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Riscos Químicos
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Riscos Químicos
Objetivos
• Fornecer ao aluno o conteúdo teórico básico para entendimento das propriedades dos
agentes químicos;
• Relacionar as exigências normativas trabalhistas, incluindo limites de tolerância.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Riscos Químicos
Contextualização
A exposição a agentes químicos é um dos maiores problemas de saúde ocupacional
presentes nos ambientes de trabalho. Os agentes químicos podem ser encontrados em
diversos segmentos, em empresas do todos os portes, em ambientes comerciais, enfim...
os agentes químicos estão em todos os lugares!
A exposição a agentes químicos pode produzir vários efeitos adversos ao ser huma-
no, que incluem desde acidentes de trabalho, a irritações, intoxicações, queimaduras,
câncer, entre outros efeitos à saúde.
Para dar início ao conteúdo, vamos pensar a respeito dos agentes químicos junto com
Napo. Você conhece o Napo? Napo é uma ideia concebida na união europeia por um
pequeno grupo de profissionais de comunicação de saúde e segurança do trabalho, na in-
tenção de produzir informação de alta qualidade, abordando as diversas culturas, idiomas
e necessidades práticas das pessoas no trabalho. O papel de Napo e seus amigos é ques-
tionar, de forma humorística, as diversas situações que vivemos no mundo do trabalho.
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O Que são Riscos Químicos
Riscos químicos são os riscos originados pela exposição ocupacional a agentes quí-
micos. Agentes químicos são substâncias químicas que estão presentes no ambiente,
puros, em misturas ou como impurezas, que podem causar danos à saúde. O número
de substâncias químicas existentes é desconhecido, sendo que muitas outras são des-
cobertas a cada dia (BRASIL, 2004).
Partículas Sólidas
• Poeira: Toda partícula sólida, de qualquer tamanho, natureza ou origem, formada
por ruptura de um material sólido, suspensa ou capaz de se manter suspensa no
ar. Geralmente possui formas irregulares e é maior que 0,5μm (BRASIL, 2001(1));
• Fibra: É um longo e fino filamento de determinado material. Entende-se por fibra
respirável aquela com diâmetro inferior a 3μm, comprimento maior que 5μm e
relação entre comprimento e diâmetro igual ou superior a 3:1 (BRASIL, 2001(2));
• Fumo: Aerodispersoide gerado termicamente, constituído por partículas sólidas
formadas por condensação de vapores, geralmente após volatilização de substân-
cia fundida, frequentemente acompanhada de reação química, tal como oxidação
(BRASIL, 2016).
Partículas Líquidas
• Névoa: Partículas líquidas geradas por desagregação de líquido (BRASIL, 2016);
• Neblina: partículas líquidas geradas por condensação de vapor que retorna ao es-
tado líquido (BRASIL, 2016).
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Partículas Gasosas
• Gás: Substância que nas condições normais de pressão e temperatura está no es-
tado gasoso (BRASIL, 2016);
• Vapor: Estado gasoso de uma substância que é liquida ou sólida nas condições
normais de pressão e temperatura (BRASIL, 2016).
Obs.: Quando se tratar de partículas para as quais ainda não há dados suficientes para demons-
trar efeitos à saúde, ou seja, que não possuem limite de tolerância, as mesmas são definidas
como “Partículas não especificadas de outra maneira” (PNOS). Dentre suas propriedades, cabe
citar: são insolúveis ou fracamente solúveis em água ou nos fluidos aquosos dos pulmões; não
são citotóxicas, genotóxicas ou quimicamente reativas com o tecido pulmonar; não emitem ra-
diação ionizante; causam imunossensibilização ou outros efeitos tóxicos que não a inflamação ou
deposição excessiva (BRASIL, 2009).
Ainda, os agentes químicos podem ser classificados conforme suas propriedades quí-
micas. Por exemplo: orgânicos ou inorgânicos; explosivos; inflamáveis; tóxicos; de maior
ou menor risco, entre outras propriedades. Tais propriedades e mais informações podem
ser encontradas nas Fichas de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ.
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• Parte 1: Terminologia;
• Parte 2: Sistema de classificação de perigo;
• Parte 3: Rotulagem;
• Parte 4: Ficha de informações de segurança de produtos químicos (FISPQ).
Segundo a NBR 14725 (ABNT, 2009), uma FISPQ deve fornecer as informações
sobre o produto químico, em seções, cujos títulos, numeração e sequência não podem
ser alterados:
1. Identificação do produto e da empresa: Informa o nome comercial do pro-
duto e dados da empresa fabricante.
2. Identificação de perigos: Apresenta os perigos mais importantes e efeitos
do produto.
3. Composição e informação sobre os ingredientes: Informa se o produto quími-
co é uma substância ou uma mistura, sua composição e número CAS (Chemical
Abstract Service) quando existente. O número CAS é o registro do produto quí-
mico no banco de dados da divisão da Sociedade Americana de Química.
