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Aula Língua Portuguesa

nº Norma Culta x Norma Coloquial


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NORMA CULTA X NORMA COLOQUIAL

A norma coloquial ou linguagem coloquial compreende a linguagem informal, ou seja, é a linguagem cotidiana que
utilizamos em situações informais, por exemplo, na conversa com os amigos, familiares, vizinhos, dentre outros.

Quando utilizamos a linguagem coloquial decerto que não estamos preocupados com as normas gramaticais, e por isso,
falamos de maneira rápida, espontânea, descontraída, popular e regional com o intuito de interagir com as pessoas.

Dessa forma, na linguagem coloquial é comum usar gírias, estrangeirismos, abreviar e criar palavras, cometer erros de
concordância, os quais não englobam as preocupações com a norma culta.

Para tanto, quando escrevemos um texto é muito importante que utilizemos a linguagem formal (culta), ou seja,
gramaticalmente correta. Isso é um problema que ocorre muitas vezes com os estudantes que tentam produzir um texto, e
por estarem tão familiarizados com a linguagem falada, não conseguem se distanciar da maneira de falar.

Outro fator importante para apontar é que a linguagem utilizada pode identificar seu meio social, suas condições
econômicas, dentre outros fatores. Por exemplo quando fazemos uma entrevista de emprego, deixamos de lado a
linguagem coloquial dando lugar a linguagem formal ou culta. Nesse sentido, torna-se deselegante conversar com seu
chefe ou superior de maneira coloquial, por exemplo, com um discurso repleto de gírias e abreviações.

Note que a linguagem coloquial faz parte do cotidiano das pessoas de todos os lugares do mundo, e a ideia não é que ela
seja substituída pela linguagem formal, mas que todos compreendam a diferença existente em cada uma e os contextos
de uso: a linguagem coloquial e a linguagem culta.

Exemplos

Segue abaixo alguns exemplos da linguagem coloquial:

 Ela nem se tocou que o garoto tava babando nela. (“se tocar” é uma expressão muito utilizada na linguagem
coloquial que indica “perceber”; na frase também há o uso abreviado do verbo “estava” e a expressão no sentido
figurado (denotativo) de “babando”, que aponta para a admiração excessiva da pessoa.)

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 Pô cara, demorô cum isso. (“Pô” corresponde a uma interjeição de alerta ou mesmo uma abreviação do palavrão
“porra”. A palavra “cara” é muito utilizada na linguagem informal para indicar “rapaz, homem”, ou seja, na frase, a
palavra está no sentido denotativo, posto que não expressa o significado real do termo que seria “rosto”. O verbo
demorar é expresso de abreviado “demorô” no lugar de “demorou”. E por fim, a preposição “com” que indica
“companhia” é falada com troca de vogal “cum”.)
 A mina foi sem noção na festa. (Na frase é utilizada a abreviação de menina “mina”, além de indicar uma
expressão coloquial “sem noção”, a qual significa a falta de discernimento da pessoa.)
 Demos um rolê pela city essa tarde. (O termo “rolê” é muito utilizado pelos adolescentes para indicar passeio,
caminhada. Além disso, nota-se o uso do estrangeirismo, nesse caso, “city” é o termo em inglês que significa
cidade.)
 A gente passô lá de tarde e tava rolando uma festa. (“a gente” é uma expressão muito utilizada na linguagem
coloquial ao invés do pronome “nós”. Além disso, na frase o verbo "estava" é abreviado (tava) acrescido à
expressão “rolando”, que indica “acontecendo”.)
 Mano, cê tá loco? (“Mano” é uma gíria muito utilizada para irmão, a qual denota proximidade nos falantes; além
disso, a frase agrega as abreviações de “você” (cê) e do verbo “estar” (tá). O termo louco também é abreviado para
“loco”.)
 Manoela pegô as flor do cemitério. (Expressão que indica o erro na pronúncia do verbo “pegou” (pego) e de
concordância “as flor”, no lugar de “as flores”.)
 Ele pegô leve no discurso. (Expressão utilizada para indicar que o locutor foi agradável (leve) com abreviação do
verbo “pegar” na terceira pessoa: “pego” no lugar de “pegou”.)

Linguagem Formal e Informal

A linguagem formal e informal representa duas variantes linguísticas, ou seja, são dois tipos de linguagem (visual, oral
ou escrita) utilizadas em contextos e/ou situações distintas com o intuito de comunicar.

Assim, enquanto a linguagem formal ou culta está pautada no uso correto das normas gramaticais bem como na boa
pronúncia das palavras, a linguagem informal ou coloquial representa a linguagem cotidiana, ou seja, espontânea,
regionalista e despreocupada com as normas gramaticais.

