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PROCESSOS DE FUNDIÇÃO
1. Introdução
Fundição é o processo para obter-se objetos vazando metal fundido em um molde preparado com o
formato da peça, deixando -se o material solidificar-se por resfriamento.
A fundição é uma das indústrias mais antigas no campo de trabalho dos metais e data de
aproximadamente 4.000 AC, tendo sido empregados desde esta época inúmeros métodos para
obtenção da peça fundida.
Destes o mais tradicional é o da fundição em areia, que até hoje é dos mais usados. Este processo é
o mais adequado para o ferro e o aço que têm altas temperaturas de fusão, podendo também ser
usado, para o alumínio, latão, bronze e magnésio. Outros processos que se destacam pela sua
utilização nos dias de hoje são:
• Fundição em casca (Shell Molding)
• Fundição em moldes metálicos (por gravidade ou sob pressão)
• Fundição centrífuga
• Fundição de precisão (cera perdida, moldes cerâmicos)
•
1.1. Importância da fundição
Praticamente todo metal é inicialmente fundido. O lingote que dá origem a um metal trabalhado por
laminação ou forjamento, é inicialmente fundido em uma lingoteira. Peças fundidas tem propriedades
específicas importantes em engenharia, que podem ser: metalúrgicas, físicas ou econômicas. Por
exemplo:
• As peças fundidas são muito mais baratas que as peças forjadas ou conjuntos obtidos por solda,
desde que a produção passe de um certo limite mínimo, que compense o investimento no modelo
necessário para a execução do molde para fundição.
• As peças fundidas são obtidas já na sua forma final ou próximo dela, economizando tempo e
material.
• As peças fundidas, adequadamente projetadas, possuem propriedades mecânicas homogêneas.
Assim, a sua resistência à tração, por exemplo, é a mesma em todas as direções, o que é uma
característica desejável para algumas engrenagens, anéis de pistão, camisas para cilindros de
motores, etc.
• O metal líquido possui a capacidade de escoar em seções finas, de projeto complicado,
possibilitando assim a obtenção de formatos que seriam bastante difíceis de obter-se por outro
processo.
O ferro fundido é o único metal com boas características de amortecimento, minimizando vibrações e
sendo, portanto, ideal para bases de máquinas, bloco de motores, etc.
2. Processos de fundição
Serão objeto de estudo neste curso os seguintes processos:
• Fundição em areia.
• Fundição em casca.
• Fundição em coquilha.
• Fundição sob pressão.
• Fundição centrífuga.
• Fundição de precisão pelo processo da cera perdida.
3. Fundição em areia
Para se fundir uma peça em areia necessitamos, inicialmente, preparar o molde para vazamento do
metal fundido e, para isso, precisamos ter: o modelo da peça, os respectivos machos e a areia
misturada de forma adequada para elaboração do molde.
A seguir damos um esquema da seqüência de etapas do processo de fundição em areia e
analisamos sucintamente cada uma delas
Preparação
do Molde
Montagem
da Caixa
Vazamento
do Metal
Desmoldagem
da Peça
Corte
de Canais
Rebarbação
da Peça
Inspeção
da Peça
Tratamento
Térmico
Quando necessário.
Usinagem
da Peça
Peça Pronta
Caixa de Macho
Macho
Macho
Molde
• Modelo em placa
A decisão sobre o material que se deve utilizar no modelo depende de vários fatores, tais como:
• Quantidade de peças a serem fundidas
• Precisão dimensional necessária e acabamento superficial desejado
• Tamanho e formato do fundido
A tabela a seguir mostra uma comparação entre as características mais importantes de vários
materiais.
Muitos modelos são feitos de dois ou mais materiais diferentes. Por exemplo, em locais de muito
desgaste, podemos usar aço sendo o resto do modelo feito de madeira.
MATERIAL CONTRAÇÃO
Aços 1,5 a 2,0%
Ferro fundido cinzento 0,8%
Ferro fundido dúctil 0,8 a 1,0%
Alumínio 355 e 356 1,5%
Alumínio 13 1,0%
Cobre-Cromo 2,0%
Bronze ao Estanho 1,0%
Bronze ao Silício 1,0%
Bronze ao Manganês 1,5%
Bronze Alumínio 1,5%
Ângulo de saída é a tolerância que se dá às paredes laterais do modelo para poder extraí-lo do molde
sem arrastar areia. Numericamente o ângulo poderá variar entre 0,5º e 2º e, em alguns casos, como
em marcações de machos, poderá chegar a 5º
3.2.5. Machos
A função básica de um macho é ocupar espaços no molde, não permitindo a entrada do metal, dando
origem assim a furos e outras partes ocas da peça. Entretanto, um macho também pode ser usado
para completar uma parte mais delicada de um molde, que não poderia ser produzida com areia
comum do molde, por ser esta menos resistente que as empregadas na fabricação de machos.