4. Medidas de primeiros socorros: Informa as medidas de primeiros socorros
a serem tomadas e indica quais ações devem ser evitadas.
5. Medidas de combate a incêndio: Informa quais são os meios de extinção
apropriados e os não recomendados.
6. Medidas de controle para derramamento ou vazamento: Contém ins-
truções específicas de precauções pessoais em caso de derramamento ou
vazamento, procedimentos a serem adotados quanto a precauções ao meio
ambiente, procedimentos de emergência e sistemas de alarme, métodos para
limpeza e destinação final.
7. Manuseio e armazenamento: Fornece orientação de manuseio e armazena-
mento da substância ou mistura.
8. Controles de exposição e proteção individual: Indica parâmetros de con-
trole específicos, tais como limites de tolerância e/ou indicadores biológicos
de exposição ou outros limites e valores com suas referências indicadas e pre-
ferencialmente datadas. Indica ainda, se pertinentes, as medidas de controle
de engenharia necessárias para eliminação ou minimização do risco.
9. Propriedades físicas e químicas: Contém as informações, quando aplicáveis,
sobre aspecto (estado físico, forma, cor);odor e limite de odor; pH; ponto de fu-
são/ponto de congelamento; ponto de ebulição inicial e faixa de temperatura de
ebulição; ponto de fulgor; taxa de evaporação; inflamabillidade; limite inferior/
superior de inflamabilidade ou explosividade; pressão de vapor; densidade de
vapor; densidade; solubilidade; coeficiente de partição – n-octanol/água; tempe-
ratura de autoignição; temperatura de decomposição; viscosidade.
10. Estabilidade e reatividade: Indica estabilidade química, reatividade, possibi-
lidade de reações perigosas, condições a serem evitadas, materiais incompatí-
veis e produtos perigosos da decomposição.
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Via respiratória
O sistema respiratório permite a troca de gases entre o ambiente externo e o sistema
circulatório, ou seja, retira o oxigênio do ar e leva para o sangue, liberando o dióxido de
carbono (e outros resíduos gasosos) do sangue de volta para o ar (HIRST, 2010).
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A Figura 1 apresenta as estruturas da via respiratória, que vão desde a cavidade
nasal até os pulmões, brônquios e bronquíolos.
Bronquíolo
Ramo da veia
Ramo pulmonar
da artéria
Traqueia
pulmonar
Brônquios
Alvéolo
Bronquíolo
do terminal
Bronquíolos
Alvéolos
pulmonares
Figura 2 – Estrutura do pulmão e alvéolos pulmonares
Fonte: Adaptado de Getty Images
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Tabela 3 – Fatores de risco para câncer das cavidades nasais e dos seios paranasais
Cromo, níquel, óleo de corte, poeira de madeira, poeira de couro, poeiras de cimento, de cereais, têxtil e
AGENTE couro, amianto, formaldeído, radiação ionizante, organoclorados, níquel e seus compostos.
Carpinteiros e marceneiros, forneiros (em geral, da indústria química, de coque e de gás), mineiros, pe-
OCUPAÇÃO dreiros, sapateiros, encanadores, mecânicos de automóvel.
ATIVIDADE Fundição de níquel, indústria: da madeira, produção de álcool isopropílico, couro e calçado, têxtil, papel
ECONÔMICA e petróleo, serraria e marcenaria, oficina mecânica, fundição, agricultura.
Fonte: BRASIL, 2012
Via dérmica
A pele é formada pela epiderme, que é a camada mais externada pele, e pela derme,
que é formada pelo tecido conjuntivo em que se encontramos vasos sanguíneos, nervos,
folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas, mostrados na Figura 3. Os folículos
pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas permitem o contato direto com o meio externo
(RUPPENTHAL, 2013).
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gênicas. Quando os efeitos destes agentes se estendem aos tecidos mais profundos,
podem ocorrer efeitos sistêmicos (BRASIL, 2012). A Tabela 4 apresenta fatores de
risco para o câncer da pele não melanoma.
Camada córnea
Pêlo (queratinizada) Poro sudoríparo
Epiderme
Corpúsculo de Meissner
Terminação nervosa simples
Derme
Músculo eretor do pêlo
Hipoderme
Folículo piloso
Tabela 4 – Fatores de risco para câncer das cavidades nasais e dos seios paranasais
Arsênio, alcatrão, creosoto, fuligem, luz solar, hidrocarbonetos policíclicos,
AGENTE óleo mineral, ortoarsenicais, radiação ultravioleta, drogas antineoplásica,
radiação ionizante.
Guia de montanhismo, mineiro, canteiro, ocupação ao ar livre, pedreiro, solda-
OCUPAÇÃO dor, vendedor, trabalhador rural, salva-vidas, agentes de saúde, pescador, guar-
da de trânsito.
ATIVIDADE Construção civil, gaseificação de carvão, pesca, produção de coque, trabalho
ECONÔMICA rural, refinaria de petróleo.
