% 2,7% 0,2%
Chimbonila (Lichinga) 0,6% 0,1% 0,0% 79,9% 1,8% 0,1% 16,9% 0,5%
Sanga 1,3% 0,1% 0,0% 84,7% 1,1% 0,1% 12,2% 0,4%
Fonte: Estatísticas dos Distritos 2012, INE,adaptado pela Equipa de Estudo
As redes de abastecimento de água urbanas estão desenvolvidas nas cidades de Nampula, Cuamba,
Lichinga e em Gurué. Apenas a cidade de Nampula dispõe de água tratada e, nas outras cidades,
aplica-se cloro na água, como forma de a tratar. Nas sedes distritais existem pequenos sistemas de
abastecimento de água chamados PSAA (Pequenos Sistemas de Abastecimento de Água).
A principal fonte de água na zona rural são os poços com bomba manual. A taxa média de
abastecimento de água da população na Área de Estudo é de 53,2%. Cuamba, Malema e Ribáuè têm
uma grande taxa de abastecimento devido ao rico potencial do lençol freático.
3-30
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
(10) Comunicação
A taxa de disseminação das linhas de telefone fixo é similar a da energia eléctrica.Todasede distrital
dispõede linha fixa, mas nenhum posto administrativo dispõe de linha fixa, excepto Nampula e seus
arredores. Por outro lado, a rede de telefonia móvelestá bem desenvolvida em Moçambique. Existem
actualmente três empresas de telefonia móvel. A Movitel, a última empresa a iniciar seus serviços em
2010, está a se expandir rapidamente na zona rural.
As taxas de acesso à informação em 2010 ultrapassavam 50% para a radio, 10% para a televisão e
2,8% para internet. Nas zonas rurais a taxa de expansão e penetração desses meios de comunicação é
baixa devido a atrasos na expansão rede eléctrica para essas zonas. Entretanto, a taxa de cobertura e
expansão das redes móveis era relativamente alta, situando-se nos 27%45. Desde essa altura, o uso do
telemóvel aumentou rapidamente, e recentemente em 2014, a taxa de utilização do telemóvel chegou a
69,7% de expansão.Entretanto a taxa de expansão do uso da internet permanecebaixa situando-se nos
5,9%,46.
45
Meio Financeiramente Viável enos mercados Emergentes e em DesenvolvimentoAgência Sueca de Cooperação para o
desenvolvimento(SIDA), 2011
46
União Internacional das Telecomunicações( ITU) –Estatísticas da Tecnologia da Informação e Comunicação(IC)
3-31
Versão Provisória - ANEXO
imagens LANDSAT tiradas em 2004 para avaliar o potencial de terras agrícolas. A classificação de
ocupação da terra neste mapa segue a classificação do LCCS.
A Figura 3.3.1 mostra a classificação da terra agrícola. Área cultivada neste relatório refere-se a área
preenchida por culturas, árvores e plantações arbustivas.
na Área de Estudo e foi estimada usando o mapa de uso do solo da Figura 3.3.1 Classificação
AIFM na escala 1:1.000.000. da Terra Agrícola
47
A área total abrange os distritos de Monapo, Muecate, Meconta, Mogovolas, Cidade de Namupula, Nampula, Murrupula, Ribáuè,
Malema, Alto Molócue, Grue, Cuamba, Mandimba, Nguama, Cidade de Lichinga e Lichinga.
3-32
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Fonte: Mapa de uso do solo na escala 1:1.000.000 da Avaliação Integrada nas Florestas de Moçambique
Figura 3.3.2 Uso do Solo na Área de Estudo
3-33
Versão Provisória - ANEXO
Tabela 3.3.3 Área inactiva, Área de Concessão e DUAT (19 distritos da Área de Estudo)
(000 ha)
Área Concessão DUAT
Concessão DUAT DUAT *3
protegida e florestal e Desconhe Outros Total
*1 Mineira agrícola Comunitário *2
inactiva DUAT cido
2.728 424 911 201 245 291 87 4.887
Fonte: DNTF e três Províncias
*1: A Área protegida inclui parques nacionais, reserva florestal, caça, exploração selvagem. Área inactiva significa terra
inadequada para a agricultura, incluindo a área cuja inclinação do terreno é acima de 15% ea área que tem solo
impróprio para a agricultura
*2: DUAT Desconhecido significa o DUATque não estáregistadopara o uso da terra na base de dados provincial.
*3: Outros inclui Industrias, DUATs de residências e etc.
Ao requerer um DUAT, deve-se evitar a atribuição de DUATs para áreas tidas como áreas protegidas,
concessões mineiras/florestais e outras
3-34
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Fonte: Equipa do Estudo (Os dados originais do mapa de ocupação da terra (1:1.000.000) doAIFM na DNTF, pontos da vila
de Iniciativa de Desenvolvimento Especial, cursos dos rios, e linha feira de CENACARTA, e estrada
daAdministração Nacional de Estradas(ANE))
Figura 3.3.4 Ocupação da Terra em Torno das Comunidades e Localização das Comunidade em
Relação a Distância dos Rios e Estradas
A Tabela 3.3.4 mostra a classificação do distrito em relação a ocupação da terra em volta de rios.
Omapa de SIG a seguir mostra a situação do comprimento do rio pela classificação da ocupação da
terra de cada região. A ocupação da terra em torno do curso dos rios varia de florestas à terra cultivada
de acordo com o local de deslocamento de oeste para leste. A situação da área de floresta será
discutida com exactidão em (4) desta secção.
Tabela 3.3.4 Classificação dos Distritos por Ocupação de Terra em Volta dos Rios
Distritos Ocupação da terra em volta de rios perenes
Monapo A maioria das áreas das margens de cursos de rios perenes é
coberta por áreas cultivadas
Muecate, Mogovolas, Nampula, Alto Mais de 60% das áreas nas margens de cursos de rios perenes
Molócuè, Mecanhelas, Mandimba são áreas cultivadas
Mecubúri, Murrupula, Ribáuè, Lalaua, Quase a metade das áreas em volta de cursos de rios perenes
Malema, Gurué, Nguama são cobertos por áreas cultivadas
Meconta, Cuamba, Lichinga, Sanga Mais de 60% das áreas ao redor de rios perenes são cobertos por
florestas, terras grama, arbustos e matagais.
Majune A maioria das áreas em torno de rios perenes é coberta por
florestas
Fonte: Equipa de Estudo
A Tabela 3.3.5 mostra a classificação dos distritos por ocupação de terra em volta das comunidades. O
número de comunidades por ocupação de terra de cada distrito foi identificado a partir do mapa de
SIG. A ocupação de terra em volta das comunidades também varia de florestas para áreas de cultivo,
3-35
Versão Provisória - ANEXO
de acordo com a localização do movimento de oeste para leste. A Tabela 3.3.5 também mostra que
muitas comunidades estão localizadas nas zonasflorestais. Nessas áreas, as zonas florestais enfrentam
o perigo do desnatamento pelas actividades humanas.
Tabela 3.3.5 Classificação dos Distritos por Ocupação de Terra em Volta das Comunidades
Distritos Ocupação de terra em volta das comunidades
Monapo, Muecate, Mogovolas, Elevada concentração de áreas cultivadas e com residências (ou
Nampula, Ribáuè, Alto Molócuè, quase toda a área em torno das comunidades são cultivadas e
Cuamba, Mandimba, Monapo construções)
Mecubúri, Murrupula, Lalaua, Gurué, As comunidades estão a se expandir para zonas de floresta, terras
Mecanhelas, Lichinga, Sanga arbustivas, terras de pastagem
Meconta, Malema, Nguama, Majune Muitas comunidades estão localizadas nas áreas cultivadas e florestas
Fonte: Equipa de Estudo
Tabela 3.3.6 Classificação dos Distritos em Relação as Comunidades Próximas das Estradas
Percentagem das
Distritos cts comunidades localizadas Principais obstáculos
perto das estradas *
Meconta, Cuamba, Lichinga, Sanga Alta
Mogovolas, Nampula, Murrupula, Ribáuè,
Lalaua, Malema, Alto Molócuè, Mandimba, Média
Nguama, Majune
Monapo, Muecate, Mecubúri, Gurué, Necessidade de
Mecanhelas Inferior a 50% construção de estradas
rurais
*: Dentro do 2 km a partir da estrada
A Tabela 3.3.7 mostra a classificação dos distritos em relação à percentagem de comunidades que se
localizam perto de rios. Malema, Cuamba e Lichinga têm muitas comunidades próximas aos rios.
Estes distritos têm potencial para o desenvolvimento da irrigação utilizando água do rio
Tabela 3.3.7 Classificação dos Distritos em Relação as Comunidades que se Localizam Próximo
de Rios
Percentagem das
Potencialidades e
Distritos comunidades localizadas
fraquezas
próximo de rios *
Potencial para o
Malema, Cuamba, Lichinga Alta desenvolvimento da
irrigação
Monapo, Muecate, Mecubúri, Mogovolas,
Nampula, Murrupura, Alto Molócuè, Gurué, Média
Mecanhelas, Mandimba
Meconta, Lalaua, Nguama, Majune, Sanga Inferir a 50%
*: Dentro de 2 km a partir dos rios
A classificação dos distritos em relação às comunidades próximas a estradas e rios é igualmente feita
no mapa SIG. Os distritos de Lichinga e Cuamba apresentam altas taxas de comunidades localizadas
perto de estradas e rios. Estes distritos têm alto potencial para a produção de hortaliças com água
3-36
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
proveniente de sistemas de irrigação. Por outro lado, Malema tem altas taxas de comunidades
próximas aos rios, mas longe de estradas. Neste distrito, é necessária a construção de estradas rurais.
Nos distritos de Lichinga e N'Gauma, os rios perenes ainda são cercados por grandes florestais,
mas existe um número considerável de comunidades no interior ou à beira das florestas.
Nos distritos de Cuamba e Gurué, as florestas em torno de rios perenes estão a reduzir
significativamente, sendo substituídas pelas terras de pousio ou por campos agrícolas.
Verifica-se uma tendência de localização de comunidades nos campos agrícolas, bem como no
interior das florestas.
Nos distritos de Alto Molócuè Murrupula as florestas são mais fragmentadas devido ao cultivo
extensivo predominante ao longo dos rios perenes. As comunidades estão concentradas nas
zonas de agricultura, bem como em áreas arbustivas ou de pastagens.
Nos distritos de Muecate e Monapo rios perenes correm principalmente através de campos
agrícolas e têm pouca interacção com a floresta. As comunidades estão igualmente
concentradas em campos agrícolas
A aparente invasão das florestas que ainda existem pelas comunidades, na parte ocidental e central da
área de estudo, bem como a fragmentação das florestasa montante das bacias de rios perenes na parte
central e leste da área de estudo, são factores particularmente preocupantes para o desenvolvimento
sustentável do Corredor de Nacala.
3-37
Versão Provisória - ANEXO
Fonte: A equipa do estudo (Mapa original de ocupação da terra do AIFM, rios de CENACARTA, a
localização das aldeias da Iniciativa de Desenvolvimento Espacial)
Figura 3.3.5 Localização Geográfica de Florestas, Comunidades e Rios Perenes
É importante perceber que, em Moçambique, as florestas naturais são protegidas por diferentes
instrumentos jurídicos (Tabela 3.3.8), especialmente tendo em conta a dependência das comunidades
rurais dos recursos florestais, tais como lenha, carvão, madeira, fibras, plantas medicinais, carnes de
caça, mel, etc. para a sua subsistência. Segundo estimativas oficiais, 80% da energia consumida em
Moçambique é originada a partir da biomassa, como lenha ou carvão48,49 e quase 80% da população
rural depende de carne de caça e peixes das zonas interiores como principal fonte de proteína animal50.
As florestas são igualmente culturalmente importantes para as comunidades tradicionais como áreas
sagradas, local para a prática de ritual ou cemitérios.
48
O consumo anualper capitadelenha e carvão vegetalé estimado em695e1.360(madeira seca ao arkg/pessoa/ano)para os
residentes das zonas rurais (todas as pessoas) eresidentes das zonas urbanas(limitado ausuáriosde lenha), respectivamente.
(Componenteda Lenha dp AIFM energia, projecto de relatóriofinal,MASA2008)
49
Estratégia de Reflorestamento, MINAG, 2009
50
Alimentos e Estratégia e Plano de Acção para Segurança nutricional, SETSAN, 2007
3-38
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Apenas alguns distritos da área de intervenção do programa possuem Planos Distritais do Uso da Terra
(PDUTs) ratificados. No entanto, é importante realçar que todos os PDUTs ratificados propõem um
aumento da cobertura florestal, ou pelo menos a manutenção de áreas florestais actuais. O tempo de
validade legal dos PDUTs é de 10 anos.
Embora ainda não existam estratégias oficiais da conservação de florestas em Moçambique, a nível
nacional, provincial ou de bacias hidrográficas, a DNTF, está actualmente a realizar dois importantes
estudos: “Plano Nacional de Florestas" e "Estudo sobre a Transformação de Florestas Naturais em
Plantações”, os quais deverão ser publicados em breve. De acordo com algumas entrevistas realizadas
com funcionários da DNTF, a transformação de florestas naturais em terras agrícolas foi considerada
inviável, pois todas as florestas naturais devem ser protegidas para futuras concessões florestais ou
transformados em potenciais plantações de árvores.
3-39
Versão Provisória - ANEXO
Iniciativas recentes do Governo com vista a criação e restauração de floresta, como a Estratégia para
Reflorestamento (MINAG, 2009), Programa Florestal Comunitário (MICOA, a partir de 2010) e de
REDD: Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (MINAG / MICOA, está a ser
elaborado um decreto especial desde Outubro de 2012) indicam apoio para a conservação da floresta e
restringem o desmatamento indiscriminado dando lugar ao uso da terra para outros fins.
Apenas 6 (seis) municípios na Área de Estudo possuem PUDT ratificado. Os outros distritos estão a
finalizar ou vão começar a sua elaboração. Ver a Tabela 3.3.9.
É importante realçar que todos os PUDTs propõem aumento da cobertura florestal, ou pelo menos a
manutenção de áreas das florestas existentes (Figura 3.3.6).
3-40
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Moçambique está a promover a descentralização de forma gradual desde 2004, através de leis como as
seguintes:
- Lei nº 8 sobre os órgãos administrativos descentralizados do Estado a nível local de 19 de
Maio de 2003 (LOLE: Lei dos Órgãos Locais do Estado).
- A Constituição da República de Moçambique de 2004
3-41
Versão Provisória - ANEXO
- Decreto nº 11 que regula a Lei sobre descentralização dos Órgãos Administrativos do Estado, a
nível local, de 10 de Junho de 2005.
- Decreto nº 6 sobre a Estrutura Orgânica dos Governos Distritais de 12 de Abril de 2006; e
- Pacote Autárquico que consiste nas Leis nº. 2 sobre o Quadro Legal para os Municípios, de 18
de Fevereiro de 1997; Nº 11 sobre Finanças e bens dos Municípios, e Nº 8 sobre a Organização
e Funcionamento da Cidade de Maputo, datados de 31 de Maio de 1997.
LOLE (Lei n.º 8/2003;Lei dos Órgãos do Estado) Em matéria de desenvolvimento, a unidade
administrativa básica em Moçambique é representada pelo distrito e os seus planos de
desenvolvimento e orçamento devem estar alinhados aos planos nacionais de desenvolvimento e
orçamento. Os planos de desenvolvimento são preparados pelos governos distritais e os conselhos
municipais são responsáveis pela implementação e monitoria dos projectos, bem como a estruturação
de um sistema que permite a participação directa da população local.Com esta Lei e os Decretos
seguintes, os distritos se tornaram os centros de planificação e da implementação, embora a orientação
metodológica/técnica seja dada pelos respectivos ministérios através do governo provincial.
Como forma de materializar a descentralização, em 2006, o governo lançou um esquema que consiste
na atribuição de fundos de desenvolvimento discricionário anual (FDDs) ao distrito. Esse esquema
vulgarmente conhecido como “sete milhões”, visto que o financiamento concedido a cada distrito é de
cerca de 7 milhões de MT. O valor atribuído a título de empréstimo a indivíduos ou grupos com
projectos viáveis que irão criar empregos e impulsionar a produção de alimentos. Os mutuários devem
amortizar o empréstimo para que o FDD, pois este fundo é rotativo, devendo ser emprestando a novos
candidatos, sem a necessidadeaumentos constantes provenientesdo orçamento do Estado. Na prática,
porém, a maioria dos beneficiários deste financiamento em todo o país ainda tem dificuldades em
amortizar o valor do empréstimo. Entretanto, devido à insuficiência de capacidade administrativa nos
distritos, aliada àcom falta de recursos humanos, tecnologia e experiência, os distritos não cumpriram
seu papel conforme se esperavamo esperado.
Moçambique é composto por dez províncias e uma Cidade capital com estatuto de província. As
províncias são subdivididas em 128 distritos, e estes divididos em 405 Postos Administrativos. Os
postos administrativos são divididos em Localidades, o menor nível geográfico da administração
central do estado. Desde 1998, foram criados43 Municípios, 10 dos quais foram criados em Abril de
2008. Estes, encontram-se no mesmo nível administrativo que o distrito.
As províncias são governadas por um Governador, nomeado pelo governo central ou seja pelo
Presidente da República, ao invés de ser eleito pelos moradores da província. Os Directores
3-42
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Provinciais coordenam os orçamentos de cada sector dos órgãos do governo central; o governo
provincial tem orçamento e autoridade limitados. Isto ocorre de maneira similar nos níveis inferiores
de governo, como nos distritos.
Central
O Governo Central, na pessoa do Government President
Ministério da Administração
Estatalnomeiao Administrador do Distrito
Minister Minister Minister Minister Minister Minister
a quem cabe liderar os destinos do distrito.
O posto Administrativo é chefiado pelo Representing
Na época do regime colonial português, quando um povoado fosse urbanizado passava a se chamar
vila e cidade. Com o estabelecimento do sistema municipal em 1998, todas as cidades foram
transformadas em municípios, juntamente com 10 vilas, seguidas de mais 10 vilas em 2008. Além
disso, o sistema de administração municipal foi introduzido na governação local e os municípios
ganharam um poder e autonomia significativos.
A Área de Estudo é composta por três províncias, que por sua vez são compostas por 19 distritos. As
divisões administrativas abaixo do distrito são descritas na Tabela 3.4.1.
3-43
Versão Provisória - ANEXO
Os chefes dos postos administrativos e das localidades são funcionários administrativos nomeados
pelo governo, e os membros dos Conselhos Consultivos estabelecidos em cada nível são eleitos pelo
povo. O conselho consultivo é composto por líderes comunitários, líderes religiosos, entre outros, e
realiza a consultas junto à população sobre projectos de desenvolvimento rural nomeadamente
construção de escolas, manutenção de poços, para atender às necessidades locais.
O Decreto n.º15/2000 legaliza o papel dos líderes e suas classes hierárquicas de 1 a 3 com base nas
suas atribuições. Este decreto estabelece igualmente que os líderes devem ser eleitos pelos membros
da comunidade, de acordo com critériospreviamente definidos. No entanto, na maioria das
comunidades, os líderes tradicionais não são eleitos. A remuneração mensal é de 400 MT para o
primeiro grau, 250 MT para o segundo grau e 150 MT para o terceiro grau (a partir de 2012).
3-44
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Os planos de desenvolvimento mais recentes das províncias foram concebidos com base nos seguintes
documentos: A estratégia de desenvolvimento do País (Agenda 2025, Plano de acção para redução da
pobreza: PARPA, Estratégias para a comercialização agrícola e o desenvolvimento rural, etc.), regional
(Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano: NEPAD, etc.) e a agenda global (Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio, etc.).
Na província de Nampula, o PEP Nampula 2010-2020 foi elaborado em Outubro de 2009 pela
Unidade de Coordenação do Desenvolvimento Integrado de Nampula (UCODIN). Os pilares da
estratégia de desenvolvimento são apresentados a seguir, e basicamente são uma continuação do plano
estratégico anterior:
Crescimento económico;
Governação participativa;
Infra-estruturas e promoção do meio ambiente; e
Desenvolvimento do capital humano e social.
Neste plano, a meta de crescimento do PIB da província é 7,5% em 2010, 8,5% em 2015 e 8,3% em
2020.
3-45
Versão Provisória - ANEXO
Na província do Niassa, o PEP2017, para um período de 10 anos, isto é, entre 2008 e 2020, foi
concebido em Dezembro de 2007. No âmbito da concepção deste plano, o Gabinete de Estudos
Estratégicos e Desenvolvimento (GED) criado pelo governo de Niassa desempenhou um papel
preponderante. Este plano, em continuidade ao plano anterior, está virado para o “desenvolvimento
sustentável”, a aceleração e integração económica, o desenvolvimento social e cultural da província, a
redução da pobreza em 15% até 2017.