Os machos são feitos de areias endurecidas e podem ser reforçados com estruturas de arame,
quando necessário.
Eles devem, também, permitir a contração das peças quando do resfriamento do metal e não devem
apresentar dificuldades para serem removidos da peça pronta.
As areias devem reunir uma série de propriedades que garantam a obtenção de peças fundidas
isentas de defeitos. As principais são as seguintes:
• Moldabilidade:
Capacidade que deve ter a areia de moldagem de adotar fielmente a forma do modelo, e de mantê-la
durante o processo de fundição.
• Refratariedade:
É a capacidade do material de moldagem de resistir à temperatura de vazamento do metal sem que
haja fusão dos grãos de areia.
• Desmoldabilidade:
É a facilidade com que se pode retirar uma peça do interior do molde, de modo a obter-se um fundido
isento de resíduos e material de moldagem.
As ligadas naturalmente são compostas basicamente de sílica, argila e água. A sílica (SiO2) tem
grãos arredondados de vários tamanhos. Sua permeabilidade diminui quanto mais fino for o grão e
quanto mais variados forem os tamanhos de grão.
Para uma boa porosidade a sílica deve ter grãos uniformes e não muito finos.
A proporção de sílica varia de 80 a 95% nas areias de moldagem e seu ponto de fusão é de 1.650ºC.
As argilas são silicatos de alumina que funcionam como aglutinante, formando ao umedecer-se, uma
massa plástica que liga os grãos de sílica.
A resistência da areia aumenta com a proporção da argila, mas sua porosidade diminui, pois a massa
formada pela argila é impermeável. Seu ponto de fusão é de 1.250ºC.
Por motivos de permeabilidade e temperatura de fusão as areias muito argilosas são utilizadas
apenas para fundição de metais de baixo ponto de fusão, tais como o alumínio (700ºC).
A proporção de umidade varia entre 5 a 10%. Esse conteúdo de água influencia na plasticidade,
permeabilidade e resistência dos moldes e, portanto, deve ser constantemente verificado e mantido
dentro do nível ideal.
As areias sintéticas são preparadas à base de areia sílica e um aglomerante mineral, a bentonita. A
bentonita é um mineral que se encontra sob forma de um pó finíssimo, que umedecido forma uma
massa muito compacta. A quantidade de bentonita para preparação da areia é muito menor que de
argila (1 a 5%), o que torna a permeabilidade da areia muito maior.
• Resinas sintéticas (uréia, fenólica ou furânica), conhecido, também como macho de shell
A aplicação de resina sintética como aglutinante permite maior rapidez de preparação do macho
(menos tempo de estufa), facilidade de retirada dos machos, eliminação de gases e melhor
acabamento.
CO2
Caixa de macho
As areias, por estarem em contato com o metal fundido, perdem suas propriedades, de forma que
constantemente elas devem ser recicladas.
A areia que se utiliza normalmente é composta de: areia velha, areia nova, água e pó de carvão.
O pó de carvão é usado para impedir a formação de uma capa superficial de óxido de ferro sobre a
peça fundida, além de aumentar a porosidade e melhorar o acabamento.
Estas areias devem ser preparadas em máquinas misturadoras e são utilizadas como areias de
moldagem propriamente ditas, para cobrir o modelo, distinguindo-se das areias de enchimento, que
são usadas unicamente para encher as caixas e, como não estão em contato direto com o modelo
não influem no acabamento das peças fundidas. As areias de enchimento podem ser de qualidade
inferior, ou mesmo areia velha.
São equipamentos utilizados para o preparo das areias de moldagem, através da mistura de todos
seus componentes. A seguir, mostramos como exemplo, o misturador do tipo contínuo:
• Misturador contínuo
A areia é introduzida e levada para dentro de uma primeira caçamba, onde é revolvida por um
conjunto de facas e misturada através dos mós (rodas) sendo, a seguir, transferida para a segunda
caçamba onde é novamente misturada. Essa mistura vai saindo de forma contínua e em altas
quantidades.
Nessa máquina, como podemos observar na figura acima, todo o conjunto é elevado por um pistão
pneumático que o deixa cair no fim do curso, em queda livre, dando-se a compactação da areia
através do impacto. Em seguida, é completada a quantidade de areia necessária para encher a caixa
e uma prensa termina o trabalho de compactação da areia.
Para a moldagem, o modelo em placa é preso à mesa da máquina e a caixa do molde é encaixada
sobre ele, através de pinos guias. Após repetidas operações do pistão e da ação da prensa, a areia
fica compactada e a caixa com o molde é retirada da máquina através de pinos extratores.