Muito importante diferenciar essas duas variantes posto suas utilizações em determinadas situações, ou seja, quando
falamos com amigos e familiares utilizamos a linguagem informal, entretanto, se estamos numa reunião na empresa, uma
entrevista de emprego ou escrevendo um texto, devemos utilizar a linguagem formal.

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Note que no âmbito da linguagem escrita podemos cometer erros graves entre as linguagens formal e informal, por
exemplo, quando os estudantes produzem um texto e não conseguem se distanciar da linguagem mais espontânea e
coloquial, ou por não dominarem as regras gramaticais. Nesse sentido, fique atento à essas variações, para não cometer
erros graves.

Nesse caso, duas dicas bem importantes para não escrever um texto repleto de erros e expressões coloquiais, é primeiro,
conhecer as regras gramaticais e segundo, possuir o hábito da leitura, que auxilia na compreensão e produção dos textos,
uma vez que amplia o vocabulário do leitor.

Exemplos

Para melhor entender essas duas modalidades linguísticas, vejamos os exemplos abaixo:

Exemplo 1
Doutor Armando seguiu até a esquina para encontrar o filho que chegava da escola, enquanto Maria, sua esposa, preparava
o almoço. Quando chegaram em casa, Armando e seu filho encontraram Dona Maria na cozinha preparando uma das
receitas de família, o famoso bolo de fubá cremoso, a qual aprendera com sua avó Carmela.

Exemplo 2
O Dotor Armando foi até a esquina esperá o filho que chegava da escola. Nisso, a Maria ficou em casa preparando o
almoço. Quando eles chegarão em casa a Maria tava na cozinha preparando a famosa receita da família boa pra caramba
o bolo de fubá cremoso. Aquele que ela aprendeu cum a senhora Carmela anos antes da gente se casâ.

De acordo com os exemplos acima fica claro distinguir o texto formal (exemplo 1) do texto informal (exemplo 2). Observe
que o primeiro exemplo segue as regras gramaticais de concordância e pontuação, enquanto o segundo não segue as
normas da língua culta, ou seja, apresenta um texto com erros gramaticais, ortográficos, destituído de pontuação.

Exercícios Resolvidos

1. Utilizamos a linguagem coloquial em qual situação:

a. Durante uma entrevista de emprego


b. Durante uma conversa com os amigos
c. Numa palestra para o público

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d. Na sala de aula com a professora


Resposta: Letra b (a linguagem coloquial representa a linguagem informal, ou seja, aquela que utilizamos em contextos
de informalidade com familiares, amigos e vizinhos).

2. Transforme os discursos abaixo, apresentados na linguagem informal, para a linguagem formal:

Doeu pra caramba a injeção. (Doeu muito a injeção.)

Fui na casa da Mariana porque tava rolando uma festa manera. (Fui até a casa de Mariana porque estava acontecendo
uma festa divertida.)

O Filipe ficô babando na Cíntia. (O Filipe ficou admirando muito a Cíntia.)

Tem uma galera muito sem noção. (Tem muito gente que não compreende as coisas.)

E aê Brother, como cê tá? (Olá amigo, como você está?)

EXERCÍCIOS
Questão 1
Cabeludinho

Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela
disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino
está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela
preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma
solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho.
Eu não disilimei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia a nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de
palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi
a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade:
Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.

BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.

No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibilidades de uso da língua e sobre os sentidos que esses usos podem
produzir, a exemplo das expressões “voltou de ateu”, “desilimina esse” e “eu não sei a ler”. Com essa reflexão, o autor destaca
a) os desvios linguísticos cometidos pelos personagens do texto.
b) a importância de certos fenômenos gramaticais para o conhecimento da língua portuguesa.
c) a distinção clara entre a norma culta e as outras variedades linguísticas.
d) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinho durante as suas férias.
e) a valorização da dimensão lúdica e poética presente nos usos coloquiais da linguagem.
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Questão 2
Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns
anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da
gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo
uso errado que fiz de uma palavra num desses meus badulaques. Acontece que eu, acostumado a
conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção” – do verbo “varrer”. De fato, trata-se de um
equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua
portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um Xerox da página 827 do dicionário, aquela que tem, no topo, a
fotografia de uma “varroa” (sic!) (você não sabe o que é uma “varroa”?) para corrigir-me do meu erro. E
confesso: ele está certo. O certo é “varrição” e não “varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros da
roça façam troça de mim porque nunca os vi falar de “varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar
mostrar-lhes o xerox da página do dicionário com a “varroa” no topo. Porque para eles não é o dicionário que
faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala “varreção” quando não “barreção”.
O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é
bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está
rachado.