O PEDD é um plano de médio prazo, com duração de cinco anos. Este plano serve de guia e como
instrumento de gestão estratégica do distrito e é desenvolvido de forma conjunta e participativa, com o
envolvimento do governo distrital e a sociedade civil no distrito, alinhado com o Programa
Quinquenal do Governo, 2010-2014, e com oPEDP. Ademais, ébaseado nas leis e decretos actuais da
administração local (Decreto n.º15/2000: Estabelece as formas de articulação dos órgãos locais do
Estado com as autoridades comunitárias; Lei n.º8/2003: Lei dos Órgãos do Estado; Lei n.º11/2012:
Procede a revisão pontual da Lei n.º8/2003). E isto indica as principais orientações estratégicas que o
3-46
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
distrito deve seguir para alcançar o bem-estar económico e o desenvolvimento social de sua
população.
Actualmente, o PEDD III, como o terceiro período (o ano varia por distrito, por exemplo, 2009 a 2013,
2010 a 2014 ou 2010 a 2015), está a ser desenvolvido sob a orientação do governo da província, mas
são poucos os distritos que o concluíram. Portanto, o PEDD II, do segundo período, ainda está em
vigor. O PEDD II cobriu o período 2006 a 2010, mas, segundo o distrito, o período do plano varia
ligeiramente. Entretanto, os PEDDsão basicamente preparados de acordo com o Plano Estratégico de
Desenvolvimento Provincial e os conteúdos são similares, virados para a erradicação da pobreza e o
desenvolvimento económico. Plano Económico-social do Distrito (PES ou Plano Económico e Social
e Orçamento Distrital (PESOD), que é um plano de implementação anual, é preparado anualmente
com o PEDD que está em curso.
Além disso, os governos distritais recebem 2 milhões MT por ano como Fundo de Investimento no
Desenvolvimento (FID), que visa investimentos em pequenas infra-estruturas, incluindo estradas
alimentadoras, manutenção de escolas, etc. A Direcção Provincial de Planoe Finanças, juntamente com
outras Direcções s Provinciais, orientae apoia o Governo Distrital no processo de planificação e
orçamentação. Entretanto, a capacidade administrativa dos Distritos ainda não está desenvolvida o
suficiente para desempenhar os papéis esperados, devido à limitação dos recursos humanos,
capacidade técnica e experiência.
3-47
Versão Provisória - ANEXO
Com base nos dados do INE, é possível concluir que os distritos que apresentam o maior número de
estabelecimentosagrícolaspequenos e médios são Mogovolas e Nampula, com 61.712 e 73.914
respectivamente. Se olharmos para a média em termos de magnitude desses produtores, podemos
concluir que o distrito de Nampula possui a menor área de machambas de pequena e média escala,
com 0,70 ha/produtor, seguido de N/Gauma com 0,72 ha/produtor, a média da área de estudo é de 1,34
ha/produtor. A tabela mostra que a zona que tem o menor número de produtores tende a ter a maior
média.
A Tabela 3.5.2 mostra os dados que descrevem o número de produtores em empresas e a área sob sua
gestão na área de estudo.
Apesar do número reduzido de empresas agráriasem toda a área de intervenção, existe uma empresa
agrícola (Matanuska, produtora de bananas) no distrito de Monapo que detém terras agrícolas, de
cerca de 8.498 ha ou 2,38% da área total do distrito. Em Gurué, já existem seis empresas agrícolas,
ocupando 5.529 ha ou 0,98% da área total do Distrito.
3-48
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Uma parte dos produtores, principalmente aqueles que administram muitos hectares de terras agrícolas,
também pratica agricultura para fins comerciais, com o cultivo de culturas de rendimento como
algodão, tabaco, soja, gergelim e algumas hortícolas. O plantio de algodão e tabaco é realizado na
forma de agricultura sob contrato onde o comprador oferece aos produtores alguns insumos a um
determinado preço, tais como sementes, fertilizantes e pesticidas, como um incentivo para a produção.
No caso do algodão, as empresas geralmente fornecem insumos básicos, principalmente sementes e
pesticidas, aos produtores sob contratos onde o pagamento é feito após a colheita. As empresas
disponibilizam igualmente equipamentos para pulverização de pesticidas, a título de aluguer.
Num inquérito aos agregados familiares realizado em 2012, foi possível obter informação sobre o
número de membros dos agregados familiares, culturas produzidas, calendário de cultivo,
instrumentos de cultivo, apoio dos extensionistas, sistema de cultivo, organização de produtores, etc.
3-49
Versão Provisória - ANEXO
De Acordo com inquérito, produtores comuns possuem 10 hectares de terra, dos quais cultivam apenas
46%. 61% do total de agregados familiares praticam a agricultura itinerante, na qual fazem a rotação
entre duas machambas. Eles usam o mesmo para a produção em 64% do seu campo de terra à direita.
Esses resumos de manejo da terra são mostrados no Apêndice 1 deste livro.
No âmbito do ProSAVANA-PI foi realizado um inquérito sobre a economia dos agregados familiares
dos produtores, o que permitiu a descrição das características de produção agrícola dos pequenos
3-50
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Os resumos dos inquéritos são apresentados no Apêndice 2. Constitui o seu conteúdo o seguinte:
3-51
Versão Provisória - ANEXO
A Tabela 3.5.4 mostra a área plantada das principais culturas (média entre 07 de 2006 a 11 de 2010)
por distrito na área de estudo.
Tabela 3.5.4 Área Cultivada com as Principais Culturas por Distrito (ha)
CULTURAS Monapo Muecate Mecubúri Meconta Mogovo las Nampula Murru pula Ribáuè Lalaua Malema
Milho 15.573 6.237 13.218 13.090 9.951 12.047 7.539 16.692 12.502 19.173
Mandioca 47.360 24.646 28.701 30.709 44.033 37.785 28.820 29.098 16.420 24.666
Mapira 13.912 1.975 8.944 7.670 6.058 12.118 7.540 11.563 10.610 11.271
Meixoira 1.523 125 565 360 852 307 566 848 746 935
Arroz 2.344 1.239 1.742 2.473 4.291 3.280 4.786 805 1.364 840
Feijões 6.052 3.428 4.745 6.991 5.642 7.328 5.303 8.398 4.302 10.937
Amendoim 6.363 7.976 3.850 16.986 16.172 11.779 5.596 4.338 3.512 8.521
Girassol 504 0 185 656 471 0 421 844 0 854
Gergelim 5.520 813 1.930 7.021 1.320 1.060 1.256 963 2.778 984
Soja 0 0 0 0 0 0 185 625 0 605
Batata-doce 523 73 336 126 366 515 781 316 531 450
Batata reno 0 0 0 0 0 0 0 7 0 13
Hortícolas 98 14 26 298 34 310 332 271 23 285
Castanha
NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA
(casca)
Algodão 28.229 3.776 8.904 6.208 2.010 275 4 2.145 8.712 5.535
Tabaco 0 0 368 0 0 24 150 2.669 1.732 2.058
Alto Mecan
CULTURAS Guruè Cuamba Mandim ba Ngaúma Majune Lichinga Sanga Total
Molócuè helas
Milho 33.760 26.833 51.012 19.154 21.409 9.280 6.135 20.072 16.269 329.947
Mandioca 31.083 22.461 7.287 3.778 5.830 1.570 1.362 955 2.949 389.515
Mapira 8.683 6.893 18.477 9.895 3.299 645 1.753 0 589 141.894
Meixoira 0 600 57 549 778 203 54 NA 0 9.068
Arroz 1.215 620 2.447 2.228 1.364 614 409 0 211 32.272
Feijões 8.428 9.783 13.940 5.696 6.653 5.445 2.962 11.733 8.791 136.557
Amendoim 5.642 4.100 1.181 1.022 709 345 959 328 317 99.696
Girassol 1.675 0 0 NA 0 0 NA 0 NA 5.610
Gergelim 140 275 0 NA 0 0 NA 0 NA 24.059
Soja 210 1.025 0 NA 0 0 NA 0 NA 2.650
Batata doce 2.500 3.333 228 51 568 132 306 183 203 11.521
Batata reno 50 510 0 2 0 113 13 571 371 1.649
Hortícolas 540 920 108 65 2.083 177 82 114 271 6.050
Castanha
NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA
(casca)
Algodão 1.675 0 0 NA 0 0 NA 0 NA 67.473
Tabaco 723 520 0 NA 0 0 NA 0 NA 8.244
Fonte: DPAs das Respectivas Províncias, INCAJU Nampula
3-52
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Quanto à área plantada, a principal cultura na área de intervenção é a mandioca, totalizando 389.515
hectares nos 19 distritos. A mandioca, que é umdos principais produtos na dieta moçambicana, é
classificada como uma cultura de fácil cultivo uma vez que se desenvolve em condições de cultivo
precárias. Por conseguinte, esta cultura é facilmente adaptável às características de solo e climáticas de
Moçambique, com bom rendimento e alta concentração de carboidratos. Após a mandioca, segue o
milho, que ocupa o segundo lugar, com 329.947 hectares, e em terceiro lugar encontra-se a mapira
com 141.894 hectares. A área plantada de mandioca é maior do que a área de milho nos distritos da
província de Nampula, enquanto a situação é inversa nos distritos das províncias da Zambézia e
Niassa.
Dados os factores discutidos acima, incluindoo baixo nível de utilização de insumos e tecnologia, a
produtividade é geralmente baixa em Moçambique. A Tabela 3.5.5 mostra a produção das principais
culturas na área de estudo.
3-53
Versão Provisória - ANEXO
A cultura mais produzida na área de estudo é a mandioca, com uma produção total anual de 2.384.108.
Monapo se destaca como o distrito com maior produção de mandioca, com 291.665 ton/ano, seguido
de Mogovolas com 253.497 ton/ano. A segunda cultura mais produzida é o milho, com 456.624
ton/ano, e os distritos com maior produção são Cuamba, com 61.629 toneladas/ano e Alto Molócuè
com 50.825 ton/ano.
As culturas que mostraram maior produtividade no Corredor de Nacala foram: hortícolas, com um
rendimento total de 8,29 ton/ha, seguidas de batata com 7,15 ton/ha e da mandioca, com 6,12 ton/ha. É
importante notar que as culturas mais cultivadas têm uma produtividade inferior. No caso do milho, a
produtividade brasileira é três vezes maior do que na área de estudo.
3-54
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Enquanto a tabela mostra a capacidade de oferta de cada distrito, é necessário notar que a maior parte
dessa produção é comercializada, não só na área de estudo, como também noutras regiões do país. De
acordo com a estimativa da equipade estudo, com base nos dados relevantes nomeadamente consumo
per capita, necessidade de sementes, perdas pós-colheita, a população e produção na área de estudo, a
área tem um certo nível de excedente nas principais culturas alimentares a cada ano, excepto para
mapira, arroz e trigo (ver Tabela 3.5.8.)
3-55
Versão Provisória - ANEXO
O cálculo de custos reais de produção agrícola na Área de Estudo é relativamente simples, uma vez
que a maioria dos produtores injecta um capital reduzido nas actividades agrícolas, mesmo quando se
trata de prática da agricultura para fins comerciais. Os produtores dependem de trabalhos manuais, e
poucos usam insumos e mão-de-obra remunerada para o cultivo de suas culturas básicas. Considera-se
que os custos podem ser calculados com base no total dos dias de trabalho da mão-de-obra e salário
comum de trabalhador agrícola.
A Tabela 3.5.9 mostra os custos de produção das principais culturas na Área de Estudo, calculados de
acordo com a explicação acima apresentada. Os produtores na verdade não arcam totalmente com os
custos calculados em termos de dinheiro, uma vezque a maioria dos produtores depende muito da
mão-de-obra familiar para sua actividade agrária. O custo diário da mão-de-obra no cálculo,
MT40/homem/dia, foi determinado de acordo com informações recolhidas através de uma pesquisa de
campo realizada nos distritos visados. Foram usados valores pagos aos trabalhadores no sistema da
prática "benefício mútuos" (pagos com base em ha) para o cálculo, mesmo que este valor variasse de
acordo com os locais e tipos de trabalho. Apesar de se ter recolhido informações do valor de
mão-de-obra na base diária ou mensal, muitos dos entrevistados tinham a tendência de declarar o
montante com base no salário mínimo do governo, em vez do salário real. Assim, o total de
trabalhador/dias para cada cultura na tabela foi calculado com base em informações recolhidas a partir
da DPA da província de Nampula e TechnoServe.
3-56
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A Tabela 3.5.10 mostra um resultado integrado das pesquisas. Os preços de facto variaram de acordo
com os locais e as estações.
3.5.7 Pecuária
A criação de animais na área de intervenção, bem como no resto das áreas do país, é caracterizada pela
predominância de criação extensiva com excepção da produção comercial de frangos de corte. A
indústria de frangos de corte introduziu um sistema de criação intensiva utilizando s insumos e
tecnologia avançada.
(1) Bovinos
Devido às condições agro-ecológicas desfavoráveis, mosca tsé-tsé e da peste suína africana, a criação
de animais de grande porte (por exemplo, bovinos e suínos) não é tradicionalmente praticada de forma
activa na região norte de Moçambique, com algumas excepções de alguns casos. A Tabela 3.5.11
apresenta dados dos distritos compilados pelo INE referentes ao número de cabeças de gado bovino e
o respectivo número de produtores. Apenas 5.960 produtores criam40.689cabeças de gado bovino na
área de estudo. Menos de 1% de produtores criam vacas na área (estimativa do número de famílias de
agricultores total da área é de cerca de 692 mil).
3-57
Versão Provisória - ANEXO
O distrito com maior criação do gado bovino é Mogovolas com 12.973 animais criados em 3.552
quintas. Por outro lado, Majune é o Distrito que menos cria, com apenas 33 animais em 10 quintas.
O gado caprino e ovino são os mais conhecidos e importantes para os produtores na área de estudo. A
Tabela 3.5.12 apresenta o número de animais por distrito. Existem 442.015 cabeças de gado caprino e
64.714 cabeças de gado ovino na Área de Estudo. O distrito com o maior número gado caprino e
ovino é, mais uma vez, Mogovolas.
Tabela 3.5.12 Número de Cabeças de Gado Caprino, Ovino, Suíno e Aves na Área de Estudo por
Distrito
Distritos Gado Caprino Gado Ovino Gado suíno Aves
Monapo 37.887 985 13.512 348.393
Muecate 22.244 572 10.824 116.073
Mecubúri 36.255 845 13.992 134.709
Meconta 27.943 1.714 7.090 124.207
Mogovolas 71.842 21.793 11.248 238.328
Nampula 66.628 9.860 17.269 370.765
Murrupula 33.596 9.143 9.488 116.259
Ribáuè 17.969 938 21.921 144.646
Lalaua 6.190 403 4.777 58.714
Malema 17.104 1.320 20.109 160.823
Alto Molócuè 18.724 3.264 36.129 252.711
Gurué 18.731 1.399 26.228 255.255
Cuamba 16.574 2.671 8.622 131.753
Mecanhelas 26.260 3.778 11.978 140.295
Mandimba 12.046 1.382 948 105.540
Nguama 13.503 1.569 324 44.452
Majune 1.230 142 105 24.368
Lichinga 15.231 2.934 1.812 76.487
Sanga 8.560 2.293 419 31.831
Total 442.015 64.714 216.795 2.875.609
Fonte: Equipa de Estudo com base na página web do INE; http://196.22.54.18/home_page/.
3-58
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Além do gado caprino e ovino, os produtores desenvolvem a criação do gado bovino e suíno conforme
ilustra a Tabela 3.5.12. Existem 216.795 cabeças de gado suíno na área de estudo. Alto Molócuè, com
36.129, constitui o distrito com o maior número de cabeças de gado suíno no território, seguido de
Gurué e Ribáuè com 26.228 e 21.921, respectivamente. A criação de porcosé uma actividade
desenvolvida por pequenos produtores, uma vez que a criação deste animal exige relativamente pouco
cuidado.
(4) Avicultura
A avicultura está se tornar cadavezmais comum no seio dos pequenos produtores na área de Estudo. A
Tabela 3.5.12 apresenta dados sobre o número de aves por distrito. O distrito com o maior número de
aves de capoeira é Monapo com 348.393 aves, seguido por Gurué com 255.255 e Alto Molócuè com
252.711.
Embora a avicultura na Área de Estudo seja principalmente praticada pelos pequenos produtores,
verifica-se a criação de frangos de corte através de um sistema intensivo realizado principalmente por
empresas do agro-negócio baseadas nas grandes cidades ou nos subúrbios. Existem duas (2) empresas
deste tipo na província de Nampula. Estas empresas praticam um sistema de produção vertical desde a
produção da ração, produção de pintos, criação de frangos de corte e abate até a comercialização dos
produtos. O aumento da procura por ração de frango, em paralelo com a procura de carne de frango
impulsiona a expansão do cultivo de culturas para rações, principalmente soja no leste da província de
Nampula e em Gurué na província da Zambézia. De acordo com informações de uma empresa avícola,
estima-se que a procura de mercado para carne de frango na Área de Estudo seja de 30 a 50 ton/mês e
mostra uma tendência muito positiva, e a produção local ainda é insuficiente para atender a essa
demanda. Assim, uma parte considerável do frango comercializado na Área de Estudo é importada.
O Millennium Challenge Corporation (MCC), uma agência independente de ajuda externa do governo
americano, que actua em Moçambique através do Millennium Challenge Account –(MCA) está a fazer
um trabalho concentrado em relação ao Projecto de Posse de Terra. O projecto tem apoiado as
3-59
Versão Provisória - ANEXO
Actividade em locais específicos que visam facilitar o acesso à terra, em colaboração com as
pessoas da comunidade: (i) prestação de informações concretas sobre o direito à terra, (ii) a
resolução de conflitos de terra de forma mais previsível e mais célere, e (iii) Emissão de
títulos/registo do DUAT
Advocacia de políticas contidas na revisão e Monitoria de Política da Terra, cooperando na
solução de problemas de implementação da lei existente e revisão regulamentar, visando o seu
aperfeiçoamento
Formação sobre o sistema de administração de terras, para que as instituições visadas sejam
capazes de implementar políticas e prestar serviços de qualidade relacionados com a terra.
3-60
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
2012). Os resultados do período posterior, de Maio a Junho, continuou a aumentar e 34.559 parcelas
foram registadas durante o trimestre (ver Figura 3.5.1). Esta é a primeira vez que uma enorme
quantidade de terras ocupadas individualmente ou em conjunto é registadanum sistema formal em
Moçambique. A experiência dessa cooperação (MCA: Projecto de Posse de Terra) na infra-estrutura
implantada e capacitação fornecida pode fornecer um bom modelo para a obtenção de DUAT para
todas as pequenas e médias explorações agrícolas na área de estudo. A introdução de tecnologia
melhorada na agriculturaeo registo de DUAT seria um passo importante para promover a
transformação da agricultura extensiva para agricultura intensiva.
Os sistemas de irrigação já existiam em todas as partes do país, assim como na Área de Estudo, e
atingiram seu auge na década de 1980. Posteriormente, grande parte dos sistemas sofreu com a
deterioração pelo tempo e mau funcionamento devido à falta de manutenção adequada, durante e
depois do período da guerra civil. Consequentemente, as áreas efectivamente irrigadas foram
significantemente reduzidas. Oinventário nacional dos sistemas de irrigação existentes foi realizado
em 2001 pelo Fundo para o Desenvolvimento da Hidráulica Agrícola (FDHA), e as províncias da Área
de Estudo, Nampula, Zambézia e Niassa, também foram abrangidas neste levantamento. O inventário
éactualizadopelasDPAs com grande esforço, apesar de não ser com a frequência desejada, pela falta de
recursos financeiros. O inventário tampouco cobre todos os sistemas e muitos dos pequenos sistemas
que se encontram dispersos. Assim, é necessário ressaltar que o inventário não reflecte com exactidão
as áreas de agricultura de irrigação. Além do mais, a falta de precisão da informação do inventário,
assim como a falta de um inventário sobre dados de localização, não permitem a gestão adequada dos
3-61
Versão Provisória - ANEXO
sistemas de irrigação. Mas apesar destes problemas, o inventario ainda possui um valor considerável,
visto queé a única fonte de informação disponível sobreos sistemas de irrigação existentes.
Tabela 3.6.1 mostra a área ocupada por sistemas de irrigação bem assim os sistemas em uso e a
respectiva distribuição51. De acordo com o inventário dos sistemas de irrigação que foi actualizado
pelas DPAs, a área que dispõem de sistemas de irrigação em Nampula é de 41,459 ha. Desta área
efectivamente em funcionamento está apenas 3.575 ha e é inferior a 10% da área que dispõe de
sistema de irrigação. Esta proporção é significantemente menor comparada ao total da província de
Zambézia, 26,7%. Esta diferença deve-se ao facto de os dados de Nampula incluírem alguns projectos
de grande escala para o cultivo de arroz na zona costeira de investidores privados, que ainda se
encontram numa etapa preliminar. Por outro lado, Niassa mostra uma taxa de uso na ordem de 81.3%.
Porém, a irrigação ainda não está desenvolvida no Niassa e a área equipada ainda é pequena.