Fonte: BRASIL, 2012
Em geral, essa via representa um papel secundário, pois nos ambientes de traba-
lho pode ocorrer através de mãos ou alimentos contaminados. A absorção por essa
via depende de fatores físico-químicos do agente absorvido e do próprio organismo
(BRASIL, 2012). A Figura 4 apresenta as estruturas do sistema digestivo.
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Boca
Glândula Parótida
Faringe
Glândula sublingual
Esôfago
Fígado
Estômago
Visícula biliar
Pâncreas
Cólon ascendente
Intestino Delgado
(jejuno e ilio)
Cólon sigmóide
Apêndice
Reto
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Tabela 5 – Parte do Quadro nº 1 do anexo 11 da NR-15
Até 48 horas/semana Grau de
Absorção insalubridade a
Agentes Químicos Valor Teto também ser considerado
p/ pele ppm* mg/m3* no caso de sua
caracterização
Acetaldeído 78 140 Máximo
Acetato de cellossolve + 78 420 Médio
Acetato de éter monoetílico de etile-
– – –
no glicol (vide acetado de cellsolve)
Acetato de etila 310 1090 Mínimo
Acetato de 2-etóxi etila (vide acetato
– – –
de cellsolve)
Acetileno Axfixiante Simples –
Acetona 780 1870 Mínimo
Acetonitrila 30 55 Máximo
Ácido acético 8 20 Médio
Ácido cianídrico + 8 9 Máximo
Ácido clorídrico + 4 5,5 Máximo
Ácido crômico (névoa) – 0,04 Máximo
Ácido etanóico (vide ácido acético) – – –
Fonte: BRASIL, 2014
Na primeira coluna, “agentes químicos”, são listados os agentes químicos que po-
dem causar danos à saúde. Nas quarta e quinta colunas, estão listados os limites de
tolerância válidos para absorção apenas por via respiratória. As unidades utilizadas
são ppm (parte por milhão) e mg/m³ (miligrama por metro cúbico) (BRASIL, 2014).
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valor serão consideradas de risco grave e iminente (BRASIL, 2014). Na Tabela 5, por
exemplo, o acetileno é identificado como asfixiante simples.
Por fim, o anexo 13 da NR-15 possui uma relação das atividades e operações envol-
vendo agentes químicos consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada
no local de trabalho, ou seja, análise qualitativa (BRASIL, 2014).
Devem ser excluídas desta relação as atividades ou operações com os agentes quí-
micos já citados nos anexos 11 e 12 da NR-15. O anexo 13 cita atividades envolvendo
benzeno, arsênico, carvão, chumbo, cromo, fósforo, hidrocarbonetos e outros com-
postos de carbono, mercúrio, silicatos, substâncias cancerígenas e operações diversas
(BRASIL, 2014).
E quando um agente químico não estiver relacionado nos anexos 11, 12 ou 13 da NR-15?
Entende-se, portanto, que na ausência dos limites de tolerância da NR-15, deve-se uti-
lizar os limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH – American Conference
of Governmental Industrial Higyenists, desde que mais restritivos.
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Limites de Exposição Ocupacional da ACGIH
A American Conference of Governmental Industrial Higyenists – ACGIH é uma
associação científica composta por higienistas ocupacionais e outros profissionais de
segurança e saúde ocupacional. A cada ano, a ACGIH publica seus Threshold Limit
Values – TLVs (limites de exposição) e Biological Exposure Indices – BEIs (índices de
exposição biológica), sendo estes valores utilizados como diretrizes para a tomada de
decisões relativas às exposições ocupacionais (ACGIH, 2014). Segundo a ACGIH:
Os limites de exposição (TLVs) referem-se às concentrações das subs-
tâncias químicas dispersas no ar e representam condições às quais,
acredita-se, que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, re-
petidamente, dia após dia, durante toda uma vida de trabalho, sem
sofrer efeitos adversos à saúde. (ACGIH, 2014)
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Na primeira coluna, “substância [Nº CAS]”, são listados os agentes químicos que
podem causar danos à saúde, com seus respectivos CAS (Chemical Abstract Service)
(ACGIH, 2014).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Anexo 11 da NR-15
https://bit.ly/2HKuItW
Anexo 12 da NR-15
https://bit.ly/2Wkhtte
Anexo 13 da NR-15
https://bit.ly/30VWkUI
Anexo 13-A da NR-15
https://bit.ly/2Z3YJer
Exposição ocupacional a substâncias químicas, fatores socioeconômicos e saúde do trabalha-
dor: uma visão integrada
https://bit.ly/2n5l369
Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos - FISPQ
https://bit.ly/2WuQ9aD
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Referências
ACGIH. TLVs e BEIs. São Paulo: ABHO, 2014.
BRASIL. Leis e Decretos. Segurança e medicina do trabalho. 73ª ed. São Paulo:
Atlas, 2014.
BRASIL. Norma de higiene ocupacional 03. São Paulo: Fundacentro, 2001 (1).
BRASIL. Norma de higiene ocupacional 04. São Paulo: Fundacentro, 2001 (2).
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