ALVES, R. Mais badulaques. São Paulo: Parábola, 2004 (fragmento)

De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo “que se deu ao trabalho de fazer um Xerox da
página 827 do dicionário” sinalizando um erro de grafia, o autor reconhece
a) A supremacia das formas da língua em relação ao seu conteúdo.
b) A necessidade da norma padrão em situações formais de comunicação escrita.
c) A obrigatoriedade da norma culta da língua, para a garantia de uma comunicação efetiva.
d) A importância da variedade culta da língua, para a preservação da identidade cultural de um povo.
e) A necessidade do dicionário como guia de adequação linguística em contextos informais privados.

Questão 3
O internetês na escola

O internetês – expressão grafolinguística criada na internet pelos adolescentes na última década – foi,
durante algum tempo, um bicho de sete cabeças para gramáticos e estudiosos da língua. Eles temiam que
as abreviações fonéticas (onde “casa” vira ksa; e “aqui” vira aki) comprometessem o uso da norma culta do
português para além das fronteiras cibernéticas. Mas, ao que tudo indica, o temido intemetês não passa de
um simpático bichinho de uma cabecinha só. Ainda que a maioria dos professores e educadores se
preocupe com ele, a ocorrência do internetês nas provas escolares, vestibulares e em concursos públicos é
insignificante. Essa forma de expressão parece ainda estar restrita a seu hábitat natural. Aliás, aí está a
questão: saber separar bem a hora em que podemos escrever de qq jto, da hora em que não podemos
escrever de “qualquer jeito”. Mas, e para um adolescente que fica várias horas “teclando” que nem louco nos
instant messengers e chats da vida, é fácil virar a “chavinha” no cérebro do internetês para o português
culto? “Essa dificuldade será proporcional ao contato que o adolescente tenha com textos na forma culta,
como jornais ou obras literárias. Dependendo deste contato, ele terá mais facilidade para abrir mão do
internetês” – explica Eduardo de Almeida Navarro, professor livre-docente de língua tupi e literatura colonial
da USP.

RAMPAZZO, F. Disponível em: www.revistalingua.com.br. Acesso em: 01 mar. 2012 (adaptado).

Segundo o texto, a interação virtual favoreceu o surgimento da modalidade linguística conhecida como
internetês. Quanto à influência do internetês no uso da forma culta da língua, infere-se que
a) a ocorrência de termos do internetês em situações formais de escrita aponta a necessidade de a língua ser
vista como herança cultural que merece ser bem cuidada.
b) a dificuldade dos adolescentes para produzirem textos mais complexos é evidente, sendo consequência da
expansão do uso indiscriminado da internet por esse público.

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c) a carência de vocabulário culto na fala de jovens tem sido um alerta quanto ao uso massivo da internet,
principalmente no que concerne a mensagens instantâneas.
d) a criação de neologismos no campo cibernético é inevitável e restringe a capacidade de compreensão dos
internautas quando precisam lidar com leitura de textos formais.
e) a alternância de variante linguística é uma habilidade dos usuários da língua e é acionada pelos jovens de
acordo com suas necessidades discursivas.

Questão 4
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se
ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a
interseção de usos configuram uma norma nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa
questão, que opõe não só as normas do português de Portugal às normas do português brasileiro, mas
também as chamadas normas cultas Iocais às populares ou vernáculas, deve-se insistir na ideia de que
essas normas se consolidam em diferentes momentos da nossa história e que só a partir do século XVIII se
pode começar a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em consequência de mudanças
ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios.

CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática:
descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).

O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno natural, ao qual
todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra que as normas
podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para a
a) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta.
b) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII.
c) existência de usos da língua que caracterizam urna norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal.
d) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país.
e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser aceitos.

Questão 5
Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca, orelha de porco e couve com angu, arroz-mole engordurado,
carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e um prato
de caldo de couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé saboreou
o café forte e se estendeu na rede. A mão direita sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o indefectível cigarro
de palha entre as pontas do indicador e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas encanoadas e longas,
ficou-se de pança para o ar, modorrento, a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e não deita, a comida não aproveita, pensava Nhô Tomé... E pôs-se a cochilar. A sua
modorra durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou assombrada:
- Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta... Dá pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça!
Despois do armoço num far-má... mais despois da janta?!

Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.

Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente em 1921, o narrador


a) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes da época, descrevendo os pratos servidos no jantar e
a atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena.
b) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora à narrativa usos próprios da linguagem regional das
personagens.
c) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia Policena, que tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se após as
refeições.
d) utiliza a diversidade sociocultural e linguística para demonstrar seu desrespeito às populações das zonas
rurais do início do século XX.
e) manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao transcrever a fala dela com os erros próprios da região.

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Questão 6
Entrevista com Marcos Bagno

Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje
se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas
condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar do verbo “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é
simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse
uso existencial do verbo “ter”.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se
nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como
existencial é porque recebemos esses usos de nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imaginar que
brasileiros, angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece
com muitas outras coisas: regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc.
Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua
diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar
rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado
por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português
que em toda a Europa!

Informativo Parábola Editorial, s/d.

Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma de padrão em toda
a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
a) adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso da
norma padrão.
b) apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil de
ser verificado na materialidade do texto.
c) propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a norma
coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
d) acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em seu
cotidiano a gramática normativa do português europeu.
e) defende que a quantidade de falantes português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com a
hegemonia do antigo colonizador.

Questão 7
Até quando?

Não adianta olhar pro céu


Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!

GABRIEL, O PENSADOR. “Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo)”. Rio de Janeiro: Sony
Music, 2001 (fragmento).

As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto


a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.

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c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.


d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
e) originalidade, pela concisão da linguagem.

Questão 8
Aquele bêbado

— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.

O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana.
Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.

— Curou-se 100% de vício — comentavam os amigos.

Só ele sabia que andava bêbado que nem um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma
carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.

ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.

A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao
longo da narrativa, ocorre uma
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.

Questão 9
TEXTO I

A característica da oralidade radiofônica, então, seria aquela que propõe a diálogo com o ouvinte: a
simplicidade, no sentido da escolha lexical; a concisão e coerência, que se traduzem em um texto curto, em
linguagem coloquial e com organização direta; e o ritmo, marcado pelo locutor, que deve ser o mais natural
(do diálogo). É esta a organização que vai “reger” a veiculação da mensagem, seja ela interpretada ou de
improviso, com objetivo de dar melodia à transmissão oral, dar emoção, personalidade ao relato de fato.

VELHO, A.P.M. A linguagem do rádio multimídia. Disponível em www.bocc.ubi.pt. Acesso em 27 de fev.


2012

TEXTO II

A dois passos do Paraíso

A rádio Atividade leva até vocês


Mais um programa da séria série
“Dedique uma canção a quem você ama”
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta
Uma carta d’uma ouvinte que nos escreve
E assina com o singelo pseudônimo de
“Mariposa Apaixonada de Guadalupe”
Ela nos conta que no dia que seria
O dia mais feliz da sua vida
Arlindo Orlando, seu noivo

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Norma Culta x Norma Coloquial
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Um caminhoneiro conhecido da pequena e


Pacata cidade de Miracema do Norte
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se
Oh! Alindo Orlando volte
Onde quer que você se encontre
Volte para o seio de sua amada
Ela espera ver aquele caminhão voltando
De faróis baixos e para choque-duro...

BLITZ. Disponível em http://letras.terra.com.br. Acesso em 28 fev. 2012 (fragmento)

Em relação ao Texto I, que analisa a linguagem do rádio, o Texto II apresenta, em uma letra de canção,
a) Estilo simples e marcado pela interlocução com o receptor, típico da comunicação radiofônica.
b) Lirismo na abordagem do problema, o que afasta de uma possível situação real de comunicação
radiofônica.
c) Marcação rítmica dos versos, o que evidencia o fato de o texto pertencer a uma modalidade de
comunicação diferente da radiofônica.
d) Direcionamento do texto a um ouvinte específico, divergindo da finalidade de comunicação do rádio, que é
atingir as massas.
e) Objetividade na linguagem caracterizada pela ocorrência rara de adjetivos, de modo a diminuir as marcas
de subjetividade do locutor.

Questão 10
TEXTO I

Pessoas e sociedades

Pessoa, no seu conceito jurídico, é todo ente capaz de direitos e obrigações. As pessoas podem ser físicas
ou jurídicas.

Pessoa física - É a pessoa natural; é todo ser humano, é todo indivíduo (sem qualquer exceção).
A existência da pessoa física termina com a morte. É o próprio ser humano. Sua personalidade começa com
o seu nascimento (artigo 40 do Código Civil Brasileiro).
No decorrer da sua vida, a pessoa física constituirá um patrimônio, que será afastado, por fim, em caso de
morte, para transferência aos herdeiros.