Dentro da Área de Estudo, a área em uso é de3.100 ha, equivalente a43,4% da área equipada que é
de7.148 ha. A área de irrigação não utilizada actualmente, de aproximadamente4.000 ha, é considerada
uma área com potencial de recuperação para o cultivo irrigado, através da reabilitação das instalações
existentes. Na maioria dos sistemas, pequenos produtores familiares estão a cultivar dentro de áreas
beneficiadas com sistemas de irrigação, utilizando ou não estes sistemas.Com a reabilitação e
recuperação do funcionamento desses sistemas, espera-se introduzir novos usuários, pequenos e
médios, assim como expandir o uso da irrigação entre os actuais produtores, com o aumento da
capacidade de fornecimento de água para irrigação. Porém, devido a dispersão dos usuários, torna-se
difícil convidar usuários de irrigação de grande escala para a reabilitação dos sistemas de irrigação
existentes.
51
A área ocupada por sistemas de irrigação significa a área onde sistemas de irrigação foram desemvolvidos uma vez,
indepenedentemente de estarem ou não actualmente em use,enquanto a área em uso mostra a área actualmente usada para a irrigação
até ao presente.
3-62
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Tabela 3.6.1 Número, Área, Operação e Tamanho dos Sistemas de Irrigação no Corredor Nacala
Número Área de Irrigação (ha) Área equipada (No.) Área em operação (No.)
Província de Em Área 50-500 >500 10-100 >100
<50 ha <10 ha
Sistemas operação equipada ha ha ha ha
*1
128 3.575 41.459 69 50 5 108 11 1
1. Nampula
8,6% 100% 55,6% 40,3% 4,0% 90,0% 9,2% 0,8%
Dentro da Área 71 2.370 5.968 42 26 1 65 2 1
de Estudo 39,7% 100% 60,9% 37,7% 1,4% 95,6% 2,9% 1,5%
74 3.427 12.850 44 27 3 44 23 7
2. Zambézia
26,7% 100% 59,5% 36,5% 4,1% 59,5% 31,1% 9,5%
Dentro da Área 20 226 456 15 5 0 13 7 0
de Estudo 49,5% 100% 75,0% 25,0% 0,0% 65,0% 35,0% 0,0%
64 634 780 29 3 0 25 6 1
3. Niassa
81,3% 100% 90,6% 9,4% 0,0% 78,1% 18,8% 3,1%
Dentro da Área 27 504 724 24 3 0 21 5 1
de Estudo 69,6% 100% 88,9% 11,1% 0,0% 77,8% 18,5% 3,7%
Área de Estudo 118 3.100 7.148 81 34 1 99 14 2
Total 43,4% 100% 69,8% 29,3% 0,9% 86,1% 12,2% 1,7%
Notas:*1: Inclui a Fazenda de Banana Matanuska de 1.300/2.000 ha na província de Nampula
*2: Dados de área não estão disponíveis para 3 sistemas na província de Nampula.
*3: O sistema de irrigação desenvolvido pela cooperativa agrícola em Majune não está incluso
Fonte: DPA Nampula, DPA Zambézia, DPA Niassa
Dos 59 sistemas de irrigação que deviam ser construídos ou reabilitados na província de Nampula,
apenas 13 foram concluídos em 2012. Obras de construção ou reabilitação são realizadas com
orçamento do governo provincial, como parte do melhoramento da produtividade dentro do Plano de
Acção para a Produção Alimentar (PAPA). Alguns sistemas são implantados com o Fundo de
Desenvolvimento Distrital (FDD).Os projectos de irrigação executados por estas vias consistem na
construção ou reabilitação de açudes e canais, aquisição de bombas e outros equipamentos afins,
instalação de tanques plásticos ou de betão e atribuição de regadores.
No que tange aosprojectos implantados pelas DPAs, na sequência da solicitação dos produtores, todos
os custos de estudo/desenho até a construção, são cobertos com orçamento do governo, e os
produtores solicitantes fornecem mão-de-obra não remunerada durante a construção e devem
responsabilizar-se pela operação e manutenção apósa construção. No caso do FDD, os distritos
aprovam a solicitação dos produtores/associações e decidem sobre o projecto. O FDD é operado como
um fundo rotativo e os produtores/associações devem devolver o valor. Geralmente, o custo de cada
projecto de irrigação executado pelo FDD oscila entre MT 300.000 a 400.000.
Paralelamente ao apoio do governo para sistemas de irrigação, muitas ONGs e Fundos apoiam os
produtores na instalação de sistemas de irrigação como parte dos programas de desenvolvimento
agrícola ou rural.
A DPA de Nampula formulou um Plano Estratégico de Desenvolvimento da Irrigação em Nampula
(PEDHAN), que inclui um plano de desenvolvimento de 5 anos, apesar de ainda não ter sido aprovado
oficialmente. As províncias da Zambézia e Niassa ainda não formularam seus planos.
3-63
Versão Provisória - ANEXO
Dentro da Área de Estudo é possível identificar áreas cultivadas com recurso a grandes sistemas de
irrigação de empresas que produzem culturas de rendimento, entretanto em número reduzido. Grande
parte da irrigação é realizada em pequenas terras de cultivo através de pequenos sistemas de irrigação.
Os pequenos sistemas de irrigação usam água manualmente extraída dos rios ou lagoas ou extraída
através de bombas; algumas vezes são construídos pequenos açudes em pequenos riachos e córregos,
como também são escavados pequenos reservatórios na própria terra de cultivo. Depois do
desaparecimento das machambas estatais, as áreas de irrigação foram distribuídas para pequenos
produtores. Os pequenos sistemas de irrigação estãoa crescer nas áreas ao longo dos rios ou perto de
lagos e pântanos, onde predomina o cultivo de hortícolas com valor monetário que permitem a
irrigação manual com regadores ou pequenas bombas portáteis bemcomo grãos como o milho. Visto
que a maioria dos sistemas de irrigação dentro da área de intervençãosãopequenos e se encontram
dispersos, é difícil ter uma ideia clara da situação.
Conforme foi mencionado anteriormente, as machambas com grandes sistemas de irrigação são muito
escassas naÁrea de Estudo, como se mostra na Tabela 3.6.2 Existe uma empresa agrícola com um
grande sistema de irrigação na província de Nampula e três na província de Niassa. Os grandes
sistemas de irrigaçãosãoadoptados por empresas que empregam tecnologia moderna e produzem
culturas de rendimento para a exportação. A Empresa Matanuska, localizada no distrito de Monapo,
província de Nampula, opera 1.300 ha de área irrigada, tendo como fonte de água o rio Monapo e seu
afluente, para a produção de banana para exportação. Esta empresa tem um plano para expandir a
irrigação para 3.000 ha num futuro próximo. A empresa usa o sistema de micro aspersão para irrigação.
A empresa Luambala Jatropha está localizada no Distrito de Majune na província do Niassa. Esta
empresa produz soja em 145 ha de área irrigada com um sistema de aspersão com pivô central, e
também produz mandioca em 200 ha. A Empresa Tenga no distrito de Majune opera terras irrigadas
para a produção de nozes da Macadâmia para exportação. O sistema de Irrigação de Matama que era
operado pela Fundação Malonda foi transferido para uma empresa privada e actualmente cultiva 100
ha de soja. Estas empresas foram estabelecidas com capital externo para a produção de materiais para
a exportação e não se observam grandes empresas privadas com capital moçambicano que utilizem
grandes sistemas de irrigação ou que adoptem tecnologia moderna de irrigação.
3-64
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Na área de intervenção, 29% são médios sistemas de irrigação e 70% são pequenos sistemas de
irrigação. Entretanto, 86% do sistema têm menos de 10 ha de área de irrigação em uso. Além do mais,
a maioria dos usuários são pequenos produtores cuja área de irrigação é inferior a 1 ha. Na província
de Nampula, a maioria dos usuários dos sistemas de irrigação cultiva hortícolas como cebola, tomate,
repolho, cenouras, espinafre, couve, alho, pimenta, etc., em parte das terras de cultivo, onde grande
parte do terreno é usado para culturas alimentares como mandioca e milho, e as culturas de rendimento
como o tabaco e algodão são cultivadas através da agricultura de subsistência. As hortícolas
produzidas são levadas aos mercados locais pelos produtores e alguns levam sua produção ao mercado
da cidade, em Nampula. De acordo com a maioria dos produtores que exploram pequenos sistemas de
irrigação, o transporte dos produtos é um dos desafios para a agricultura de irrigação.
Igualmente, pode-se observar que os produtores cultivam arroz durante a época das chuvas nas terras
baixas e pantanosas e cultivam hortícolas no mesmo terreno, logo após a colheita do arroz. Nessas
áreas, recorre-se a irrigação manual com regadores para hortícolas como uma alternativa
complementar. Este modelo de cultivo utiliza de maneira total a água do solo. A associação de culturas
e a agricultura de subsistência, dependentes da chuva para a sua irrigação, são comuns nas províncias
da Zambézia e Niassa. Dentro da Área de Estudo destas províncias, verifica-se igualmente irrigação
complementar para o milho e o feijão. Na província do Niassa, a irrigação complementar é aplicada
também para a batata.
Em relação à gestão das terras agrícolas em pequenas irrigações, pode-se observar três tipos modelos
de gestão:
Desenvolvimento de cooperativas, uso, operação e manutenção (O&M) de instalações de
irrigação no seio dos agricultores e gestão de empresas agrícolas individuais.
Colaboração nas práticas específicas de cultivo no seio dos agricultores e empresas agrícolas
individuais
Cultivo cooperativo na área de irrigação
3-65
Versão Provisória - ANEXO
Observa-se a colaboração nas praticas agrícolas de irrigação e transplante de cultivos de hortícolas que
requer mão-de-obra concentrada. O cultivo cooperativo está limitado ao cultivo na área de irrigação de
cada produtor, cada produtor produz, de forma individual, culturas cuja irrigação é dependente da
chuva fora da área de irrigação - sequeiro. Os trabalhos cooperativos ou colaborativos são realizados
por grupos ou associações de produtores. O sistema de irrigação também é operado e mantido pelo
grupo ou associação de produtores que utiliza o sistema. Algumas vezes nota-se a participação da
comunidade no desenvolvimento e operação de pequenos sistemas de irrigação.
Em geral, não se cobra uma taxa pela utilização do sistema de irrigação aos usuários dos pequenos
sistemas, mas as associações cobram uma quota aos sócios. Para as actividades necessárias para a
operação e manutenção, os usuários participam com mão-de-obra, mas pagam pelo custo do
combustível quando utilizam as bombas. Quando surge a necessidade de capital para a reparação das
instalações ou dos equipamentos, os usuários fazem uma contribuição ad hoc, entretanto, muitas vezes
a contribuição não é suficiente devido à condição económica dos pequenos produtores. Isto limita os
trabalhos de manutenção pelo grupo ou associação e causa o mau funcionamento ou abandono dos
sistemas de irrigação.
As fontes de água dos pequenos sistemas de irrigação são i) rios, onde a água é transportada através de
regadores manuais ou bombas portáteis, ii) pequenos açudes construídos em riachos e córregos, e iii)
reservatório escavado em uma parte das terras de cultivo. A área de irrigação desenvolvida nas antigas
machambas estatais foi dividida entre os pequenos produtores depois do declínio deste sistema.
Entretanto devido à falta de conhecimentos, experiência e fontes de financiamento dos pequenos
produtores, não se realiza manutenção devida destes sistemas de irrigação e os danos nos açudes e
canais causam o mau funcionamento e abandono dos sistemas.
Na maioria dos casos os pequenos açudes em riachos são geralmente construídos em betão, e os
reservatórios aproveitando os pântanos e riachos são construídos em barro. A água armazenada no
açude ou reservatório é conduzida aos canteiros através de canais de gravidade, manualmente ou com
bombas. Uma vez que a maioria dos pequenos sistemas tem uma capacidade limitada de
armazenamento de água, o período disponível para irrigação depende do caudal variável dos rios. Os
sistemas que dependem de fontes de água como rios com caudal variável na província de Nampula
constitui a maioria dos pequenos sistemas de irrigação, proporciona irrigação somente de 2 a 3 meses
após o inicio do período de seca, até Junho ou Julho. Mesmo nos rios que têm um caudal
relativamente elevado, o nível da água reduz-se significativamente em Outubro e Novembro, assim, os
produtores enfrentam dificuldades para conseguir água. Portanto, o cultivo com pequenos sistemas de
irrigação limita-se a produção de hortícolas, cujo período de cultivo é curto, ou complementa a
irrigação de pousio.
Em geral, a estrutura das infra-estruturas de pequenos sistemas irrigação é simples e, em muitos casos,
verifica-se que as fundações não foram devidamente feitas ou o corpo dos açudes não é estável. Na
província de Nampula, alguns açudes construídos pela DPASA/MASAestão avariados ou desabaram
devido ao vazamento de água. Pode-se considerar que existem problemas no levantamento e desenho
3-66
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A ARA é responsável pelo desenvolvimento e gestão dos recursos hídricos. Na área de intervenção, os
distritos da província de Niassa, com excepção de Cuamba, estão sob a jurisdição da ARA-N,
enquanto os outros distritos estão sob a jurisdição da ARA-CN. A ARA controla o uso dos recursos
hídricos como rios, lagos, pântanos e açudes, através do registo de utentes e a emissão de licenças de
águas. A ARA deve administrar suas actividades com autonomia financeira, através de cobranças de
tarifas de água aos usuários sob sua jurisdição. Actualmente, a tarifa de água é cobrada somente a
grandes consumidores como a FIPAG, autoridade de fornecimento de água para a cidade, usuários
industriais e usuários de irrigação com mais de 500 ha. Pequenos usuários de sistemas de irrigação ou
pequenos consumidores não são registados e não são sujeitos a cobrançaspelo uso de água.
A Tabela 3.6.3 mostra um resumo das licenças de água emitidas até ao presente momento dentro da
área de intervenção. Na jurisdição da ARA-CN,foram concluídas e emitidas 6 licenças,
correspondentes a um total de 60,8 milhões de m3/ano. Três são para fornecimento público de água em
Nampula, Cuamba e Gurué; 1 licença para irrigação e 1 licença para uso florestal. A licença para
finsde irrigação ocupa 84,6% do volume total de água, cujo principal usuário é a Quinta de Banana
Matanuska, com 3.000 ha (Rio Monapo). Além desta, os usuários de água do sector florestal utilizam a
irrigação para as mudas de árvores no distrito do Gurué (Rio Licungo).O rio Monapo, incluindo a
barragem de Nampulacobremetade das licenças emitidas e o volume total de água representa 94,5% do
total das licenças. O rio é considerado um dos recursos hídricos mais desenvolvidos dentro da área de
intervenção.
Na jurisdição da ARA-N, estão concluídas e emitidas 7 licenças, para um volume total de 3,9 milhões
de m3/ano, das quais 1 é para o fornecimento público de água em Lichinga, 3 para irrigação (2 em
Majune e 1 no distrito de Lichinga) e 3 para propósitos florestais (2 em Lichinga e 1 no distrito de
Sanga). O volume de água usado para fins de irrigação ocupa 55.6% e para fins florestais ocupa20.7%.
As licenças para fins de irrigação foram emitidas para a Quinta Luamba Jatrofa que produz jatrofa e
soja no distrito de Majune, a Quinta Tenga que produz nozes da macadâmia no distrito de Majune, e a
Quinta Insumos Agrícola e Pecuária(IAP) que produz soja no distrito de Lichinga. As licenças estão
concentradas nos distritos de Lichinga e Majune o que mostra que os recursos hídricos nesses distritos
estão bastante desenvolvidos. Todas as licenças emitidas pela ARA-N na área de intervenção neste
momento são licenças provisórias que devem ser renovadas anualmente. Estas licenças se encontram
no período de transição, a espera da inspecção sobre o uso efectivo e deverão ser trocadas por licenças
regulares num futuro próximo.
3-67
Versão Provisória - ANEXO
De acordo com o conceito da Lei de Águas, o uso comum, inclusive a agricultura de pequena escala
está isenta de cobranças e de licença. Ademais, somente grandes sistemas deirrigação com mais de 500
ha são considerados, actualmente, na gestão de recursos hídricos dentro do sistema de licenças de
águas. É necessário considerar os pequenos e médios usuários de sistemas de irrigação para implantar
uma gestão adequada e eficaz dos recursos hídricos. É necessário registar todos os usuários, mesmo
que estes não sejam cobrados, tomando-se em consideração a situação económica dos pequenos e
médios usuários de sistemas de irrigação, como também o facto de que a agricultura de irrigação ainda
se encontra num estágio inicial de desenvolvimento.
O IIAM tem 2 centros de zonais que abrangem a Área de Estudo (isto é, Centro Zonal Nordeste (IIAM
CZnd) em Nampula e Centro Zonal Noroeste (IIAM CZnw) em Lichinga). O IIAM CZnd abrange
todos os distritos da província de Nampula, excepto o distrito de Malema, enquanto o IIAM CZnw
abrange o distrito de Malema e todos os distritos das províncias da Zambézia e do Niassa. Ambos
centros têm unidades experimentais conforme se ilustra na Tabela 3.7.1.
3-68
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
O IIAM CZnd e o IIAM CZnw têm culturas estratégicas para suas actividades de P&D em 2011-15,
conforme mostra a Tabela 3.7.2.O IIAM CZnd definiu as culturas de grande influência e de média a
grande influência nas suas respectivas áreas.
Tabela 3.7.2 Culturas e Produtos Alimentares Básicos Estratégicas do IIAM CZnd e CZnw
Centro Culturas/produtos alimentares básicos Culturas/ produtos alimentares básicas
Zonal degrandeinfluência de média a grande influência
CZnd Mandioca, Milho, Feijões (Feijão nhemba, Mapira, Arroz Irrigado, Gergelim, Feijão
feijão holoco), Amendoim, Algodão, Boer, Ovos, Carne (gado, porcos,
Castanha de caju, Avicultura cordeiros), Madeira
CZnw Cereais (Milho e Mapira), Legumes, Mandioca, Batata-doce, Hortícolas, Amendoim,
Trigo, Gergelim, Batata, Soja, Tabaco, Algodão, Chá, Frango
Fonte: Plano Estratégico do Centro Zonal Nordeste para o período 2011-2015, 2011, IIAM CZnd
Os IIAM CZnd e CZnw definiram as metas estratégicas práticas com base nas seguintes 5 metas
estratégicas do IIAM, assim como suas culturas estratégicas.
3-69
Versão Provisória - ANEXO
(4) Parceiros
Além dos parceiros de investigação agrária mencionados nasecção2.5.1, o IIAM lançou actividades
conjuntas de investigação com a Agência Japonesas de Cooperação Internacional (JICA) e a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária(EMBRAPA)através do Projecto para Melhoria da Pesquisa e da
Capacidade de Transferência de Tecnologia para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala,
Moçambique. Este projecto baseia-seno Programa de Cooperação Triangular para o Desenvolvimento
Agrário da Savana Tropical em Moçambique (ProSAVANA), e tem como objectivo desenvolver
tecnologias agrícolas adequadas na área do Corredor de Nacala e estimular a capacidade de pesquisa
dos IIAM CZnd e CZnw.
3-70
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Após 2000/01, apenas um Supervisor de Extensão foi alocado a cada distrito (SDAE).
Simultaneamente, o númerode extensionistas em
Tabela 3.7.3 Número de Extensionistas na
cada distrito foi reduzido. Apenas 8 extensionistas Área de Estudo por Distrito
trabalham num distrito de acordo com a actual Número de
Província Distrito extensionistas na
norma do governo. O número real de área de estudo
extensionistas é, no entanto, abaixo da norma do Monapo 8
Muecate 7
governo, sendo de 5 a 6 extensionistas por Distrito Mecubúri 2
Meconta 5
em média. Consequentemente, o número total de Mogovolas 6
Nampula
extensionistas foi dramaticamente reduzido desde Nampula 8
Murripula 5
2000/01. Tabela 3.7.3 mostra o número de Ribáuè 5
extensionistas na área de estudo. Lalaua 2
Malema 5
Os extensionistas prestam apoio técnico Alto Molócuè 5
Zambézia
Gurué 6
principalmente para pequenos produtores na sua Cuamba 3
área de jurisdição. Os extensionistas devem Mecanihelas 3
Mandimba 4
oferecer um serviço técnico com forte vínculo com Nguama 2
Niassa
outras instituições, tais como instituições de Majine 4
Lichinga (Cidade 10
pesquisa, de serviços agrícolas e de & Distrito)
Sanga 8
comercialização, de acordo com o SUEdo Total 98
MASA.As actividades dos extensionistas abarcam Fonte: Entrevista com os respectivos SDAEs, Equipa de
Estudo
os seguintes serviços:
Além dos trabalhos regulares supracitados, os extensionistas trabalham para vários programas do
governo ou financiados por doadores para distribuição de insumos agrícolas aos produtores.