Indicada especificamente para peças de grandes dimensões que não podem ser moldadas pelas
máquinas de impacto e compressão. Este processo provoca uma certa abrasão no modelo e,
portanto é aconselhável que a areia de faceamento seja socada manualmente.
• Bacia de vazamento
Tem a função de permitir o vazamento do metal líquido da panela sem que haja derramamento. Por
este motivo possui uma seção maior. Além disso ela ficará sempre cheia, permitindo que ocorra uma
separação entre a escória e o metal, por diferença da densidade.
• Canal de descida
Além de permitir a passagem do metal líquido, ele procura diminuir a turbulência do metal durante a
descida, daí seu formato cônico. Ele deve ter altura suficiente para que todo o molde seja preenchido
com o metal fundido.
• Canal de distribuição
Tem a função de distribuir o metal pelos vários canais de ataque. Possui um prolongamento após o
último canal de ataque que serve para conter o primeiro metal líquido que entra no molde e que
carrega consigo sujeira e areia. Assim esse metal não atinge nenhum canal de ataque e não irá
estragar a peça com inclusões.
• Canais de ataque
A sua correta distribuição por vários pontos da peça é que garantirá um gradiente favorável de
temperatura evitando distorções por diferenças de temperatura nos diversos pontos.
• Massalotes
O massalote é colocado no sistema de alimentação para conter o “rexupe” (vazio interno), que de
outra forma estaria localizado na peça.
O rexupe ocorre devido à peça se solidificar de fora para dentro. Assim forma-se uma casca que
passa a impedir o fluxo de metal líquido para o interior da peça, não permitindo a compensação da
diminuição do volume de metal, que ocorre devido à contração no estado líquido.
O metal vazando na cavidade do molde deve começar a solidificar-se a uma distância extrema dos
massalotes. Desta maneira os vazios devido a contração de resfriamento movem-se
progressivamente pela peça até atingir os massalotes, que devem ser a última região a solidificar-se
e, portanto, conter o rexupe devido à contração do metal líquido.
À princípio o metal poderá encher o molde entrando por três posições diferentes: Por cima, por baixo
ou na altura da divisão das caixas. Cada uma delas tem suas vantagens e desvantagens, como
comentado a seguir:
Maior facilidade para a abertura do canal. Entretanto é preciso cuidado para não dirigir o jato de metal
contra paredes do molde ou dos machos.
A favor temos o escoamento laminar do metal e o enchimento do molde de baixo para cima, que não
causa problemas de erosão. Por outro lado, é mais difícil de ser cavado o canal e o gradiente de
temperatura é desfavorável, favorecendo a formação de "rexupe" na peça.
3.5.3. Resfriadores
Quando, por causa da complexidade da peça, a solidificação não puder ser dirigida adequadamente
para o massalote, pode-se utilizar resfriadores. Estes são pedaços de metal inseridos no molde que,
em contato com metal fundido, irão diminuir sua temperatura e acelerar a solidificação daquele ponto
da peça.
Os resfriadores podem ser externos, quando não farão parte da peça, ou internos, quando são do
mesmo metal da peça e serão incorporados à mesma.
3.5.4. Ventilações
São pequenos furos feitos na areia do molde, com arame ou estilete, para facilitar a saída de gases e
vapores, sempre que a permeabilidade da areia não for suficiente para isso.
3.6. Desmoldagem
A retirada da peça de dentro do molde deve ser feita após sua solidificação, não sendo obrigatório o
resfriamento até a temperatura ambiente.
Normalmente usam-se máquinas de desmoldar, que consistem de uma grelha vibratória aonde o
molde é colocado.
Com a vibração a areia solta-se da peça e cai, através da grelha, sobre uma esteira rolante, que a
conduz para ser preparada para novo uso.
3.10. Usinagem
Furos de dimensões reduzidas, roscas, detalhes complexos, precisões dimensionais fechadas e
melhor acabamento devem ser obtidos através de usinagem. Para tanto devem ser previstos
sobremetal e marcações de referência para balizamento da usinagem.
1 2 3 4
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Seqüência da operação:
• No recipiente da máquina carrega-se a mistura de moldagem (1).
• A placa de modelar metálica, devidamente aquecida até uma temperatura de 150º a 230º C é
presa sobre o recipiente da máquina (2).
• O recipiente gira de 180ºC, com a mistura de moldagem ficando sobre o modelo metálico
aquecido. Permanece nesta posição durante 15 a 20 segundos. Durante este período de tempo
forma-se na superfície do modelo uma casca de 6 a 10 mm de espessura .(3).
• O recipiente gira novamente voltando a sua posição anterior. A casca permanece aderida ao
modelo e o excesso de mistura de moldagem volta para o fundo do recipiente (4).