Pessoa jurídica - É a existência legal de uma sociedade, associação ou instituição, que aferiu o direito de
ter vida própria e isolada das pessoas físicas que a constituíram. É a união de pessoas capazes de possuir e
exercitar direitos e contrair obrigações, independentemente das pessoas físicas, através das quais agem. É,
portanto, uma nova pessoa, com personalidade distinta da de seus membros (da pessoa natural). Sua
existência legal dá-se em decorrência de leis e só nascerá após o devido registro nos órgãos públicos
competentes (Cartórios ou Juntas Comerciais).

POLONI, A. S. Disponível em: http://uj.novaprolink.com.br. Acesso em 30 ago. 2011 (adaptado)

TEXTO II

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Norma Culta x Norma Coloquial
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Os textos I e II tratam da definição de pessoa física e de pessoa jurídica. Considerando sua função social, o
cartum faz uma paródia do artigo científico, pois
a) explica o conceito de pessoa física em linguagem coloquial e informal.
b) compara pessoa física e jurídica ao explorar dois tipos de profissão.
c) subverte o conceito de pessoa física com uma escolha lexical equivocada.
d) acrescenta conhecimento jurídico ao definir pessoa física.
e) complementa as definições promovidas por Antonio Poloni.

GABARITO
Resposta da questão 1:
[E]

Manoel de Barros, ao afirmar que “buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de
rir”, demonstra que valoriza a essência da linguagem coloquial, interpretando neologismos, expressões e
particularidades da fala. Segundo o autor, embora se afastem do sentido literal das palavras e desobedeçam a regras
gramaticais, esses “desvios” contribuem para ampliar o seu significado e imprimem a função poética ao enunciado.
Assim, é correta a opção [E].

Resposta da questão 2:
[B]

Perante a validade da argumentação do amigo, o autor admite o seu erro e, consequentemente, revela necessidade do
uso da norma padrão em situações formais de comunicação escrita, como se afirma em [B].

Resposta da questão 3:
[E]

Segundo o texto, a influência do internetês no uso da norma culta é muito relativa e só é preocupante se os jovens não
tiverem paralelamente contato com textos na forma culta, como jornais ou obras literárias. Assim, é correta a alternativa
[E].

Resposta da questão 4:
[C]

O texto informa o leitor sobre as circunstâncias em que ocorreram as variantes linguísticas no Brasil (“só a partir do
século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em consequência de mudanças
ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios”).

Resposta da questão 5:

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Norma Culta x Norma Coloquial
01

[A]

O narrador do texto apenas observa e reproduz a cena, sem envolvimento subjetivo, nem elaboração de juízos de
valor.

Resposta da questão 6:
[A]

Marcos Bagno apresenta argumentos que justificam o uso de termos na linguagem coloquial considerados
inadequados pela norma padrão. Na entrevista, adapta a linguagem às normas da gramática normativa, conforme o
exigido nesse tipo de gênero textual. Assim, é correta a opção [A].

Resposta da questão 7:
[D]

É correta a opção [D], pois o uso dos termos “pro” e “pra” em vez de “por” e “para”, respectivamente, assim como a
expressão “se liga aì”, conferem ao texto a espontaneidade típica da linguagem coloquial.

Resposta da questão 8:
[A]

Em “Aquele bêbado”, o personagem decidiu que iria deixar de consumir álcool, mas acabou por morrer de “etilismo
abstrato”. O paradoxo da expressão revela o uso metafórico do verbo “beber” para descrever a atitude apaixonada de
quem se entrega às sensações para admirar intensamente o espetáculo da vida e usufruir do prazer pleno que as
múltiplas e variadas manifestações artísticas lhe provocavam. Assim, é correta a opção [A].

Resposta da questão 9:
[A]

Segundo Ana Paula Machado Velho, os textos veiculados nas emissoras de rádio devem reproduzir a oralidade no
relato e usar outros signos sonoros para que se trabalhe a emotividade a fim de facilitar o envolvimento entre locutor e
ouvinte. Assim, o estilo deve ser simples, expressivo e transmitir emotividade à mensagem como acontece no texto II e
é referido na opção [A].

Resposta da questão 10:


[C]

Ao declarar-se “pessoa física” o atleta pretende dizer que a sua profissão está ligada à atividade corporal e não designar-
se como pessoa no conceito jurídico de que trata o texto “Pessoas e sociedades”. Ou seja, o cartum subverte o conceito
de pessoa física com uma escolha lexical equivocada, como se afirma em [C].

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