O serviço de extensão agrícola tem sido amplamente realizado pelo sector privado, nomeadamente
ONGs e provedores de serviço no país. O serviço de extensão tem historicamente sido realizado ou,
por outra, está associado a actividades comerciais específicas, tais como produção de algodão e tabaco.
Muitos produtores obtiveram informação e conhecimento técnico sobre o uso de fertilizantes químicos
e pesticidas através de sua experiênciaenquanto produtores sob contrato para a indústria do algodão ou
do tabaco.
Diante destas circunstâncias, o SUE procura parcerias funcionais entre os serviços de extensão
públicos e privados, incluindo o desenvolvimento de contrato público com provedores de serviço
não-governamentais. As seguintes ONGs e empresas de algodão são reconhecidas pela DPANampula
como provedores de serviço de extensão agrícola. ADPASANampula organiza um encontro anual de
coordenação com as principais ONGs.
3-71
Versão Provisória - ANEXO
1) ONGs:
Save the Children, CLUSA, Care/Proj Sementes, Adap/SF, Essor, OIKOS, Visão Mundial,
Actined, OLIPA Odes, Ophavela, Kulima, Africare
2) Empresas de algodão:
SANAM, OLAM, CANAM, SAM, PLEXUS
Conforme se pode notar acima, a expressão “planificaçãoparticipativa” sugere que as actividades dos
SDAEs devem ser tomadas emconsideração na coordenação com os diferentes sectores, não se
limitando apenas nos subsectores do agro-negócio, ou no sector público. Este princípio deverá se
reflectir nas responsabilidades dos supervisores.
Por outro lado, o Manual de Orientaçãode Extensão, que a DNEA atribui a todos os extensionistas a
nível distrital e provincial, explica as atribuições destes profissionais, a saber:
A comparação entre esses dois papéis designados sugere que existe uma diferença nas actividades
visadas ou nos objectivos da organização, mesmo na fase de concepção. Antes de analisar ao detalhe a
razão desta,deve-se analisar as responsabilidades designadas
53
MINAG Direcção Nacional de Extensão Agrária (2007) Plano Director de Extensão Agrária 2007-2016, Page 35
54
MINAG Direcção Nacional de Extensão Agrária (200 ?) Extensionists
55
MINAG Direcção Nacional de Extensão Agrária(2007) Plano Director de Extensão Agrária2007-2016, Page 35
3-72
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Passar pelo menos 15 dias num mês no campo a realizar visitas e organizarsessões regulares de
treinamento e participar de encontros regulares a nível distrital e provincial.
Responsável por organizar encontros do comité distrital de gestão da extensão agrária que
congrega representantes dos serviços agrários, ONGs, o Sector privado e produtores para
discutir problemas, prioridades e coordenar as actividades de apoio ao desenvolvimento
agrário no distrito.
As actividades do supervisor são abrangestes e, por conseguinte, requerem um grau elevado de gestão
e coordenação. Quer parecer que durante a concepção do Plano Director de Extensão Agrária em 2007,
não se dedicou atenção particular no Sector Agrário. Não se sabe se estas atribuições do Supervisor
são devidamente implementadas ou não ou se precisam ser analisadas ou ainda não se sabe se os
supervisores são dados assistência necessária ou não. Existe um outro aspecto que carece de atenção.
Várias fontes (por exemplo, os participantes do Seminário do SPER em Maputo, no dia 30 de Março
de 2012) apontam que os supervisores não são dados condições preferenciais, visto que esta categoria
não é considerada profissão, o que sugere que não há remuneração específica para os supervisores. Por
outro lado as atribuições dos extensionistas descritas no Plano Director são:
Conforme se pode ver, as responsabilidades dos técnicos de extensão estão ligadas a prestação de
serviços para garantir o envolvimento da “organização” e da “abordagem participativa”. Pode-se
observar uma outradisparidade na explicação dada no manual do extensionistas:
A análise comparativa das primeiras duas discrições sugere que existe de alguma forma uma
disparidade. Sugere ainda que a definição das responsabilidades dos extensionistas no manual do
extensionistas não está alinhada com o Plano Director. Pode-se dizer que o Plano Director não respeita
o que as directrizes práticas e a promoção a nível do campo.
Esta disparidade parece insignificante quando se olha para as actividades no campo, conforme
resumidoabaixo.
56
MINAG Direcção Nacional de Extensão Agrária (2007) Plano Director de Extensão Agrária 2007-2016, Page 35
57
MINAG Direcção Nacional de Extensão Agrária(200?) Extensionistas
3-73
Versão Provisória - ANEXO
Directrizes para o sucesso do trabalho de extensão: o que é que um extensionistas deve fazer?
1) Conhecer e dominar a sua profissão
2) Estudar as condições e práticas locais
3) Cumprir com os horários dos encontros (assiduidade)
4) Apresentar-se e explicar os objectivos da visita
5) Memorizar as faces e os nomes: tentar conhecer todos membros da comunidade
6) Cumprimentar a todos
7) Mostrar afecto e se interessar pelo bem-estar da comunidade
8) Identificar-se
9) Ser informal e delicado
10) Aprender a escutar (ser rápido para ouvir e lento a dar opinião)
11) Usar a língua local e linguagem simples
12) Começar com necessidades simples e comuns que podem ser facilmente resolvidas
13) Aceitar os seus erros, aceitara a sua ignorância.
14) Insistir que os líderes locais participem do processo
15) Usar os lideres locais e cooperar
16) Tentar fazer entender os benefícios da extensão a todos os grupos e indivíduos singulares.
17) Acomodar novas ideias e através destas actualizar o programa (diálogo)
18) Ter um sistema de valores muito forte
19) Manter um registo de todas visitas enquanto a memória estiver fresco.
20) Ser proactivo.
Não obstante se registar uma melhoria nestas províncias em termos de reforço da capacidade dos
técnicos provinciais, a proporção ainda éa metade da proporção de técnicos com o nível de
licenciatura da DNEA. Esta situação de baixo nível de escolaridade nas zonas rurais é sustentada
quando se olha para o sector da educação a nível distrital.
58ditto
3-74
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A nível do distrito o nível mínimo de educação exigido aos extensionistas é o nível médio, e
para os supervisoro bacharelato.
Para ganhar robustez financeira em relação aos factores climáticos, económicos e naturais
desfavoráveis, uma parte dos produtores em Moçambique está organizada em associações e federações
de produtores, o que igualmente lhes permite dar importância política às suas necessidadese
reivindicações contra o governo e a sociedade.
<Tipo II>: Organizações para a produção de culturas agrícolas com contrato simples, que são
baseados inicialmente no capital de uma sociedade de investimento financeiro ou
comercial, com serviços para os pequenos produtores de alimentação conduzida
(facilitando a canalização de insumos e marketing).
Existem três modalidades de organizações de produtores. Enquanto o primeiro consiste numa única
associação, o segundo é um conjunto deassociações de dois ou mais produtores designado fórum
(Foro) (referido como União), e existe fórum rural (Foro rural) e fórum de distrito (Foro distrital).
ADPASA está engajado na promoção da transformação de associações de produtores para o fórum.
Existe a federação, que é uma combinação de vários fóruns a nível provincial, em algumas províncias
referido como uma união provincial.
<Associação>
59
MINAG Direcção Nacional de Extensão Agrária (2007) Extension Master Plan 2007-2016, Pag.45, <7.5.2
Competências dos extensionistas>
3-75
Versão Provisória - ANEXO
<Fórum>
Fóruméum grupo de associações jurídicas da mesma área geográfica que enfrentam restrições
semelhantes e que se reúnem para facilitar a resolução de problemas. União Regional: é equivalente ao
fórum. Este conceito é usado na província do Niassa. União Distrital é um grupo de fóruns baseadosno
mesmo distrito. Seus objectivos são os seguintes:
Defender os interesses dos membros;
Auxiliar os membros na elaboração de projectos para o desenvolvimento das associações;
Encontrar mercados para ajudar na comercialização de produtos dos membros;
Ajudar a resolver os problemas existentes dentro da associação;
Sensibilizar e moralizar a associação de modo que ela não se dissolva.
<Federação>
Federação é um grupo de sindicatos distritais, que está aberto para o fórum e associação participar
directamente. Constituem os seus objectivos os seguintes:
Mobilizar ajuda e organizar as cooperativas agrícolas e associações filiadas;
Promover o desenvolvimento de actividades de cooperativas ou associações filiadas a elas;
Prestar assistência técnica em máquinas e equipamentos agrícolas e de pecuária aos seus
membros;
Fornecer mecanismos adequados para a comercialização da produção, com vista a obter um
lucro;
Proporcionar facilidades juntas com créditos de bancos ou outras organizações;
Promover programas, cursos de formação e caridades para membros das associações e
cooperativas afiliadas suas respectivas famílias para promover o espírito de solidariedade
As relações entre a Associação e o Fórum são as seguintes: 1) O fórum é a casa das associações; 2) O
fórum descreve as políticas e estratégias de implementação dentro de seus estados que são membros, e
3) As associações são responsáveis em relação ao fórum a que pertencem. Considera-se um fórum a
um conjunto de duas ou mais associação. Em média, devem ser 15 associações. A quota definida para
as associações por cada fórum geralmente seria entre 100,00 MT e 200,00 MT anualmente.
3-76
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
(1) Sementes
fertilizantes e pesticidas.
As sementes básicas só são produzidas pela USEBA Tabela 3.7.6 Produção de Sementes
Certificadas em Moçambique
(Unidade de Produção de Sementes Básicas) do IIAM, Ano (unidade: ton)
Cultivo
embora a USEBA algumas vezes contrate a produção 2007/08 2008/09 2009/10
Milho 3.388,6 793,1 1.739,7
de sementes de um produtor de sementes privado. As
Arroz 1.070,2 3.379,4 4.143,0
sementes básicas são multiplicadas em sementes Mexoeira 479,6 100,4 36,0
certificadas por empresas de produção de sementes. Há Mapira 30,0 6,0 4,0
Trigo 150,0 - -
apenas 18 empresas produtoras de sementes, embora
Feijões 221,8 5,5 7,1
haja 35 empresas de sementes registadas segundo os Feijão Nhemba 458,6 520,9 60,9
“Indicadores Comerciais de Moçambique”, Banco Feijão Boer 2,0 - -
Soja 112,4 17,5 18,0
Mundial, Abril 2012. Elas produziram
Girassol 53,6 - -
aproximadamente 6.000 a 7.000 ton de sementes Amendoim 346,9 342,5 13,3
certificadas por ano no período 2007/08-09/10 Gergelim 34,5 191,4 -
Batata Reno 774,0 400,0 115,0
conforme mostra a Tabela 3.7.6.As sementes
Total 7.122,2 5.756,7 6.137,0
produzidas eram principalmente de cereais e de feijões. Fonte: Departamento de Sementes/DNSA, MINAG
3-77
Versão Provisória - ANEXO
Já foi criado um quadro jurídico e legal para o controlo de qualidade e registo de sementes em
Moçambique. No entanto, a estrutura não está a funcionar direito ao nível do campo devido à falta de
fiscais de campo, laboratórios para teste de sementes, e etc.
Existem várias empresas pequenas de sementes que iniciaram seus negócios recentemente ao nível dos
distritos. Embora elas já se tenham registado no MASA através daDPASA, não há informação
disponível se estão incluídas nas 35 empresas mencionadas. A maioria delas obteve assistência
financeira de uma ONG ou de uma agência doadora. Elas enfrentam os seguintes problemas realização
das suas actividades.
Atabela também mostra que apenas três empresas, SEMOC, MozFoods e PANNAR dominam o
mercado local de sementes. Elas são também importantes empresas plantadoras de sementes no país.
3-78
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
O governo foi a principal fonte de suprimento de sementes aos produtores através do PAPA, como
mostra Tabela 3.7.8. As sementes do PAPA foramadquiridasde empresas locais através de concursos
públicos, sendo os SDAEs responsáveis pela distribuição. As sementes do PAPA foram distribuídas
aos produtores por aproximadamente 50% dos Tabela 3.7.8 Distribuição das Sementes
do PAPA
custos reais. A SEMOC foi o maior fornecedor das
Ano
sementes do PAPA, uma vez que vende Cultivo Unidade
2008/09 2009/10
aproximadamente 90% de suas sementes para os Milho ton 1.679,0 2.127,0
Arroz ton 697,8 2.000,0
programas do MASA. A SEMOC é uma empresa do
Trigo ton 1.152,0 1.350,0
estado desdearetirada de um sócio-acionista, que Feijões ton - 107,0
detinha a maioria das acções. Soja ton 300,0 100,0
Girassol ton 75,0 -
O IFDC (Centro Internacional de Desenvolvimento Batata Reno ton 1.265,0 1.995,0
de Fertilizantes) também implementou um programa Hortaliças kg - 2.204,0
Total 5.168,8 7.681,2
de distribuição subsidiada de insumos em Fonte: Departamento de Sementes/DNSA, MASA
cooperação com a UE e a FAO em 10/2009 e
11/2010. Foram distribuídos insumos embalados (sementes e fertilizantes) para milho e arroz através
de um sistema de crédito nas províncias de Sofala, Zambézia, Manica, Nampula e Tete. A Figura 3.7.2
mostra o fluxo de distribuição de sementes para osprodutoresem Moçambique.
Plantadores por
Produtores em Geral
3-79
Versão Provisória - ANEXO
(2) Fertilizantes
30-50 mil ton de fertilizantes químicos Tabela 3.7.10 Consumo Estimado de Fertilizantes
foram utilizados por ano no período Químicosem Moçambique
Cana de Outros
2006-2010, conforme mostra a Tabela Ano Tabaco
Açúcar cultivos
Total
3.7.10 estes foram principalmente aplicados 2006 13.000 10.000 5.500 28.500
2007 13.000 10.000 5.000 28.000
no tabaco e na cana-de-açúcar. Poucos
2008 15.000 12.000 5.000 32.000
fertilizantes foram utilizados no algodão, 2009 16.000 12.000 5.000 33.000
embora seja também uma cultura comercial 2010 31.400 15.000 5.000 51.400
Fonte: DNSA/MASA
importante no país. Os fertilizantes
populares no seio dos produtoresdo país são NPK (12-12-12 & 12-24-12), Ureia, DAP e CAN.
Várias fontes sugerem que a procura reduzida de fertilizantes pelos produtores deve-se ao acesso
limitado ao crédito para insumos e ao preço elevado dos fertilizantes em Moçambique. Não existe um
programa do governo para distribuir fertilizantes subsidiados, embora o governo forneça sementes e
maquinaria agrícola através do PAPA. Os fertilizantes subsidiados são distribuídos juntamente com
outros insumos por ONGs e por agências doadoras.
3-80
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
insumos agrícolas espalhados pelo país. Esse mostra que sua elevada margem de lucros resulta no alto
preço na venda a retalho dos fertilizantes em Moçambique.
De acordo com vários comerciantes de insumos agrícolas, as razões para a margem elevada de lucros
prendem-se com “pouca quantidademanuseadadevido à reduzida procura” e “custo financeiro elevado
para manter o estoque”.
Empresas Privadas
(Algodão, Tabaco, etc.)
Empresas Privadas Estatais
(Tabaco, Cana de Açúcar, etc.) Exportação
(Malawi)
Próprios Agricultores
&Plantadores p/
Contrato
Distribuidores
Locais/LojasDistribuidores
Agricultores em Geral
Produtores em Geral
Após vários programas de subsídios agrícolas, o governo do Malawi apresentou o novo Programa de
Subsídio de Insumos Agrícolas (FISP) em 2005 com o apoio financeiro dos governos sueco e irlandês.
O novo programa tinha como objectivo melhorar a segurança alimentar nacional e aumentar a
produtividade dos pequenos produtores após más colheitas decorrentes de vários anos de seca.
Durante a época agrícola 2010/2011, 1,6 milhões de produtores receberam apoio monetário para a
adquirirem fertilizantes e semente de milho subsidiado60. Este apoio foi canalizado oficialmente
através dos líderes locais. O método de distribuição deste apoio é determinado pela comunidade. Os
produtores apresentavam os cupões de apoio à Cooperação para o desenvolvimento Agrário e
Comercialização (ADMARC) para trocá-los por fertilizantes embalados conforme a sua escolha.
Eventualmente o governo reduziu os subsídios devido a fraca gestão e gestão indevida.
Consequentemente, o número de beneficiários também reduziuOs produtores que não podiam receber
os subsídios, não restava outra opção se não adquirir fertilizantes a partir de fornecedores privados.
Nos casos em que os produtores não tivessem dinheiro suficiente para adquiri fertilizantes e outros
60
Análise e Notícia Humanitária (IRIN), Malawi: Farm subsidy programme shrinks, Oct. 2011
3-81
Versão Provisória - ANEXO
insumos, verificavam a redução da produção agrícola e enfrentaram escassez de alimentos, por cinco
meses até a próxima colheita. Além disso, os produtores sofriam danos significativos nos seus campos
de produção, decorrentes do atraso de aquisição de fertilizantes e do sistema de entregadeficiente do
governo61.
61
Harashima Azusa, Fact of subsidy policy on chemical fertilizer in Malawi
3-82
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A informação sobre o número de tractores em uso em Moçambique varia de acordo com a fonte.
Enquanto o Censo Agrícola de 2009-2010 (INE) diz que existem 59.467 tractores, os dados da FAO
indicam que havia apenas 6.540 tractores em 2006.Considerando o número de tractores importados
que foi de 524 unidades por ano no período de 2008-10 segundo dados de clientes, e a vida económica
dos tractores (aproximadamente 10 anos), presume-se que os dados da FAO são mais confiáveis. De
qualquer modo, o número é muito pequeno para atender os 5.633.850 ha de área total cultivada no
país.
Os tractores são importados por indivíduos ou por empresas privadas que são os principais
representantes de vendas/comerciantes dos principais fabricantes internacionais de tractores (por
exemplo, John Deere, Massey Ferguson e New Holland).Considerando que a procura do sector
privado é ainda muito baixa e alguns importam seus próprios tractores, uma parte substancial dos
tractores importados pelos principais distribuidores no período 2008-11 foi para o sector público (ver
Tabela 3.7.13).
Tabela 3.7.14 Tractores Importados pelos Tabela 3.7.15 Tractores Distribuídos pelo
Principais Distribuidores (2008-11) Governo (2008-2010)
% distribuidora Ano Número Original/Programa
Ano Número
Privado Público 2008 50 FDA
2008 38 0 100 2009 50 PAPA
2009 77 26 74 2009/10 110 Commodity Aid
2010 284 21 79 2009/10 220 GPZ
2011 70 86 14 Total 430 -
Total 469 - - Fonte: Direcção Nacional de Acção Social
Fonte: Indicadores de agro-negócio de Moçambique, (NDSA)/MINAG
Banco Mundial, Abril 2012
Os dois sistemas financeiros seguintes estão a trabalhar para apoiar os pequenos produtores e
operadores de agro-negócio incluindo organizações de produtores na área de intervenção
3-83
Versão Provisória - ANEXO
Os bancos comerciais não têm condições específicas para empréstimos para agricultura/agro-negócio,
exceptoos mecanismos especiais aplicados através do programa de desenvolvimento 62 .Além dos
bancos comerciais, o Gabinete de Consultoria e Apoio à Pequena Indústria (GAPI63)também presta
serviços financeiros para empresas rurais de agro-negócio e para organizações de produtores, através
da provisão de empréstimos com taxas de juros um pouco inferiores que das outras instituições
financeiras, realizando formação para empreendedores na gestão do negócio e prestando serviços de
consultoria para planificação de negócios, através das agências localizadas em cada província64.O
GAPI também tem um plano para prestação de serviços financeiros nas zonas rurais, através do
estabelecimento de micro bancos. A Tabela 3.7.17 mostra as condições específicas para as operações
do GAPI.
Itens Condições
Linha de crédito - US$ 10.000 a US$ 400.000 (para pequenas/médias empresas)
Taxa de juros - 6 a 8% mais baixa do que a dos bancos comerciais
- Uma taxa de juros específica é decidida com base na natureza do
negócio e na qualidade da garantia
Aprovação das - Montante do empréstimo é inferior a US$ 25.000: Pelo gerente da
solicitações de agência
empréstimo
- Montante do empréstimo é superior a US$ 25.000: pela sede do GAPI
ou pelo gerente regional
Taxa de inadimplência - Aproximadamente 20% a 25% (para empréstimos para
pequenas/médias empresas)
Proporções dos - 70% para pequenas/médias empresas; 30% para organizações de
empréstimos agricultores
Outros - GAPI não recebe depósitos, apenas fornece empréstimos
Fonte: Entrevista com o GAPI, Equipa de Estudo
62
Muitos programas financiados por doadores incluem acesso a financiamento para desenvolvimento da agricultura/agronegócio
usando diferentes ferramentas de financiamento, tais como linhas de crédito subsidiadas, fundos de garantia, fundos catalíticos e
apoio técnico.
63
O GAPI (Sociedade de Investimento) era originalmente uma instituição financeira do governo para apoio a pequenas indústrias,
mas depois se envolveu com uma empresa privada, embora o governo ainda possua 30%de sua propriedade.