• A placa de modelar com a casca formada, é retirada do recipiente e colocada no forno de cocção,
onde é mantida durante 30 a 40 segundos a uma temperatura entre 250º a 300ºC (5).
• A casca sinteriza-se e solidifica-se, sendo retirada da placa com a ajuda de pinos extratores.
• Os moldes são obtidos através da colagem ou colocação de presilhas, que unem suas duas
partes (6).
• No caso de peças maiores, os moldes devem ser mergulhados em areia ou granalhas de ferro, ou
ainda mantidos entre guarnições metálicas, a fim de contrabalançar a pressão hidrostática exercida
pelo metal fundido.
Neste processo o molde metálico é cheio unicamente pela ação da gravidade. Neste caso geralmente
a matriz (molde) é aberta e fechada manualmente, sendo passível, entretanto, de mecanização. Os
machos usados podem ser metálicos ou de areia. Os de areia são usados quando, devido a sua
complexidade, fica difícil sua retirada da peça pronta, ou quando não se exige grande precisão e
acabamento do furo.
5.1.1. O Processo
Os moldes são geralmente feitos de ferro fundido, aço ou bronze, dependendo da durabilidade
esperada e da temperatura de fusão do metal da peça. A vida de um molde varia entre 3.000 a
10.000 peças para fundição de ferro, e pode chegar até 100 mil peças para fundição de metais
moles.
Para a fundição em coquilha o molde deve ser aquecido previamente, a fim de evitar-se o choque
térmico que resultaria de um resfriamento muito rápido. É também aplicado um desmoldante interno
que, além de facilitar a posterior desmoldagem e melhorar o acabamento da peça, poderá controlar o
resfriamento da mesma. Assim, existem dois tipos de revestimento: Os comuns, a base de grafite e
os isolantes a base de argila. Esse último impede o rápido resfriamento de paredes muito finas,
diminuindo os riscos de trincas provocadas pela contração brusca da peça.
Atualmente a fundição em coquilha é amplamente usada para metais não ferrosos (chumbo, zinco,
alumínio, magnésio, estanho, cobre e suas ligas) e, em menor intensidade, para ferro fundido.
O tamanho das peça geralmente não ultrapassa 25 Kgf, podendo no entanto atingir até cerca de 200
Kgf.
As peças obtidas nos moldes metálicos têm uma estrutura de grão fino e propriedades mecânicas
elevadas, mas devido ao resfriamento rápido surgem tensões nas camadas superficiais das peças,
tornando necessário, na maioria das vezes, submetê-las a um tratamento térmico de recozimento.
O acabamento obtido é perfeito, conseguindo-se precisão da ordem de 0,1 mm.
Os gases formados devem escapar do molde através de orifícios capilares colocados na emenda das
duas partes do mesmo.
A peça deve ser desmoldada imediatamente após a sua solidificação para evitar que sua contração
aconteça no interior do molde, o que poderia provocar trincas na peça, pois o molde metálico não é
colapsível.
5.2.2. O Processo
A fundição sob pressão é sempre feita através de máquinas apropriadas, que fecham e travam as
matrizes, injetam o metal sob pressão para dentro dos moldes, enquanto que os gases que estavam
em seu interior são expulsos através de ventilações na emenda das duas partes, que compõem o
molde. Logo que a peça se solidifica, as matrizes se abrem e o fundido é ejetado através de pinos
extratores. Enquanto as matrizes estão abertas elas são limpas e lubrificadas para a próxima
operação.
Estas máquinas são empregadas para obtenção de peças de ligas metálicas, com temperatura de
fusão de até cerca de 450ºC (chumbo, estanho, zinco).
No recipiente de ferro fundido despeja-se o metal líquido, cuja temperatura é mantida constante
através de aquecimento do banho. O metal líquido enche a cavidade do cilindro e do canal de
alimentação, através do orifício existente.
Com a descida do êmbolo do cilindro pneumático, o metal é pressionado para dentro do molde.
Quando a peça solidifica-se o êmbolo levanta-se e o metal líquido desce novamente para seu nível
original. A última operação da máquina é a abertura das matrizes e a ejeção da peça.
O rendimento dessas máquinas é de até 1.000 peças por hora, quando inteiramente automáticas, e a
pressão sobre o metal varia de 6 a 100 atm.
A desvantagem deste tipo de máquina é que suas peças estão em parte mergulhadas no metal
fundido, o que limita os metais que podem ser fundidos, uma vez que temperaturas acima de 500ºC,
favorecem a formação de películas de óxido nas paredes do cilindro, impedindo o livre movimento e
causando grande desgaste do cilindro e do êmbolo.