64
No Corredor de Nacala, o GAPI tem agências em Nampula,Cuamba e Lichinga.
3-84
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
65
Trabalho Económico e Sectorial: Indicador de Agronegócio: Moçambique, Banco Mundial, 2012
66
Idem
67
Idem
3-85
Versão Provisória - ANEXO
3-86
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
3-87
Versão Provisória - ANEXO
A Tabela 3.8.1 mostra o volume e percentagem de cada produto. Para os alimentos básicos como
mandioca e milho,os distritos com maior volume do total da produção, têm maiores volumes de
vendas. As perdas de mandioca são relativamente altas em Monapo, Cuamba e Mandimba,
correspondendo a 4,7%, 5,6% e 4,2%, respectivamente. As perdas de milho em Ribáuè e Malema são
muito altas, correspondendo a 12,8% e 10,6%, respectivamente. Em geral, 66% da mandioca e do
milho na Área de Estudo são vendidos, 30% são para autoconsumo, e as perdas representam 4%.
2) Feijão
Para o feijão (Tabela 3.8.2), um maior volume que o volume de alimentos básicos é vendido fora das
áreas de produção, por causa da forte competitividade de preços comparado aos alimentos básicos. A
percentagem de vendas de feijão nhemba, feijão holoco e manteiga representam 61,3%, 89,9% e
74,5%, respectivamente.
3-88
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
3-89
Versão Provisória - ANEXO
A Figura 3.8.1 ilustra o movimento de produtos agrícolas excluindo culturas industriais na Área de
Intervenção. Os produtos agrícolas são muitotransaccionados dentro da Área de Estudo, e para fora da
área por pessoas que recolhem os produtos, bem como comerciantes de várias magnitudes,
processadores, retalhistas, e exportadores na cadeia de valor de cada produto.
Na província do Niassa, os fluxos de mercado vão para o Malawi através de Mandimba, para a
província de Nampula e Zambézia através de Cuamba e para a região centro e sul para as culturas de
alto valor. Visto que o comboio entre Cuamba e Lichinga funciona uma vez por mês, camiões e
camionetas são predominantes no transporte de produtos. Para o milho, na época da colheita, usa-se
um vagão ferroviário para o transporte de Cuamba a Nampula.
Na província de Zambézia, que se encontra na zona centro, o fluxo de mercado de Alto Molócuè e
Gurué vai para os distritos de Quelimane e outros na província, e para a região centro e sul através de
estrada Nacional N º 1.
3-90
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
As culturas industriais, tais como tabaco e algodão são produzidas em sistema de concessão com a
agricultura sob contrato. Assim, as fábricas de processamento das concessionárias, em geral, estão
localizadas na área de produção.
(1) Milho
A Figura 3.8.2 mostra um exemplo da cadeia de valor do milho produzido em Cuamba. O preço de
compra de um revendedor, em geral, varia de 3 a 3,5 MT/kg. A margem do revendedor é de0,5 MT/kg,
incluindo o custo de transporte até a cidade de Cuamba. Uma vez que o preço de compra para um
comerciante é agravadopara 4 MT/kg, alguns produtores, que têm método de transporte, preferem
vender directamente ao comerciante. O revendedor pesa e reembala o produto em sacos e, em seguida,
vende para um comerciante em Nampula ou um exportador em Nacala. Na época de colheita, o
revendedor em Cuamba usa a carruagem de comboio para o transporte até Nampula. O exportador
decide o preço de exportação em função do preço de mercado internacional. Em Nampula, o milho
recebido pelo comerciante é vendido a uma empresa de moagem de milho, que tem capacidade de
12.5 MT/kg
processamento de 50 a 90 Preço de
varejo da
toneladas/dia. A farinha de farinha
milho é classificada e
Depende do
4.9
embalada após a moagem; em preço do Mercado
Varejista Custo
internacional 8.6 MT/kg
Atacadista (Processamento/
seguida, vendida aos Moedor embalagem, Preço de
transporte, perdas) varejo de
consumidores através de Varejista
e margem grãos
Exportador 1.0
Atacadista
vendedores a grosso ou a Comerciantes (trader)
retalho. O preço de venda a 0.6 (Cost & margin)
1.8 (Margem) 0.2 (Perdas)
retalho em Abril de 2012 era
Produtor
0.4 (Outros custos)
12,5 MT/kg. O custo e a 3.5 (Selling price)
0.6(Transporte)
margem do processador, Coletor 0.5 (Margem)
3-91
Versão Provisória - ANEXO
(2) Soja
elevada. O preço no mercado interno, na verdade, tende a flutuar de acordo com o CIF preço
internacional (incluindo seguro e frete). Consequentemente, o produto interno é bastante consumido
no mercado interno.
esse valor. Uma vez que o feijão nhemba é 6.5 (Preço de venda)
Produtor
produzido na zona leste de Malema, não se
considera que o custo de transporte seja muito elevado. Fonte: Pesquisa de inventário do Comércio, SIMA,
O custo e a margem para o comerciante, vendedor a Figura 3.8.5 Cadeia de Valor de Feijão
(4) Amendoim
21.6 (Preço de
Produtor
O amendoim é uma das principais culturas venda)
3-92
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
exportação. Presume-se igualmente que os elevados Figura 3.8.6 Cadeia de Valor de Feijão
manteiga em Nampula
preços do mercado influenciam a venda a retalho em
Nampula.
3-93
Versão Provisória - ANEXO
A Tabela 3.8.5 apresenta pequenas e médias empresas de processamento na área de intervenção. Nas
capitais dos distritos e comunidades relativamente maiores, operam pequenasmoageiras com
capacidade de processamento inferior a uma tonelada. Nas zonas onde a rede de energia eléctrica não
está disponível, usa-se um gerador a diesel como fonte de energia. Nas pequenas fábricas, o milho e a
mandioca sãoprocessados e transformados em farinha para autoconsumo de produtores e venda a
retalho no mercado local. Na zona rural, onde não existem moageiras mecânicasde farinha, esta é
processada na forma tradicional com recurso pilão pelas mulheres. Na província de Nampula, existem
moageiras de arroz, que moem e embalam arroz importado, bem como o arrozprovenientede fora da
província.
3-94
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
O tabaco, o algodão e a castanha de caju são processados principalmente para exportação. A farinha de
milho e da mandioca são fornecidas ao mercado interno na região norte. Na cidade de Nampula,
encontram-se moageiras com capacidade para 50-90 toneladas/dia.
O tabaco é produzido sob contrato. Na Área de Estudo, existem duas fábricas de processamento de
tabaco, nomeadamente a Sonil e MLTlocalizadas em Malema e Cuamba, respectivamente. A selecção
e embalagem constituem os principais processos na fábrica de tabaco.
O preço mínimo de compra do algodão é determinado pelo Governo através de negociação com
representantes dos produtores e empresas de descaroçamento, todos os anos. Esta negociação é
organizada de tal sorte que seja um processo participativo, com o envolvimento das partes. Os
68
Subsector do Algodão de Moçambique (Discrição Geral e Perspectivas) 2011/12, MINAG, 2012
3-95
Versão Provisória - ANEXO
produtores têm como cordão umbilicalo Fórum Nacional de Agricultores de algodão-FONPA, por
outro lado as empresas de descaroçamento fazem parte da Associação Algodoeira de Moçambique -
AAM. O Governo, representado pelo MASA desempenha o papel de facilitador das negociações e
organiza o debate negocial. Deste debate resulta uma fórmulaque resulta de acordo mútuo. Aspartes
apresentam propostas de preços de acordo com o procedimento aprovado e determina-se o preço de
cada ano.
Tabela 3.8.6 Área de Produção de Algodão por Concessão (ha)
Empresa Área de
Província Distrito Produção
OLAM SANAM SAM PLEXUS NOVOS PALOPIQUE NOVA MOCOTEX SAN/JFS
(ha)
Monapo (F) 18.200 18.200
Muecate 9.100 9.100
Meconta (F) 1.100 2.500 3.600
Mogovolas (F) 2.500 2.500
Nampula Dist (F) 150 150
Murrupula 610 610
Nampula Ribáuè (F) 4.600 4.600
Malema (F) 11.925 11.925
Lalaua 18.500 18.500
Moma 4.570 4.570
Nacaroa 1.260 1.260
Mecubúri 10.000 10.000
Erati (F) 7.900 7.900
Alto Molócuè 500 500
Lugela 400 400
Zambézia Mocuba 1.700 550 2.250
Gile 1.000 1.000
Ile 300 300
Cuamba (F) 19.900 19.900
Mandinba 200 200
Maua 1.200 1.200
Marrupa 900 900
Metarica 3.800 3.800
Niassa
Mecanhelas 3.850 3.850
Mecula 20 20
Majune 80 80
Nipepe 2.800 2.800
Millange 40 40
Total 23.710 46.880 11.925 7.900 2.500 2.100 1.800 550 32.790 130.155
Note: (F) Fábrica
Fonte: Instituto do algodão (IAM), 2012
69
Fonte: Avaliação financeira da cadeia de valor do sector de cajú em Nampula, GIZ, 2011
3-96
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Entretanto, a fim de alcançar a redução de custos e aumentar o poder de negociação, nove empresas de
processamento de caju criaram uma empresa privada, Agro Indústrias Associadas Lda. (A.I.A.), sob a
marca "Zambique" com um padrão de qualidade garantido. As suas principais actividades são:
(5) Chá
Nos finais da década de 1970, Gurué, com 15 fábricas de produção de chá, produzia uma média de
19.000 ton / ano de folhas processadas, empregando cerca de 28 mil trabalhadores da cidade e distritos
vizinhos. Marcas como “Chá Moçambique”, “Chá Licungo” e “Chá Gurué” entre outras, ganharam o
reconhecimento internacional na Europa, Grã-Bretanha e mesmo na América e Canadá. Em 2012, a
produção de chá registou uma redução para cerca de 2.500 toneladas, apenas 13% da média antes da
independência, bem como a área de produção para apenas 5.700 ha70.Recentemente, Chazeiras de
Moçambique iniciou o processamento de produção e trouxe de volta o chá para o mercado.
70
Plantações de Chá de Moçambique, https://transterramedia.com/collections/1174
3-97
Versão Provisória - ANEXO
(1) Algodão
3.9.1 Estradas
O sistema de estradas do Corredor de Nacala consiste principalmente nas Estradas Nacionais Nº. 1
(doravante denominada N1), N12, N13 e N14. A N1 parte de Maputo seguindo em direcção ao norte.
Passa por Quelimane na província da Zambézia, em Nampula na província de Nampula e atéPemba na
província de Cabo Delgado.
No Corredor de Nacala, a N12 parte do porto de Nacala a oeste e liga-se à N1 emNamialo. A N12
estende-se ainda mais em direcção a oeste para a Cidade de Nampula. Esta parte da Estrada N1 foi
reabilitada e transformada em uma estrada com duas faixas de rodagem, com 7m de largura. Ligada a
N12, a N13 parteda cidade de Nampula a Lichinga. Embora, a N13 é uma estrada de terra batida e a
secção entre Nampula e Cuamba está a ser reabilitada e transformada numa estrada pavimentada, com
duas faixas de rodagem até Fevereiro de 2015.
No norte do Corredor de Nacala, aN14 ligaLichinga e Pemba e será pavimentada até 2015. O distrito
de Gurué, na Zambézia, liga-seà N1 em Nampevo pela N103, que foi reabilitada e pavimentada.
A maior parte dasrestantes estradas na área de estudo, que ligam os centros distritais, postos
administrativos e localidades são estradas de terra batida. A ANE, Administração Nacional de Estradas,
faz a manutenção das principais estradas.
3-98
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A Ferrovia de Nacala (Linha Férrea Norte) liga Nacala, Nampula, Cuamba e, por fim, a Ferrovia
África Central no Malawi emLagos. Em Cuamba, um ramal vai em direcção ao norte para Lichinga.
Um comboio de passageiros opera entre Nampula e Cuamba, todos os dias excepto segunda-feira, e
um comboio vai a Lichinga uma vez por mês. Não existe serviço regular de carga, embora o comboio
de carga entre o porto de Nacala e o Malawi seja dominante, realizando 75% da operação total da
ferrovia.
Em 2011, o número total de passageiros foi de aproximadamente 864.000 e a quantidade total de carga
transportada foi 241.000 t. O transporte de carga por via ferrea é realizado de forma irregular e com
base na disponibilidade de certa carga. O transporte ferroviário é pouco utilizado para o transporte de
produtos agrícolas no Corredor de Nacala. Apenas durante a época de colheita, o milho colectado em
Cuamba é transportado para Nampula e Nacala pelo comboio de carga.
O Porto de Nacala consiste num terminal de contentores (terminal sul), terminal de carga a granel
(terminal norte) e terminal de carga líquida. O terminal norte tem uma extensão de 631m e
profundidade de -7,5m a -10m (média de -9,7m),o comprimento do terminal sul é aproximadamente
372m e sua profundidade é de 14m.
Devido à profundidade natural, o Porto de Nacala permite a operação com embarcações grandes.
Devido à sua localização próxima à Ásia, verificou linhas regulares que operavam para a Índia e
Singapura em 2011, alcançando estes países em 12 e 13 dias, respectivamente.
3-99
Versão Provisória - ANEXO
A Ferrovia de Nacala e o Porto de Nacala são operados pela empresa CDN (Corredor de
Desenvolvimento do Norte), desde 2005, através de uma Concessão.
(3) Aeroportos
Os principais aeroportos para transporte aéreo na área são o aeroporto de Nampula e o aeroporto de
Lichinga. Existe um aeroporto da força aérea em Nacala, mas está actualmente a ser reabilitado com o
apoio do Governo Brasileiro e será transformado num aeroporto comercial.
A maior parte dos produtos agrícolas é transportada por camiões de vários tamanhos. Usa-se omaior
camião para o transporte no último fluxo da cadeia de valor.
A estrada Nacional
Leste-Oeste No.12 (N12) & Tabela 3.9.2 Comparação do Custo de Transporte por
Ferrovia, Rodovia e Navio
N13 e uma parte da N1 vão de Rodovia (tons) Ferrovia (tons)
Navio
22 30 14 22
Nacala a Lichinga. A Estrada Maputo a:
Joanesburgo $625 $950 $393 $620
Nacional Norte-sul N1 de Harare $1.008 $1.344 $960 $1.686
Maputo passa por Alto Blantyre $1.260 $2.380 na na
Lusaka $1.064 $2.100 na na
Molócuè epela cidade de Lubumbashi $2.520 $2.940 na na
Dar es Salam na na $845
Nampula até Pemba, e a N103 Dubai $2.550
Guangzhou $2.550
de Mutuali está ligada à N1 Tilbury/NWC Ports $2.750
através deGuruéem direcção Pemba $7.000 na na $1.350
Nampula $5.600 na na
ao sul. Esta rede de estradas é Beira $1.800 na na $1.800
Kilema $3.000 na na
crucial para o transporte de Tete $3.500 na na
Nacala na na $2.500
produto agrícola no corredor Beira até:
de Nacala, mas a condição da Harare $1.200 $500 $1.000
Blantyre $1.700 na na
estrada N13 e N103 não é boa Lusaka $3.700 $1.033 $2.021
Nacala até:
o suficiente para um Lilongwe $896 $1.408
Blantyre $840
transporte eficaz. A estrada Lichinga até:
entre Nampula e Cuamba na Nampula $2.900-3.200
Beira $3.600
Estrada Nacional N13 e N103 Maputo $5.400-7.100
Fonte: Análise da Cadeia de Valor de Sectores Estratégicos em Moçambique, GDS,
entre Gurué e Namialo estão 2005. O custo a partir de Lichinga foi recolhido pela Equipa de Estudo da
actualmentea serem JICA, 2012
reabilitadas.
A Tabela 3.9.2 mostra a comparação do custo de transporte por via terrestre, férrea e marítima. Para o
transporte rodoviário, custa US$ 5.600 por um contentor de Nampula até Maputo, que é equivalente ao
transporte de Lichinga até Maputo.
3-100
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A reabilitação da estrada pavimentada N13 que liga Nampula e Cuamba será concluída em Fevereiro
de 2015, e a N14 que liga Pemba e Lichinga será concluída em 2015. Espera-se reduzir o custo de
transporte através destes corredores. Também existem planos para reabilitar os troços
Cuamba-Mandimba e Mandimba-Lichinga, que ligam os corredores acima. Espera-se assim reduzir os
custos de transporte nesta área.
Com a reabilitação da ponte sobre o rio Zambezi, a ligação entre as regiões norte, centro e sul foi
melhorada. Entretanto, o custo de transporte entre o corredor norte-sul ainda permanece alto.
O ICM agora tem um plano para instalação de um silo de grãos com capacidade para 5.000 ton,
equipado com unidades de limpeza e secagem na mesma propriedade em Cuamba até o fim deste ano.
Um programa semelhante a este está em curso em Iapala (Ribáuè), Nacala, Milange (Zambézia).
A Tabela 3.9.3 mostra o resultado da instalação de armazenamento numinventário levado a cabo pela
equipa de estudo da JICA. Estas instalações de armazenamento foram seleccionadas por amostragem e
não cobrem todas as instalações de armazenamento no corredor de Nacala. Estas são todas instalações
3-101
Versão Provisória - ANEXO
3-102
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Maputo,
Quelimane,
milho, feijão manteiga, soja 400 800 200,0 Nampula
Maputo,
Quelimane,
milho, feijão manteiga, Chimoio,
feijão nhemba 500 3,000 600,0 Nampula
milho, feijão boer, gergelim 3,000 2,800 93,3 Nampula Não estimado
milho, feijão nhemba,
gergelim 200 150 75,0 WFP Não estimado
Gurué
soja, milho 750 80 10,7 King Frango
Novos
soja, milho 250 300 120,0 Horizontes
Cuamba,
Gurué,
Nampula,
milho, feijões 100 400 400,0 Quelimane 2500MT/mês
Cuamba
Cuamba,
Gurué,
Nampula,
milho, feijões 50 250 500,0 Quelimane 1500MT/mês
pipoca, milho, feijão
manteiga 350 7,000 2000,0 Malawi 700
Mandimba
Milho 50 400 800,0 Local 40
NIASA
Arroz 200 900 450,0 Local 90
milho, feijão manteiga,
feijão nhemba, batata 20 60 300,0 6
Ngauma
milho, feijão manteiga,
feijão nhemba 10 52 520,0 Massangulo 2MT/saca
milho, feijão manteiga 1,500 6,000 400,0 Nampula 2MT/saca
milho, feijão manteiga 500 800 160,0 Local 2MT/saca
Nampula,
Lichinga
Beira,
Inhambane,
feijão manteiga, batata 20 30 150,0 Maputo 2MT/saca
Média 374 1437 461,9
Fonte: Pesquisa de inventário do Comércio, Equipa de Estudo, 2012
Semanalmente é lançada uma edição do jornal designado “Hot Hot” e seus relatórios complementares
como relatórios especiais e relatórios ad hoc. O SIMA faz a disseminação da informação do mercado
via rádio televisão, internet e jornal. O preço de 25 produtos a nível do produtor, venda a grosso e a
retalho são referenciados em 27 mercados71.
No entanto para os produtoresé difícil ter acesso a esta informação até hoje. Na Zambézia, está a ser
levado a cabo, a título experimental, um serviço que fornece informações sobre mercado aos
produtores através de SMS.
3-103
Versão Provisória - ANEXO
produtos agrícolas. Os produtos vendidos nestes mercados são fornecidos por comerciantes ou
produtores próximos ao mercado. Na estratégia de desenvolvimento provincial em Nampula e Niassa,
a facilidade de mercado reside no desenvolvimento para o mercado público nas cidades, capitais de
distrito e mercado aberto em área rural pelo Programa de Mercado Rural –(PROMER).
A Tabela a seguir apresenta os volumes de investimento e as áreas de projectoreferentes aos anos 2008
a 2012, categorizados por subsector. A mesma indica claramente que o sector da silvicultura contribui
significativamente para o volume de investimentos devido a sua natureza. Este tipo de investimento
requer grandes áreas e custos associados.
3-104
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Embora seja em número reduzido em comparação com a zona centro que abarca as províncias de
Sofala, Manica e Tete, onde foram aprovados vários grandes projectos de biocombustível, 72 os
investidores estrangeiros apresentaram propostas de grandesinvestimentos na agricultura para serem
implementados no Corredor de Nacala. A maior parte dos investimentospropostos está orientado para
silvicultura e desenvolvimento comercial de campos de produção para a produção de cereais e
legumes, especialmente milho, soja e sementes oleaginosas. A tabela a seguir apresenta
resumidamente os grandes projectos de investimento agrícola propostos73no Corredor de Nacala desde
2008.
Tabela 3.10.3 Principais Grandes Investimentos Agrícolas no Corredor de Nacala
Local do Área
Actividade Observações
Projecto (ha)
Plantação de Bananas Distrito de 3.800 - A plantação começou a operação em
Monapo, 2007
Nampula
Plantação de Distrito de 8.700 - Também foram produzidas sojas
pinhão-manso Majune, Niassa orgânicas
(biocombustível)
Silvicultura Distritos de 60.000 - 46.000 ha em Sanga
(eucaliptos/pinheiros) Sanga e - Plantio iniciado em 2007
Lichinga, Niassa
Silvicultura Províncias de 126.00 - Aprovado em 2009 como um projecto de
(eucaliptos/pinheiros) Nampula e Cabo 0 plantação de 15 anos
Delgado
Silvicultura Distrito de 80.000 - Uma proposta de investimentos foi
Lichinga, Niassa apresentada em 2009
Agricultura comercial Distrito de 10.000 - Aprovado em 2009
(soja, girassol) Gurué, - Ocorreram conflitos fundiários com a
Zambézia população local
Agricultura comercial Distrito de 2.400 - Iniciou a produção em 2010
(soja) Gurué, - Implementou o sistema de agricultura
Zambézia sob contrato
Agricultura comercial Distrito de 3.000 - Iniciou a produção em 2012
(soja, milho) Gurué,
Zambézia
Agricultura comercial Distrito de 16.000 - Uma proposta de investimentos foi
(soja, milho) Mandimba, apresentada em 2012
Niassa
Fonte: dados de investimento do CEPAGRI
3-105
Versão Provisória - ANEXO
processamento de castanha de caju no período de 2002 a 200675. Nos últimos anos, dez fábricas de
caju castanha, na província de Nampula, iniciaram as suas operações.
A AgDevCo, uma empresa de desenvolvimento de distribuição agrícola sem fins lucrativos que opera
na África subsaariana, faz a gestão de um Fundo Catalítico76de US$ 22 milhões, um fundo para
empreendimentos sociais tendo como alvo negócios agrícolas novos de pequenas e médias empresas
no BAGC, aplicando o modelo de agricultor sob contrato. Através do Fundo Catalítico, a AgDevCo
oferece diferentes tipos de empréstimos, incluindo um empréstimo ponte de curto prazo para fundo de
75
Fonte: 2010, JICA Fonte: Dados de investimento CPI 2002-2006, e "Estudo preparatório sobre o Programa de Cooperação
Triangular para o Desenvolvimento Agrícola da Savana Tropical Africano entre Japão, Brasil e Moçambique (ProSavana-JBM)"
de 2010, a JICA
76
Os principais doadores do Fundo Catalítico são Department for International Development, United Kingdom (DFID) e governos
holandês e norueguês.
3-106
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
maneio e um empréstimo de médio prazo para compra de maquinaria, assim como financiamento em
capital, com uma taxa de juros baixa variando de 5% a 10% por ano. Desde seu lançamento em 2011,
doze projectos receberam financiamento do Fundo Catalítico cujo portfólio inclui horticultura,
pecuária, multiplicação de sementes e produção de grãos e de mel77.
Nas frequentes visitas de monitoria aos beneficiários de empréstimos, a AgDevCo também presta
serviços de consultoria em negócios, tais como a introdução de mercados potenciais para produtos e a
criação de agrupamentos para o apoio mútuo a negócios agrícolas de pequenas e médias empresas na
área do BAGC. A AgDevCo tentou encontrar parceiros/receptores potenciais para o Fundo Catalítico
para expandir cada vez mais a iniciativa BAGC na região.
Um dos negócios bem-sucedidos financiados pelo Fundo Catalítico é uma empresa de prestação de
serviços, que actua como um provedor de serviços ligando um grupo de pequenos produtores
mercados rentáveis. Conforme ilustra a Figura 3.10.1 abaixo, utilizando financiamento da AgDevCo (o
Fundo Catalítico), a empresa fornece sementes e fertilizantes para grupos de produtores.78 Enquanto a
AgDevCo facilita a obtenção de empréstimos dos bancos locais para que os produtores possam
adquirir insumos. Note-se que a empresa presta vastos serviços de extensão para grupos de produtores
através do estabelecimento campos de demonstração para demonstração de técnicas agrícolas efectivas,
o que permite a criação de confiança mútua entre a empresa e os grupos de produtores. A empresa
obteve quase 100% de taxa de recuperação do financiamento de insumos para sementes e fertilizantes
na sua primeira temporada, enquanto os grupos de produtores forneceram a maior parte da colheita
para a empresaao invés de vendêr-la para outros comerciantes.
A. Pagamento dos
insumos B. Entrega do cultivo
Empresa de e pagamento Compradores do
Banco de Oportunidade A. Reembolso dos insumos Comercialização Agrícola cultivo
Grupo de Grupo de
Agricultor Agricultor SSA (Armazém)
es es B. Colheita do
cultivo
Grupo de Grupo de
Agricultor Agricultor
es es
3-107
Versão Provisória - ANEXO
Embora a agricultura comercial ainda não seja bem desenvolvida no Corredor de Beira até o
momento79, a AgDevCo tem trabalhado com pequenos/médios produtores comerciais com o objectivo
de estabelecer relações justas com pequenos produtores de modo que estes possam se beneficiar do
crescimento da agricultura comercial. Financiada pelo Fundo Catalítico, uma série de produtores
comerciais80adoptou o modelo de produção sob contrato dando acesso aos pequenos produtores aos
insumos agrícolas, serviços de extensão, instalações para agregação de valor e mercados confiáveis.
79
O relatório diz que dos 10 milhões de terra arável no corredor da Beira, menos que 0.3 % é cultivada comercialmente. (Fonte:
Beira Agriculture Growth Corridor BAGC)
80
Inclui terras agrícolas para hortículturas, pecuária, frutas, multiplicação de sementes e produção de mel.
3-108
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A estratégia para a iniciativa BAGC é criar um mecanismo de colaboração através do qual pequenos
produtoresse beneficiam do crescimento da agricultura comercial,enquanto trabalham com grandes
empresas de agro-negócio em Moçambique para o desenvolvimento de um projecto de irrigação
conjunta que contribuirá para a modernização do sector agrícola na região. Conforme foi explicado
anteriormente, as pequenas/médias empresas agrícolas comerciais jogam um papel de liderança na
expansão das iniciativas de agro-negócio, através do envolvimento de grupos de pequenos produtores
na produção comercial, que poderia ser considerado um modelo de desenvolvimento agrícola eficiente,
aplicável no Corredor de Nacala. As lições aprendidas da iniciativa BAGC são resumidas a seguir.
As empresas agrícolas comerciais de média escala ou provedores de serviço que operam nas áreas podem
ser um parceiro importante para o desenvolvimento do agro-negócio, envolvendo pequenos produtores
através do modelo de agricultor sob contrato/agricultura por contrato. É fundamental que os operadores
de empresas agrícolas comerciais tenham acesso a empréstimos facilitados 81para cobrir os custos iniciais
do investimento, assim como o fundo de maneio de curto prazo para a compra de culturas dos
agricultores sob contrato, uma vez que as taxas de juros dos bancos comerciais de Moçambique são
bastante altas82.
A criação de confiança mútua com um grupo de produtores sob contrato constitui um pré-requisito para o
sucesso deste modelo. Um parceiro de negócio comercial deve desenvolver um método de extensão
adequado que permita uma estreita interacção com os produtores sob contrato através de visitas
frequentes à propriedade.
As empresas agrícolas comerciais, com apoio de um órgão do governo, como o CEPAGRI, devem tomar
as medidas adequadas junto aos bancos locais para o fornecimento de empréstimos para os agricultores
sob contrato, uma vez que insumos agrícolas, como sementes e fertilizantes, serão fornecidos a preços do
modelo de agricultores sob contrato. Com um contrato de empréstimo, um operador de uma empresa
agrícola comercial pode facilmente controlar as transacções de insumos e de colheita com os produtores
sob contrato.
No Corredor de Nacala, apenas poucas empresas privadas trabalham com pequenos produtores na área
de agricultura comercial através do sistema de produção sob contrato/agricultura por contrato,
exceptoossectores de algodão e tabaco, que operam o maior sistema de agricultura sob contratos de
Moçambique que trabalha com pequenos produtores, embora vários projectos, apoiados por ONGs,
doadores ou o governo, tentaram vincular o sector privado para estabelecer cadeias de valor de
produto. Embora ainda esteja nas fases iniciais de desenvolvimento de um mecanismo de colaboração
entre as empresas agrícolas comerciais/provedoresde serviço sob contrato e um grupo de pequenos
81
Suas taxas de juros variam de 5 a 10 % ao ano.
82 Variam de 20% a 25% por ano.
3-109
Versão Provisória - ANEXO
<Empresa de Produtores>
Como uma empresa pertencente a produtores, esta instituição foi fundada em 2003 em Nampula com o
apoio de várias organizações externas como organizações que operam no ramo financeiroNo momento,
a empresa tem 26 fóruns de produtores, incluindo mais de 500 associações, com um total de
aproximadamente 20.000 produtores. Desde 2010, a empresa tem concentrado suas actividades
comerciais em culturas orgânicas certificadas (gergelim e amendoim), além da multiplicação de
sementes. A empresa realizou agricultura sob contrato para multiplicação de sementes com 250
produtores. Algunsmembros não têm qualquer acordo com a empresa com relação à comercialização
de culturas e podem vender seus rendimentos para outros comerciantes. A Empresa enfrentou um
grande desafio na compra de produtos orgânicos, especialmente gergelim, dos seus membros devido à
séria competição de preços com outros comerciantes. Durante a última época agrícola em 2011-2012,a
Empresa apenas comprou 60 ton de gergelim dos mais de 2.000 toncolhidas pelos membros da
Empresa. Em termos de propriedade, a empresa possui dois armazéns em Nampula e Monapo; o
primeiro está actualmente em construção e o último está equipado com maquinaria para
processamento de gergelim.
Empresas de Fertilizantes
Entrega do
Fazer um pedido
fertilizante
Entrega de sementes/
Empresas de produtores
Comprador de Sementes e Cultivos
IKURU cultivos e pagamento
Sementes: mercado doméstico
- Armazém (2)
Cultivos: mercado internacional
Fornecimento de insumos (sementes/
fertilizantes) * 4 funcionários de campo da
* 4 Funcionários de campo da
Plantadores por Contrato para empresa de produtores
IKURU compram cultivos em
Multiplicação de sementes Pessoal Pessoal Pessoal Pessoal compram cultívos
dinheiro dos em dinheiro
membros.
da IKURU da IKURU da IKURU da IKURU dos membros.
(250 peq. agricultores)
Entregas de sementes e Compra dos
pagamento cultivos
*Trabalhadores de de
* Trabalhadores extensão
extensão Membros da IKURU (mais de
Membros
dedaempresa
IKURUdefornecem
produtores
serviços Armazém 20.000)
fornecem serviços
de extensão de
aos membros
extensão aos membros.
A Empresa Privada de Sementes, criada em 2009, realiza grandes operações agrícolas em sua própria
área agrícolae agricultura sob contrato para a produção de milho, soja e gergelim com pequenos
produtores em 2 locais. A operação, que começou em 2011, envolve mais de 3.000 pequenos
produtores através de contratos “semente-por-cultura” nos quais forneceas sementes, os instrumentos
de plantio e a garantia da compra da cultura.. AEmpresa construiu 4 armazéns e 20 centros de
recolhano distrito de Ribáuè, onde um trabalhador de extensão contratado pela Empresa foi enviado
3-110
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
com a função de prestar serviços de extensão e comprar a produção dos membros. Embora a operação
de agricultura subcontrato tenha ido relativamente bem, a Empresa enfrentou dificuldades na compra
da produção dos agricultores, especialmente soja e gergelim, devido à insatisfação com o preço de
compra. A Empresa planeja expandir ainda mais a agricultura sob contrato nos distritos vizinhos num
futuro próximo.
<ONGs/doadores>
A CLUSA, a Liga de Cooperativas dos EUA, implementou o projecto AgriFUTURO, patrocinado pela
USAID, nos Corredores de Nacala e Beira, por 4 anos com início em 2009,com o objectivo de
melhorar a competitividade da agricultura comercial moçambicana através da identificação das
limitações que impedem os alinhamentos com a demanda do mercado e da busca de soluções para
superar tais barreiras. O projecto Agri FUTURO trabalha com empresas/machambas privadas de
agro-negócio seleccionadas para fortalecer sua capacidade de comercialização e as habilidades de
gestão de negócio através do apoio de consultoria e de uma série de formações. Além disso, o projecto
fornece subsídios de até US$ 75.000 para facilitar o acesso a empréstimos comerciais para
investidores de agro-negócio.
Na província de Nampula, o projecto Agri FUTURO tentou promover o modelo de agricultura sob
contrato com parceiros comerciais de agro-negócio interessados83,através de apoio técnico em serviços
de extensão e a provisão da maquinaria necessária.
Uma ONG local criada em 1999, realizou 2 projectos no Corredor de Nacala desde 2011, com foco na
criação de cadeia de valor para culturas de rendimento envolvendo compradores potenciais, conforme
83
Agri FUTURO identificou 4 negócios privados na província de Nampula, como parceiros para a implementação da agricultura
por contrato.
3-111
Versão Provisória - ANEXO
resumido na Tabela 3.10.5 a seguir. Apesar do facto de, no ano passado, os projectos terem facilitado
ligações com importantes comerciantes locais em Nampula ou Nacala como parceiros do projecto na
comercialização e compra dos produtos, osresultados foram abaixo do nível desejado devido ao acesso
limitado ao local do projecto, especialmente os distritos de Malema e Ribáuè, onde as hortícolas eram
produzidas. Os comerciantes não iamaos locais para recolher a produção uma vez que os volumes de
produção eram mínimos, não sendo possível cobrir os custos para compra directa, incluindo despesas
de transporte.
<Governo>
3-112
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
85
Embora grandes indústrias comerciais de algodão e tabaco tenham se estabelecido no Corredor de Nacala, o número de fazendas
comerciais de média escala na produção dos cultivos é mínimo.
3-113
Versão Provisória - ANEXO
Os projectos pelas agências internacionais são por BAD, United Nations Development
Programme(PNUD), IFAD e peloMD. Como projectos de ajuda bilateral, existem pelo Japão, EUA,
Suécia, Finlândia e Suíça. Como os outros, ele se deve à Millennium Challenge Corporation (MCC).
3-114
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Saneamento
ADB Corredor Rodoviário Multi-Nacala 95.940.480 EUR 2011/6/20 2015/6/15
Projecto para Melhoria da Capacidade de Pesquisa
Nível da
JAPÃO e da Transferência Tecnológica para o 737.124 EUR 2011/5/6 2016/5/5
província
Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
EUA Projecto de Posse da Terra 0 EUR 2008/9/22 2013/9/22
SUÉCIA Electrificação Rural em Niassa 1.875.720 EUR 2005/12/1 2013/9/30
Niassa SUÉCIA Electrificação Rural em Cuamba 4.704.000 EUR 2012/3/1 2016/12/31
Cuamba
Programa de Promoção dos Mercados Rurais
IFAD 2.876.405 EUR 2009/4/26 2015/12/31
(PROMER)
Programa de Promoção dos Mercados Rurais
Mandinba IFAD 2.876.405 EUR 2009/4/26 2015/12/31
(PROMER)
Nguama Não
Lichinga Não
Fonte: Banco de Dados Oficial de Assistência a Moçambique, 2012.
3.11.2 OSCs
De acordo com definição da União Europeia, no Acordo de Cotonou, em 2000, OSCs, abarcam ONGs,
organizações comunitárias, congregações religiosas, associações económicas, sindicatos e agentes
económicos do sector privado. Entre as OSCs, os mais representativos são os sindicatos de
trabalhadores, associações comunitárias e as associações de produtores agrícolas.
Em Moçambique, as OSCs muitas vezes não conseguem ter uma representação na tomada de decisão
política e/ou no desenvolvimento de políticas públicas, embora constituam uma forma de torná-las
mais organizadas e específicas no âmbito da comunicação com o Governo. Na história de
Moçambique, houve momentos de participação social na elaboração de políticas, tais como a Lei de
Terras, onde as OSCs, como é o caso da UNAC, participaram e foi decisiva no desenvolvimento da lei.
De acordo com os governos das três províncias, as ONGs que estão a implementar actividades do
sector agrícola na área de estudo são apresentadas na Tabela 3.11.2.
Uma série de ONGs articula as suas intervenções, apoiando diferentes níveis de actividade na cadeia
de valor, comercialização e transformação do produto rural, adoptando a forma de umconsórcio com
outras organizações. As principais ONGs envolvidas neste tipo de operação são:
- CARE : prestação de serviços de extensão, a diversificação da produção, serviços financeiros
- OLIPA : promoçãodo associativismo, comercialização e desenvolvimento
socioeconómicorural
- CLUSA : promove associativismo, comercialização e certificação
- Technoserve : prestação de assistência para identificação de projectos agro-indústrias,
identificação de tecnologia, desenho de planta, formulação e implementação de planos
de negócios, mobilização de recursos financeiros
- OIKOS : promoção de associativismo e distribuição de produtos agrícolas
- ORAM : promoção do desenvolvimento da comunidade, direitos da terra e descentralização
- KULIMA : promoção do associativismo e comercialização da castanha de caju
3-115
Versão Provisória - ANEXO
3-116
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Necessidade do abandon
cultivo extensivo
predominante
Compatibilidade das
condições de cultivo locais,
com a diversificação Localização
agrícola
A necessidade urgente do abando do cultivo extensivo predominante foi avaliada com base em três
tipos de dados, conforme ilustra a tabela 3.12.1
Tabela 3.12.1 Dados Usados para Avaliar a Necessidade Urgente do Abandono Docultivo
Extensivo Predominante
Nº Dados Implicação Pontuação
1 Densidade Dificuldades em continuar com a Classificação cinco. A elevada densidade
populacional prática do cultivo extensivo populacional recebe a pontuação mais
predominante elevada
2 % da área área Dificuldades em desenvolver Classificação cinco. A elevada% da área
florestal novas áreas de cultivo (1) florestal recebe a pontuação mais elevada
3 % da área área Dificuldades em desenvolver Classificação cinco. A elevada% da área
Florestas com novas áreas de cultivo (2) florestal com DUAT recebe a pontuação
DUAT mais elevada
Os dados da Tabela 3.12.2 foram classificados numa escala de cinco pontos, e a necessidade urgente
foi avaliada por acumular as pontuações para cada distrito. A necessidade urgente de cada distrito foi
classificada em três graus (ou seja, alta, média e baixa), conforme ilustra a Tabela 3.12.1. Os
respectivos números dos três tipos de dados são apresentados na Table 3.12.3.
3-117
Versão Provisória - ANEXO
3-118
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
A receptividade dos produtores locais a novas tecnologias agrícolas foi avaliada com base em três
tipos de dados, conforme ilustra a tabela 3.12.4.
Tabela 3.12.4 Dados Usados para a Avaliação da Receptividade dos Produtores Locais a Novas
Tecnologias Agrícolas
Nº Dados Implicação Pontuação
1 % da população activa Disponibilidade de Classificação cinco. % mais
(idade: 16 -65 mão-de-obra elevada de mão-de-obra
2 Taxa de Inscrição no Habilidades Classificação cinco. % mais
ESG-I&II (idade:10 - 14) académicas básicas elevada dos registos de
da população inscrição
3 % da população idosa Situação de saúde da Classificação cinco. % Mais
(idade: acima de 65 anos) população elevada dos registos de idosos
3-119
Versão Provisória - ANEXO
Tabela 3.12.6 Grau de Receptividade dos Produtores Locais a Novas Tecnologias Agrárias
População Activa inscrição no Ensino Primário Taxa da população Idoso
Taxa da
Percentage
População população Populaç
m da
Economica Número de Número com ão com
8 População Pontu Pontu Pontu
mente ESG I&II de Habilidade idade (%)
Economica ação ação ação
Activa (2011) 10 - 14 s acima de
mente
(16-65) Académic 65 anos
active (%)
as Básicas
(13)= (17)= (20)=
(12) (14) (15) (16) (18) (19) (21)
(12)/(2) (15)/(16) (19)/(2)
Monapo 176,948 51.6 3 4,751 44,893 10.6 1 8,306 2.42 2
Muecate 53,435 50.7 2 2,673 14,539 18.4 3 2,524 2.40 2
Mecuburi 86,325 50.0 2 3,986 21,531 18.5 3 4,578 2.65 3
Meconta 92,797 53.2 4 5,863 22,574 26.0 4 4,404 2.53 2
Mogovolas 180,078 54.4 5 3,435 34,083 10.1 1 11,199 3.39 5
Nampula 443,986 55.7 5 55,210 797,611 6.9 1 15,426 1.93 1
Murrupula 80,507 50.7 2 3,097 19,821 15.6 2 4,855 3.06 4
Ribàué 107,594 48.9 1 7,345 30,403 24.2 3 5,551 2.52 2
Lalaua 41,576 50.9 2 1,962 10,131 19.4 3 1,852 2.27 2
Malema 93,019 51.0 2 5,321 23,273 22.9 3 5,048 2.77 3
Alto Molocue 155,354 48.6 1 6,707 43,343 15.5 2 8,065 2.52 2
Gurué 177,846 50.7 2 9,777 43,334 22.6 3 7,657 2.18 1
Cuamba 112,805 52.2 3 10,327 27,392 37.7 5 5,082 2.35 2
Mecanhelas 103,580 50.2 2 4,006 25,343 15.8 2 4,989 2.42 2
Mandimba 82,372 51.7 3 3,212 19,058 16.9 2 4,388 2.76 3
N'Gauma 40,348 49.6 1 468 9,771 4.8 1 2,847 3.50 5
Majune 17,204 50.2 2 695 4,390 15.8 2 980 2.86 3
Lichinga 149,153 51.7 3 18,311 288,590 6.3 1 6,518 2.26 2
Sanga 31,696 49.6 1 1,119 8,062 13.9 2 1,787 2.80 3
A figura 3.12.2 ilustra a sequência usada para a análise. A compatibilidade das condições locais de
cultivo, com a diversificação agrícola usando dados do SIG relevantes.
Figure 3.12.2 Análise da Compatibilidade das Condições Locais de Cultivo com Diversificação
Agrícola
Foi concebido um mapa adaptabilidade das culturas que abrange a área de intervenção através da
combinação de informações das características do solo, condições climáticas e o ângulo de inclinação
(aplicabilidade da agricultura mecanizada) para as culturas principais.
3-120
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Compatibilidade das 23 culturas com os três sistemas de agricultura seguintes foi avaliada como
mostra na Tabela 3.12.7.
Agricultura Familiar (FF)
Empresa Agrícola Familiar (FB)
Empresa Agrícola (CF)
Sistema agrícola
Nº Cultura Negócio
Família Empresa
familiar
1 Milho Alta Alta Alta
2 Mandioca Alta Alta Baixa
3 Arroz Alta Baixa Baixa
4 Arroz de sequeiro Alta Alta Baixa
5 Trigo Baixa Alta Alta
6 Batata-doce Alta Alta Baixa
7 Batata irlandesa Alta Alta Alta
8 Feijão nhemba Alta Alta Baixa
9 Amendoim Alta Alta Baixa
10 Soja Baixa Alta Alta
11 Gergelim Alta Alta Baixa
12 Girassol Alta Alta Alta
13 Feijão Alta Baixa Baixa
14 Algodão Alta Alta Alta
15 Tabaco Alta Alta Baixa
16 Cana-de-açúcar Baixa Baixa Alta
17 Castanha de caju Alta Alta Baixa
18 Banana Baixa Alta Alta
19 Folha de chá Alta Baixa Baixa
20 Café Alta Alta Alta
21 Palmeira Baixa Baixa Baixa
22 Eucalipto Alta Baixa Baixa
23 Capim elefante Alta Alta Alta
Foi elaborado um mapa de base sobre a compatibilidade do sistema agrícola com base nos mapas de
adaptabilidade das culturas e compatibilidade do sistema agrícola. O mapa de base consiste em sete
categorias de compatibilidade seguintes:
FF: Apenas agricultura familiar
FF&FB: Agricultura familiar ou Empresa Agrícola Familiar
FB: Apenas agricultura familiar
FB&CF: Empresa agrícola Familiar ou Empresa agrícola
CF: Empresa Agrícola apenas
FF&CF: Empresa agrícola Familiar deempresa agrícola
Todas
3-121
Versão Provisória - ANEXO
Com base no mapa actual do uso da terra (ver Figura 3.12.3), a área de intervenção foi dividida em
quatro tipos de terrenos utilizados, como mostra a Tabela 3.12.8.
Fonte: Mapa do uso do solo na escala de 1 : 1,000,000 da Avaliação Integrada da Floresta moçambicana
Figura 3.12.3 Mapa de uso da Terra na Área de Intervenção
3-122
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Avaliação da Vulnerabilidade
Nº Distrito
Social Ambiental Integrada
1 Monapo Alta Moderada C
2 Muecate Moderada Baixa A
3 Mecubúri Moderada Moderada B
4 Meconta Baixa Moderada B
5 Mogovolas Alta Moderada C
6 Nampula Baixa Moderada B
7 Murrupula Alta Moderada C
8 Ribaué Baixa Moderada B
9 Lalaua Moderada Moderada B
10 Malema Baixa Moderada B
11 Alto Molócuè Moderada Baixa A
12 Gurué Moderada Alta D
13 Cuamba Baixa Moderada B
14 Mecanhelas Moderada Moderada B
15 Mandimba Moderada Moderada B
16 Nguama Moderada Moderada B
17 Majune Moderada Baixa A
18 Lichinga Moderada Baixa A
19 Sanga Moderada Baixa A
(Nota) Avaliação Integrada
Baix
D B A
a
Social
Mod D B A
Alta D C C
Alta Mod Baix
a
Ambiental
3-123
Versão Provisória - ANEXO
Média de Pontuação
Densidade Populacional na Taxa de
Área de Cultivo (%) Transporte
vulnerabilidade
zona rural analfabetismo
Classes de
Densidad Estrada Ferrovia
Pontuação
Pontuação
Pontuação
e da Área Taxa da Densida Densidade
Pontuação
Pontuação
Populaç Taxa de
Populaçã Cultivad área de de de da
ão rural analfabe
Nome do o rural a ha cultivo Estradas Ferrovia
(2011) 2 tismo 2 2
distrito (hab/km (2010) (%) (km/km ) (km/km )
)
(24)= (29)= (30 (32 (34 (35
(23) (25) (26) (27) (28) (31) (33) (36)
(23)/(1) (28)/(1) ) ) ) )
Monapo 285,816 81.0 10 59.0 7 96,639 27.4 10 0.054 5 0.012 6 7.6 Alta
Muecate 105,350 25.6 3 59.4 7 30,676 7.4 3 0.065 4 0 10 5.4 Mod.
Mecuburi 172,639 23.9 3 58.2 7 51,013 7.1 3 0.049 6 0.004 9 5.6 Mod.
Meconta 129,895 35.2 5 53.2 5 41,982 11.4 4 0.059 5 0.016 5 4.8 Mod.
Mogovolas 242,768 51.3 7 65.8 10 74,636 15.8 6 0.062 4 0 10 7.4 Alta
Nampula 243,908 60.9 8 55.4 5 88,628 22.1 9 0.088 1 0.028 1 4.8 Mod.
Murrupula 140,685 45.3 6 62.4 8 38,027 12.3 5 0.058 5 0 10 6.8 Alta
Ribàué 156,754 25.0 3 49.5 3 48,999 7.8 3 0.054 5 0.017 4 3.6 Baixa
Lalaua 81,685 18.0 2 61.0 8 25,357 5.6 2 0.064 4 0 10 5.2 Mod.
Malema 126,408 20.8 3 50.2 3 45,231 7.4 3 0.051 6 0.017 4 3.8 Baixa
A. Molocue 252,537 39.7 5 46.0 2 70,576 11.1 4 0.052 6 0 10 5.4 Mod.
Gurué 177,297 31.3 4 49.5 3 68,947 12.2 5 0.04 7 0 10 5.8 Mod.
Cuamba 123,638 23.1 3 43.6 1 59,209 11.0 4 0.05 6 0.022 3 3.4 Baixa
Mecanhelas 199,884 39.7 5 56.7 6 65,650 13.1 5 0.061 4 0.011 7 5.4 Mod.
Mandimba 138,673 29.5 4 60.4 8 61,188 13.0 5 0.04 7 0.019 4 5.6 Mod.
N'Gauma 81,314 27.0 4 64.6 9 37,849 12.5 5 0.041 7 0.02 3 5.6 Mod.
Majune 34,287 3.0 1 61.0 8 10,578 0.9 1 0.024 10 0 10 6 Mod.
Lichinga 110,703 19.4 3 67.2 10 57,057 10.0 4 0.058 5 0.01 7 5.8 Mod.
Sanga 59711 4.8 1 56.7 6 16,403 1.3 1 0.019 10 0 10 5.6 Mod.
Vulnerabilidade
Quantidad Não Increase
Classes de
Consumopara Saldo Balança
e total da Aumento available
fins comerciais Saldolocal Comercial Comercial
biomassa Total physically
Nome do e residenciais (ton) "Liberal" "Conservativo
lenhosa Industrial accessible
Distrito (ton) (ton) " (ton)
(,000 ton) (ton) (ton)
(41)=
(37) (38) (39) (40) (42) (43) (44)
(39)-(40)
Monapo 11,314 44,187 385,306 196,313 188,993 171,965 171,940 Mod.
Muecate 10,298 37,734 331,154 59,060 272,094 229,783 229,783 Baixa
Mecuburi 14,445 575,873 468,654 108,748 359,906 162,662 162,662 Mod.
Meconta 8,813 342,693 292,739 112,289 180,450 154,868 154,868 Mod.
Mogovolas 664 306,191 253,958 167,269 86,689 39,671 39,671 Mod.
Nampula 6,622 314,528 277,922 122,790 155,132 123,988 111,512 Mod.
Murrupula 6,063 2,835 244,192 92,215 151,977 115,923 113,101 Mod.
Ribàué 11,612 527,253 439,408 118,298 321,110 205,765 199,077 Mod.
Lalaua 7,526 282,336 238,793 46,252 192,541 130,609 118,253 Mod.
Malema 12,282 446,062 361,133 110,392 250,741 168,069 138,441 Mod.
A. Molocue 13,006 65,034 553,485 167,934 385,551 298,541 276,773 Baixa
Gurué 8,835 410,268 331,253 214,948 116,305 -547 -10,431 Alta
Cuamba 11,913 448,238 296,943 131,969 164,974 110,408 105,534 Mod.
Mecanhelas 9,889 407,616 285,434 86,575 198,859 145,258 116,628 Mod.
Mandimba 11,196 4,034 275,018 81,845 193,173 164,993 164,889 Mod.
N'Gauma 8,348 299,138 237,713 35,551 202,162 187,560 180,029 Mod.
Majune 34,895 1,129,240 791,606 17,507 774,099 523,548 523,548 Baixa
Lichinga 14,175 502,245 35,166 55,682 295,978 259,022 236,910 Baixa
Sanga 323,715 1,096,130 626,097 35,506 590,591 386,086 339,959 Baixa
3-124
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
O mapa consiste em 6 graus de compatibilidade conforme mostra a Tabela 3.12.13. A tabela ilustra,
igualmente, a relação entre o mapa de base sobre compatibilidade do sistema de Agrícola, As
categorias do Uso da Terra, e a vulnerabilidade social e ambiental.
7) Pontuação Final
3-125
Versão Provisória - ANEXO
3-126
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
(1) Zona I
O resultado da análise FOFA da Zona I é apresentado na Tabela 3.2.17. Esta zona localiza-se na região
norte do extremo oriental da área de intervenção. Nesta zona foram desenvolvidas muitas empresas
agrícolas que produzem principalmente o algodão durante o período colonial. Além disso, esta zona é
um famoso centro de produção de caju em Moçambique. Esta zona é subdividida em duas partes. A
primeira parte, distrito de Monapo, é uma área urbanizada decentemente povoada. Monapo possui
acessos rodoviários em boas condições, precisamente à Nacala porto e cidade de Nampula, permitindo
que diversas actividades económicas prosperam no distrito. Por outro lado a restante parte, isto é, os
distritos de Muecate e Mecubúri, são constituídos por comunidades tipicamente rurais. Mandioca,
amendoim e legumes constituem as principais culturas básicas da população residente nestes distritos,
bem como as principais culturas produzidas por agricultores da zona. Um número considerável de
produtores cultiva também algodão e algumas outras culturas de rendimento ao abrigo do regime de
fomento. O caju é também uma fonte adicional importante de renda.
3-127
Versão Provisória - ANEXO
(2) Zona II
O resultado da análise FOFA referente a Zona II é apresentado no Quadro 3.2.18. Esta Zona está
localizada na parte sul do extremo leste da área de intervenção. Esta zona é a área mais densamente
povoada da área de intervenção, uma vez que muitas indústrias são desenvolvidas no centro e ao redor
da cidade de Nampula. Os distritos de Mogovolas e Murrupula têm alta vulnerabilidade
socioeconómica, sendo a causa provável o efeito adverso do desenvolvimento económico. O tamanho
médio das terras agrícolas por exploração familiar na Zona II é o mais baixo entre todas as zonas. Por
outro lado, a percentagem de campos agrícolas para a área total da Zona II é a mais elevada. A alta
pressão da população pode causar um desenvolvimento desordenado da terra nesta zona. As principais
culturas básicas e cultivadas nesta zona são as mesmas que as da Zona I. O cultivo de culturas de
rendimento é mais desenvolvido na Zona I comparativamente com a Zona II, com excepção da
produção de caju que está mais desenvolvida do que na Zona I. A Zona II carece das principais
culturas alimentares, com excepção de mandioca e amendoim.
O resultado da análise FOFA relativa à Zona III é apresentado na Tabela 3.2.19. Esta zona localiza-se
no centro da área de estudo. Esta zona produz uma grande quantidade de excedentes das principais
culturas. Abençoada com área extensas de terra e solo fértil, esta zona também produz diversas
culturas de rendimento à semelhança da Zona I. Isto implica que a Zona III é um celeiro da Área de
intervenção. Contrariamente às Zonas I e II, apenas um determino conjunto de culturas é popular na
Zona III. Os produtores têm um padrão de cultivo bem equilibrado do milho, da mandioca, mapira e
diferentes tipos de leguminosas. À semelhança da Zona I, um número significativo de produtores se
dedica ao cultivo de culturas de rendimento como o algodão, tabaco e outras culturas ao abrigo do
regime de fomento.
(4) Zona IV
O resultado da análise FOFA relativa a Zona IV é apresentada na Tabela 3.2.20. A Zona IV abrange a
parte oriental do distrito de Gurué. É uma zona com características peculiares devido às suas
especificidadesgeográficas e meteorológicas (tais como, relevo alto, temperatura relativamente fria e
alta precipitação). Beneficiando-se das suas características peculiares, esta zona é conhecida desde o
tempo colonial pelaprodução de chá. No entanto, os pequenos produtores não cultivam o chá, sendo
que todas as plantações de chá existentes nesta zona pertencem à empresas agrícolas. Duma forma
geral, os produtores cultivam milho, mandioca, mapira e diferentes tipos de leguminosas, à
semelhança do que acontece na Zona III. Devido ao aumento progressivo da população e prevalência
do relevo montanhoso, a área de cultivo dos pequenos produtores tende a reduzir. Esta Zona tem a
segunda maior densidade populacional após a Zona II, e tem alta vulnerabilidade ambiental de acordo
com a análise feita pela Equipa de Estudo.
(5) Zona V
O resultado da análise FOFA relativa à a zona V é apresentado na Tabela 3.2.21. A zona localiza-se na
parte ocidental da Área de Estudo e ao longo da fronteira com o Malawi. Com uma densidade
3-128
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
populacional modesta e uma área com alto potencial para a prática da agrícola, espera-se que esta zona
seja uma nova fronteira para o desenvolvimento agrícola. No entanto, espera-se que esta zona venha a
ressentir-se em grande medidada do elevado aumento da população nas zonas rurais até 2030. A
pressão do crescimento continua da população leva a projecção de nuvens escuras sobre o
desenvolvimento agrícola em equilíbrio com o meio ambiente. Além do mais, existem vários conflitos
de terra entre os produtoreslocais e empresas agrícolas, principalmente na planície de Lioma onde
vários investidores têm desenvolvido plantações de soja em grande escala. As empresas agrícolas
também estendem os seus negócios aos produtores locais no âmbito do regime de fomento. O tabaco e
o algodão são culturas tradicionais cultivadas ao abrigo do regime de fomento nesta Zona, entretanto
não há disponibilidade de dados fiáveis sobre a sua produção. As principais culturas cultivadas pelos
produtores da Zona V são o milho e o feijão. A mandioca e o amendoim não são as principais culturas
desta Zona. Uma vez localizada num ponto logístico estratégico, armazéns e algumas indústrias de
agro-processamento já começaram a funcionar, principalmente em Cuamba e Mandimba.
(6) Zona VI
O resultado da análise FOFA referente à Zona VI é apresentado na Tabela 3.2.22. Esta zona localiza-se
na parte noroeste da área de estudo. É caracterizada pela baixa densidade populacional e agricultura
relativamente menos desenvolvida da quando comparada com outras zonas que compõem a área de
intervenção do programa.. Nos últimos tempos grandes projectos de desenvolvimento florestal e de
mineração estãoa receber mais atenção do que projectos de desenvolvimento agrícola. Àsemelhança
da Zona V, conflitos graves de terra entre os produtores emlocais e projectos de desenvolvimento
caracterizam esta zona. Grandes áreas de floresta ainda são mantidas em boas condições nesta zona.
Os projectos de desenvolvimento agrícola devem ser bem harmonizados com as políticas de
conservação e desenvolvimento das florestas. Esta zona apresenta uma condição climática exclusiva
(isto é, temperatura fria e precipitação relativamente alta), facto que lhe confere um potencial para ser
aproveitada em prol da promoção do desenvolvimento agrícola na área.
3-129
Versão Provisória - ANEXO
3-130
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
3-131
Versão Provisória - ANEXO
3-132
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Tabela 3.12.18 Análise FOFA para Zona II (Meconta, Mogovolas, Nampula e Murrupula)
A Favor Do Desenvolvimento Agrícola Prejudiciais ao Desenvolvimento Agrícola
<Forças> <Fraquezas>
Origem Interna
Excedentes da Produção das Principais Culturas Excedentes da Produção das Principais Culturas
Excedente de produção de mandioca Défices da maioria das principais culturas
Produtos especiais de machambas locais alimentares
Castanha de caju, amendoim, arroz com casca, Irrigação
algodão (Meconta), gergelim (Meconta), Muitas instalações de irrigação extintas
Irrigação Problemas Específicos
Alto potencial para irrigação por pequenas bombas Cajueiros velhos (necessidadede substituirpor novas
árvores)
<Oportunidades> <Ameaças>
Socioeconómicas Socioeconómicas
- Agronegócios relativamente desenvolvidos - Alta vulnerabilidade
- Receptividade média a alta em relação a sócioeconómicaemMogovolaseMurrupula
novas tecnologias agrícolas - Escassez deLenha
Cobertura do solo e uso da terra Cobertura do solo e uso da terra
- Alta percentagem de terras agrícolas no - Redução dasterrasagrícolas
momento pelodesenvolvimento da indústria e aumento
Origem Externa
3-133
Versão Provisória - ANEXO
Tabela 3.12.19 Análise FOFA para Zona III (Ribaué, Lalaua, Malema e Alto Molócuè)
A Favor Do Desenvolvimento Agrícola Prejudiciais ao Desenvolvimento Agrícola
<Forças> <Fraquezas>
Solo Irrigação
Alta percentagem de solos férteis Muitas instalações de irrigação extintas
Excedentes da Produção das Principais Culturas
Excedente da maioria das culturas principais
Origem Interno
3-134
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Tabela 3.12.20 Análise FOFA da Zona IV (Gurué excluindo o Posto Administrativo de Lioma)
A Favor Do Desenvolvimento Agrícola Prejudiciais ao Desenvolvimento Agrícola
< Forças> < Fraquezas>
Clima Diversificação de Culturas
Origem Interna
3-135
Versão Provisória - ANEXO
Tabela 3.12.21 Análise FOFA para a Zona V (Posto Administrativo de Lioma em Gurué, Cuamba,
Mecanhelas, Mandimba e Nguama)
A Favor Do Desenvolvimento Agrícola Prejudiciais ao Desenvolvimento Agrícola
< Forças> < Fraquezas>
Excedentes da Produção de Culturas Diversificação das Culturas
Excedentes de milho, mapira e feijão Não avançada
Origem Interna
Socioeconómicas Socioeconómicas
Alta compatibilidade com agro. Diversificação - Graves conflitos de terraentreos agricultores
Localização locais e empresasagrícolas (Postos
Próximo à fronteira com Malawi Administrativos deLiomaeMandimba) e entre
Cobertura do solo e uso da terra os agricultores locaisem Cuamba
Extensas áreas agrícolas na planície de Lioma - Espera-se que o elevado crescimento da
Transporte população venha a influenciara segurança
- Paragem estratégica (Porta de entrada alimentar e oacesso às terras agrícolas no
paraNampula,Gurué, Lichinga, Marupa, futuro
Origem Externa
3-136
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
3-137
Versão Provisória - ANEXO
Outro ponto sensível é o confronto entre o homem e a fauna bravia, que se verifica em alguns pontos
do corredor, além de problemas relacionados com a caça furtiva e o risco de destruição de culturas por
animais como elefante em alguns distritos.
Perigos relacionados com a desertificação ou a acumulação de sal em grande escala não são
proeminentes na área de intervenção. No entanto, vários distritos como Monapo, Mogovolas, Gurué e
Alto Molócuè enfrentam problemas de erosão do solo. Ademais, a falta de investimento na
manutenção da rede de estradas provoca impactos ambientais, nomeadamente a erosão, o
assoreamento, a deterioração da qualidade da água, etc.
De acordo com o quadro legal moçambicano sobre o meio ambiente, foram estabelecidas zonas de
protecção parcial que cobrem áreas específicas. No entanto, a aplicação efectiva da legislação e a
conservação dessas áreas são ainda insignificantes na maioria dos distritos do Corredor de Nacala.
Assim, cresce a importância da avaliação de impacto ambiental (EIA), através de processos de
licenciamento ambiental adequados, com o objectivo de minimizar os problemas ambientais existentes
e evitar outros possíveis problemas.
As áreas protegidas nacionalmente são designadas na Área de Intervençãoe são apresentadas na Figura
3.13.1e na Tabela 3.13.1. É importante notar que todas estas áreas têm sido, e, na verdade, são,
habitadas por algumas comunidades. Nas proximidades da área de intervenção, existem outras áreas
protegidas como o Parque Nacional das Quirimbas (Província de Cabo Delgado), Reserva do Gile
(província da Zambézia), Reserva Florestal do Baixo Pinda e a Reserva Florestal Matibane (província
de Nampula). A Ilha de Moçambique, considerado património da Humanidade pela UNESCO,
também está localizada nas proximidades da área de intervenção do programa.
3-138
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
3-139
Versão Provisória - ANEXO
Reserva Florestal Província de Nampula; GAZEDA Oficial (número desconhecido) de 1950, com o
M'palue Distrito de Ribáuè; objectivo principal da conservação da captação de água
5.100 ha originalmente e que alimenta o rio Mepuipui e protecção à fauna e a flora da
4.250 ha actualmente. região.
Reserva Florestal Província de Nampula;
Ribáuè Distrito de Ribáuè;
5.200 ha originalmente e
3.750 ha actualmente.
Zona Oficial de Província do Niassa Decreto nº44 de Agosto de 2013 "Criação de Zona Oficial
Caça Lureco** (Distritos de Marrupa e de Caça Lureco " orientada para actividades de caça
Majune); desportiva, visando a conservação da biodiversidade
229,700 ha equilibrada com o uso sustentável dos recursos florestais e
faunísticos
* Áreas são citadas em publicações diferentes, embora se saiba que alguns números são incompatíveis com a
realidade. ** Área oficial (“Coutada”) não está classificada,no sentido legal, enquanto parque nacional ou
reserva.
Fonte: Equipa de Estudo
Existem pelo menos 35 espécies legalmente protegidas e 34espécies ameaçadas ou quase ameaçadas
de vertebrados (dos quais, 13 espécies nas duas categorias) na área de intervenção, conforme ilustra a
tabela abaixo. No entanto, ainda não existe um inventário completo com base em pesquisa científica.
A Reserva Nacional do Niassa, o Lago Niassa eo Monte Namuli (distrito de Gurué) são especialmente
conhecidas peloendemismo de espécies animais. Relata-se igualmente que existem pelo menos 42
espécies de plantas ameaçadas (incluindo 35 endémicas e 3 espécies quase endémicas), em Nampula,
Niassa e Zambézia.
Por outro lado, regista-se confronto entre o homem e os animais selvagens em alguns lugares ao longo
do Corredor de Nacala. As espécies consideradas perigosas para a vida humana e suas propriedades
são elefante, leão, hipopótamo e crocodilo e, portanto, o governo justifica a sua captura, remoção ou
abate (excepto para o leão, que é protegido por lei), desde que tais acções ocorram fora das áreas
protegidas e sigam devidamente os procedimentos correctos.
3-140
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Situação de acordo
Nome vulgar/comum Nome Científico com IUCN Protecção legal
Lista Vermelha
Macaco de cara preta ou azul Cercopithecus pygerythrus Não Avaliada Protegido
Macaco Azul Cercopithecus mitis Pouco Preocupante Protegido
Marsh Mongoose Atilax paludinosus Pouco Preocupante Protegido
Bushy-tailed Mongoose Bdeogale crassicauda Pouco Preocupante Protegido
Common Dwarf Mongoose Helogale parvula Pouco Preocupante Protegido
Eyptian Mongoose Herpestes ichneumon Pouco Preocupante Protegido
Slender Mongoose Herpestes sanguineus Pouco Preocupante Protegido
White-tailed Mongoose Ichneumia albicauda Pouco Preocupante Protegido
Banded Mongoose Mungos mungo Pouco Preocupante Protegido
Meller's Mongoose Rhynchogale melleri Pouco Preocupante Protegido
Zorilla Ictonyx striatus Pouco Preocupante Protegido
Texugo de Mel Mellivora capensis Pouco Preocupante Protegido
Rinoceronte preto Diceros bicornis Criticamente em Protegido
Perigo
Rinoceronte Branco Ceratotherium simum Quase Ameaçada Protegido
Elefante Africano Loxodonta africana Vulnerál Menos -**
Preocupante*
Checkered Sengi Rhynchocyon cirnei Quase Ameaçada -
Hipótamo Hippopotamus amphibius Vulnerál -
Large-eared free-tailed Bat Otomops martiensseni Quase Ameaçada -**
Straw-colored Fruit Bat Ediolon helvum Quase Ameaçada -**
Vincent's Bush Squirrel Paraxerus vincenti Em extinção -
PÁSSARODS
Pallied Harrier Circus macrourus Quae Ameaçada Protegido
Southern Banded Snake-eagle Circaetus fasciolatus Quae Ameaçada Protegido
Square-tailed Nightjar Caprimulgus fossii Menos preocupante Protegido
Taita Falcon Falco fasciinucha Quase ameaçada Protegido
Hooded Vulture Necrosyrtes monachus Emextinção Protegido
White-headed Vulture Trigonoceps occipitalis Vulnerável Protegido
African Skimmer Rynchops flavirostris Quase Ameaçada Protegido
Madagascar Pond-heron Ardeola idea Em extinção Protegido
Marabou Stork Leptoptilos crumeniferus menos preocupante Protegido
Secretarybird Sagittarius serpentarius Vulnerável Protegido
Comoro Olive-pigeon Columba pollenii Quase ameaçada -
Dappled-mountain Robin Modulatrix orostruthus Vulnerável -
East Coast Akalat Sheppardia gunningi Quase ameaçada -
Namuli Apalis Apalis lynesi Quase ameaçada -
Olive-headed Weaver Ploceus olivaceiceps Quase ameaçada -
Spotted Ground-thrush Zoothera guttata Ameaçada -
Stierling’s Woodpecker Dendropicos stierlingi Quase ameaçada -
Thyolo Alethe Alethe choloensis Em extinção -
Wattled Crane Bugeranus carunculatus Vulnerável -
White-winged Apalis Apalis chariessa Vulnerável -
AMNFÍBIOS
(Desconhecido) Arthroleptis francei Em extinção -
(Desconhecido) Hyperolius puncticulatus Em extinção -
PEIXE
Tilapia Moçambicana Oreochromis mossambicus Quase ameaçada -
INSECTOS
Malaquita elegante Chlorolestes elegans Vulnerável -
(Desconhecido) Nepogomphoides Vulnerável -
stuhlmanni
Note: * Para a região da África Austral, incluindo Moçambique, considera-se como "pouco preocupante”.
** Estas espécies estão listadas no Anexo I (Loxodonta africana) e o anexo II (Otomops martiensseni, Ediolon helvum)
da Convenção do UNEP sobre Conservação das Espécies Migratórias Selvagens.
Fonte: Equipa de Estudo
3-141
Versão Provisória - ANEXO
Conforme descrito no Capítulo 2.10, a inspecção e auditoria ambientalrealizadas pelo MICOA são
ferramentas poderosas do Governo para proteger os ambientes naturais e sociais, se forem aplicados
correctamente. No entanto, de acordo com entrevistas realizadas com funcionários do MICOA a nível
central e provincial, a inspecção e auditoria ambiental - que é realizada em cada 6 meses dos projectos
não são realizados com a frequência ideal, não só no Corredor de Nacala, mas em todo país. Na
realidade, alguns projectos de investimento começam sem esperar pela autorização da AIA e emissão
oficial de licença ambiental (processos longos) e a razão prende-se com o facto de tratar-se, nesses
casos, de projectos de investimento aprovados e a sua implementação deverá iniciar dentro de 120 dias.
Ademais a licença provisória de uso e exploração de terra (DUAT) pode ser revogada se o projecto
não mostrar os progressos de acordo com o plano de exploração sem um motivo justificável em um
período de 2 anos86. Os principais motivos que estão por de traz da referida falta de supervisão são: a
falta de orçamento, falta de pessoal formado, falta de equipamentos e especialistas com capacidades.
Esta situação periga a continuidade dos recursos naturais, em alguns casos.
86
. Na província da Zambézia, Foi informada de que, pelo menos, dois grandes projectos de agricultura comercial estão em curso,
sem a apresentação de relatório AIA e sem aquisição de licenças ambientais, apesar do pedido oficial junto ao DPCA
3-142
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
metade da quantidade vendida por agregados familiares chefiados por homens. Em geral, as mulheres
predominam nas actividades de trabalho intensivo e baixo retorno na cadeia de valor da mandioca,
enquantoos homens trabalham em locais mais lucrativos, como o armazenamento e moagem. A
violência doméstica ainda constitui um problema de difícil monitoria, uma vez que não é reportado
pelas famílias. Em 2004, foi aprovada a nova Lei da família, que aborda vários temas de grande
relevância social, como a discriminação, adopção e tutela.
Património Cultural" e "património de libertação nacional" abarcam uma vasta gama de definições em
Moçambique. Uma vez reconhecidas oficialmente pelo Conselho de Ministros, estas heranças estão
sujeitos a protecção especial do Estado. As zonas a volta do local arqueológica é legalmente declarada
são designadas "zonas de protecção arqueológica". No entanto, não existe um inventário completo
com base num levantamento sistemático na área de estudo, portanto não descora a possibilidade de
eventual descoberta. Constituem exemplos de heranças encontrados frequentemente, pintura rupestre,
ferro de fundição local, igrejas, monumentos, elementos naturais sagrados, campas históricas,
sepultura de soldados, etc.
Alguns problemas relacionados com fronteiras das terras, especialmente quando estas não são
claramente distinguidas, são tratados pela lei no âmbito do quadro de co-propriedade entre as
comunidades, mas geralmente esses limites são definidos pelos líderes comunitários. Existe também a
possibilidade de conflito com as populações das pastagens que passam pelas terras de outras
comunidades e utilizam a água da região temporariamente.
1) Questões Relacionadas ao DUAT
Os passos para obtenção do DUAT exigem tempo e recursos financeiros, tornando a legalização da
terra um desafio para a maioria da população. Embora SPGC está disponível para oferecer orientação,
algumas entrevistas com as empresas e os indivíduos que obtiveram DUAT ou estão no processo de
obtenção revelaram que, na realidade, o processo é lento e complexo, a mesma situação ocorre na
obtenção de licenças e transferências de direitos. A falta de interesse, capacidade e/ou necessidade
para a maioria dos ocupantes locais para regularizar o seu DUAT faz com que o Gabinete Nacional de
Registo de Terras seja um instrumento de baixa precisão em termos de avaliação das áreas disponíveis
ou desocupados e, por outro lado, as áreas que podem ser utilizadas para outros processos de produção,
onde as terras são ocupadas sem DUAT formais.
3-143
Versão Provisória - ANEXO
Ao garantir a ocupação legítima de terras pelos seus cidadãos, com base em normas, práticas e boa-fé,
o Governo de Moçambique valoriza correctamente sua população e sua tradição. No entanto, a falta de
um mecanismo para fornecer dados concretos sobre esta realidade torna-se um constrangimento para a
definição de políticas que podem permitir a integração dessas populações, que, em geral, se encontra
numa posição menos favorecida, no processo de produção, garantindo um melhor rendimento e
qualidade de vida.
3-144
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Várias comunidades realizaram a delimitação das suas áreas como um meio de proclamar e visualizar
seus DUATs obtidos através da ocupação tradicional (ver Tabela 3.13.4 abaixo), embora, do ponto de
vista legal, esta iniciativa não impede o desenvolvimento de actividades económicas nessas áreas
desdeque haja um consenso. As observações do MINAG/DNTF, colhidas com experiência de
delimitação de terras comunitárias de 2000-2010 são: (i) Fraca capacidade do governo na alocação do
orçamento, (ii) grande diferença nas áreas (de 300 ha a 364.000 ha); (iii) fraca capacidade de prestação
de serviços, e (iv) Sobreposição de DUAT.
Embora os investimentos agrícolas de grande escala são muito reduzidos, no Corredor de Nacala,
foram relatados os casos de conflitos entre investidores e comunidades, a maioria dos quais ocorreu
durante a delimitação da área de concessão. A tabela abaixo resume os conflitos de terra com as
comunidades decorrentes de investimentos agrícolas no Corredor de Nacala e arredores.
87
Confrontos entre produtores, camponeses e investidores, no norte da Zambézia, em Moçambique, no contexto das pressões
relativas ao lucro de Investidores Europeus ", Simon Norfolk e Joseph Hanlon, Conferência Anual sobre Terra e Pobreza 2012,
do Banco Mundial
88. Os procedimentos de solicitação e consulta comunitária para a aquisição de um direito de uso da terra (DUAT) será discutido na
3-145
Versão Provisória - ANEXO
Embora irá se discutir com profundidade os procedimentos para a aquisição do DUAT em outras
secções do presente documento, são apresentados a seguir alguns dos resultados, a fim de ajudar a
prevenir conflitos com as comunidades locais decorrentes de a implementação de grandes
investimentos agrícolas.
1) Consulta pública insuficiente: Embora a Lei de Terras e a Legislação relevante prevê a realização de
consultas públicas, pelo menos duas vezes, envolvendo as partes interessadas (representantes do
investidor, representantes do governo local e representantes da comunidade), o processo de consulta é,
muitas vezes, dominado por líderes políticos/religiosos locais. Apesar de, provavelmente a maioria das
pessoas que será afectada pelo projecto de investimento esteja presente, muitas vezes hesita expressar
sua opinião em frente de um grande público e, consequentemente, a perspectiva genuína da
comunidade não se reflecte no acordo com o investidor, sobre a demarcação das terras. Além disso,
aliado ao problema de consultas públicas, está a falta de anúncio com antecedência, número
insuficiente de reuniões (em alguns casos, a reunião foi realizada num único dia e não foi repetida), a
representação não é totalmente imparcial, notas insuficientes ou contraditórias, explicação vaga dos
compromissos do investidor, falta de consideração em relação às futuras necessidades de terra de
expansão da comunidade, etc.
2) No conteúdo das actas das reuniões de consulta pública: o investidor é obrigado a anexar as actas
das reuniões de consulta pública, assinadas pelas três partes (o governo, investidores e comunidade),
3-146
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
no formulário de pedido de DUAT. As actas são necessárias para descrever os detalhes do acordo,
nomeadamente a remuneração, benefícios sociais, plano de reassentamento, cronograma do projecto,
etc.,mas as descrições são geralmente vagas, contendo frases gerais sobre as boas-vindas ao projecto e
referências indistintas aos benefícios sociais e sistemas de compensação. Além disso, o “acordo de
parceria entre a comunidade e o investidor" não é um contrato juridicamente vinculativo e com
sansões, no caso de investidor ou comunidade ou ambos não respeitarem as promessas feitas.
3) Papéis indistintos das autoridades locais na resolução de conflitos: não está clara a jurisdição das
autoridades locais em relação à resolução de conflitos sobre questões de terra de investimento agrícola.
Embora SDAE poderia assumir um papel proeminente na mediação desses conflitos, a sua capacidade
é limitada em termos de pessoal e carga de trabalho. Ademais, é importante referir que a coordenação
necessária entre as instituições governamentais para evitar conflitos de usos da terra é, aparentemente
ausente em alguns casos. É necessário um diálogo permanente com as comunidades para resolver
qualquer conflito, e, portanto, seria fundamental a facilitação de uma terceira parte, como governo
local, para encontrar-se uma melhor solução. Além disso, os documentos oficiais relacionados com os
projectos de investimento, tais como a requerimento/ autorização do DUAT, proposta de CPI, o
relatório A.I.A, sínteses de consulta à comunidade, o relatório de monitoria ambiental, registo de
inspecção/auditoria, etc., não são basicamente acessíveis pelo público, e isto faz com que se torne
difícil para a sociedade civil ou meios de comunicação social a saberse o projecto está a ser
implementado correctamente ou não.
89
A título de exemplo, um projecto de investemento de biocombustível de grande escala em Gaza obteve DUAT provisório para
exploração de 30.000ha em 2007 (Resolução nº 54/200). Entretanto, o DUAT foi revogado devido ao incumprimento não
justificado do plano de calendário de trabalho (Resulolução nº 88/2009)
90
Em 2009, um total de 950 de terrenosem Moçambique, cobrindo cerca de 540.000 ha foram submetidos à supervisão por DNTF.
Como resultado, os DUAT foram revogadas, em 197 parcelas de terra que cobrem 22% da área supervisionada devido ao uso
subdesenvolvido. (Fonte: 1 º relatório de acompanhamento da boa governação na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais
em Moçambique 2010-2011, Centro Terra Viva (CTV)
3-147
Versão Provisória - ANEXO
Em cada caso, foram identificados prováveis impactos negativos sobre o meio ambiente natural e
social e, fora igualmente propostas medidas de mitigação. A Tabela 3.13.7 apresenta um resumo
comparativo.
Podemos observar que a água, o solo, o ecossistema, a subsistência de pessoas afectadas, a segurança
dos trabalhadores e questão da saúde são considerados como preocupação principal. As medidas de
mitigação propostas nesses estudos de caso podem ser uma referência valiosa para o Plano Director.
3-148
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
Tabela 3.13.7 Prováveis Impactos Adversos e Medidas de Mitigação nos Estudos de Casos
Estudo de
Impactos
Caso Medidas de mitigação (número de estudo de caso)
adversos
(1) (2) (3) (4)
(1) Adopção das orientações BPA internacionais sobre uso de
agro-químicos; Monitoria do nível, qualidade e salinidade da
água.
(2) Tratamento de efluentes (filtração, floculação, depósito);
Poluição da Água X X X X
Reutilização para a irrigação de pastagens; Monitoria a cada 3
meses.
(3)(4) Boa gestão de agro-químicos; Remoção de matéria
orgânica de reservatórios.
Deposição
(2) Disposição de resíduos sólidos (aterro ou incineração);
indevida de X
Reutilização como ração animal; Monitoria a cada 3 meses.
resíduos sólidos
Danificação das
X (3) Assistência para esforços de reabilitação em curso.
áreas protegidas
(1) Zona de tampão ampliada ao longo dos cursos de água;
Perturbação minimizada.
Danificação do
(3) Estudo especial da abiota; Criação de áreas de compensação.
ecossistema e X X X
(4) Agro-florestal; Fontes de energia alternativas; Critérios
biodiversidade
rigorosos de selecção de projectos; Criação da consciência;
Incentivo às boas práticas; zoneamento.
(1) Manter o fluxo de compensação através de operação da
barragem;
(3) Levantamento do fluxo hidrológico; Não financiar grandes
Alteração do
barragens; Manter fluxo mínimo por meio de operação da
regime X X
barragem; Descarga periódica de reservatórios; Protecção de
hidrológico
várzeas; Controlo de captação de água superficial ou
subterrânea; Disposição e manejo adequados do sistema de
irrigação.
(1) Adopção das orientações BPA internacionais sobre uso de
Erosão, produtos agro-químicos.
sedimentação, X X X (3) Utilização de técnicas agrícolas adequadas e bom manejo da
acúmulo de sal irrigação em nível de bacias hidrográficas.
(4) Zoneamento para área de pastagem e outras áreas.
Efeito
(3) A notificação prévia dos Estados a montante de rios
transfronteiriço ou X
internacionais.
global
Destruição de (1) Deslocalização de túmulos com base no consenso e tradição
Património X X local.
histórico (3) Protecção do património por acaso, encontra a bordagem
(1) Disponibilização de uma nova casa, campos agrícolas,
compensação monetária, ferramentas manuais, lenha e
insumos agrícolas; consenso com as comunidades anfitriãs;
Reassentamento Mecanismo de encaminhamento dequeixas
X X
involuntário (3) Avaliação de aquisição de terras em triagem; Censo de todas
as pessoas afectadas; Prevenção de reassentamento, sempre
que possível; aprovação Plano de Ação de
Reassentamento(RAP).
(1) Emprego da população local como força de trabalho;
Reconstrução da escola existente e reabilitação de postos de
Perda ou
saúde existentes
restrição dos
X X X (3) Participação do usuário nas etapas planificação e desenho;
meios de
consulta com as comunidades locais; criação de oportunidades
subsistência
de emprego.
(4) Zoneamento; cadastro de terras; parceria entre as
3-149
Versão Provisória - ANEXO
3-150
Plano Director para o Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala
3-151